Cálculo Do Icc

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C.T.

n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 1 / 44






clculo das correntes
de curto-circuito








ndice






























Cahier Technique Merlin Gerin n 158 (1992)
Trad. e adapt. Noel Moreira (2002-3)
1. introduo Os principais defeitos de curto-
circuito
p. 4
Estabelecimento da intensidade de
curto-circuito
p. 6
Normas e clculo dos Icc p.10
Os mtodos apresentados neste
Caderno Tcnico
p.11
Hipteses de base p.11
2. clculo das Icc pelo mtodo das
impedncias
Icc consoante os diversos tipos de
curto-circuito
p.13
Determinao das diversas
impedncias de curto-circuito
p.14
Relao entre as impedncias dos
diferentes nveis de tenso
de uma instalao
p.23
Exemplo de clculo p.25
3. Clculo das Icc em redes
radiais com ajuda das
componentes simtricas
Interesse deste mtodo p.33
Componentes simtricas (resumo) p.33
Clculo de acordo com a norma
CEI 909
p.35
Equaes das diferentes correntes p.38
Exemplo de clculo p.40
4. clculos por computador e
concluso
p.44
Anexo: bibliografia p.44

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 2 / 44
O dimensionamento de uma instalao elctrica e dos equipamentos a utilizar e a escolha das
proteces de pessoas e bens, necessitam do clculo das correntes de curto-circuito em todos os
pontos da rede.
Este Caderno Tcnico enumera os mtodos de clculo das correntes de curto-circuito previstos
pelas normas UTE 15-105 e CEI 909-781. Trata o caso de circuitos radiais BT baixa tenso
e AT Alta Tenso.
O objectivo que se pretende atingir o de dar a devida informao sobre os mtodos de clculo
para determinar com todo o conhecimento de causa as correntes de curto-circuito, incluindo a
utilizao de meios informticos.


lxico

Abreviaturas
PdC poder de corte
QGBT quadro geral de baixa tenso
Smbolos

ngulo de ataque (aparecimento do defeito em relao ao zero da tenso)
c factor de tenso
cos factor de potncia
E reactncia em % das mquinas rotativas
E fora electromotriz (valor mximo)
c ngulo de desfasamento (corrente em relao tenso)
I corrente (valor instantneo)
i
a
componente alternada sinusoidal da corrente instantnea
i
c
componente contnua da corrente instantnea
i
p
valor mximo da corrente (primeira crista da corrente de defeito)
I intensidade eficaz mxima
I
b
corrente de curto-circuito cortada (CEI 909)
I
cc
intensidade de curto-circuito permanente (I
cc3
= trifsica, I
cc2
= difsica, ...)
I
k
intensidade de curto-circuito permanente (CEI 909)
I
k
corrente de curto-circuito inicial (CEI 909)
I
r
corrente nominal do alternador
I
s
intensidade da corrente de servio
factor dependente da indutncia de saturao de um alternador
k e K constantes dadas (tabelas ou bacos)
R
m
resistncia equivalente da rede a montante
R
L
resistncia linear das linhas
S seco dos condutores
S
cc
potncia de curto-circuito
S
n
potncia aparente do transformador
t
min
tempo morto mnimo de estabelecimento do curto-circuito, frequentemente igual temporizao
de atraso de um disjuntor
u tenso (valor instantneo)
ucc
tenso de curto-circuito do transformador (em %)
U tenso composta da rede em vazio
U
n
tenso nominal em carga da rede
X
m
reactncia equivalente da rede a montante
X
L
reactncia linear das linhas
Z
m
impedncia equivalente da rede a montante
Z
cc
impedncia a montante da rede sobre defeito trifsico
Z
d
, Z
i
, Z
h

impedncias directa, inversa e homopolar da rede, ou de um elemento
Z
L
impedncia de ligao


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1. introduo

Todas as instalaes elctricas devem ser protegidas contra curto-circuitos, tal devendo verificar-
-se, salvo excepes, sempre que haja uma descontinuidade elctrica, o que mais frequentemente
corresponde a uma mudana de seco dos condutores. A intensidade de curto-circuito dever
ser calculada nos diferentes nveis da instalao, para se poderem determinar as caractersticas
do equipamento que dever suportar ou cortar esta corrente de defeito.
O fluxograma da figura 1 mostra a abordagem que conduz s diferentes correntes de curto-
-circuito e os parmetros resultantes para os diferentes dispositivos de proteco.

potncia do
transformador MT/BT
Ucc (em%)
Icc
aos terminais do
transformador
Icc
das sadas QGBT
Icc
entrada dos
quadros parciais
Icc
entrada dos
quadros terminais
I cc
na extr emidade das
sada s terminais
potncia dos
receptores
intensidades nominais
das sadas
quedas de tenso
factor de potncia
coef. de simultaneidade
coef. de uti lizao
coef. de aumento previsvel
caractersticas dos
condutores
> barramentos:
- comprimento
- largura
- espessura
> cabos:
- natureza do isolamento
- cabo unipolar ou multipolar
- comprimento
- seco
> estabelecimento:
- temperatura ambiente
- modo de colocao
- nmero de circuitos
agrupados
Scc
a montante
Poder de corte
Reg. disparo instantneo
Poder de corte
Reg. disparo instantneo
Poder de corte
Reg. disparo instantneo
Poder de corte
Reg. disparo instantneo
disjuntor gera
disjuntores de
distribuio
do QGBT
disjuntores
das sadas
secundrias
disjuntores
das sadas
terminais


Fig. 1 : procedimento de clculo de I
cc
para a concepo de uma instalao elctrica

Para escolher e regular convenientemente as proteces, devem ser conhecidos dois valores da
corrente de curto-circuito:
a corrente mxima de curto-circuito, que determina:
o o poder de corte PdC dos disjuntores,
o o poder de fecho dos aparelhos,
o a robustez electrodinmica das canalizaes e da aparelhagem.
Corresponde a um curto-circuito na proximidade imediata dos terminais jusante do rgo de
proteco. Deve ser calculada com uma boa preciso (margem de segurana).
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a corrente mnima de curto-circuito, indispensvel para a escolha da curva de disparo dos
disjuntores e dos fusveis, em particular quando:
o o comprimento dos cabos importante e(ou) a fonte relativamente impedante
(geradores onduladores);
o a proteco das pessoas assenta no funcionamento dos disjuntores ou dos fusveis, o que
essencialmente o caso nos esquemas de ligao terra do neutro TN ou IT.

Recorde-se que a corrente de curto-circuito
mnima corresponde a um defeito de curto-
circuito na extremidade da canalizao
protegida quando ocorre um defeito bifsico
e nas condies de explorao menos
severas (defeito na extremidade de um
feeder e no imediatamente aps a
proteco, um nico transformador em
servio quando podem estar dois ligados,
etc.).

Recorde-se tambm que em todos os casos,
qualquer que seja a corrente de curto-
circuito (da mnima mxima), a proteco
dever eliminar o curto-circuito num tempo
(t
c
) compatvel com a solicitao trmica
que o cabo protegido pode suportar:


2 2 2
S k dt i (cf. fig. 2, 3, 4)

em que S a seco dos condutores, e k uma
constante calculada a partir de diferentes
factores de correco, funo da forma de
estabelecimento dos condutores, do nmero
de circuitos contguos, da natureza do solo,
etc.


os principais defeitos de
curto-circuito

Nas instalaes elctricas podem ocorrer
diferentes curto-circuitos:

Caractersticas dos curto-circuitos

Os curto-circuitos so principalmente carac-
terizados pela:
sua durao: auto-extintor, fugidio ou
permanente;
sua origem:
o mecnica (rotura de condutores, liga-
o elctrica acidental entre dois condu-

Fig. 2 : caractersticas I
2
t de um condutor em funo da
temperatura ambiente


Fig. 3 :proteco de um circuito por disjuntor


Fig. 4 : proteco de um circuito por fusvel aM
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 5 / 44
tores por um corpo estranho condutor ou por animais),
o sobretenses elctricas, de origem interna ou atmosfrica,
o ou devido a uma degradao do isolamento, consequncia de calor, humidade ou ambiente
corrosivo;
sua localizao: interna ou externa a uma mquina ou a um quadro elctrico.

Entre outras caractersticas, os curto-circuitos podem ser:
monofsicos: 80 % dos casos;
bifsicos: 15 % dos casos. Estes defeitos degeneram frequentemente em defeitos trifsicos;
trifsicos: apenas 5 % de origem.

Estas diferentes correntes de curto-circuito so representadas na figura 5.



Fig. 5 : os diferentes curto-circuitos e as suas correntes. O sentido indicado pelas flechas arbitrrio. (cf. CEI 909)

Consequncias dos defeitos de curto-circuito

As consequncias dos defeitos de curto-circuito variam consoante a natureza e a durao dos
defeitos, o local a que respeitam e a intensidade da corrente:

no local do defeito:
ocorrncia de arcos de defeito, tendo por consequncia:
o deteriorao dos isolamentos,
o fuso dos condutores,
o incndio e perigo para as pessoas;

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no circuito afectado:
o esforos electrodinmicos, provocando
- deformao dos barramentos,
- arrancamento de cabos;
o sobreaquecimento devido ao aumento de perdas por efeito Joule, com risco de
deteriorao de isolamentos;
nos outros circuitos elctricos da rede afectada ou de redes situadas na proximidade:
o falhas de tenso durante a durao da eliminao do defeito (de alguns milissegundos a
algumas centenas de milissegundos),
o colocao fora de servio de uma parte maior ou menor da rede, consoante o seu
esquema e a selectividade das suas proteces,
o instabilidade dinmica e(ou) perda de sincronismo das mquinas,
o perturbaes nos circuitos de comando e controle
o etc.


estabelecimento da intensidade de curto-circuito

Uma rede simplificada reduz-se a uma fonte de tenso alternada, um interruptor e uma
impedncia Z
cc
que representa todas as impedncias situadas a montante do interruptor, e uma
impedncia de carga Z
S
(cf. fig. 6).

Na realidade, a impedncia da fonte composta
por tudo o que est a montante do curto-circuito,
com redes de tenses diferentes (AT, BT) e cana-
lizaes em srie com seces e comprimentos
diferentes.

No esquema da figura 6, estando o interruptor
fechado circula na rede a corrente de servio, de
intensidade I
S
.

Um defeito de impedncia desprezvel entre os
pontos A e B origina uma corrente de curto-
-circuito I
cc
de intensidade muito elevada,
limitada unicamente pela impedncia Z
cc
.

A intensidade I
cc
estabelece-se segundo um regime transitrio, em funo das reactncias X e das
resistncias R que constituem a impedncia Z
cc
:
2 2
X R Z
cc
+ = .

Em sistemas de potncia, a reactncia L X = geralmente bastante mais elevada que a
resistncia R, situando-se a relao R / X entre 0,1 e 0,3 sendo para estes reduzidos valores
praticamente igual ao cos
cc
(em curto-circuito):
2 2
cos
X R
R
cc
+
= .

Contudo, o regime transitrio de estabelecimento da corrente de curto-circuito difere consoante o
afastamento entre o local de defeito e os alternadores. Este afastamento no implica necessaria-
mente uma distncia geogrfica, mas subentende que as impedncias dos alternadores so
inferiores s impedncias de ligao entre estes e o local do defeito.


Fig. 6 : esquema simplificado de uma rede
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 7 / 44
Defeito afastado dos alternadores

Constituem o caso mais frequente. O regime transitrio neste caso o resultante da aplicao a
um circuito indutivo (ou self-resistncia) de uma tenso: ) ( + = t sen E e .

A intensidade nesta situao a soma de duas componentes:
c a
i i i + = .
uma (i
a
) alternada sinusoidal: ( ) + = t sen I i
a
, em que
o I intensidade mxima
cc
Z
E
=
o ngulo elctrico que caracteriza a diferena (tempo) entre o instante inicial do defeito
e a origem da onda de tenso.
A outra (i
c
) uma componente contnua:
t
L
R
c
e sen I I

=
O seu valor inicial depende de e o seu amortecimento tanto mais rpido quanto a relao
R / L for mais elevada.

No instante inicial do curto-circuito i nula por definio (desprezando-se a corrente de servio
I
s
), ou seja: 0 = + =
c a
i i i .

Na figura 7 representa-se a construo
grfica de i obtida por adio algbrica
das ordenadas das duas componentes
i
a
e i
c
.

A figura 8 ilustra os dois casos
extremos possveis de estabelecimento
de uma corrente de curto-circuito, os
quais, para maior facilidade de com-
preenso, so representados com uma
tenso alternada monofsica.
O factor
t
L
R
e

tanto mais elevado quanto mais fraco for o amortecimento da componente


contnua, como a relao R / L ou R / X.

Torna-se portanto necessrio calcular i
p
para se poder determinar o poder de fecho dos
disjuntores a instalar, mas tambm para definir os esforos electrodinmicos que o conjunto da
instalao dever suportar.

O respectivo valor deduz-se a partir do valor eficaz da corrente de curto-circuito simtrico pela
relao:
a p
I K I = 2 , sendo o coeficiente K dado pela curva da figura 9 em funo da relao
R / X, ou R / L.


Defeito na proximidade dos alternadores

Quando o defeito ocorre na proximidade imediata do alternador que alimenta o circuito em
causa, a variao da impedncia agora preponderante do alternador provoca um amortecimento
da corrente de curto-circuito.


Fiq.7 : representao grfica e decomposio da corrente de um
curto-circuito num ponto afastado de um alternador

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 8 / 44
Fig. 8 : equaes e representao grfica dos dois casos extremos de uma corrente de curto-circuito, simtrica e
assimtrica


Com efeito, neste caso o regime
transitrio de estabelecimento da
corrente complicado pela variao
da f.e.m. (fora electromotriz)
resultante do curto-circuito. Para
simplificar, considera-se constante a
f.e.m., e varivel a reactncia interna
da mquina; esta reactncia evolui
segundo trs estados:

subtransitrio, que ocorre durante
os primeiros 20 a 30 milissegundos
do defeito:
transitrio, que se pode prolongar
at 500 milissegundos;
permanente, ou reactncia sncrona.

Note-se que, pela ordem indicada, esta reactncia assume em cada estado um valor mais elevado:
a reactncia subtransitria inferior reactncia transitria e esta inferior reactncia
permanente. Esta interveno sucessiva das trs reactncias provoca uma diminuio progressiva
da intensidade de curto-circuito, intensidade esta que portanto a soma de quatro componentes
(cf. fig. 10):

as trs componentes alternadas (subtransitria, transitria e permanente);
a componente contnua, que resulta do estabelecimento da corrente no circuito (indutiva).

Sendo o instante do aparecimento do defeito ou do
fecho em relao ao valor da tenso caracterizado pelo
ngulo de ataque (aparecimento do defeito), a tenso
pode representar-se na forma: ( ) + = t sen E u
A evoluo da corrente obedecer expresso:
:
( ) ( )
(

+ =
t
L
R
e t sen
Z
E
i sin

com as suas duas componentes, uma alternada e
desfasada de em relao tenso, e a outra
contnua, tendendo para 0 quando t tende para infinito.
Donde os dois casos extremos definidos por:
= /2, dito regime simtrico (cf. fig. a)
A corrente de defeito obedece expresso:
t sen
Z
E
i =

tendo, desde o incio, a mesma amplitude que em
regime estabilizado, com um valor de crista E / Z.
= 0, dito regime assimtrico (cf. fig. b)
A corrente de defeito obedece expresso:
( )
(

=
t
L
R
e sen t sen
Z
E
i

O primeiro valor de crista i
p
funo de e
portanto da relao R/X cos do circuito.

Fig. 9 : variao do factor K em funo de R / X, ou R / L
(cf. CEI 909)


C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 9 / 44
Na prtica, o conhecimento da
evoluo da corrente de curto-
-circuito em funo do tempo
nem sempre indispensvel:

em BT, devido rapidez dos
aparelhos de corte, o conhe-
cimento da corrente de curto-
-circuito subtransitria, I
k
, e
da amplitude mxima de
crista assimtrica i
p

suficiente para a determina-
o do PdC dos aparelhos de
proteco e dos esforos
electrodinmicos.

Em contrapartida, em distri-
buio BT de potncia e em
AT, a corrente de curto-cir-
cuito transitria frequente-
mente utilizada se o corte se
verificar antes de ser atingida
a corrente de curto-circuito
permanente. Torna-se neste
caso interessante introduzir a
corrente de curto-circuito
cortada, I
b
, que determina o
PdC dos disjuntores
retardados. I
b
o valor da
corrente de curto-circuito no
instante efectivo do corte, e
portanto aps um tempo t de-
pois do estabelecimento do
curto-circuito, com t = t
min
. O
tempo t
min
(tempo morto m-
nimo) a soma do atraso
(temporizao) mnimo de
funcionamento de um rel de
proteco e o menor tempo
de abertura do disjuntor a
que est associado. Trata-se
do tempo mais curto que
decorre entre o aparecimento da corrente de curto-circuito e a primeira separao dos contactos
de um plo do aparelho de manobra.

Na figura 11 representam-se as diferentes correntes de curto-circuito acima definidas.


Fig. 10 : contribuio para a corrente total de curto-circuito Icc (e) da:
a) reactncia subtransitria,
b) reactncia transitria,
c) reactncia permanente,
d) componente contnua.
Note-se que o decrscimo da reactncia do alternador mais rpido
que o da componente contnua. Esta situao, rara, pode levantar
problemas de corte e de saturao dos circuitos magnticos porque a
corrente s passa por zero aps vrios perodos.
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 10 / 44
normas e clculos das Icc

Vrios mtodos so propostos
pelas normas:

o guia prtico C 15-105, que
completa a norma NF C 15-
100 (instalaes BT alimen-
tadas em corrente alternada)
apresenta os quatro mtodos
seguintes:
o o mtodo das impedncias,
que permite calcular as cor-
rentes de defeito em todos os
pontos de uma instalao
com uma boa preciso.
Este mtodo consiste em
totalizar separadamente as diferentes resistncias e reactncias da malha de defeito, a partir
da e incluindo a fonte, at ao ponto considerado; seguidamente, calcular a impedncia
correspondente. Icc finalmente obtida por aplicao da lei de Ohm: ( )

= Z U Icc
n
/ .

Devero ser conhecidas todas as caractersticas dos diferentes elementos da malha de defeito
(fontes e canalizaes).

o o mtodo da composio, utilizvel quando as caractersticas da alimentao no so
conhecidas. A impedncia a montante do circuito considerado calculada a partir de
estimativa da corrente de curto-circuito na sua origem. O factor de potncia cos
cc
R / X
considerado idntico na origem do circuito e no ponto do defeito. Por outras palavras, tal
consiste em admitir que as impedncias elementares de dois troos consecutivos da
instalao tm argumentos suficientemente aproximados para justificar a substituio das
somas vectoriais por somas algbricas das impedncias. Esta aproximao permite obter o
valor do mdulo das correntes de curto-circuito com uma preciso suficiente para acrescentar
um circuito. Este mtodo aproximado apenas se aplica a instalaes de potncia inferior a
800 kVA.

o o mtodo convencional, que permite, sem serem conhecidas as impedncias ou as Icc da
parte da instalao a montante do circuito considerado, calcular as correntes de curto-circuito
mnimas e as correntes de defeito na extremidade de uma canalizao.
Este mtodo baseia-se na hiptese de que a tenso na origem do circuito igual a 80 % da
tenso nominal da instalao ao longo da durao do curto-circuito ou do defeito. O mtodo
apenas considera a resistncia dos condutores qual, para as seces elevadas, aplica um
coeficiente de multiplicao para ter em conta a sua indutncia (1,15 para 150 mm
2
, 1,20
para 185 mm
2
, etc).
Este mtodo essencialmente utilizado para os circuitos terminais cuja origem esteja
suficientemente distanciada da fonte de alimentao (rede ou grupo).

o o mtodo simplificado que, por consulta de tabelas estabelecidas com numerosas hipteses
simplificativas, indica directamente para cada seco de condutor:
- a corrente nominal do dispositivo de proteco contra sobrecargas,
- os comprimentos mximos das canalizaes protegidas contra contactos indirectos,
- os comprimentos admissveis do ponto de vista das quedas de tenso.


Fig. 11 : correntes de um curto-circuito prximo de um alternador
(traado esquemtico)
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 11 / 44
Os quadros citados apresentam de facto resultados de clculos efectuados essencialmente
pelos mtodos da composio e convencional. Este mtodo permite determinar as
caractersticas de um circuito acrescentado a uma instalao existente cujas caractersticas
no sejam suficientemente conhecidas. Aplica-se directamente s instalaes BT, com
coeficientes de correco se a tenso for diferente de 230/400 V.

a norma CEI 909 (VDE 0102) aplica-se a todas as redes, radiais e malhadas, at tenso
de 230 kV. Baseada no teorema de Thvenin, o mtodo consiste em calcular uma fonte
de tenso equivalente no ponto de curto-circuito para de seguida calcular a corrente no
mesmo ponto. Todas as alimentaes da rede e as mquinas sncronas e assncronas so
substitudas pelas suas impedncias (directa, inversa e homopolar). Com este mtodo,
todas as capacidades de linha e as admitncias em paralelo das cargas no rotativas, salvo
as do sistema homopolar, so desprezadas.

existem outros mtodos, que exploram o princpio da sobreposio e que necessitam de
um clculo prvio da corrente de carga. De referir tambm a norma CEI 865 (VDE 0103)
que conduz ao clculo da corrente de curto-circuito termicamente equivalente.


os mtodos apresentados neste Caderno Tcnico

Neste Caderno Tcnico so estudados em particular dois mtodos de clculo das correntes de
curto-circuito nas redes radiais:

o primeiro, cuja utilizao sobretudo reservada para as redes BT, o mtodo das
impedncias. Este mtodo foi escolhido pela preciso que permite obter e pelo seu
aspecto didctico, uma vez que necessita de ter em linha de conta a quase totalidade das
caractersticas do circuito considerado.

o segundo, utilizado principalmente em AT, o mtodo da norma CEI 909, escolhido
pela sua preciso e pelo seu aspecto analtico. Trata-se de um mtodo mais tcnico, que
explora o princpio das componentes simtricas.

hipteses de base

Para estes clculos das correntes de curto-circuito, so necessrias hipteses que precisem o
domnio de validade das frmulas dadas. Frequentemente simplificativas e acompanhadas
por aproximaes justificadas, estas hipteses tornam mais simples a compreenso dos
fenmenos fsicos bem como o clculo das correntes de curto-circuito, conservando uma
preciso aceitvel e por excesso.

As hipteses a considerar neste documento so:

a rede considerada radial e a sua tenso nominal vai da BT AT (no ultrapassando 230
kV, limite dado pela norma CEI 909);

a corrente de curto-circuito, quando de um curto-circuito trifsico, suposta estabelecer-
-se simultaneamente nas trs fases;

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 12 / 44
durante a durao do curto-circuito, o nmero de fases implicadas no se altera: um
defeito trifsico permanece trifsico, da mesma forma que um defeito faseterra
permanece faseterra ;

durante todo o tempo de durao do curto-circuito, as tenses que originaram a
circulao da corrente e a impedncia de curto-circuito no variam de forma
significativa;

os reguladores ou comutadores de tomadas dos transformadores so supostos estar em
posio mdia (no caso de um curto-circuito afastado dos alternadores, podem ignorar-se
as posies reais dos comutadores de tomadas dos transformadores);

as resistncias de arco no so tidas em conta;

todas as capacidades das linhas so desprezadas;

as correntes de carga so desprezadas;

todas as impedncias homopolares so tidas em conta.

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 13 / 44
2. clculo das Icc pelo mtodo das impedncias

Icc consoante os diferentes tipos de curto-circuito

Curto-circuito trifsico

o defeito correspondente reunio das trs fases. A intensidade de curto-circuito Icc
3
:

Zcc
U
Icc
3 /
3
=
sendo U (tenso composta ou entre fases) correspondente tenso em vazio do
transformador, superior em 3 a 5% tenso aos terminais em carga. Por exemplo, nas redes a
380 V a tenso composta adoptada ser U = 400 V, sendo a tenso simples U / 3 = 230 V.

O clculo da intensidade de curto-circuito resume-se ento ao clculo da impedncia Zcc,
impedncia equivalente a todas as impedncias percorridas pela corrente Icc desde o gerador
at ao local do defeito da fonte e das linhas (ver figura 12). Trata-se de facto da impedncia
directa por fase:
( ) ( )
2 2

+ = X R Zcc
sendo:

R = soma das resistncias em srie


X = soma das reactncias em srie



O defeito trifsico geralmente considerado ser aquele que provoca as correntes de defeito
mais elevadas. Com efeito, a corrente de defeito no esquema equivalente de um sistema
polifsico apenas limitada pela impedncia de uma fase sob a tenso simples da rede. O
clculo de Icc
3
portanto indispensvel para escolher os equipamentos (intensidades e
esforos electrodinmicos mximos a suportar).

Curto-circuito bifsico isolado

Corresponde a um defeito entre duas fases, alimentado sob uma tenso composta U. A
intensidade Icc
2
debitada nesta situao inferior do defeito trifsico:

3 3 2
86 , 0
2
3
. 2
Icc Icc
Zcc
U
Icc = =

Curto-circuito monofsico isolado

Corresponde a um defeito entre uma fase e o neutro, alimentado sob uma tenso simples
V = U / 3 . A intensidade Icc
1
debitada , nesta situao:

Ln
Z Zcc
U
Icc
+
=
3 /
1

Em certos casos particulares de defeitos monofsicos a impedncia homopolar da fonte
inferior a Zcc (por exemplo, aos terminais de um transformador de ligao estrela zig zag
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 14 / 44
ou de um alternador em regime subtransitrio). A intensidade monofsica por ser ento mais
elevada que a do defeito trifsico.

Curto-circuito terra (monofsico ou bifsico)

Este tipo de defeito faz intervir a impedncia homopolar Z
0
. Salvo em presena de mquinas
rotativas em que a impedncia homopolar reduzida, a intensidade Icc
h
debitada nesta
situao inferior do defeito trifsico.

Quadro-resumo das diferentes correntes de curto-circuito



Fig. 12: as diferentes correntes de curto-circuito


determinao das diversas impedncias de curto-circuito

O princpio deste mtodo consiste em determinar as correntes de curto-circuito a partir da
impedncia que representa o circuito percorrido pela corrente de curto-circuito. Esta
impedncia calcula-se aps serem totalizadas separadamente as diferentes resistncias e
reactncias da malha de defeito, a partir da e incluindo a fonte de alimentao do circuito, at ao
ponto considerado.
(Os nmeros x permitem, a partir do exemplo situado no final do captulo, reencontrar as
explicaes dadas no texto).
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 15 / 44
Impedncias da rede

impedncia da rede a montante

Na maior parte dos clculos, no se sobe acima do ponto de entrega da energia. O conhecimento
da rede a montante limita-se ento, em geral, s indicaes fornecidas pelo distribuidor, ou seja,
apenas a potncia de curto-circuito S
cc
(em MVA).

A impedncia equivalente da rede a montante Z
m
:
1
cc
m
S
U
Z
2
=

sendo U a tenso composta da rede em vazio.

A resistncia e a reactncia da rede a montante deduzem-se a partir da relao R
m
/ Z
m
em AT
por:
- R
m
/ Z
m
0,3 em 6 kV
- R
m
/ Z
m
0,2 em 20 kV
- R
m
/ Z
m
0,1 em 150 kV

2 (No exemplo, X
m
= 0,980 Z
m
em 20 kV, donde a aproximao X
m
Z
m
.)

impedncia interna do transformador

A impedncia calcula-se a partir da tenso de curto-circuito u
cc
expressa em percentagem:

n
cc
T
S
U u
Z
. 100
2

=
em que:
U tenso composta em vazio do transformador
S
n
potncia nominal do transformador
u
cc
tenso de curto-circuito do transformador

Para os transformadores MT / BT de distribuio pblica, indicam-se na tabela seguinte os
valores de u
cc
constantes de catlogo de fabricante, respeitantes a transformadores trifsicos de
distribuio, hermticos, imersos em leo mineral, para instalao interior ou exterior:

Potncia do
transformador
kVA 160 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500
u
cc
(U 24 kV)
% 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5
u
cc

(U = 36 kV)
% 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0

Fig. 13: Tenses de curto-circuito indicadas no catlogo de Transformadores de Distribuio Hermticos, da EFACEC
[Obs: U refere-se tenso (primria) mais elevada]

Refira-se, a propsito, que a preciso destes valores tem influncia imediata no clculo de Icc,
dado que um erro de x % em u
cc
induz um erro da mesma ordem (x %) em Z
T
.

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 16 / 44
4 Em geral verifica-se que R
T
<< X
T
, da ordem de 0,2 X
T
e a impedncia interna dos
transformadores pode ser assimilada reactncia X
T
. Contudo, para as pequenas potncias o
clculo de Z
T
torna-se necessrio porque a relao R
T
/ X
T
mais elevada. Aquela resistncia
calcula-se ento a partir das perdas de Joule P
cu
(ou perdas no cobre, ou ainda perdas devidas
carga (75) conforme designao no catlogo citado) nos enrolamentos:

2
2
. 3
3
n
cu
T n T cu
I
P
R I R P = = ou
2
2
n
cu
T
S
P U
R

=

5 Observaes:

o quando n transformadores esto ligados em paralelo e tm potncias iguais, os seus valores
de impedncia interna, bem como de resistncia ou de reactncia sero divididos por n.

o conveniente prestar particular ateno aos transformadores especiais: por exemplo, os
transformadores de grupos rectificadores tm valores de u
cc
que atingem 10 a 12% para
limitar a corrente de curto-circuito.

Tendo em conta a impedncia a montante e a impedncia interna do transformador, a corrente de
curto-circuito expressa por:

( )
T m
cc
Z Z
U
I
+
=
3


Em primeira aproximao, Z
m
e Z
T
so assimiladas s suas respectivas reactncias. A impedncia
de curto-circuito neste caso igual sua soma algbrica.

A impedncia da rede a montante pode ser desprezada, e neste caso o novo valor da corrente :

T
cc
Z
U
I

=
3
'

O erro relativo que se comete :

n cc
cc
T
m
cc
cc cc
cc
cc
S U u
S U
Z
Z
I
I I
I
I
/
/ '
2
2

= =

ou seja
cc
n
cc cc
cc
S
S
u I
I
=
100


A figura 14 indica o valor do erro (por excesso) no clculo de I
cc
consequente do facto de se
desprezar a impedncia a montante. Na figura constata-se que possvel desprezar esta
impedncia a montante em redes cuja potncia de curto-circuito S
cc
seja importante relativamente
potncia S
n
do transformador: como se verifica, com S
cc
/ S
n
= 300 o erro cometido de
aproximadamente 5%.

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 17 / 44

Fig. 14: erro introduzido no clculo da corrente de curto-circuito quando se despreza
a impedncia Z
m
da rede a montante

impedncia das ligaes

A impedncia das ligaes depende da sua resistncia e reactncia lineares e do respectivo
comprimento

o a resistncia linear R
L
das linhas areas, dos cabos e dos barramentos calcula-se pela
equao:
S
R
L

=
sendo:
S seco do condutor;
resistividade do condutor (o respectivo valor varia consoante a corrente de curto-
circuito a calcular, mxima ou mnima)
6 O quadro da figura 15 indica estes valores para cada um dos casos.

Regra Resistividade (*)
Valor da resistividade
(.mm
2
/m)
Condutores afectados
Corrente de curto-circuito
mxima

1
= 1,25
20
0,0225 0,036 F N
Corrente de curto-circuito
mnima

1
= 1,5
20
0,027 0,043 F N
Corrente de defeito nos
esquemas TN e IT

1
= 1,25
20
0,0225 0,036
F N (**)
PE PEN
Queda de tenso
1
= 1,25
20
0,0225 0,036 F N
Corrente de sobreintensidade
para verificao das solicitaes
trmicas dos condutores

1
= 1,5
20
0,27 0,043
PEN PE se incorporado
num mesmo cabo
multicondutor

1
= 1,25
20
0,0225 0,036 PE separado
(*)
20
resistividade a 20 C: 0,018 .mm
2
/m para o cobre e 0,029 .mm
2
/m para o alumnio
(**) N a seco do condutor neutro inferior dos condutores de fase

Fig. 15: valores da resistividade dos condutores a considerar consoante a corrente de
curto-circuito calculada, mxima ou mnima (cf. UTE C 15-105)

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 18 / 44
Na prtica, em BT e para cabos de seco inferior a 150 mm
2
s a resistncia considerada.
( R
L
< 0,15 m/m com S > 150 mm
2
).

o a reactncia linear X
L
das linhas areas, dos cabos e dos barramentos calcula-se pela equao:

(

\
|
+ = =
r
d
Log L X
L
44 , 144 7 , 15
expressa em m/km para um sistema de cabos monofsico ou trifsico em tringulo, sendo o
logaritmo decimal e:
r raio das almas condutoras (mm)
d distncia mdia entre os condutores (mm)

No caso das linhas areas, a reactncia aumenta ligeiramente com o espaamento entre os condutores
(com Log(d/r)), e portanto com a tenso de utilizao; so de considerar os valores mdios seguintes:

7 X = 0,3 / km (linhas BT ou MT)
X = 0,4 / km (linhas MT ou AT)

Para os cabos, e conforme o seu modo de estabelecimento, o quadro da figura 16 resume
diferentes valores de reactncia em BT.


Sero de considerar os valores mdios seguintes:
X = 0,08 m / m para um cabo trifsico, sendo este valor mdio um pouco mais
elevado em AT e compreendido entre 0,1 e 0,15 m / m;
8 X = 0,09 m / m para cabos unipolares juntos (em esteira ou em tringulo);
9 X = 0,15 m / m por defeito para os barramentos e os cabos unipolares espaados
em esteira (este valor sensivelmente mais baixo para barramentos em
canalizaes pr fabricadas tipo Canalis Telemecanique).
Observaes:
o A impedncia das ligaes curtas entre o transformador MT/BT e o ponto de distribuio
pode ser desprezada admitindo um erro por excesso na corrente de curto-circuito, erro
esse tanto maior quanto mais elevada for a potncia do transformador.
o A capacidade dos cabos em relao terra (modo comum), 10 a 20 vezes mais elevada
que a das linhas, dever ser tida em considerao para os defeitos terra. A ttulo
indicativo, a capacidade de um cabo trifsico AT de 120 mm
2
de seco da ordem de 1
F / km; contudo a corrente capacitiva reduzida, da ordem dos 5 A / km sob 20 kV.

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 19 / 44
a resistncia ou a reactncia das ligaes podero ser desprezadas: se uma das duas
grandezas R
L
ou X
L
for pequena relativamente outra poder ser desprezada, sendo pequeno o
erro cometido no valor da impedncia Z
L
; por exemplo, com uma relao igual a 3 entre R
L
e X
L
,
o erro em Z
L
de 5,1%. A observao das curvas de R
L
e X
L
representadas na figura 17 permite
deduzir as seces dos cabos para as quais a impedncia pode ser reduzida resistncia ou
reactncia.



Fig. 17: impedncia Z
L
de um cabo trifsico, a 20 C, com condutores em cobre

Exemplos:

o 1 caso: cabo trifsico, a 20 C, com condutores em cobre. A reactncia igual a 0,08 m/m.
As curvas de R
L
e X
L
(cf. Fig. 17) mostram que a curva da impedncia Z
L
tem duas assntotas:
a recta R
L
para as seces reduzidas e a recta X
L
= 0,08 m/m para as seces elevadas. Para
tais seces portanto possvel considerar que a curva da impedncia Z
L
se confunde com as
suas assntotas. A impedncia do cabo em causa ento redutvel, com um erro inferior a
5,1%, a:
- uma resistncia, para seces inferiores a 74 mm
2
.
- uma reactncia, para seces superiores a 660 mm
2
.

o 2 caso: cabo trifsico, a 20 C, mas com condutores em alumnio. Como no caso anterior, a
curva da impedncia Z
L
confunde-se com as suas assntotas, mas para seces inferiores a
120 mm
2
e superiores a 1000 mm
2
(curvas no representadas).

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 20 / 44
Impedncia das mquinas rotativas

alternadores sncronos

As impedncias das mquinas so normalmente expressas sob a forma de uma percentagem, sob
a forma:
e I
I
n
cc 100
=
(sendo e o equivalente a u
cc
dos transformadores).

Seja:
10
n
S
U e
Z
2
100
=

em que U a tenso em vazio no alternador e S
n
a potncia aparente (VA) do alternador.

11 Dado que a relao R / X pequena, da ordem de 0,05 a 0,1 em AT e de 0,1 a 0,2 em BT, a
impedncia Z confunde-se com a reactncia X. No quadro da figura 18 indicam-se valores
de e para turboalternadores de rotor liso e para os alternadores hidrulicos de plos
salientes (velocidades reduzidas). Observando o citado quadro pode parecer surpreendente
que as reactncias permanentes de curto-circuito ultrapassem 100% (situao em que
I
cc
< I
n
). Note-se porm que a intensidade de curto-circuito essencialmente indutiva e
recorre a toda a energia reactiva que o indutor pode fornecer mesmo sobreexcitado,
enquanto a intensidade nominal veicula sobretudo a potncia activa fornecida pela bobina.



reactncia
subtransitria
reactncia
transitria
reactncia
permanente
turbo-alternador 10 - 20 15 25 150 230
alternadores de
plos salientes
15 25 25 35 70 - 120

Fig. 18 : valores de reactncias de alternadores, em e %

motores e compensadores sncronos

O comportamento destas mquinas em curto-circuito semelhante ao dos alternadores:

12 elas debitam na rede uma intensidade que funo da sua reactncia em % (ver figura 19)


reactncia
subtransitria
reactncia
transitria
reactncia
permanente
motores de grandes
velocidades
15 25 80
motores de pequenas
velocidades
35 50 100
Compensadores 25 40 160

Fig. 19 : reactncias em e % dos motores e compensadores sncronos


C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 21 / 44
motores assncronos

Um motor assncrono que seja separado bruscamente da rede mantm aos seus terminais uma
tenso que se amortece em alguns centsimos de segundo. Quando ocorre um curto-circuito aos
seus terminais, o motor debita nessa situao uma corrente que se anula ainda mais rapidamente
com uma constante de tempo de aproximadamente:

o 2 / 100 s para motores de gaiola simples at 100 kW,
o 3 / 100 s para os motores de dupla gaiola, e para motores de potncia superior a 100 kW,
o 3 a 10 / 100 s para muito grandes motores AT (1000 kW) de rotor bobinado.

O motor assncrono constitui portanto, em caso de curto-circuito, um gerador ao qual se atribui
uma impedncia (somente subtransitria) de 20 a 25 %.

Concretamente, a grande quantidade de motores BT de fraca potncia unitria existentes nas
instalaes industriais um tema de reflexo, porque difcil prever o numero mdio de motores
em servio que iro debitar sobre o defeito no momento de um curto-circuito. logicamente
intil e fastidioso calcular individualmente a corrente de retorno de cada motor tendo em conta a
sua impedncia de ligao. Por esse motivo habitual (principalmente nos USA) considerar
globalmente a contribuio para a corrente de defeito do conjunto dos motores assncronos BT
de uma instalao.

13 Eles so, ento, comparados a uma nica fonte que debita no barramento uma intensidade
igual a 3 vezes a soma das intensidades nominais de todos os motores instalados.

Outras impedncias

condensadores

Uma bateria de condensadores shunt situada na proximidade do local de defeito descarrega-se,
aumentando assim a intensidade da corrente de curto-circuito. Esta descarga oscilante
amortecida caracteriza-se por uma primeira crista de valor elevado que se sobrepe primeira
crista da intensidade de curto-circuito, se bem que a sua frequncia seja muito superior da rede.
Mas consoante a coincidncia do instante inicial do defeito com a onda de tenso, podem ser
encarados dois casos extremos:

o se este instante coincide com um zero de tenso a corrente de descarga da capacidade
nula, dado que precisamente a corrente de curto-circuito assimtrica com uma primeira
crista de amplitude mxima.
o inversamente, se este instante coincide com um mximo de tenso, a bateria debita uma
corrente que se sobrepe a uma primeira crista da corrente de defeito, de valor reduzido
porque simtrica.

portanto pouco provvel que, salvo para baterias de potncia muito elevada, esta sobreposio
provoque uma primeira crista mais importante que a corrente de crista de um defeito assimtrico.

Por consequncia, para clculo da corrente mxima de curto-circuito no necessrio ter em
conta as baterias de condensadores. Haver contudo lugar a consider-las para efeitos de escolha
da tecnologia dos disjuntores; com efeito, quando da abertura, elas reduzem consideravelmente a
frequncia prpria do circuito e tm assim incidncia no processo de corte.
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 22 / 44
aparelhagem

14 Alguns aparelhos (disjuntores, contactores com bobina de sopro, rels trmicos directos,
etc.) apresentam uma impedncia que pode ser tida em conta. Esta impedncia apenas ser
de considerar, no clculo de I
cc
, para os aparelhos situados a montante daquele que dever
abrir sobre o curto-circuito e que permanecem fechados (disjuntores selectivos).

15 Por exemplo, no caso dos disjuntores BT correcto considerar um valor de 0,15 m para a
reactncia sendo a resistncia desprezvel.

Relativamente aos aparelhos de corte deve ser feita uma distino consoante a rapidez da sua
abertura:

o Alguns aparelhos abrem com grande rapidez e consequentemente reduzem fortemente as
correntes de curto-circuito, como o caso dos disjuntores designados rpidos
limitadores, tendo por efeito esforos electrodinmicos e solicitaes trmicas na parte
afectada da instalao muito inferiores aos mximos tericos.
o Outros aparelhos, tais como os disjuntores de disparo retardado, no oferecem esta
vantagem.

arco de defeito

A corrente de curto-circuito percorre frequentemente um arco, ao nvel do defeito, cuja
resistncia aprecivel e muito flutuante: a queda de tenso de um arco de defeito varia entre
100 e 300 V.

Em AT este valor desprezvel relativamente tenso da rede, no tendo o arco influncia
redutora na intensidade da corrente de curto-circuito.

Em BT, pelo contrrio, a corrente real de um defeito com arco tanto mais limitada
relativamente corrente calculada (defeito franco) quanto mais baixa for a tenso.

16 Por exemplo, o arco originado quando de um curto-circuito entre condutores ou num
barramento pode reduzir a intensidade da corrente de curto-circuito presumida de 20 a 50%
e por vezes mais de 50% para as tenses nominais inferiores a 440 V.

Este fenmeno, muito favorvel em BT em cerca de 90% dos defeitos, no pode contudo ser tido
em conta para a determinao do PdC (poder de corte) porque 10% dos defeitos ocorrem no
fecho de um aparelho sobre um defeito franco, sem arco. Dever ser considerado, pelo contrrio,
no clculo da corrente de curto-circuito mnima.

impedncias diversas

Outros elementos podem acrescentar impedncias no negligenciveis. o caso dos filtros anti-
-harmnicas e das selfs destinadas a limitar as correntes de curto-circuito, as quais obviamente
necessrio ter em conta no clculo, mas tambm dos transformadores de intensidade (TIs) de
primrio bobinado cuja impedncia varia de acordo com o respectivo calibre e construo.


C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 23 / 44
relaes entre as impedncias dos diferentes nveis de tenso de uma instalao

impedncias em funo da tenso

A potncia de curto-circuito num determinado ponto da rede definida por:

cc
cc
Z
U
I U S
2
3 = =
Esta expresso da potncia de curto-circuito implica, por definio, que S
cc
invarivel em
qualquer ponto da rede, qualquer que seja a tenso.

E a expresso:
cc
Z
U
Icc

=
3
3

implica que todas as impedncias devam ser calculadas relativamente tenso do ponto de
defeito, do que resultar uma certa complicao e fonte de erros em clculos respeitantes a redes
com dois ou mais nveis de tenso.

Portanto, a impedncia de uma linha AT dever ser multiplicada pelo quadrado do inverso da
relao de transformao quando se pretenda efectuar o clculo de um defeito do lado BT do
transformador:
17
2
|
|

\
|
=
AT
BT
AT BT
U
U
Z Z
Um mtodo simples permite evitar estas dificuldades: o designado mtodo das impedncias
relativas proposto por H. Rich.

clculo das impedncias relativas

Trata-se de um mtodo de clculo que permite estabelecer uma relao entre as impedncias dos
diferentes nveis de tenso de uma instalao elctrica.

Este mtodo baseia-se na seguinte conveno: as impedncias (em ) so divididas pelo
quadrado da tenso composta (em V) da rede no ponto em que se encontram em servio; tornam-
-se assim impedncias relativas.


o para as linhas e cabos, as resistncias e reactncias relativas so
U
R
R
R
= e
2
U
X
X
R
= ,
sendo R e X expressos em ohm e U em volt.

o para os transformadores, a impedncia exprime-se a partir da tenso de curto-circuito u
cc

e da potncia nominal S
n
:


n
cc
S
U u
Z
2
100
=
o para as mquinas rotativas a frmula idntica:
n
S
U e
Z
2
100
= , representando e a
impedncia expressa em %.

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 24 / 44
o para o conjunto, aps compostas todas as impedncias relativas, a potncia de curto-
-circuito determina-se por:

=
R
cc
Z
S
1

deduzindo-se a intensidade de defeito I
cc
no local de tenso U por:

=
R
cc
cc
Z U U
S
I
3
1
3





C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 25 / 44
Exemplo de clculo

Considere-se uma rede a 20 kV, na qual tem origem uma linha area com 2 km que alimenta um
posto de transformao MT/BT, e um alternador de 1 MVA que alimenta em paralelo o
barramento MT do mesmo posto. O posto comporta dois transformadores de 1000 kVA em
paralelo, os quais alimentam um barramento BT ao qual esto ligadas 20 sadas de fora-motriz
iguais do motor M (fig. 20). Estes 20 motores so ligados por cabos idnticos e esto todos em
servio no momento do defeito

A corrente I
cc
dever ser calculada nos diferentes pontos de defeito precisados no esquema da
rede (fig. 20), ou sejam:
em A, no barramento MT (de impedncia desprezvel);
em B, no barramento BT a 10 m dos transformadores;
em C, no barramento de um quadro secundrio BT;
em D, aos terminais de um motor M.
Seguidamente, calcular a corrente de retorno dos motores em C, D, B e A.

Obs. Neste exemplo, as reactncias X e as resistncias R so calculadas sob a sua tenso de instalao; o mtodo das
impedncias relativas no portanto utilizado.




Fig. 20 : Problema: calcular I
cc
nos pontos A, B, C e D
rede a montante
U
1
= 20 kV
S
cc
= 500 MVA
linha area
3 cabos 50 mm
2
em cobre
comprimento = 2 km
alternador
1 MVA
Z
subt.
= 15 %

2 transformadores
1000 kVA
rel. transformao 20000/410-237 V
u
cc
= 5 %
QGBT
barramento
3 barras 400 mm
2
/fase, em cobre
comprimento = 10 m

ligao 1
3 cabos 400 mm
2
unipolares, alma condutora
em alumnio, espaados em esteira
comprimento = 80 m

quadro BT secundrio

ligao 2
3 cabos 135 mm
2
, cobre, em sist. trifsico
comprimento = 30 m

motor
50 kW
e = 25 %
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 26 / 44
Resoluo:

troo clculos resultados
20 kV X ( ) R ( )
1. rede a montante
( )
6
2
3
10 500 10 20 =
m
Z
1


8 , 0 98 , 0 =
m
X
2 0,78

78 , 0 2 , 0 =
m
R 0,15
2. linha area
2 4 , 0 =
LA
X
7 0,8

50
2000
018 , 0 =
LA
R 6 0,72
3. alternador
( )
6
2
3
10
10 20
100
15
=
Alt
X
10 60

60 1 , 0 =
Alt
R
11 6
Defeito em A


X (m ) R (m )
4. transformadores
6
2
10
410
100
5
2
1
=
T
Z
3 5

T T
Z X 4,2

T T
X R = 2 , 0
4 0,84
410 V
5. disjuntor
15 , 0 =
d
X
15 0,15
6. barramento
(3 400 mm
2
)
10 10 15 , 0
3
=

bar
X
9 1,5

400 3
10
0225 , 0

=
bar
R 6 0
Defeito em B


7. disjuntor
15 , 0 =
d
X
15 0,15
8. ligao 1
cabos 3400 mm
2

80 10 15 , 0
3
1
=

c
X
9 12

400 3
80
036 , 0
1

=
c
R 6 2,4
Defeito em C


9. disjuntor
15 , 0 =
d
X
15 0,15
10. ligao 2
3 cabos 35 mm
2

30 10 09 , 0
3
2
=

c
X
8 2,7

35
30
0225 , 0
2
=
c
R 6 19,2
Defeito em D


11. motor 50 kW
3
2
10 50
410
100
25

=
M
X
12 840

M M
X R = 2 , 0
12 168



C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 27 / 44
I Defeito em A (barramento MT)
(elementos relacionados: 1, 2, 3)

A impedncia rede + linha est em paralelo com a do alternador; mas esta ltima, sendo muito
mais elevada, pode ser ignorada.

1. rede a montante: S
cc
= 500 MVA e U = 20 kV = = 8 , 0
2
cc
m
S
U
Z
U = 20 kV 2 , 0
m m
Z R 1 2 , 0 cos = 98 , 0 = sen = = 78 , 0 sen Z X
m m


m m
Z X = = 15 , 0 2 , 0
m m
X R

2. linha area: = = 8 , 0 2 7 / 4 , 0 km km X
La
= = 72 , 0
s
l
R
cu La


3. alternador: = = 60
100
2
n
Alt
S
U e
Z 1 , 0 /
Alt Alt
X R
Alt Alt
X Z = 60
Alt
X
= = 6 1 , 0
Alt Alt
X R

Desprezando a impedncia do alternador, os valores a considerar para um defeito no ponto A
sero:
= + = + = 87 , 0 72 , 0 15 , 0
La m A
R R R
= + = + = 58 , 1 8 , 0 78 , 0
La m A
X X X + = 8 , 1
2 2
A A A
X R Z

A
Z
U
I
A
ccA
6415
8 , 1 3
10 20
3
3

=

A corrente I
ccA
a corrente de curto-circuito permanente; para calcular I
cc
(valor mximo
assimtrico)

dever aplicar-se a expresso:
cc
I k I = 2 ' sendo k (por vezes designado por
factor de choque) obtido a partir da figura 9:

55 , 0
58 , 1
87 , 0
= =
A
A
X
R
2 , 0 = k


A I
ccA
10887 6415 2 2 , 1 ' = =






C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 28 / 44
II Defeito em B (barramento QGBT)
[elementos relacionados: (1, 2, 3) + (4, 5, 6)]

As reactncias X e as resistncias R calculadas em MT devero ser reduzidas rede BT pela
sua multiplicao pelo quadrado da relao entre tenses 17 , ou seja:

3
2
2
10 42 , 0
20000
410

= |

\
|
=
|
|

\
|
=
MT MT
MT
BT
MT BT
R R
U
U
R R
3
2
2
10 42 , 0
20000
410

= |

\
|
=
|
|

\
|
=
MT MT
MT
BT
MT BT
X X
U
U
X X


4. transformadores: 3 = =

=

m
S
U u
Z
n
cc
T
4 , 8 10 4 , 8
100
3
2

5 2 transformadores em paralelo = = m
Z
Z
T
T
2 , 4
2
'
4
T T
Z X = m X
T
2 , 4

T T
X R 2 , 0 = m R
T
84 , 0

5. disjuntor: 15 m X
d
15 , 0 0
d
R

6. barramento MT: 9 = = 5 , 1 10 / 15 , 0 m m m X
bar


=

= = m
s
l
R
bar
19 , 0
400 3
10
0225 , 0 (desprezvel!)


Valores totais no ponto B:

= + + + = + + + =

m X X X X X
bar d T A B
51 , 6 10 ) 5 , 1 15 , 0 2 , 4 42 , 0 58 , 1 ( 10 42 , 0
3 3


( ) = + = + =

m R R R
T A B
2 , 1 10 84 , 0 42 , 0 87 , 0 10 42 , 0
3 3


= + = + = m X R Z
B B B
62 , 6 51 , 6 2 , 1
2 2 2 2


Este clculo permite observar, por um lado, a reduzida importncia da impedncia da rede a
montante em relao dos transformadores (tanto mais reduzida alis quanto menor a potncia
do ou dos transformadores), e por outro lado que a impedncia dos dez metros do barramento BT
no desprezvel.

Corrente de curto-circuito permanente em B:
A
Z
U
I
B
ccB
35758
10 62 , 6 3
410
3
3
2
=

=

=



C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 29 / 44
Potncia de curto-circuito em B:

MVA VA I U S
ccB ccB
4 , 25 10 4 , 25 35758 410 3 3
6
2
= = = =


Corrente de curto-circuito mxima assimtrica em B:

18 , 0
51 , 6
2 , 1
= =
B
B
X
R
58 , 1 k A I
ccB
79900 35758 2 58 , 1 ' =

Se se considerar o arco de defeito (cf. 16 ), a corrente I
ccB
ficar compreendida entre um
mximo de 28 606 A e um mnimo de 17 880 A (redues de 20 e 50%, respectivamente).


III Defeito em C (barramento de quadro secundrio BT)
[elementos relacionados: (1, 2, 3) + (4, 5, 6)+(7, 8)]

Sero adicionadas s anteriores as reactncias e resistncias do disjuntor e dos cabos de ligao.

7. disjuntor: 15 m X
d
15 , 0 0
d
R

8. ligao 1: 3 cabos unipolares por fase, LSVV 400 mm
2
, estabelecidos em esteira
horizontal com espaamento d = 2r (fig. 16)

9 = = m m m m X
c
12 80 / 15 , 0
1

6 =

= = m
s
l
R
c
4 , 2
400 3
80
036 , 0
1


Valores totais no ponto C:

= + + = + + = m X X X X
c d B C
66 , 18 12 15 , 0 51 , 6
1

= + = + = m R R R
c B C
6 , 3 4 , 2 2 , 1
1

= + = + = m X R Z
C C C
19 66 , 18 6 , 3
2 2 2 2


Os resultados obtidos permitem avaliar a importncia da limitao das correntes de curto-circuito
devida aos cabos.

Corrente de curto-circuito permanente em C:
A
Z
U
I
C
ccC
12459
10 19 3
410
3
3
2
=

=

=


Potncia de curto-circuito em C:
MVA I U S
ccC ccC
8 , 8 12459 410 3 3
2
= =

Corrente de curto-circuito mxima assimtrica em C:
19 , 0
66 , 18
6 , 3
= =
C
C
X
R
55 , 1 k A I
ccB
23710 12459 2 55 , 1 ' =
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 30 / 44
IV Defeito em D (terminais de motor BT)
[elementos relacionados: (1, 2, 3) + (4, 5, 6)+(7, 8)+(9, 10)]

Sero adicionadas s anteriores as reactncias e resistncias do disjuntor e dos cabos de ligao.

9. disjuntor: 15 m X
d
15 , 0 0
d
R

10. ligao 2: 3 cabos unipolares, VV 35 mm
2
, apertados em trevo

8 = = m m m m X
c
7 , 2 30 / 09 , 0
2

6 = = = m
s
l
R
c
3 , 19
35
30
0225 , 0
2


Valores totais no ponto D:

= + + = + + = m X X X X
c d C D
51 , 21 7 , 2 15 , 0 66 , 18
2

= + = + = m R R R
c C D
9 , 22 3 , 19 6 , 3
2

= + = + = m X R Z
D D D
42 , 31 51 , 21 9 , 22
2 2 2 2


Corrente de curto-circuito permanente em D:
A
Z
U
I
D
ccD
7534
10 42 , 31 3
410
3
3
2

=


Potncia de curto-circuito em D:
MVA I U S
ccD ccD
35 , 5 7534 410 3 3
2
= =

Corrente de curto-circuito mxima assimtrica em D:
06 , 1
51 , 21
9 , 22
= =
D
D
X
R
05 , 1 k A I
ccB
11187 7534 2 05 , 1 ' =

Pode constatar-se, para cada nvel da rede, que desprezvel a influncia dos disjuntores
comparativamente com a dos outros elementos da rede.

V Correntes de retorno dos motores

frequentemente mais rpido considerar os motores como geradores independentes que debitam
sobre o defeito uma corrente de retorno que se sobrepe corrente de defeito da rede.

defeito em C

A intensidade debitada por um motor calculada a partir da impedncia motor + cabo:

10 e 12 =

= = m
S
U e
Z
n
M
840
10 50
410
100
25
100
3
2 2
= m X Z
M M
840
= = m X R
M M
168 840 2 , 0 2 , 0

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 31 / 44
Motor + cabo + = m X
M
843 7 , 2 840
+ = m R
M
188 2 , 19 168
+ = m X R Z
M M M
864
2 2

A
Z
U
I
M
M
274
10 864 3
410
3
3
=

=

=


Para os 20 motores, tem-se:
A I
MC
5480 274 20 = =

Em vez de proceder a este clculo, seria possvel estimar (cf. 13 ) a intensidade debitada por
todos os motores em 3 vezes a sua intensidade nominal (95 A, com cos
M
= 0,75), ou seja:
( ) A 5700 20 95 3 = , valor que se revela ser bastante aproximado do valor calculado para
I
MC
: 5480 A.

A partir da relao 22 , 0
843
188
= =
M
M
X
R
obtm-se 5 , 1 k (fig. 9) e, por consequncia:
A I
ccM
11630 5480 2 5 , 1 = .

Nestas condies, a intensidade de curto-circuito (subtransitria) no barramento BT do
quadro parcial passa de 12 459 A para 17 939 A e a corrente de curto-circuito mxima
assimtrica de 27 310 A para 38 940 A.

defeito em D

A impedncia a considerar ser 1 / 19 de Z
M
acrescida da impedncia do cabo:

|

\
|
+ = |

\
|
+ =

m X
X
X
c
M
MD
47 10 7 , 2
19
843
19
3
2

|

\
|
+ = |

\
|
+ =

m R
R
R
c
M
MD
29 10 2 , 19
19
188
19
3
2


= + = + = m X R Z
MD MD MD
55 47 29
2 2 2 2
A
Z
U
I
MD
MD
4300
10 55 3
410
3
3


=

=



Tem-se portanto em D uma corrente de curto-circuito total de 7 534 + 4300 = 11 834 A
(valor eficaz ) e de valor mximo de 11 187 + 6 993 = 18 180 A ( 62 , 0
MD MD
X R
15 , 1 k A I
cc
6993 4300 15 , 1 2 = = ).

defeito em B

Tal como para o defeito em C, a intensidade debitada por um motor calculada a partir da
impedncia motor + cabo:

( ) + + =

m X
M
855 10 12 7 , 2 840
3

( ) + + =

m R
M
6 , 189 10 4 , 2 2 , 19 168
3

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 32 / 44
= + = m Z
M
876 6 , 189 855
2 2
A I
M
270
10 876 3
410
3


=



Tem-se, portanto, para os 20 motores: A I
MB
5400 270 20 = = .

Tambm aqui possvel utilizar a aproximao atrs citada (3 vezes a intensidade nominal
de um motor: 95 A), ou seja 5700 A, valor que bastante aproximado do calculado para I
MB
.

Da relao 22 , 0 / = X R k 1,5 A I
cc
11455 5400 2 5 , 1 = .

Portanto a intensidade de curto-circuito no QGBT passa de 35 758 A para 41 158 A e I
cc
de
79 900 A para 91 355 A.

Mas tambm neste caso, se o arco de defeito for tido em conta, a I
cc
ser reduzida para
valores entre 45,6 e 73 kA.

defeito em A (lado MT)

Em lugar de calcular as impedncias equivalentes, mais simples estimar (por excesso) a
corrente de retorno dos motores em A, multiplicando o valor encontrado em B pela relao
de transformao BT/MT 17 , ou seja:
A 110
10 20
410
5400
3



Este valor desprezvel quando comparado com a intensidade de 6 415 A atrs calculada.

Clculo aproximado do defeito em D

Este clculo explora todas as aproximaes consideradas nos clculos precedentes, tais como
as das notas 15 e 16.

= = + + + =
D
X m X ' 85 , 17 15 , 0 12 5 , 1 2 , 4

= = + =
D
R m R ' 6 , 21 2 , 19 4 , 2
+ = m X R Z
D D D
6 , 21 ' ' '
2 2
A
Z
U
I
D
D
8448
10 02 , 28 3
410
' 3
'
3


=

=



donde se obtm: A I
cc
11945 8448 2 ' = .

A este valor, para determinar I
cc
(mximo assimtrico) necessrio somar a contribuio dos
motores em tenso no momento do defeito; considere-se 3 vezes a sua intensidade nominal
(95 A) 13 : ( ) A 5700 20 95 3 = , donde se obtm:

( ) | | A I
cc
20005 20 2 95 3 11945 = + =

Os resultados obtidos revelam-se bastante aproximados dos obtidos pelo clculo completo
(11 945 em vez de 11 843, e 20 005 em vez de 17 876), e sobretudo com desvios favorveis
do ponto de vista da segurana.
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 33 / 44
3. clculo das Icc nas redes radiais por meio das componentes simtricas

interesse deste mtodo

O clculo com recurso s componentes simtricas revela-se particularmente til quando uma
rede trifsica desequilibrada, dado que as impedncias clssicas (ditas cclicas) j no so
normalmente utilizveis devido, por exemplo, a fenmenos magnticos. Assim, este clculo
torna-se necessrio quando:

um sistema de tenses e correntes assimtrico (vectores de Fresnel com mdulos diferentes
e desfasagens diferentes de 120); a situao que se verifica quando ocorre um curto-
-circuito monofsico (fase-terra), bifsico ou bifsico-terra;

a rede comporta mquinas rotativas e/ou determinados transformadores (ligao Yyn, por
exemplo).

Este mtodo aplicvel a todos os tipos de redes de distribuio radial, qualquer que seja a sua
tenso.


componentes simtricas (resumo)

Tal como o teorema de Leblanc diz que um campo alternado rectilneo de amplitude sinusoidal
equivalente a dois campos girantes de sentidos inversos, a definio de componentes simtricas
baseia-se na equivalncia entre um sistema trifsico desequilibrado e a soma de trs sistemas
trifsicos equilibrados: directo, inverso e homopolar (conforme representado na figura 21).



Fig. 21: construo grfica da soma de trs sistemas trifsicos equilibrados:
directo, inverso e homopolar


O princpio da sobreposio ento utilizado para o clculo das correntes de defeito.
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 34 / 44
Para a explicao que se segue, define-se o sistema tomando a corrente
1
I como referncia,
sendo:


d
I
1
a sua componente directa,

i
I
1
a sua componente inversa,

10
I a sua componente homopolar

e utilizando o operador
2
3
2
1
3
2
j e a

j
+ = =


entre
1
I ,
2
I e
3
I .

Este princpio, aplicado a um sistema de correntes, pode ser verificado graficamente (fig. 21).
Por exemplo, a soma grfica dos vectores d, no caso de
2
I , o seguinte resultado:

10 1 1
2
2
I I a I a I
i d
+ + =

As correntes
1
I e
3
I exprimem-se da mesma forma, obtendo-se o sistema:

10 1 1 1
I I I I
i d
+ + =
10 1 1
2
2
I I a I a I
i d
+ + =
10 1
2
1 3
I I a I a I
i d
+ + =

As componentes simtricas de corrente esto relacionadas com as componentes simtricas de
tenso por intermdio das impedncias correspondentes:

d
d
d
I
U
Z =
i
i
i
I
U
Z =
0
0
0
I
U
Z =


Estas impedncias so definidas a
partir das caractersticas (indicadas
pelos construtores) dos diferentes
elementos da rede elctrica estudada.

Entre estas caractersticas, importa ter
em ateno que Z
i
Z
d
(excepto para
as mquinas rotativas) e que Z
0
varia
consoante os elementos (ver fig. 22).

Para aprofundar este assunto, uma
apresentao mais detalhada deste
mtodo de clculo das correntes de
defeito franco e impedante apresen-
tada no Caderno Tcnico n 18.
Elementos Z
0

transformador
(visto do secundrio)

sem neutro
Yyn ou Zyn fluxo livre
fluxo forado 10 a 15 X
d

Dyn ou YNyn X
d

primrio D ou Y + zn 0,1 a 0,2 X
d

mquina
sncrona 0,5 Z
d

assncrona 0
linha 3 Z
d


Fig. 22 : caracterstica homopolar dos diferentes elementos de
uma rede elctrica

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 35 / 44
tenso
nominal
Un
factor de tenso c
para o clculo de
Icc max


Icc min
BT

230-400 V
1 0,95
Outras
1,05 1
AT

1 a 230kV
1,1 1

Fig. 23: valores do factor de tenso c (cf. CEI 909)
clculo de acordo com a norma CEI 909

A norma CEI 909 define e apresenta um procedimento, utilizvel por engenheiros no
especializados, com utilizao das componentes simtricas.

O procedimento aplicvel s redes elctricas de tenso inferior a 230 kV, e explica o clculo
das correntes de curto-circuito mximas e mnimas. As primeiras permitem determinar as
caractersticas nominais dos materiais elctricos. As segundas so necessrias para a regulao
das proteces contra sobreintensidades.

Esta norma completada, para aplicao s redes BT, pelo guia CEI 781.

procedimento

1 clculo da tenso equivalente no ponto de defeito, igual a 3 / U c
n
, sendo c um factor de
tenso cuja introduo nos clculos necessria para ter em conta:
variaes de tenso no espao e no tempo,
eventuais mudanas de tomada nos transformadores,
comportamento subtransitrio dos alternadores e dos motores.


Conforme os clculos a efectuar e os nveis de tenso considerados, os valores normativos
deste factor de tenso so indicados na figura 23.

2 determinao e soma das impedncias directa, inversa e homopolar a montante do local do
defeito.

3 clculo da corrente de curto-circuito inicial, com a ajuda das componentes simtricas. Na
prtica, consoante o tipo de defeito, as frmulas a considerar para o clculo das Icc so
indicadas no quadro da figura 24.

4 a partir do valor de Icc (I
k
), clculo das outras grandezas tais como Icc de crista, Icc
permanente ou ainda Icc permanente mxima.

















C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 36 / 44
tipo de
curto-circuito
I
k

caso geral

defeito distante dos geradores
trifsico (Z
t
qualquer)
d
n
Z 3
U c

=

d
n
Z 3
U c

=

Em ambos os casos, a corrente de curto-circuito s depende de Z
d
.
Assim, Z
d
geralmente substituda por Z
k
(impedncia de curto-circuito no
ponto de defeito) sendo
2
k
2
k k
X R Z + =
, em que:
R
k
soma das resistncias de uma fase situadas em srie;
X
k
soma das reactncias de uma fase situadas em srie.

bifsico isolado (Z
t
=)
i d
n
Z Z
U c
+

=

d
n
Z 2
U c

=

Monofsico
0 i d
n
Z Z Z
3 U c
+ +

=

0 d
n
Z Z 2
3 U c
+

=

Bifsico terra (Z
cc
entre fases = 0)
0 d 0 i i d
i n
Z Z Z Z Z Z
Z 3 U c
+ +

=

0 d
n
Z 2 Z
3 U c
+

=

Notaes utilizadas neste
quadro:
tenso eficaz composta da rede
trifsica = U
corrente de curto-circuito em
mdulo = k

impedncias simtricas = Z
d
,
Z
i
, Z
0

impedncia de curto-circuito
= Z
0

impedncia de terra = Z
t



Fig. 24: valores das correntes de curto-circuito em funo das impedncias directa, inversa e homopolar da
rede respeitante (cf. CEI 909)



incidncia da distncia entre o defeito e o alternador

Com este mtodo de clculo haver sempre que distinguir dois casos:

o dos curtos-circuitos distantes dos alternadores, que corresponde s redes nas quais as
correntes de curto-circuito no tm componente alternada amortecida. geralmente o caso
verificado em BT, salvo quando receptores de forte consumo so alimentados por postos
particulares AT/MT.

e o dos curtos-circuitos prximos dos alternadores (cf. fig. 11), que corresponde s redes nas
quais as correntes de curto-circuito tm componentes alternadas amortecidas. Este caso
verifica-se geralmente em AT. Mas pode verificar-se tambm em BT quando, por exemplo,
um gr4upo de emergncia alimenta sadas prioritrias.

Estes dois casos tm como principais diferenas:

para os curtos-circuitos afastados dos alternadores verifica-se a igualdade:

o entre as correntes de curto-circuito inicial (I
k
), permanente (I
k
) e interrompida (I
b
), por
um lado (I
k
= I
k
= I
b
);
o e entre as impedncias directa (Z
d
) e inversa (Z
i
), por outro lado (Z
d
= Z
i
);

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 37 / 44
enquanto para os curtos-circuitos prximos dos alternadores se verifica a seguinte
desigualdade: I
k
< I
b
< I
k
; alem disso Z
d
no necessariamente igual a Z
i
.

Note-se entretanto que motores assncronos podem tambm alimentar um curto-circuito,
podendo o seu contributo atingir 3% da Icc da rede durante os primeiros trinta milisegundos: a
equao I
k
= I
k
= I
b
j no ento verdadeira.


condies a respeitar para o clculo das correntes de curto-circuito mximas e mnimas

o clculo das correntes de curto-circuito mximas tem em conta os seguintes pontos:

o o factor de tenso c a aplicar ser o correspondente ao clculo da corrente de curto-
circuito mxima;
o de todas as hipteses e aproximaes referidas neste documento, s devem ser
consideradas as que conduzem a um clculo por excesso;
o as resistncias R
L
das linhas (linhas areas, cabos, condutores de fase e neutro) so
consideradas para a temperatura de 20 C.

para o clculo das correntes de curto-circuito mnimas, necessrio:

o aplicar o valor do factor de tenso c correspondente tenso mnima permitida pela rede;
o escolher a configurao da rede, e em certos casos a alimentao mnima pelas fontes e
linhas de alimentao da rede, que conduzem ao valor mnimo da corrente de curto-
circuito no ponto de defeito;
o ter em ateno a impedncia de barramentos, transformadores de intensidade, etc.;
o ignorar os motores;
o considerar as resistncias R
L
temperatura previsivelmente mais elevada:

( )
L20 e L
R C 20
C
0,004
1 R
(

+ =

onde R
L20
a resistncia temperatura 20C e
e
a temperatura (em C) admissvel para
o condutor no final do curto-circuito.
O factor 0,004 / C aplica-se ao cobre, ao alumnio e s ligas de alumnio.
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 38 / 44
equaes das diferentes correntes

corrente de curto-circuito inicial I
k


O clculo das diferentes correntes de curto-circuito iniciais I
k
efectuado por aplicao das
frmulas do quadro da figura 24.

valor de crista i
p
da corrente de curto-circuito

O valor de crista i
p
da corrente de curto-circuito, nas redes no malhadas, pode ser calculado,
qualquer que seja a natureza do defeito, a partir da seguinte frmula:

" I 2 K i
k p
=
em que
I
k
- corrente de curto-circuito inicial
K - factor que funo das relaes R / X, definido no baco da figura 9 ou calculado
pela seguinte frmula aproximada:
X
R
3
e 98 , 0 02 , 1 K

+ =

corrente de curto-circuito interrompida I
b


O clculo da corrente de curto-circuito interrompida I
b
no necessrio seno no caso de defeito
prximo dos alternadores e quando a proteco assegurada por disjuntores retardados.
Recorde-se que esta corrente serve para determinar o PdC (poder de corte) destes disjuntores.

Esta corrente pode ser calculada com uma boa aproximao pela seguinte frmula:

"
b
I I
k
=

em que um factor que funo do tempo morto mnimo t
min
e da relao I
k
/ I
r
(fig. 25) e
que traduz a influncia das reactncias subtransitria e transitria, e I
r
a corrente nominal do
alternador.



















Fig. 25: factor para clculo da corrente de curto-circuito
interrompida I
b
(cf. CEI 909)
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 39 / 44
corrente de curto-circuito permanente I
k


A amplitude da corrente de curto-circuito permanente I
k
depende do estado de saturao do ferro
dos alternadores, sendo o seu clculo menos preciso que o da corrente simtrica inicial I
k
.


Os mtodos de clculo propostos podem ser
considerados como proporcionando uma estimativa
suficientemente precisa dos valores superior e inferior
para o caso em que o curto-circuito alimentado por
um alternador ou uma mquina sncrona. Assim:

a corrente de curto-circuito permanente mxima,
sob a excitao mais forte do gerador sncrono,
dada por:
r max k
I I
max
=


a corrente de curto-circuito permanente mnima
obtida para uma excitao constante (mnima) em
vazio da mquina sncrona. dada por:

r min k
I I
min
=


em que I
r
o valor nominal da corrente aos terminais
do alternador e um factor que depende da
indutncia de saturao X
d sat
.

Os valores de
max
e
min
so dados pela figura 26
para os turboalternadores e pela figura 27 para as
mquinas de plos salientes.




















Fig. 26: factores
max
e
min
para
turboalternadores

Fig. 27: factores
max
e
min
para
alternadores de plos salientes
(cf. CEI 909)

C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 40 / 44
exemplo de clculo

problema:

Quatro redes, sendo 3 de 5 kV e uma de 15 kV, so alimentadas por uma rede de 30 kV a partir
dos transformadores da subestao E (cf. fig. 28). Para a construo da linha GH pretende-se
determinar o poder de corte do disjuntor M.

Especifica-se que:

as nicas ligaes terra so as dos secundrios dos transformadores da subestao E;
para uma linha de 30 kV, a reactncia da ordem de grandeza de 0,35 /km em regime
directo e inverso, e de 3 0,35 /km em regime homopolar;
a reactncia de curto-circuito dos transformadores de 6% para o posto E e de 8% para os
outros;
o coeficiente c multiplicando de U considerado igual a 1,1;
todas as cargas ligadas aos pontos F e G so essencialmente passivas;
todas as resistncias so desprezveis face s reactncias.

Fig.28
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 41 / 44
resoluo:

tendo em ateno o esquema directo e inverso (cf. fig. 29), pode escrever-se:

3,1 j
290
30
S
U
a
2
cc
2
= =
5,4 j
10
30
100
6
S
U
u b
2
n
2
cc
= =
14 j 40 0,35 c
1
=
5 , 0 1 j 0 3 0,35 c
2
=
7 j 0 2 0,35 c
3
=
25 , 5 j 1 0,35 c
4
=
9 j
8
30
100
8
S
U
u d
2
n
2
cc
= =
90 j 0,6
6
30
0,6
S
U
e
2 2
= =
18 j
4
30
100
8
S
U
u f
2
n
2
cc
= =
0 27 j 0,6
2
30
0,6
S
U
g
2 2
= =

no esquema homopolar (cf. fig. 30) deve ter-se em ateno que:

o os enrolamentos em tringulo dos transformadores do posto E detm as correntes
homopolares, e a rede portanto no as v;
o da mesma forma, os transformadores dos postos F, G e H no vem as correntes
homopolares por causa dos seus enrolamentos em tringulo, e portanto apresentam uma
impedncia infinita para o defeito.

5,4 j b b' = =
42 j c 3 c'
1 1
= =
5 , 31 j c 3 c'
2 2
= =
21 j c 3 c'
3 3
= =
75 , 15 j c 3 c'
4 4
= =
= d'
= f'






Fig. 30



Fig. 29:
F
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 42 / 44
haver agora dois esquemas reduzidos para estudar:

o linha GH aberta (cf. fig. 31)

17,25 j Z Z
i d
= =
39,45 j Z
0
=
kA 1,104
3 17,25
30 1,1
3 Z
U c
I
d
n
3 cc

=
kA 0,773
39,45 17,25 17,25
3 30 1,1
Z Z Z
3 U c
I
0 i d
n
1 cc

+ +

=
+ +

=


Fig. 31

o linha GH fechada (cf. fig. 32)

05 , 13 j Z Z
i d
= =
27,2 j Z
0
=
kA 460 1,
3 5 0 , 3 1
30 1,1
3 Z
U c
I
d
n
3 cc

=
kA 072 , 1
2 , 27 05 , 3 1 05 , 3 1
3 30 1,1
Z Z Z
3 U c
I
0 i d
n
1 cc

+ +

=
+ +

=

Fig.32
C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 43 / 44
Em funo da corrente de curto-circuito mais importante (I
cc3
= 1,460 kA) o disjuntor de
linha no ponto M deve portanto ser dimensionado para:

3 1,460 30 3 I U P = =

P 76 MVA



C.T. n 158 Clculo das correntes de curto-circuito 44 / 44
4. clculos por computador e concluso

Para clculo da corrente de curto-circuito, diversos mtodos foram desenvolvidos e encontraram
lugar nas normas... e tambm neste Caderno Tcnico.

Vrios destes mtodos normalizados foram concebidos de forma a que a corrente de curto-
circuito pudesse ser calculada mo ou com uma calculadora de bolso. Mas desde que apareceu,
nos anos 70, a possibilidade de clculo cientfico em ordenador os projectistas de instalaes
elctricas desenvolveram programas para as suas prprias necessidades, inicialmente para
grandes sistemas informticos e depois para os mini. A sua utilizao, delicada, era reservada
aos iniciados.

Estes programas foram posteriormente desenvolvidos para os computadores pessoais (ou
Personal Computer - PC) de utilizao mais simples. Assim, nos nossos dias, existem numerosos
programas conformes s normas para clculo das Icc em BT, como o caso do Ecodial, criado e
comercializado pela Merlin Gerin.

Todos estes programas de clculo das correntes de curto-circuito servem essencialmente para
determinar poderes de corte e de fecho de aparelhos, bem como para a suficincia
electromecnica dos equipamentos.

Finalmente outros programas de clculo so utilizados por especialistas em concepo de redes,
por exemplo para os estudos de comportamento dinmico das redes elctricas.

Tais programas permitem simulaes precisas dos fenmenos no tempo, alargando-se a sua
utilizao ao comportamento electromagntico completo das redes e das instalaes.

No menos verdade entretanto que todos os programas, se bem que muito teis, no passam de
ferramentas. A sua utilizao, para ser eficaz, exige portanto uma competncia profissional
previamente adquirida atravs do estudo bem como habilidade e experincia.

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