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Armazenamento Ótimo de Energia

Preprint · June 2021


DOI: 10.13140/RG.2.2.14698.64963

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Fernando Menezes Campello de Souza


Federal University of Pernambuco
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Armazenamento Ótimo de Energia
Fernando Menezes Campello de Souza, PhD∗

Resumo
Apresenta-se uma proposta para o uso de armazenamento de energia no sis-
tema elétrico brasileiro, com um racional baseado numa versão dinâmica da matriz
insumo-produto (matriz de Leontief). Qualquer que seja o mix da matriz energé-
tica, o armazenamento (na operação) impõe-se como um componente sine qua non
para um fornecimento robusto de energia elétrica à rede. Esta necessidade absoluta
é mais visível, é claro, nos casos das energias eólica e solar, recursos abundantes
no Brasil, que vêm sendo cada vez mais usados e aumentando rapidamente o seu
percentual na geração de energia elétrica no país. Ademais, o armazenamento tem
tudo para introduzir melhorias na eficiência e economia do sistema, e diversificar e
ativar, de forma distributiva, a economia do país.

Palavras-chave: armazenamento de energia, energia elétrica, matriz insumo-produto,


matriz de Leontief, controle ótimo, sistema elétrico, geração robusta, economia, garantia
energética, política energética, planejamento energético, teoria dos jogos

1 Introdução
Como disse Nikolas Tesla (<https://quotefancy.com/nikola-tesla-quotes>):

Electric power is everywhere present in unlimited quantities and can drive the
world’s machinery without the need of coal, oil, gas, or any other of the common
fuels. Nikolas Tesla, 1933.
A energia elétrica está presente em todas as partes em quantidades ilimi-
tadas e pode conduzir as máquinas do mundo sem a necessidade de carvão,
petróleo, gás ou qualquer outro dos combustíveis comuns. Nikolas Tesla,
1933. (in the article for New York American, titled “Device to Harness
Cosmic Energy Claimed by Tesla”) — <https://www.beyoushow.co.uk/
nikola-tesla-the-history-of-the-future/>.

A rede elétrica é um sistema complexo em que a oferta e a demanda de energia


devem ser iguais em um dado momento. Ajustes constantes na oferta são necessários
para mudanças previsíveis na demanda, como os padrões diários da atividade humana,
bem como mudanças inesperadas de sobrecargas de equipamentos e variações climáticas
(tempestades, descargas atmosféricas, etc.). O armazenamento de energia desempenha
um papel importante neste processo de manter o equilíbrio, e ajuda a criar um sistema,
que é a rede elétrica, mais inteligente, flexível e confiável.

Departamento de Eletrônica e Sistemas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil
(e-mail: [email protected]).

1
2 Fernando Menezes Campello de Souza

Quando há mais oferta do que demanda, por exemplo, como durante a noite, quando
as usinas de baixo custo continuam a operar, o excesso de geração de eletricidade pode ser
usado para alimentar dispositivos de armazenamento. Quando a demanda é maior do que
a oferta, as instalações de armazenamento podem descarregar sua energia armazenada
para a rede elétrica.
O bombeamento de água, de jusante a montante, de represas hidrelétricas, tem sido
usado há décadas como uma forma de armazenamento que absorve o excesso de capaci-
dade da rede elétrica e retorna a capacidade para a rede mais tarde, quando necessário.
Os sistemas hidrelétricos também têm os seus ciclos, com incertezas nas séries históricas,
etc., no médio prazo (cinco anos, que é o prazo usado no planejamento da operação do
sistema elétrico); no curto prazo, e no prazo imediato, tem-se um estoque; uma energia
armazenada. No futuro, à medida que mais opções de tecnologia de armazenamento sur-
gem e países como os Estados Unidos, por exemplo, fazem a transição para uma economia
de energia mais limpa, o armazenamento de energia tende a desempenhar um papel ainda
maior. Há uma busca mundial, inclusive uma pressão, no sentido de uma transição para
uma economia de energia mais limpa.
Tem-se hoje muito mais fontes do que se costumava ter — e a rede elétrica precisa
acompanhar o progresso que foi feito. Os sistemas de armazenamento de energia são
parte necessária deste progresso.

2 Os Benefı́cios do Armazenamento de Energia


As necessidades e técnicas de gestão de estoques nos sistemas produtivos são conhe-
cidas há muito tempo.

2.1 Estoques Reguladores


Já é bastante conhecido e praticado o uso de estoques reguladores, com o objetivo de
garantir fornecimento, estabilizando preços. Isto acontece no caso dos alimentos (princi-
palmente grãos), matérias primas, commodities, etc. Seja pelas naturais sazonalidades,
seja pelas sempre presentes incertezas (o autor costuma dizer que “a incerteza é a marca
indelével do universo”), a oferta (e também a demanda!) tem sempre um grau não des-
prezível de aleatoriedade. Isto para não falar em atividades de especuladores e outros
oportunismos.

2.2 Reservas de Divisas (Em Moedas Estrangeiras)


Os bancos centrais dos países exercem, entre outras, a função de guardião da moeda do
respectivo país. Para isso eles mantêm uma reserva, um estoque de moedas estrangeiras,
sendo o dólar americano a principal, como se sabe. Tanto a procura quanto a oferta de
dólar na economia sofre os efeitos de diversos mecanismos probabilísticos. Vez por outra
ocorrem também os ataques especulativos à moeda nacional, o que exacerba a volatilidade
do câmbio, com efeitos negativos na economia como um todo. Muitos especuladores sem
grande volume de operação, entretanto, conferem mais liquidez às bolsas de valores.
Sempre que o valor do dólar começa a aumentar muito, ou a diminuir muito, o Banco
Central intervém, seja lançando dólares no mercado (leilões, etc.), seja comprando. As
reservas cambiais são, pois, importantes.
Tanto no caso dos Estoques Reguladores, como no das Reservas de Divisas, existem
ferramentas probabilísticas e estatísticas que possibilitam a estimação das distribuições
de probabilidade da oferta e da demanda do ativo de interesse algum tempo à frente, mas
Armazenamento Ótimo de Energia 3
quanto mais no futuro, piores são as precisões das previsões. Planejamentos quinquenais,
tipicamente elaborados por governos centrais, por exemplo, nunca funcionaram direito. O
que se tem que fazer é um tipo de estratégia autopoiética. Uma Estratégia Adaptativa
Sustentável, por assim dizer.
Uma estratégia autopoiética é a concatenação do processo de desenvolvimento e evo-
lução de uma empresa, organização ou de uma comunidade, como um país, por exemplo.
Implica na adoção de procedimentos técnicos de uma forma contínua e sistêmica, abran-
gente, com vistas à tomada de decisões. Envolve a escolha racional de ações que possam
levar ao futuro desejado, adequando mutuamente meios e fins, sempre buscando a má-
xima efetividade, eficácia e eficiência (isto é, a um menor custo possível). Implica um
esforço para encarar as incertezas e os riscos da melhor forma possível. Torna mister a
hierarquização dos objetivos e recursos, bem como uma permanente monitoração e aná-
lise da “realidade” que possa embasar a eleição de prioridades, ou seja, a determinação
da função utilidade (Campello de Souza, 2007). Impõe uma adoção de regras e procedi-
mentos adaptativos que acomodem a convivência com contradições e mudanças. Faz uso,
a fortiori, por parte dos players, da matemática. E, é claro, das ferramentas da Engenha-
ria de Sistemas (Probabilidade e Processos Estocásticos, Estatística, Teoria da Decisão
(Campello de Souza, 2007), Pesquisa Operacional, Sistemas Dinâmicos, Economia, Teoria
dos Jogos, etc.).
Só o mercado, a livre iniciativa, investidores privados, etc., tem condições de fazer
acontecer uma tal dinâmica. O papel do Estado é o de estabelecer regras. E fiscalizar.
Não confundir com dirigismo. Fazer o conhecido Mechanism Design, no paradigma da
Teoria dos Jogos, que teve grandes sucessos, como, por exemplo, nas regras dos leilões (von
Neumann & Morgenstern, 1947; Rasmusen, 2007; Binmore, 2007). O setor público/estatal
já se encontra em uma fase de capitalização, ou privatização (desestatização), e seria
interessante que esse processo se acelerasse.
Como algumas tecnologias de energia renovável — a exemplo da eólica e da solar —
têm saídas variáveis, devido às incertezas inerentes a essas fontes primárias, as tecnologias
de armazenamento têm grande potencial para perenizar, estabilizar (garantir a carga
básica) o fornecimento de eletricidade dessas fontes e garantir que a oferta de geração
corresponda à demanda. Do ponto de vista do consumidor, por exemplo, as grandes
incertezas envolvidas podem levar a uma não adoção de uma tecnologia já estabelecida há
muitas décadas. Vide, por exemplo, o caso do aquecimento solar de água no Brasil (Walley
& Campello de Souza, 1990a). Nesta referência é apresentado um método considerando
probabilidades imprecisas para se avaliar a viabilidade econômica do aquecimento solar.
Este mesmo modelo foi então estendido e aplicado para avaliar a viabilidade da energia
solar fotovoltaica em Pernambuco (Oliveira et al., 2020).
O armazenamento de energia também é valorizado por sua resposta rápida — a mai-
oria das tecnologias de armazenamento pode começar a descarregar energia para a rede
muito rapidamente, enquanto as fontes de combustível fóssil tendem a demorar mais para
aumentar. Têm uma resposta mais lenta. Esta resposta rápida é importante para ga-
rantir a estabilidade da rede quando ocorrerem aumentos inesperados na demanda, ou
quedas inesperadas de oferta na geração.

2.3 A Importância do Armazenamento Perto do Consumo


O armazenamento de energia também se torna mais importante quanto mais longe
estiver-se da rede elétrica. Quando se acende as luzes da sua própria casa, por exem-
plo, a energia vem da rede; mas ao se acender um flashlight (uma lanterna) durante um
4 Fernando Menezes Campello de Souza

acampamento, deve-se contar com a energia armazenada nas pilhas. Da mesma forma,
as residências que estão mais distantes da rede de transmissão são mais vulneráveis a in-
terrupções do que as residências em grandes áreas metropolitanas. As ilhas e microrredes
que são desconectadas do sistema de rede elétrica maior dependem do armazenamento
de energia para garantir a estabilidade da energia, assim como depende-se das pilhas da
sua lanterna durante o acampamento.

2.4 Capacidade Atual de Armazenamento de Energia dos EUA


Os EUA têm cerca de 23 GW de capacidade de armazenamento, aproximadamente
igual à capacidade de 38 usinas de carvão típicas (supondo a capacidade típica da usina
a carvão de 600 MW) (Monitor, 2021).
O armazenamento hidrelétrico bombeado é responsável por cerca de 96 por cento da
capacidade total de armazenamento (Committee, 2011), a maior parte dos quais foi cons-
truído nas décadas de 1960 e 1970 para acompanhar o novo conjunto de usinas nucleares.
Dado que as usinas nucleares não são projetadas para aumentar ou diminuir a sua gera-
ção, a potência gerada é constante em todos os momentos do dia. Quando a demanda por
eletricidade é baixa à noite, as usinas hidrelétricas armazenam a energia das usinas nucle-
ares para uso posterior durante o pico de demanda. Essas usinas hidrelétricas bombeadas
têm se mostrado valiosas para se ajustar rapidamente a pequenas mudanças na demanda
ou no fornecimento. Instalações de armazenamento emergentes permitirão armazenar a
energia gerada a partir de recursos eólicos e solares em intervalos de tempo mais curtos
para suavizar a variabilidade e em ciclos mais longos para substituir cada vez mais os
combustíveis fósseis. Ao se carregar instalações de armazenamento com energia gerada
de fontes renováveis, pode-se reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a dependência
de combustíveis fósseis. Embora a rede elétrica dos EUA não precise necessariamente de
mais armazenamento, a capacidade de armazenamento se tornará mais importante à me-
dida que os recursos eólicos, solares e de outras energias renováveis variáveis se expandem
no mix de energia. Estudos têm mostrado que a rede elétrica existente pode acomodar
um aumento considerável na geração variável (Denholm et al., 2010), mas existem muitas
tecnologias empolgantes em desenvolvimento que podem ajudar a armazenar energia no
futuro e suportar uma quantidade ainda maior de energia renovável na rede americana.

3 Uma Ampla Gama de Tecnologias de Armazenamento foi Desenvolvida para que


a Rede Elétrica Possa Atender às Necessidades Diárias de Energia
Desde a descoberta da eletricidade, tem-se buscado métodos eficazes para armazenar
essa energia para uso sob demanda. No último século, a indústria de armazenamento de
energia continuou a evoluir, se adaptar e inovar em resposta às mudanças nos requisitos
de energia e aos avanços da tecnologia.
Os sistemas de armazenamento de energia fornecem uma ampla gama de abordagens
tecnológicas para gerenciar o fornecimento de energia a fim de criar uma infraestrutura de
energia mais resiliente e trazer economia de custos para concessionárias e consumidores.
Para ajudar a entender as diversas abordagens que estão sendo implantadas em todo o
mundo, divide-se-as em cinco categorias principais:

• Baterias — uma variedade de soluções de armazenamento eletroquímico, incluindo


baterias químicas avançadas, baterias de fluxo e capacitores (Baterias de íon-lítio,
Baterias de chumbo, Baterias Redox Flow, Baterias de fluxo Vanadium Redox
Armazenamento Ótimo de Energia 5
(VRB), Baterias de níquel-cádmio (NI-CD), Baterias de sódio-enxofre (NaS), Ca-
pacitores Eletroquímicos, Baterias de fluxo de ferro-cromo (ICB), Baterias de fluxo
de zinco-bromo (ZNBR)).

• Térmico — captura de calor e frio para criar energia sob demanda ou compensar
as necessidades de energia; na forma de sal fundido ou outros materiais.

• Armazenamento Mecânico — outras tecnologias inovadoras para aproveitar a


energia cinética ou gravitacional para armazenar eletricidade. Os sistemas de ar-
mazenamento de energia mecânica aproveitam as forças cinéticas ou gravitacionais
para armazenar a energia introduzida. Embora a física dos sistemas mecânicos se-
jam muitas vezes bastante simples (por exemplo, girar um volante ou levantar pesos
colina acima), as tecnologias que permitem o uso eficiente e eficaz dessas forças são
particularmente avançadas. Materiais de alta tecnologia, sistemas de controle de
computador de ponta e design inovador tornam esses sistemas viáveis em aplicações
do mundo real.

• Hidrogênio — o excesso de geração de eletricidade pode ser convertido em hidro-


gênio por eletrólise e armazenado. A eletricidade pode ser convertida em hidrogênio
por eletrólise. O hidrogênio pode ser armazenado e, eventualmente, reeletrificado.
A eficiência de ida e volta hoje é menor do que outras tecnologias de armazena-
mento. Apesar desta baixa eficiência, o interesse no armazenamento de energia de
hidrogênio está crescendo devido à capacidade de armazenamento muito maior em
comparação com baterias (pequena escala) ou hidro bombeado e CAES – Compres-
sed Air Energy Storage (grande escala).

• Energia Hidrelétrica Bombeada — criando reservatórios de energia em grande


escala com água. A gravidade é uma força poderosa e inevitável que nos cerca
o tempo todo — e também sustenta uma das tecnologias de armazenamento de
energia mais estabelecidas, a hidroeletricidade. Atualmente, o tipo mais comum de
armazenamento de energia são as usinas hidrelétricas com bombeamento, e tem-se
empregado essa tecnologia de armazenamento por gravidade em escala de usinas
durante a maior parte do século passado nos Estados Unidos e em todo o mundo.

4 Tecnologias de Armazenamento de Energia


Coleciona-se aqui alguns fatos conhecidos a respeito dos diversos modos de armazenar
energia, encontráveis na literatura referida.
Diferentes tecnologias de armazenamento de energia contribuem para a estabilidade
da eletricidade, atuando em vários estágios da rede elétrica, desde a geração até o uso
final do consumidor. Esse recurso ao armazenamento pode e deve ser expandido. As
propostas são, entre outras:

• Armazenamento térmico.

• Ar comprimido.

• Hidrogênio.

• Armazenamento hidrelétrico bombeado.

• Volantes de Inércia (Flywheels).


6 Fernando Menezes Campello de Souza

• Baterias.

• Cofres de Energia (Energy Vaults).

4.1 Armazenamento Térmico


O armazenamento térmico é usado para a geração de eletricidade usando a energia do
Sol, mesmo quando este não está brilhando. Os coletores solares a concentração podem
capturar o calor do Sol e armazenar a energia na água, sais fundidos ou outros flui-
dos. Essa energia armazenada pode ser posteriormente utilizada para gerar eletricidade,
possibilitando o aproveitamento da energia solar mesmo após o pôr do sol.
Plantas como essas estão operando ou sendo propostas na Califórnia, Arizona e Ne-
vada, nos Estados Unidos (Concerned Scientists, 2013). O Projeto proposto de Energia
Solar de Rice em Blythe, Califórnia, por exemplo, usará um sistema de armazenamento
de sal fundido com uma torre solar de concentração para fornecer energia para aproxi-
madamente 68.000 casas a cada ano (Solar, 2010).
Existem também tecnologias de armazenamento térmico para armazenamento de ener-
gia de uso final. Um método é congelar a água à noite usando eletricidade fora do pico
e, em seguida, liberar a energia fria armazenada do gelo para ajudar no ar condicionado
durante o dia (Denholm et al., 2010).
O sistema Ice Bear da Ice Energy, por exemplo, cria um bloco de gelo à noite e, em
seguida, usa o gelo durante o dia para condensar o refrigerante do sistema de ar condicio-
nado (Bharat, 2013). Desta forma, o sistema Ice Bear muda o consumo de eletricidade do
edifício do horário de pico do dia para horários fora de pico, quando a eletricidade é mais
barata. Além disso, a Bonneville Power Administration está conduzindo um programa
piloto para armazenar o excesso de geração eólica em aquecedores de água residenciais
(Concerned Scientists, 2013).

4.2 Ar Comprimido
O Armazenamento de Energia de Ar Comprimido (Compressed Air Energy Storage
— CAES) também funciona como uma tecnologia de armazenamento de geração, usando
a energia potencial elástica do ar comprimido para melhorar a eficiência das turbinas a
gás convencionais.
Os sistemas CAES comprimem o ar usando eletricidade fora dos horários de pico e,
em seguida, armazenam o ar em cavernas subterrâneas. Durante os horários de pico
de demanda, o ar é retirado do armazenamento e alimentado com gás natural em uma
turbina de combustão para gerar eletricidade (Concerned Scientists, 2013). Este método
usa apenas um terço do gás natural usado nos métodos convencionais (Electricity Storage,
2013). Como as usinas CAES requerem algum tipo de reservatório subterrâneo, elas são
limitadas por suas localizações. Duas plantas comerciais CAES operam atualmente em
Huntorf, Alemanha e MacIntosh, Alabama, embora instalações tenham sido propostas
em outras partes dos Estados Unidos.

4.3 Hidrogênio
O hidrogênio pode ser usado como combustível que emite zero de carbono para ge-
ração. O excesso de eletricidade pode ser usado para criar hidrogênio, que pode ser ar-
mazenado e usado posteriormente em células de combustível, motores ou turbinas a gás
para gerar eletricidade sem produzir emissões prejudiciais (Concerned Scientists, 2013).
Armazenamento Ótimo de Energia 7
O National Renewable Energy Laboratory (NREL) estudou o potencial para criar hidro-
gênio a partir da energia eólica e armazená-lo nas torres das turbinas eólicas para geração
de eletricidade quando o vento não está soprando (Kottenstette & Cottrell, 2003).

4.4 Armazenamento Hidrelétrico Bombeado (Bombeamento Hidráulico em Centrais


Hidrelétricas Revesı́veis)
O armazenamento hidrelétrico bombeado oferece uma maneira de armazenar energia
no estágio de transmissão da rede, armazenando o excesso de geração para uso posterior.
Muitas usinas hidrelétricas incluem dois reservatórios em elevações diferentes. Essas
usinas armazenam energia bombeando água para o reservatório superior quando a oferta
excede a demanda. Quando a demanda excede o fornecimento, a água é liberada no
reservatório inferior correndo colina abaixo por meio de turbinas para gerar eletricidade.
Com mais de 22 GW de capacidade instalada nos Estados Unidos, o armazenamento
hidrelétrico bombeado é o maior sistema de armazenamento em operação hoje em dia
(Concerned Scientists, 2013). No entanto, o longo processo de licenciamento e o alto
custo do armazenamento bombeado tornam improváveis novos projetos. Além disso, já
foi demonstrado que a água, quando usada como água, tem um valor econômico duas vezes
maior do que esta mesma água turbinada para produzir energia elétrica (Stamford da Silva
& Campello de Souza, 2008; Stamford da Silva, 1999). De fato, foi mostrado também
que quando se usa qualquer commodity para gerar energia elétrica, incorre-se em perdas
econômicas (Santiago et al., 2014; Santiago, 2009). Quanto à questão desse interplay entre
água e energia elétrica vide ainda Albuquerque (2005), Costa (2006), Santana (2006),
Duarte (2012), Oliveira (2014), Oliveira & Campello de Souza (2014b) e Oliveira &
Campello de Souza (2014a). Há que se considerar também as externalidades e outros
interesses envolvidos. Trata-se de um jogo com vários players.
Como diz Oliveira (2014, p. 35):
Water and energy are intrinsically interconneted. Policy reforms in both sec-
tors, however, do not appear to acknowledge the connections or consider their
broader implications. This is clearly unhelpful, particularly as policy makers at-
tempt to develop effective responses to water and energy issues, underpinned by
prevailing drought conditions and menacing climate change, and more and more
increasing demand for both resources.
Água e energia estão intrinsecamente interligadas. Reformas políticas em
ambos os setores, no entanto, não parecem reconhecer as conexões ou consi-
derar suas implicações mais amplas. Isto é claramente inútil, especialmente
quando os formuladores de políticas tentam desenvolver respostas eficazes
para as questões de água e energia, sustentadas pelas condições de seca pre-
valecentes e ameaçadoras mudanças climáticas e uma demanda cada vez maior
por ambos os recursos.

4.5 Volantes de Inércia (Flywheels)


Os volantes de inércia podem fornecer uma variedade de benefícios para a rede elétrica
no nível de transmissão ou distribuição, armazenando eletricidade na forma de uma massa
giratória; um volante.
O dispositivo tem o formato de um cilindro e contém um grande rotor dentro de um
vácuo, montado em mancais magnéticos. Quando o volante de inércia extrai energia da
rede, o rotor acelera a velocidades muito altas, armazenando a eletricidade como energia
8 Fernando Menezes Campello de Souza

cinética rotacional. Para descarregar a energia armazenada, o rotor muda para o modo de
geração, desacelera e funciona com energia inercial, retornando eletricidade para a rede
(Beacon, 2013). Existem mais de 400 Volantes (Flywheels) em operação hoje (Beacon,
2013).
Os volantes de inércia normalmente têm longa vida útil e exigem pouca manutenção.
Os dispositivos também têm alta eficiência e tempos de resposta rápidos. Como podem ser
colocados em quase qualquer lugar, os volantes de inércia podem ser localizados próximos
aos consumidores e armazenar eletricidade para distribuição.
Enquanto um único dispositivo de volante de inércia tem uma capacidade típica da
ordem de quilowatts, muitos volantes de inércia podem ser conectados em uma “fazenda
de volantes de inércia” para criar uma instalação de armazenamento da ordem de me-
gawatts (Electricity Storage, 2013). A planta de armazenamento de energia Stephentown
Flywheel Energy da Beacon Power em Nova York é a maior instalação de flywheel dos
Estados Unidos, com uma capacidade operacional de 20 MW (Beacon, 2013).
Embora o custo inicial de instalação do volante de inércia seja mais alto, ele não tem
impactos ambientais, como o armazenamento de energia das baterias, que são tóxicas.
Os volantes de inércia não são afetados adversamente pelas mudanças de temperatura,
podem operar em uma faixa de temperatura muito mais ampla e não estão sujeitos a
muitas das falhas comuns das baterias recarregáveis químicas. Dependendo das perdas
de enrolamento, perdas de rolamento e processo de ciclagem, a eficiência de ida e volta dos
módulos de volante de inércia varia de 80% a 85% (Baxter, 2006). Eles têm alta densidade
de energia em comparação com outros sistemas de armazenamento. A principal vantagem
do armazenamento de energia do volante de inércia é a vida longa e a baixa manutenção.
Seria interessante acompanhar os desenvolvimentos mais recentes. Eles podem armazenar
energia por várias horas.

4.6 Baterias
Baterias, como as de uma lanterna ou telefone celular, também podem ser usadas
para armazenar energia em grande escala.
Assim como os volantes de inércia, as baterias podem ser localizadas em qualquer
lugar, por isso são frequentemente vistas como armazenamento para distribuição (ar-
mazenamento distribuído), quando uma instalação de bateria está localizada perto dos
consumidores para fornecer estabilidade de energia; ou uso final, como baterias em veí-
culos elétricos.
Existem muitos tipos diferentes de baterias que têm potencial de armazenamento de
energia em grande escala, incluindo baterias de sódio-enxofre, ar metálico, íon de lítio
e baterias de chumbo-ácido. Existem várias instalações de baterias em parques eólicos;
incluindo o Projeto de Demonstração de Armazenamento de Vento Notrees no Texas,
que usa uma bateria de 36 MW para ajudar a garantir a estabilidade do fornecimento de
energia, mesmo quando o vento não está soprando (Gyuk, 2013).
Avanços em tecnologias de bateria foram feitos em grande parte devido à expansão
da indústria de veículos elétricos (VE). À medida que mais desenvolvimentos são feitos
com VEs, o custo da bateria deve continuar a diminuir (Energy Storage, 2021). Os
veículos elétricos também podem ter um impacto no armazenamento de energia por meio
de tecnologias de veículo à rede, nas quais suas baterias podem ser conectadas à rede e
descarregar energia para uso de terceiros. As baterias podem armazenar energia dentro
das residências (depois do medidor), existindo inclusive produtos comerciais nesse ramo
(Jossi, 2020).
Armazenamento Ótimo de Energia 9
4.7 Cofres de Energia (Energy Vaults)
Esta tecnologia usa guindastes inteligentes para mover para cima e para baixo blocos
de 35 toneladas. As potências produzidas por esse tipo de armazenamento podem variar
de 4 MW a 35 MW. Vide Vault (2021). Neste site tem um vídeo muito interessante
mostrando o funcionamento de um sistema deste tipo.

4.8 Como Garantir que as Polı́ticas de Armazenamento de Energia gerem Externalidades


Positivas?
É necessário elaborar recomendações para a formulação de políticas socialmente rele-
vantes de armazenamento de energia.
Um dos segredos para alcançar altos níveis de energia renovável na rede é a capacidade
de armazenar eletricidade e usá-la posteriormente.
O armazenamento de energia permite que indivíduos e comunidades acessem eletrici-
dade quando mais precisam, como durante interrupções. Também reduz a demanda por
eletricidade de usinas ineficientes e sujas que geralmente estão localizadas em comunida-
des de baixa renda e minorias. Essas comunidades seriam as que mais se beneficiariam
com as políticas que tornassem o armazenamento de energia acessível.
A poluição tóxica das usinas mais sujas e menos eficientes prejudica a saúde das
pessoas que vivem perto delas, piorando a má qualidade do ar em momentos de alta
demanda de energia. Baterias carregadas com energia solar ou eólica limpa podem,
entretanto, substituir essas usinas e melhorar o ar, a água e a qualidade de vida de seus
residentes nas comunidades vizinhas.
Estas ideias básicas de política podem fornecer aos legisladores planos detalhados para
dar às comunidades carentes acesso equitativo ao armazenamento de energia.
Desde ajudar os estados a definir metas de armazenamento, a detalhar estratégias
de incentivos fiscais, este enfoque pode ajudar a desenvolver ideias claras e viáveis para
políticas que evitem armadilhas. Essas estratégias não apenas podem ajudar comunidades
carentes a ter acesso equitativo a energia limpa e acessível, mas também podem ajudar
a impulsionar a inovação e acelerar o crescimento econômico em todo o país, criando
numerosos empregos de alta qualidade. Para isto é necessário um avanço pari passu do
processo educacional.

5 O Futuro do Armazenamento de Energia: Pontos a Ponderar


Suporte federal para soluções de armazenamento de eletricidade seria uma solução?
Veja-se a situação americana. Os Estados Unidos estão perdendo seu papel de lide-
rança nessa questão, à medida que outros países — a saber, a China — monopolizam o
mercado de componentes essenciais.
À medida que novas tecnologias de armazenamento de energia são pesquisadas e tes-
tadas, algumas barreiras provavelmente retardarão a comercialização dessas tecnologias.
O armazenamento de energia é caro, especialmente sem políticas que atribuam um
valor monetário aos benefícios exclusivos do armazenamento; as externalidades positivas.
Além disso, não há necessidade atual de capacidade de armazenamento adicional para
manter a confiabilidade da rede elétrica (EUA). Sem uma necessidade operacional, é difícil
para o armazenamento ser econômico no presente (Denholm et al., 2010). Além disso,
o armazenamento carece de um histórico robusto de projetos de grande escala comercial
(com exceção de hidrelétricas bombeadas), dificultando a implantação de novos projetos.
10 Fernando Menezes Campello de Souza

Apesar dessas barreiras potenciais, certos programas e políticas podem ajudar a im-
pulsionar o desenvolvimento e a implantação de tecnologias de armazenamento. O Pro-
grama de Armazenamento de Energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos
pesquisa diferentes tecnologias de armazenamento e trabalha em estreita colaboração com
a indústria em programas de armazenamento piloto (Energy, 2021).
A implantação de tecnologias de armazenamento também pode ser estimulada por
meio de padrões de eletricidade renovável (Renewable Energy Standards — RES). Alguns
estados americanos reconhecem tecnologias de armazenamento como geração renovável
aceitável em suas RES, e outros estados concedem Créditos de Energia Renovável (REC)
para geração de energia a partir de dispositivos de armazenamento que foram carregados
por energias renováveis (Technology Center, 2021).
A Federal Energy Regulatory Commission (FERC), a agência que regula a rede elé-
trica, criou uma estrutura de preços que paga às tecnologias de armazenamento e outros
recursos em rápida expansão um preço mais alto por seus serviços. Essa estrutura de
preços, chamada Pay-for-Performance, reconhece o valor da resposta rápida para for-
necer estabilidade à rede. O pagamento por desempenho tem o potencial de tornar as
tecnologias de armazenamento mais econômicas em escala comercial. Um crédito fiscal de
investimento (Investment Tax Credit — ITC) também ajudaria a acelerar a implantação
de tecnologias de armazenamento.
Com o apoio do governo e da indústria, as tecnologias de armazenamento de energia
podem continuar a se desenvolver e expandir, ajudar na crescente implantação de fontes
de energia renováveis variáveis e ajudar a armazenar uma quantidade cada vez maior de
energia limpa e renovável no futuro.

6 Visão Geral das Tecnologias de Armazenamento de Energia para Energias


Renováveis
Desde que o ser humano passou a utilizar as diversas formas de energia para seu
conforto e necessidades, um dos tópicos amplamente pesquisados até hoje é o gerencia-
mento de energia. O termo gerenciamento de energia inclui a produção de energia e a
utilização eficiente desta e, finalmente, o armazenamento da energia para uso futuro. A
energia pode ser utilizada de forma eficaz, incorporando métodos de armazenamento ade-
quados. A eletricidade desempenha um papel dominante no desenvolvimento econômico,
portanto, o armazenamento e a utilização adequados são essenciais. Na última década,
os combustíveis fósseis foram a fonte predominante para a produção de eletricidade de-
vido à sua eficiência (no Brasil predominou, e ainda predomina, a hidreletricidade). Mas
devido ao seu impacto direto no meio ambiente e ao aumento dos preços e à falta de
disponibilidade consistente, começa-se a procurar por energias alternativas denominadas
energias renováveis (ou não restritas). Algumas das fontes de energia renováveis ampla-
mente utilizadas incluem solar, eólica, hidrogênio, etc. Como as fontes de energia não
convencionais, as fontes renováveis também têm algumas desvantagens, pois são fontes
de energia intermitentes. Esses problemas podem ser superados com a implementação
de tecnologias adequadas de armazenamento de energia. O armazenamento de energia
pode atender a muitas necessidades da rede para fazer a ponte que cubra a lacuna entre
a geração disponível e as cargas do cliente durante os picos do sistema e como um recurso
distribuído no lado do cliente do medidor (U.S., 2013). Existe uma variedade de tecno-
logias de armazenamento de energia disponíveis para sistemas de energia solar e eólica.
Os prós e contras de cada sistema devem ser estudados e analisados nos seus respectivos
contextos.
Armazenamento Ótimo de Energia 11
6.1 Classificação Geral de Tecnologias de Armazenamento de Energia
As tecnologias de armazenamento de energia envolvem o processo de conversão de
energia difícil de estocar em formas armazenáveis de maneira mais conveniente ou econô-
mica. Uma variedade de sistemas de armazenamento de energia estão disponíveis e a
eficiência do sistema depende principalmente da identificação e implementação do sis-
tema certo, para a finalidade específica, com base em parâmetros como, por exemplo:
• capacidade de armazenamento,

• por quanto tempo o sistema armazena energia sem perda significativa;

• densidade de energia,

• densidade de potência,

• tempo de descarga,

• autodescarga,

• tempo de resposta,

• maturidade tecnológica

• custo,

• confiabilidade,

• manutenção (mantenabilidade),

• tamanho,

• capacidade de modularização,

• vida útil,

• transferência crescente de tecnologia para o Brasil,

• capacidade de geração de emprego,

• Contribuição para a segurança energética do sistema como um todo.

• Outro fator muito importante a ser considerado é o impacto ambiental.


Vide, por exemplo, Behabtu et al. (2020), e suas referências. Veja-se também Nataraj
et al. (2015). Silva & Bortoni (2016) traz uma análise abrangente, concentrando-se mais
nas tecnologias de baterias, e, uma análise detalhada e pertinente sobre os aspectos econô-
micos e de mercado, incluindo as oportunidades e barreiras à adoção do armazenamento
de energia em redes elétricas inteligentes.
Algumas referências sobre a situação e as perspectivas do uso do armazenamento de
energia no Brasil incluem Hollanda (2018), Machado (2021), Badra (2021), Usida (n.d.)
Note-se que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tem como missão:

Proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se


desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em benefício da sociedade. (Usida,
n.d.).
12 Fernando Menezes Campello de Souza

7 Dez Principais Desenvolvimentos em Tecnologias de Armazenamento de


Energia Renovável
A produção de energia renovável está cada vez mais em alta. Energia eólica, solar,
hidroelétrica, geotérmica e bioenergia estão sendo utilizadas por países em todo o mundo.
De acordo com a U.S. Energy Information Administration (EIA)
<https://www.eia.gov/energyexplained/us-energy-facts/>
(acessado pela última vez em 21 de junho de 2021) de um total 92,94 quadrilhões de Btu’s
consumidos no ano de 2020 (96% do setor elétrico), os percentuais foram os seguintes:

Tabela 1: Percentuais do consumo de energia nos Estados Unidos em 2020. (Fonte: U.S. Energy
Information Administration (EIA)).
Fonte Primária Percentual
Carvão 10%
Gás Natural 34%
Nuclear 9%
Petróleo 35%
Renováveis 12%

Vê-se pela tabela (1) que as energias renováveis ja superaram a energia produzida
pelo carvão. A composição das renováveis foi a seguinte:

Tabela 2: Composição do consumo das energias renováveis nos Estados Unidos em 2020. (Fonte: U.S.
Energy Information Administration (EIA)).
Fonte Primária Percentual
Geotérmica 2%
Solar 11%
Hidrelétrica 22%
Eólica 26%
Resíduo de Biomassa 4%
Biocombustíveis 17%
Madeira 18%

Observe-se que, juntas, a solar e a eólica somam 37%, superando a hidrelétrica (ta-
bela (2).
Ao contrário das usinas tradicionais — gás natural, carvão, nuclear — que se li-
gam diretamente à rede e regulam as cargas de energia com base na demanda, as ener-
gias renováveis dependem de soluções de armazenamento de energia que são utiliza-
das quando os recursos estão indisponíveis, como com nenhum vento ou luz solar, por
exemplo. Em uma ficha informativa de 2018 <http://css.umich.edu/factsheets/
us-grid-energystorage-fichatécnica> da Universidade de Michigan em Armazena-
mento de Energia Elétrica (EES), a potência global instalada de armazenamento totalizou
155,8 GW e, como o número de projetos de energia renovável continua a aumentar, tam-
bém aumentará a demanda por armazenar. É importante então verificar e estudar as
novas tecnologias promissoras que ajudarão na expansão das soluções de armazenamento
de energia . Atwell (2019) menciona “os dez principais desenvolvimentos em tecnologias
de armazenamento de energia renovável”:
1. Skeleton Technologies’ SkelGrid Omni.

2. Bluesky Energy’S GREENROCK Saltwater Battery Technology.


Armazenamento Ótimo de Energia 13
3. Utah’s Advanced Clean Energy Storage Project.

4. Stem Athena AI-Powered Energy Storage and Virtual Power Plants.

5. Malta’s Electro-Thermal Energy Storage System.

6. Moixa’s GridShare and Smart Battery Platform.

7. 1414 Degrees GAS-TESS Technology.

8. Hydrostor Advanced Compressed Air Energy Storage.

9. Teraloop’s Kinetic Energy Storage System.

10. Gaia Membranes’ Amphoteric Ion Exchange Membranes.

8 Formulação Matemática da Matriz Insumo-Produto de uma Cadeia de


Suprimentos
Aborda-se-á aqui o problema do armazenamento de energia à luz de um modelo di-
nâmico da matriz insumo-produto (matriz de Leontief) de uma cadeia de suprimentos.
A matriz insumo-produto resume as demandas e fornecimentos de produtos ao longo
de vários setores da economia (Leontief, 1986; Yan, 1969). Desta forma é possível montar
as equações de produção para cada produto e assim descrever a tecnologia de processo
para aquela produção. Segue-se aqui o exposto nestas referências, e em Araújo (2008),
Oliveira (2014) e Oliveira & Campello de Souza (2014a). Esta seção tem por objetivo
descrever as equações construtivas da matriz insumo-produto e por extensão, a equação
do seu ambiente de processo:
X
xi = xij + si (8.1)
j

onde,
xi representa a produção do setor i
xij representa as vendas do setor i para o setor j
si representa a quantidade de produto acabado do setor i
Tem-se então:
X = [xij ] é a matriz de transição de fluxo intersetorial envolvendo produtos interme-
diários.
Para cada setor i, existe um vetor Xi ={xi1 , xi2 , xi3 , ..., xij }
s = [si ] é o vetor da quantidade de produto acabado.
x = [xi ] é o vetor de produção.
Tem-se, pois:    
s1 x1
 s2   x2 
s =  ..  e x =  .. 
   
. .
sn xn
Finalmente a expressão genérica será definida a seguir:

x = X1 + X2 + X3 + ... + s (8.2)
14 Fernando Menezes Campello de Souza

Ressalte-se que a equação (8.2) exige que os insumos constituintes da confecção de


qualquer produto, variem em proporção ao volume da saída de produto acabado, ou seja,
se o nível de solicitação de produto acabado mudar, todos os insumos daquela fórmula
de produto devem ser alterados na mesma proporção.

8.1 Tabela Insumo-Produto Técnica


O parâmetro aij é o coeficiente técnico que indica a quantidade de produtos i neces-
sários para produzir uma unidade do produto j, sendo definido por:
xij
aij = ⇒ xij = aij xj (8.3)
xj
Define-se então A = [aij ], que é chamada a matriz técnica.
Substituindo-se o resultado da equação (8.3) na equação (8.1), obtém-se:
X
xi = aij xj + si (8.4)
j

Usando-se a expressão da equação (8.4) na equação (8.2), chega-se a:

x = Ax + s ∴ s = x − Ax = Ix − Ax = (I − A)x (8.5)
onde I é a matriz identidade.
Finalizando, para cada setor i, as vendas líquidas serão iguais a xi − xii e quando

xi − xii > 0 ∴ xi − aii xi > 0 ⇒ aii < 1.


Um setor pode produzir, entretanto, parte da sua necessidade líquida somente se
aii for menor do que um. Observe-se que uma empresa pode ter a necessidade total
de insumos atendida internamente e o excedente poderá ser vendido como insumo para
outras empresas, neste caso:
xii > xi − xii ⇒ 2xii > xi ⇒ 2aii xi > xi ⇒ aii > 12 .

9 A Triangularização
A ideia aqui é que dada uma matriz de relação aleatória, busca-se rearranjar as linhas
e colunas de uma maneira sistemática de tal forma a se obter uma matriz triangular, ou
bloco-triangular. Suponha-se, por exemplo, que se começa com a matriz A:
 
a11 a12 a13 a14
 0 a22 0 0
A=  0 a32 a33 a34 

0 a42 0 a44
Cada aij na matriz A representa um elemento não nulo dessa matriz. Tentar-se-á
rearranjar as linhas e colunas de tal forma que os elementos não nulos, se possível, fiquem
localizados numa posição abaixo da diagonal principal. Como a primeira indústria vende
para todas as outras indústrias, move-se-a primeiro para baixo, para a última linha. A
matriz resultante da troca das linhas 1 e 4 de A é:
0 a42 0 a44
 
 0 a22 0 0
A(1) =  0 a32 a33 a34 

a11 a12 a13 a14


Armazenamento Ótimo de Energia 15
Agora, a primeira linha indica a distribuição do produto da indústria 4, mas a primeira
coluna ainda mostra a estrutura de insumo da indústria 1. Para se atribuir a mesma linha
e coluna a uma dada indústria, a operação feita na linha deve ser acompanhada por uma
operação similar na coluna. Intercambiando-se as colunas 1 e 4, obtém-se:
a44 a42 0 0
 
 0 a22 0 0
A(2) = a34 a32 a33 0 

a14 a12 a13 a11


Agora, troque-se as linhas 2 e 1:
0 a22 0 0
 
a44 a42 0 0
A(3) =
a32 a33 0 

a34
a14 a12 a13 a11
Troque-se também as colunas 2 e 1. Ter-se-á então:
a22 0 0 0
 
a42 a44 0 0
A(3) = a32 a34 a33 0 

a12 a14 a13 a11


A triangularização está agora completa e tem-se um sistema hierárquico perfeito. A
última coisa a ser feita é mudar o rótulo atribuído a cada indústria.
Observe-se que nem todas as matrizes podem ser triangularizadas. O que se faz, na
prática (em economia), é desprezar os aij ’s que são muito pequenos (são considerados
como sendo 0 (zero)), ou agregando-se várias indústrias numa só.
É essencial que se considere todas as relações diretas e indiretas de uma indústria
com as outras, numa cadeia de suprimento, quando se tenta decidir sobre a importância
que ela tem. Yan & Ames (1965) sugeriram uma medida para indicar o grau de relaci-
onalidade (ambos, direto e indireto) de uma indústria. No caso da produção de energia
elétrica pode-se começar com quatro setores agregados: hidrelétricas, térmicas (incluindo
as nucleares, talvez isoladamente) a combustíveis, eólicas e solares. Um outro setor se-
parado poderia ser o do armazenamento; um conjunto de empresas de armazenamento,
além dos armazenamentos próprios dos outros setores. As possibilidades são muitas.

10 A Demanda, a Oferta, a Realimentação (Feedback) e a Dinâmica de uma Cadeia


de Suprimentos
Adapta-se aqui a idéia exposta em Vogt et al. (1975) para estudos em economia. Este
modelo foi usado para estabelecer uma integração da gestão da cadeia de abastecimento,
com vantagens quando se tem muita incerteza (Araújo, 2008).
Duas das variáveis econômicas mais importantes são a oferta, s, e a demanda, d,
ambas vetoriais. Tem-se como conceito básico que se a demanda crescer, então a oferta
crescerá (ou deveria crescer) para alcançá-la. E se a demanda diminuir, então a oferta
diminuirá, até igualar-se a ela. Ou seja, a oferta fica rastreando a demanda. Há portanto
um fenômeno de realimentação (feedback), como ilustrado na figura (1).
O ponto de equilíbrio é definido por:
s(t) = d(t).
16 Fernando Menezes Campello de Souza

Como, em geral, a demanda está sempre variando (e a oferta, como por exemplo, no-
caso da energia eólica ou solar) tem-se sempre um equilíbrio dinâmico. Deseja-se que o
movimento diferença, o erro (d − s), seja convergente para zero (Mawhin, 2005; Liapou-
noff, 1907). O sistema está, em geral, pois, sempre em movimento. É a dinâmica deste
movimento que se quer estudar e controlar. É a essência da gestão de uma cadeia de
suprimentos.
A variável que causa o aumento ou a diminuição na produção é a diferença entre a
demanda e a oferta, isto é, o “excesso de demanda” ou o “excesso de oferta”. Ela é o
resultado do mecanismo de realimentação, como mostrado na figura (1).
O propósito da produção é fornecer produtos a serem consumidos. Parte do consumo
é interno, quer dizer, uma fração do produto i é usado para fabricar o produto j. Uma
parte desta fração de “consumo” é usada para fornecer estoque (especialmente para a
expansão da produção). A outra parte da produção é para consumo externo. O ganho K
da realimentação deve ser escolhido de tal forma que no ponto de equilíbrio, que deve ser
estável, tenha-se que a oferta seja igual à demanda. Trata-se de um processo contínuo de
ajuste. No caso de redes de energia elétrica os transitórios são bem mais rápidos.
Trabalhar-se-á aqui com variáveis contínuas. A dinâmica do processo será então dada
por um conjunto de equações. O mesmo raciocínio que levou à equação (8.5) permite
escrever:

dx(t)
x(t) = Ax(t) + B + s(t) (10.1)
dt
onde
x(t) é a produção total do sistema;
Ax(t) é a parte da produção total que é usada no processo de produção;
dx(t)
B é a parte da produção total que é colocada em estoque;
dt
s(t) é a parte da produção disponível para satisfazer à demanda externa (é a oferta).
O erro, isto é, a diferença entre a demanda e a oferta, é dado por:

e(t) = d(t) − s(t) (10.2)

Usar-se-á aqui uma realimentação proporcional, isto é, um controle proporcional.


Poder-se-ia, é claro, usar um controlador PID (Proporcional, Integral, Derivada), mas
usa-se aqui apenas o proporcional em prol da clareza da exposição. A força de controle,
u, será então proporcional ao erro, e será dada por:

u(t) = Ke(t) = K [d(t) − s(t)] (10.3)

onde K é a matriz do controle proporcional. Note-se que K pode ser diagonal ou não.
Não há nenhuma restrição nesse sentido. Com todos os seus elementos não nulos, a
flexibilidade (controlabilidade) será maior, é claro.
Se o controle fosse PID, ter-se-ia:
Z
d
u(t) = K1 [d(t) − s(t)] + K2 [d(t) − s(t)] dt + K3 [d(t) − s(t)] ,
dt
onde K1 , K2 e K3 seriam as matrizes do controlador (numa linguagem de sistemas de con-
trole automático). O ganho K1 dá rapidez de resposta e menor erro de regime permanente
quanto maior for o seu valor; o controle integral elimina o erro de regime permanente e
Armazenamento Ótimo de Energia 17
o controle derivada amortece as variações bruscas do erro. Na sequela usa-se apenas o
controle proporcional.
A variação temporal da produção será dada então por:

dx(t)
= u(t) (10.4)
dt
Eliminado-se da notação, para não sobrecarregá-la, a dependência explícita do tempo,
tem-se então:

dx
=u
dt
dx (10.5)
x = Ax + B +s
dt
u = K(d − s).
A matriz K deve ser escolhida de tal forma que no equilíbrio tenha-se:

• a procura seja igual à oferta (se = de );

• obtenha-se o modelo estático de Leontief, ou seja,

se = (I − A)xe .

Para ilustrar o funcionamento do modelo dinâmico definido no sistema de equações


(10.5), foi construído o diagrama de bloco da figura (1).

dx
dt B

d + Erro u Rt x + − s
0 (.)dτ
K I −A

s

Figura 1: Diagrama de blocos de um modelo dinâmico de uma cadeia de suprimentos.

Vai-se agora trabalhar algebricamente estas equações de forma a se obter a equação


dx
para e para s, em função de x e de d. Ter-se-á:
dt

s = (I − A)x − Bu
= (I − A)x − BK(d − s)
(I − BK)s = (I − A)x − BKd
∴ s = (I − BK)−1 (I − A)x − (I − BK)−1 BKd

A taxa de variação da produção no tempo será:


18 Fernando Menezes Campello de Souza

dx
= K(d − s)
dt
= K d − (I − BK)−1 (I − A)x + (I − BK)−1 BKd
 

= −K(I − BK)−1 (I − A)x + K I + (I − BK)−1 BK d


 

= −K(I − BK)−1 (I − A)x + K(I − BK)−1 d

pois
I + (I − BK)−1 BK = (I − BK)−1 .
 

O sistema em malha fechada (closed loop), automático, será descrito então por:

dx
= −K(I − BK)−1 (I − A)x + K(I − BK)−1 d (10.6)
dt
s = (I − BK)−1 (I − A)x − (I − BK)−1 BKd (10.7)

No ponto de equilíbrio, isto é, quando dx


dt
= 0, ter-se-á:

u = K(d − s) = 0 ∴ d = s,

como deve ser. De fato, tem-se:


dx
= −K(I − BK)−1 (I − A)x + K(I − BK)−1 d = 0,
dt
∴ −(I − BK)−1 (I − A)x + (I − BK)−1 d = 0
∴ (I − BK)−1 (I − A)x = (I − BK)−1 d.
Mas, como:

I + (I − BK)−1 BK = (I − BK)−1 ⇒ (I − BK)−1 BK = (I − BK)−1 − I,


 

decorre que, no ponto de equilíbrio:

s = (I − BK)−1 (I − A)x − (I − BK)−1 BKd


= (I − BK)−1 d − (I − BK)−1 BKd
= (I − BK)−1 d − (I − BK)−1 − I d
 

= (I − BK)−1 − (I − BK)−1 + I d
 

= Id
= d,

como necessário, sem nenhuma restrição sobre as matrizes do modelo.


As restrições nas matrizes do modelo devem ser introduzidas para se garantir a esta-
bilidade. Note-se pela equação de malha fechada que é a demanda que “controla”, por
assim dizer, o sistema. Para garantir estabilidade, a parte real dos auto valores da matriz

−K(I − BK)−1 (I − A)

devem ser negativas. Ou seja, as raízes da equação polinomial:

Det λI + K(I − BK)−1 (I − A) = 0, (10.8)


 
Armazenamento Ótimo de Energia 19
onde λ é o vetor de auto-valores, devem ter partes reais negativas. Deve-se evitar raízes
complexas, pois estas significam oscilações nas quantidades produzidas.
O modelo permite pois uma grande flexibilidade na escolha das matrizes K e B. A
matriz A é tipicamente dada; ela é, por assim dizer, “física”, “estrutural”. Pode haver
um mechanism design para a sua elaboração. De fato é aí que reside a ferramenta para
a elaboração de uma política energética global. Escolhendo-se K e B pode-se alterar
substancialmente a dinâmica de uma cadeia produtiva, levando-a a uma trajetória que
otimize um funcional objetivo pré-estabelecido pelos gestores da cadeia. E que seja capaz
de atingir algo como um equilíbrio de Nash satisfatório para todos os players envolvidos,
e com um máximo de externalidades positivas para a comunidade em geral.
Observe-se que quando o aumento do estoque for desprezível (não é o caso das redes
elétricas inteligentes), pode-se fazer B = 0. Neste caso o modelo torna-se:

dx
= −K(I − A)x + Kd
dt
s = (I − A)x

É bom lembrar que a matriz (I − A) deve ser sempre viável, como já mencionado.
Note-se que na gestão da cadeia de suprimentos tenta-se minimizar o volume de esto-
que. As empresas e o sistema como um todo procuram trabalhar nesse sentido, tentando
minimizar ao máximo as incertezas em toda a cadeia. Enfim, existe sempre uma política
de estoques, que dependerá sempre do tipo de produto e de outros fatores. No caso do
armazenamento de energia o funcional objetivo é bem sui generis. Tenta-se minimizar a
frequência e a duração das interrupções no fornecimento de energia elétrica aos consumi-
dores; minimizar a ocorrência de blackouts, apagões e racionamento. Enfim, minimizar a
probabilidade de déficit de energia elétrica. Tanto no curto prazo (operação), quanto no
longo prazo (crescimento econômico, que implica no crescimento, em geral antecipado, da
disponibilidade de oferta de energia. O modelo dinâmico de Leontief é compatível com
as ideias de crescimento econômico (Kurz & Salvadori, 2000).
O modelo pode ser monetizado, para se incluir as realidades do mundo das finan-
ças (créditos, modelos de negócios, tarifas, tributação, empréstimos, juros, balanço de
pagamentos, etc.). Não há restrições nesse sentido.

10.1 O Uso do Modelo


Os benefícios do armazenamento de energia dependem de: tamanho do sistema, sua
localização dentro do sistema elétrico, função que irão desempenhar, etc. . . (Silva & Bor-
toni, 2016). É preciso incluir as questões relativas a:

• Reserva Girante.

• Reserva Não Girante.

• Load Following.

• Arbitragem (time-shifting).

• Serviço de suporte de tensão (injeção ou absorção de energia reativa).

• Regulacão de frequência.
20 Fernando Menezes Campello de Souza

• Black Start. É o processo de restaurar uma estação geradora de energia elétrica ou


parte de uma rede elétrica para operação, sem depender da rede de transmissão de
energia elétrica externa para se recuperar de um desligamento total ou parcial. Nor-
malmente, a energia elétrica utilizada na usina é fornecida pelos próprios geradores
da usina.

• Alívio do sistema em momentos de congestionamento (picos de demanda).

O uso do modelo da cadeia de suprimento, para a sua estruturação e controle, requer


a determinação da matriz A (estrutura “física” já existente), a escolha das matrizes K
e B, uma previsão da série histórica da demanda e da oferta, e a solução do sistema de
equações diferenciais lineares:

dx
= −K(I − BK)−1 (I − A)x + K(I − BK)−1 d (10.9)
dt
s = (I − BK)−1 (I − A)x − (I − BK)−1 BKd (10.10)

Fazendo-se:

A = −K(I − BK)−1 (I − A)
B = K(I − BK)−1
C = (I − BK)−1 (I − A)
D = −(I − BK)−1 BK

o sistema dinâmico linear é então descrito por:

dx
= Ax + Bd
dt
s = Cx + Dd

onde:
x é a variável de estado;
d é a força de controle (a entrada);
s é a saída do sistema.
A “cadeia produtiva” mais simples é a cadeia unitária. Neste caso tem-se apenas um
produto: x, que agora é um escalar. O mesmo acontece para d e para s. Os parâmetros
serão também escalares, de forma que o sistema será:

dx
= −αx + βd (10.11)
dt
s = γx + δd (10.12)

Se a produção deste único produto, x, no instante inicial é x(0), a produção num instante
t qualquer à frente será:
Z t
x(t) = e x(0) +
−αt
e−α(t−τ ) βd(τ )dτ
0

Se a demanda d(t) fosse constante, diga-se,

d(t) = d,
Armazenamento Ótimo de Energia 21
a quantidade produzida seria:
t
1 − e−αt
Z
x(t) = e−αt
x(0) + βd e−α(t−τ ) dτ = ,
0 α

e portanto, quando t → ∞, ter-se-ia:


βd
lim x(t) = ,
t→∞ α
que é de fato o ponto de equilíbrio (quando dx
dt
= 0).
Acontece que, em geral, a demanda d(t) é um processo estocástico, tipicamente gaus-
siano, e portanto a expressão da solução tem que ser resolvida numericamente. Não há,
nesse caso, uma expressão analítica para d(t) que possa ser integrada. Uma vez obtida a
série para x(t), a obtenção de s é imediata (por substituição de x e d).
No caso de dois ou mais produtos, qualquer que seja a estrutura da cadeia produtiva,
a solução tem a mesma “fisionomia”:
Z t
x(t) = e x(0) +
At
eA(t−τ ) βd(τ )dτ,
0

sendo que agora eAt é uma matriz. Note-se que o número de coordenadas do vetor x é o
mesmo do vetor d e do vetor s; são os n produtos. Portanto as matrizes A, B, C e D são
todas matrizes quadradas n × n.
Observe-se que, no “mundo real”, as demandas pelos diversos produtos não variam na
mesma proporção entre si. Assim, por exemplo, d1 pode crescer e d2 decrescer. Logo, se
as matrizes K e B forem feitas diagonais (escolhidas diagonais), estar-se-ia “amarrado” à
estrutura “física” da cadeia de suprimentos, com muito pouca possibilidade de otimização
da cadeia como um todo. Tanto K quanto B devem ser feitas, pois, plenas, isto é, todos
os seus elementos devem ser não nulos, para que se possa acomodar todas as possíveis
correlações entre as demandas pelos diversos produtos, sejam estas positivas ou negativas,
quaisquer que sejam as suas variâncias. Isto significa que tanto a política (programação)
da produção (K) quanto o controle de estoque (B) devem ser estabelecidas pela cadeia
produtiva como um todo, em função da demanda vetorial.
A fórmula para o cálculo numérico da matriz eAt é disponível em pacotes de software.
Pode-se usar a aproximação por série de Taylor para a simulação. A série da demanda
vetorial será gerada no programa.

10.2 A Introdução da Incerteza


O problema da incerteza deve ser tratado. Ela pode ser introduzida no modelo por
intermédio de dois mecanismos:

• No cálculo da demanda, onde a incerteza é inserida através da identificação das


distribuições de probabilidade e o cálculo do intervalo de confiança, considerando
que as probabilidades dos eventos possam ser calculadas. Independentemente da
facilidade ou dificuldade de cálculo da previsão da demanda, esta representa uma
parte dos loci centrais da análise da incerteza (a outra parte é a oferta), pois ela
é parte do input do modelo dinâmico. O modelo proposto aqui pode incorporar
essa incerteza considerando-se a demanda d(t) por todos os produtos da cadeia
como processos estocásticos (gaussianos, por exemplo). Como o sistema é linear,
22 Fernando Menezes Campello de Souza

se o funcional objetivo for quadrático (minimizar o quadrado da diferença entre


demanda e oferta, por exemplo), pode-se resolver o problema de controle ótimo
resultante por técnicas clássicas de controle estocástico. Ter-se-á um problema do
tipo LQG (Linear, Quadrático e Gaussiano). Aplicar-se-á a equação de Riccati
(Intriligator, 2002).

• Outro locus de incerteza é a oferta. Toda uma série de mecanismos probabilísticos


se faz presente no processo de oferta. Falhas de componentes, equipamentos ou
sistemas, pragas, doenças, pandemias, acidentes, desastres naturais, etc. No caso
das fontes de energia existe a variabilidade (intermitência, com as suas respectivas
dimensões temporais) de inputs tais como, por exemplo, as séries hidrológicas, os
ventos, e a radiação solar.

• Outro ponto de consideração da incerteza está na equação (10.4), a qual depende da


demanda d, voltando assim ao tópico anterior sobre as considerações da incerteza
com relação a demanda.

A versão dinâmica do modelo de Leontief conduz naturalmente ao conceito de cres-


cimento econômico (Kurz & Salvadori, 2000), e permite uma abordagem integrada das
relações entre energia e economia. Conceitos como a elasticidade energética do PIB,
entre outros, emergem naturalmente. Relações entre crescimento econômico e política
energética, bem como a introdução da energia solar na matriz energética, incluindo uma
nova maneira de representar e calcular as incertezas, podem ser encontradas em Walley
& Campello de Souza (1990a,b); Campello de Souza (2000); Stamford da Silva & Cam-
pello de Souza (2008); Santiago et al. (2014); Stamford da Silva (1999); Campello de Souza
(2007). Veja-se ainda Walley (1991), Wanderley et al. (2009), Bezerra & Campello de
Souza (2011) e Campos et al. (2007).
Nas referências Vogt et al. (1975); Araújo (2008); Oliveira (2014), não é abordado
de forma explícita o problema do uso dos produtos estocados no caso de um default
do sistema produtivo por qualquer motivo. Para se ter uma ideia inicial de como o
modelo funciona, incluindo os efeitos do estoque no caso de default, considere-se o modelo
apresentado a seguir.

11 Modelo Dinâmico com um Produtor e uma Demanda do mesmo Produto


Neste caso que é monodimensional ter-se-á:

dx K(1 − A) K
=− x+ d (11.1)
dt 1 − BK 1 − BK
1−A BK
s= x− d, (11.2)
1 − BK 1 − BK
onde os parâmetros agora são escalares. O ponto de equilíbrio é dado por:
d
xe = ,
1−A
que independe, pois, dos valores de B e de K.
Simulações deste modelo dão uma primeira ideia de como o sistema se comporta. Será
preciso partir, no “mundo real”, para os casos multidimensionais, é claro, dentro de um
amplo projeto de estudo. As ideias básicas, entretanto, têm que ser assimiladas.
Armazenamento Ótimo de Energia 23
Para os resultados da simulação apresentados a seguir, foram considerados os valores:
A = 0, 005, K = 1, 00, e quatro valores de B: 0, 00; 0, 15; 0, 30; 0, 55 (para que se possa
perceber o efeito do armazenamento na dinâmica da oferta). Considerou-se x(0) = 0.
A demanda, d, neste exemplo, é constante e igual a 3. O tempo foi de 0 a 6 unida-
des. Foi usada a linguagem Python para as soluções numéricas das equações diferenciais
(algoritmo lsoda).

As figuras (2), (3), (4), (5) e (6) mostram os resultados das simulações.

Note-se que quando B > 0 o transitório é mais rápido, e vai se tornando mais rápido
à medida que B cresce. No início do transitório, para valores mais altos de B, o déficit
é maior, mas depois é rapidamente diminuído, e o sistema atinge o ponto de equilíbrio
mais cedo. Respeitada a condição 1 − BK > 0 (estabilidade), quanto maior o valor de
B, mais rápido é o sistema.

Trajetória Temporal da Produção x(t)


4.0
x(t)
3.5

3.0

2.5 A = 0.005

2.0 B = 0.0
x(t)

1.5 K = 1.0

1.0 x0 = 0.0

0.5 xe = 3.01507

0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 2: Dinâmica do transitório da produção (x(t)). Os parâmetros são apenas ilustrativos. O ponto
de equilíbrio é xe = x(∞) = 1−A
d
= 1−0,005
3
= 3, 01507.
24 Fernando Menezes Campello de Souza

Trajetória Temporal da Demanda (d(t)) e da Oferta (s(t))


4.5
d(t)
4.0
s(t)
d(t) - s(t)
3.5

3.0

2.5 A = 0.005
d(t) e s(t)

2.0 B = 0.15

1.5 K = 1.0

1.0 x0 = 0.0

0.5 xe = 3.01507

0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 4: Dinâmica do transitório da demanada e da oferta (B = 0, 15)). Os parâmetros são apenas


ilustrativos. Mostra-se também a diferença entre a demanda e a oferta.

Trajetória Temporal da Demanda (d(t)) e da Oferta (s(t))


4.5
d(t)
4.0
s(t)
d(t) - s(t)
3.5

3.0

2.5 A = 0.005
d(t) e s(t)

2.0 B = 0.0

1.5 K = 1.0

1.0 x0 = 0.0

0.5 xe = 3.01507

0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 3: Dinâmica do transitório da demanada e da oferta (B = 0, 00). Os parâmetros são apenas


ilustrativos. Mostra-se também a diferença entre a demanda e a oferta.
Armazenamento Ótimo de Energia 25

Trajetória Temporal da Demanda (d(t)) e da Oferta (s(t))


4.5
d(t)
4.0
s(t)
d(t) - s(t)
3.5

3.0

2.5 A = 0.005
d(t) e s(t)

2.0 B = 0.3

1.5 K = 1.0

1.0 x0 = 0.0

0.5 xe = 3.01507

0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 5: Dinâmica do transitório da demanada e da oferta (B = 0, 30)). Os parâmetros são apenas


ilustrativos. Mostra-se também a diferença entre a demanda e a oferta.

Trajetória Temporal da Demanda (d(t)) e da Oferta (s(t))


4.5
d(t)
4.0
s(t)
d(t) - s(t)
3.5

3.0

2.5 A = 0.005
d(t) e s(t)

2.0 B = 0.55

1.5 K = 1.0

1.0 x0 = 0.0

0.5 xe = 3.01507

0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 6: Dinâmica do transitório da demanada e da oferta (B = 0, 55)). Os parâmetros são apenas


ilustrativos. Mostra-se também a diferença entre a demanda e a oferta.
26 Fernando Menezes Campello de Souza

Para fontes não restritas (solar, eólica, etc.), tem-se a intermitência. Isto significa
que a qualquer momento pode haver uma redução drástica da fonte primária, como, por
exemplo, uma calmaria, quando a intensidade dos ventos pode cair muito rapidamente.
No caso da energia solar, os dias e as noites são previsíveis, mas nuvens, chuvas, etc., não
são tão previsíveis assim, e o mesmo fenômeno pode ocorrer.
No modelo dinâmico de Leontief básico não se tem nenhuma restrição quanto aos
velores de x, a produção. Se a demanda aumenta, o x vai crescer de modo a se ter uma
oferta s que vai atendê-la. O x, entretanto, não aparece do nada. Ele é obtido a partir
de alguma fonte primária, e esta pode, em geral, sofrer uma limitação, seja rápida, seja a
longo prazo. Uma forma de representar esse fenômeno é colocar uma cota superior, M,
para x, nas simulações (no caso real, M será um processo estocástico a ser estimado). As
equações seriam então:

dx K(1 − A) K
=− x H(M − x, 1) + H(M − x, 1) d (11.3)
dt 1 − BK 1 − BK
1−A BK
s= x− d, (11.4)
1 − BK 1 − BK

onde H é a função de Heaviside.


Os gráficos das figuras (7), (8), (9) e (10) mostram os resultados das simulações, para
M = 2, 75. Os parâmetros são os mesmos usados no caso anterior (sem a restrição M).

Trajetória Temporal da Produção (com uma restrição, M) (x(t)), da Demenda (d(t)) e da Oferta (s(t))
4.5
x(t)
4.0
d(t)
s(t)
3.5

3.0
x(t), d(t) e s(t)

2.5

2.0 A = 0.005

1.5 B = 0.0

1.0 K = 1.0

0.5 x0 = 0.0
M = 2.75
0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 7: Dinâmica do transitório da produção, da demanda e da oferta (B = 0, 00). Os parâmetros


são apenas ilustrativos. A produção tem restrição no insumo (x(t) ≤ M ). Neste caso s(t) praticamente
se confunde com x(t).
Armazenamento Ótimo de Energia 27

Trajetória Temporal da Produção (com uma restrição, M) (x(t)), da Demenda (d(t)) e da Oferta (s(t))
4.5
x(t)
4.0
d(t)
s(t)
3.5

3.0
x(t), d(t) e s(t)

2.5

2.0 A = 0.005

1.5 B = 0.15

1.0 K = 1.0

0.5 x0 = 0.0
M = 2.75
0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 8: Dinâmica do transitório da produção, da demanda e da oferta (B = 0, 15). Os parâmetros


são apenas ilustrativos. A produção tem restrição no insumo (x(t) ≤ M ).

Trajetória Temporal da Produção (com uma restrição, M) (x(t)), da Demenda (d(t)) e da Oferta (s(t))
4.5
x(t)
4.0
d(t)
s(t)
3.5

3.0
x(t), d(t) e s(t)

2.5

2.0 A = 0.005

1.5 B = 0.3

1.0 K = 1.0

0.5 x0 = 0.0
M = 2.75
0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 9: Dinâmica do transitório da produção, da demanda e da oferta (B = 0, 30). Os parâmetros


são apenas ilustrativos. A produção tem restrição no insumo (x(t) ≤ M ).
28 Fernando Menezes Campello de Souza

Trajetória Temporal da Produção (com uma restrição, M) (x(t)), da Demenda (d(t)) e da Oferta (s(t))
4.5
x(t)
4.0
d(t)
s(t)
3.5

3.0
x(t), d(t) e s(t)

2.5

2.0 A = 0.005

1.5 B = 0.55

1.0 K = 1.0

0.5 x0 = 0.0
M = 2.75
0.0
0 1 2 3 4 5 6
t

Figura 10: Dinâmica do transitório da produção, da demanda e da oferta (B = 0, 55). Os parâmetros


são apenas ilustrativos. A produção tem restrição no insumo (x(t) ≤ M ).

Observe-se que à medida que o B aumenta, o sistema fica mais rápido, mas o déficit de
regime permanente aumenta, indo de cerca de 0, 25 a cerca de 0, 60, para uma demanda
d = 3.
Trata-se aqui de apenas uma unidade produtora. Num sistema com muitos produ-
tores, que é o caso real, outros produtores, inclusive empresas de armazenamento de
energia, por exemplo, irão preencher esse déficit. Uma empresa isolada que tenha ela
mesma um sistema de armazenamento de energia tem que gerenciar esse estoque próprio.
Quanto maior for o armazenamento, menor será a capacidade (quantidade) de entrega de
energia firme na rede, vis-à-vis limitações e variações (M > 0) na fonte primária que de
uma forma ou de outra aparecem, principalmente na energia eólica e na energia solar. A
energia entregue será bem mais firme, com o armazenamento, mas menor (em volume)
do que a capacidade instalada dos seus geradores. Nas outras fontes também aparecem,
mas geralmente em prazos mais longos, como na hidrelétrica, por exemplo. Reservatórios
em níveis críticos são fantasmas que de vez em quando emergem, como agora, em junho
de 2021. É claro que existe um tradeoff. Outrossim, é preciso definir quem são os players
e delinear os seus espaços de ação.

12 Discussão
A efetiva adoção de um sistema amplo de armazenamento de energia elétrica envolve
muitas questões complexas, de natureza científica, técnica, econômica, ambiental, legal,
estratégica, política, etc., que requerem um enfoque sistêmico para que se possa chegar a
bom termo. Requer uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar e o uso de ferramentas
matemáticas avançadas, composta por indivíduos e instituições habilitadas no uso dessas
ferramentas. E os players. O início do processo seria a elaboração de um estudo apro-
fundado e um subsequente projeto geral. Em seguida seriam elaborados vários projetos
executivos. O governo, por intermédio de seus ministérios envolvidos, além de agências,
ou talvez melhor, uma comissão tripartite (governo, empresas e representantes dos consu-
midores) centralizaria a coordenação dessa atividade, que envolveria, logo no início, uma
Armazenamento Ótimo de Energia 29
vontade política, e uma capacidade de obter, inclusive de grupos empresariais, e alocar,
recursos financeiros para esse endeavor. É preciso avançar rapidamente com isso, sob
pena de ter-se que vivenciar futuros “apagões” e racionamentos de energia. A escala de
um estudo desses seria de várias centenas de milhões de reais.

12.1 Caracterı́sticas Dinâmicas das Fontes de Energia


São várias as fontes de energia primária que podem ser usadas para a produção de
energia elétrica. Pode-se pensar em dois casos nas diversas tecnologias atualmente em
uso (e outras que poderão vir a ser adotadas): as que têm naturalmente uma forma de
estoque para ser usado quando necessário, e as que não têm esse estoque natural. No
primeiro caso incluem-se as formas mais usadas atualmente, como a hidreletricidade, o
petróleo, a nuclear, a biomassa, o gás natural, etc. Na operação do sistema elétrico, a
fonte primária é usada na medida da demanda instantânea por eletricidade. O que não
é demandado fica automaticamente estocado. É claro que existe toda uma sistemática,
toda uma logística, de gestão desses estoques de energia primária. No segundo caso,
incluem-se a energia solar, a energia eólica, a energia das marés, e a energia das ondas.
Todas as unidades geradoras, via de regra, alimentam uma extensa e interconectada
rede elétrica. A todo instante, essa “economia elétrica” está, ou deveria estar, na opera-
ção, em equilíbrio: a oferta iguala a demanda. Se não for assim, ter-se-á os blackouts, os
“apagões” e os racionamentos, ou então energia desperdiçada.
Vem crescendo cada vez mais o uso da energia solar e da energia eólica no mundo.
São enormes as vantagens destas fontes de energia primária. São bem mais naturalmente
geograficamente distribuídas, principalmente a solar. E são abundantes no Brasil. Per-
mitem uma modularização bem flexível, o que facilita a implementação paulatina, rápida
e distribuída. No Brasil, já são uma realidade, mas precisam aumentar a sua participação
na matriz energética. Com energia firme.
A escolha de um sistema energético, isto é, as fontes primárias de energia e as tec-
nologias necessárias para utilizá-las é um problema complexo e naturalmente pleno de
aspectos sociais e políticos. Não é óbvio explicitar considerações que sirvam de base para
argumentar pró ou contra as diversas opções energéticas; as opções de composição do
mix. A energia solar, por exemplo, é atualmente uma fonte não convencional de energia
razoavelmente dominada tecnologicamente, e seus aspectos econômicos vêm sendo cada
vez mais bem entendidos. Há inclusive uma certa complementaridade com a energia
eólica.
No mercado energético, muitos usuários estão em condições de substitutibilidade,
sobretudo aqueles que usam energia sob a forma térmica.
As fontes convencionais de energia representam uma energia armazenada, são encon-
tradas em locais específicos e mutáveis, com suprimento limitado. Sua escassez e de-
manda criam uma commodity altamente capitalizável e um mercado relativamente ávido
e impaciente. Os custos de produção de fontes convencionais, com exceção da energia
hidrelétrica, advém de exploração, mineração, transporte, refinamento, conversão para
eletricidade, e da pesquisa e desenvolvimento em cada uma dessas áreas.
Em contraste, a energia solar representa uma abundância de energia na forma de
radiação não monopolizável. A radiação solar em si mesma não é uma mercadoria escassa
e em extinção, e portanto não está sujeita a forças de mercado nem à política externa.
O mercado solar não se desenvolve a partir das tarefas necessárias para fornecer energia
como uma mercadoria, e sim a partir da produção e comercialização de equipamentos que
possam converter a radiação solar em energia utilizável. Há que se entender portanto os
aspectos do mercado energético levando em conta os aspectos tecnológicos.
30 Fernando Menezes Campello de Souza

12.2 Fatores Intervenientes na Questão Energética


Os efeitos das tecnologias em evolução, a disponibilidade de recursos, as estruturas re-
gulatórias (normas, tarifas, questões relativas aos impactos ambientais, etc.), a existência
de recursos humanos qualificados (domínio e acompanhamento do avanço tecnológico) e
a política nacional, são complicadores de uma análise abrangente do panorama futuro da
oferta e da demanda de energia e dos preços das diversas alternativas energéticas.
Mais especificamente, algumas das questões que devem ser interrelacionadas na análise
das opções de política energética são:

1. a não renovabilidade dos recursos fósseis;

2. a disponibilidade de várias alternativas energéticas;

3. a dinâmica própria do sistema, com a sua inércia e os seus retardos puros, e o tempo
necessário para os ajustamentos;

4. o armazenamento de energia;

5. a interconexão do sistema (as linhas de transmissão, com as suas limitações);

6. sistemas de transporte e combustíveis;

7. importação e exportação e o problema do balanço de pagamentos;

8. substitutibilidade entre combustíveis;

9. substitutibilidade entre energéticos;

10. novas tecnologias;

11. aspectos ecológicos e qualidade de vida;

12. custos da energia;

13. geração de empregos;

14. mecanismos de financiamento e negociação;

15. interação do setor público (principalmente o setor elétrico) com o setor privado e
consumidores em geral;

16. crescimento econômico.

Sabe-se que sob condições de competição perfeita, a operação do sistema de mercado


resultaria numa alocação ótima de recursos maximizando os lucros dos produtores e as
utilidades dos consumidores. Entretanto, em muitos setores da atividade econômica no
Brasil, principalmente no setor energético, argumenta-se que existe uma série de razões
pelas quais o sistema de mercado pode falhar e os recursos não serem usados eficiente-
mente. Segundo esses argumentos, algumas das condições que sugerem a necessidade de
algum tipo de autoridade central que regule (ou coordene e guie) o comportamento de
muitos agentes econômicos nos setores energéticos são:

1. estruturas oligopólicas de mercado;


Armazenamento Ótimo de Energia 31
2. concentração de poder, e ingerências políticas, muitas vezes indutoras de ineficiên-
cias e corrupção;
3. externalidades negativas (tais como poluição);
4. existência de monopólios técnicos naturais, como no caso da energia elétrica, por
exemplo;
5. não renovabilidade dos recursos; e
6. objetivos extra-econômicos, tais como a independência de fontes externas de supri-
mento, e de domínio de tecnologia. Questões estratégicas para o país.
Sob essas condições seria interessante que uma agência de regulação, orientação e
fiscalização pudesse atuar, fazendo o que se chama em teoria dos jogos o Mechanism
Design. Mas para que essa atuação seja efetiva uma análise detalhada do problema se
impõe.

12.3 Modelos Dinâmicos da Matriz de Leontief


Existe uma literatura nessa classe de modelos dinâmicos da matriz de Leontief (Wag-
ner, 1954, 1957; Morishima, 1959; Dobos & Floriska, 2003, 2005a,b, 2009; Kurz & Sal-
vadori, 2000; Tarasova & Tarasov, 2018). Sua exploração, com a adição de inovações,
resultados de pesquisas a serem feitas, certamente abrirá os horizontes para uma imple-
mentação adequada do armazenamento de energia elétrica.

13 Comentários Finais
A questão do armazenamento de energia está na ordem do dia na agenda mundial. A
Energy Storage Global Conference foi adiada para outubro de 2021 devido à pandemia
do Coronavírus (Covid-19).
ENERGY STORAGE GLOBAL CONFERENCE 2021 — 12/10/2021 – 14/10/2021
<https://hydropower-europe.eu/upcoming-events/energy-storage-global->
conference-2021/#:~:text=Description%3A,issues%20for%20the%20storage%20sector.>
<https://ease.events.idloom.com/esgc2021>
O Brasil tem que se engajar mais nisto, e fazer as coisas acontecerem, haja vista a
sua realidade de uma participação rapidamente crescente da energia eólica e da energia
solar na sua matriz energética. É uma realidade. Não faz sentido deixar que a questão da
intermitência venha a tolher esse crescimento. Considere-se inclusive o vasto potencial
eólico e solar que o país tem a partir de unidades offshore.
Nas questões do chamado planejamento energético, entre outras coisas, há que se
passar do tradicional trio geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, para o
quarteto geração, armazenamento, transmissão e distribuição de energia elétrica.
Conclui-se aqui com Tesla:
The day Science begins to study non-physical phenomena, it will make more
progress in one decade, than in all previous centuries of its existence. — Nikola
Tesla.
No dia em que a Ciência começar a estudar fenômenos não físicos, fará
mais progresso em uma década do que em todos os séculos anteriores de sua
existência.
32 Fernando Menezes Campello de Souza

Referências
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tico” de geração de energia elétrica no Brasil: uma avaliação da aplicabilidade de otimi-
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Adiel Teixeira de Almeida.

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Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Recife. Orientador: prof. Fernando Menezes Campello de Souza.

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