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1968: história e memória

Angélica Müller* O apelo por mudanças comportamentais e culturais, que


teve grande importância no caso francês e também no

N
ão há momento mais americano, surgia no Brasil como pano-de-fundo para
marcante na história uma ação centrada na luta política contra a ditadura
do movimento estu-
dantil (ME) brasileiro militar então vigente no país.
– e, por que não dizer, na his-
tória do ME em todo o mundo
– que o “mágico” ano de 1968.
Fatos como a “Passeata dos Cem
Mil” são rememorados pelas ge-
rações sucedâneas de 68 como
demonstrações indubitáveis da
capacidade de articulação e rebe-
lião dos jovens estudantes.
Este texto tem um duplo
intuito: apresentar os aconteci-
mentos de 68 através da memó-
ria daqueles que jogaram papel
central naquele período, no caso Passeata
os estudantes, e refletir sobre o dos 100 mil.
Rio, junho 1968
significado dessa memória que
continua povoando o imaginário
de muitos jovens. Segundo o historiador Da- ser explorados. Mas o apelo por
Para tanto, a narrativa ganha niel Aarão Reis, ele próprio um mudanças comportamentais e
destaque no desencadeamento importante militante da época, culturais, que teve grande im-
do texto. Como bem constata 1968 foi ano de paixões desen- portância no caso francês e tam-
Lucilia Neves Delgado, a narrati- cadeadas em várias partes do bém no americano, surgia no
va como fonte para construção mundo (REIS; MORAES, 1988). O Brasil como pano-de-fundo para
do conhecimento histórico tem ponto inicial e a confluência de uma ação centrada na luta po-
um potencial inesgotável, pois é todos esses movimentos está lítica contra a ditadura militar
também instrumento de reten- na Guerra do Vietnã: a ofensiva então vigente no país.
ção do passado e, por conseqü- do Tet, em janeiro, catalisou a Depois do golpe militar de
ência, suporte do olhar da me- idéia de que a união do povo e 64 os estudantes levaram dois
mória (DELGADO, 2003, p.22). sua organização eram fatores anos para se reorganizar, dando
O histórico aqui apresentado fundamentais para o suces- início à escalada rumo ao ápice
será construído através da nar- so das idéias revolucionárias do movimento de protesto, que
rativa realizada pelos principais (quaisquer que fossem); a partir aconteceria em 1968. Em 66 foi
expoentes da militância estudan- daí, gritos de liberdade foram realizado, clandestinamente, o
til de 1968: Vladimir Palmeira, bradados em diferentes países Congresso da UNE, na cidade
Jean Marc von der Weid, Franklin espalhados pelos quatro cantos de Belo Horizonte, e o ME foi
Martins, José Dirceu, Paulo de do mundo. para as ruas protestar contra
Tarso Venceslau, Bernardo Joffi- Esses gritos ecoaram também a política educacional. Dentre
ly e Cláudio Fonteles. Lançare- no Brasil, mas as lutas por liber- as inúmeras manifestações re-
mos mão, ainda, do depoimento dade foram travadas de maneira alizadas, uma causou comoção
de Gustavo Petta, presidente da específica. Isso não quer dizer nacional: a invasão dos milita-
UNE entre 2003 e 2007. Os de- que o desenrolar dos processos res à Faculdade de Medicina na
poimentos foram colhidos para internacionais não influenciou a Praia Vermelha (Rio de Janeiro),
o Projeto Memória do Movimento luta dos jovens estudantes bra- que entrou para a história como
Estudantil entre os anos de 2004 sileiros. No mundo inteiro, no- o “Massacre da Praia Vermelha”
e 2005 e estão disponíveis em vos padrões de comportamento porque a repressão agrediu bru-
seu site. e modos de vida passaram a talmente os estudantes.

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Estava configurada, assim, Um longo cortejo foi realiza- Jean Marc von der Weid, pre-
a conjuntura nacional que de- do, levando mais de cinqüenta sidente da UNE eleito em 1968,
sencadearia as lutas decisivas mil pessoas do velório na As- relembra que a morte de Edson
de 1968. O primeiro grande ato sembléia Legislativa até o cemi- Luís representou o marco inicial
político desse ano aconteceu tério São João Batista. Em todo das mobilizações de 1968. Par-
no Brasil no final de março, no o país, várias manifestações tindo de uma questão específica,
Rio de Janeiro. No dia 31, os ocorreram em conseqüência que era a resistência contra o
estudantes realizaram uma ma- disso, ampliando o número de fechamento do restaurante “Ca-
nifestação em defesa da perma- mortos e feridos. Na missa de sé- labouço”, as mobilizações acaba-
nência do restaurante estudantil timo dia, como forma de conter ram ganhando dimensão muito
“Calabouço”, local de reuniões e a pressão, o governo decretou mais ampla, de denúncia contra
mobilizações estudantis. Como ponto facultativo na cidade e o a violência, contra o arbítrio,
a ditadura queria fechá-lo, ocor- exército ocupou o centro, levan- contra a repressão, contra o regi-
reu um embate entre militares e do a novo choque entre estudan- me. A partir daí conflitos arma-
estudantes, culminando com a tes e militares. dos e sangrentos eclodiram por
morte do estudante secundarista todo o país nos meses seguintes.
Edson Luís de Lima Souto. Entre abril e maio o movimen-
Vladimir Palmeira, então pre- to repôs suas forças através de
sidente da União Metropolitana pequenas manifestações locais,
de Estudantes (UME), lembra do cujo principal tema eram as críti-
acontecimento: cas à política educacional do go-
verno. Nelas eram apresentadas
Uma primeira vítima reivindicações precisas e se pro-
mortal. Nós já tínhamos punha o diálogo com o governo,
dito que um dia ia morrer sem qualquer retorno por parte
estudante, sabíamos que ia deste. Conforme Daniel Aarão
morrer. Havia uma fron- Reis, os dirigentes estudantis
teira da polícia, e até onde expressavam aspirações enraiza-
ela chegaria? Foi um clima das no cotidiano de estudantes
de grande indignação. Esse e professores (REIS; MORAES,
era o clima dominante da 1988, p. 16).
Assembléia. Nós passamos As idéias de liberdade evoca-
a noite na Assembléia e, das em todo o mundo ganharam
no dia seguinte, foram os contorno específico no Brasil.
Capa da Revista Manchete retratando o
momentos mais bonitos velório de Édson Luís. Abril de 1968 Em nosso país, a luta focada
do enterro do Edson Luís, contra a política educacional do
quando começaram a Toda a imprensa deu ampla governo assumiu uma dimensão
chegar aqueles colégios cobertura ao acontecimento, mais ampla, contra o regime. Em
de padres e de freiras (...) bem como aos demais que se fins de junho, o ME definiu-se
para visitar. Lançaram seguiram. Uma das revistas de pelo uso da violência. Decididos
aquela palavra-de-ordem: maior circulação na época, Man- a se fazer ouvir pelo ministro
“Podia ser um filho seu”, chete trouxe na capa inteira da da Educação, os estudantes re-
que foi uma palavra-de-or- edição de 13 de abril a foto dos solveram ocupar o prédio do
dem notável, que também estudantes conduzindo o corpo MEC no Rio de Janeiro. Estava
não foi uma liderança de Édson Luís com os dizeres: “A instalado o palco para o episó-
que criou. Aquilo foi uma morte de um estudante trauma- dio que ficou conhecido como a
criação coletiva, alguém tiza o país” (Manchete, nº 834, “Quarta-feira Sangrenta”. Nesse
fez. Fizeram uma faixa, o 13 abril de 1968, p. 04-13). Nove dia foram construídas barricadas
pessoal gritava, foi criando páginas foram dedicadas à maté- na avenida central da cidade e
aquele tom. Aquela mani- ria, com inúmeras fotografias. o choque com a polícia se deu
festação impressionante, A comoção pelo assassinato nesse mesmo lugar. Vladimir
popular (Depoimento de de um estudante acabou não só Palmeira relembra:
Vladimir Palmeira concedi- por abalar a sociedade, como
do ao Projeto Memória do também por levar a uma mudan- Quando a polícia veio, na-
Movimento Estudantil em ça na forma de atuação, tanto dos quele passo terrível, largo,
12/09/2005) estudantes quanto dos militares. aqueles passos de ganso,

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disseram: “O que a gente jogo. Quer dizer: aquilo
faz?” Eu disse: “Vamos foi uma insurreição popu-
resistir.” Quando chegou, lar. Os estudantes foram o
sei lá, a uns cinqüenta me- estopim do início daquela
tros, a gente disse: “Vamos história, que só terminou
para cima deles!” E fomos às 20h da noite. Teve um
e batemos na polícia pela nível de violência, agressi-
primeira vez. A polícia saiu vidade, de parte a parte,
correndo e nós atrás por extremamente intenso
aquelas ruelas do Centro, (Depoimento de Jean Marc
invertendo as coisas. Nós von der Weid concedido
passamos quatro anos ao Projeto Memória do
correndo deles. Dessa vez, Movimento Estudantil em
eles estavam correndo da 07/10/2004).
gente. Aí, pronto, virou Protesto contra a Ditadura, na sede da UNE
uma batalha campal, por-
que mandaram a cavalaria Junto com a “Passeata dos Cem mil”, no Rio, na grande
e a gente jogou chimbra,
bola de gude, rolhas. Ca- maioria dos estados também houve manifestações. Esse
valo caiu, menino andou foi o momento culminante de 1968 no Brasil.
em cavalo. Eu me lembro
que teve um menino que
botou um capacete da Po- A seqüência de passeatas e presos políticos. A negociação
lícia do Exército e montou conflitos brutais desembocou na com o governo não foi adiante.
no cavalo e saiu montado célebre “Passeata dos Cem mil”, Para Jean Marc, essa comissão
no cavalo. Houve de tudo. realizada em 26 de junho. Por cometeu um erro: “transformou
A massa é criativa. Até que um momento o regime recuou e uma manifestação de caráter
tocaram fogo num cami- permitiu a maior manifestação libertário e democrático numa
nhão do exército. Nesse ocorrida durante a ditadura, manifestação reivindicativa
momento, a barra pesou, que levou estudantes, artistas, estudantil” (Depoimento de
chegou a PE e eu me man- intelectuais, religiosos e a po- Jean Marc von der Weid con-
dei. O Jean Marc foi preso. pulação em geral a realizar uma cedido ao Projeto Memória
Essa foi a Quarta-feira passeata pacífica apresentando do Movimento Estudantil em
Sangrenta (Depoimento de denúncias contra o regime e rei- 07/10/2004).
Vladimir Palmeira concedi- vindicações estudantis. Segundo Depois dessa grande passe-
do ao Projeto Memória do Jean Marc, a origem de todo o ata o ME entrou num momento
Movimento Estudantil em processo – reivindicações sobre de refluxo. O segundo semestre
12/09/2005) verbas, vagas nas universidades de 1968 foi marcado principal-
e privatização ou não-privati- mente por disputas internas no
Nova passeata foi marcada zação do ensino – desapareceu movimento, o que permitiu ao
para sexta-feira na Praça Tiraden- frente a um novo conteúdo: a regime ganhar força contra os
tes em protesto ao ataque realiza- luta contra o caráter repressivo estudantes. Essas diferenças
do no dia anterior. Jean Marc, que do regime militar. Junto com a tornam-se explícitas na hora da
estava preso no dia, conta o que “Passeata dos Cem mil”, no Rio, disputa pela renovação dos qua-
os colegas lhe disseram: na grande maioria dos estados dros das entidades.
também houve manifestações. Foram duas as principais
Literalmente o Rio de Janei- Esse foi o momento culminante correntes que disputavam o ME
ro passou por uma insur- de 1968 no Brasil. brasileiro nesse momento. Elas
reição, que foi o chamado Como resultado da passeata formavam dois grandes blocos:
dia da Sexta-feira San- foi eleita uma comissão para um sob liderança da Ação Po-
grenta, porque metade do dialogar com o presidente Costa pular (AP), força predominan-
grupo que estava em frente e Silva, chamada de “comissão temente estudantil derivada da
à embaixada [americana] dos cem mil”. Essa comissão JUC (Juventude Universitária
correu para o centro da definiu uma pauta estritamente Católica), que, juntamente com
cidade e começou a montar estudantil: mais verbas para partidos como o PCdoB (Partido
barricada. (...) E, de repen- educação, reabertura do restau- Comunista do Brasil) e o PCBR
te, a população entrou no rante “Calabouço” e soltura dos (Partido Comunista Brasileiro

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Revolucionário), enfatizavam Manifestação contra a morte do estudante Édson Luís, 1968
não só as denúncias políticas
gerais contra o regime, mas
também a luta contra o impe-
rialismo e a solidariedade para
com os vietcongues. Durante
toda a década de 1960 a AP ele-
geu o presidente da UNE e de
muitas entidades do ME.
Já as dissidências do Partido
Comunista1, aliadas à Política
Operária (POLOP) e, em alguns
casos, ao PCB (Partido Comunis-
ta Brasileiro), acreditavam que o
ME deveria ser um instrumento Enquanto as entidades apa- se a Universidade Presbiteriana
de politização da luta contra a ravam suas arestas, o regime Mackenzie, freqüentada por
política educacional do governo. tratou de “mostrar a que veio”. muitos alunos de direita (apesar
Nesse período, a “Dissidência da Invasões de universidades, como de os Centros Acadêmicos e o
Guanabara” (Rio de Janeiro) e a aconteceu na Universidade de Diretório Central dos Estudantes
de São Paulo ocuparam a presi- Brasília (UnB) em 30 de agosto, serem, em sua maioria, de es-
dência da UME (União Metropoli- foram as preliminares dos tem- querda). Segundo relato do líder
tana de Estudantes) e da UEE/SP pos mais sombrios que estavam estudantil José Dirceu, uma pe-
(União Estadual de Estudantes). por vir. Cláudio Fonteles, mi- quena parte daqueles estudantes
A disputa era acirrada e pode litante da AP na UnB da época, tinha sido treinada pelo Departa-
ser exemplificada através do conta como a Universidade era mento de Ordem Política (Dops).
caso da UEE/SP, que em seu encarada pelos militares: O conflito teve início quando
Congresso de 1967 acabou por secundaristas realizavam um
eleger duas diretorias, uma vin- O estopim da invasão da “pedágio” para coletar fundos
culada à AP e outra vinculada UnB foi o paroxismo daque- para a UBES (União Brasileira de
à “Dissidência”. Paulo de Tarso la concepção violenta do Estudantes Secundaristas). A
Venceslau, importante militante poder militar, traduzido partir de um determinado mo-
da “Dissidência” em São Paulo, naquela frase do coronel mento, esses alunos passaram a
lembra do episódio: Meira Matos sobre os três ser agredidos por um grupo de
pontos vermelhos. Para ele estudantes do Mackenzie e pro-
Quando a gente entra em tinha no mundo: a Rússia, curaram proteção no prédio da
1968, a UEE tinha dois a China e a Universidade Faculdade de Filosofia da USP.
presidentes reconhecidos: de Brasília. E eles queriam O conflito ganhou proporções
a Catarina Melloni [AP] e o dar uma demonstração de maiores e acabou por resultar na
Zé Dirceu [Dissidência]. Os força e de eliminação des- morte do secundarista José Gui-
dois se proclamando presi- se centro que entendiam marães em 03 de outubro (DIR-
dentes da UEE. Então, todo como altamente perigoso CEU, 1999, p. 89). José Dirceu
o ME de 68 começa com (Depoimento de Cláudio relembra:
esse clima em São Paulo, Fonteles concedido ao
com dois presidentes. Você Projeto Memória do Mo- Virou uma batalha campal,
imagina a disputa que era vimento Estudantil em e de batalha campal virou
em manifestação, quem 11/06/2005) um ataque de ocupação.
fala, hora de falar, dispu- Falei assim: “Vai ser um
ta de espaço, cotovelada Outro episódio que marcou massacre. Eles vão come-
daqui, pisa no pé de outro, profundamente o ano de 1968 çar a matar estudantes,
um horror! Mas foi assim foi o conflito da Rua Maria An- eles vão destruir, eles vão
que o movimento explodiu tônia. Nessa localidade ficava a ocupar a faculdade.” Tanto
em 1968 (Depoimento de Faculdade de Filosofia, Letras e é que isso aconteceu mes-
Paulo de Tarso Venceslau Ciências Humanas da Universi- mo: a Força Pública deu
concedido ao Projeto Me- dade de São Paulo (USP), consi- cobertura para o Dops e
mória do Movimento Estu- derada “reduto” da esquerda em para as tropas de choque
dantil em 14/06/2004) São Paulo. Logo à frente situava- do Mackenzie para ocupar

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a faculdade e depois, jun- ças do Presidente da UNE, Luiz Com os confrontos quase que
tos, destruíram a Maria Travassos, de alguns diretores e diários com a polícia, devidos
Antônia inteirinha. Isso foi de oito UEE’s. às manifestações de rua, a UEE/
um dos atos mais trágicos Esse Conselho traçou novas SP recebeu o apoio do General
de vandalismo e violência diretrizes para o Congresso Zerbini (ex-comandante da Força
que houve na história polí- e um novo local: a cidade de Pública), que passava informa-
tica do Brasil! (Depoimento Belo Horizonte, “onde o ME tem ções aos estudantes sobre a ma-
de José Dirceu concedido se mantido sistematicamente neira de organização das tropas.
ao Projeto Memória do mobilizado com uma direção Como a UEE não tinha um local
Movimento Estudantil em fundamentalmente correta que para a realização do Congresso,
17/12/2005) garante a firmeza necessária do o General Zerbini ofereceu aos
ME para não recuar diante das estudantes o sítio de seu aju-
Mas o momento de maior ten- ameaças da repressão e susten- dante-de-ordens, Simões, loca-
são interna no ME foi, sem dúvi- tar efetivamente a realização do lizado na cidade de Ibiúna, mas
da, o famoso 30º Congresso da Congresso”. que não oferecia infra-estrutura
UNE, realizado em Ibiúna, inte- O Conselho deliberou, ainda, alguma.
rior de São Paulo. A começar de pela convocação de um novo Para Paulo de Tarso
sua preparação. Em maio, a UNE fórum semelhante, em agosto, a
realizou seu Conselho (uma es- ser realizado na UnB. Esse novo As condições estavam da-
pécie de reunião de diretoria) na Conselho, além de ser novamen- das, era o momento que
cidade de Salvador. A discussão te boicotado, não aconteceu de- evidentemente já começa-
sobre o formato do Congresso vido à invasão da Universidade va e a guerrilha rural es-
foi o cerne do encontro e serviu de Brasília por militares, resul- tava presente. O Che tinha
para encobrir a disputa das duas tando na prisão do principal lí- sido morto, assassinado
principais forças. A AP acredi- der local: Honestino Guimarães. em outubro de 1967. A
tava que o mesmo deveria ser Para Jean Marc, “a diretoria ficou questão da guerrilha ain-
um grande ato político que sig- em um mato sem cachorro e per- da era muito presente. Era
nificasse “uma intensificação do deu o fôlego para tentar ques- aquilo que movimentava
combate à política educacional e tionar o Congresso que a UEE do o debate político naquela
à repressão da ditadura”2. O con- José Dirceu estava montando em ocasião (Depoimento de
trário pensavam as Dissidências, São Paulo” (Depoimento de Jean Paulo de Tarso Venceslau
que acreditavam na tática dos Marc von der Weid concedido ao concedido ao Projeto Me-
congressos clandestinos. Projeto Memória do Movimento mória do Movimento Estu-
No final, ficou referendado Estudantil em 07/10/2004). dantil em 14 de junho de
que as definições relacionadas Paralelamente, a equipe da 2004)
ao Congresso caberiam à dire- UEE/SP coordenada por Paulo de
toria da UNE. A AP queria que Tarso Venceslau iniciava a orga- Assim, foi realizada a orga-
o Congresso se realizasse em nização do Congresso. Chega- nização do Congresso no sítio
Minas Gerais, onde controlava va-se, assim, à possibilidade de indicado. A responsabilidade
o ME local. Mas as Dissidências, “racha” na União Nacional dos pela indicação do local até hoje
através de votação, conseguiram Estudantes. ninguém confirma.
levar o Congresso para São Pau-
lo. Nessa mesma reunião ficou
definido que uma “comissão de
especialistas” trataria de data,
local e infra-estrutura necessária
à realização do Congresso.
Inconformados com a der-
rota, Luiz Travassos e parte da
diretoria da UNE ligada à AP
resolveu convocar novo Conse-
lho, desta vez na cidade de São
Carlos. A outra parte da diretoria
da UNE (ligada às Dissidências)
boicotou o Conselho, que acabou Capa do Jornal do Brasil de 30 de março de 1968: “Manifestações em todo o país contra
contando apenas com as presen- o assassinato de Édson Luís”

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José Dirceu, presidente da
UEE e candidato à presidência da Um negócio realmente
UNE pelas Dissidências afirma: barra pesada; só
Uma comissão que tinha mesmo uma paixão
autonomia total escolheu revolucionária para
o lugar. Não sabíamos peitar aquele negócio.
– eu não sabia, só fiquei
sabendo quando cheguei
lá. E nos deu garantias de Um negócio realmente
que havia condições de barra pesada; só mesmo
fazer um congresso lá [em uma paixão revolucionária
Ibiúna]. Na verdade, não Protesto em São Paulo em repúdio ao assassi- para peitar aquele negó-
acompanhei os detalhes de nato do estudante José Guimarães, 1968 cio. Fazia muito frio. Ape-
como era a estrutura para sar de ser outubro fazia
trazer os delegados, como Neste ponto, o silêncio ganha muito frio. Choveu muito,
era a forma de contato, destaque. Os poucos que falam, aquela chuvinha paulista,
onde eram os pontos, como como Dirceu e Franklin, afirmam aquela chuva miúda que
seria o transporte. Eu es- o desconhecimento prévio do molhava e formava um
tava conduzindo a disputa local. Os demais sequer men- lameiro, sem lugar para
política, percorrendo o país cionam o assunto. Assunto que dormir. Foi, realmente, um
na defesa da minha candi- deve ficar no vácuo e, para usar negócio bastante pesado.
datura, fazendo passeata, mais uma vez expressões de E eu passei cinco dias dis-
ocupação, pois o movimen- Benjamim, recheado de hesita- cutindo com cada grupo
to estudantil estava numa ções, solavancos e incompletu- de estudantes que chegava
ebulição total. Não parti- des. Ainda mais se levarmos em naqueles caminhões. Eu
cipei da organização, mas conta a ebulição dos aconteci- juntava o povo e discutia,
quando cheguei lá e vi, eu mentos de 68 e a maneira como discutia, discutia e discutia
já sabia que aquilo ali era eles foram brutalmente silencia- (Depoimento de Jean Marc
uma tragédia porque as dos. von der Weid concedido
condições eram as piores Responsabilizar-se pela esco- ao Projeto Memória do
possíveis (Depoimento de lha do local seria responsabili- Movimento Estudantil em
José Dirceu concedido ao zar-se pela prisão e fichamento 07/10/2004)
Projeto Memória do Movi- de quase mil jovens, muitos
mento Estudantil em 17 de deles duramente torturados e A estrutura (ou a falta dela!)
dezembro de 2005) alguns mortos posteriormente. descrita por José Dirceu era a
Sendo assim, não é estranho seguinte:
Mas, segundo Paulo de Tarso, verificar a ausência desse ponto
nos depoimentos. O local não tinha propria-
Foi uma loucura que levou As impressões sobre o Con- mente uma construção,
à escolha desse sítio. To- gresso são unânimes: Ibiúna foi era tudo feito de bambu; o
dos os candidatos foram um fracasso. Jean Marc relata plenário era de lona; não
levados para o sítio e apro- sua impressão: tinha instalações no refei-
varam o sítio. Todos eles. tório. Infelizmente, hoje
E dizer que desconhecia o Foram cinco dias debaixo avalio que talvez não fosse
sítio? Quem disser isso é de chuva, num lugar extre- possível fazer. Hoje, vejo
mentira. Depois todo mun- mamente desconfortável, que tínhamos que ter feito
do tirou o seu da reta... que não estava preparado um congresso aberto e en-
Mas todos eles foram le- para receber mil pessoas, frentado a ditadura. Pren-
vados: o local é aqui, as quer dizer, sem uma infra- dia todo mundo e fechava
condições são essas (Depoi- estrutura para aquela de- o local, entendeu? (Depoi-
mento de Paulo de Tarso manda enorme de pessoas. mento de José Dirceu con-
Venceslau concedido ao Pessoas que levavam duas cedido ao Projeto Memória
Projeto Memória do Movi- ou três horas em filas para do Movimento Estudantil
mento Estudantil em 14 de conseguir comer um ar- em 17 de dezembro de
junho de 2004) roz-papa com feijão duro. 2005)

41
Franklin Martins complementa:
A rememoração também significa uma atenção
(...) era quase um acam- precisa ao presente, em particular a essas estranhas
pamento no meio do mato!
insurgências do passado no presente, pois não se
Para você ter idéia, o audi-
tório era numa colinazinha, trata somente de não esquecer o que passou, mas
com os degraus escavados também de agir sobre a realidade atual.
nas montanhas. Como cho-
via, era um barro só! Então dantis carregava em seu bojo as violência que já vinha sendo
você botava um náilon... diferentes posições ideológicas praticada nas ruas tomou forma
Era uma coisa... Fiquei lá que confluíam, respeitando cada muito mais ofensiva e muitos
dois dias... Não consegui matiz, para o desejo de pôr fim estudantes optaram pela luta
dormir – dormi duas horas. à ditadura. Mas a luta interna e armada, entrando para a clan-
Dormia por turno. Dorme externa do movimento pode ter destinidade. A UNE continuou
duas horas, entra... Não contribuído para o fortalecimen- com seu trabalho em condições
tinha lugar para dormir. to de outra luta interna: a da “li- precárias e também na clandesti-
Olhei e disse assim: “Isso nha-dura” do regime. nidade total. Terminava assim o
aqui não vai dar certo!” Quando chegou a informa- ano de 1968 para o ME no Brasil.
Todo mundo olhou, e não ção de que a repressão já tinha Espalhados pelo mundo, os ecos
era nenhum gênio, não, conhecimento do local e estava daquele período sobreviveriam
qualquer pessoa que entra- muito próxima, as discussões aos anos e a memória daqueles
va ali dizia: “Isso aqui não entre os dois principais grupos eventos marcaria as gerações
vai dar certo!” (Depoimento se intensificaram não resultando vindouras, levando àquilo que
de Franklin Martins conce- em qualquer ponto de conver- Michael Pollak chamou de fenô-
dido ao Projeto Memória do gência, o que facilitou a prisão meno de projeção ou identifica-
Movimento Estudantil em dos quase mil estudantes, in- ção com determinado passado
06 de dezembro de 2004) cluindo as principais lideranças (POLLAK, 1992, p. 201).
do ME. O fichamento de todos Bernardo Jofilly, vice-presi-
Nos depoimentos encontra- os estudantes presos serviu para dente da UBES nos idos de 68, ao
mos a previsão de que o Congres- a montagem de um “banco de lembrar de uma manifestação em
so de Ibiúna não terminaria bem, identificação”, mais tarde usado prol do impeachment de Fernan-
de que “não iria dar certo”. Não contra aqueles que entraram na do Collor em 1992 afirma que
podemos deixar de constatar, luta armada e foram presos, tor-
nesse caso, o fator “tempo-pre- turados e muitas vezes mortos Eu estava vendo uma pas-
sente”. Segundo Jeanne Marie pela ditadura. seata (...) em São Paulo, e
Gabnebin, a rememoração tam- Depois de Ibiúna o ME entrou o rapaz do carro-de-som
bém significa uma atenção pre- num período de refluxo. Apesar dizia que aquela passeata
cisa ao presente, em particular a de muitas lideranças presas, enorme, maravilhosa, tal-
essas estranhas insurgências do incluindo José Dirceu e Vladimir vez até pudesse ser compa-
passado no presente, pois não se Palmeira, a diretoria da UNE re- rada à grande Passeata dos
trata somente de não esquecer o solveu eleger sua nova compo- Cem Mil de 1968. Quando
passado, mas também de agir so- sição em congressos regionais, ele acabou de falar eu dis-
bre o presente (GAGNEBIN, 2004, sagrando-se vencedora a chapa se: “Rapaz, você está por
P.55). A negativa do mea-culpa e liderada por Jean Marc (mili- fora! Vocês acabaram de
a afirmativa do péssimo desfecho tante que conseguiu escapar da fazer uma passeata três ou
do 30º Congresso são realizadas prisão em Ibiúna). Cabe salien- quatro vezes maior do que
à luz do presente, em cima da tar que, apesar das diferenças a Passeata dos Cem Mil,
autocrítica da época e depois das entre grupos políticos, a repre- essa que é a verdade. Vocês
reflexões suscitadas ao longo de sentação da entidade conseguiu não precisam se envergo-
quase quarenta anos. manter sua unidade. nhar, jogar na retranca.
Para além dessas críticas, Já com o ME bastante desmo- Vocês estão fazendo uma
poderíamos pensar também que bilizado, o ano de 1968 chegaria coisa importante, que vai
Ibiúna foi a representação de ao fim com um último ato, ou entrar para a história do
toda a tensão gerada naquele melhor, com o Ato Institucio- ME. Com essa campanha
ano, seu “desaguadouro”. A ebu- nal nº 53, imposto pelo regime do Fora Collor! vocês pu-
lição das movimentações estu- militar em 13 de dezembro. A seram minha geração no

42
chinelo, do ponto de vista
quantitativo, sem sombra “Relembrar 68” significava, à época do impeachment
de dúvida” (Depoimento de de Collor, resgatar um passado de lutas que
Bernardo Joffily concedi- pudesse pautar a luta de então projetando novas
do ao Projeto Memória do
Movimento Estudantil em possibilidades para o futuro.
08/11/2004)

Marieta Ferreira aponta que


a memória é a construção do
passado pautada por emoções e
vivências, e que os eventos são
lembrados à luz da experiência
subseqüente e das necessidades
do presente (FERREIRA APUD
DELGADO, 2003, p.17). Nessa
perspectiva, presente e passado
se interpenetram. Com efeito,
“relembrar 68”4 significava,
à época do impeachment de
Collor, resgatar um passado de
lutas que pudesse pautar a luta
de então projetando novas pos- Jovens franceses relembram os 40 anos dos protestos de 1968 com encenação nas ruas de Paris
sibilidades para o futuro.
Histórias relatadas, aconteci-
mentos relembrados atravessam É o que Pollak define como “acontecimentos vividos por
um tempo e são reconstruídos, tabela”, dos quais a pessoa nem sempre participou, mas
trazendo a possibilidade de atu- que, no imaginário, tomaram tamanho relevo que, no final
alização do passado no presente.
Gustavo Petta, presidente da
das contas, é quase impossível que ela consiga distinguir
UNE entre 2003-2007, rememora se participou ou não. 1968 é um ano mítico porque as
as histórias contadas por seu gerações vindouras se apropriam dele para pautar suas
pai, um ex-militante estudantil
lutas no presente.
atuante em 1968:

Foram várias histórias. Mas O ano de ouro do ME é um 1968 – o “ano das paixões
a mais marcante é a história ano mítico. Toda a geração 68 desencadeadas”, o “curto ano de
do Congresso de Ibiúna (...) relembra dos acontecimentos todos os desejos”, o “ano que
O meu pai esteve presente mesmo sem os ter vivenciado no não terminou”, o ano da “paixão
no Congresso e também foi ato. É o que Pollak define como de uma utopia”, o ano, enfim,
preso. A minha avó foi uma “acontecimentos vividos por que “mudou o mundo”5 – conti-
das líderes do movimento tabela”, dos quais a pessoa nem nua suscitando, quarenta anos
das mães que foram até sempre participou, mas que, no depois, profundos debates e po-
a porta do Carandiru pe- imaginário, tomaram tamanho voando, principalmente, a mente
dir a libertação dos filhos. relevo que, no final das contas, é dos jovens universitários. Seja
Chorou, foi para o jornal, quase impossível que ela consiga pela luta do novo contra o velho,
fez todo um movimento em distinguir se participou ou não como afirmam alguns intelec-
torno daquela questão. E foi (POLLAK, 1992, p. 21). É um ano tuais6 no caso francês, seja pela
um movimento, inclusive, mítico porque as gerações vin- luta contra o regime instaurado
muito forte, o movimento douras se apropriam dele para no Brasil pelo golpe militar de
das mães, porque foram pautar suas lutas no presente. 1964, o que fica marcado na me-
mais de 800 presos no Con- É mítico – e, às vezes, místico mória e também na história é a
gresso (Depoimento de Gus- – porque, reconstituída, a memó- “paixão revolucionária” atestada
tavo Petta concedido ao Pro- ria de 68 passa a servir de “mo- por Jean Marc, um dos símbolos
jeto Memória do Movimento delo” para orientar, “iluminar” daqueles jovens que “só” que-
Estudantil em 08/11/2004) os militantes do presente. riam mudar seu mundo.

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* Angélica Müller é doutoranda em
História Social pela Universidade de São
Paulo. Coordenado­ra-técnica do Projeto
Memória do Movimento Estudantil.
Membro do Conselho Diretor do Centro
de Estudos e Memória da Juventude.

ACERVOS PESQUISADOS: JOUTARD, Philippe. Nuevas polémicas NOTAS


sobre historia oral: algunos retos que
* Centro de Documentação em História se le plantean a la historia oral del siglo
1 ) Como em outros países, desde o início
Contemporânea – CEDEM/UNESP; XXI. In: Historia Antropología y fuentes
da década de 1960 houve acirrada luta
orales (entre la exclusión y el trabajo), interna no PCB. Em 1967, com o VI Con-
* Projeto Memória do Movimento nº 21, 1999. gresso do Partido, o grupo mais moderado
Estudantil – www.mme.org.br – liderado pelo secretário-geral do Partido,
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Luís Carlos Prestes – obteve vitória na defe-
São Paulo: Unicamp, 1994. sa de suas teses, o que acabou sendo con-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: testado por outros grupos mais ligados ao
MARTINS FILHO, João Roberto (org). O processo revolucionário cubano, gerando
golpe de 1964 e o regime militar: no- diversas dissidências partidárias. Cf. RI-
ALVES, Márcio M. 68 mudou o mundo.
vas perspectivas. São Carlos: Edufscar, DENTI, Marcelo; REIS FILHO, Daniel A (org).
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. História do Marxismo no Brasil: partidos
2006.
e movimentos após os anos 1960. vol 6.
ARAÚJO, Maria Paula. Memórias estu- Campinas: Unicamp, 2007.
dantis: da fundação da UNE aos nossos MÜLLER, Angélica. Le mouvement
dias. Rio de Janeiro: Relume Dumará, étudiant au Brésil: Résonnances fran- 2 ) Análise crítica do 30º Congresso da
çaises et leurs spécificités. In: DREYFUS- UNE. Arquivo CEDEM/UNESP, fundo CEMAP,
2007.
ARMAND, Geneviève. FRANK, Robert cx. 036.

DELGADO, Lucília de A. Neves. História (orgs). Les années 68: une constestation 3 ) A historiadora Maria Paula Araújo resu-
oral e narrativa: tempo, memória e mondialisée. Nanterre, 2008 (no prelo). me bem as principais bases do ato: o AI-5
identidades. In: História Oral. Revista fechou o Congresso Nacional por tempo
da Associação Brasileira de História _______________. O Congresso de Ibi- indeterminado; cassou mandatos de depu-
úna. In: Seminário Internacional 1968 tados, senadores, prefeitos e governadores;
Oral. nº 6. São Paulo: 2003. p. 9-25.
– 40 anos depois: memória e história. decretou estado de sítio; suspendeu o
hábeas corpus para crimes políticos; cassou
DIRCEU, José. O movimento estudan- Rio de Janeiro: UFRJ, 2008.
direitos políticos dos opositores do regime;
til em São Paulo. In: GARCIA, Marco proibiu a realização de qualquer tipo de
Aurélio. VIEIRA, Maria Alice (orgs.). POLLAK, Michael. Memória e identida- reunião; criou a censura prévia. In: ARAÚ-
Rebeldes e contestadores. 1968: Brasil, de social. Revista Estudos Históricos. JO, Maria Paula. Memórias estudantis: da
França e Alemanha. São Paulo: Funda- Rio de Janeiro, vol. 5, nº10, 1992. fundação da UNE aos nossos dias. Rio de
ção Perseu Abramo, 1999. p. 83-93. Janeiro: Relume Dumará, 2007. p. 189.
REIS FILHO, Daniel A. MORAES, Pedro.
4 ) Não podemos deixar de levar em conta
___________. PALMEIRA, Vladimir. Abai- 1968: a paixão de uma utopia. Rio de
que o “clima 68” foi muito favorecido pela
xo a ditadura: o movimento de 68 con- Janeiro: Espaço e tempo, 1988. mini-série da Rede Globo Anos Rebeldes.
tado por seus líderes. Rio de Janeiro:
Garamond, 1998. _________________. 1968: o curto ano 5 ) Com exceção da primeira frase, as de-
de todos os desejos. In: Tempo Social mais que se seguem são títulos de artigos
– Revista de Sociologia da USP. Dossiê e livros de autores brasileiros, na ordem:
FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucília de REIS FILHO, Daniel A. 1968: o curto ano de
A. Neves (orgs.). O Brasil Republicano: maio de 68. São Paulo, 10 (2), outubro
todos os desejos. In: Tempo Social. Revista
o tempo da ditadura. Vol. 4. Rio de de 1998. p. 25-35. de Sociologia da USP. Dossiê maio de 68.
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. São Paulo, 10 (2), outubro de 1998. p.
REMOND, René. O retorno do político. 25-35. VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que
FERREIRA, Marieta. AMADO, Janaina In: CHAUVEAU, A & TÉTARD, Ph. não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fron-
(orgs). Usos e abusos da história oral. Questões para a história do presente. teira, 2006. REIS FILHO, Daniel A. MORAES,
Rio de Janeiro: FGV, 2006. Bauru: EDUSC, 1999. Pedro. Op. cit., 1988. ALVES, Márcio M.
68 mudou o mundo. Rio de Janeiro: Nova
______________. Por uma história políti- Fronteira, 1993.
GABNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar
escrever esquecer. São Paulo: editora ca. Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996. 6 ) MORIN, Edgar et alli. Mai 1968: la
34, 2006. Brèche. Premières réflexions sur les événe-
RIDENTI, Marcelo. REIS FILHO, Daniel A ments. Paris: fayard, 1968. TOURAINE,
JOFFRIN, Laurent. Mai 68: Histoire des (org). História do Marxismo no Brasil: Alain. Le movement de mai ou le commu-
Événements. Paris: Éditions du seuil, partidos e movimentos após os anos nisme utopique. Paris: Éditions du Seuil,
1988. 1960. Vol 6. Campinas: Unicamp, 2007. 1968. JOFFRIN, Laurent. Op. cit. 1988.

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