Tecnologia Dos Materiais Da Construção Civil

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Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Unidade 1
TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE MATERIAIS EM CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 1
Apresentação às diversas opções de materiais e técnicas construtivas

Apresentação às diversas opções de materiais e técnicas construtivas

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Parabéns! Você concluiu uma parte importante do seu processo de aprendizagem. Para finalizar,
convidamos você a assistir a esse vídeo, o qual resumirá o conteúdo desenvolvido nos três
blocos. Ele trata de uma breve abordagem do contexto histórico referente aos materiais de
construção, algumas das principais normas técnicas que regulamentam etapas do processo
construtivo, além de algumas opções de materiais de construção civil vistas na aula, que serão
descritas de forma mais aprofundada em aulas posteriores a esta. Bons estudos!

Ponto de Partida
Caro estudante, seja bem-vindo ao início da sua disciplina de Tecnologia dos Materiais de
Construção Civil! Nesta unidade, você aprenderá que o tipo de material a ser utilizado diz muito
sobre a qualidade do seu projeto e a durabilidade da construção. Ainda se lembra da história dos
três porquinhos? A lição dada por essa narrativa te guiará a aprofundar seus conhecimentos,
pois, se não escolher os materiais de forma adequada, estará sujeito a perder o projeto.

Por isso, esperamos que, com os conhecimentos que serão apresentados, você consiga
identificar os tipos de materiais e técnicas que pode utilizar como futuro profissional de nível
técnico. Nesta aula, especificamente, será tratado como foi a evolução das técnicas, dos
materiais e das normas ao longo da história.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

Boa aula!

Vamos Começar!

A construção civil acompanha o ser humano desde os primórdios dos tempos, pois a moradia é
um item básico e essencial à vida. Uma casa representa muito mais que paredes e telhados; para
muitos, ela é sinônimo de dignidade. A própria Constituição Federal Brasileira, em seu art. 6º,
considera a moradia como direito social de todos. Com isso, pensar em um projeto de
construção civil é pensar, sobretudo, no bem-estar de quem será beneficiado com a sua
construção, seja de forma direta ou indireta.

Todavia, é impossível desenvolver um projeto de construção civil de qualidade sem pensar


primeiro na técnica construtiva. A técnica nada mais é que o ofício relacionado à arte. Desta
forma, é possível entender que técnica construtiva é a arte de construir. Partindo desse princípio,
é necessário explorar os diferentes tipos de técnicas construtivas.

Estima-se que a construção mais antiga do mundo está localizada na Turquia, e trata-se de um
templo, construído há mais de 11 mil anos, que supera as pirâmides egípcias. O templo Göbekli
Tepe foi construído com pedras em um período considerado pré-histórico, em que não existiam
ferramentas ou qualquer tipo de matéria-prima que pudesse garantir o reforço da estrutura
(WALSH, 2018).

A pedra foi um material que originou técnicas construtivas antigas, pois era utilizada em diversos
tipos de construções. É da pedra que parte a denominação de um profissional fundamental na
construção civil: o pedreiro (profissional que trabalha “levantando” paredes em pedras, tijolos ou
outros materiais). Mas, com o passar do tempo, foram surgindo outros materiais e,
consequentemente, técnicas construtivas adequadas à utilização deles.

No Brasil, a alvenaria é uma técnica construtiva comum, sendo bastante utilizada na construção
civil. Isso se deve, principalmente, pelo fator “custo-benefício”, pois é mais econômica e de fácil
adaptação a qualquer região do país. Vale ressaltar que há dois tipos de alvenaria: a
convencional e a estrutural. Ambas usam blocos, tijolos ou lajotas como estruturas de vedação.
No caso do tipo estrutural, os blocos são preenchidos com concreto e fixados com aço.

No entanto, os tipos não acabaram aí. Com o tempo, as técnicas de construir ganharam novas
formas. As paredes de concreto, por exemplo, passaram a ser substituídas por madeira (wood
frame), sendo este um método comum em construções nos Estados Unidos. A técnica consiste
em utilizar placas estruturais que suportam a carga do telhado e do pavimento. Essa técnica
acelera o processo de construção e torna o projeto mais sustentável. Outra técnica que surgiu foi
das estruturas de aço (steel frame). Trata-se de um sistema construtivo industrializado,
resistente à corrosão, vedado com placas de madeira, que podem ser preenchidas com cimento
ou drywall.
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Adiante, será abordado o quanto explorar novas técnicas construtivas pode ser fundamental para
que a construção civil se torne cada vez mais sustentável, pois ajuda a evitar o desperdício de
materiais nas obras.

Siga em Frente...
As técnicas construtivas possuem diretrizes a serem seguidas pelo profissional responsável pela
elaboração do projeto construtivo (arquiteto ou engenheiro civil). Essas diretrizes técnicas são
conhecidas como Normas Brasileiras (NBRs). A indústria da construção dispõe de 2.270 normas
técnicas (CBIC, 2023), mas são poucos profissionais que conhecem de forma aprofundada todas
elas. Cada norma possui características particulares, mas é preciso compreender
adequadamente aquelas fundamentais aos processos que serão executados na obra, afinal, são
as recomendações disponíveis nessas normas que garantem a qualidade da construção e,
consequentemente, a segurança do projeto.

Cada NBR é elaborada por um conjunto de técnicos que compõem a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT). Essa associação é uma entidade, sem fins lucrativos, responsável por
estudar, elaborar e publicar normas técnicas que garantem a segurança, o bom desempenho e a
eficácia dos serviços ofertados por diferentes setores do mercado produtivo no Brasil. Com isso,
a elaboração de normas técnicas pode e deve contar com a participação dos cidadãos
interessados em propor a criação das normas que acharem pertinentes para seu trabalho.

A ABNT é uma representante brasileira de outro órgão importante na cadeia produtiva mundial, a
International Organization for Standardization (ISO), conhecida também como Organização
Internacional de Padronização. A ISO é uma entidade que congrega associações de
padronização e normalização de 162 países. Sabendo que são diversas as normas técnicas que
regulamentam a construção civil no Brasil, você deve estar se perguntando se, em seu projeto,
você terá que recorrer a todas elas. E a resposta é não, pois cada norma possui características
distintas.

Como já mencionado anteriormente, a função principal das normas é garantir a qualidade da


construção, assim como a segurança quanto à atividade profissional dos trabalhadores. Por isso,
existem, ainda, as chamadas Normas Regulamentadoras (NRs). Não vamos confundir NBR
(Norma Brasileira) e NR (Norma Regulamentadora), pois são normas distintas. Enquanto uma
visa padronizar um processo (como o construtivo), a outra está relacionada unicamente à
segurança do trabalho, tendo em vista o profissional que executará o processo construtivo, ao
invés do processo em si. São essas NRs que determinarão os tipos de Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) ou Proteção Coletiva (EPCs) adequados para cada atividade, visando
unicamente à saúde e à segurança dos trabalhadores, os quais também são tratados como
materiais da construção civil.

Para cada tipo de construção, existem NBRs específicas a serem utilizadas. Se o seu projeto
contempla apenas estrutura de concreto, seja simples, armado ou protendido, ele deverá atender
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às determinações da NBR 6118 (ABNT, 2014). No caso de projetos que usem blocos de concreto
simples para alvenaria estrutural (sistema construtivo bastante utilizado no Brasil), a NBR que
possui as diretrizes e recomendações a serem seguidas é a NBR 6136 (ABNT, 2016). Já as NBRs
8041 (ABNT, 1983a), 7170 (ABNT, 1983b) e 6460 (ABNT, 1983c) são normas que regulamentam
as construções que utilizam os tijolos maciços cerâmicos.

Existem inúmeras outras normas tão importantes quanto essas, mas falaremos delas ao longo
da disciplina. Apesar das características distintas, todas possuem um único objetivo: garantir a
segurança jurídica e o cumprimento das leis na execução de um projeto (no caso das NRs, pois
as NBRs não são consideradas leis, apesar de poderem ser utilizadas juridicamente). Com isso,
segui-las é otimizar tempo, recursos e tornar os processos construtivos mais ágeis.

Vamos Exercitar?
Caro estudante, suponha que você deverá desenvolver um projeto de construção de uma
residência unifamiliar, considerando os materiais como fatores que possam torná-la
ambientalmente sustentável e diminuir o impacto da indústria da construção civil, que, segundo
Agopyan (2013), consome entre 40% e 75% das matérias-primas do planeta, sendo uma das mais
poluentes.

A digitalização do canteiro de obras permite ter uma visão macro do projeto em desenvolvimento
e ajuda a evitar desperdício de tempo, matéria-prima e recurso humano. Mas, como digitalizar? O
primeiro passo é entender que a digitalização de um canteiro de obras é uma função coletiva,
não se limitando apenas ao trabalho do engenheiro. Por isso, sua aplicação precisa agregar a
todos os setores da cadeia da construção civil. Para isso, o uso de uma ferramenta torna-se
primordial: o Building Information Modeling (BIM). Com o BIM, toda a equipe consegue fazer
ajustes necessários em seus setores enquanto o projeto está sendo executado, uma vez que
existe um prazo de entrega que precisa ser rigorosamente respeitado.

Sabendo que digitalizar o canteiro de obras é uma técnica construtiva que ajudará a evitar
desperdícios e retrabalho, é preciso saber qual o tipo de material utilizar na sua construção.
Considere que, nesse desafio, você deverá projetar uma casa que não utilize alvenaria (apesar de
esta ser um método simples e barato) e que seja construída com perfis de estruturas metálicas
que atendam às diretrizes da NBR 14762 (ABNT, 2001). Além disso, para esse projeto, você deve
considerar fatores, como conhecer o terreno e saber se ele suportará o peso da estrutura de sua
construção, que constituem medidas preliminares básicas para qualquer construção.

Analisada a área, você deve realizar a compra dessas estruturas e, para isso, é preciso calcular o
volume da peça multiplicando “largura x comprimento x altura”. Depois, basta dividir o tamanho
da peça com base no valor da área onde a sua casa será construída para obter o número de
peças necessárias ao projeto. Você pode conversar com o arquiteto ou engenheiro civil
responsável pela obra, em caso de dúvida.
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Uma vez comprada a estrutura, esta deve ser montada, com o auxílio de um equipamento que
possa içar as peças. Após isso, você deve pensar na vedação das paredes. Para isso, considere o
uso do vidro; a norma que norteará o processo será a NBR 7199 (ABNT, 2016), a qual determina
os diferentes conceitos de vidros, como os temperados e os aramados, além das espessuras que
garantirão resistência, durabilidade e segurança ao projeto.

Projetada a estrutura e as paredes, agora deve-se pensar no telhado, tendo como base a NBR
16690 (ABNT, 2019). Alguns projetos possuem telhas com sistema fotovoltaico (modelos mais
econômicos de geração de energia solar), as quais são consideradas um sistema
ambientalmente sustentável.

Pronto! Seu projeto já possui o mínimo necessário para ser executado com a devida segurança e
qualidade que se exige. Não se esqueça de checar o estoque através do sistema digital de
informação do seu canteiro de obras. Com isso, você evita desperdício ou falta de material
durante a execução. Não foi difícil você se visualizar tomando todas essas decisões, não é
mesmo? Agora você está pronto para que essa situação ocorra na prática, pois saberá o que
pensar e como agir, caso isso aconteça. E nas próximas aulas você aperfeiçoará essas
escolhas.

Saiba mais
Esta aula, que abre o início da nossa disciplina, apresentou contextos sobre as técnicas
construtivas e os materiais que podemos utilizar nelas, mas sabemos que, para entender
profundamente o conteúdo, é preciso um longo e detalhado estudo. Pensando nisso, separamos
para você um conteúdo teórico que abordará a evolução das técnicas construtivas ao longo dos
anos. Clique no link a seguir e confira o trabalho técnico indicado.

A Evolução das Técnicas Construtivas

Referências
AGOPYAN, V. Construção Civil consome até 75% da matéria-prima do planeta. Rede Globo, 2013.
Disponível em: https://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/07/construcao-civil-
consome-ate-75-da-materia-prima-do-planeta.html. Acesso em: 19 nov. 2022.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8041. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria – Forma e dimensões. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983a. Disponível em:
https://pdfcoffee.com/nbr-8041-1983-tijolo-macio-ceramico-para-alvenaria-forma-e-dimensoes-
padronizaao-pdf-free.html. Acesso em: 21 abr. 2023.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7170. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983b. Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17451/material/NBR%207
170-tijolo%20maci%C3%A7o.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6460. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria – Verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983c. Disponível
em: https://pt.scribd.com/document/131070305/Nbr-6460-Tijolo-Macico-Ceramico-Para-
Alvenaria-Verificacao-Da-Resistencia-a-Compressao#. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13531. Elaboração de projetos de


edificações – Atividades técnicas. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1995. Disponível em:
https://docs.google.com/viewer?
a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxjb25jdXJzb2FycXVpdGV0b3xneDo2MmFmYTg1Y
TRjZDg0MjVj. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14762. Dimensionamento de estruturas


de aço constituídas por perfis formados a frio – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2001.
Disponível em: https://pt.slideshare.net/ejfelix/nbr-14762-dimensionamento-de-estruturas-de-ao-
perfis-formados-a-frio. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto


– Procedimentos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014. Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/valtencirgomes/disciplinas/construcao-de-edificios/abnt-6118-
projeto-de-estruturas-de-concreto-procedimento. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7199. Vidros na construção civil –


Projeto, execução e aplicações. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2016. Disponível em:
https://files.comunidades.net/doutorvidros/NBR_7199_.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136. Blocos vazados de concreto


simples para alvenaria – Requisitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2016. Disponível em:
https://pdfcoffee.com/nbr-6136-2016pdf-pdf-free.html. Acesso em: 21 abr. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16690. Instalações elétricas de arranjos


fotovoltaicos – Requisitos de projeto. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2019. Disponível em:
https://www.solarize.com.br/downloads/manual-energia-solar/NBR-16690-2019-consulta-
publica.pdf. Acesso em: 21 abr. 2023.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,


DF: Congresso Nacional, [2023]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 12 out. 2023.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Portal de Normas Técnicas da Indústria


da Construção – janeiro a dezembro de 2022. CBIC, 2023. Disponível em: https://cbic.org.br/wp-
content/uploads/2023/01/numeros-da-normalizacao-da-construcao-civil-de-2022.pdf. Acesso
em: 24 jan. 2023.

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA. Ofício do Pedreiro. CECI,


2007. Disponível em: http://www.ceci-br.org/ceci/br/pesquisa-ceci/estudos/oficios-
tradicionais/alvenarias.html. Acesso em: 14 nov. 2022.

GONZAGA, A. Conheça 7 métodos construtivos e as vantagens de cada um. Papo de Engenheiro,


2021. Disponível em: https://www.orcafascio.com/papodeengenheiro/metodos-construtivos/.
Acesso em: 13 nov. 2022.

INSTITUTO ILHABELA SUSTENTÁVEL. Norma técnica para cidades sustentáveis. IIS, 2017.
Disponível em: https://iis.org.br/gestao-publica/cidades-sustentaveis/. Acesso em: 14 fev. 2023.

LAART. Zaha Hadid: biografia da primeira mulher que ganhou o pritzher. LAART, 2020. Disponível
em: https://laart.art.br/blog/zaha-hadid/. Acesso em: 23 jan. 2023.

RIBEIRO, M. Sistemas construtivos: conheça os 5 principais e suas diferenças. Mais Controle,


2023. Disponível em: https://maiscontroleerp.com.br/sistemas-construtivos/. Acesso em: 14 nov.
2022.

SATO, L. A evolução das técnicas construtivas em São Paulo: residências unifamiliares de alto
padrão. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-11082011-
140108/publico/Dissertacao_Luana_Sato.pdf. Acesso em: 19 nov. 2022.

WALSH, N, P. Arquitetura mais antiga do mundo conta uma nova história do surgimento da
civilização. Archdaily, 2018. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/900962/arquitetura-
mais-antiga-do-mundo-conta-uma-nova-historia-do-surgimento-da-civilizacao. Acesso em: 14
nov. 2022.

Aula 2
Características dos materiais

Características dos materiais


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Caro aluno, você chegou ao fim de mais uma aula da disciplina de Tecnologia dos Materiais de
Construção Civil. Você conferirá um vídeo que traz um resumo de tudo que aprendeu nessa aula.
O conteúdo dele reforçará como se dá a escolha dos materiais, levando em consideração três
itens essenciais: tipologia, características e custo. Para este último, o planejamento financeiro é
primordial, pois garantirá que o projeto tenha começo, meio e fim.

Ponto de Partida
Você já percebeu como tudo em nossa volta muda rapidamente? Isso não é diferente com a
construção civil. Por onde andamos, seja em uma grande metrópole ou em um pequeno vilarejo,
haverá algum projeto construtivo. Alguns em execução, e outros que, por algum imprevisto,
pararam na metade.

O que podemos afirmar é que, a partir da 4ª Revolução Industrial, o uso da tecnologia vinculada à
internet passou a ser importante para diversos setores. Esse advento reformulou a construção,
influenciando seus processos.

Com isso, nesta aula, abordaremos os tipos de processos construtivos, bem como suas
características e o custo-benefício na hora de escolher qual o melhor material para o seu projeto.
Aproveite ao máximo o conteúdo! Esperamos que ele amplie seu conhecimento em relação à
arte de construir.

Boa aula!

Vamos Começar!

Na pré-história, o homem tinha a ideia de abrigo como um espaço para se proteger dos inimigos
(animais e homens). Com o tempo, os abrigos foram ganhando novos conceitos e, naturalmente,
começaram a surgir as primeiras cidades e construções grandiosas, como as do período do
antigo Egito. A construção civil foi evoluindo, criando marcos em cada época, como na Idade
Média, marcada pela influência da igreja e pelo surgimento das primeiras catedrais e castelos
(ALBUQUERQUE, 2007; GIASSI, 2022).
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Em constante expansão, a construção civil se adaptou às necessidades de cada época. Para


isso, o investimento de importantes setores, públicos e privados, foi e continua sendo
fundamental para a expansão da civilização e o melhoramento das cidades. O setor continua se
adaptando, uma vez que as gerações mudam, levando a novas necessidades. Mas, mais do que
construir por necessidade, o projeto de construção civil passou a requerer normas que vieram
não só para regulamentar o setor, mas para apresentar novas perspectivas em relação ao
processo de construção, surgindo o que chamamos de tipologias.

Segundo o Dicionário Online de Engenharia Civil e Construção Civil (2023), quando falamos em
tipologia, referimo-nos a características que diferenciam uma estrutura ou uma construção das
outras. Com isso, um edifício tem as suas próprias características que o diferenciam das outras
edificações, como os andares e o pé direito alto. Essas tipologias dizem muito sobre o processo
de construção, os tipos de material e a técnica mais viável que se pode usar na execução do
projeto, para se obter o melhor resultado considerando o custo-benefício.

Tsai et al. (2013) afirmaram que, para construir edificações sustentáveis, necessita-se, antes de
tudo, executar um bom levantamento preliminar e planejar cada detalhe. No fim, esse estudo
deverá apontar a tipologia construtiva mais viável a ser utilizada. Lembra-se da casa sustentável
que “projetamos” na aula passada? Podemos exemplificar que a tipologia daquela casa é a sua
estrutura metálica. Dessa forma, fica mais fácil entender que tipologia nada mais é que o estudo
dos tipos de construção.

Algumas das estruturas mais comuns na construção civil são as de madeira, metálicas e de
concreto armado (que usa o aço para garantir boa resistência à tração). Entretanto, só é possível
saber qual é a melhor para o seu projeto após um levantamento detalhado em relação às
características requeridas, que deve considerar, especialmente, o tipo de solo, a fundação, as
condições ambientais, além do tipo de construção e do planejamento financeiro, que é um fator
primordial para que o projeto não seja interrompido na metade.

Com isso, considerar o custo de um projeto é o que garantirá a você ter ou não orçamento
disponível para a construção. Mais adiante será abordada essa questão de custo e o quão
importante é o planejamento financeiro no projeto de construção civil. Todavia, neste bloco, você
observou que, para saber qual o tipo de material que mais se adequa ao seu projeto e,
consequentemente, às suas necessidades, é preciso entender as vantagens e desvantagens que
cada um possui dentro da tipologia a ser usada. Só assim será possível definir qual o tipo de
estrutura que sua edificação terá. No próximo bloco, você compreenderá como essa escolha é
realizada.

Siga em Frente...

Já que você aprendeu que a construção civil e seus processos construtivos evoluíram junto ao
homem desde a pré-história, agora é hora de aprofundar um pouco mais a aprendizagem nas
características construtivas. Para isso, é importante considerar que “não existe qualquer
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possibilidade de invenção da tipologia se admitirmos que ela se confronta através de um longo


processo no tempo e possui uma complexa ligação com a cidade e a sociedade” (ROSSI, 1966, p.
13).

Com isso, já que a tipologia está relacionada aos diversos tipos de construção, podemos
interpretar que esse método está relacionado às configurações que as construções civis deram à
formação das cidades. Partindo deste pressuposto, entendemos a importância de estudar e
interpretar as características construtivas, para que os projetos passem a ter harmonia visual.
Uma construção nunca será igual à outra, mas elas precisam se comunicar.

Rossi (1966) afirma também que não é possível compreender a arquitetura sem considerar a
geografia e a estrutura dos fatos urbanos. Com isso, quando se analisa uma área, define-se o tipo
de construção que melhor se encaixa na geografia do espaço e, consequentemente, os materiais
que se adequam à realidade local da obra e de quem constrói. Mas, antes de sair por aí
comprando todos os materiais de uma só vez, é preciso criar um cronograma para o fluxo ou
planejamento de materiais. O cronograma é uma estratégia que ajudará a prever todas as etapas
da construção. Se for seguido à risca, evita que o projeto fique comprometido em decorrência de
um gasto excessivo, por exemplo.

O material a ser usado na construção, muitas vezes, se torna o item mais caro da obra. Por isso,
ter critério na escolha é fundamental para se conseguir uma economia. Você não precisará
comprar no primeiro depósito que entrar. Por isso, pesquisar é essencial, pois o preço do mesmo
material pode variar muito de uma loja para outra. Às vezes, optar por comprar os materiais no
mesmo local pode facilitar descontos, porém cada obra deve ser analisada de forma individual,
para saber a alternativa mais viável.

A obsessão por economia não pode comprometer a qualidade do projeto. Não adianta ter o
melhor projeto construtivo, mas, na hora de executá-lo, não considerar os materiais. Analisar
adequadamente as características destes é fundamental para alcançar o resultado esperado. Se
o projeto for uma construção em alvenaria, é preciso saber qual o melhor tipo de bloco a utilizar,
assim como analisar a NBR 15270-1 (ABNT, 2017), que especifica os requisitos e as propriedades
dos blocos e tijolos de cerâmica.

Na hora da compra da areia e do cimento, é preciso estar atento ao tempo de uso destes
materiais, afinal eles podem apresentar comprometimento em sua qualidade. Areia de boa
qualidade para construção é de granulação média e lavada. O cimento não pode estar em início
de hidratação ou cura (apresentando características de empedramento).

Dessa forma, estudante, haja vista a importância do desenvolvimento de projetos sustentáveis,


você pode perceber que essa preocupação precisa existir também na escolha dos materiais.
Com isso, vale a pena avaliar materiais ecologicamente sustentáveis, pois alguns são, inclusive,
mais baratos que os tradicionais, e ainda deixam uma quantidade mínima de resíduos no
canteiro (o que é um ótimo aspecto a ser considerado em relação à sustentabilidade na
construção).
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Vamos Exercitar?

Até aqui, você aprendeu o quanto a escolha dos materiais é fundamental para garantir a
eficiência do projeto, baseando-se no cumprimento do cronograma. Com isso, chegou a hora de
utilizar os conhecimentos que você adquiriu para refletir sobre uma situação que pode encontrar
no mercado de trabalho. Esta aula focou na escolha dos materiais por três aspectos essenciais:
tipologia, características e custo. Com base nestes itens, admitiremos que você fará uma
escolha e, consequentemente, a compra dos materiais para a execução de um projeto
construtivo, cuja tipologia será uma construção em alvenaria estrutural.

Definida a tipologia da construção (a qual deve vir especificada em projeto), é importante criar
um cronograma, pois não é possível esquecer do quão fundamental este item é para não se ter
contratempos. Em seguida, é hora de partir para a compra dos materiais. O primeiro item que
você pode pensar é sobre os blocos. Na escolha dos blocos para a construção das paredes, é
preciso levar em consideração que eles suportarão todo o peso da estrutura do imóvel. No caso
da construção em alvenaria estrutural (processo construtivo deste projeto), a estrutura será
coberta por telhados, cujo peso será transferido para a fundação através da estrutura.

Para saber a quantidade de blocos que você precisará, é preciso calcular a área da alvenaria da
construção em m². Não se esqueça de descontar as áreas dos vãos das esquadrias e dividir pela
área do bloco escolhido em m². Na escolha do tipo de bloco, é preciso levar em consideração a
espessura da argamassa, que, normalmente, tem 1 cm de espessura.

Iniciada a “elevação” das paredes, não deixe de se preocupar com itens fundamentais para
garantir a resistência da estrutura. Estes itens são as vergas, as contravergas e o grauteamento.
Na compra dos blocos canaletas, que serão utilizados nas vergas e contravergas, será preciso
somar as larguras de todas as vergas e contravergas e dividir o total pelo comprimento de cada
bloco canaleta, que tem, em média, entre 14 cm e 29 cm. Para tanto, é importante também que
você consulte a NBR 6136 (ABNT, 2016).

Outro item fundamental que completa as vergas e contravergas são os vergalhões de aço. Para
saber quanto comprar, é preciso calcular o comprimento (metragem) dos vergalhões (barras de
aço) que serão utilizados e dividir por 12, que é a medida padrão.

Além disso, é fundamental preocupar-se com dois outros itens essenciais: a argamassa e o
concreto. Embora semelhantes, cada um tem a sua função dentro da construção civil. A
argamassa é utilizada no assentamento dos blocos e no acabamento das paredes. Para chegar
ao volume preciso, basta calcular o volume da alvenaria (descontados os vãos) e subtrair o
volume total dos blocos escolhidos (largura x comprimento x altura).

Para saber o volume de concreto a ser utilizado no assentamento dos blocos, ou seja, no
levantamento das paredes, assim como no preenchimento dos blocos estruturais vazados, é
preciso calcular o número de grautes (grauteamento) que serão realizados no projeto. O número
de grautes deverá ser multiplicado pelo tamanho do pé direito. Feito isso, basta multiplicar o
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CONSTRUÇÃO CIVIL

rendimento necessário para preencher um metro (medida linear) de blocos estruturais. No caso
do bloco de concreto, esse rendimento é de, aproximadamente, 0,0134 m³ de concreto/metro
linear de bloco.

Saiba mais

Ao longo desta aula, você aprendeu sobre as tipologias (os vários tipos de processos
construtivos) e as características dos materiais utilizados nestes processos. Aproveite agora
para entender sobre o processo construtivo mais comum atualmente e os materiais utilizados
nele. Estamos nos referindo à alvenaria estrutural. Clique no link a seguir e veja o trabalho técnico
indicado.

Alvenaria estrutural

Além disso, consulte alguns materiais referentes às normas citadas no texto:

NBR 15270-1

NBR 6136

Referências
ALBUQUERQUE, B. P. As relações entre o homem e a natureza e a crise socioambiental. Rio de
Janeiro, RJ: Fiocruz, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136. Blocos vazados de concreto


simples para alvenaria – Requisitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-1. Componentes cerâmicos parte


1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia a requisitos. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2017.

DICIONÁRIO ONLINE DE ENGENHARIA CIVIL E CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em:


https://www.engenhariacivil.com/dicionario/. Acesso em: 15 nov. 2022.

GIASSI. Como surgiu a Construção Civil. GIASSI, 2022. Disponível em:


https://giassiferroeaco.com.br/como-surgiu-construcao-civil/. Acesso em: 15 nov. 2022.
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IPOG. Guia definitivo: tipos de estruturas na construção civil. IPOG, 2022. Disponível em:
https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/tipos-de-estruturas-na-construcao-civil/.
Acesso em: 15 nov. 2022.

PASTRO, R. Z. Alvenaria estrutural: sistema construtivo. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso


(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade São Francisco, Itatiba, 2007.

NEVES, K. F.; AMARAL, C. L.; BARBOSA, P. E. F. G. Estudo comparativo entre tipologias


construtivas de Estrutura Metálica X Estrutura em PVC de Concreto. Revista PETRA, v. 2, n. 2, p.
269-288, 2016. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-
izabela/index.php/ptr/article/view/1129. Acesso em: 14 nov. 2022.

ROSSI, A. L'architettura della città. Cronologia do Urbanismo, 1966. Disponível em:


http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1242. Acesso em: 14
nov. 2022.

TSAI, A. L. T. et al. A inovação e a importância das construções sustentáveis. São Paulo, SP: PUC,
2013. Disponível em: 2013_volume1.pdf (pucsp.br). Acesso em: 14 nov. 2022.

Aula 3
Propriedades dos materiais

Propriedades dos materiais

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Você chegou ao fim de mais uma aula. Embora o tema seja diverso, é possível compreender que
é possível desenvolver projetos enriquecedores, os quais se preocupam-se com um item
fundamental: o meio ambiente. E isso só é obtido quando se passa a reconhecer as propriedades
e características dos materiais. Ao final desta aula, tem um vídeo que traz um resumo do
conteúdo aqui apresentado. Bom aprendizado!
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Ponto de Partida
Caro aluno, nesta unidade, apresentamos aspectos importantes da escolha dos materiais na
construção civil. No entanto, é preciso frisar a importância da resistência, da durabilidade e da
qualidade dos materiais adquiridos para uma construção. Afinal, a qualidade do material de
construção é o que fará a diferença na edificação, evitando danos estruturais e constantes
manutenções.

Para isso, esta aula buscará reforçar a escolha dos materiais, considerando suas características,
suas propriedades e sua oferta. Todavia, é essencial destacar que essa oferta não se refere ao
preço, mas à seleção de materiais por oferta sustentável, de modo a mostrar o compromisso que
os projetos construtivos precisam ter com o meio ambiente e a responsabilidade social.
Aproveite mais este conteúdo para aprofundar os seus conhecimentos. Boa aula!

Vamos Começar!
É notório o quanto a construção civil evoluiu, mas essa evolução só se tornou possível por meio
da transformação dos materiais, pois, sem que os materiais acompanhassem esse crescimento,
não seria possível avançar nas técnicas e na maneira de construir. Na história, a argila foi um dos
primeiros materiais manipulados pelo homem. Primeiramente, era utilizada para a fabricação de
utensílios domésticos e, após ganhar mais resistência, com o decorrer do tempo, passou a ser
utilizada em várias outras finalidades. No caso da construção civil, foi através da argila que se
conseguiu criar a cerâmica. Além disso, ela contribuiu para originar técnicas, como a taipa de
mão e de pilão.

Outro material bastante antigo é o metal. O homem passou a ter domínio sobre esse produto,
principalmente, em decorrência de um elemento fundamental: o fogo. O uso do metal foi
ganhando espaço nas cadeias produtivas com o início dos processos metalúrgicos e a criação
do forno, que permitiu que este material passasse a ser produzido em grande escala.

Conforme Bauer (2019a), os materiais de construção civil possuem diversas classificações,


sendo que “uma das mais importantes para o engenheiro é a que divide os materiais sólidos em
metais, polímeros e cerâmicos, com base na composição química e na estrutura atômica”.
[ECS1] O autor ressalta que os metais possuem, normalmente, alta condutibilidade térmica e
elétrica, mas sofrem corrosão sob a ação de elementos atmosféricos, sendo que a maior parte
dos que são usados na construção civil constituem ligas, as quais combinam dois ou mais
metais entre si ou com outros elementos, sendo exemplo disso as de cobre, zinco, alumínio e
aço.

Você percebe a importância de compreender como as características da estrutura macro estão


associadas à estrutura microscópica, fornecendo ao material aspectos estruturais
indispensáveis à sua aplicação? É nesse contingente que as tecnologias vêm ganhando cada vez
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mais espaço na vida humana, seja no âmbito social, profissional ou pessoal. No entanto, não nos
aprofundaremos sobre isso nessa unidade.

Quanto aos cerâmicos, são materiais que não sofrem corrosão, diferentemente dos metais, além
de serem mais duros, porém frágeis, com boa resistência à compressão, mas baixa resistência à
tração; são, ainda, isolantes térmicos e condutores elétricos, porém só em certas condições de
umidade e sob altas temperaturas. Exemplos desses materiais são: vidro, rochas, concreto,
cerâmica, porcelana, refratários etc. (BAUER, 2019a).

E os polímeros são materiais não metálicos constituídos de grandes moléculas, podendo ser
naturais ou artificiais (BAUER, 2019a). Além do aspecto sustentável, os polímeros ajudam a
diminuir os custos do projeto, pois podem ser utilizados em diversas etapas e aumentam a
qualidade final da obra. Em relação ao polímero natural, tem-se como exemplo a lã, o algodão e a
borracha.

Já entre os polímeros sintéticos, o epoxídico é bastante utilizado na construção civil. Trata-se de


uma espécie de argamassa feita com resina com quartzo, indicada para locais com alta
resistência. Esse material passa um aspecto de porcelanato liso, sem juntas, muito comum nos
pisos de aeroportos, hospitais e indústrias.

Outros exemplos de polímeros sintéticos a serem citados são o polietileno, o polipropileno e o


PVC. “Os polímeros podem ser usados para instalações prediais de água, esgoto sanitário e
captação e condução de águas pluviais”, e um exemplo disso remete às tubulações em PVC de
edificações, sejam elas residenciais, comerciais ou até industriais (HIPOLITO; HIPOLITO; LOPES,
2013).

Siga em Frente...
É importante que o profissional técnico, caso fique responsável pela seleção dos materiais,
conheça as particularidades de cada um. Afinal, o material a ser usado em obra vai muito além
de areia, pedra, blocos e afins. Toda ferramenta utilizada em uma construção civil, da colher do
pedreiro ao prego, é classificada como material de construção e precisa ter uma escolha
criteriosa, pois a qualidade final também depende destes itens.

Além disso, é interessante que você saiba que os materiais podem ser combinados. Esses
materiais são chamados compostos ou compósitos, e são fabricados para juntar características
desejáveis de dois ou mais materiais, podendo possuir matrizes e reforços poliméricos,
metálicos ou cerâmicos. Um exemplo desses materiais são a madeira (compósito natural, cuja
matriz e reforço são poliméricos) e o concreto (cuja matriz e reforço são cerâmicos) (BAUER,
2019a).

O concreto e a argamassa constituem um misturado de agregados e aglomerantes, em contato


com a matéria-prima (água), formando uma mistura homogênea, responsável por dar resistência
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e acabamento à edificação. No caso do concreto, utiliza-se agregado tanto graúdo (brita) quanto
miúdo (areia); já no caso da argamassa, somente miúdo.

No caso da madeira, este é um material que se destaca pela resistência mecânica superior ao
concreto convencional, bem como a choques e esforços dinâmicos, além de ser bom para
isolamento térmico e acústico, ser renovável e possuir variados padrões estéticos e baixo custo
de manutenção (desde que bem preservado) (BAUER, 2019b). Além disso, este material tem
como diferencial o fato de ser usado em todas as etapas da construção, ora como estrutura
definitiva (no caso de vigas, caibros e pilares), ora como estrutura temporária (para escoramento,
formas e andaimes, por exemplo), podendo, ainda, assumir função de elemento decorativo.

A madeira usada na construção civil deve ser de procedência legalizada e possuir um fornecedor
que atue com idoneidade, respeitando a certificação de construções sustentáveis LEED
(Leadership in Energy & Environmental Design – Liderança em Energia e Projeto Ambiental). Esta
certificação importante para o setor construtivo está sob responsabilidade do Green Building
Council Brasil (Conselho da Construção Verde do Brasil – GBC).

Percebeu que falamos bastante sobre a estrutura? Todavia, é importante ressaltar também as
formas de vedação. Concreto, tijolos e madeira são formas de vedação, mas, além destes, há um
outro elemento que passou a ter espaço essencial na construção civil: o vidro. O vidro não é
apenas um componente de vitrôs e janelas. Após ganhar resistência e durabilidade, através do
surgimento dos vidros temperados, por exemplo, ele passou a ter característica de material que,
além de possuir função de vedação e luminosidade, é também decorativo.

O vidro foi um dos materiais que muito avançou em suas possibilidades de aplicação e, hoje,
grandes construções o utilizam como elemento principal em seus projetos. Todavia, vale
destacar que ele não pode ser o único responsável por suportar a estrutura da edificação, por
isso, antes de aplicá-lo no projeto, é necessário levar em consideração o esforço ao qual será
submetido.

Vamos Exercitar?
Lembra-se do início desta aula, quando falamos sobre a escolha dos materiais e das técnicas
construtivas por oferta? O que define essa oferta é o quão sustentável e ecologicamente correto
é o material que você utilizará em seu projeto construtivo. No primeiro bloco (de conceito e
definição), relatamos que os polímeros ganharam espaço no mercado, permitindo, assim, um
menor uso e exploração da matéria-prima na fabricação de novos materiais para a construção
civil.

Imagine que você está encarregado de selecionar e comprar materiais sustentáveis que serão
utilizados em um projeto cujo objetivo é ser 100% ecológico. Será que terá material reciclável
para cumprir toda a etapa da obra? É possível que sim, mas nem sempre apenas o uso de
materiais recicláveis é a resposta para um projeto ecologicamente correto.
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Nesta etapa de escolha dos materiais, é essencial se preocupar em adquirir produtos de


fabricantes que tenham um compromisso ambiental e que possuam certificações que
comprovem suas produções utilizando recursos que agridem menos o meio ambiente.
Atualmente, empresas comprometidas com o meio ambiente possuem certificação ISO 14001. É
esse tipo de empresa que você deve buscar.

Para a edificação, uma alternativa é usar tijolos ecológicos, cuja produção traz a mistura de
recursos naturais e materiais recicláveis e cujo processo de cura é menos danoso ao meio
ambiente. Vale destacar que uma construção com tijolos ecológicos possibilita uma diminuição
com os custos de infraestrutura, afinal, esses tijolos distribuem melhor o peso da obra, o que
impacta diretamente a fundação. Além disso, um projeto com tijolos ecológicos pode custar até
40% menos que uma construção de alvenaria comum (ECO MÁQUINAS, 2022).

No levantamento da edificação, procure deixar os espaços de portas e janelas grandes, afinal,


durante o dia, as janelas grandes permitirão maior entrada e aproveitamento da luz natural e,
consequentemente, mais economia de energia elétrica. Além disso, vale reforçar a importância
das placas solares. Este tipo de recurso passou também por adaptações, e os grandes painéis
solares que eram instalados em cima dos telhados convencionais foram substituídos por
pequenas placas, que direcionam a energia solar captada para as atividades da edificação e
tornaram esse conceito mais acessível a todas as classes sociais.

Além disso, é interessante que possua, no projeto, um sistema de captação de água da chuva, o
que não requer nenhuma tecnologia, a não ser o direcionamento das calhas para uma cisterna,
onde essa água ficará armazenada, para ser utilizada na limpeza do quintal e em cuidados com o
jardim.

Nos materiais de acabamento, você deve utilizar portas e janelas de madeira reciclável e, no
banheiro, optar por caixa acoplada, que controla a saída de água da descarga, evitando
desperdícios. Também, deve utilizar concreto com cimento Portland do tipo CPIII, pois apresenta
maior impermeabilidade e resistência que os outros cimentos convencionais.

Pronto! Nosso desafio foi cumprido. O que resta agora são pequenos detalhes de acabamento
que devem seguir a mesma lógica de sustentabilidade. Mas, perceba que foi possível reduzir a
quantidade de resíduos que seriam gerados em uma construção convencional, trazendo um
conceito de que é possível ofertar técnicas construtivas que visem à sustentabilidade.

Saiba mais
Estudante, a Unidade 1 vai chegando cada vez mais próxima do fim, mas ainda assim não
conseguimos abordar metade do conteúdo abrangente sobre os materiais, suas técnicas
construtivas e as diversas formas e normas que possam nos auxiliar na escolha de materiais
ecologicamente sustentáveis.
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Pensando nisso, aproveite a oportunidade para verificar sobre a certificação de construções


sustentáveis: LEED (Leadership in Energy & Environmental Design – Liderança em Energia e
Projeto Ambiental). Essa certificação está sob responsabilidade do Green Building Council Brasil
(Conselho da Construção Verde do Brasil – GBC). A página nacional do GBC traz vários guias.
Segue um modelo deles: Guia-Pratico-Casa.pdf

Referências
BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019a.

BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção. v. 2. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019b.

BARROS, C. APO - Introdução aos materiais de construção e normalização. 2010. Disponível em:
https://edificaacoes.files.wordpress.com/2010/04/apo-rev-evolucao-dos-materiais.pdf. Acesso
em: 26 nov. 2022.

BERGAMO, A. P. R. H.; MOTTER, C. B. A origem do vidro e seu uso na arquitetura. In: ENCONTRO
CIENTÍFICO CULTURAL INTERINSTITUCIONAL, 12., 2014, Cascavel. Anais [...]. Cascavel, PR:
FAG/Dom Bosco, 2014. Disponível em:
https://www.fag.edu.br/upload/ecci/anais/55952eb6a5b8d.pdf. Acesso em: 4 mar. 2023.

CASA DO SERRALHEIRO. Vergalhão: conheça as curiosidades desse material. Casa do


Serralheiro, 2022. Disponível em: https://casaserralheiro.com.br/vergalhao-conheca-as-
curiosidades-desse-material/. Acesso em: 26 nov. 2022.

DICIONÁRIO ONLINE DE ENGENHARIA CIVIL E CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em:


https://www.engenhariacivil.com/dicionario/. Acesso em: 15 nov. 2022.

ECO MÁQUINAS. Benefícios de uma construção com tijolos ecológicos. Eco Máquinas, 2022.
Disponível em: https://www.ecomaquinas.com.br/beneficios-de-uma-construcao-com-tijolos-
ecologicos/. Acesso em: 24 nov. 2022.

EJEM MACKENZIE. Concreto Reciclado: conheça as principais características. EJEM Mackenzie,


2022. Disponível em: https://www.ejemackenzie.com.br/caracteristicas-do-concreto-reciclado/#.
Acesso em: 24 nov. 2022.

GBC BRASIL. Guia Prático Casa: por que e como certificar seu projeto. GBC Brasil, 2019.
Disponível em: https://www.gbcbrasil.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Guia-Pratico-
Casa.pdf. Acesso em: 24 nov. 2022.

HIPOLITO, I. S.; HIPOLITO, R. S.; LOPES, G. A. Polímeros na construção. In: SIMPÓSIO DE


EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 10., 2013, Resende. Anais [...]. Resende, RJ: SEGeT,
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2013. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/5518429.pdf. Acesso em: 4


mar. 2023.

PASTRO, R. Z. Alvenaria estrutural: sistema construtivo. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso


(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade São Francisco, Itatiba, 2007.

SOUZA, J. S. Materiais de Construção. Brasília, DF: NT, 2015. Disponível em:


https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/arquivos/texto/3084b677022e0b34b23863ebcf1263
83.pdf. Acesso em: 25 nov. 2022.

Aula 4
Aplicabilidade dos materiais

Aplicabilidade dos materiais

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Caro aluno, parabéns por acompanhar mais uma aula. Preparamos para você um vídeo que
sanará as eventuais dúvidas que ainda podem surgir sobre a aplicabilidade dos materiais e a
definição de suas escolhas. Nossa aula reforçou critérios importantes, os quais devem ser
considerados na escolha dos melhores materiais para o projeto construtivo. Quando um técnico
da área da construção civil busca conhecimento sobre materiais, ele mostra que procura se
aperfeiçoar profissionalmente. Portanto, valorize esse estudo!

Ponto de Partida
Uma questão abordada nas aulas até aqui, ora de maneira explícita, ora de maneira implícita, foi
o compromisso com o meio ambiente no projeto construtivo, pois a construção civil é um setor
que responde pelo consumo excessivo de matérias-primas e pela geração de resíduos que vão
para o lixo em descartes, muitas vezes, irregulares.
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Chegamos em nossa quarta e última aula da Unidade 1, e agora enfatizaremos a etapa de


aplicabilidade dos materiais na construção civil, a qual é importante para o projeto construtivo, já
que uma má aplicabilidade acarreta desperdício e, consequentemente, consumo exagerado.

Nesta aula, você aprenderá algumas considerações que passaram a ser adotadas para
aperfeiçoar os materiais às necessidades humanas e revolucionar o processo de construir.
Aproveite mais este ensinamento e boa aula!

Vamos Começar!
Ao longo da história, o homem adaptou as ferramentas às suas necessidades, e elas para ele
seus instrumentos de trabalho, sendo utilizadas, por muito tempo, para dividir o período da Pré-
história. Lembra do período Paleolítico, cujas principais ferramentas eram derivadas da pedra
lascada? Como exemplo de material, tinha-se o machado de pedra, uma das poucas ferramentas
que acompanhavam a população da época.

Mas, por que falar de ferramenta? Porque você aprendeu que as ferramentas, desde o prego até a
pá de pedreiro, devem ser consideradas como materiais de construção. E é importante que o
profissional da engenharia as reconheça, saiba usá-las e se adeque a elas e às suas
transformações. Tamanha é a importância do setor de compra e classificação de materiais, que
há profissionais da engenharia que se dedicam e se especializam neste assunto.

Todavia, aplicar estes materiais na execução do projeto requer a avaliação de itens importantes,
que garantem sua qualidade, ao mesmo tempo em que há o respeito ao meio ambiente, através
de selos de qualidade e das especificações fornecidas pelos fornecedores.

No entanto, é preciso voltarmos um pouco mais na história, a fim de entendermos como se


deram as etapas que permitiram com que a construção civil, suas técnicas e seus materiais
utilizados na construção pudessem também acompanhar essa evolução. Imagine que o homem
utilizava o material como o encontrava na natureza e o adaptava à sua necessidade. O processo
era artesanal e demorado, pois poderia levar horas ou dias para se conseguir alcançar o que
precisava. Começaram aí as primeiras transformações e adaptações dos materiais naturais.
Hoje, essas transformações ocorrem por meio de processos industriais e químicos, mas é
notório que, desde aquela época, já existia um conhecimento atrelado a uma ciência ainda
desconhecida, sobre o qual é possível afirmar que:

A lógica do pensamento humano sobre o mundo que o cercava criou a ciência dedutiva e
filosófica. Com aplicação destes conhecimentos ao seu entorno, na utilização dos materiais
naturais e com acúmulo dessas informações nasceu a tecnologia que se aperfeiçoa
continuamente até hoje na criação de ferramentas, processos e materiais, sempre fundamentada
nos princípios científicos. (QUEIROZ, 2019, p. 16)
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A pedra e o barro estão entre os primeiros materiais manuseados pelo homem, o qual, com o
tempo, foi se adaptando e buscando encontrar formas para que eles ganhassem mais
resistência, durabilidade e pudessem apresentar melhor desempenho em relação às suas
necessidades. Assim, os materiais foram sendo aperfeiçoados e evoluindo ao longo das
diferentes épocas, acompanhando a história do homem, que identificou que precisava dominar
técnicas construtivas não somente para construir abrigo e se proteger mas também como forma
de ter domínio.

Essas adaptações seguem acontecendo, apesar de toda a evolução que abraçou a engenharia e
as suas etapas. Afinal, a engenharia é uma ciência composta por outras áreas da ciência
humana, como as ciências exatas, biológicas e tecnológicas, que acompanham o saber humano,
o qual está em constante evolução.

Siga em Frente...
Na escolha do material, é preciso avaliar fatores, como composição das estruturas, que
determina os itens que compõem a produção da peça ou do produto que será usado, a maneira
que os constituintes se organizam dentro deste material e o processamento ao qual o material é
submetido para ser produzido. É importante enfatizar que cada material possui um
processamento diferente do outro.

Quando falamos de composições, estamos nos referindo a processos químicos aos quais o
material é submetido, e todo material passa por isso, em maior ou menor grau. Você deve estar
se perguntando: o que isso tem a ver com aplicabilidade? E o que interfere nela? Tudo, afinal, a
composição diz muito sobre a qualidade e o desempenho do produto.

Entre as principais estruturas de um processo construtivo, temos o aço, conhecido popularmente


como ferro de construção. Na construção civil, utilizam-se muito os vergalhões de ferro, que são
barras de aço que podem ser lisas ou nervuradas e de diferentes espessuras. No caso do aço,
sua composição é uma liga de ferro-carbono que possui de 0,008% a 2% de carbono (LOPES,
2017); a madeira possui celulose, hemiceluloses e lignina (BARCELLOS, 2020); o concreto, em
sua composição, traz cimento Portland, água e agregados (miúdo e graúdo). Quanto à
composição do cimento, tem-se que:

Os constituintes fundamentais do cimento Portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2), a alumina
(Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena
porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a calcinação para retardar o
tempo de pega do produto. Ainda como constituintes menores, possui impurezas, como óxido de
sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O), óxido de titânio (TiO2) e outras substâncias de menor
importância. Os óxidos de potássio e sódio constituem os denominados álcalis do cimento.
(BAUER, 2019a, p. 75)
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Conhecer composições e propriedades evita erros que possam comprometer a estrutura, uma
vez que, muitas vezes, associa diferentes materiais. No caso do uso do aço com o concreto,
forma-se a estrutura de concreto armado, que associa a resistência à compressão do concreto e
a resistência à tração do aço. Essa união possibilita a obtenção de um material resistente aos
esforços de tração e compressão a que ele será submetido. Com o uso do aço, é possível reduzir
a dimensão das estruturas de concreto, proporcionando melhor aproveitamento do espaço. Além
disso, diminui o consumo de cimento e demais insumos utilizados no preparo da massa.

Além disso, permite avaliar de forma objetiva a necessidade de aditivos (em especial, para
concretos e argamassas). Os aditivos são substâncias que proporcionarão melhorias ao
concreto em relação a alguma propriedade ou característica, variando seus tipos de acordo com
o que confere ao material. Com isso, cada tipo de aditivo possui um determinado efeito (por
exemplo, acelerar o processo de pega) e, consequentemente, a análise da quantidade adequada
a ser adicionada é essencial.

Dessa forma, estudante, você percebeu que só conhecer os materiais existentes não gera o
sucesso da construção. Na escolha deles, é importante se preocupar com as propriedades de
cada item. Neste sentido, existe uma lista de propriedades a serem analisadas, as quais você
conhecerá no Saiba Mais ao final desta aula.

Vamos Exercitar?
A engenharia e seu avanço estão diretamente ligados à utilização de materiais. Para se ter
projetos de engenharia viáveis, deve-se analisar o comportamento dos materiais, de forma a
selecionar a melhor opção para determinada aplicação. Diante disso, você observou que a
composição, a estrutura e o processamento são análises básicas que fazem diferença na
escolha dos materiais construtivos, o que resulta em qualidade e economia.

Com isso, é fundamental escolher materiais que apresentarão alto desempenho. Para isso ser
possível, além das propriedades e características, é necessário analisar a oferta desses
materiais. Existem dois principais aspectos a ressaltar quanto à oferta: o primeiro é em relação à
localidade (ou seja, disponibilidade de determinados recursos em uma região), e o segundo é a
oferta referente à sustentabilidade (se o material que é oferecido ou fornecido possui requisitos
que o qualificam como ecológico ou sustentável).

Para entender um pouco mais, reflita mediante um desafio: suponha que você precisa escolher o
melhor tipo de material para acabamento de uma sala que foi construída para abrigar uma
sauna. O primeiro critério a ser analisado é o técnico. As paredes e o teto deverão ter resistência
para suportar um ambiente seco ou úmido, ou seja, eles deverão receber um material
impermeável.

Também, é possível admitir que o piso deste espaço será de porcelanato antiderrapante e que
possui alta resistência às diferentes variações de temperatura a que será submetido. Na fachada,
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é importante utilizar um material que seja resistente aos diferentes efeitos climáticos externos,
para que possam ser evitados desgastes e infiltrações causadas pelas intempéries.

Estes critérios técnicos seguidos à risca se reverterão em um outro critério importante: o


econômico. É possível encontrar materiais com alto desempenho e de baixo custo. Em virtude
disso, a escolha do local de compra é importante. O critério técnico e econômico precisa levar
em consideração a estética do espaço, que deve seguir o conceito inicial do projeto, estando sua
aplicação relacionada aos itens que compõem uma sauna.

Na etapa final, é possível aplicar vidros como divisórias para o espaço. Porém, na escolha dos
vidros, precisa-se considerar que eles devem suportar as altas temperaturas do ambiente. Na
Unidade 3, você conhecerá os variados tipos de vidro que existem. O revestimento do local pode
ser de madeira, preferencialmente pinos. Lembre-se da necessidade de madeira legalizada e que
possui as certificações necessárias.

Você percebeu que os critérios de escolha desses materiais de construção ressaltados nessa
aula não são os únicos? Ao longo da unidade, você conheceu outros. Esses critérios envolvem a
análise da estrutura, a aplicabilidade, o desempenho, a qualidade, as características, as
propriedades, a oferta (territorial e sustentável), o custo e a tipologia da obra. Todos estes não
deixam de constituir aspectos técnicos requeridos aos materiais. Todavia, uma vez que é
importante a busca por materiais sustentáveis, aspectos econômicos, ambientais e sociais, que
constituem o tripé da sustentabilidade, devem também ser considerados, bem como os aspectos
estéticos (que apresentam a harmonia da construção). Em cada obra, você verá que alguns
destes se destacam mais que outros. Saber identificar os mais relevantes para cada tipo de obra
fará com que você se destaque em sua profissão.

Saiba mais
Nossas aulas buscaram referências para que você pudesse aprender de maneira fácil e
aprofundar o conhecimento sobre as diferentes técnicas ensinadas aqui. Para saber um pouco
mais sobre a evolução dos materiais, separamos para você um documento que pautou nosso
estudo até este momento. Clique no link a seguir e aprenda um pouco mais: Evolução dos
Materiais Construtivos

Além disso, é recomendada a leitura do tópico 1.6.2 e seus subtópicos do Capítulo 1 do livro a
seguir, o qual você encontra na Biblioteca Virtual:

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.

Neste tópico, você conhecerá as propriedades que deve considerar na escolha dos materiais
para construção. Não deixe de realizar essa leitura complementar, pois haverá questões
avaliativas sobre o assunto abordado.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

Referências
BARCELLOS, D. Principais componentes químicos da madeira. Daniel Barcellos, 2020. Disponível
em: https://danielbarcellos.com/principais-componentes-quimicos-da-
madeira/#:~:text=A%20madeira%20se%20comp%C3%B5e%20basicamente%20de%20oxig%C3%
AAnio%2C%20hidrog%C3%AAnio,madeira%2C%20o%20oxig%C3%AAnio%2044%25%2C%20e%20
o%20hidrog%C3%AAnio%206%25. Acesso em: 4 mar. 2023.

BARROS, C. APO - Introdução aos materiais de construção e normalização. 2010. Disponível em:
https://edificaacoes.files.wordpress.com/2010/04/apo-rev-evolucao-dos-materiais.pdf. Acesso
em: 26 nov. 2022.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019a.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 2. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019b.

CASA DO SERRALHEIRO. Vergalhão: conheça as curiosidades desse material. Casa do


Serralheiro, 2022. Disponível em: https://casaserralheiro.com.br/vergalhao-conheca-as-
curiosidades-desse-material/. Acesso em: 26 nov. 2022.

LOPES, L. de F. Materiais de construção civil I. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional


S.A., 2017.

PAULA, C. L. de. A importância da aplicabilidade do planejamento de obras na construção civil.


Núcleo do conhecimento, 2021. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/aplicabilidade-do-planejamento.
Acesso em: 23 nov. 2022.

QUEIROZ, R. C. Introdução a Engenharia Civil: noções sobre história, importância, principais áreas
e atribuições e responsabilidades da profissão. São Paulo: Blucher, 2019. Disponível em:
https://www.google.com.br/books/edition/Introdu%C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_engenharia_civil/i
HPEDwAAQBAJ?hl=pt-
BR&gbpv=1&dq=A+hist%C3%B3ria+dos+materiais+da+constru%C3%A7%C3%A3o+civil&printsec
=frontcover. Acesso em: 26 nov. 2022.

Aula 5
TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE MATERIAIS EM CONSTRUÇÃO CIVIL

Vídeo Aula Encerramento


Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

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Caro estudante, bem-vindo à videoaula da sua unidade de revisão! Por aqui, faremos uma nova
imersão em tudo o que foi ensinado nas quatro aulas da disciplina de Tecnologia dos Materiais
na Construção Civil. O objetivo é sanar toda e qualquer dúvida que ainda possa existir sobre os
conteúdos que você estudou. Neste momento, volte sua atenção para os estudos da unidade,
procure um local silencioso e evite distrações. Aproveite esse momento para se concentrar. Boa
aula!

Ponto de Chegada
Caro estudante, nesta unidade, buscou-se contextualizar a evolução que atingiu o setor da
construção civil. Para isso, foram ressaltados exemplos simples em cada aula, os quais
mostravam desde um acabamento feito manualmente até alguns mais complexos, usando
materiais que modernizaram o sistema construtivo e deram novas formas às edificações. Tudo
isso com o objetivo de mostrar que não importa o quão simples ou complexa seja uma etapa,
todos os processos da construção passaram por adaptações.

No início, o homem adaptou os materiais às suas necessidades, mas logo percebeu que
precisaria se adaptar aos novos materiais e maneiras de utilizar as ferramentas da construção
civil. Isso porque a engenharia civil engloba muitas áreas. Com isso, seria impossível não
acompanhar o advento tecnológico. A ciência se atualiza a cada momento, e isso atinge diversos
setores ligados a ela.

Imagine, por exemplo, se os primeiros materiais criados pelo homem, como a roda e a alavanca,
se mantivessem com as mesmas características ainda da Pré-história. Será que, no caso das
rodas, teríamos os carros que temos hoje? Ainda seriam usadas as mesmas alavancas manuais
para empurrar toneladas de objetos e outros materiais, transportando-os de um lado para o outro
e repetindo esforços que poderiam levar dias? Acredito que não.

Adaptar-se às novas tendências foi necessário a todos, assim como ainda é exigência do setor e
do mercado a atualização frequente. Todavia, avançar na forma de construir também acarreta a
criação de leis, regulamentos e decretos, aos quais os projetos construtivos precisaram se
adequar.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Existem inúmeras normas técnicas para atender às diversas finalidades, assim como materiais e
sistemas construtivos das obras de construção civil. Conhecer as principais normas que são
utilizadas dentro do meio que o profissional está inserido, as características e as propriedades
dos materiais que se costuma trabalhar é de suma importância. As normas atualizam os
profissionais sobre as novas diretrizes da construção civil. Sem adequar-se a elas, não importa o
que se faça de mais moderno, estará sempre desatualizado.

Na escolha dos materiais para um projeto ou uma obra, é necessário considerar a tipologia
pretendida, o desempenho esperado, a qualidade requerida, a aplicabilidade, as características e
propriedades necessárias, assim como a oferta e os custos dos insumos. Essas variáveis são
alteradas para as diferentes obras de engenharia, e na construção civil não é diferente. Com isso,
a avaliação referente a esses fatores deve ser criteriosa.

É Hora de Praticar!

Estudante, você realizará uma prova para tentar uma vaga como técnico em uma das maiores
empresas de sua cidade. Nessa avaliação, você precisará responder a perguntas relativas aos
materiais e às suas normas, em função de um projeto construtivo que a empresa realizará em
breve, que será uma edificação de três andares para fins comerciais. Para isso, é necessário que
você saiba avaliar critérios básicos e essenciais que devem estar especificados no cronograma,
como o tipo de estrutura da construção.
Sendo uma edificação de três andares, o concreto armado será o principal material na
construção da estrutura e dos pavimentos que separarão os setores do edifício. Sua primeira
pergunta a ser respondida é: como garantir um bom concreto para essa finalidade? Qual é a
principal NBR usada para execução dessa tipologia?
O projetista está em dúvida em relação à fachada do edifício. É requerido que seja aproveitada ao
máximo a iluminação natural. Qual proposta você poderia fazer a ele para que isso seja atendido
e que sua alternativa vise a uma construção sustentável?
Além disso, todo projeto deve definir onde deverão ser instaladas portas, janelas, banheiros e
saídas de emergência, para que estes itens respeitem normas de segurança que se diferenciam
das NBRs e que contribuem também para a organização dos materiais no canteiro. Que tipo de
norma é essa?
Na fase de acabamento, deve-se optar por materiais ecologicamente sustentáveis e, para isso,
pode-se aplicar materiais provenientes de polímeros no projeto construtivo. Mas, só utilizar
materiais reciclados não garante um projeto ecologicamente sustentável, não é mesmo?
Atualmente, empresas comprometidas com o meio ambiente possuem uma certificação que
vem bem detalhada em suas marcas e embalagens. Qual certificação é essa?
Dessa forma, você tem cinco perguntas a serem respondidas, e sua admissão na empresa
dependerá das suas respostas. É necessário se preparar para esse tipo de situação em uma
entrevista de emprego, especialmente porque muitas empresas não comunicam
antecipadamente que haverá uma fase de seleção por meio de prova escrita. Todavia, como
técnico, você deve estar preparado para essas vivências em obra, então é comum que seleções
como esta ocorram. Boa reflexão sobre suas respostas!
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Caro aluno, o desafio proposto não será difícil para você. Lembre-se de que este é o cotidiano da
profissão que escolheu e que é importante que, durante esse curso, você conheça algumas
situações que pode chegar a vivenciar em campo de forma simples ou complexa, a depender do
tipo de obra que chegue a trabalhar.
Contudo, não se assuste. Você verá que não é difícil conseguir uma vaga em uma entrevista,
independentemente se na fase de seleção existe prova ou não. Todavia, é preciso que esteja
sempre atento ao conteúdo da disciplina, de modo a compreender mais sobre os dinâmicos
processos de tomada de decisões na área da construção civil, pois as etapas da obra estão
sempre conectadas.
Dedique-se e mantenha-se informado sobre as atualizações constantes das normas técnicas,
pois, dessa forma, você será a diferença que o mercado precisa. Durante a disciplina, busque
anotar as normas principais para cada etapa da construção e referente aos principais materiais
utilizados. Bons estudos de revisão e não deixe de assistir ao vídeo explicativo!

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

Fonte: elaborado pelos autores

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações habitacionais -


Desempenho. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655. Concreto de cimento Portland –
Preparo, controle e recebimento. Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2022.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto


– Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014.
BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. Ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019a.
BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 2. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019b.
BERGAMO, A. P. R. H.; MOTTER, C. B. A origem do vidro e seu uso na arquitetura. In: ENCONTRO
CIENTÍFICO CULTURAL INTERINSTITUCIONAL, 12., 2014, Cascavel. Anais [...]. Cascavel, PR:
FAG/Dom Bosco, 2014. Disponível em:
https://www.fag.edu.br/upload/ecci/anais/55952eb6a5b8d.pdf. Acesso em: 4 mar. 2023.
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 18. Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção. Brasília, DF: Ministério do Trabalho, 1978. Disponível em:
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-
social/conselhos-e-orgaos-colegiados/ctpp/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-18-
atualizada-2020-2.pdf. Acesso em: 28 nov. 2022.
CIPOLLI, T. A. Impacto da ABNT NBR 15575 na qualidade da construção civil. 2012. 51 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia do Campus
de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2012.
,

Unidade 2
MATERIAIS CIMENTÍCIOS

Aula 1
Composição e características de materiais cimentícios

Composição e características dos materiais cimentícios

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Agora que você já leu o conteúdo proposto para essa aula, assista ao vídeo que resume os três
blocos, para um melhor entendimento dos conceitos abordados. Nele, você poderá ver, de forma
ilustrativa, a linha do tempo do concreto, além de exemplos construtivos de obras realizadas
desde tempos bastante antigos na história.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Ponto de Partida
Caro aluno, nesta primeira seção da Unidade 2, você verá sobre a história do concreto, seus
materiais constituintes e suas características. Apesar de, visualmente, parecer rígido, essa
característica é vista somente em sua resistência, sendo o concreto um material maleável que
pode adquirir diferentes formas. Além de ser um dos materiais mais utilizados na construção
civil, representa não somente uma tecnologia construtiva mas também uma forma de expressão
arquitetônica. Isso torna o conhecimento de suas características e propriedades fundamentais
para você que está na área da construção civil.

Assim, convido você para conhecer um pouco da história desse material e compreender e aplicar
os conceitos dos materiais constituintes do concreto através de exemplos construídos ao longo
do tempo.

Bons estudos!

Vamos Começar!
O concreto é um material construtivo, que foi aprimorado e utilizado pelos romanos, os quais
deixaram registros para o estudo de sua evolução. Conforme Neville e Brooks (2013), esses
povos foram, provavelmente, os primeiros a utilizarem concreto à base de cimento hidráulico. O
concreto primitivo, porém, não utilizava cimento, tratando-se, na realidade, de uma mistura de cal
hidratada com uma cinza vulcânica chamada pozolana, abundante na região de Pozzuoli (Itália)
(KAEFER, 1998).

O concreto moderno, próximo do que conhecemos atualmente, passou a ser utilizado somente
em 1824, após o cimento Portland ser patenteado por Joseph Aspdin, na Inglaterra (HELENE;
ANDRADE, 2007; NEVILLE; BROOKS, 2013). Após esse momento, passou-se a procurar a adoção
de materiais estáveis, percebendo-se que o concreto suportava facilmente forças de
compressão, mas, quando submetido a pequenos esforços de tração, fissurava ou rompia.
Assim, iniciou-se a transição de uso do simples material impermeável e versátil para um sistema
híbrido, composto por concreto e ferro.

Nesse contexto, destacou-se Joseph Louis Lambot, que se presume ter efetuado as primeiras
experiências práticas da introdução de ferro na massa de concreto, originando o concreto
armado (KAEFER, 1998; HELENE; ANDRADE, 2007). Em 1855, segundo Helene e Andrade (2007),
ocorre a patente de Lambot (para construção e barcos) e, posteriormente, de Joseph Monier
(para vasos, em 1867, e postes e vigas, em 1878). Foram experimentos realizados, basicamente,
em cimento armado, denominação do concreto armado até, aproximadamente, 1920. Ainda
segundo os autores, em 1878, nos Estados Unidos, Thaddeus Hyatt patenteou o uso do concreto
armado, porém construiu seu primeiro edifício na Califórnia somente em 1893.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Helene e Andrade (2007) destacam pesquisadores ao longo do século XIX, como Louis Vicat,
Henry Le Châtelier e René Féret, que tornaram o concreto de cimento Portland conhecido e
confiável, e François Hennebique, que desenvolveu e patenteou, em 1892, o sistema construtivo
para projeto e construção de edificações. Hennebique projetou e construiu, em 1899, a primeira
ponte de concreto armado em Châtellerault, e, em 1901, um edifício de sete andares, totalmente
de concreto armado, com pilares, vigas e lajes, demonstrando ser possível, segura e durável a
substituição das paredes portantes por paredes de vedação, assim como dos pisos metálicos ou
de madeira por lajes de concreto armado.

Com isso, a história do concreto é dividida por Bauer (2019) em quatro diferentes períodos: o
primeiro foi iniciado na Antiguidade, com descobertas referentes aos ligantes hidráulicos; o
segundo foi marcado pelas primeiras misturas de calcário e argila e pela obtenção do cimento; o
terceiro foi quando ocorreu o entendimento da relação entre seus componentes básicos, que
serão relatados no próximo bloco; o quarto perdura até a atualidade, em que se tem a
participação da indústria química e o uso de aditivos e adições.

No próximo bloco, você poderá se aprofundar mais nesse material, pois conhecerá melhor seus
constituintes. Mantenha-se atento e anote eventuais dúvidas para saná-las até o resumo na
forma de vídeo, que está disponível no final dessa aula, e releia o bloco, caso tenha dificuldade de
compreensão.

Siga em Frente...
A difusão do uso do concreto como material de construção teve, segundo Neville e Brooks
(2013), uma grande contribuição de sua propriedade de não sofrer alterações químicas com sua
exposição à água a longo tempo. Para obtenção dessa característica e de uma resistência
satisfatória, é necessário o uso de um aglomerante hidráulico, definido por Yazigi (2016) como
uma pasta que apresenta a propriedade de endurecer somente a partir de sua reação com a
água, e que após endurecido resista a ela.

Nesse sentido, o autor citado anteriormente ressalta como um aglomerante hidráulico o cimento
Portland, que, basicamente, é obtido pela moagem do clínquer Portland com, geralmente, a
adição de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. O clínquer Portland é “um clínquer
constituído, em sua maior parte, por silicatos e aluminatos de cálcio hidráulicos, obtido por
queima, até fusão parcial, de mistura homogênea e adequadamente proporcionada, composta
basicamente de calcário e argila” (YAZIGI, 2016, p. 264).

O autor ainda afirma que o concreto pode ser definido como um material da construção civil que
consiste na união de um elemento aglomerante (cimento), água, agregados graúdos e miúdos,
como brita e areia, respectivamente, podendo ter ou não em sua mistura componentes em
menores proporções, como aditivos e adições. Segundo Yazigi (2016), o primeiro trata-se de um
produto químico, adicionado em pequenos teores, com o intuito de modificar as propriedades do
concreto no estado fresco e/ou endurecido; já o segundo refere-se a adições de origem natural,
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

geralmente em quantidade maior que os aditivos, com o objetivo de alterar algumas


características específicas.

Nos materiais cimentícios, os aglomerantes são materiais ativos, cuja função principal é
promover a ligação entre o grão do material inerte (agregados). Sua aplicação está associada à
constituição dos componentes aos quais são misturados, podendo formar a pasta, a argamassa
e o concreto. Os agregados, segundo Bauer (2019) e Neville e Brooks (2013), formam-se de
fragmentos de rochas e areias, cujas dimensões podem variar de acordo com o fim da
construção civil ao qual será destinado. Os autores relatam que, na composição do concreto, os
agregados representam, em média, ¾ de seu total, tendo como função a redução das variações
de volume, a contribuição com grãos capazes de resistir os esforços solicitantes, desgaste e
ação de intempéries, além da diminuição do custo.

Com isso, o cimento é o constituinte básico de um material cimentício, pois, quando você pensar
em um material assim, deve estar implícita a ideia de que é um material que possui como base o
cimento, por isso é comum encontrar na literatura o termo material cimentício para argamassas
e concretos. Todavia, esses dois materiais se distinguem em sua composição. O aspecto da
composição que é determinante para realizar essa diferença é a presença de agregado graúdo
que possui o concreto, uma vez que este constituinte não está presente nas argamassas.

Contudo, é importante enfatizar que a qualidade e a uniformidade desse material e, por


consequência, a resistência e a durabilidade da estrutura são características diretamente
relacionadas à qualidade dos seus materiais constituintes. Com isso, a variação na resistência
do cimento, por exemplo, ou a variação da granulometria dos agregados, tem como resultado
concretos com resistência e trabalhabilidade também variáveis (YAZIGI, 2016). No próximo
bloco, você compreenderá um pouco mais sobre essas características.

Vamos Exercitar?
Apesar de a argamassa ser um material extremamente estudado, neste bloco, daremos ênfase
às características do concreto. Todavia, muitas das informações aplicam-se a ambos os
materiais. No que tange à sua aplicabilidade, por exemplo, esses materiais devem apresentar
características específicas em suas duas fases. A primeira, seu estado fresco (recém-misturado),
consiste em um período curto, referente ao intervalo de tempo necessário para sua mistura,
transporte, lançamento e adensamento (HELENE; ANDRADE, 2007). Assim, deve apresentar
propriedades que facilitem esses processos, como trabalhabilidade, coesão e consistência
(NEVILLE; BROOKS, 2013).

Já em relação à segunda fase, compreendida pelo estado endurecido, inicia-se com a hidratação
do cimento e o endurecimento da massa, estendendo-se pela vida útil da estrutura (HELENE;
ANDRADE, 2007). Nesse período, as características devem atender ao projeto quanto à
resistência, à durabilidade, ao módulo de deformação e às demais características requeridas ao
material (NEVILLE; BROOKS, 2013; YAZIGI, 2016).
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Quanto à variedade dos diferentes concretos, tem-se que cada um apresenta vantagens e
desvantagens para determinados tipos de construções, e isso ocorre justamente em virtude das
diferentes características de cada um. Em relação à sua massa específica, pode-se ter o
concreto de densidade leve, normal e alta.

O concreto normal contém areia natural e pedregulhos, ou agregados britados, e é comumente


utilizado para fins estruturais (MEHTA; MONTEIRO, 2008), tendo, segundo a NBR 8953 (ABNT,
2015), massa específica entre 2.000 e 2.800 kg/m³. Caso seja desejável um concreto leve, pode-
se reduzir sua densidade. Isso é possível, conforme Neville e Brooks (2013), pela obtenção de
vazios, seja no agregado, na argamassa ou nos interstícios entre as partículas de agregados
graúdos. Nesse sentido, se o ar estiver localizado nas partículas do agregado, será conhecido
como um concreto com agregado leve; se na pasta de cimento, o concreto resultante é o
concreto celular; se entre as partículas de agregado graúdo (sem a utilização de agregado
miúdo), tem-se o denominado concreto sem finos (FERREIRA, 2015). E, por fim, o concreto
pesado é um material produzido com agregados de alta densidade, utilizado para blindagem
contra radiação (MEHTA; MONTEIRO, 2008; PEDROSO, 2009).

Todavia, a massa específica não é a única propriedade do concreto que o faz se distinguir quanto
às características. Este material pode também ser classificado quanto à sua resistência à
compressão aos 28 dias, uma vez que pode ser: de baixa resistência, não sendo adequado para
fins estruturais, e resistindo menos de 20 MPa; de resistência normal, sendo o
convencionalmente utilizado de 20 a 50 MPa; de alta resistência, suportando mais de 50 MPa
(PEDROSO, 2009; ABNT, 2015).

Sem fins estruturais, o concreto magro possui baixa resistência e consumo reduzido de cimento,
sendo utilizado para regularização de superfícies em fundações e pavimentação, criando um
lastro de proteção mecânica para a camada estrutural adicionada acima. Já para fim estrutural,
pode ser utilizado em sua forma simples ou associado a armações (NEVILLE; BROOKS, 2013).

Neste sentido, Neville e Brooks (2013) definem o concreto armado como a união desse material
com barras de aço, seguindo a premissa de que os dois materiais atuam em conjunto para
resistir a esforços de tração e compressão. Para os mesmos autores, o uso do concreto
protendido (tipo de concreto que veremos em nossa última aula da unidade) tem como diferença
a existência de tensões prévias, em que uma pré-compressão é aplicada nas regiões que serão
tracionadas pelo carregamento externo, diminuindo ou neutralizando esforços de tensão, para
evitar fissuração.

Saiba mais
Aproveite este espaço para aprimorar e conhecer mais dos conceitos vistos nessa aula. Para
tanto, segue a indicação de uma reportagem sobre o concreto romano.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

FRANCO, J. T. Concreto romano: uma alternativa mais sustentável à produção atual de cimento
ArchDaily Brasil, 2015. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/776685/concreto-
romano-uma-alternativa-mais-sustentavel-a-producao-atual-de-cimento. Acesso em: 1º dez.
2022.

Veja, ainda, as normas técnicas referentes a ensaios a serem realizados no concreto em seu
estado fresco, pois, como vimos, o concreto é maleável nesse estado. Para acessar as normas,
insira seu título, que consta a seguir, no Google.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM DO BRASIL. NBR


NM 33. Concreto: amostragem de concreto fresco. São Paulo, SP: ABESC, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM DO BRASIL. NBR


NM 67. Concreto: determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. São Paulo,
SP: ABESC, 1998.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8953. Concreto para fins estruturais –
Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2015.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.

FERREIRA, C. N. G. Dimensionamento de elementos estruturais em concreto leve. 2015. 168 f.


Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil) – Universidade Federal de São Carlos,
São Carlos, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/7576?show=full.
Acesso em: 7 dez. 2022.

FREITAS, M. L. de. Modernidade Concreta: as grandes construtoras e o concreto armado no


Brasil, 1920 a 1940. 2011. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-13012012-140118/en.php/. Acesso
em: 1º dez. 2022.

HELENE, P.; ANDRADE, T. Concreto de cimento Portland. In: ISAIA, G. C. (ed.). Materiais de
construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. v. 2. São Paulo, SP: IBRACON,
2007. p. 905-944.

KAEFER, L. F. A evolução do concreto armado. São Paulo, SP: [s. n.], 1998. Disponível em:
https://wwwp.feb.unesp.br/lutt/Concreto%20Protendido/HistoriadoConcreto.pdf. Acesso em: 30
nov. 2022.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. Trad.


Cristina Borba. São Paulo, SP: IBRACON, 2008.

NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do Concreto. Trad. Ruy Alberto Cremonini. 2. ed. São
Paulo, SP: Bookman, 2013.

PEDROSO, F. L. Concreto: as origens e a evolução do material construtivo mais utilizado pelo


homem. Revista Concreto e Construções, ano XXXVII, n. 53, jan./fev./mar. 2009. Disponível em:
http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/revista_concreto_53.pdf.
Acesso em: 6 dez. 2022.

YAZIGI, W. A técnica de edificar. 15. ed. São Paulo, SP: Pini, 2016.

Aula 2
Características dos constituintes do concreto

Características dos constituintes do concreto

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Agora que você já leu o conteúdo proposto para essa aula, assista ao vídeo resumo para um
melhor entendimento dos conceitos abordados. Com ele, você poderá compreender melhor
sobre os diferentes tipos de cimento existentes e suas aplicações e características em situações
distintas que encontrará nas obras em que trabalhará futuramente.

Ponto de Partida
Caro aluno, na aula anterior, você foi introduzido à história do concreto, material amplamente
utilizado na construção civil, conhecendo seus materiais constituintes, suas características e
suas classificações.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Nesta aula, daremos continuidade, aprofundando os conhecimentos dos materiais que o


compõem, todavia com foco no cimento. Estudaremos esse material quanto à sua origem e aos
diferentes tipos normatizados e encontrados no mercado brasileiro. Em virtude de você ter
aprendido de forma resumida os principais aspectos dos constituintes dos materiais cimentícios,
nesse momento será dada ênfase ao componente cimento.

O estudo dessa aula lhe auxiliará nas seções futuras dessa unidade da disciplina de Tecnologia
dos Materiais de Construção Civil. Com isso, preste bastante atenção às denominações, pois,
além de serem importantes para que realize as avaliações da disciplina, são sempre exigidas no
mercado de trabalho.

Bons estudos!

Vamos Começar!
Caro aluno, o uso do cimento não é recente. Para compreender esse material, “mergulharemos”
em sua história. Na Idade Média, ocorreu um declínio da qualidade e do uso do cimento como
material construtivo. Estudos sobre o cimento romano e sua aplicação foram realizados pelo
construtor John Smeaton, em 1755 aproximadamente (PEDROSO, 2009; NEVILLE, 2016).
Encarregado da reconstrução do Farol de Eddystone, o construtor necessitava decidir sobre a
argamassa a ser aplicada, visto ser de fundamental importância seu comportamento e sua
durabilidade, já que, com a maré alta, a rocha onde se encontrava esse farol ficava submersa
(PEDROSO, 2009).

Segundo Pedroso (2009) e Neville (2016), Smeaton descobriu que a dureza da rocha originária da
cal não era determinante para a dureza da argamassa, a qual possuía melhores propriedades
quando a pozolana era misturada com calcário contendo alto teor de material argiloso. Ainda de
acordo com os autores, ao reconhecer o papel desse material, até então indesejável, o construtor
tornou-se o primeiro a identificar as características químicas da cal hidráulica, obtida através da
calcinação da mistura de calcário e argila.

Posteriormente, outros cimentos hidráulicos foram desenvolvidos, como o “cimento romano”


obtido por James Parker, até ocorrer a patente por Joseph Aspdin, em 1824, do cimento Portland,
sendo o último “preparado pelo aquecimento de uma mistura de argila finamente moída e
calcário em um forno até́ a extinção do CO2, que ocorre em temperatura bastante inferior à
necessária para a clinquerização” (NEVILLE, 2016, p. 2). Nesse sentido, para Pedroso (2009), o
cimento utilizado atualmente não é o mesmo material, visto que é uma mistura definida de rocha
calcária e argila, finamente moídas, até sua fusão incipiente, resultando no clínquer, incapaz de
ser obtido pelos fornos de Aspdin, além de esse não ter definido na patente a proporção da
mistura. Sua denominação, entretanto, segue sendo mundialmente utilizada, sendo originalmente
atribuída devido à semelhança em cor e qualidade da pedra de Portland, calcário extraído em
Dorset, na Inglaterra (NEVILLE, 2016).
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

O comportamento e as propriedades físicas do cimento, entretanto, foram explicados pelas


teorias do construtor francês Louis Vicat, cuja principal descoberta foi a de que esses fatores
dependem da proporção das misturas (PEDROSO, 2009). Com isso, a observação dada foi que as
proporções dos constituintes influenciam as características do material, resultando em
diferentes tipos de cimentos, com mais ou menos resistência, por exemplo.

Diversos foram os cimentos desenvolvidos ao longo da história, sob diferentes condições, com o
intuito de proporcionar a durabilidade desejada aos materiais em que o cimento era a base
(argamassas e concretos). Atualmente, conforme afirma a NBR 16697 (ABNT, 2018), os cimentos
Portland são designados por seu tipo, correspondente às adições e às propriedades especiais,
sendo identificados por siglas seguidas da classe de sua resistência (25, 32 e 40 MPa, ou ARI),
acrescidas dos sufixos RS ou BC (se aplicáveis). As classes 25, 32 e 40 MPa representam os
valores mínimos de resistência à compressão aos 28 dias de idade, enquanto o ARI (alta
resistência inicial) apresenta o concreto que em um dia de idade possui resistência igual ou
maior a 14 MPa (ABNT, 2018).

Agora que você conhece um pouco da evolução desse material, no próximo bloco, aprenderá
melhor sobre suas características.

Siga em Frente...
Bauer (2019) explica que, a partir do momento que o cimento entra em contato com a água,
ocorrem reações químicas de hidratação que ocasionam um gradativo endurecimento ou
aumento da viscosidade da pasta e uma evolução das propriedades mecânicas. Ainda segundo o
autor, esse processo, denominado como pega do cimento, se estende à argamassa e ao
concreto, nos quais a pasta de cimento está presente, e é determinado em dois distintos tempos:
o início (com o endurecimento da pasta) e o fim de pega (passagem do estado plástico da pasta
para seu estado sólido).

Battagin (2014) relata que, apesar de ser fundamental a associação do cimento com a água na
hora da fabricação de argamassas e concretos, a água torna-se um risco para esse material
antes desse processo, visto que ele pode endurecer ou empedrar antes do tempo. Por esse
motivo, ainda segundo o autor, o cimento é ensacado com papel kraft de múltiplas folhas, para
proteger da umidade e facilitar o transporte, além de influenciar positivamente no custo e
permitir ser estocado em local seco e coberto, afastado do piso e de paredes externas.

A NBR 16697 (ABNT, 2018) define os materiais que podem constituir a mistura do cimento.
Dentre esses, tem-se:

Sulfato de cálcio: sua finalidade é regular a pega. De origem natural ou industrializada, pode
se apresentar sob as formas de gipsita, hemidrato ou bassanita, anidrita ou mistura de
mais de uma dessas.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Material carbonático: finamente dividido e constituído em sua maioria por carbonato de


cálcio.
Escória granulada de alto-forno: subproduto da produção do gusa, resultante do tratamento
do minério de ferro em alto-forno.
Materiais pozolânicos: elementos silicosos que, por si só, possuem pouca atividade
hidráulica, mas, ao serem finamente divididos e na presença de água, reagem com o
hidróxido de cálcio.
Clínquer Portland branco: com determinados teores de óxidos corantes em sua
composição.

O teor das adições na mistura do cimento é um dos critérios que o categorizam, e seu uso
aumentou, segundo Battagin e Rodrigues (2014), após estudos identificarem sua contribuição
não só nas características do cimento mas também na diminuição das emissões específicas de
CO2 durante a produção desse material.

Existem, basicamente, duas categorias de cimento: aqueles que não endurecem ao serem
associados à água e, quando endurecidos, acabam dissolvendo-se lentamente ao ficarem
expostos a ela, e aqueles que permanecem estáveis em meio aquoso, solidificando-se e
mantendo suas propriedades (LIMA et al., 2014). No entanto, os seus tipos são variados e, para
denominá-los quanto às suas características, são usadas siglas.

Conforme a NBR 16697 (ABNT, 2018), os sufixos RS e BC significam resistente a sulfatos e baixo
calor de hidratação, respectivamente. O cimento Portland com sufixo BC pode “retardar o
desprendimento de calor [...], evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao
calor desenvolvido durante a hidratação do cimento, evitando o surgimento de fissuras
originadas pelo calor desenvolvido durante a hidratação do cimento” (BATTAGIN; RODRIGUES,
2014, p. 34), e o cimento com sufixo RS pode ser usado em redes de esgotos de águas servidas
ou industriais, assim como material exposto à água do mar.

Vamos Exercitar?
A seguir, você conhecerá os diferentes tipos de cimento, conforme NBR 16697 (ABNT, 2018):

Cimento Portland comum puro (CP I) ou com baixa adição (CP I – S): é um ligante
hidráulico obtido pela moagem do clínquer Portland, com adição de sulfato de cálcio e
adições minerais.
Cimento Portland composto: constituído de escória granulada de alto forno (CP II – E),
material carbonático (CP II – F) ou material pozolânico (CP II – Z).
Cimento Portland de alto forno (CP III): produzido com mistura homogênea do clínquer
Portland e escória granulada de alto forno, podendo conter sulfato de cálcio e materiais
carbonáticos.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Cimento Portland pozolânico (CP IV): obtido por mistura homogênea do clínquer Portland
com materiais pozolânicos moídos em conjunto ou separadamente, possuindo ou não
sulfato de cálcio e materiais carbonáticos.
Cimento Portland de alta resistência inicial (CP V).
Cimento Portland branco (CPB): estrutural ou não, obtido através do clínquer Portland
branco.

Os quatro primeiros tipos podem possuir resistência de 25, 32 ou 40 MPa, enquanto o CP V é


classificado como ARI. Os cimentos CP I e CP II destinam-se a construções mais usuais, sendo o
CP I recomendado para o uso em construções de concreto em geral, quando não são exigidas
propriedades especiais, enquanto o cimento Portland composto (CP II) aproxima-se em termos
de desempenho do cimento Portland comum (PEDROSO, 2009; BATTAGIN; RODRIGUES, 2014).

Os mais empregados nas obras são os CP II. O CP II – F é recomendado para obras em concreto
simples, armado e protendido; o CP II – Z é usado semelhante ao CP I – S, porém com adições
maiores, e possui uma maior impermeabilidade; CP II - E é utilizado quando se necessita da
liberação de calor mais lenta (BATTAGIN; RODRIGUES, 2014).

Já os CP III, CP IV e ARI comportam-se melhor fornecendo propriedades exigidas em algumas


situações específicas. O cimento Portland de alto forno apresenta adições variando entre 35% e
70% de massa total, instituindo características de maior impermeabilidade, durabilidade, baixo
calor de hidratação e alta resistência à expansão e aos sulfatos, sendo recomendado, então, para
construções, como barragens, e com grande massa de concreto (PEDROSO, 2009; BATTAGIN;
RODRIGUES, 2014).

Com características próximas a esse último, tem-se o cimento Portland pozolânico, com
pozolana variando de 15% a 50% de sua massa; é recomendado para obras expostas à ação da
água corrente e ambientes agressivos, devido à sua baixa permeabilidade, alta durabilidade e
resistência à compressão em idades avançadas (PEDROSO, 2009).

O CP V, por atingir altas resistências nos primeiros dias de aplicação, é utilizado, geralmente, em
fábricas de pré-moldados e protensão (BATTAGIN; RODRIGUES, 2014). Pedroso (2009) ainda cita
seu uso em blocos para alvenaria e pavimentação, lajes, meio-fio, tubos e outros. Por fim, ainda
segundo o autor, o cimento Portland branco é aquele em que podem ser adicionados pigmentos
coloridos (gerando diferentes cores), sendo adequado para projetos de concreto aparente,
composição de argamassas para rejunte de azulejos e outras aplicações não estruturais.

Com isso, você percebeu que todos os distintos tipos de cimento Portland se adequam, em sua
maior parte, a diferentes formas de estrutura e aplicações, porém alguns apresentam-se mais
vantajosos ou recomendáveis em determinadas situações, sendo essas as principais
informações norteadoras na escolha do projetista.

Saiba mais
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Para que você compreenda melhor sobre o material estudado nessa seção, além da leitura da
bibliografia utilizada, seguem indicações de materiais complementares específicos sobre o tema.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16607. Determinação dos tempos de


pega. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2018.

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. Trad. Ruy Alberto Cremonini. 5. ed. São Paulo, SP:
Bookman, 2016. (Capítulo 2 – Materiais Cimentícios – p. 62-110.)

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16697. Cimento Portland — Requisitos.
Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2018.

BATTAGIN, A. F. Como comprar, estocar e manusear adequadamente o Cimento Portland. Revista


Concreto e Construções, ano XLI, n. 73, jan.-mar. 2014. Disponível em:
http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_73.pdf
/. Acesso em: 9 dez. 2022.

BATTAGIN, A. F.; RODRIGUES, H. Recomendações sobre o uso de dos distintos tipos de cimento
Portland nas diferentes aplicações. Revista Concreto e Construções, ano XLI, n. 73, jan.-mar.
2014. Disponível em:
http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_73.pdf
/. Acesso em: 9 dez. 2022.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.

LIMA, C. I. V. et al. Concreto e suas inovações. Caderno de Graduação – Ciências Exatas e


Tecnológicas – UNIT – Alagoas, v. 1, n. 1, p. 31-40, 2014. Disponível em:
https://periodicos.set.edu.br/fitsexatas/article/view/1285. Acesso em: 7 dez. 2022.

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. Trad. Ruy Alberto Cremonini. 5. ed. São Paulo, SP:
Bookman, 2016.

PEDROSO, F. L. Concreto: as origens e a evolução do material construtivo mais utilizado pelo


homem. Revista Concreto e Construções, ano XXXVII, n. 53, jan./fev./mar. 2009. Disponível em:
http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/revista_concreto_53.pdf.
Acesso em: 6 dez. 2022.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 3
Dosagem

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Agora que você já leu o conteúdo proposto para essa aula, convido você para assistir ao vídeo
resumo para um melhor entendimento dos conceitos abordados. Com ele, você poderá
compreender melhor sobre dosagem do concreto, os diferentes traços e sua aplicabilidade,
sanando dúvidas em relação ao que foi apresentado nos blocos. Esteja atento às ilustrações.
Bons estudos!

Ponto de Partida
Caro aluno, nesta unidade, você já viu conteúdos desde a história do cimento e do concreto até
os diferentes materiais constituintes deles, sua importância e aplicabilidade na construção civil,
bem como suas diferentes características e classificações. Assim, nesta aula, você aprenderá
sobre a história e os métodos de dosagem, sua definição e influência nas características e
aplicabilidades da argamassa e do concreto, com ênfase nesse último. Serão vistas as
importantes propriedades no estado fresco e endurecido do concreto, a partir de suas diferentes
composições.

Dessa forma, convido você a revisar os conteúdos anteriormente vistos e acessar os materiais
sugeridos ao longo das aulas, a fim de aprofundar seu conhecimento nas formas de preparo do
concreto, cimento e argamassa.

Bons estudos!

Vamos Começar!
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Determinadas características quanto ao desempenho do concreto são obtidas, segundo Mehta e


Monteiro (2008), primeiramente, por criteriosa seleção dos materiais que o compõem e,
posteriormente, pelo encontro da combinação correta deles. Esse processo, denominado como
dosagem, ainda de acordo com os autores, consiste na indicação exata da quantidade de
cimento, agregados, água, e, caso necessário, aditivos e adições, para que o material cimentício
seja produzido com as corretas especificações, influenciando nos custos e garantindo as
características requeridas ao material.

Essa proporção adequada dos materiais constituintes da argamassa e do concreto era pouco
conhecida até o século XIX, quando, em 1828, na França, Louis Vicat constatou,
experimentalmente, que uma determinada relação de cimento/areia ocasionava uma diferente
resistência no material (TUTIKIAN; HELENE, 2011). Já em 1881, tem-se o método proposto,
segundo Bauer (2019), por Préaudeau, após estudar as características dos agregados,
especialmente a questão dos vazios, observando que esses tinham uma grande variação no
produto final produzido, dependendo da areia utilizada, e um pouco menos no caso dos seixos
rolados e das britas. O autor relata que, para o pesquisador, um concreto compacto deveria
possuir um volume de pasta 5% superior ao volume de vazios do agregado miúdo na obtenção
da argamassa, enquanto esse percentual no concreto deveria ser 10% superior ao volume de
vazios dos agregados graúdos.

O primeiro estudo a ser considerado foi realizado por René Ferét, que utilizou estudos publicados
por Paul Alexandre em 1890. Ferét propôs, em 1896, uma parábola como modelo de correlação
entre a resistência à compressão e o volume de água e ar do concreto, estudando a influência da
umidade da areia e a quantidade de água necessária para hidratação do cimento e confirmando
as conclusões do estudo anterior, da proporcionalidade entre água da mistura, porosidade e
granulometria da areia (TUTIKIAN; HELENE, 2011; BAUER, 2019).

Já em 1918, pela cooperação com diferentes laboratórios e após resultados de diversos ensaios,
o pesquisador Duff A. Abrams concluiu que, conforme os materiais e as condições, a quantidade
de água na mistura determinava a resistência à compressão do concreto (TUTIKIAN; HELENE,
2011; BAUER, 2019), assim, criou-se a “Lei de Abrams”. Além dessa lei, foi introduzido o termo
módulo de finura, que representa, por um índice, a distribuição granulométrica dos agregados
(TUTIKIAN; HELENE, 2011). Após esse estudo, surgiram muitos outros de importante
contribuição para a dosagem de materiais, e continuaremos tendo com o passar dos anos.

No Brasil, Tutikian e Helene (2011) relacionam o início da tecnologia de dosagem com a


instalação do Gabinete de Resistências dos Materiais, ocorrido em 1899, pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (EPUSP), denominado, em 1926, como Laboratório de Ensaios de
Materiais e, em 1934, como Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Os
autores relatam, ainda, o grande desenvolvimento da engenharia nacional, a partir de 1920,
quando as obras em concreto armado passaram a assumir uma importância maior e iniciou-se a
produção de cimento Portland no país. O primeiro Boletim EPUSP, intitulado Dosagem dos
Concretos, foi publicado em 1927 pelo Prof. Ary Frederico Torres, diretor do Laboratório de
Ensaios de Materiais, cuja obra confirmou os modelos propostos por Ferét e Abrams (TUTIKIAN;
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

HELENE, 2011). Após isso, diversos pesquisadores da área publicaram seus estudos,
contribuindo para o avanço do tema até a atualidade.

Siga em Frente...
Tutikian e Helene (2011) definem o estudo de dosagem de concreto de cimento Portland como
procedimento necessário para se obter a melhor proporção entre os materiais constitutivos,
sendo essa também conhecida como traço do concreto. A NBR 12655 (ABNT, 2022, p. 6) define
traço ou composição como “as quantidades expressas, em massa ou volume, dos vários
componentes do concreto”. Essa informação é dada a partir de números separados por dois
pontos, sendo para argamassas a indicação de cimento e areia ou cimento, areia e cal,
respectivamente. Já para o concreto, o primeiro algarismo indica a quantidade de cimento, o
segundo de areia e o terceiro de brita. Outra informação importante na questão de dosagem e
propriedades do material é a relação água cimento (a/c), fornecida por um numeral e definida
pela NBR 12655 (ABNT, 2022, p. 5) como “a relação em massa entre o conteúdo efetivo de água e
o conteúdo de cimento Portland e outros materiais cimentícios”.

Calcula-se a dosagem atendendo a critérios econômicos e necessários no que tange às


características do concreto no estado fresco e endurecido, como a trabalhabilidade, a resistência,
a durabilidade e a deformabilidade (BAUER, 2019). Essa trabalhabilidade envolve a fluidez e
coesão do material e, com a utilização quase generalizada de aditivos plastificantes, o estudo
dessa característica passou a ser a otimização da dosagem, de forma a obter a melhor
trabalhabilidade, considerando a relação água/cimento e utilizando o aditivo para atingir a
característica requerida. Em geral, usa-se o método de ensaio proposto por Abrams, medindo a
consistência por meio do abatimento de tronco de cone, conhecido também como slump test
(BAUER, 2019).

A resistência mecânica do concreto relaciona-se com a tensão máxima necessária suportada


pelo material até sua ruptura (MEHTA; MONTEIRO, 2008). É a propriedade mais frequentemente
especificada nos projetos estruturais, em que a resistência característica à compressão (fck) é o
parâmetro principal no processo de dosagem e controle de qualidade dos concretos (TUTIKIAN;
HELENE, 2011; BAUER, 2019). Mehta e Monteiro (2008) relatam a vantagem da facilidade da
realização em laboratório dos ensaios de compressão uniaxial, sendo o ensaio da resistência à
compressão para o concreto aos 28 dias aceito universalmente como um índice geral da
resistência do concreto.

A durabilidade é a expectativa de vida de um material sob determinadas condições ambientais,


dependendo de muitas variáveis e associada, principalmente, aos mecanismos de transporte ou
de penetração de agentes agressivos por capilaridade, difusibilidade, migração iônica e
permeabilidade (MEHTA; MONTEIRO, 2008; TUTIKIAN; HELENE, 2011). É uma das propriedades
mais importantes a serem consideradas na execução de estruturas de concreto, visto que é
essencial que esse material suporte as condições às quais estará exposto ao longo de sua vida
útil (NEVILLE, 2013). A falta ou perda de durabilidade pode ser causada por agentes externos
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

oriundos do meio, como presença de sais, chuvas ácidas, umidade relativa e solicitações
mecânicas, ou por agentes internos ao concreto, como o tipo de cimento, a relação a/c, os
aditivos e as adições (TUTIKIAN; HELENE, 2011; NEVILLE, 2013).

Já a deformabilidade refere-se às deformações próprias que podem ocorrer em todos os


materiais e que podem ocasionar grandes interferências nos demais elementos construtivos.
Assim, cada vez mais, para o concreto, o módulo de elasticidade, a retração hidráulica, a
deformação inicial e, principalmente, a deformação lenta (fluência) têm sido especificados pelos
projetistas estruturais (TUTIKIAN; HELENE, 2011).

Vamos Exercitar?

Neste bloco, você compreenderá como a variação das proporções pode afetar a mistura e o
produto final (argamassa ou concreto). Uma consideração importante que fundamenta muitos
dos princípios e das escolhas dos procedimentos da dosagem do concreto é a de que o cimento
é um material muito mais caro do que os restantes e, por isso, deve-se tomar providências que
reduzam o seu consumo e custo, sem sacrificar as características de desempenho necessárias
(MEHTA; MONTEIRO, 2008). Com isso, um estudo de dosagem precisa ser realizado, visando,
como resultado, a uma mistura ideal e econômica, considerando uma determinada região e os
materiais disponíveis, de forma a atender aos requisitos que dependerão da aplicabilidade
(TUTIKIAN; HELENE, 2011).

As propriedades necessárias do concreto endurecido são especificadas pelo projetista estrutural,


enquanto as propriedades do concreto fresco são determinadas pelo tipo de obra e pelas
técnicas de transporte e lançamento (NEVILLE, 2013). Embora os métodos de dosagem tenham
divergências entre si, possuem alguns princípios em comum, como a resistência média de
dosagem, a correlação entre resistência à compressão e relação água/cimento para determinado
tipo e classe de cimento, a economia e a sustentabilidade, os quais devem nortear um estudo de
dosagem (TUTIKIAN; HELENE, 2011).

A quantidade de água, tanto em seu excesso quanto em sua escassez, pode auxiliar ou
prejudicar as propriedades da mistura. Enquanto a falta de água prejudica a reação de hidratação
do cimento, gerando um concreto de baixa qualidade e pouco plástico, seu acréscimo, apesar de
aumentar a trabalhabilidade, melhorando seu transporte e sua aplicação, quando realizada além
do recomendado, diminui a resistência, devido à criação de vazios, e aumenta a retração do
concreto, possibilitando o aparecimento de fissuras (NEVILLE, 2016; BAUER, 2019).

Esses vazios são representados por poros capilares na pasta de cimento, e seu aumento
significa o aumento da porosidade e permeabilidade do concreto endurecido, influenciando
também na durabilidade. Com o aumento da permeabilidade, o material torna-se menos durável,
visto que será menos resistente às interações do ambiente. Com isso, a permeabilidade do
concreto depende não apenas da dosagem, do adensamento e da cura mas também das
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

microfissuras ocasionadas por ciclos de temperatura e umidade ambientais (MEHTA; MONTEIRO,


2008).

Além disso, a granulometria dos agregados também interfere na consistência da mistura do


concreto. Ao variar a relação agregado miúdo/graúdo e manter constante o cimento e a água,
conforme a proporção de brita aumenta, chega-se a um ponto em que as pedras são colocadas
diretamente em contato uma com a outra, e a argamassa poderá, no máximo, preencher parte
dos vazios, resultando em uma grande perda de plasticidade e trabalhabilidade, assim como um
aumento do atrito interno, dificultando o adensamento (SOBRAL, 2000).

Ao variar-se a quantidade de cimento e conservar-se a quantidade de água, o aumento de


cimento enriquece a mistura, porém a torna cada vez mais seca. Já se você mantiver a relação
água/cimento constante, o aumento do cimento conduz a uma melhoria de plasticidade; quanto
maior o volume de pasta, mais espessa é a camada que envolve os grãos do agregado,
diminuindo o atrito interno. Ressalta-se, porém, que não se deve aumentar a quantidade de
cimento sem limite, porque, neste caso, ocorreria uma ligeira baixa na resistência, um aumento
de retração e uma maior tendência à segregação (SOBRAL, 2000; BAUER, 2019).

Saiba mais
Como você percebeu ao longo dessa aula, a tecnologia de dosagem do concreto é uma área
ampla e complexa, envolvendo diversos fatores. Assim, além dos materiais citados no texto,
aproveite esse espaço para aprimorar o conteúdo com as normas técnicas e conhecer mais
sobre os ensaios de determinação de consistência e resistência à compressão do concreto, além
de conhecer melhor o seu controle tecnológico. Para isso, é só copiar e colar no Google o que
está destacado em negrito nas referências normativas a seguir. Além disso, é interessante que
você leia o Capítulo 13 do livro base de nossos estudos (BAUER, 2019), o qual você encontra na
internet em sua versão anterior, do ano de 1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67. Concreto - Determinação da


consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739. Concreto – Ensaio de


compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2018.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019. (Capítulo 13 –
Controle tecnológico do concreto – p. 435-458.)

Referências
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de cimento Portland –


Preparo, controle e recebimento. Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2022.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Trad. Ruy Alberto Cremonini. São Paulo, SP:
Bookman, 2016.

NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do Concreto. Trad. Ruy Alberto Cremonini. 2. ed. São
Paulo: Bookman, 2013.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. Trad.


Cristina Borba. São Paulo, SP: Ibracon, 2008.

SOBRAL, H. S. Propriedades do concreto fresco. 5. ed. São Paulo, SP: Associação Brasileira de
Cimento Portland, 2000.

TUTIKIAN, B.; HELENE, P. Dosagem dos concretos de cimento Portland. In: GERALDO, C. I. (org.).
Concreto: ciência e tecnologia. v. 1. São Paulo: Ibracon, 2011. p. 415-451.

Aula 4
Aplicabilidade de argamassas e concretos

Aplicabilidade de argamassas e concretos

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Agora que você já leu o conteúdo proposto para essa unidade e compreendeu que os materiais
cimentícios necessitam de cuidados desde a escolha de materiais, a dosagem (traço), a
homogeneização, o correto transporte até sua aplicação, adensamento e cura, podendo adquirir
classificações distintas para atender às diferentes exigências, assista ao vídeo resumo da aula,
para um melhor entendimento dos conceitos abordados. Com ele, você poderá compreender
melhor sobre os conceitos abordados.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Ponto de Partida
Caro aluno, nesta aula, continuaremos o estudo dos materiais de construção civil, e você poderá
aprofundar o conhecimento iniciado na aula anterior. Seguiremos com conceitos relativos às
argamassas e aos concretos e expandiremos um pouco a visão em relação às suas aplicações,
bem como ao seu ganho de resistência ao serem associados ao aço, tanto como concreto
armado quanto protendido. Com isso, convido você para conhecer mais sobre esses materiais.
No final desta aula, você poderá entender sobre a construção de um icônico prédio da cidade de
São Paulo e outras obras que existem no Brasil que utilizam o concreto.

Vamos Começar!

O cimento Portland, quando associado à água, forma uma pasta com maior ou menor fluidez,
dependendo do percentual adicionado, envolvendo as partículas de agregados com diversos
tamanhos. Essa pasta pode ser moldada em variadas formas e, após a reação do cimento com a
água, endurece e faz o concreto adquirir resistência mecânica, tornando-o um material de
excelente desempenho estrutural (HELENE; ANDRADE, 2007). Assim, a pasta de cimento é
definida por Yazigi (2016, p. 264) como a “mistura de cimento e água, de consistência variável,
constituinte de uma argamassa ou concreto de cimento, ou quando utilizada na realização de
ensaios normais de cimento”.

Ao adicionar o agregado miúdo (areia) a essa pasta, tem-se a formação da argamassa. Com isso,
a argamassa é definida por ser um material com propriedades de endurecimento e aderência
executada a partir da mistura homogênea de aglomerante, agregado miúdo e água, podendo
conter aditivos ou adições minerais (CARASEK, 2007). Acrescentando-se o agregado graúdo na
argamassa, tem-se, então, o concreto.

Assim, a pasta, a argamassa e o concreto estão diretamente interligados, tendo suas


características relacionadas ao cimento utilizado e às suas propriedades físicas e químicas. Para
Bauer (2019), as propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos
distintos: no produto em pó, em sua condição natural; na mistura de cimento e água e
proporções convenientes de pasta; na mistura da pasta com areia, formando a argamassa. E
suas propriedades químicas relacionam-se de forma direta com o processo de endurecimento
por hidratação.

As argamassas podem ser categorizadas segundo diferentes critérios. Dentre essas


classificações, destaca-se (CARASEK, 2007):

Quanto à sua natureza, em que se denomina argamassa aérea e argamassa hidráulica.


Quanto ao tipo de aglomerante, podendo ser de cal, de cimento, de cimento e cal, de gesso
e gesso e cal.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

A cal, segundo Bauer (2019), é um aglomerante produzido a partir de rochas calcárias, composto,
principalmente, de cálcio e magnésio, na forma de um fino pó. Já o gesso é definido pelo autor
como um material produzido a partir da calcinação do minério natural gipso, composto,
principalmente, por sulfatos de cálcio e gipsita, procedente da matéria-prima.

Bauer (2019) relata que a cal e o gesso foram empregados, desde a Antiguidade, como ligantes
de fragmentos de rochas, viabilizando todo tipo de construção. Segundo o autor, a queima do
calcário foi uma prática adotada pelos gregos e romanos para a obtenção de um ligante à base
de cal, enquanto o gesso foi utilizado em importantes monumentos do Antigo Egito, como nas
pirâmides de Quéops.

A cal hidratada tem como principal aplicação a produção de argamassa com a função de reter a
água no estado fresco e contribuir para o endurecimento. Já o gesso é muito utilizado para fins
de revestimento de alvenaria e painéis para forros e divisórias (LISBOA et al., 2017). Carasek
(2007) cita, dentre as classificações referentes à função, a argamassa de assentamento, para
elevação e/ou encunhamento de alvenarias, e a argamassa de revestimento, utilizada para
revestir paredes, muros e teto, podendo receber ou não uma camada de acabamento.

Na próxima unidade, você se aprofundará em cada um desses outros materiais de construção.


Todavia, no bloco posterior a essa aula, continuaremos abordando os materiais cimentícios,
dando foco ao concreto e à sua relação com as armações, e veremos aplicações desses
materiais posteriormente.

Siga em Frente...
Helene e Andrade (2007) citam a cúpula de maior vão livre da Antiguidade, o Panteão de Roma,
como um uso espetacular do concreto. Essa construção teve a dimensão de seu vão livre
superado somente em 1912, na cobertura de um centro de exposições na Alemanha. A cúpula
romana, segundo os autores, possui espessura variável e decrescente dos apoios ao centro,
através do uso de diferentes agregados.

Para execução dessas grandes construções de concreto simples, era necessário um grande uso
de material, até sua associação ao ferro, que possibilitou estruturas mais esbeltas e com grandes
alturas. A forma de projetar e construir estruturas havia mudado, não sendo mais necessários “a
execução de arcos e abóbadas para vencer vãos, nem escoramentos tradicionais, nem vários
materiais sobrepostos, nem paredes estruturais para suportar cargas, bastavam pilares, vigas e
lajes de concreto” (HELENE; ANDRADE, 2007, p. 916).

Inicialmente, segundo relata Freitas (2011), não se sabia como cada material trabalharia estando
em conjunto, e pensou-se que existiriam dois principais problemas referentes à união do material
cimentício com o ferro (quando este passou a ser estudado), visto que esse último possui pouca
resistência às intempéries e ao fogo e, ao ser associado a uma mistura feita com água, pudesse
sofrer com o processo de corrosão e ferrugem. Entretanto, as experiências apresentaram
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

resultados opostos, em que o cimento envolvia o aço de tal forma que criava um sistema de
proteção, homogêneo e monolítico. Dessa forma, atualmente, temos tanto argamassa armada
quanto concreto armado para uso na construção.

No entanto, a conversão dos procedimentos e das experiências construtivas em teorias e


cálculos matemáticos comprovados não foi um processo simples, sendo a padronização feita a
partir de intensas pesquisas referentes à aderência, à compatibilização e ao comportamento do
sistema concreto e da armadura (FREITAS, 2011). Isso passou a tornar-se possível, segundo
Helene e Andrade (2007), com os métodos de cálculo desenvolvidos por Möersch e Köenen, na
Alemanha, e Coignet e Hennebique, na França, que desencadearam as duas primeiras normas de
projeto e execução publicadas em 1903, na Suíça e na Alemanha, seguidas pela norma de 1906,
na França, de 1907, na Inglaterra, e de 1910, nos EUA.

Já o Brasil publicou sua primeira norma em 1931, após a construção, no fim da década de 1920,
dos edifícios “A Noite”, no Rio de Janeiro, e “Martinelli”, em São Paulo, dois recordes mundiais em
altura, ultrapassando o Palácio Salvo, em Montevidéu, o primeiro a alcançar 100 m de altura no
início da década em questão. Posteriormente, em 1935, o arranha-céu Kavanagh, em Buenos
Aires, superou os 120 m de altura, tornando-se o maior edifício em concreto do mundo (HELENE;
ANDRADE, 2007).

Atualmente, já existem inúmeras normas que trazem recomendações atualizadas sobre o uso do
concreto armado nos diversos tipos de obras de construção civil (saneamento, edificações,
tratamento de água e esgotos, pontes e outras). Dentre elas, destacam-se as seguintes: NBR
7480 (ABNT, 2008), que regulamenta as especificações para o aço das armaduras para
estruturas de concreto armado; NBR 14026 (ABNT, 2012), que apresenta as especificações para
concreto projetado; NBR 9607 (ABNT, 2013), que traz o procedimento para a prova de carga em
estruturas tanto em concreto armado quanto protendido; NBR 6118 (ABNT, 2014), que apresenta
o procedimento para projetos de estruturas de concreto; NBR 9062 (ABNT, 2017), que
regulamenta o projeto e a execução de estruturas de concreto pré-moldado.

Vamos Exercitar?
O concreto, para ser aplicado, pode ser misturado através de um processo manual, muito
utilizado em pequenas obras, em betoneira, no próprio canteiro, ou comprado, misturado e
transportado em caminhões betoneiras, vindo de empresas especializadas. Assim, conforme sua
forma de fabricação, pode ser classificado como in loco ou pré-misturado (usinado), tendo esse
último método vantagens, como economia de materiais e maior controle tecnológico (COUTO et
al., 2013).

O concreto armado, visto no bloco anterior, é amplamente utilizado em diversas formas


construtivas, tendo como vantagem sua economia e fácil execução. Entretanto, em alguns casos,
torna-se necessário vencer grandes vãos entre pilares e pisos, tornando a melhor solução de
projeto o uso de estruturas em concreto protendido. Ele foi patenteado em 1928, na França, por
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Eugène Freyssinet, impulsionando o uso do concreto e viabilizando estruturas, como lajes planas
(simplificação protendida, em que não se faz necessária a execução de vigas) e pontes com
balanços sucessivos, de forma a vencer grandes vãos sem necessidade de escoramentos
(HELENE; ANDRADE, 2007). Apesar de sua execução ser um pouco mais complexa que o
concreto armado, pode trazer benefícios, como estruturas com menos aço e concreto e, por
consequência, mais leves e esbeltas.

Um grande exemplo de engenharia e arquitetura e do uso do concreto protendido é o icônico


prédio modernista do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), localizado na
Avenida Paulista, em São Paulo, projetado em 1957 e inaugurado em 1968 (CÁRDENAS, 2015).
Dentre as características que o tornam conhecido, destaca-se o grande vão livre de 70 metros,
por muito tempo considerado o maior da América Latina, e possível de ser construído devido ao
sistema de protensão (CÁRDENAS, 2015; SCHMID, 2022).

Seu sistema estrutural seguiu uma linha alternativa à usual proposta de Freyssinet, sendo
patenteado por Ferraz. As vigas protendidas dividem-se em duas superiores com 74 metros,
externas ao edifício e pintadas de vermelho em conjunto com os pilares, e que recebem somente
a carga da sua cobertura, e duas vigas internas com 70 metros, responsáveis pela carga dos dois
pavimentos, apoiando o piso superior do museu e suportando o peso do piso inferior através de
tirantes (CÁRDENAS, 2015; SCHMID, 2022). Daí, você pode perceber a complexidade de uma obra
de grande porte como essa, não é mesmo?

Também, é possível citar, dentre tantos exemplos de uso do concreto na construção civil: a
marquise da tribuna do Jockey Club do Rio de Janeiro, cujo balanço de 22,4 m foi recorde
mundial em 1926; o Elevador Lacerda, primeiro elevador urbano; a Ponte Emílio Baumgart
(inicialmente, Ponte Herval), construída em 1930, em Santa Catarina, com vão em viga reta de 68
m e sucessivos balanços; a estátua do Cristo Redentor, executada em 1931 em concreto armado
revestido com pedra sabão; a Usina Hidrelétrica de Itaipu, datada de 1982. Com diferentes
aplicações, a execução de uma estrutura de concreto decorre não somente do estudo físico e
químico dos materiais mas também do pensamento de sua geometria espacial e tridimensional.
Com isso, perceba que a estrutura e seu comportamento devem ser fatores inicialmente
pensados através do entendimento de suas partes independentes e do tipo de conexão que as
tornarão um único sistema (VASCONCELOS, 1992).

Saiba mais
Como as normas técnicas são extremamente importantes para o estudo dessa disciplina, a
seguir, há algumas sugestões, para que você aperfeiçoe seus conhecimentos. Também, é
importante que você veja as que foram citadas no bloco de referências dessa aula.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281. Argamassa para assentamento


e revestimento de paredes e tetos – Requisitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2005.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778. Argamassa e concreto


endurecidos – Determinação da absorção de água, índice de vazios e massa específica. Rio de
Janeiro, RJ: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655. Concreto de cimento Portland –


Preparo, controle e recebimento. Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2022.

Além disso, sugere-se a leitura do seguinte capítulo de livro:

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. Trad. Ruy Alberto Cremonini. 5. ed. São Paulo, SP:
Bookman, 2016. (Capítulo 13 – Concretos especiais – p. 678-753.)

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480. Aço destinado a armaduras para
estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14026. Concreto projetado —


Especificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9607. Prova de carga em estruturas de


concreto armado e protendido — Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto


– Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062. Projeto e execução de estruturas


de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2017.

BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 2. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.

CÁRDENAS, A. S. Masp: estrutura, proporção e forma. São Paulo, SP: Editora da Cidade, 2015.

CARASEK, H. Argamassas. In: ISAIA, G. C. (ed.). Materiais de construção civil e princípios de


ciência e engenharia de materiais. v. 2. São Paulo, SP: IBRACON, 2007. p. 922-969.

COUTO, J. A. S. et al. O concreto como material de construção. Caderno de Graduação – Ciências


Exatas e Tecnológicas – UNIT – Sergipe, v. 1, n. 3, p. 49-58, 2013. Disponível em:
https://periodicos.set.edu.br/cadernoexatas/article/view/552. Acesso em: 7 dez. 2022.

FREITAS, M. L. de. Modernidade Concreta: as grandes construtoras e o concreto armado no


Brasil, 1920 a 1940. 2011. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:


https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-13012012-140118/en.php/. Acesso
em: 1º dez. 2022.

HELENE, P.; ANDRADE, T. Concreto de cimento Portland. In: ISAIA, G. C. (ed.). Materiais de
construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. v. 2. São Paulo, SP: IBRACON,
2007. p. 905-944.

LISBOA, E. de S. et al. Materiais de construção: concreto e argamassa. 2. ed. Porto Alegre, RS:
SAGAH, 2017.

SCHMID, M. T. A protensão parcial do concreto. São Paulo, SP: Blucher, 2022.

VASCONCELOS, A. C. de. O concreto no Brasil: recordes, realizações, história. v. 1. 2. ed. São


Paulo, SP: Pini, 1992.

YAZIGI, W. A técnica de edificar. 15. ed. São Paulo, SP: Pini, 2016.

Aula 5
MATERIAIS CIMENTÍCIOS

Vídeo Aula Encerramento

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Caro aluno, ao longo desta unidade, apresentamos os conceitos de cimento, argamassa e


concreto, bem como sua história, suas classificações e suas diferentes aplicações. Neste vídeo
resumo, você poderá revisá-los, para que possa compreender melhor suas diferenças e sua
importância, reforçando os conteúdos necessários para sua aprendizagem referente aos
materiais construtivos. Bons estudos!

Ponto de Chegada
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Olá, estudante! Nesta unidade, você estudou definições relacionadas aos materiais cimentícios,
principalmente no que tange a concretos e argamassas. Agora é o momento de fixar e revisar
alguns dos conceitos vistos.

Mehta e Monteiro (2008, p. 10) definem o concreto como “um material compósito que consiste,
essencialmente, de um meio aglomerante no qual estão aglutinadas partículas ou fragmentos de
agregado”. Indicam, ainda, que o agregado é um material granular inerte, denominado como
graúdo, quando maior que 4,75 mm, e miúdo, quando menor que esse valor. Já o meio
aglomerante é formado pela mistura da água e do cimento, sendo este definido pelos autores
como um material seco, finamente pulverizado, chamado de hidráulico ao permanecer estável
em ambiente aquoso.

Ao longo da unidade, você viu, pelos autores mencionados, que o cimento por si só não é um
material com propriedades aglomerantes, sendo essas resultantes de sua hidratação.
Estudamos que o cimento comumente utilizado é denominado como cimento Portland, e que a
NBR 16697 (ABNT, 2018) o categoriza em diferentes classificações, dependendo de sua
aplicação, adições e resistência, podendo ser cimento Portland comum, composto, de alto forno,
pozolânico, de alta resistência inicial e branco. Esse material possui grande versatilidade,
podendo ser utilizado de várias formas, desde peças do mobiliário urbano, revestimentos e
artefatos decorativos até grandes obras, como barragens e edifícios.

Relembrando suas diversas fases, temos que esse material, ao ser associado à água, forma uma
pasta e, ao acrescentar-se o agregado miúdo, tem-se a argamassa, cujas propriedades de
endurecimento e aderência a fazem ser utilizada, por exemplo, para assentamento e
revestimento (CARASEK, 2007). Já o acréscimo de agregado graúdo nessa mistura nos fornece o
concreto que, como vimos, possui determinadas características tanto em seu estado fresco
quanto no endurecido, sendo essas diretamente relacionadas à proporção dos materiais
constituintes da mistura.

E, por fim, você também viu que o concreto, ao ser associado ao aço, passa a ser denominado de
concreto armado, enquanto, se houver aplicações prévias de tensão, é intitulado de concreto
protendido (LIMA et al., 2014). Dessa forma, após ler o material e assistir às aulas, você deve ter
percebido a grande utilização e importância do concreto na construção civil, com aplicabilidade
em elementos estruturais, na pavimentação, em pontes e viadutos, em edificações com grandes
vãos e dimensões, em obras de saneamento e tratamento de água, entre outras.

É Hora de Praticar!

Como uma forma de contextualizar sua aprendizagem nesta unidade e fixar os conceitos vistos
sobre controle tecnológico e traço de concreto, propõe-se, a seguir, um caso prático.
Imagine que você esteja trabalhando como técnico em uma empresa do ramo da construção, em
uma obra residencial, na qual está atuando como auxiliar na fase de concretagem de estruturas.
Nesta etapa, você está encarregado da verificação da qualidade do concreto usinado, de forma a
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

garantir que o traço proposto no projeto estrutural seja entregue pela empresa responsável pelo
fornecimento do material.
Nesse contexto, após um erro no produto entregue, você foi convidado a acompanhar o processo
de fabricação do concreto na central de dosagem, verificando a correta medição e proporção dos
materiais constituintes da mistura, de maneira que atenda às especificações do projeto. O traço
unitário especificado é de 1: 2,0: 3,5: 0,5 (cimento, areia fina, brita 12,5 mm e água) para uma
estrutura cujo volume é de 15 m³.
Após a execução de sua dosagem, o concreto é transportado em um caminhão betoneira, da
central de dosagem para a sua obra, no estado fresco. Deve-se garantir a trabalhabilidade do
material, sua consistência e sua coesão, devendo este ser manuseado e lançado de forma a
evitar fenômenos, como a segregação e a exsudação. Assim, ao ser recebido no canteiro de
obras, um dos importantes testes a ser realizado é o de abatimento do tronco de cone, como
forma de verificar a consistência do material.
Durante sua inspeção na central de dosagem e no canteiro de obras, foi solicitado que você
soubesse, para verificação, as seguintes informações:

A quantidade necessária de material (sacos de cimento, areia, brita e água) a ser inserida
para a fabricação do volume de concreto especificado em projeto. Para isso, utilize os
dados indicados a seguir, no Quadro 1, que representam as características físicas dos
materiais utilizados;
Os conceitos que definem os fenômenos de segregação e de exsudação na mistura do
concreto, assim como a importância da determinação da consistência e o método de
ensaio para sua verificação após recebimento do concreto pelo fornecedor, de modo que
você realize, antes do ensaio, uma breve instrução, para falar para os responsáveis pela
realização do ensaio a importância do procedimento.

Quadro 1 | Características físicas dos materiais


Materiais Cimento Areia fina Brita 12,5
mm
Massa específica 3,15 2,63 2,78
(kg/dm³)
Massa unitária - 1,50 1,38
(kg/dm³)
Umidade (%) - 3 -
Inchamento (%) - 30 -
Fonte: elaborado pela autora.

Você perceberá que um dos princípios da dosagem do concreto é o fato de que sua consistência
no estado fresco depende essencialmente da quantidade, por m³, de água. Essa propriedade
exerce, basicamente, duas funções: provocar a reação de hidratação do cimento hidráulico e
influenciar a trabalhabilidade da mistura. Através da curva de Abrams, é possível notar que,
quanto menor o valor resultante da relação a/c, maior será a resistência do concreto e menor
será sua permeabilidade; assim, como consequência, maior será sua durabilidade e qualidade
(MEHTA; MONTEIRO, 2008).
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

O traço do concreto demonstra a quantidade exata de agregado miúdo e graúdo a ser utilizada,
considerando uma unidade de cimento. Já o quanto de água deve ser acrescentada é variável,
pois dependerá da umidade em que a areia se encontra, além da trabalhabilidade e resistência
desejável. Desse modo, existem limitações máximas e mínimas na relação água/cimento,
dependendo da aplicação do concreto.
Considerando a garantia da qualidade dos materiais constituintes a serem empregados, tem-se
como um grande desafio sua mistura em proporções adequadas, tendo-se a fundamentação da
tecnologia do concreto na relação entre a água empregada e os materiais secos (SANTOS, 2018).

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16697. Cimento Portland — Requisitos.


Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2018.
BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.
CARASEK, H. Argamassas. In: ISAIA, G. C. (ed.). Materiais de construção civil e princípios de
ciência e engenharia de materiais. v. 2. São Paulo, SP: IBRACON, 2007. p. 922-969.
LIMA, C. I. V. et al. Concreto e suas inovações. Caderno de Graduação – Ciências Exatas e
Tecnológicas – UNIT – Alagoas, v. 1, n. 1, p. 31-40, 2014. Disponível em:
https://periodicos.set.edu.br/fitsexatas/article/view/1285/>. Acesso em: 7 dez. 2022.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. Trad.


Cristina Borba. São Paulo, SP: IBRACON, 2008.
SANTOS, L. F. dos. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
,

Unidade 3
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO

Aula 1
Gesso e materiais metálicos

Pedras ornamentais e materiais cerâmicos

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Olá, estudante! Neste vídeo, você verá um resumo relativo aos três blocos desta aula, bem como
uma síntese dos conteúdos propostos, com imagens ilustrativas. Use este momento para fixar os
conteúdos e como uma ferramenta auxiliar na resolução das questões. Bom estudo!

Ponto de Partida
Caro aluno, você iniciará os estudos da Aula 10, da Unidade 3, da disciplina Tecnologia dos
Materiais de Construção Civil. Nesta aula, abordaremos conceitos referentes a outros dois
materiais de construção utilizados como revestimento: pedras ornamentais e revestimento
cerâmico. As pedras ornamentais são usadas essencialmente como um material para
acabamentos ou decorações, com forte apelo estético, enquanto as cerâmicas são
revestimentos de uso amplo e diversificado dentro da construção civil. Ambas possuem a função
de revestir os pisos e as paredes das edificações e são grupos com uma grande variedade de
tipos de materiais.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Convido você a mergulharmos juntos neste campo do conhecimento e da atuação prática, visto
que o tema é de grande importância para sua formação técnica dentro do curso.

Bons estudos!

Vamos Começar!
Caro estudante, neste bloco, iniciaremos nossos estudos sobre dois tipos de materiais de
construção amplamente usados na engenharia civil, que são as pedras ornamentais e as mais
variadas cerâmicas. Ambas possuem suas classificações e particularidades para utilização,
assim como propriedades e características que as identificam.

Um dos tipos de revestimentos mais utilizados na construção civil é o revestimento cerâmico


(azulejos, porcelanato, pastilhas e outros), que apresenta propriedades, como resistência à
abrasão, ao atrito, a produtos químicos e a impactos, além de adequada absorção de água e
textura (SANTOS; REAL; LOPES, 2018). Os materiais cerâmicos possuem a argila como matéria-
prima e, em virtude de serem submetidos a tratamento térmico (queima) e conformação
(prensagem ou extrusão), alcançam um bom formato e resistência adequada (LOPES, 2017).

As vantagens do uso do revestimento cerâmico na construção consistem nas características do


material (REBELO, 2010), como durabilidade, facilidade de limpeza, qualidade do acabamento,
boa proteção aos elementos de vedação, isolamento térmico e acústico, estanqueidade,
segurança ao fogo e aspecto estético agradável.

As cerâmicas utilizadas como acabamento/revestimento na construção civil dividem-se em


“classes de usos”, segundo algumas de suas propriedades principais, como resistência à
abrasão e química, assim como resistência física do esmalte aplicado no material de
revestimento (MARGARIDA; KROLOW, 2017). Destaca-se, nesse contexto, a chamada
“classificação PEI” das cerâmicas. O PEI (Porcelain Enamel Institute) é a sigla que representa o
nome do instituto que regulamenta as normas para a classificação da resistência à abrasão de
superfícies e seus determinados usos, sendo distribuídos em numerais de 0 a 5.

Você sabe a diferença entre o porcelanato (cerâmica “branca”) e a cerâmica comum


(“vermelha”)? A cerâmica comum é composta, basicamente, de argila e outros materiais
inorgânicos, que passam por um processo de queima em alto forno, esmaltação e queima
novamente. As bordas do revestimento são mais abauladas, gerando juntas entre as peças
maiores do que o porcelanato. Pode ser utilizada em qualquer tipo de superfície, desde que tenha
especificação e resistência adequadas ao uso. Já o porcelanato é um produto cerâmico
prensado, que tem uma absorção baixíssima de água, o que ajuda na diminuição da dilatação e
na retração do material. As juntas são mais estreitas do que a cerâmica tradicional, tendo o
acabamento mais conhecido como “retificado”. Há também diferença de custo entre ambas as
cerâmicas (MARGARIDA; KROLOW, 2017), sendo a cerâmica comum mais barata.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Outro tipo de material importante é a pedra ornamental, a qual pode constituir-se como
revestimento, uma vez que se trata de rochas naturais, devidamente processadas e tratadas,
possuindo propriedades de resistência, durabilidade e beleza adequadas (SANTOS; REAL; LOPES,
2018). As principais rochas usadas na construção civil são granitos, mármores, quartzitos,
ardósias e arenitos. Cada uma apresenta propriedades e funcionalidades que possibilitam várias
aplicações em ambientes internos ou externos das edificações. Algumas propriedades físicas e
mecânicas das rochas que são de interesse para uso na construção são absorção de água,
módulo de ruptura (resistência à flexão), resistência à compressão e dilatação térmica.

O granito é a rocha natural mais utilizada nas construções, devido à sua alta resistência a riscos
e impactos, além da baixa porosidade e boa absorção de água. Todavia, é importante destacar o
mármore, rocha calcária de boa resistência, porém mais porosa que o granito, o que pode limitar
um pouco o seu uso (MARGARIDA; KROLOW, 2017).

Siga em Frente...

Caro estudante, agora que você sabe as propriedades e características desses dois materiais,
abordaremos algumas das principais normas e aplicações a respeito deles, as quais orientam
sua utilização na construção civil.

Os materiais cerâmicos possuem vários usos, desde componente da alvenaria a elemento


decorativo em banheiros, na forma de pastilhas, ou até mesmo como constituinte de
canalizações. Na construção civil, você encontrará tubos e conexões de cerâmica, as quais
precisam de controle tecnológico quanto às propriedades que são requeridas para canalizações,
descritas nas seguintes normas: NBR 6549 (ABNT, 1991a), NBR 6582 (ABNT, 1991b), NBR 7529
(ABNT, 1991c) e NBR 7530 (ABNT, 1991d). Todavia, os materiais cerâmicos possuem os
revestimentos como principal uso, tanto de pisos, o qual é regido pelas normas NBR 9817 (ABNT,
1987) e NBR 13753 (ABNT, 1997a), quanto de paredes internas e externas, cujas disposições
encontram-se nas normas NBR 13754 (ABNT, 1997b) e NBR 13755 (ABNT, 1997c),
respectivamente.

Quando utilizado na alvenaria estrutural, a sua execução e o seu controle precisam seguir as
orientações da NBR 15812-2 (ABNT, 2010a); já para uso em alvenaria sem função estrutural, os
procedimentos desse material se encontram na NBR 8545 (ABNT, 1984). Todavia, não é somente
a execução de alvenaria que necessita seguir as recomendações normativas, o assentamento
dos azulejos também, e estas estão descritas na NBR 8214 (ABNT, 1983e).

Com isso, os blocos e as placas cerâmicas são materiais bastante procurados como
componentes construtivos, entretanto, para a compra, é necessário ter atenção quanto aos
requisitos e às terminologias de cada um, especificados na NBR 15270-1 (ABNT, 2005a) e NBR
15270-2 (ABNT, 2005b), para uso em alvenaria de vedação e estrutural, respectivamente. Uma
vez que sejam usados como componentes de alvenaria, independentemente do tipo, os blocos
cerâmicos devem ser ensaiados de acordo com a NBR 15270-3 (ABNT, 2005c). Além disso, é
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CONSTRUÇÃO CIVIL

frequente o uso do tijolo maciço cerâmico para alvenaria, o qual deve ser padronizado e
verificado quanto às suas propriedades pelas seguintes normas: NBR 7170 (ABNT, 1983b),
NBR 8041 (ABNT, 1983d) e NBR 6460 (ABNT, 1983a).

As placas cerâmicas usadas para revestimento também recebem terminologias e classificações


específicas, as quais são determinadas na NBR 13816 (ABNT, 1997d) e na NBR 13817 (ABNT,
1997e), respectivamente. Tendo isso como base, estes mesmos componentes e/ou materiais de
construção precisam ser ensaiados (assim como os blocos cerâmicos), conforme orienta a NBR
13818 (ABNT, 1997f), para que a qualidade da obra seja garantida e comprovada. Um dos tipos
de cerâmicas mais comuns de serem utilizados em revestimento industrial é o porcelanato,
sendo seu uso orientado pela NBR 15463 (ABNT, 2013b).

As pedras ornamentais na construção possuem uso principal também referente a revestimentos,


sendo seu projeto, sua execução e sua inspeção regidos pela NBR 15846 (ABNT, 2010b). Além
disso, a NBR 15845 (ABNT, 2015) deve ser consultada, pois ela é dividida em oito partes, as quais
dispõem das várias propriedades requeridas para uso das rochas para revestimentos, dentre as
quais temos absorção de água, resistência ao impacto e módulo de ruptura.

É importante também, no momento de escolha deste tipo de revestimento, saber qual o tipo de
pedra utilizará. A NBR 15012 (ABNT, 2013a) elenca as terminologias existentes, e a NBR 15844
(ABNT, 2015a) relata os requisitos exigidos no caso da escolha pelo granito.

Vamos Exercitar?

Caro estudante, a resistência à abrasão é critério fundamental para a escolha do piso cerâmico.
A especificação em relação a este parâmetro físico, como visto anteriormente, é o chamado
índice PEI. A classificação dos pisos cerâmicos em função deste índice (com a respectiva
resistência à abrasão) é mostrada a seguir (SANTOS; REAL; LOPES, 2018):

PEI 0 - Baixíssima: esse tipo de cerâmica destina-se apenas a paredes.


PEI 1 - Baixa: este material pode ser usado em pisos residenciais (quartos e lavabos),
todavia não é recomendado para áreas que necessitam de limpeza pesada e constante.
PEI 2 - Média: material que pode ser utilizado em ambientes residenciais, com exceção de
cozinhas e entradas.
PEI 3 - Média/Alta: estas cerâmicas são utilizadas em pisos de ambientes internos
residenciais, como cozinhas, corredores, halls, sacadas e quintais; todavia, não devem ser
assentadas em locais com areia ou com sujeira abrasiva.
PEI 4 - Alta: deve ser usada em piso que resiste à bastante tráfego, seja em áreas internas
ou externas, como garagens, restaurantes e bancos.
PEI 5 - Altíssima (e sem manchas após abrasão): esta cerâmica deve ser usada para pisos,
em especial, nas áreas externas, seja em casas e no comércio (shoppings, padarias e
outros).
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Na aplicação do revestimento cerâmico, assim como para as pedras naturais, em ambientes


internos e externos, é necessário proceder-se sobre o substrato (base) com a aplicação das
camadas de chapisco e emboço para, posteriormente, com utilização de argamassa colante ou
adesiva, proceder-se com o assentamento das peças em pisos ou paredes (SANTOS; REAL;
LOPES, 2018).

Frascá (2002) propõe critérios para utilização das rochas (granitos, mármores, ardósias, arenitos
e calcários) como material para revestimento. Requisitos mínimos para propriedades, como
densidade, compressão axial, módulo de ruptura e flexão em quatro pontos para rochas
ornamentais usadas como revestimento, são apresentados no Quadro 3.1 presente na Unidade 3
do livro Materiais para Construção Civil II, disponível na biblioteca virtual. É importante salientar
que, por se tratar de um revestimento aplicado tanto em piso quanto em paredes, segundo a NBR
15846 (ABNT, 2010):

As placas pétreas de revestimento instaladas até a altura de 1,5 m do nível do piso devem resistir
a choques de corpo duro com energia de 3 J e choques de corpo mole com energia de 400 J,
sem que ocorram danos de qualquer espécie. A verificação de choques de corpo duro e corpo
mole fica a critério do projetista, de acordo com as normas referentes a este tema; o projetista
deve alertar sobre os fatores que influenciam na segurança e na durabilidade do revestimento
como eventuais sobrecargas e alterações por agentes poluentes e intempéries. (ABNT, 2010, [s.
p.])

A escolha da melhor rocha a ser utilizada requer, por parte do engenheiro ou do técnico
responsável, o conhecimento de suas propriedades, das condições ambientais do local onde ela
será aplicada e do uso.

Saiba mais

Como podemos observar em nossa aula, o uso dos materiais cerâmicos é amplo. Eles podem ser
usados, inclusive, em aparelhos sanitários, desde que a NBR 15097-1 (ABNT, 2011) seja
obedecida. Outro material cerâmico importante e vastamente usado é a telha cerâmica. A NBR
15310 (ABNT, 2009) dispõe dos requisitos e métodos de ensaio para esses materiais. Um dos
tipos de telha cerâmica mais usados no Brasil é a francesa, e esta, por sua vez, deve seguir as
recomendações da NBR 8039 (ABNT, 1983c), quanto ao projeto e aos procedimentos de
execução de telhados. Como forma de você se aprofundar no conteúdo, acesse o link a seguir
para conhecer os variados tipos de telha existentes.

Tipos Comuns de Telhas Cerâmicas

Referências
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CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6460. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria – Verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7170. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8039. Projeto e execução de telhados


com telhas cerâmicas tipo francesa – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8041. Tijolo maciço cerâmico para
alvenaria – Forma e dimensões – Padronização. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8214. Assentamento de azulejos –


Procedimentos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1983e.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8545. Execução de alvenaria sem


função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9817. Execução de piso com


revestimento cerâmico – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6549. Tubo cerâmico para canalizações
– Verificação da permeabilidade. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1991a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6582. Tubo cerâmico para canalizações
– Verificação da resistência à compressão diametral. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1991b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7529. Tubo e conexão cerâmicos para
canalizações – Determinação da absorção de água. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1991c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7530. Tubo cerâmico para canalizações
– Verificação dimensional. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1991d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13753. Revestimento de piso interno ou


externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de
Janeiro, RJ: ABNT, 1997a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13754. Revestimento de paredes


internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de
Janeiro, RJ: ABNT, 1997b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13755. Revestimento de paredes


externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante –
Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1997c.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13816. Placas cerâmicas para


revestimento – Terminologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1997d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13817. Placas cerâmicas para


revestimento – Classificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1997e.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13818: Placas cerâmicas para


revestimento – Especificação e métodos de ensaios. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1997f.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-1. Componentes cerâmicos –


Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2005a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-2. Componentes cerâmicos –


Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT,
2005b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-3. Componentes cerâmicos –


Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2005c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15310. Componentes cerâmicos –


Telhas – Terminologia, requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-2. Alvenaria estrutural — Blocos


cerâmicos – Execução e controle de obras. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2010a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15846. Rochas para revestimento –


Projeto, execução e inspeção de revestimento de fachadas de edificações com placas fixadas
por insertos metálicos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2010b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15097-1. Aparelhos sanitários de


material cerâmico – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15012. Rochas para revestimentos de


edificações – Terminologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15463. Placas cerâmicas para


revestimento – Porcelanato. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15844. Rochas para revestimento –


Requisitos para granitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015a.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-1. Rochas para revestimento –


Análise petrográfica. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-2. Rochas para revestimento –


Determinação da densidade aparente, da porosidade aparente e da absorção de água. Rio de
Janeiro, RJ: ABNT, 2015c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-3. Rochas para revestimento –


Determinação do coeficiente de dilatação térmica linear. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-4. Rochas para revestimento –


Determinação da resistência ao congelamento e degelo. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015e.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-5. Rochas para revestimento –


Determinação da resistência à compressão uniaxial. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015f.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-6. Rochas para revestimento –


Determinação do módulo de ruptura (flexão por carregamento em três pontos). Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2015g.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-7. Rochas para revestimento –


Determinação da resistência à flexão por carregamento em quatro pontos. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2015h.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15845-8. Rochas para revestimento –


Determinação da resistência ao impacto de corpo duro. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015i.

FRASCÁ, M. H. B. O. Caracterização tecnológica de rochas ornamentais e de revestimento:


estudo por meio de ensaios e análises e das patologias associadas ao uso. In: SIMPÓSIO SOBRE
ROCHAS ORNAMENTAIS DO NORDESTE, 3., 2002, Recife. Anais [...]. Recife, PE:CETEM, 2002.

LOPES, L. de F. Materiais de construção civil I. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional


S.A., 2017.

MARGARIDA, P.; KROLOW, F. Materiais, acabamentos e revestimentos. Londrina, PR: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2017.

REBELO, C. R. Projeto e execução de revestimento cerâmico - interno. 2010. Trabalho de


Conclusão de Curso (Especialização em Construção Civil) – Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2010.

SANTOS, L. F. dos; REAL, L. V.; LOPES, K. L. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 2
Pedras ornamentais e materiais cerâmicos

Madeira e vidros

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aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Olá, estudante! Neste vídeo, você verá um vídeo resumo relativo aos três blocos desta aula, bem
como uma síntese dos conteúdos propostos, com imagens ilustrativas. Use este momento para
fixar os conteúdos e como uma ferramenta auxiliar na resolução das questões. Bom estudo!

Ponto de Partida
Caro estudante, neste momento, você inicia os estudos da Aula 11, da Unidade 03, da disciplina
Tecnologia dos Materiais de Construção Civil. Nesta aula, abordaremos conceitos referentes a
outros dois importantes materiais de construção: madeira e vidros. A madeira é um material
natural e versátil que apresenta variadas aplicações na construção, como
revestimento/acabamento, estrutura de uma edificação, entre outras. Já os vidros são materiais
de uso predominante como acabamentos e decorações. São materiais com uma grande
variedade de tipos, classificações e usos.

Convido você a conhecer mais sobre este campo do conhecimento e da atuação prática, visto
que estes materiais são de grande importância para a construção civil

Vamos Começar!

Caro estudante, os dois materiais desta aula a serem abordados serão a madeira e os vidros. A
madeira é um material constituído pelo tecido lenhoso de plantas arbóreas e tem a função de
sustentação mecânica, sendo o principal produto mercantil florestal. Possui composição química
heterogênea, constituída por três principais elementos: a celulose, a hemicelulose e a lignina.
Todavia, a maior parte é de celulose (em torno de 50%), estando os demais componentes em
menor quantidade (LOPES, 2017).
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CONSTRUÇÃO CIVIL

A madeira é um material que possui propriedades que a tornam atraente em relação a outros
materiais. Entre essas propriedades, podemos destacar baixo consumo de energia para o
processamento, alta resistência, bom isolamento térmico e elétrico, além de ser um material de
fácil trabalhabilidade, seja manualmente ou através de máquinas (LOPES, 2017).

No que tange ao projeto e à utilização da madeira na construção, devemos ter atenção às


seguintes propriedades físicas e mecânicas: umidade (água de constituição, água de
impregnação e água livre), variação dimensional (retratibilidade) e resistência (resistência à
compressão, à tração, ao cisalhamento e à flexão). Os fatores que influenciam estas
propriedades são: densidade, umidade, defeitos de secagem, defeitos de processamento e
ataques biológicos de fungos e cupins (LOPES, 2017).

A madeira empregada na construção deve ser seca, com o teor de umidade em equilíbrio com o
ambiente. Essa secagem pode ser feita de forma natural ou artificial, sendo que a artificial tem
seu processo acelerado e a temperatura e a umidade podem ser controladas. Geralmente, esse
tipo de secagem traz às peças uma maior resistência mecânica e contra agentes de
deterioração. Alguns defeitos podem surgir nas peças no caso de secagens inadequadas (CALIL
JUNIOR; LAHR; DIAS, 2003; LOPES, 2017).

Já os vidros são materiais completamente distintos da madeira. São uma solução amorfa,
homogênea, de elevada viscosidade e super-resfriada, que resulta em um material frágil. A
composição mais comum contém 70% de sílica (SiO2); 15% de óxido de sódio (Na2O); 10% de
óxido de cálcio (CaO); 5% de outros compostos, como corantes ou alumina (Al2O3) (DIAS; CRUZ,
2009). São materiais classificados quanto à transparência, à planicidade, à coloração e à
colocação final na obra e divide-se em vários tipos diferentes, como temperado, laminado,
aramado etc. (SANTOS; REAL; LOPES, 2018).

O vidro é produzido através da fusão destes materiais a uma temperatura entre 1.450 °C e 1.550
°C. Após isso, ocorre a flutuação do vidro fundido no estanho líquido, para uniformização das
peças, o resfriamento controlado da temperatura (de 300 °C a 400 °C), polimento e, por último, o
corte, conforme as necessidades (BAUER, 2008). Suas propriedades de importância para a
construção civil são: propriedades mecânicas, como tensão de ruptura à flexão, módulo de
elasticidade e dureza; propriedades térmicas, como coeficiente de dilatação linear e
condutividade térmica. Essas propriedades são importantes tanto para dimensionar estruturas
de vidro quanto para realizar projetos relacionados ao conforto térmico e acústico de um
ambiente (SANTOS; REAL; LOPES, 2018).

Siga em Frente...

Caro estudante, agora que você sabe as propriedades e características desses dois materiais,
abordaremos algumas das principais normas e aplicações a respeito deles, as quais orientam
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CONSTRUÇÃO CIVIL

sua utilização na construção civil. As principais aplicações da madeira na construção civil,


conforme Lopes (2017), são:

Piso: a madeira mais utilizada ou de referência é a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron).


As peças de madeira para este uso, como tacos e tábuas corridas, devem ser secas
artificialmente em estufa. A NBR 15799 (ABNT, 2013) dispõe das diretrizes para pisos de
madeira com e sem acabamento, de modo a padronizá-los e classificá-los.
Andaimes, escoramentos e fôrmas para concreto: a madeira mais utilizada para estes usos
temporários é a pinho-do-Paraná (Araucaria angustifolia), devendo possuir de 18 a 23% de
umidade. Para o caso de uso de madeira compensada, existem recomendações quanto às
propriedades requeridas e às dimensões da madeira, as quais estão dispostas em normas,
como a NBR 1954 (ABNT, 2007a), a NBR ISO 2426-1 (ABNT, 2007b) e a NBR ISO 2426-2
(ABNT, 2007c).
Estrutura de coberturas: a mais utilizada é a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron),
devendo ser seca ao ar. As peças são compradas com antecedência ao seu uso (de três a
quatro meses). Além disso, as peças devem estar sobre pontaletes de madeiras, sem
contato com o solo. O projeto para estruturas de madeira é guiado pela NBR 7190 (ABNT,
1997), sendo a classificação da madeira serrada de coníferas provenientes de
reflorestamento para uso geral regida pela NBR 11700 (ABNT, 1992).
Forros, esquadrias, lambris e guarnições: as madeiras mais utilizadas são o pinho-do-
Paraná (Araucaria angustifolia) e a imbuia (Ocotea porosa). As peças devem ser secas,
com 10 a 12% de umidade. No caso das esquadrias, as peças devem receber tratamento,
como selantes e vernizes, antes da aplicação. A terminologia e a simbologia de
representação em projeto, assim como os requisitos das portas de madeira, são
especificados na NBR 15930-1 (ABNT, 2011a) e na NBR 15930-2 (ABNT, 2011b),
respectivamente, sendo a NBR 11711 (ABNT, 2003a) referente a portas e vedadores corta-
fogo com núcleo de madeira, para isolamento de riscos em ambientes comerciais e
industriais, possuindo, portanto, propósito de segurança de ambientes.

No caso dos vidros, estes estão presentes em todos os tipos de obras da construção civil, seja
nas janelas, portas, fachadas, divisórias e coberturas. O Quadro 4.5, do livro Materiais de
Construção Civil II (SANTOS; REAL; LOPES, 2018), disponível na biblioteca virtual, mostra as
principais aplicações dos vidros como material de acabamento na construção, os tipos mais
adequados para cada aplicação, bem como os casos mais usuais. Estas recomendações estão
de acordo com o preconizado na NBR 7199 (ABNT, 2016), que estabelece as regras gerais para
utilização deste material na construção civil quanto ao projeto, à execução e ao tipo de uso.
Todavia, estes vidros devem ser ensaiados, conforme NBR 14899-1 (ABNT, 2002); quando
necessário que este material seja resistente ao fogo, a NBR 14925 (ABNT, 2003b) deve ser
obedecida.

Quanto aos vidros, destacam-se aplicações destes em fachadas de edifícios, coberturas,


divisórias e boxes de banheiros. A NBR 14207 (ABNT, 2009) realiza recomendações para boxes
de banheiro fabricados com vidro de segurança, enquanto a NBR 16259 (ABNT, 2014b) rege os
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CONSTRUÇÃO CIVIL

sistemas de envidraçamento de sacadas, e a NBR 16023 (ABNT, 2012) prevê os requisitos, a


classificação e os métodos de ensaio de vidros revestidos para controle solar.

Vamos Exercitar?
Caro estudante, vimos até aqui o quanto conhecer as propriedades e características da madeira e
dos vidros pode facilitar quando estamos buscando um material para construção. No caso
destes dois, especificamente, mais que alguns outros materiais, em virtude de seu uso tão
requerido em obras.

Uma parte importante da aplicação da madeira como material de revestimento em obras trata-se
dos painéis de madeira e derivados. São compostos por camadas ou partes (partículas ou fibras)
de madeira das mais diferentes espécies consolidadas com uso de resina orgânica, calor e
pressão. Os painéis surgiram com a necessidade de suprir algumas características da madeira
maciça, como reduzir peso, custo e conferir maior estabilidade física e dimensional aos produtos
de madeira (LOPES, 2017; MARTINS, 2021). O desenvolvimento tecnológico no setor de painéis
ocasionou um grande aumento de produtos, entre eles, destacam-se: compensado, utilizado para
móveis, alambrados e divisórias de canteiro de obras; chapas de fibra, sendo a mais conhecida o
MDF – chapa de fibras de densidade média –, aplicada em rodapés e pisos; chapas de partículas,
em especial, o MDP, que são chapas de partículas de densidade média, aplicadas em portas,
prateleiras e divisórias (LOPES, 2017; MARGARIDA; KROLOW, 2017). A NBR 14810-1 (ABNT,
2014a) diz respeito à terminologia dos painéis de MDP.

Quando se trata da aplicação de pisos de madeira, o piso laminado (compensado) tem se


mostrado uma alternativa com boa aceitação no mercado, principalmente devido ao alto custo e
à pouca disponibilidade da madeira maciça. Este revestimento é aplicado sobre a laje de
concreto ou contrapiso, conferindo conforto e bom acabamento estético. Porém, apresenta
resistência relativamente baixa, o sistema de encaixe macho-e-fêmea, frequentemente, sofre
com quebras, e o material não é indicado para ser aplicado em ambientes úmidos, devido ao alto
nível de absorção de água (MARGARIDA; KROLOW, 2017). Independentemente do tipo de uso da
madeira, esta deve ser armazenada em um local seguro, coberto e ventilado, de modo a evitar a
ação da água.

Você já deve ter visto as belas fachadas em vidros dos arranha-céus das grandes cidades. Em
alguns desses prédios, inclusive, foram feitas sacadas de vidro, como é o caso do edifício Willis
Tower, em Chicago, nos EUA. Trata-se de uma estrutura de vanguarda na engenharia, de forte
apelo turístico. No entanto, você pode estar se perguntando: e se esse vidro vier a quebrar?

Estruturas como esta são formadas por um tipo de vidro chamado vidro de segurança laminado.
É produzido usando camadas de vidro laminado (folhas de vidro) unidas por películas de um
material adesivo, de modo que, se uma camada quebrar, os estilhaços ficam presos (unidos a
essa película). Foi justamente o que aconteceu no prédio citado, em 2014, quando uma das
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CONSTRUÇÃO CIVIL

camadas do vidro laminado se rompeu, porém não estilhaçou, devido a este sistema de
segurança, não colocando os usuários e a estrutura em risco (SANTOS; REAL; LOPES, 2018).

Saiba mais

Como vimos, o vidro é um material de grande importância. São apresentadas, a seguir, as normas
que tratam de diferentes tipos de vidros.

NBR 14697 (ABNT, 2001) – Vidro laminado.

NBR 14698 (ABNT, 2001) – Vidro temperado.

NBR 16015 (ABNT, 2012) – Vidro insulado – Características, requisitos e métodos de ensaio.

NBR NM 297 (ABNT, 2005) – Vidro impresso.

NBR 7334 (ABNT, 2012) – Vidros de segurança – Determinação dos afastamentos quando
submetidos à verificação dimensional e suas tolerâncias – Método de ensaio.

NBR 9492 (ABNT, 2014) – Vidros de segurança – Ensaio de ruptura – Segurança contra
estilhaços.

NBR 12067 (ABNT, 2001) – Vidro plano – Determinação da resistência à tração na flexão.

NBR NM 298 (ABNT, 2006) – Classificação do vidro plano quanto ao impacto.

NBR NM 293 (ABNT, 2004) – Terminologia de vidros planos e dos componentes acessórios para
a sua aplicação.

NBR NM 294 (ABNT, 2005) – Vidro float.

NBR NM 295 (ABNT, 2004) – Vidro aramado.

Como os tipos de vidro não foram abordados nessa aula, apesar da sua importância, no link a
seguir, você pode conhecer as características de cada um: Tipos de vidro

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11700. Madeira serrada de coníferas


provenientes de reflorestamento para uso geral - Classificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1992.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190. Projeto de estruturas de madeira.


Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12067. Vidro plano – Determinação da


resistência à tração na flexão. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14697. Vidro laminado. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14698. Vidro temperado. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14899-1. Blocos de vidro para a


construção civil – Parte 1: Definições, requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT,
2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11711. Portas e vedadores corta-fogo


com núcleo de madeira para isolamento de riscos em ambientes comerciais e industriais. Rio de
Janeiro, RJ: ABNT, 2003a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14925. Unidades envidraçadas


resistentes ao fogo para uso em edificações. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2003b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 293. Terminologia de vidros planos


e dos componentes acessórios a sua aplicação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 295. Vidro aramado. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 294. Vidro float. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 297. Vidro impresso. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 298. Classificação do vidro plano


quanto ao impacto. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1954. Madeira compensada -


Tolerâncias dimensionais. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2007a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 2426-1. Madeira compensada –


Classificação pela aparência superficial – Geral. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2007b.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 2426-2. Madeira compensada –


Classificação pela aparência superficial – Folhosas. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2007c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 2426-3. Madeira compensada –


Classificação pela aparência superficial – Coníferas. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2007d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14207. Boxes de banheiro fabricados


com vidro de segurança. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15930-1. Portas de madeira para


edificações - Parte 1: Terminologia e simbologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2011a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15930-2. Porta de madeira de edificação


- Parte 2: Requisitos. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2011b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7334. Vidros de segurança —


Determinação dos afastamentos quando submetidos à verificação dimensional e suas
tolerâncias e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16015. Vidro insulado — Características,


requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16023. Vidros revestidos para controle
solar — Requisitos, classificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15799. Pisos de madeira com e sem
acabamento – Padronização e classificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9492. Vidros de segurança — Ensaio de


ruptura — Segurança contra estilhaços. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14810-1. Painéis de partículas de média


densidade – Terminologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16259. Sistemas de envidraçamento de


sacadas — Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7199. Vidros na construção civil -


Projeto, execução e aplicações. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2016.

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. v. 2. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2008.

CALIL JUNIOR, C.; LAHR, F. A. R.; DIAS, A. A. Dimensionamento de elementos estruturais de


madeira. Barueri, SP: Manole, 2003.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

DIAS, G. G.; CRUZ, T. M. S. Plano de gerenciamento integrado de resíduos vítreos – PGIRV. Belo
Horizonte, MG: Fundação Estadual do Meio Ambiente; Fundação Israel Pinheiro, 2009.

LOPES, L. de F. Materiais de construção civil I. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional


S.A., 2017.

MARGARIDA, P.; KROLOW, F. Materiais, acabamentos e revestimentos. Londrina, PR: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2017.

MARTINS, R. H. B. Painel OSB sanduíche com núcleo ondulado de biomassa florestal residual.
2021. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais) – Universidade de São
Paulo, Pirassununga, 2021.

SANTOS, L. F. dos; REAL, L. V.; LOPES, K. L. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.

Aula 3
Madeiras e vidros

Tintas e vernizes

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Olá, estudante! Neste vídeo, você verá um resumo relativo aos três blocos desta aula, bem como
uma síntese dos conteúdos propostos, com imagens ilustrativas. Use este momento para fixar os
conteúdos e como uma ferramenta auxiliar na resolução das questões. Bom estudo!

Ponto de Partida

Caro estudante, iniciaremos agora os estudos da última aula desta unidade (Aula 12) da
disciplina Tecnologia dos Materiais de Construção Civil. Nesta aula, abordaremos conceitos
referentes às tintas e aos vernizes, que são materiais muito comuns e de grande importância
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

estética e de proteção nas obras. Eles se assemelham tanto em suas composições químicas
quanto no uso quanto nas aplicações dos materiais no âmbito da construção civil. Apesar disso,
um técnico deve compreender a diferença entre eles, para especificar e usar esses materiais de
forma adequada e eficaz. Portanto, convido você a conhecer mais sobre estes materiais de
construção, visto que eles são de grande importância para a construção civil.

Bons estudos!

Vamos Começar!

Caro estudante, neste bloco, iniciaremos nossos estudos sobre tintas e vernizes e, para isso,
entenderemos o que difere esses materiais e suas características e propriedades. Você sabe que
as tintas e os vernizes são soluções líquidas, aplicadas em superfícies, gerando um filme sólido,
uniforme e aderente após a secagem (BAUER, 2008). Com isso, são materiais de construção que
possuem as seguintes funções, conforme o ambiente e a aplicação em uma obra: estética e
decoração, higienização, proteção (impermeabilização e resistência ao fogo), segurança e
conforto ambiental (FREIRE, 2006).

Sabendo disso, qual a diferença entre tinta e verniz? Conforme a NBR 12554 (ABNT, 2013, p. 7),
tinta é a “composição química formada por uma dispersão de pigmentos em uma solução ou
emulsão de um ou mais polímeros, que, ao ser aplicada sobre uma superfície, transforma-se em
um filme a ela aderente, com a finalidade de colorir, proteger ou embelezar”, enquanto verniz é
um “revestimento orgânico, que, quando seco, forma um filme transparente, utilizado como
acabamento, em ambientes interiores e exteriores, para proteção e decoração de superfícies de
madeira, concreto, entre outros”.

Cada parte constituinte das tintas e dos vernizes possui sua própria característica e função, que,
conforme Santos, Real e Lopes (2018), pode ser:

Resina: polímero responsável pela aglutinação das partículas de pigmento; confere


resistência mecânica ao intemperismo e aderência ao substrato. Normalmente, são
aplicados resina alquídica (esmalte sintético), látex PVA ou látex acrílico.
Pigmento: partículas finas (de 0,1 μm a 5 μm) responsáveis pela coloração, pela opacidade
e pelo brilho às tintas, podendo ser orgânico ou inorgânico.
Solvente: material volátil, podendo ser água ou compostos orgânicos (como aguarrás,
álcoois, acetonas ou xilol). Dissolve a resina e confere a viscosidade de aplicação
adequada ao material. Após a aplicação de tintas e vernizes, o solvente volatiza, não
fazendo parte da composição final da tinta após secagem.
Aditivos: aplicados em pequenas quantidades (de 1% a 2% do volume total), são
compostos que conferem características especiais, como: aumento da resistência a fungos
e bactérias; modificação da viscosidade da tinta, para facilitar a aplicação; aceleração da
secagem; redução da formação de bolhas; inibição da corrosão; aumento da resistência à
radiação UV.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Dessa forma, os dois materiais são compostos por resina (polímeros que constituem a parte
sólida responsável por formar a película aderente à superfície), solvente (componente volátil) e
aditivos, sendo, portanto, polímeros compósitos. No caso das tintas, há a presença de
pigmentos, que conferem cor e brilho (CETESB, 2008). Assim, a diferença é que as tintas
possuem coloração, por causa da presença de pigmentos, já os vernizes não (SANTOS; REAL;
LOPES, 2018).

Essa diferença, mesmo que sutil, proporciona materiais com propriedades, características e
aplicações sensivelmente diferentes. Esta abordagem é fundamental para a compreensão das
particularidades de cada material, bem como para a especificação e uso de ambos na
construção.

Siga em Frente...

Caro estudante, agora que você já conhece um pouco sobre esses dois materiais, abordaremos
algumas das principais normas e aplicações a respeito deles, as quais orientam sua utilização na
construção civil. Primeiramente, você deve entender que o sistema de pintura é formado pela
tinta de acabamento e por outras fases, tais como (LOH, 2007 apud SANTOS; REAL; LOPES,
2018):

Fundo ou primer: material de primeira demão, que reduz a absorção do substrato e


uniformiza a superfície.
Fundo preparador: camada que promove a coesão de partículas soltas do substrato, o qual
é recomendado para superfícies de baixa qualidade ou com mal acabamento.
Massa: produto branco de base polimérica, que tem como objetivo regularizar a superfície a
ser pintada. Para ambientes internos, indica-se a massa corrida de PVA, enquanto, para os
externos, a de acrílico.
Tinta de acabamento: é a parte visível do acabamento; ou seja, a aplicação da tinta em si.

Para a escolha do sistema de pintura (fases constituintes), deve-se considerar os seguintes


aspectos: agressividade do ambiente a que a pintura será exposta; tipo de ambiente (interno ou
externo); condições climáticas (umidade e temperatura); tipo de uso ou ocupação da edificação;
natureza do substrato (madeira, alvenaria, concreto, argamassa, aço, cal, gesso) (SANTOS; REAL;
LOPES, 2018). As principais tintas e vernizes utilizados na construção civil e seus respectivos
substratos são (LOH, 2010 apud SANTOS; REAL; LOPES, 2018):

CASO 1: tintas (látex PVA, látex acrílico, látex textura, esmalte sintético, epóxi) e vernizes
(acrílico, poliuretano, epóxi). Substratos de aplicação: concreto, reboco, argamassa,
cerâmica e gesso.
CASO 2: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água) e vernizes (sintético,
poliuretano). Substratos de aplicação: madeira e seus derivados.
CASO 3: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água). Substratos de Aplicação:
PVC.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

CASO 4: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água, epóxi). Substratos de
Aplicação: materiais metálicos.

As tintas para construção civil possuem classificação e terminologia determinadas conforme a


NBR 11702 (ABNT, 2011) e a NBR 12554 (ABNT, 2013), respectivamente, para ambientes não
industriais. Possuir esse conhecimento garantirá que você compre a tinta adequada. Você deve
optar por uma tinta de qualidade, tendo em vista evitar degradação precoce do revestimento.
Todavia, diante da necessidade de avaliação dessa degradação, você pode utilizar a NBR ISO
4628-3 (ABNT, 2015).

As propriedades das tintas também são analisadas normativamente, assim como os demais
materiais que estudamos. A NBR 15380 (ABNT, 2015), por exemplo, rege a avaliação de
desempenho das tintas para edificações não industriais quanto à propriedade de resistência à
radiação UV e à condensação de água, enquanto a NBR 15381 (ABNT, 2006) remete ao grau de
empolamento. Além disso, é importante considerar o tempo de secagem das tintas e
dos vernizes – determinado pela NBR 15311 (ABNT, 2010) –, bem como a superfície em que o
material será aplicado, preparando-a adequadamente, conforme a NBR 13245 (ABNT, 2011), que
orienta a execução de pinturas em edificações não industriais.

Vamos Exercitar?
Caro estudante, agora, aprofundaremos o conhecimento tratando de uma situação prática do
cotidiano de obras da construção civil. Você sabe como é feita a quantificação de tintas e
vernizes a serem aplicados nos revestimentos de paredes e pisos?

Existem, basicamente, três etapas que devem ser realizadas, de modo a se definir a quantidade
de tinta ou verniz a ser aplicada. Essas etapas estão descritas a seguir (SANTOS; REAL; LOPES,
2018):

Etapa 1: identificar a área a ser pintada. No caso das paredes, lembre-se de descontar as
aberturas referentes às janelas e portas.
Etapa 2: calcular a área e multiplicar pelo número de demãos necessárias (no mínimo,
duas, a depender das recomendações de cada fabricante). No caso das tintas, é possível
obter amostras para aplicar na superfície a ser pintada e verificar a quantidade de demãos
necessárias para se obter a cor desejada. Sempre considere uma quantidade de material
extra, devido a possíveis perdas e falhas (em torno de 10%).
Etapa 3: dividir o valor da área pelo rendimento da tinta ou do verniz, informado pelo
fornecedor. O rendimento é a quantidade de metros quadrados que se consegue pintar com
1 L do material. A quantificação, portanto, é feita multiplicando-se a área a ser pintada pelo
número de demãos do material e dividindo-se este valor pelo rendimento do produto (m²/L)
informado na embalagem.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Agora que você já conhece as principais propriedades e os tipos de tintas e vernizes, suponha
que o engenheiro de uma obra solicita a sua ajuda, como técnico auxiliar, na quantificação de
tinta necessária para a pintura de acabamento das paredes internas de uma edificação. Trata-se
das paredes de um salão para eventos, e a área total (excluindo áreas de portas e janelas) é de
600 m². As paredes são revestidas com reboco de argamassa e a tinta escolhida foi a látex
acrílica (rendimento 14 m²/L), com duas demãos. Quantas latas de tinta você precisa comprar,
considerando que cada lata possui 18 litros?

Sabendo-se que a área total que receberá a pintura é de 600 m², você deve dividir este valor pelo
rendimento do produto (14 m²/L). Isso fará com que você obtenha um valor de,
aproximadamente, 42,86 L. Todavia, você deve se lembrar de sempre comprar uma quantidade
extra (10%), para o caso das prováveis perdas; assim, chegamos ao valor de 47,15 L de tinta
látex. Como serão necessárias duas demãos, você precisa multiplicar o valor obtido por 2,
chegando a 94,3 L. Dividindo este valor por 18, obtemos 5,24. Uma vez que não existe uma
quantidade de tintas que não seja um valor inteiro, você precisará comprar 6 latas para fazer a
pintura das paredes (com sobras), pois, se comprar 5 latas, correrá o risco de faltar.

Com isso, você chegou ao final desta unidade. Espero que ela tenha contribuído para aumentar o
seu conhecimento e interesse acerca dos materiais de acabamento e revestimento aplicados na
construção civil. Não deixe de consultar os materiais e livros indicados durante o curso, os quais
estão presentes na biblioteca virtual. A leitura mais aprofundada é fundamental e auxilia na
resolução dos exercícios propostos.

Saiba mais
Agora que você já conhece as propriedades, características, aplicações e normas para tintas e
vernizes, que tal aprofundar os conhecimentos sobre os sistemas de pintura na construção civil?
O material disponível no link a seguir ajudará você a conhecer ainda mais sobre este fascinante
mundo das pinturas (tintas e vernizes) no âmbito da construção civil. Boa leitura!

Pinturas (Tintas e Vernizes)

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15381. Tintas para construção civil –
Edificações não industriais - Determinação do grau de empolamento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT,
2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15311. Tintas para construção civil –
Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais –
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Determinação do tempo de secagem de tintas e


vernizes por medida instrumental. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11702. Tintas para construção civil –
Tintas para edificações não industriais – Classificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13245. Tintas para construção civil –
Execução de pinturas em edificações não industriais – Preparação de superfície. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12554. Tintas para edificações não
industriais – Terminologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15380. Tintas para construção civil –
Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais – Resistência à
radiação UV e à condensação de água pelo ensaio acelerado. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 4628-3. Tintas e vernizes –


Avaliação da degradação de revestimento – Designação da quantidade e tamanho dos defeitos e
da intensidade de mudanças uniformes na aparência – Avaliação do grau de enferrujamento. Rio
de Janeiro, RJ: ABNT, 2015.

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. v. 2. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2008.

COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Guia técnico ambiental tintas e


vernizes. São Paulo, SP: FIESP, 2008. Disponível em:
https://cetesb.sp.gov.br/consumosustentavel/wp-content/uploads/sites/20/2013/11/tintas.pdf.
Acesso em: 15 jan. 2023.

FREIRE, A. A. O uso das tintas na construção civil. 2006. Monografia (Especialização em


Construção Civil) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

SANTOS, L. F. dos; REAL, L. V.; LOPES, K. L. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.

Aula 4
Tintas e vernizes

Tintas e vernizes
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Olá, estudante! Neste vídeo, você verá um resumo relativo aos três blocos desta aula, bem como
uma síntese dos conteúdos propostos, com imagens ilustrativas. Use este momento para fixar os
conteúdos e como uma ferramenta auxiliar na resolução das questões. Bom estudo!

Ponto de Partida

Caro estudante, iniciaremos agora os estudos da última aula desta unidade (Aula 12) da
disciplina Tecnologia dos Materiais de Construção Civil. Nesta aula, abordaremos conceitos
referentes às tintas e aos vernizes, que são materiais muito comuns e de grande importância
estética e de proteção nas obras. Eles se assemelham tanto em suas composições químicas
quanto no uso quanto nas aplicações dos materiais no âmbito da construção civil. Apesar disso,
um técnico deve compreender a diferença entre eles, para especificar e usar esses materiais de
forma adequada e eficaz. Portanto, convido você a conhecer mais sobre estes materiais de
construção, visto que eles são de grande importância para a construção civil.

Bons estudos!

Vamos Começar!

Caro estudante, neste bloco, iniciaremos nossos estudos sobre tintas e vernizes e, para isso,
entenderemos o que difere esses materiais e suas características e propriedades. Você sabe que
as tintas e os vernizes são soluções líquidas, aplicadas em superfícies, gerando um filme sólido,
uniforme e aderente após a secagem (BAUER, 2008). Com isso, são materiais de construção que
possuem as seguintes funções, conforme o ambiente e a aplicação em uma obra: estética e
decoração, higienização, proteção (impermeabilização e resistência ao fogo), segurança e
conforto ambiental (FREIRE, 2006).

Sabendo disso, qual a diferença entre tinta e verniz? Conforme a NBR 12554 (ABNT, 2013, p. 7),
tinta é a “composição química formada por uma dispersão de pigmentos em uma solução ou
emulsão de um ou mais polímeros, que, ao ser aplicada sobre uma superfície, transforma-se em
um filme a ela aderente, com a finalidade de colorir, proteger ou embelezar”, enquanto verniz é
um “revestimento orgânico, que, quando seco, forma um filme transparente, utilizado como
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

acabamento, em ambientes interiores e exteriores, para proteção e decoração de superfícies de


madeira, concreto, entre outros”.

Cada parte constituinte das tintas e dos vernizes possui sua própria característica e função, que,
conforme Santos, Real e Lopes (2018), pode ser:

Resina: polímero responsável pela aglutinação das partículas de pigmento; confere


resistência mecânica ao intemperismo e aderência ao substrato. Normalmente, são
aplicados resina alquídica (esmalte sintético), látex PVA ou látex acrílico.
Pigmento: partículas finas (de 0,1 μm a 5 μm) responsáveis pela coloração, pela opacidade
e pelo brilho às tintas, podendo ser orgânico ou inorgânico.
Solvente: material volátil, podendo ser água ou compostos orgânicos (como aguarrás,
álcoois, acetonas ou xilol). Dissolve a resina e confere a viscosidade de aplicação
adequada ao material. Após a aplicação de tintas e vernizes, o solvente volatiza, não
fazendo parte da composição final da tinta após secagem.
Aditivos: aplicados em pequenas quantidades (de 1% a 2% do volume total), são
compostos que conferem características especiais, como: aumento da resistência a fungos
e bactérias; modificação da viscosidade da tinta, para facilitar a aplicação; aceleração da
secagem; redução da formação de bolhas; inibição da corrosão; aumento da resistência à
radiação UV.

Dessa forma, os dois materiais são compostos por resina (polímeros que constituem a parte
sólida responsável por formar a película aderente à superfície), solvente (componente volátil) e
aditivos, sendo, portanto, polímeros compósitos. No caso das tintas, há a presença de
pigmentos, que conferem cor e brilho (CETESB, 2008). Assim, a diferença é que as tintas
possuem coloração, por causa da presença de pigmentos, já os vernizes não (SANTOS; REAL;
LOPES, 2018).

Essa diferença, mesmo que sutil, proporciona materiais com propriedades, características e
aplicações sensivelmente diferentes. Esta abordagem é fundamental para a compreensão das
particularidades de cada material, bem como para a especificação e uso de ambos na
construção.

Siga em Frente...
Caro estudante, agora que você já conhece um pouco sobre esses dois materiais, abordaremos
algumas das principais normas e aplicações a respeito deles, as quais orientam sua utilização na
construção civil. Primeiramente, você deve entender que o sistema de pintura é formado pela
tinta de acabamento e por outras fases, tais como (LOH, 2007 apud SANTOS; REAL; LOPES,
2018):

Fundo ou primer: material de primeira demão, que reduz a absorção do substrato e


uniformiza a superfície.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Fundo preparador: camada que promove a coesão de partículas soltas do substrato, o qual
é recomendado para superfícies de baixa qualidade ou com mal acabamento.
Massa: produto branco de base polimérica, que tem como objetivo regularizar a superfície a
ser pintada. Para ambientes internos, indica-se a massa corrida de PVA, enquanto, para os
externos, a de acrílico.
Tinta de acabamento: é a parte visível do acabamento; ou seja, a aplicação da tinta em si.

Para a escolha do sistema de pintura (fases constituintes), deve-se considerar os seguintes


aspectos: agressividade do ambiente a que a pintura será exposta; tipo de ambiente (interno ou
externo); condições climáticas (umidade e temperatura); tipo de uso ou ocupação da edificação;
natureza do substrato (madeira, alvenaria, concreto, argamassa, aço, cal, gesso) (SANTOS; REAL;
LOPES, 2018). As principais tintas e vernizes utilizados na construção civil e seus respectivos
substratos são (LOH, 2010 apud SANTOS; REAL; LOPES, 2018):

CASO 1: tintas (látex PVA, látex acrílico, látex textura, esmalte sintético, epóxi) e vernizes
(acrílico, poliuretano, epóxi). Substratos de aplicação: concreto, reboco, argamassa,
cerâmica e gesso.
CASO 2: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água) e vernizes (sintético,
poliuretano). Substratos de aplicação: madeira e seus derivados.
CASO 3: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água). Substratos de Aplicação:
PVC.
CASO 4: tintas (a óleo, esmalte sintético, base solvente ou água, epóxi). Substratos de
Aplicação: materiais metálicos.

As tintas para construção civil possuem classificação e terminologia determinadas conforme a


NBR 11702 (ABNT, 2011) e a NBR 12554 (ABNT, 2013), respectivamente, para ambientes não
industriais. Possuir esse conhecimento garantirá que você compre a tinta adequada. Você deve
optar por uma tinta de qualidade, tendo em vista evitar degradação precoce do revestimento.
Todavia, diante da necessidade de avaliação dessa degradação, você pode utilizar a NBR ISO
4628-3 (ABNT, 2015).

As propriedades das tintas também são analisadas normativamente, assim como os demais
materiais que estudamos. A NBR 15380 (ABNT, 2015), por exemplo, rege a avaliação de
desempenho das tintas para edificações não industriais quanto à propriedade de resistência à
radiação UV e à condensação de água, enquanto a NBR 15381 (ABNT, 2006) remete ao grau de
empolamento. Além disso, é importante considerar o tempo de secagem das tintas e
dos vernizes – determinado pela NBR 15311 (ABNT, 2010) –, bem como a superfície em que o
material será aplicado, preparando-a adequadamente, conforme a NBR 13245 (ABNT, 2011), que
orienta a execução de pinturas em edificações não industriais.

Vamos Exercitar?
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Caro estudante, agora, aprofundaremos o conhecimento tratando de uma situação prática do


cotidiano de obras da construção civil. Você sabe como é feita a quantificação de tintas e
vernizes a serem aplicados nos revestimentos de paredes e pisos?

Existem, basicamente, três etapas que devem ser realizadas, de modo a se definir a quantidade
de tinta ou verniz a ser aplicada. Essas etapas estão descritas a seguir (SANTOS; REAL; LOPES,
2018):

Etapa 1: identificar a área a ser pintada. No caso das paredes, lembre-se de descontar as
aberturas referentes às janelas e portas.
Etapa 2: calcular a área e multiplicar pelo número de demãos necessárias (no mínimo,
duas, a depender das recomendações de cada fabricante). No caso das tintas, é possível
obter amostras para aplicar na superfície a ser pintada e verificar a quantidade de demãos
necessárias para se obter a cor desejada. Sempre considere uma quantidade de material
extra, devido a possíveis perdas e falhas (em torno de 10%).
Etapa 3: dividir o valor da área pelo rendimento da tinta ou do verniz, informado pelo
fornecedor. O rendimento é a quantidade de metros quadrados que se consegue pintar com
1 L do material. A quantificação, portanto, é feita multiplicando-se a área a ser pintada pelo
número de demãos do material e dividindo-se este valor pelo rendimento do produto (m²/L)
informado na embalagem.

Agora que você já conhece as principais propriedades e os tipos de tintas e vernizes, suponha
que o engenheiro de uma obra solicita a sua ajuda, como técnico auxiliar, na quantificação de
tinta necessária para a pintura de acabamento das paredes internas de uma edificação. Trata-se
das paredes de um salão para eventos, e a área total (excluindo áreas de portas e janelas) é de
600 m². As paredes são revestidas com reboco de argamassa e a tinta escolhida foi a látex
acrílica (rendimento 14 m²/L), com duas demãos. Quantas latas de tinta você precisa comprar,
considerando que cada lata possui 18 litros?

Sabendo-se que a área total que receberá a pintura é de 600 m², você deve dividir este valor pelo
rendimento do produto (14 m²/L). Isso fará com que você obtenha um valor de,
aproximadamente, 42,86 L. Todavia, você deve se lembrar de sempre comprar uma quantidade
extra (10%), para o caso das prováveis perdas; assim, chegamos ao valor de 47,15 L de tinta
látex. Como serão necessárias duas demãos, você precisa multiplicar o valor obtido por 2,
chegando a 94,3 L. Dividindo este valor por 18, obtemos 5,24. Uma vez que não existe uma
quantidade de tintas que não seja um valor inteiro, você precisará comprar 6 latas para fazer a
pintura das paredes (com sobras), pois, se comprar 5 latas, correrá o risco de faltar.

Com isso, você chegou ao final desta unidade. Espero que ela tenha contribuído para aumentar o
seu conhecimento e interesse acerca dos materiais de acabamento e revestimento aplicados na
construção civil. Não deixe de consultar os materiais e livros indicados durante o curso, os quais
estão presentes na biblioteca virtual. A leitura mais aprofundada é fundamental e auxilia na
resolução dos exercícios propostos.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Saiba mais

Agora que você já conhece as propriedades, características, aplicações e normas para tintas e
vernizes, que tal aprofundar os conhecimentos sobre os sistemas de pintura na construção civil?
O material disponível no link a seguir ajudará você a conhecer ainda mais sobre este fascinante
mundo das pinturas (tintas e vernizes) no âmbito da construção civil. Boa leitura!

Pinturas (Tintas e Vernizes)

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15381. Tintas para construção civil –
Edificações não industriais - Determinação do grau de empolamento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT,
2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15311. Tintas para construção civil –
Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais –
Determinação do tempo de secagem de tintas e
vernizes por medida instrumental. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11702. Tintas para construção civil –
Tintas para edificações não industriais – Classificação. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13245. Tintas para construção civil –
Execução de pinturas em edificações não industriais – Preparação de superfície. Rio de Janeiro,
RJ: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12554. Tintas para edificações não
industriais – Terminologia. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15380. Tintas para construção civil –
Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais – Resistência à
radiação UV e à condensação de água pelo ensaio acelerado. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 4628-3. Tintas e vernizes –


Avaliação da degradação de revestimento – Designação da quantidade e tamanho dos defeitos e
da intensidade de mudanças uniformes na aparência – Avaliação do grau de enferrujamento. Rio
de Janeiro, RJ: ABNT, 2015.

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. v. 2. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2008.


Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Guia técnico ambiental tintas e


vernizes. São Paulo, SP: FIESP, 2008. Disponível em:
https://cetesb.sp.gov.br/consumosustentavel/wp-content/uploads/sites/20/2013/11/tintas.pdf.
Acesso em: 15 jan. 2023.

FREIRE, A. A. O uso das tintas na construção civil. 2006. Monografia (Especialização em


Construção Civil) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

SANTOS, L. F. dos; REAL, L. V.; LOPES, K. L. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.

Aula 5
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO

Vídeo Aula Encerramento

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aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Olá, estudante! Neste vídeo, você verá um resumo relativo as aulas da Unidade 3 da disciplina de
Tecnologia dos Materiais de Construção. Abordaremos as propriedades e aplicações de
materiais, como gesso, cerâmicas, pedras e madeiras. Use este momento para retomar os
conteúdos e como uma ferramenta auxiliar na resolução das questões. Bom estudo!

Ponto de Chegada
Nesta aula, você verá os principais conceitos abordados na Unidade 3, ou seja, retomaremos e
analisaremos os conceitos fundamentais no que tange às propriedades e aplicações dos
materiais mais comuns utilizados na construção civil e que foram tema dessa unidade, como
gesso, revestimento cerâmico, pedras ornamentais, madeiras, produtos derivados de madeira,
entre outros.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Você já parou para se perguntar o que é um revestimento e qual sua utilidade em uma obra? O
revestimento configura-se no emprego de materiais em uma obra com a função de proteger os
elementos construtivos (alvenaria, estrutura, piso etc.) e possibilitar o acabamento (função
estética). É empregado, basicamente, em paredes, pisos e tetos de uma edificação (SANTOS;
REAL; LOPES, 2018).

Um dos materiais utilizados para isso, como você viu nesta unidade, é o gesso, o qual possui
como principais propriedades: boa aderência, isolamento térmico e acústico, acabamento fino e
liso, estética e considerável resistência ao fogo. Este material é aplicado, principalmente, em
revestimentos e decorações interiores, ornamentação, painéis para paredes e forros (LOPES,
2017).

Outro tipo de revestimento que você viu foi o cerâmico, usado interna e externamente em
edificações, com propriedades, como resistência à abrasão, atrito, resistência a produtos
químicos, impactos, além de adequada absorção de água e textura (SANTOS; REAL; LOPES,
2018). As vantagens do uso do revestimento cerâmico na construção, segundo Rebelo (2010),
consistem nas características do material, como durabilidade, facilidade de limpeza, qualidade
do acabamento, boa proteção aos elementos de vedação, isolamento térmico e acústico,
estanqueidade, segurança ao fogo e aspecto estético agradável.

A madeira (outro material que foi abordado) destaca-se pelo baixo consumo de energia para o
processamento, alta resistência, bom isolamento térmico e elétrico, além de ser um material de
fácil trabalhabilidade, seja manualmente ou através de máquinas (LOPES, 2017). No que tange ao
projeto e à utilização, pode ser usada em várias etapas, desde a estrutura até o acabamento.
Uma parte importante da aplicação da madeira como material de revestimento em obras trata-se
dos painéis de madeira e derivados. São compostos por camadas ou partes (partículas ou fibras)
de madeira das mais diferentes espécies, consolidadas com uso de resina orgânica, calor e
pressão.

Estes não são os únicos materiais de revestimentos, mas são, dentre o que vimos, os que mais
se destacam em obras de construção civil. Todavia, esteja sempre atento às inovações do
mercado, às novas práticas construtivas que forem surgindo e a todas as opções regionais.
Adiante, haverá um estudo de caso para análise de sua percepção em relação ao conteúdo visto
nesta unidade. Lembre-se: a escolha dos materiais baseia-se, principalmente, em suas
características e propriedades, assim como nas características da obra e de seu entorno.

Bons estudos!

É Hora de Praticar!

Caro estudante, como uma forma de contextualizar sua aprendizagem nessa unidade e fixar os
conceitos vistos sobre propriedades e aplicações dos materiais e revestimentos, é proposto um
estudo de caso prático.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Imagine que você esteja trabalhando como um técnico auxiliar na parte de engenharia civil em
uma empresa do ramo da construção, em uma obra residencial, na qual está atuando na fase de
acabamento da obra. Nesta etapa, você está como encarregado de auxiliar o engenheiro na
escolha dos materiais, na execução e no controle de qualidade.
Neste contexto, surgiu um impasse entre a equipe técnica e o proprietário da obra sobre quais
tipos de revestimentos e acabamentos deveriam ser utilizados em determinados cômodos e
partes da casa (cozinha, dormitórios, banheiro e lavanderia). Sendo assim, os colegas de
trabalho, sabendo de seus conhecimentos relativos aos materiais de construção, solicitaram a
sua ajuda para auxiliá-los nas tomadas de decisão. Sua incumbência é realizar os seguintes
passos e justificar cada escolha ou decisão tomada:

1. Definir quais revestimentos e acabamentos serão aplicados em pisos, paredes e tetos,


levando em consideração os materiais apresentados nesta unidade.
2. Definir como será a aplicação de cada revestimento (argamassa colante, demãos de tinta
etc.).
3. Onde houver a aplicação de piso cerâmico, especificá-lo de acordo com a tabela PEI
(Porcelain Enamel Institute).

Trata-se de uma obra de alvenaria convencional e estrutura de concreto armado, com pilares e
vigas de concreto e lajes de lajotas de cerâmica. Os pisos e as paredes foram revestidos com
argamassa de revestimento. Trata-se de uma residência unifamiliar de pequeno porte.
Nestes casos, você, como profissional, precisa fazer uma descrição sucinta contendo
orientações gerais sobre tipo e aplicação dos materiais, para que o engenheiro possa elaborar
um projeto e entregar ao pedreiro contratado para fazer o serviço.
É hora de mostrar que, com o conhecimento aprendido nesta unidade, você tem as competências
para realizar um levantamento de informações, pesquisar sobre os materiais e suas aplicações,
assim como justificar, por meio de estudos e memoriais de especificações, os materiais
sugeridos para seu cliente.
As seguintes questões básicas devem ser analisadas para que a escolha do material tenha um
bom resultado: perfil do cliente; utilização – função; frequência de uso; condições de exposição
do material às intempéries (sol, chuva etc.); custo-benefício; se atende às necessidades práticas
do cliente; se atende às necessidades estéticas do projeto; manutenção; necessidades e
aplicações específicas do material; entre outras (MARGARIDA; KROLOW, 2017).
Boas reflexões e bom estudo!

Caro aluno, o desafio proposto é um teste para desafiá-lo no sentido de avaliar a sua
aprendizagem e capacidade de aplicação dos conhecimentos em um contexto prático. As
tomadas de decisões fazem parte do cotidiano da profissão, e você deve estar preparado para
isso.
Nunca se esqueça de que, na maioria dos casos, não há uma única solução para determinado
problema. Ter o conhecimento, a experiência e o pensamento crítico-reflexivo é de extrema
importância para a profissão. Este é o momento ideal para se desafiar sem medo de errar.
Sua participação é primordial para o sucesso da equipe. Dedique-se, consulte os livros
disponíveis na biblioteca virtual e mantenha-se informado sobre as atualizações constantes das
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

normas técnicas, pois, dessa forma, você fará a diferença em um mercado cada vez mais
competitivo.
A seguir, você verá uma possível resolução para o impasse surgido em um ambiente profissional
(Estudo de Caso), porém não quer dizer que essa é a única solução para a situação-problema.
Bons estudos!

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

LOPES, L. de F. Materiais de construção civil I. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional


S.A., 2017.
MARGARIDA, P.; KROLOW, F. Materiais, acabamentos e revestimentos. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2017.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

REBELO, C. R. Projeto e execução de revestimento cerâmico - interno. 2010. Trabalho de


Conclusão de Curso (Especialização em Construção Civil) – Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2010.
SANTOS, L. F. dos; REAL, L. V.; LOPES, K. L. Materiais de construção civil II. Londrina, PR: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
,

Unidade 4
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS

Aula 1
Materiais de Construção e meio ambiente

Materiais de construção e meio ambiente

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Caro aluno, você concluiu outra etapa importante do seu processo de aprendizagem nesta
unidade. Parabéns! Para finalizar a aula, convidamos você a assistir a esse vídeo introdutório que
resumirá o conteúdo desenvolvido nos três blocos da aula. Você relembrará os conceitos básicos
da sustentabilidade aplicada aos materiais de construção e as características que tornam um
material sustentável; ainda, verá fotografias de exemplos desses materiais que são utilizados em
obras. Preste atenção, para que todas as suas dúvidas sejam sanadas.

Ponto de Partida

Prezado estudante, seja bem-vindo a esta unidade da disciplina de Tecnologia dos Materiais de
Construção Civil. Até aqui, você tem se aprofundado em vários tipos de materiais de construção,
compreendendo particularidades de suas características, propriedades, aplicações e afins. Com
isso, nesta aula, abordaremos os materiais sustentáveis e sua relação com o meio ambiente em
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

que estamos inseridos. Você compreenderá a importância de se ter materiais sustentáveis em


uma obra, como a sustentabilidade pode se associar aos materiais de construção, as
características dos materiais que conseguem trazer a abordagem sustentável para seu uso e, por
fim, como isso se aplica na construção civil.

Aproveite essa jornada, pois ela traz uma abordagem que você necessitará compreender para
aplicar quando estiver inserido no mercado de trabalho. Boa aula!

Vamos Começar!
Caro estudante, precisamos ter em mente que os materiais fizeram parte da história do homem.
No princípio, o homem empregava os materiais da mesma forma que os encontrava na natureza,
passando a modelá-los conforme as suas necessidades. Podemos exemplificar o caso do
concreto, pensado para ser resistente como a pedra, porém de moldagem similar à argila, para
facilitar o processo construtivo. Outro exemplo foi a necessidade de criar estruturas capazes de
vencer grandes vãos, criando-se o concreto-ferro, conhecido como concreto armado atualmente
(MIANA, 2010).

Após o início da utilização do concreto armado, conforme Rembiski (2012), a continuidade dos
avanços das pesquisas sobre os aços fez com que o concreto protendido surgisse para ser
utilizado em inúmeras estruturas que temos hoje. Há, ainda, exemplos das madeiras e rochas, as
quais, por conta de suas imperfeições naturais, acabam enfrentando cada vez mais concorrência
de produtos industrializados, que acabam substituindo-as e apresentando vantagens. Todavia, é
importante observar as necessidades construtivas para cada obra em particular.

Precisamos entender que tanto as técnicas construtivas quanto os materiais se modificam com
o tempo, e isso associa-se à evolução do homem e da tecnologia que este dispõe para uso, que o
possibilita melhores condições (qualidade) de vida. Logo, os materiais utilizados para edificar as
construções não estão mais limitados a pedras e tijolos. Hoje, temos a aplicação, por exemplo,
de painéis pré-moldados, blocos de concreto e paredes drywall, que substituem esses materiais
convencionais e ainda oferecem vantagens associadas à sua utilização, como a racionalização
da obra e a rapidez na execução. O mesmo acontece na parte dos acabamentos: os materiais
não mais se limitam às “pastas” argamassadas, cerâmicas ou madeiras. Há uma gama de
materiais compostos ou elaborados de forma industrial, apresentando vastas opções de
propriedades ou variações de um mesmo material.

É primordial, para os profissionais atuantes no setor da construção civil, conhecer as


propriedades dos materiais construtivos, pois vários fatores dependem de sua escolha para o
sucesso da obra. Dentre estes, podemos citar a economia da obra, a relação custo-benefício, a
necessidade de manutenções e o intervalo em que estas devem ocorrer. Com isso, possuir esse
conhecimento também é fundamental na argumentação com o cliente. Fazer a opção entre um
ou outro material acaba até mesmo definindo diretrizes e estratégias que devem ser utilizadas
para que se evitem atrasos no tempo de execução e entrega da obra.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Além disso, o cliente ou contratante do serviço, assim como o consumidor final (usuário que
utilizará o espaço que está sendo construído), necessitam de segurança com relação a tudo que
o produto pode oferecer. Dessa forma, uma insegurança relativa aos materiais e processos
construtivos pode fazer com que se desista do investimento e/ou se opte pelo convencional, de
modo a não arriscar, em virtude do repasse de informações imprecisas.

Siga em Frente...

Caro estudante, a construção civil tem escolhido materiais que agridem menos o meio ambiente,
protegendo as gerações futuras e entendendo que é necessário respeitar a reciclagem dos
materiais naturais. Porém, não confunda a sustentabilidade dos materiais com a sua origem,
pois um material não se torna sustentável apenas porque é “verde” ou feito de materiais
orgânicos. Para determinar se um material é sustentável, precisamos considerar o ambiente que
ele e a obra estão inseridos (MARTINEZ; AMORIM, 2010).

Com isso, além dos fatores ambientais, é fundamental que os fatores econômicos e sociais
sejam respeitados. O aspecto econômico considera a necessidade de menos gastos, o ambiental
visa a menos impactos negativos ao meio ambiente, e o social considera menos prejuízos à
população e vida em comunidade. Esses três fatores são conhecidos como o tripé da
sustentabilidade, e compõem características primordiais que os materiais necessitam possuir
para serem “sustentáveis”. Portanto, materiais sustentáveis, muitas vezes, são considerados
aqueles que buscam economia energética e racionalização de recursos, possuem um
planejamento de descarte que permite sua reutilização para outras funcionalidades, reduzem a
necessidade de manutenção, usam em sua composição outros materiais adquiridos na natureza
de forma fácil e sem danos e não causam doenças ou poluição, de modo a prejudicar a vida do
ser humano.

Apesar de não se constituir uma característica que promova o material de construção a ser um
material considerado sustentável, é imprescindível que qualquer material sustentável escolhido
para ser utilizado em obra esteja amparado pelo aspecto técnico. Isso diz respeito à
padronização referente ao tipo específico de material que será usado, o qual é regido por normas
que garantem o controle tecnológico necessário à finalidade de uso a que se destina. Dessa
forma, um material sustentável, além de todos os requisitos anteriormente citados, deve
obedecer às exigências de padronização de seu país. No caso do Brasil, da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). Materiais que tenham sua composição modificada deverão,
portanto, possuir nova composição que atenda de forma mínima às exigências normativas;
todavia, em muitos casos, as propriedades e características desses materiais superam as dos
materiais convencionais.

Além disso, mesmo sendo fundamentais, os aspectos referentes ao tripé sustentável e o fator
técnico não são os únicos a serem considerados para um material sustentável. Existem, ainda,
fatores secundários, os quais não constituem características para o material ser tido como
sustentável, mas, sem dúvida, são requisitados ao se procurar materiais, que é o aspecto
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

estético. Com o uso cada vez maior da tecnologia, a estética passou a ser vista como um fator
importante na arquitetura, e essa se funde muito fácil à construção civil, de forma a propiciar
construções belíssimas. Todavia, você não pode esquecer que, mesmo a estética sendo um
aspecto interessante, é a sustentabilidade que ditará o material a ser utilizado na sua obra, em
detrimento das características necessárias ao projeto (seja a racionalização de energia, água,
mitigação da poluição atmosférica ou outro).

E, com isso, agora que você já conhece os conceitos de sustentabilidade relacionados aos
materiais de construção civil, no próximo bloco, falaremos sobre alguns dos principais materiais
e tecnologias para a construção existentes no mercado.

Vamos Exercitar?

A importância de materiais sustentáveis tem aumentado com a necessidade cada vez maior da
sustentabilidade no mercado da construção. Como resultado, é essencial entender quais são
esses materiais, por que eles são sustentáveis ​e como usá-los em obras. Diante desse fato, caro
estudante, reflita sobre quais seriam os materiais sustentáveis mais importantes, em sua ótica, e
qual a finalidade de cada um deles para a construção civil.

De certa forma, só há construção civil em virtude da existência dos materiais construtivos, os


quais possuem constituintes que são, muitas vezes, encontrados na natureza. Todavia, a
utilização de materiais é dependente de variados fatores, como a localização do material, a
tecnologia disponível e o tipo de trabalho que será realizado. Por isso, sabemos que essa
importância de um ou outro material específico varia de região para região, assim como cada
profissional possui sua análise particular. Em contrapartida, existem alguns que podemos
ressaltar, os quais foram elencados por Motta et al. (2014):

Luminárias LED: um dos principais inimigos da sustentabilidade é a energia. Isso se deve


ao fato de que a energia é adquirida, na maioria das vezes, por meio da combustão de
materiais fósseis (petróleo, carvão mineral e outros). Logo, apesar da utilização de energia
alternativa ser considerada modesta até o momento, especialmente nas nações em
desenvolvimento, a utilização de lâmpadas de LED ajuda a reduzir drasticamente o
consumo de energia.
Concreto reciclado: sabe-se que o concreto é um material bastante utilizado na construção
civil, tendo como composição o cimento, a água, a areia e a brita. Porém, a extração de
recursos naturais de cada componente prejudica vários ecossistemas, especialmente,
áreas de rios e córregos. Dessa forma, o objetivo do concreto reciclado é diminuir esses
malefícios, substituindo parcial ou totalmente a extração de materiais através de fontes
naturais.
Tijolos ecológicos: oriundos através de um processo de mistura que engloba água e
cimento, além de resíduos de construção ou areia. Pelo fato de ser facilmente obtido,
utiliza-se muito no Brasil. Seu processo de produção se dá através de fornos, o que requer a
queima de vários materiais, incluindo a madeira. Já o tijolo ecológico emprega um método
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

diferente de produção que faz uso de uma prensa hidráulica para dar forma às peças.
Também, a forma do tijolo promove a sustentabilidade ao reduzir a utilização de
argamassa no meio construtivo.
Painéis solares: são componentes que convertem energia solar em energia elétrica. Por
conta disso, auxiliam na redução da necessidade de utilização da energia que é fornecida
pela rede pública, oriunda de fontes hidrelétricas e/ou termelétricas, reduzindo a demanda
de energia.
Materiais biodegradáveis: são responsáveis por substituir os materiais industrializados,
muitas vezes tóxicos, por materiais de origem natural ou biodegradáveis, além de serem
importantes no alcance da sustentabilidade. Esses materiais podem ser empregados ​de
inúmeras formas, realizando a troca de tintas, colas, impermeabilizantes e solventes por
acabamentos à base de pigmentos naturais e minerais.

Nas próximas aulas, continuaremos essa abordagem, aprofundando-nos em aspectos


importantes quanto à escolha destes materiais. E, assim, encerramos o último bloco dessa aula.
Caso tenha dúvidas, releia o conteúdo antes de assistir ao vídeo final referente à aula.

Saiba mais

Caro aluno, nesta aula, você se deparou com vários conceitos sobre a sustentabilidade
associada a materiais de construção, mas sabemos que, para entender a fundo este assunto, é
preciso de um longo e detalhado estudo. Pensando nisso, separamos para você um conteúdo
teórico que aborda as propriedades dos tijolos ecológicos (um dos materiais que abordamos
nessa aula). Clique no link a seguir e confira o trabalho indicado.

Tijolos ecológicos

Referências
MARTINEZ, L. D.; AMORIM, S. R. L. de. Inserção de aspectos sustentáveis no projeto de
arquitetura unifamiliar e capacitação de profissionais de arquitetura em Niterói. In: CONGRESSO
NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO: ENERGIA, INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E COMPLEXIDADE
PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL, 6., 2010, Niterói. Anais [...]. Niterói, RJ: CNEG, 2010.

MIANA, A. C. Adensamento e forma urbana: inserção de parâmetros ambientais no processo de


projeto. 2010. 394 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2010. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-19012011-
092832/en.php. Acesso em: 16 jan. 2023.

MOTTA, C. J. et al. Tijolo de solo cimento: análise das características físicas e viabilidade
econômica de técnicas construtivas sustentáveis. E-xata, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 13-26, maio
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

2014. Disponível em: https://revistas.unibh.br/dcet/article/view/1038/665. Acesso em: 16 jan.


2023.

REMBISKI, F. D. Análise multimétodo de percepções de agentes intervenientes na pesquisa e no


gerenciamento de agregados reciclados de resíduos da construção civil. 2012. 246 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2012.
Disponível em:
http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3934/1/tese_3905_Fabricia%20Delfino%20Rembiski.pdf.
Acesso em: 16 jan. 2023.

Aula 2
A sustentabilidade aplicada às decisões estratégicas na construção civil

A sustentabilidade aplicada às decisões estratégicas na construção civil

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Caro estudante, você concluiu uma parte importante do seu processo de aprendizagem.
Parabéns! Para finalizar, convidamos você a assistir a esse vídeo que resumirá o conteúdo
desenvolvido nos três blocos desta aula. Nesse momento, você relembrará as principais
diretrizes das construções sustentáveis, bem como suas principais estratégias, além de
compreender os impactos gerados pela construção civil, o que torna de suma importância a
adesão de boas práticas voltadas à sustentabilidade. Aproveite!

Ponto de Partida

Prezado estudante, iniciaremos os estudos da Aula 14, da Unidade 4, da disciplina Tecnologia


dos Materiais de Construção Civil. Neste momento, abordaremos a importância de se ter um
canteiro de obras sustentável e como isso pode impactar os processos e a administração da
construção civil. A questão da sustentabilidade passa por questões ecológicas, assim como pelo
equilíbrio de vários departamentos dentro das empresas, desde a gestão das pessoas até a
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

gestão dos projetos. Dessa forma, é importante compreender como esse processo ocorre e pode
influenciar uma obra de construção civil, assim como a sociedade.

Vamos nos aprofundar sobre o assunto? Boa aula!

Vamos Começar!
Prezado estudante, quando falamos em construção sustentável, precisamos associá-la a um
conjunto de boas práticas que precisam ser adotadas. Essas ações devem existir tanto durante a
concepção de um projeto quanto na implementação deste e, até mesmo, considerar atividades
que serão realizadas após a construção. As ações que devem ser pensadas previamente, porém
executadas somente após a conclusão da obra, incluem avaliações de desempenho da estrutura
e cumprimento de planos de manutenções e descartes após o término da vida útil do
empreendimento.

Na fase de projeto, escolhemos e qualificamos os materiais, escolhemos um sistema construtivo


e projetamos o desempenho do edifício. Na fase da construção, precisamos planejar e gerir toda
a produção, além de fazer uso eficiente dos recursos da edificação (materiais, financeiros e
outros). Por fim, damos ênfase à parte de uso e operação, em que verificamos a qualidade
estrutural, que deve obedecer às diretrizes da NBR 15575 (ABNT, 2016), a qual é a norma de
desempenho de edificações, e ao plano de manutenções e reutilização da estrutura após o fim
do ciclo de vida do empreendimento. Dessa forma, precisamos desenvolver nossos projetos,
principalmente, tendo como base duas diretrizes, expostas por Florim (2014[ECS1] ):

Nosso planejamento da edificação deve ter uma visão voltada para o futuro, avaliando
possíveis impactos ao meio ambiente e desenvolvendo alternativas voltadas à
sustentabilidade.
Precisamos utilizar métodos construtivos e materiais ecologicamente corretos, os quais
advêm de fontes responsáveis e que apresentem eficiência energética e conforto
adequados aos ambientes.

Neste contexto, a indústria da construção precisa adotar a sustentabilidade em suas obras,


comprometendo-se a mudar suas convicções em prol da economia sustentável, priorizando
técnicas que busquem o equilíbrio do meio ambiente e que não prejudiquem a vida em
sociedade. Para haver uma edificação sustentável, precisamos que os eixos social, ambiental e
econômico sejam igualmente abordados. Isso ocorre porque um edifício sustentável precisa
promover eficiência energética, reduzir impactos ambientais utilizando metodologias limpas, ser
durável e apresentar conforto e qualidade de vida às pessoas que dele usufruírem. É dessa forma
que as diretrizes da construção sustentável, quando bem aplicadas, promovem benefícios antes,
durante e após a obra.

Quando falamos da eficiência energética, por exemplo, estamos falando de economia nas contas
dos ocupantes da edificação sem danos ao meio ambiente que estão inseridos. Ou seja,
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

mediante estudos na fase de projeto, conseguimos reduzir consideráveis gastos com energia,
climatização e iluminação. Com isso, o desenvolvimento sustentável pode ser traduzido como
uma escolha que precisa ser feita abordando dois caminhos: um deles diz respeito à escolha do
trajeto sustentável, e o outro concilia as necessidades econômicas com os limites do meio
ambiente. Assim, ao longo do percurso, a busca pela inovação deve ser constante, procurando
alcançar a criatividade tecnológica e aliando-a aos eixos econômicos, sociais e ambientais.

Em resumo, quando falamos de sustentabilidade aplicada à construção civil, não estamos


falando apenas de um novo ou inovador sistema construtivo, mas, sim, de um pensamento
inteligente e responsável, que considera vários aspectos na concepção de um projeto.

Siga em Frente...
Caro estudante, anteriormente, abordamos as principais diretrizes a serem seguidas para
implementar uma construção sustentável. Neste bloco, estenderemos nosso estudo para as
principais estratégias que farão da sua obra um empreendimento sustentável. Sabemos que, de
maneira geral, quanto mais sustentável for uma edificação, maior será o ganho para o meio
ambiente e a sociedade. Por isso, os projetos devem priorizar alternativas capazes de promover
o maior custo-benefício possível, considerando desde o ambiente construído até o ambiente
natural. Dessa forma, que tal elencarmos algumas estratégias? Temos, de acordo com Neves
(2006), cinco tipos principais estratégias:

Arquitetura bioclimática: é um tipo de estratégia em que há a necessidade de se prever a


orientação da edificação de maneira eficiente, considerando o nascer e pôr do sol, bem
como o fluxo de ventos que agirá na edificação, adotando materiais que promovam um
desempenho adequado, tanto estrutural quanto arquitetônico. Considera importante
posicionar de forma adequada as esquadrias da edificação, para favorecer dois aspectos: a
ventilação cruzada e o efeito chaminé. O primeiro diz respeito a aberturas em um
determinado ambiente, que estão dispostas em paredes opostas ou adjacentes, permitindo
a entrada e saída do ar; o segundo considera que o ar quente tende a subir, por ser menos
denso, enquanto o ar frio, mais denso e pesado, tende a descer.
Produção limpa: correspondente às estratégias que possuem intenção de melhorar o
desempenho ambiental da edificação, investigando a origem dos resíduos e das emissões
de poluentes, assim como possíveis ações que eliminem eventos adversos, possuindo
quatro pilares: minimização, não geração, reaproveitamento e reciclagem.
Planejamento e gerenciamento: tipo de estratégia que considera os aspectos que
necessitam ser bem estruturados para promover racionalização da edificação, com foco
em qualidade e eficiência, bem como considerando todas as etapas, desde a fase de
concepção, permanecendo durante execução e uso, visando à adequada gestão dos
recursos (materiais, resíduos, energia e outros).
Gestão de materiais e resíduos: considera as ações que devem ser criadas para minimizar
a demanda por insumos e a geração de rejeitos. Dentre essas ações, podemos citar a
racionalização da construção (que deve ser feita por meio do aprimoramento dos projetos),
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

a efetiva gestão dos possíveis impactos ambientais no ciclo de produção, o treinamento de


mão de obra (para reduzir erros e perdas de material), a utilização de material reciclado
como matéria-prima, o reaproveitamento e a reciclagem dos materiais.
Gestão da água e energia: considera as ações preventivas e corretivas, como
monitoramento das legislações vigentes, atualização do sistema hidráulico dos edifícios,
introdução ao sistema de captação e reuso das águas pluviais, bem como medidas de
aquecimento solar, instalação de placas fotovoltaicas e ventilação natural (que podem
auxiliar na redução das emissões de gases do efeito estufa e redução do consumo
energético das edificações).

No próximo bloco, você perceberá de forma aplicada como esses aspectos são levados em
consideração em obras de construção civil. Dessa forma, reflita sobre tudo o que foi abordado e
anote suas dúvidas. Se for preciso, volte ao início da aula e revise-a antes de prosseguir.

Vamos Exercitar?
Depois de elencarmos vários conceitos sobre a sustentabilidade, proporemos um desafio que se
pautará em torno dos seguintes questionamentos: o que torna uma construção sustentável?
Como você a identificaria? Como você construiria um edifício sustentável?

Caro aluno, pense em alguns princípios fundamentais que poderão tornar o seu projeto
sustentável com base nesta aula e na aula passada. Refletir sobre como você identificaria uma
obra assim lhe dará as premissas para construir uma obra assim.

Se o engenheiro de alguma obra que você está trabalhando faz perguntas como essas, você
pode destacar que os projetos que recebem esse tipo de reconhecimento, normalmente,
empregam uma série de estratégias, as quais, quando combinadas, os tornam mais eficazes em
termos de energia e qualidade de vida, sem consumir quantidades excessivas de recursos
naturais. Por isso, um dos pontos que você pode ressaltar é que o uso de materiais sustentáveis ​
é muito importante na construção. Todavia, esses materiais devem ser usados ​de forma a reduzir
os custos, como os de manutenção. Como resultado, eles podem ajudar na conservação de
energia e melhorar a saúde e a produtividade dos ocupantes. Além disso, podem levar também a
uma maior flexibilidade de design.

Embora a definição de projeto de construção sustentável tenha evoluído ao longo do tempo, os


seguintes princípios fundamentais permanecem e evoluem ao longo do tempo. Alguns dos
princípios que você pode elencar para orientá-lo são os que você viu no bloco anterior, os quais
foram abordados por Neves (2006):

Otimizar o potencial local: o processo de criação de estruturas sustentáveis ​começa com a


escolha adequada do local, que leva em consideração a possibilidade de reaproveitar
edifícios já existentes. Isso é importante porque a localização, a orientação e a paisagem
do edifício afetam os ecossistemas locais, as rotas de transporte e o uso de energia.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Minimizar o uso de energia: encontrar maneiras de reduzir o consumo de energia, melhorar


a eficiência e maximizar o uso de recursos renováveis ​é crucial, dada a crescente demanda
por recursos. Com isso, fontes alternativas de produção de energia, como sistemas de
energia solar e usinas fotovoltaicas, agregam mais vantagens. Outra solução envolve a
exploração de luz natural e a ventilação cruzada.
Proteger e preservar a água: uma vez que os recursos estão se tornando cada vez mais
escassos, deve-se buscar recursos que limitem o uso de água potável, reutilizando-a
quando viável.
Otimizar a área de construção e uso de materiais: apesar do crescimento contínuo da
população global, o consumo de recursos naturais e a demanda por bens e serviços
adicionais continuará colocando em risco os recursos disponíveis. Desta forma, é
fundamental conseguir uma utilização integrada e inteligente dos materiais que maximize o
seu valor, evite a poluição e conserve os recursos.
Melhorar a qualidade do ambiente interno: a qualidade ambiental interna de um edifício
afeta a saúde, o conforto e a produtividade de seus ocupantes. Uma edificação sustentável,
entre outras qualidades, maximiza a iluminação diurna, tem ventilação e controle de
umidade adequados e melhora o desempenho acústico.
Otimizar práticas operacionais e de manutenção: a consideração das questões
operacionais e de manutenção de um edifício durante a fase de projeto preliminar de uma
instalação melhorará as condições de trabalho, aumentará a produtividade, reduzirá os
custos de energia e recursos e evitará falhas no sistema.

Saiba mais
Caro estudante, nesta aula, você conheceu alguns termos novos e aprendeu sobre diretrizes e
estratégias para serem usadas em obras, as quais interferem em decisões relativas aos
materiais da obra. Mas, sabemos que, para entender a fundo este conteúdo vasto, é preciso de
um longo e detalhado estudo. Pensando nisso, separamos para você um conteúdo teórico
elaborado pela Universidade Federal do Ceará, que apresenta um manual de obras públicas
sustentáveis, buscando padronizar, ampliar e ofertar a qualidade e eficiência de projetos
sustentáveis. Clique no link a seguir e confira o trabalho técnico indicado.

Manual de Obras Públicas Sustentáveis

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações habitacionais -


Desempenho. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2013.

FLORIM, L. C.; QUELHAS, O. L. G. Contribuição para a construção sustentável: características de


um projeto habitacional eco-eficiente. Engevista, Niterói, n. 6, p. 121-132, 2004. Disponível em:
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

https://periodicos.uff.br/engevista/article/view/8776. Acesso em: 16 jan. 2023.

NEVES, L. de O. Arquitetura bioclimática e a obra de Severiano Porto: estratégias de ventilação


natural. 2006. 222 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São
Paulo, São Carlos, 2006. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18141/tde-03012007-
232857/publico/dissertacaoNEVES_compactada.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023.

Aula 3
O surgimento dos “novos” materiais de construção

O surgimento dos “novos” materiais na construção

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Caro estudante, você concluiu uma parte importante do seu processo de aprendizagem.
Parabéns! Para finalizar, convidamos você a assistir a esse vídeo que resumirá o conteúdo
desenvolvido nos três blocos desta aula. Nesse momento, você relembrará os principais
materiais alternativos para as construções sustentáveis, bem como algumas tendências em
materiais junto a algumas alternativas tecnológicas aplicadas ao tema da sustentabilidade. Além
disso, entenderá alguns passos relativos à viabilidade de aplicação desses novos materiais.
Aproveite!

Ponto de Partida

Prezado aluno, iniciaremos os estudos da Aula 15, da Unidade 4, da disciplina Tecnologia dos
Materiais de Construção Civil. Neste momento, abordaremos alguns materiais alternativos e que
podem ser utilizados juntos à indústria da construção civil. Também, trataremos de algumas
tendências de materiais que estão surgindo no mercado, bem como algumas alternativas
tecnológicas sustentáveis. Além disso, daremos enfoque à viabilidade de incorporação desses
materiais ao canteiro de obras propriamente dito.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Esse conhecimento é importante para que consigamos garantir a sustentabilidade das nossas
obras. Além disso, muitas empresas, atualmente, atuam diretamente no controle tecnológico e
no desenvolvimento de materiais sustentáveis para incorporação à sua cadeia produtiva.

Boa aula!

Vamos Começar!
Quando falamos em sustentabilidade, usualmente, pensamos em reciclar resíduos e reduzir o
consumo de energia, água e matérias-primas utilizadas para a produção dos materiais. Vamos
conhecer mais sobre esses materiais?

Resíduos vegetais, como fibra de coco e de dendê, vêm sendo utilizados na substituição de
outras matérias-primas não renováveis. O fator técnico que contribui para seu uso é possuírem o
componente “lignina”, o que propicia melhorias quanto a propriedades físicas e mecânicas
(FERNANDES et al., 2019). No caso da fibra de coco, a principal característica da adição em
materiais cimentícios (como argamassas e concretos) é o reforço capaz de aumentar a
resistência a esforços externos que possam causar cisalhamento ou ruptura (SALES,
2011). Esses resíduos não são os únicos incorporados aos materiais de construção; os
industriais também são utilizados, pois as empresas têm buscado investir no planejamento do
descarte dos resíduos gerados em seus processos.

A fibra sintética de vidro é um exemplo. Ela vem sendo usada, principalmente, no melhoramento
das características físicas do concreto, evitando o surgimento de fissuras e microfissuras em sua
superfície, bem como sendo indicadas na utilização de pisos de concreto usinado (VARELA,
2017). Tem-se também as fibras de aço treliçado a frio, utilizadas em casos que se necessita de
material com função estrutural, para aumento da capacidade de carga, ou de material para
resistir a esforços de tração; elas podem substituir a armadura convencional de forma total ou
parcial, além de aumentarem a impermeabilidade do concreto (SALES, 2011).

Uma alternativa de material sustentável que podemos observar tanto em pequenas quanto em
grandes obras (como estádios de futebol) é o concreto reciclado, abordado na Aula 13. Outro
material que merece destaque é o tijolo ecológico, que pode ser composto por areia, resíduos da
construção, água e cimento, possuindo processo de fabricação diferente dos tijolos
convencionais. Conforme Morais, Chaves e Jonas (2014), a distinção se dá, principalmente, por
não necessitar de forno ou queima de madeira, além de possuir uma boa resistência e ser
considerado um excelente isolante térmico e acústico. Nesse caso, de acordo com autor, o tijolo
adquire formato apenas com a utilização de prensa hidráulica, possuindo vantagem de criar um
travamento por meio de furos e encaixes, os quais são pensados estrategicamente para diminuir
o consumo de argamassa.

Além de provocar menor impacto ambiental, evitando a alteração do nível de lençol freático,
erosão e assoreamento dos rios, contaminação do solo e derrubada de árvores, os tijolos
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ecológicos ainda reduzem o custo das obras, sem geração de resíduos e com redução da
emissão de gases que favorecem o efeito estufa (MORAIS; CHAVES; JONAS, 2014). Outra
vantagem abordada pelo autor supracitado é que eles duram até seis vezes mais que os
tradicionais, podendo ser usados aparentes (em decorações) ou receber qualquer tipo de
acabamento/revestimento.

Também, precisamos destacar as telhas ecológicas, produzidas a partir de fibras naturais, como
sisal e coco, ou materiais reciclados, como papel e garrafas PET, constituindo um estímulo à
reciclagem e contribuindo para minimizar a geração de resíduos. Por fim, é importante comentar
sobre os materiais de acabamento, como tintas, solventes, colas e impermeabilizantes, que,
geralmente, possuem derivados de petróleo ou compostos voláteis tóxicos; já existem tintas de
materiais biodegradáveis (pigmentos naturais e minerais), bem como vernizes e solventes que
utilizam bases de óleos vegetais na sua concepção.

Siga em Frente...

Dentro da perspectiva das tendências de materiais sustentáveis está a inserção da


nanotecnologia nos materiais da construção civil, percebida em materiais autolimpantes e
antipoluentes, que estão contribuindo para as mudanças do mercado construtivo. Neste
contexto, o dióxido de titânio (TiO2), considerado um material nanométrico e fotocatalisador, vem
sendo utilizado em superfícies, normalmente externas (fachadas), autoesterilizando-as e
decompondo a poluição atmosférica.

Uma vez que possuam o TiO2 (pó de coloração branca), as superfícies estão aptas a
funcionarem com propriedades fotocatalíticas, desde que recebam ação solar ou outra fonte de
radiação ultravioleta, para catalisar reações químicas através do dióxido de titânio. Essa
substância pode ser aplicada a materiais construtivos em forma de película fina na superfície ou
na matriz do material.

O dióxido de titânio pode ser utilizado, principalmente, em ligas de alumínio, cerâmicas e


materiais cimentícios (argamassas e concretos). Muitos edifícios acabam sendo expostos a
contaminantes orgânicos, os quais sujam as fachadas. Aplicando uma camada de dióxido de
titânio, tem-se como resultado um painel de alumínio autolimpante, que age limpando o ar em
torno de si. Essa aplicação também se dá em revestimentos cerâmicos, cujo resultado da
aplicação do dióxido de titânio é a produção de uma pequena quantidade de sais, que,
externamente, é removida pela ação da chuva ou vento e, internamente, por uma simples
lavagem. Nos concretos (assim como em argamassas), chamados também de concretos
autolimpantes, ele muitas vezes é incorporado à matriz. Esses materiais, portanto, possuem
efeito catalítico (combatem a poluição), pois, quando expostos à luz solar, capturam partículas
poluentes do ar que se depositam na superfície do concreto, promovendo a autolimpeza da
superfície do material (SILVA, 2019).
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Não podemos deixar de lado o uso de fontes renováveis que geram eletricidade ou calor a partir
de fontes naturais ou renováveis, como o sol, o vento ou a água. Diante disso, podemos
citar (GOULART, 2008):

Os painéis fotovoltaicos, que podem ser instalados em telhados ou paredes de um edifício


para gerar eletricidade através da energia solar.
As turbinas de pequena escala, que podem ser instaladas em telhados (para gerar energia
através da força do vento e, por isso, são chamadas turbinas eólicas) ou edifícios próximos
a rios e/ou córregos (para gerar energia através de sistema hidrelétrico de pequeno porte).

Neste sentido, ainda damos atenção à conservação da água. Algumas medidas podem ser
adotadas nos edifícios, usando encanamentos de baixo fluxo, como torneiras, chuveiros e vasos
sanitários, que conseguem reduzir de forma significativa a quantidade de água consumida na
edificação. Além disso, tem-se a adoção de sistemas de águas cinzas, em que há a reciclagem
de águas de pias, chuveiros e máquinas de lavar para usos não potáveis, como irrigação ou
descarga de vasos sanitários, assim como captação da água da chuva, com o intuito de
armazenar a água para reutilização em limpezas de calçadas e/ou irrigação (MAY, 2009).

Vamos Exercitar?

Devido à inquestionável finitude das matérias-primas para a construção civil e à problemática


causada pelos resíduos dispostos de forma inadequada no meio ambiente, assume-se,
atualmente, que é necessário ter como premissa a sustentabilidade na fase de seleção dos
materiais. No entanto, é importante que você saiba que há, atualmente, falta de informações que
auxiliem na análise dos aspectos relacionados à sustentabilidade, bem como de metodologias
de apoio que sejam direcionadas e acessíveis aos projetistas. Logo, fornecer estruturas mais
duráveis e sustentáveis ​requer também um alinhamento mais próximo com os materiais,
baseando-se em normativas coerentes com as novas demandas de projetos.

A seleção de um material em projetos de engenharia e arquitetura envolve a consideração de


vários fatores. Na maioria das vezes, segundo Motta e Aguilar (2009), prevalecem requisitos
relacionados às propriedades do material. No Brasil, a quantidade, a qualidade, a confiabilidade e
o nível de detalhamento das informações, muitas vezes, estão abaixo do mínimo necessário para
a tomada de decisões técnicas, sendo o preço, frequentemente, o único critério objetivo
disponível.

Destaca-se também a tendência de selecionar, em primeiro lugar, os materiais tradicionais da


construção civil. No entanto, os projetistas devem levar em consideração novos critérios, como a
capacidade de reciclagem do material e seus efeitos no meio ambiente. Os procedimentos de
seleção de materiais com base nesses e em outros princípios devem estar presentes em
qualquer processo construtivo que vise à sustentabilidade.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Refletiremos: atualmente, grandes construtoras têm investido em uma técnica de construção


chamada “coordenação modular”, que nada mais é do que construir de forma dimensional
usando módulos básicos, de modo a possibilitar que todos os elementos se “encaixem” e não
haja desperdícios. Nesse sentido, é viável que os espaços referentes às tubulações e esquadrias
já sejam deixados no levantamento da construção de um edifício. Dessa forma, a escolha
referente às esquadrias que serão usadas é parte essencial do processo, concorda? Desse modo,
deve existir um planejamento bem embasado na fase de concepção do projeto que garanta todas
as premissas a serem utilizadas, pois esta decisão não é possível com a obra em andamento.
Todavia, esta incorporação já está sendo utilizada no mercado brasileiro, e constitui um aspecto
sustentável inovador nas obras de engenharia civil. No entanto, nem sempre um novo material é
incorporado ao mercado.

Existem vários fatores que impedem que um novo material, de comprovada eficiência técnica,
seja inviabilizado para uso. No Brasil, o próprio uso da madeira não é tão recorrente na região
Nordeste do país, em virtude de não haver disponibilidade e em função dos fatores climáticos.
Essa é uma realidade totalmente diferente para os norte-americanos, por exemplo, que a utilizam
em abundância, em virtude justamente dos fatores térmicos e da alta disponibilidade de suas
regiões. Muitas vezes, comprovamos também a eficiência de um resíduo em um material, porém
o passivo ambiental produzido por aquele resíduo é local ou regional. Com isso, o problema para
aquela região pode ser solucionado, mas o passivo ambiental ocasionado por um outro resíduo
em uma região diferente também deve ser investigado. Percebe a complexidade? Porém, não se
assuste com esse novo mundo. Os materiais, junto às suas propriedades e características,
trazem uma perspectiva desafiadora, mas, ao mesmo tempo, gratificante para qualquer
profissional que busca aprimorar seus conhecimentos.

Saiba mais
Caro estudante, nesta aula, você conheceu alguns materiais e alternativas tecnológicas
relacionadas à sustentabilidade. Além da preocupação com a aplicação desses novos materiais,
precisamos buscar viabilizar suas aplicações. Pensando nisso, separamos um conteúdo teórico
que aborda uma análise ambiental de produtos da construção civil. Clique no link a seguir e
confira o trabalho técnico indicado. E, em relação às referências utilizadas, você pode ter acesso
a todas copiando e colando o título no Google. Boa leitura!

Análise Ambiental da Viabilidade de Seleção de Produtos da Construção Civil

Referências

FERNANDES, C. N. et al. Painéis de partículas elaborados do mesocarpo do dendê como


alternativa ao MDF utilizado na construção civil. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 24, n. 1, p.
169-176, jan./fev. 2019.
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

GOULART, S. Sustentabilidade nas edificações e no espaço urbano. 2008. Apostila (Disciplina de


Desempenho Térmico das Edificações) –Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2008.

MAY, S. Caracterização, tratamento e reuso de águas cinzas e aproveitamento de águas pluviais


em edificações. 2009. 223 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

MORAIS, M. B.; CHAVES, A. M.; JONAS, K. M. Análise da viabilidade de aplicação do tijolo


ecológico na construção civil contemporânea. Revista Pensar Engenharia, v. 2, n. 2, p.1-12, 2014.

MOTTA, S. R. F.; AGUILAR, M. T. P. Sustentabilidade e processos de projetos de edificações.


Gestão e Tecnologia de Projetos, v. 4, n. 1, p. 84-119, maio 2009.

SALES, K. C. S. Melhoria de solos por inclusão de fibras naturais. 2011. 97 f. Dissertação


(Mestrado em Geotecnia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

SILVA, J. R. Análise da eficiência fotocatalítica de filmes de TiO2 depositados em cerâmica de


revestimento. 2019. Dissertação (Mestrado em Engenharia) –Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2019.

VARELA, P. H. A. Obtenção, caracterização e aplicabilidade e um compósito com matriz de resina


ortoftálica e reforço de tecido de juta (corchorus capsularis) hibridizado com fibra de vidro. Tese
(Doutorado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2017.

Aula 4
O mercado de trabalho e as construções sustentáveis

O mercado de trabalho e as construções sustentáveis

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.
Disciplina

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

Parabéns! Você chegou ao fim da Unidade 4 e da nossa disciplina. Para finalizar, convidamos
você a assistir a esse vídeo que resumirá o conteúdo desenvolvido nos três blocos desta aula.
Nesse momento, você relembrará os principais conceitos teóricos referentes ao mercado de
trabalho que podem contribuir para o seu desempenho técnico. Esteja atento a cada detalhe que
foi abordado e, principalmente, mantenha-se atualizado sempre, mesmo após o curso.

Ponto de Partida

Prezado estudante, iniciaremos os estudos da Aula 16, da Unidade 4, da disciplina Tecnologia


dos Materiais de Construção Civil. Neste momento, abordaremos alguns conceitos de
sustentabilidade voltados ao mercado de trabalho, focando na busca da sustentabilidade dentro
das empresas e organizações, e apresentando as possíveis áreas de atuação de um profissional
que decida focar na gestão da sustentabilidade.

Todo o nosso estudo sempre foi com ênfase em garantir a sustentabilidade das nossas obras e
das nossas empresas, para continuar contribuindo com a preservação do meio ambiente e com a
qualidade de vida de todos os envolvidos nas organizações.

Boa aula!

Vamos Começar!

Caro estudante, neste bloco, veremos a sustentabilidade como um nicho de mercado. Com isso,
você compreenderá a importância de boas práticas na construção civil que auxiliam o
desenvolvimento da sociedade de maneira que este crescimento seja mantido ao longo dos
anos. Apesar de ser crescente, essa preocupação ambiental é antiga e recorrente na história,
mas as consequências da falta da devida atenção para os variados setores sociais que ela
envolve fizeram com que se tornasse uma necessidade para as cidades, independentemente de
onde estejam localizadas.

Com isso, atualmente, empresas que buscam contribuir com aspectos sustentáveis ​constituem
uma boa opção para quem visa à carreira de empreendedor. Por se tratar não só de uma esfera
econômica mas também social, esse tipo de negócio vem ganhando cada vez mais espaço no
mercado da construção civil. De certa forma, a chave para entender o que são negócios
sustentáveis ​é reconhecer que o foco principal é a preservação do meio ambiente.

Como todo negócio precisa de seus pilares, os empreendimentos sustentáveis ​desenvolvem


seus princípios para que todos entendam que o objetivo primordial desse negócio não é apenas
o lucro mas também a responsabilidade social e ambiental. No entanto, engana-se quem
acredita que a sustentabilidade é um mercado simples e fácil de se ingressar. Por se tratar de um
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

ramo voltado à preservação ambiental, é fundamental estar atento às máquinas e aos tipos de
produções realizadas nas empresas, para não serem opostas a seus objetivos.

No caso de construtoras, por exemplo, é fundamental implementar iniciativas, como a redução


de resíduos sólidos no canteiro de obras, ou a redução da emissão de gases produzidos pelos
equipamentos. Além disso, devem possuir uma análise completa de sua cadeia de produção,
desde a forma de geração de impactos à natureza, procedência, transporte, manutenção,
desempenho e eficiência do material a longo prazo, assim como análise do ciclo de vida, se
possui características atraentes e se é usada uma mão de obra que não é prejudicial à vida dos
trabalhadores. Todas essas etapas, geralmente, são mapeadas e divulgadas por meio de redes
de organizações internacionais independentes e órgãos governamentais que atestam os
produtos.

Materiais reciclados e/ou reutilizados são frequentemente empregados ​em novas construções.
Exemplos desses materiais, citados por Coelho (2011), incluem a madeira de demolição, que
pode ser transformada em um belo móvel, elemento de fachada ou esquadria, e os tijolos de
demolição, frequentemente reutilizados para produzir novos tijolos (inteiros) e telhas, reduzindo a
necessidade de compra de insumos na obra.

Um edifício que emprega práticas de sustentabilidade, como geração de energia solar e telhados
verdes, já é atraente por si só. Conforme a preocupação ambiental, deixa de ser um nicho para se
tornar parte da rotina dos consumidores, porém é questão de tempo até que diferenciais como
esses se tornem ativos valiosos para quem busca um novo lar. Informar-se sobre essas práticas
e possuir imóveis sustentáveis ​em seu portfólio, assim como conhecimento sobre a origem de
todos os materiais constituintes da obra, são formas de atender a esse segmento crescente da
construção.

Siga em Frente...
Ao longo de nossas aulas, percebemos que são crescentes as exigências por produtos e
processos de produção que causem menos impacto ao meio ambiente, e essa questão está
recebendo cada vez mais atenção de organizações, governos e da sociedade. Já abordamos a
redução da disponibilidade de recursos naturais, porém é interessante ressaltar que isso causa
preocupação com os efeitos das atividades econômicas sobre o meio ambiente e as mudanças
climáticas, como elencado por Bissoli-Dalvi, Alvarez e Saelzer (2012), pois o impacto que podem
ocasionar é grande e, por isso, temos na história grandes desastres ambientais, oriundos da
prática profissional sem a devida atenção (ou fiscalização), com o objetivo de gerar cidades
prósperas economicamente, mas que tiveram como consequência o impacto não somente
ambiental e econômico, mas, principalmente, social, ocasionando danos à saúde da população
de forma significativa.

É por isso que, hoje, pode-se dizer que a necessidade do conhecimento sobre a sustentabilidade
já está enraizada em muitas profissões e, nos próximos anos, será, provavelmente, uma aptidão
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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO CIVIL

desejável para todos os cargos dentro de uma organização ou empresa. Como acompanhamos
até esse momento nesta disciplina, trabalhar com a sustentabilidade é uma tendência que
muitas empresas estão adotando para garantir seu futuro. E, como resultado, inúmeras
oportunidades de “profissões verdes e sustentáveis” estão sendo criadas e ampliadas no
mercado de trabalho. Para isso, é necessário levar em consideração os três pilares do
desenvolvimento sustentável que já comentamos antes.

Nesse contexto, a preocupação do profissional com a sustentabilidade dentro de uma


organização tem relação com a forma de encarar esse tripé. Ele necessita demonstrar sua ética
profissional, seu compromisso com a transparência em suas ações, sua tolerância com a
diversidade e como ajudará a promover o respeito ao meio ambiente. Por vezes, ações
aparentemente insignificantes têm efeitos significativos, até mesmo na maneira que a
organização passa a perceber esse profissional.

Uma empresa sustentável também tem valorização frente ao investidor, causando efeitos
favoráveis ​no mercado. Além disso, se os princípios de sustentabilidade forem incorporados à
uma marca, os consumidores passarão a vê-la de maneira diferente, como aborda Motta (2009).
Temos, portanto, dois motivos fundamentais para que um profissional invista em entender e
promover a sustentabilidade dentro empresa, e você não fica de fora disso, como um futuro
profissional técnico a ser inserido no mercado da construção civil e em áreas similares que
trabalham em parceria.

Alguns setores já estão buscando na sustentabilidade a sua identidade, e observamos exemplos


na engenharia, na arquitetura, no urbanismo e no design de interiores. Isso porque essas áreas
tratam de questões essenciais, como mobilidade e moradia. Com isso, os alunos das
universidades têm acesso a métodos mais sustentáveis ​para planejar empreendimentos, além de
informações sobre como melhorar a eficiência energética e o uso de recursos em projetos que
não impactem o meio ambiente.

Podemos também incluir como destaque uma área específica que ganhou ênfase nos últimos
anos: o segmento da gestão de energias renováveis. Trabalhar com energia renovável é almejar a
geração de energia limpa, como as instalações de hidrelétricas, o aquecimento solar, a fonte
solar fotovoltaica, a energia eólica e os biocombustíveis, e tudo isso se soma à indústria da
construção civil, pois os profissionais dessas áreas precisam trabalhar em conjunto para obter
bons resultados.

Vamos Exercitar?
Além de aprimorar a formação de profissionais da construção civil, como arquitetos e urbanistas,
engenheiros, projetistas, gerentes de projetos, entre outros, a sustentabilidade também é
responsável por criar demandas de trabalho no mercado, estimulando a expansão de novos
campos de atuação.
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CONSTRUÇÃO CIVIL

O mercado está mais preocupado em mitigar os impactos ambientais, e as empresas estão


adotando uma postura proativa. Elas estão implementando práticas sustentáveis ​não apenas
para cumprir requisitos legais mas também para obter vantagens competitivas frente aos seus
segmentos.

A busca por especialistas levou a novas profissões e oportunidades de emprego nesse mercado.
Para quem quer seguir esse caminho, muitas vezes, é mais importante ter aprimoramento
profissional e perfil empreendedor do que uma formação específica para a sua área de atuação.

O papel do gestor de sustentabilidade, por exemplo, é disseminar ideias e informações


internamente, fortalecendo uma cultura corporativa sustentável. As competências que os
empregadores procuram são aquelas que dizem respeito à capacidade de integrar o negócio
com a política e uma gestão que não se extingue com o passar do tempo.

Do ponto de vista do profissional, as opções de trabalho também são muitas, como destaca
Araújo (2013). Além de atuar internamente em empresas que encaram a sustentabilidade como
ponto estratégico, os profissionais podem se voltar às áreas de:

Consultoria: prestará serviços às empresas e aos órgãos públicos na parte de


desenvolvimento de projetos voltados à preservação do meio ambiente.
Certificação: realizará a implementação de melhorias na produção de produtos e/ou
tecnologias para minimizar a emissão de poluentes, conforme legislações vigentes.
Recuperação: realizará avaliação de áreas já degradadas e implantará projetos de
recuperação da biodiversidade local.
Extração de recursos naturais: realizará o acompanhamento da exploração de matéria-
prima, para garantir que as técnicas adotadas pelas empresas gerem o mínimo de impacto
negativo possível ao meio ambiente.

Olhando para o futuro, uma quantidade significativa de resíduos é produzida diariamente pela
sociedade. Esses resíduos devem ser descartados adequadamente, a fim de diminuir seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente, como já abordamos em aulas anteriores. Logo, a
gestão adequada dos resíduos pode gerar fontes de energia ou recursos para outras indústrias,
além de estimular as indústrias de reciclagem e logística reversa a desempenharem um papel
significativo no crescimento do consumo responsável. Diante disso, precisamos destacar
algumas profissões que tendem a ser impulsionadas frente a esse desenvolvimento sustentável:

Consultor Ambiental: presta assessoria na implantação de projetos de gestão ambiental,


desenvolve processos de tratamento de efluentes e estabelece um plano de gerenciamento
de resíduos.
Engenheiro Ambiental: responsável pela criação de soluções para questões ambientais,
como a poluição do ar, da água e do solo, bem como a destinação de resíduos sólidos.
Gerente de responsabilidade social: gerencia projetos sociais e utiliza as parcerias para
mobilizar e organizar a comunidade e promover o desenvolvimento local.
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LEED AP: desenvolve projetos de construção que são candidatos à certificação ambiental
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Designer de produtos sustentáveis: encarrega-se de criar produtos que sejam
ecologicamente corretos e tenham o menor impacto negativo possível ao meio ambiente.

Todos os profissionais vistos nesse bloco são exemplos que você pode encontrar em sua
carreira, os quais podem trabalhar de forma direta ou indireta. Além disso, são exemplos de
profissões que você pode buscar no futuro, como forma de se aperfeiçoar na área.

Saiba mais

Caro estudante, nesta aula, você conheceu alguns conceitos que envolvem a sustentabilidade
dentro do mercado de trabalho e das empresas e organizações. Um assunto importante
abordado foi o da logística reversa como instrumento de desenvolvimento econômico e social,
focado na restituição dos resíduos sólidos. Pensando nisso, separamos para você um conteúdo
teórico que abordará a logística reversa e trará a importância desse assunto aos setores
econômico, social e ambiental. Clique no link a seguir e confira o trabalho técnico indicado. E, em
relação às referências utilizadas, você pode ter acesso a todas copiando e colando o título no
Google. Boa leitura!

Logística reversa: importância econômica, social e ambiental

Referências

ARAÚJO, S. M. V. G. Os fundamentos legais da Política Nacional do Meio ambiente. In: GANEN, R.


S. (org.). Legislação brasileira sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e legais.
Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2013.

BISSOLI-DALVI, M.; ALVAREZ, C. E. de; SAELZER, G. E. F. Relevância dos aspectos regionais na


definição de indicadores para seleção de materiais de construção alicerçados nos princípios da
sustentabilidade. In: AMAZON GREEN MATERIALS CONGRESSO, 4., 2012, Manaus. Anais […].
Manaus, AM: NUTEC/UFAM, 2012.

COELHO, H. M. G. Modelo para a avaliação de apoio ao gerenciamento de resíduos sólidos de


indústrias. 2011. 301 f. Tese (Doutorado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

MOTTA, S. R. F. Sustentabilidade na construção civil: crítica, síntese, modelo de política e gestão


de empreendimentos. 2009. 122 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
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Aula 5
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS

Vídeo Aula Encerramento

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Caro estudante, bem-vindo ao vídeo aula da sua unidade de revisão. Por aqui, faremos uma nova
imersão em tudo o que foi ensinado nas quatro aulas da Unidade 4 da disciplina Tecnologia dos
Materiais na Construção Civil. O objetivo é sanar toda e qualquer dúvida que ainda possa existir
sobre os conteúdos que você estudou. Neste momento, toda atenção é importantíssima,
portanto procure um local silencioso e evite distrações. Boa aula!

Ponto de Chegada
Caro estudante, nossa unidade procurou contextualizar a importância da inserção da
sustentabilidade à construção civil, trazendo exemplos de aplicações de conceitos importantes.
A sustentabilidade na construção civil é um tema cada vez mais crucial para todos os negócios
do setor. Um desafio para minimizar os efeitos causados ​pelas obras é buscar reduzir a
quantidade de resíduos produzidos nas zonas de construção, além das indesejáveis ​atividades
de extração de matéria-prima e alto consumo de energia elétrica, como você observou ao longo
das aulas dessa unidade.

A ideia de sustentabilidade na construção civil é garantir que ações sejam tomadas antes,
durante e após a construção, para reduzir o impacto ambiental, maximizar a viabilidade
econômica e proporcionar qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Garantir o reaproveitamento de materiais, definir alternativas para a exploração dos recursos


naturais e descobrir novas formas de gerar e economizar energia são ações que amenizam os
efeitos da construção no meio ambiente. Além disso, desempenham um papel decisivo na
viabilização financeira dos processos.
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Assim, se existe uma maior preocupação com a questão da sustentabilidade em todos os


setores da sociedade atualmente, na construção civil não é diferente. Além da questão ética e
ambiental, os consumidores também possuem uma visão de sustentabilidade. Grande parte da
sociedade está mudando seus hábitos em relação à preservação ambiental, necessitando da
construção de estruturas mais sustentáveis.

O conceito de sustentabilidade na construção civil, que engloba o consumo consciente de


matéria-prima, a reciclagem de resíduos e a minimização de desperdício, traz uma série de
benefícios aos empreendedores, quando bem aplicado. Com isso, é possível destacar como
principais benefícios: a redução de custos, que é alcançada pela otimização de processos; os
incentivos fiscais, cada vez mais prevalentes para práticas sustentáveis ​no setor de construção;
mais conforto para os proprietários, garantido pelo cuidado arquitetônico sustentável com
temperatura, luz e outros fatores ambientais; maior conforto visual; melhor argumento de venda,
visto que a ideia de sustentabilidade está sendo cada vez mais valorizada pelos clientes. Assim,
caro estudante, aderindo a essas práticas, uma empresa poderá gastar menos em suas
operações e até melhorar sua reputação no mercado.

É Hora de Praticar!

Olá, estudante! Vamos contextualizar e colocar em prática os ensinamentos básicos que


aprendemos até o momento? Nesta etapa, você colocará a mão na massa e estará incumbido de
apresentar um pequeno relatório citando os principais parâmetros que uma edificação necessita
ter para que ela seja considerada sustentável. Imagine que essa seja a sua primeira tarefa na
empresa que você acabou de ingressar, e essa empresa está mudando seus conceitos de obra,
buscando um foco na sustentabilidade de projetos, em virtude da demanda reportada por seus
novos clientes.
A sua tarefa consiste em apresentar aos seus líderes itens básicos que não podem faltar quando
se pensa em realizar um projeto que seja sustentável e explicar o porquê da escolha dos itens
abordados. Nunca se esqueça de que projetos sustentáveis são aqueles que precisam ser
criados pensando sempre no menor impacto negativo que eles gerarão ao meio ambiente
durante as fases da obra, da manutenção e até mesmo da demolição. E, além disso, são projetos
considerados fundamentais, visto que a área da construção civil é uma das maiores geradoras de
resíduos que prejudicam o meio ambiente.
Pensando nisso, lembre-se de considerar, na hora de criar o seu relatório, a importância que os
insumos representam na hora da execução da sua obra. A origem da matéria-prima de cada
material utilizado é de extrema relevância para que sua obra seja considerada sustentável. Além
disso, você deve estudar de forma detalhada o local que a edificação será instalada, para que o
projeto faça o aproveitamento de fatores naturais, como a claridade e a circulação de ar.
Também, é necessário considerar a tecnologia, aproveitando da melhor forma a eficiência de
equipamentos automatizados que potencializam a economia de energia e auxiliam o meio
ambiente. Fique atento à destinação dos resíduos gerados na obra, buscando sempre o melhor
reaproveitamento desses materiais dentro da própria construção, ou seja, preze pelo bom senso.
Lembre-se de que sua empresa está iniciando um processo de adaptação e de inclusão de
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projetos mais sustentáveis dentro de suas obras e que você precisa convencê-los a incorporar os
itens que você julga importantes nesse processo.

Caro estudante, o desafio proposto não será difícil para você, porque necessitará refletir como se
já estivesse inserido no mercado de trabalho. Revise cada um dos conceitos vistos na unidade
para essa análise e lembre-se de que eles farão parte do dia a dia da profissão que você está
ingressando e que possuir conhecimentos sobre a sustentabilidade é essencial para o sucesso
de todas as empresas atualmente.
Sua participação em um projeto que busque a sustentabilidade é fundamental para o seu
crescimento e para a evolução da empresa. Dedique-se e mantenha-se informado sobre as
constantes atualizações deste meio, assim, você será o diferencial que o mercado precisa.
Lembre-se de que sua resposta pode não ser a única adotada, logo avalie as alternativas
disponíveis em sua região, pois os custos envolvidos com transporte e logística entram dentro de
um dos pilares da sustentabilidade (o econômico).
Boa reflexão e desempenho na tarefa!

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

COELHO, H. M. G. Modelo para a avaliação de apoio ao gerenciamento de resíduos sólidos de


indústrias. 2011. 301 f. Tese (Doutorado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
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MOTTA, S. R. F. Sustentabilidade na construção civil: crítica, síntese, modelo de política e gestão


de empreendimentos. 2009. 122 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

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