Trabalho Ivan
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DIREITO BACHARELADO
FERNANDÓPOLIS
2024
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................4
2 LEI PENAL NO TEMPO........................................................................................5
2.1 Considerações prévias......................................................................................... 5
2.2 Irretroatividade da lei penal...............................................................................5
2.3 Retroatividade e ultratividade da lei mais benigna............................................6
2.4 Conflito de leis penais no tempo.......................................................................6
2.5 Lei intermediária e conjunção de leis................................................................7
2.6 Lei temporária e excepcional............................................................................8
2.7 Princípio da continuidade normativa típica.......................................................8
2.8 Conflito aparente de normas.............................................................................9
2.8.1 Elementos necessários.................................................................................9
2.8.2 Princípios que solucionam o conflito aparente de normas............................9
2.9 Revogação da lei penal...................................................................................10
2.9.1 Revogação total e parcial............................................................................10
2.9.2 Execução da revogação..............................................................................11
2.10 Tempo do crime...............................................................................................11
2.10.1 Teoria da atividade.......................................................................................11
2.10.2 Teoria do resultado......................................................................................12
2.10.3 Teoria mista ou da ubiquidade.....................................................................12
2.10.4 Exceções à regra.........................................................................................12
2.10.4.1 Crime continuado.....................................................................................12
2.10.4.2 Crime permanente...................................................................................12
2.11 Irretroatividade da lei processual e da norma penal em branco.....................13
3 LEI PENAL NO ESPAÇO....................................................................................14
3.1 Considerações prévias....................................................................................14
3.2 Princípios preponderantes..............................................................................14
3.3 Conceito de território nacional........................................................................16
3.4 Lugar do crime................................................................................................17
3.5 Extraterritorialidade.........................................................................................17
3.6 Princípio nos bin in idem.................................................................................19
3.7 Extradição, deportação e expulsão.................................................................19
3.8 Tribunal Penal Internacional............................................................................20
2
3.9 Eficácia da sentença estrangeira....................................................................21
4 CONCLUSÃO.....................................................................................................22
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................23
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1 INTRODUÇÃO
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de garantia constitucional dos direitos do homem e o protege do abuso e
arbitrariedades advindas do poder estatal.
2 LEI PENAL NO TEMPO
“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória.” (Art. 2° do Código Penal).
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Parafraseando, esse fenômeno ocorre quando uma nova lei torna atípica uma
conduta até então prescrita como criminosa, extinguindo as execuções das penas
referentes ao crime e os efeitos das sentenças penais condenatórias já proferidas
(extinção da punibilidade). Nesse sentido, a lei não pode retroagir com o intuito de
prejudicar o infrator.
Em regra, sabe-se que a lei penal não pode retroagir. Entretanto, há exceção,
uma vez que a lei poderá retroagir somente em benefício ao réu. Desse modo, é
imperioso investigar a lei mais favorável ao indivíduo tido como infrator, a fim de que
este não seja prejudicado em decorrência da lei.
“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” (Art. 5°, XL,
CF/88).
“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.” (Art. 2°, Parágrafo único, CP/40).
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abolitio criminis cessa todos os efeitos penais, mesmo em fase de execução.
Consequentemente, os processos são imediatamente trancados e extintos e, se já
houve sentença condenatória, cessam imediatamente sua execução e todos seus
efeitos penais subsequentes;
II. Novatio legis incriminadora: conduta que anteriormente não era
tipificada como ilícito penal passa a ser criminosa pela lei nova, isto é, ela considera
crime um fato antes não incriminado. Vale destacar que esta é irretroativa e não
pode ser aplicada a fatos praticados antes de sua vigência (nullum crimen, nulla
poena sine previa lege = não há crime, nem pena, sem prévia lei);
III. Novatio legis in pejus: refere-se ao caso de que a lei posterior é
considerada mais severa do que a lei anterior (lex gravior – lei menos benigna), uma
vez que ela agrava a situação do infrator. Nesse viés, a lei antiga, por ser mais
benigna, pode retroagir, todavia, a lei nova, devido a sua severidade, não retroagirá;
IV. Novatio legis in mellius: refere-se ao caso de que a lei posterior é
mais benéfica e favorável ao ser em comparação a antiga (lex mitior = lei mais
benigna). Vale salientar que, mesmo com a sentença condenatória em execução,
prevalece a lex mitior que, de qualquer maneira, favoreça o sujeito.
Além disso, é imperioso ponderar que compete a autoridade judiciária aplicar
a lei penal mais benéfica ao réu.
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Em segunda análise, a lei intermediária representa aquela lei que não era
vigente à época do fato, tampouco vigorava no tempo da prolação da sentença,
porém, vigorou durante o processo criminal: ela surge no intervalo de tempo entre o
fato criminoso e o julgamento e prevalecerá, caso seja mais favorável, às demais
leis.
À exemplo prático, suponha que determinada conduta foi praticada na
vigência da Lei X – conduta acarreta pena de 1 a 4 anos – e no decorrer do
processo, sobre a mesma conduta, adveio a Lei Y, de forma benigna, estabelecendo
uma pena para a conduta de 6 meses a 2 anos. Todavia, no momento da sentença
condenatória, é editada uma Lei Z, sendo mais severa, sobre a mesma situação,
prevendo pena de 2 a 5 anos. Considerando que a Lei Y (intermediária) é a mais
favorável ao réu dentre as demais, ela deverá ser aplicada ao caso concreto. Desse
modo percebe-se a duplicidade dos efeitos da lei intermediária, uma vez que, em
relação a Lei X, ela é retroativa, já que ela retroage para atingir os fatos ocorridos na
vigência da Lei X, contudo, no que concerne à Lei Z, ela é ultra-ativa, já que, mesmo
revogada, a Lei Y continuará tendo efeito, justamente por ser mais benéfica ao réu.
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2.7 Princípio da continuidade normativa típica
Em outras palavras, aplica-se esse princípio quando uma lei é revogada, mas
a conduta nela tipificada como crime é mantida em outro dispositivo legal da nova
lei, ou seja, ocorre o deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. É
uma exceção à regra do abolitio criminis, uma vez que, nesse caso, a lei revogadora
extingue o crime previsto pela lei revogada, diferentemente do princípio da
continuidade normativa típica, no qual o fato típico previsto como crime se mantém,
só que em outro dispositivo penal.
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a) Especialidade: a lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de
incidir sobre aquela hipótese. É aparente pelo fato de possuir todos os elementos da
norma geral, contudo, possui particularidades a mais;
b) Subsidiariedade: há subsidiariedade entre duas leis penais quando se
trata de estágios ou graus diversos de agravo a um mesmo bem jurídico, de forma
que o agravo mais amplo e dotado de maior gravidade, descrita pela lei primária,
absorve a menos ampla e menos grave, contida na subsidiária, ficando a
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra;
c) Alternatividade: se aplica quando a lei penal prevê um crime tipificado
por várias condutas em seus vários núcleos, isto é, são crimes de ação múltipla e
conteúdo variado. Todavia, salienta-se que a prática de todas as condutas previstas
no dispositivo acarreta um só crime, logo, uma só pena.
d) Consunção: acontece quando um fato mais amplo e mais grave
absorve outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de
preparação ou execução ou como mero exaurimento. Em outras palavras, um delito
consome outro delito, o mais grave absorve a ocorrência do menos grave.
A revogação equivale à morte de uma lei, é quando esta perde sua vigência e
deixa de ser eficaz nas situações que anteriormente regulava, seja pelo decurso do
tempo (temporária) ou pelo desuso dela (excepcional). Nesse viés, a lei só se
mantém em vigor até ser revogada por outra lei, uma vez que sua supressão
extingue a obrigatoriedade da lei antiga. Ademais, é imperioso destacar que
somente a lei tem poder de revogar outra lei.
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publicação de uma nova lei que expressamente declare revogado determinados
critérios.
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a) aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do
resultado for mais benéfica;
b) a imputabilidade é apurada ao tempo da conduta;
2.10.2 Teoria do resultado
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continua a produzir efeitos mesmo após efetivação da ação inicial, isto é, a infração
não se concretiza somente em um único ato, de modo que o agente tem o domínio
sobre o momento consumativo do crime até que este seja interrompido.
2.11 Irretroatividade da lei processual e da norma penal em branco
“Em outros termos, toda lei penal, seja de natureza processual, seja de
natureza material, que, de alguma forma, amplie as garantias de
liberdade do indivíduo, reduza as proibições e, por extensão, as
consequências negativas do crime, seja ampliando o campo da licitude
penal, seja abolindo tipos penais, seja refletindo nas excludentes de
criminalidade ou mesmo nas dirimentes de culpabilidade, é
considerada lei mais benigna, digna de receber, quando for o caso, os
atributos da retroatividade e da própria ultra-atividade penal. Por outro
lado, toda lei penal (material ou processual) que, de alguma forma,
represente um gravame aos direitos de liberdade, que agrave as
consequências penais diretas do crime, criminalize condutas, restrinja
a liberdade, provisoriamente ou não, reduza os meios de defesa,
simplifique os procedimentos penais, ou limite a produção de provas,
caracteriza lei penal mais grave e, consequentemente, não pode
retroagir.” (BITENCOURT, 2023, 29ª ed., p. 547-549)
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liberdade, não terá vigência o princípio de regra tempus regit actum, aplicando-se,
nessas hipóteses, a legislação vigente na época do crime.
Em segunda análise, salienta-se que as leis penais em branco não são
revogadas quando seus complementos são revogados. Elas apenas se tornam
temporariamente inaplicáveis por falta de um elemento essencial para configurar a
tipicidade. No entanto, elas recuperam sua validade e eficácia como uma nova
norma integradora, que, sendo mais grave, não pode retroagir para alcançar um fato
ocorrido antes de sua existência. Ademais, faz-se a ressalva de que a norma
integradora não pode modificar ou ultrapassar os limites estabelecidos pelo preceito
da norma penal em branco, alterando o comando legal reservado a lei penal, que é a
incriminadora.
Em suma, alguns doutrinadores lecionam que as normas complementares,
por mais que sejam mais benéficas ao réu, não possuem efeito retroativo, ficando
este possível apenas para as leis, pois só estas podem modificar ou alterar, de
forma que são irrelevantes as modificações realizadas por complementos, já que
são inconstitucionais e fere o princípio da reserva legal.
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1. Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal brasileira aos fatos
puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do
agente, da vítima ou do bem jurídico lesado;
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4. Princípio da justiça penal universal ou justiça cosmopolita: as leis
penais devem ser aplicadas a todos os indivíduos, independentemente de onde se
encontram. Esse princípio é característico da cooperação penal internacional, pois
permite que, todos os Estados membros, punam os crimes que são objeto de
tratados e convenções internacionais. A lei nacional aplica-se a todos os fatos
puníveis, sem considerar o local do delito, a nacionalidade do agente ou do bem
jurídico lesado;
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ou em alto-mar – brasileiro ou estrangeiro, são considerados parte do território
nacional. Portanto, qualquer crime cometido dentro desses veículos, pouco
importando o local onde se encontram, deve ser julgado pela Justiça brasileira.
Analogamente, os crimes praticados em navios e aviões públicos estrangeiros, em
espaço aéreo e águas brasileiras, serão julgados de acordo com a lei da bandeira
que ostentam. Todavia, um marinheiro de um navio ou avião público que
desembarcar em um território internacional e neste cometer um crime, será
processado de acordo com a lei nacional do Estado em que se situa.
3.4 Lugar do crime
Tal como previsto pelo dispositivo, essa teoria defende que o local do crime é
aquele no qual o crime se consumou, isto é, onde se produziu os resultados, pouco
importando a ação ou intenção do agente infrator.
Além das expostas acima, existem doutrinadores que postulam a existência
de outras teorias, mesmo que não sejam válidas para o ordenamento jurídico
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brasileiro, sendo elas a teoria da atividade, teoria da intenção, teoria do efeito
intermédio, teoria da ação a distância e teoria limitada da ubiquidade.
3.5 Extraterritorialidade
I - os crimes:
II - os crimes:
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aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos em território internacional. Somente
há interesse do Estado em punir o agente de crime cometido em território
internacional se preenchidas as condições descritas no art. 7.º, § 2.º, a, b, c, d, e, e §
3.º, do Código Penal.
Esse dispositivo legal regula a aplicação do princípio nos bin in idem, o qual
prevê que jamais uma pessoa será punida pelo mesmo fato duas vezes, ele impede
de que haja uma dupla punição para um fato cometido no exterior e território
nacional. Nesse sentido, se um indivíduo praticou um crime no estrangeiro e neste
cumpriu pena, no Brasil, se estas forem idênticas, será feito a computação entre
essas duas penas, retirando do total o que já foi anteriormente cumprido no exterior
e o restante será cumprido no Brasil. Em caso de penas diversas, a pena será
atenuada na medida do possível.
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3.7 Extradição, deportação e expulsão
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3.8 Tribunal Penal Internacional
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b) é necessário o trânsito em julgado da sentença estrangeira, isto é, a
sentença e o processo devem ter terminado no país de origem, estando esta não
passiva de recurso.
Nesse sentido, a sentença penal estrangeira só pode ser homologada no
Brasil para consequência civis e aplicação de medida de segurança sendo quase
impossível a utilização desse dispositivo. Destaca-se que esse ato é competência do
Superior Tribunal de Justiça.
Em suma, esse artigo prevê a homologação da sentença estrangeira, com o
intuito de que ela não tenha aplicação somente no país no qual foi proferida,
garantindo a justiça universal e restringindo que o infrator fuja para outro país para
livrar-se do cumprimento da pena.
4 CONCLUSÃO
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no qual o crime foi praticado e consumado, é crucial para a determinação legal de
uma sentença, de forma que não ultrapasse a justiça e determinações previstas em
lei, uma vez que é possível apurar vestígios e indícios do crime, os quais permitem a
exatidão dos fatos e a conclusão da prolação da sentença.
Assim, ao considerarmos o tempo e o lugar do crime, não apenas
reconhecemos a complexidade do sistema jurídico, mas também reafirmamos o
compromisso com a equidade e a legalidade na aplicação das leis.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. Salvador: Jus
Podivm, 2013.
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2023. E-
book.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal - Parte Geral - V.1. 27. ed. São Paulo: Saraiva,
2023. E-book.
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excepcionais#:~:text=S%C3%A3o%20leis%20editadas%20para%20reger,das
%20situa%C3%A7%C3%B5es%20que%20as%20ensejaram. Acesso em: 25 abr.
2024.
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STEINER, Sylvia Helena. Tribunal Penal Internacional. Enciclopédia Jurídica
PUCSP, 2022. Disponível em:
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/515/edicao-1/tribunal-penal-
internacional-. Acesso em: 23 abr. 2024.
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