Mod.7 - Máquinas Térmicas
Mod.7 - Máquinas Térmicas
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3.1 - Definição
Os geradores de vapor d’água (de agora em diante abreviados por GV), também chama-
dos de caldeiras, destinam-se à produção de vapor de água (saturado ou superaquecido) a
partir da energia liberada por um combustível. Podemos ter:
- queima de combustível com oxigênio do ar (caldeiras convencionais)
- reação nuclear (caldeiras de usinas nucleares)
- energia elétrica (caldeiras elétricas)
3.3 - Tipos
As caldeiras são classificadas em:
a) Aquotubulares – nas quais a água e o vapor circulam por dentro dos tubos.
b) Flamotubulares - nas quais os gases de combustão circulam por dentro dos tubos.
c) Elétricas – utilizam o efeito Joule para gerar calor a partir da energia elétrica.
As Aquotubulares são de uso abrangente, de pequeno a grande porte. Podem ser utiliza-
das para qualquer faixa de pressão do vapor. Normalmente têm economizador e
superaquecedor. As flamotubulares são de pequeno porte, para produções de até15 t/h vapor
saturado, no máximo a 15 ata. As elétricas são convenientes quando há disponibilidade de e-
nergia elétrica a baixo custo. São utilizadas apenas para a produção de vapor saturado.
Funcionam com resistências elétricas ou eletrodos submersos.
Caldeira Aquotubular tipo vertical
Caldeira Aquotubular tipo vertical
Caldeiras Aquotubulares
Tipo horizontal acima e tipo vertical abaixo
Caldeira Aquotubular horizontal
Caldeira Flamotubular
3.3.1 – Escolha do tipo
É baseada nas características de pressão e produção da caldeira, bem como das exigên-
cias da aplicação do vapor. Por exemplo, para vapor exclusivamente para processo podem ser
usadas caldeiras flamotubulares. Já para acionamento de turbinas utilizam-se caldeiras aquo-
tubulares, devido à necessidade de vapor superaquecido. A partir das características de cada
tipo faz-se a opção entre aquo e flamotubulares, conforme a tabela a seguir.
Aquotubulares Flamotubulares
- permitem altas pressões e grandes produ- - atendem bem a demandas variáveis na pro-
ções dução de vapor
- ocupam pouca área - são de construção fácil
- têm partida rápida - não exigem rigoroso tratamento da água
- permitem fácil instalação de superaquece- - utilizam pouca alvenaria
dor, economizador e pré-aquecedor de ar - ocupam bastante área
- exigem bom tratamento da água - têm partida lenta
- são mais sensíveis às variações de deman- - são pesadas
da de vapor - permitem apenas baixas pressões (até 15
- são de construção mais complexa ata)
Via de regra, instalações de pequeno porte (até 15 t/h e 15 ata) para vapor saturado usam
caldeiras flamotubulares, por serem mais baratas. Unidades de médio e grande porte são ge-
ralmente aquotubulares.
Componentes:
3.6 – Fornalhas
3.6.1 – Definição
É o componente do GV destinado a converter a energia química do combustível em ener-
gia térmica, ou seja, processar a queima do combustível.
3.6.2 – Classificação
As fornalhas são classificadas quanto à forma de queima do combustível em 3 tipos.
Negativa – para exaustor na chaminé (ou chaminé natural). É utilizada para combustíveis sóli-
dos com fornalha aberta para não haver escape de gases pela porta de alimentação de
combustível.(3 a 10 mm CA)
Positiva – para queima em suspensão. Pode ter apenas ventilador ou também exaustor.
Super pressão positiva – para caldeiras compactas com alta velocidade de passagem do ar e
grande perda de carga.
3.6.5 – Dimensionamento das fornalhas
Deve-se considerar:
- Forma e volume adequados ao tipo e quantidade de combustível.
- Altura compatível com a circulação de água e tempo gasto na queima.
- Disposição dos queimadores para evitar contato direto da chama com os tubos.
- Dimensões adequadas da grelha.
- Temperatura adequada ao equipamento e ao combustível.
Grandezas principais:
- área da grelha: Sg = p l
- volume da câmara: V
- Área de passagem: S0 = n e l
cb AC var = S0 Car
m
cb - consumo de combustível
m
AC – kgar / kgcomb
var = volume específico do ar
Car – velocidade de passagem na grelha
Car recomendado:
0,75 – 1,5 m/s – para tiragem natural
2 – 5 m/s - para tiragem forçada
Carga na grelha:
Combustível Tiragem Carga (kg / m2 / h)
Lenha Natural 80-130
Lenha Forçada 150-300
Carvão Natural 70-150
Carvão Forçada 200-300
Bagaço de cana, serragem, Natural 60-120
resíduos de cereais
Idem Forçada 150-200
Idem Forçada com esteira rotativa 400-500
Volume da fornalha:
Carga térmica na fornalha: (1kw = 860 kcal/h)
cb PCI / V (kcal / m3h)
K= m
Recomendação para fornalhas com paredes d’água:
Combustível Tipo K (kcal / m3h)
Óleo ou gás Aquotubular 170000 – 680000
Flamotubulares 430000 – 1000000
Carvão Pulverizado 80000 – 250000
Em grelha móvel 200000 – 370000
Lenha Em grelha inclinada 120000 – 320000
Em grelha móvel 120000 – 400000
z C Z t 2 t a
p2 * 100 [%]
PCI
tz = temperatura de retirada das cinzas do cinzeiro
(p1 + p2 = 0 a 10% dependendo do teor de cinzas do combustível)
m c AC 1 z Pcc
p3 *100 [%]
PCI
mc = conteúdo de carbono (fuligem) nos gases [kgc / kgg]
Pcc = poder calorífico do Carbono
d) Perda por presença de gases combustíveis na chaminé
p4
m CO
Pci CO m H 2 Pci H 2 AC 1 z
100 [%] [kcal / kgcb]
PCI
3.7.2 Rendimento do GV
Perdas na fornalha: P1 + P2 + P3 + P4
Perdas no restante da caldeira: P5 + P6
a) Rendimento da fornalha:
calor liberado na fornalha
F =
b) Rendimento da caldeira:
calor aproveitado para produção de vapor.
=
energia do combustível
6 4
100 pi 1 pi p5 p6 F p 5 p6 1 ( p1 p 2 p 3 p4 p5 p6 ) [%]
1 1
(1 ) F PCI AC c par (t aq ta )
tc ta
( AC 1 z ) c pg
Cpg médio entre tc e ta
Se taq = ta (caldeira sem aquecedor de ar) então a expressão da temperatura reduz-se a
(1 ) F PCI
tc ta
( AC 1 z ) c pg
Considerações:
maior menor tc: pode-se não atingir a temperatura de queima ou ter-se combustão irre-
gular.
menor PCI menor tc: baseado neste item e no anterior analisar a queima de combustível
de baixo PCI em fornalhas com alto coeficiente de irradiação.
Ex: carvão, óleo: = 0,3 a 0,6
Lenha , resíduos: = 0,2 a 0,4
Alto cpg baixo tc: evitar gases com alto cpg, por ex.: combustíveis úmidos dão cpg maior
devido alto cp do vapor d’água em relação aos outros gases da combustão
Maior menor tc: grande excesso de ar prejudica a combustão.
tc praticamente não depende do consumo de combustível (em regime permanente).
Velocidade dos gases: v = 5 a 30 m/s ( z v)
a) Calor necessário para aquecer e vaporizar a água
v ( h sat h 1 ) F m
Q v QT Qi m cb PCI [kcal/h] (1)
FLAMOTUBULARES AQUOTUBULARES
ha 5000 – 20000 5000 – 6000
hg 30 -70 50 -100
Incrustações são sais depositadas nas paredes dos tubos do vaporizador na lado da água.
Carbonatos e silicatos de Ca e Mg. Quanto maior a pressão, cai a solubilidade dos sais e há
deposição nas paredes dos tubos. No lado dos gases há deposição de fuligem e cinzas.
Fig 35
1 1 ef e e 1
i coef. global p/ tubo sujo
U h g K f K K i ha
Conseqüências:
redução na produção de vapor: mv = Q / (hv – h1)
Q = U S T
Diminui o rendimento do GV: devido aumento da temperatura na chaminé e consequente-
mente aumento da perda P6
AC 1 z C pg t g t a 6
p6 1 pi
PCI 1
Com o aumento da produção, o fluxo de calor por convecção aumenta em proporção maior
que a descarga de vapor (superaq. convectivo); mas a temperatura da fornalha praticamente
não varia: fluxo por irradiação quase constante (superaq. radiante) Com a combinação dos
dois tipos a temperatura de superaquecimento será quase constante.
3.11 - Economizador
São trocadores de calor convectivos destinados a elevar a temperatura da água de alimenta-
ção do GV, aproveitando o calor dos gases de combustão.
3.11.1 - Finalidades
aumentar rendimento do GV
vaporização mais rápida (no vaporizador)
parte mais dissolvidos (incrustações) são retidos no economizador.
Desvantagens: custo adicional, espaço ocupado, perdas de carga.
3.11.2 - Tipos
Transversal
(Tubos com ou sem aletas)
Longitudinal
Em geral para p < 15 bar tanto aquo como flamotubulares dispensam economizador, pois é
possível obter-se temperatura de saída na chaminé entre 240 – 280 ºC. (tv = 198ºC , p = 15
bar).
3.12 - Aquecedor de ar
Trocador de calor convectivo para pré-aquecer o ar de combustão aproveitando energia
residual dos gases de combustão antes de saírem do GV.
3.12.2 - Tipos
Recuperativos: Transferencia de calor direta como em um trocador convectivo comum (ar por
dentro dos tubos). Tubos em aço C ou FOFO.
diâmetro = 40 – 100 mm
capacidade: 40.000 – 70.000 kcal / h m3
3.12.4 – Cuidados
Corrosão pode ocorrer quando a temperatura do metal é inferior a 120 ºC, no caso do óleo
combustível, ou 80 ºC, para carvão pulverizado. Há combinação química da umidade com SO3
formando H2SO4 que provoca rápida corrosão do metal. A acumulação de cinzas tende a agra-
var o problema, criando isolamento térmico e acelerando a corrosão.
3.12.5 – Dimensionamento
cb AC [kg/h]
m
taq ar ta
_______________________ SA
t2 gases tg
cb ( AC 1 z )
m [kg/h]
t 2 t aq t g t a
t l
t 2 t aq
ln
tg ta
Temperatura de saída dos gases: tg = 150 a 180ºC
Aumento de rendimento do GV: 5 a 8% rendimento a cada 100 C de queda na temperatura
dos gases.
3.14.2 - Tratamento
Antes do tratamento propriamente dito é necessário fazer-se a análise da água para se de-
terminar entre outras coisas:
a) dureza (concentração de carbonatos ,sulfatos, silicatos e cloretos de cálcio) mg/l ou grau de
dureza.
b) pH
c) Alcalinidade – presença de ions de sais (bicarbonatos carbonatos ,sulfatos, silicatos, didroxi-
dos, fosfatos, etc.)
d) Cloretos, fosfatos, sólidos totais, matéria orgânica (causa corrosão no superaquecedor)
e) Concentração de O2 livre e gases dissolvidos
f) Sílica (provoca incrustações difíceis de remover)
Após a análise pode-se determinar a forma de tratamento, que pode ser do tipo externo,
interno ou combinado, bem como os processos e teores de produtos químicos necessários.
b) Filtração – após a clarificação, para remover partículas menores que não decantam.
(Fig 47)
k = f L/ dh
Fig 43
HU
p HU
30 (recomendado)
g ar g d
d = diâmetro da chaminé
Calculo do diâmetro:
BL 1v g d 2
Cg [m3/s]
3600 4
vg = volume especifico dos gases na temperatura media da chaminé [m3/kg] (pg vg = Rg Tg)
vg H
N [CV]
75
Modificação da vazão:
Introdução de perdas de carga adicionais (válvulas de controle de vazão, “dampers”).
Variação da rotação (redutores, acoplamento magnético/ hidráulico, motor de CC, turbina a va-
por com velocidade variável.)
Pressão de alimentação:
Pressão de operação do GV
Perdas de carga na tubulação
Perdas de carga no economizador
Margem de segurança – 20 a 30 %
Fig 46
Bombas alternativas de embolo. Acionadas para motor elétrico ou a vapor. Até 50 ton/h e 20
bar.
Bombas centrifugas. . Acionadas por motor diesel, elétrico ou turbina a vapor. Único estagio
para pressão até 10 bar.
Importante: Ter ao menos 2 aparelhos de alimentação.