J.l.relatório CGU - RSC
J.l.relatório CGU - RSC
J.l.relatório CGU - RSC
Assunto: Relatório Definitivo de Auditoria Anual de Contas, exercício 2017, referente à Setec.
Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 00190.104449/2018-93.
Senhor Secretário,
Atenciosamente,
1 de 2 27/08/2018 14:37
SEI/CGU - 0815854 - Ofício https://sei.cgu.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_c...
Referência: Caso responda este O+cio, indicar expressamente o Processo nº 00190.104449/2018-93 SEI nº 0815854
2 de 2 27/08/2018 14:37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Exercício 2017
19 de julho de 2018
Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Unidade Examinada: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
Município/UF: Brasília/DF
Ordem de Serviço: 201800820
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
3
QUAL FOI O POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
TRABALHO?
TRABALHO Conforme determina o inciso IV do art. 74 da
Constituição Federal de 1988, à CGU, como
REALIZADO Órgão Central do Sistema de Controle Interno
do Poder Executivo federal, compete apoiar o
PELA CGU? TCU no exercício de sua missão institucional,
dentre as quais destaca-se a de julgar as contas
dos administradores públicos (art. 71, inciso II,
Trata-se de Relatório de da Constituição Federal de 1988).
Auditoria Anual de Contas
(AAC) da Secretaria de
Educação Profissional e QUAIS AS CONCLUSÕES
Tecnológica (Setec) do
Ministério da Educação (MEC) ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
referente ao exercício 2017. AS RECOMENDAÇÕES QUE
A avaliação da gestão da Setec DEVERÃO SER ADOTADAS?
abarcou três itens: 1) Sobre a gestão dos Indicadores, constatou-se
avaliação da metodologia dos
que (i) a Setec não monitora todos aqueles
indicadores adotados para
previstos no Manual e os que o são não
avaliar o desempenho dos
Institutos Federais; 2) possuem metas definidas; e (ii) a metodologia
avaliação da atuação do adotada para apuração dos resultados não é
Conselho Permanente para fidedigna em virtude de falhas conceituais e
Reconhecimento de Saberes e matemáticas nas fórmulas. Já no que se refere
Competências (CPRSC) no à atuação do CPRSC, constatou-se que a
processo de regulamentação ausência de definição de critérios e
e concessão de retribuição procedimentos claros e objetivos pelo
por titulação a docentes; e 3) colegiado propiciou ampla discricionariedade
avaliação das providências na regulamentação do processo de concessão
adotadas pela Secretaria para de RSC pelos Institutos, o que acarretou
atendimento de
concessão generalizada de retribuições. Por
recomendações da CGU e do
fim, quanto às recomendações do Pronatec,
TCU relativas ao Programa
Nacional de Acesso ao Ensino evidenciou-se necessidade de atuação da
Técnico e Emprego Setec especificamente para avaliação daquelas
(Pronatec). relativas a prestação de contas e transparência
da aplicação dos recursos.
Todas as recomendações deste Relatório se
referem à atuação do CPRSC, pois quanto à
avaliação dos indicadores as recomendações
são tratadas em Relatório específico (Anexo III)
e quanto ao Pronatec, o assunto está sendo
monitorado via Sistema Monitor da CGU.
4
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
4. Atuação insuficiente da CAR na análise de regulamentos das IFE para concessão do RSC. 21
RECOMENDAÇÕES 26
CONCLUSÃO 28
ANEXOS 29
6
INTRODUÇÃO
A Setec é a área do MEC responsável pela política de EPT no país. Suas atribuições são
formular, implementar, monitorar, avaliar e induzir políticas, programas e ações nessa
área, atuando em regime de colaboração com os demais sistemas de ensino e os
diversos agentes sociais envolvidos. Além disso, a Secretaria também é responsável pela
criação, manutenção, supervisão e fortalecimento das Instituições que compõem a Rede
Federal.
O presente trabalho traz os resultados da Auditoria Anual de Contas realizada sobre a
prestação de contas apresentada pela Setec referente ao exercício de 2017.
De acordo com reunião realizada em 08/02/2018 entre CGESUP/CGU e
SecexEducação/TCU, foi definido o seguinte escopo de auditoria:
1) Avaliação da metodologia utilizada pela Setec para avaliar o desempenho das
Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com foco no
conjunto de indicadores utilizados pela Secretaria.
2) Avaliação da atuação do CPRSC, coordenado pela Setec/MEC, no sentido de
identificar e mitigar riscos no processo de concessão de Retribuição por Titulação por
meio de Reconhecimento de Saberes e Competências aos docentes da carreira do
magistério do ensino básico, técnico e tecnológico.
3) Avaliação das providências adotadas pela Setec/MEC sobre recomendações
emitidas em trabalhos anteriores da CGU com vistas ao aprimoramento do Pronatec,
com foco no controle da prestação de contas e na transparência da aplicação dos
recursos na rede; bem como das providências para atendimento do Acórdão TCU nº.
3071/2016 – Plenário.
Para a execução deste trabalho, foram avaliadas informações prestadas pela Secretaria,
realizadas entrevistas, reuniões e analisados normativos dos Institutos Federais e
Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais.
Considerações Iniciais
Em 2017, por meio do Relatório de Auditoria nº. 201702018, a CGU realizou no âmbito
da Setec a avaliação dos indicadores de desempenho da Rede Federal com base na
análise dos instrumentos legais, metodologias e sistemas utilizados pela Secretaria.
Nesse sentido, naquele Relatório, buscou-se responder às seguintes questões de
auditoria:
7
1. Os indicadores de gestão utilizados atualmente pela SETEC para avaliação do
desempenho da Rede Federal estão alinhados com os objetivos estratégicos da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica?
2. A metodologia de apuração dos indicadores de gestão garante a fidedignidade dos
resultados divulgados?
3. A divulgação dos resultados dos indicadores de desempenho é feita de forma
tempestiva e eficaz, assegurando a gestão transparente da informação?
A CGU vem acompanhando o Pronatec desde 2013 por meio de várias ações de controle.
O conjunto dessas ações evidenciou impropriedades na execução do Programa, o que
culminou em diversas recomendações de melhorias que vão desde o aprimoramento e
desenvolvimento de normas até o estabelecimento de critérios objetivos de prestação
de contas por parte da rede ofertante. Referidas recomendações foram objeto de
avaliação no presente trabalho, e foi elaborado item específico trazendo um panorama
sobre a suficiência das providências adotadas pela Setec.
8
RESULTADOS DOS EXAMES
9
Diante dessas iniciativas em andamento e dos riscos a elas associados, a CGU emitiu
recomendações à Setec com vistas à revisão do conjunto de indicadores a serem
utilizados para medir o desempenho das instituições da Rede Federal; à elaboração de
documentos de referência e orientação sobre a metodologia dos novos indicadores; à
promoção da transparência ativa sobre o resultado dos indicadores, incluindo série
histórica por instituição; à inclusão de informações sobre instituições ainda não
presentes no SISTEC, dentre outras. Tais recomendações serão acompanhadas por meio
do Relatório específico já mencionando anteriormente.
10
Quantidade de
Número de membros da % de regulamentos do
regulamentos que preveem
Comissão Especial total analisado
o número de membros
2 9 19,15%
3 20 42,55%
4 14 29,79%
5 1 2,13%
6 1 2,13%
Não informado 2 4,26%
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.
A maior parte dos regulamentos analisados determinou que a comissão especial deve
conter três membros, seguida de comissão compostas por quatro membros.
Além disso há regulamentos com previsão de comissões com dois, cinco e seis membros
e ainda dois regulamentos que não determinaram qual o tamanho da comissão
especial (IFMT e IFPI). São exemplos de regulamentos com comissões com apenas dois
membros: IFPE, IFMS, UFPE, IFSP, IFB, IFTM, IFRJ, IF Goiano e UFLA.
Essa diferença afeta diretamente as concessões de RSC, pois quanto menor a comissão,
menor a quantidade de pareceres favoráveis necessários para conceder o RSC.
11
Entre 60% e 67% 12
75% 3
100% 1
Maioria, mas não informa o total 1
Não informado 12
Total 47
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.
12
Por exemplo, para um docente pontuar na diretriz I do RSC I no IF Sudeste MG há a
possibilidade de apresentar comprovação de atividades distribuídas em 23 critérios,
enquanto no IFS, o docente só pontuará em quatro critérios, o que torna mais difícil a
obtenção do RSC.
Para a diretriz VI do RSC III, por exemplo, há 38 critérios no regulamento do DEPEX,
contra 12 critérios no IFMT. Uma diferença significativa.
14
Conclui-se que as diferenças significativas entre os regulamentos internos analisados e
aprovados pelo CPRSC, são consequências da ausência de critérios e procedimentos
claros e objetivos estabelecidos pelo Conselho. A Resolução CPRSC nº 01/2014 permite
uma ampla discricionariedade na regulamentação do processo de concessão de RSC,
delegada aos integrantes da Rede Federal, o que coloca em risco a isonomia nas
concessões da referida retribuição por titulação e possibilita a existência de pagamentos
indevidos que acarretam danos ao erário. Faz-se necessário definir com mais
objetividade e clareza os pressupostos, critérios e procedimentos para a concessão de
RSC no âmbito das IFE.
15
De acordo com a lista de presença, participaram da reunião sete membros do CPRSC e
sete da CAR. Foram aprovados 4 regulamentos e não foi possível verificar se a votação
e deliberação aconteceram de acordo com o Regimento.
Ressalta-se que o CPRSC recebeu em 2017 o regulamento da Unir para nova avaliação e
até julho de 2018 não havia realizado tal atividade.
Considerando que o CPRSC não está em funcionamento, é possível afirmar que ele não
realiza nenhum tipo de acompanhamento da concessão do RSC. Só tem se reunido para
aprovar regulamentos. Sequer tem as cópias dos regulamentos vigentes e informações
sobre o impacto financeiro, tampouco sobre quantidade e qualidade das concessões.
Sendo um conselho permanente espera-se que ele reúna as informações importantes
acercas das concessões de RSC, pois tal vantagem representa um alto e permanente
impacto financeiro no Orçamento da União. É necessário que haja contrapartida no que
diz respeito à qualidade do corpo docente, caso contrário, o RSC será apenas uma
espécie de aumento salarial para a carreira de EBTT disfarçado de reconhecimento pela
experiências, saberes e conhecimentos dos docentes.
16
Art. 4º - Compete ao CPRSC:
Portaria
II - analisar e homologar os regulamentos
MEC nº. 07/11/2013
específicos de cada Instituição Federal de Ensino
1094/2013
para o RSC; (Original sem grifo)
Art. 12 - As IFE deverão elaborar minuta de
regulamento interno para a concessão do
Reconhecimento de Saberes e Competências
em consonância com os pressupostos, diretrizes
e procedimentos estabelecidos por esta
Resolução 20/02/2014,
resolução, devendo encaminhá-la formalmente
CPRSC nº. alterada por meio
ao Conselho Permanente para o
01/2014 da Resolução nº.
Reconhecimento de Saberes e Competências
02, de 30/09/2014
(CPRSC) da Carreira do Magistério do Ensino
Básico, Técnico e Tecnológico para análise
técnica e posterior homologação pelo Conselho
Superior ou instância equivalente da
IFE. (Original sem grifo)
Fonte: Diário Oficial da União.
17
houvesse a necessidade de alteração, em função das rotinas e peculiaridades pontuais
em cada IFE, essa seria uma prerrogativa da própria Instituição, considerando que para
todos os efeitos essas alterações deveriam estar de acordo com todos os pressupostos,
diretrizes e procedimentos apontados na Resolução CPRS nº 01, de 2014.”
Acontece que desta forma o CPRSC não mais analisará os regulamentos das IFE,
conforme estabelece o Art. 12 da Resolução CPRSC nº 01/2014. Uma alteração em um
regulamento já aprovado pressupõe uma nova minuta, e neste caso deveria ser
submetido ao CPRSC novamente. Caso isso não aconteça, quando todas as instituições
tiverem seus regulamentos aprovados, o CPRSC perderia sua função pois, como dito
anteriormente, ele só se reúne para aprovar regulamentos e se não analisar as
alterações, o Conselho deixaria de ser permanente e não teria mais sentido existir.
Observa-se no quadro anterior que a maioria dos docentes que fazem parte do banco
nacional de avaliadores não aceita participar de comissões especiais. No CEFET/MG,
92,2% dos docentes sorteados em 2017 não quiseram participar do processo, fazendo
com que a instituição tenha que refazer o sorteio mais de uma vez, atrasando o
andamento dos processos de concessão.
Com relação à aceitação sem o envio dos pareceres, percebe-se, no quadro abaixo, que
também há um percentual razoável em algumas instituições (18,2% no IFAL, por
exemplo) de avaliadores que aceitam participar, recebem a documentação para análise,
mas não encaminham seus pareceres, dificultando o processo de concessão e fazendo
com que algumas instituições deem andamento ao processo sem a quantidade correta
de pareceres. Tal fato pode resultar em concessões indevidas.
% de avaliadores externos
% de docentes internos
(docentes da carreira de EBTT,
(docentes da própria IFE) que
lotados em outra IFE), que
IFE aceitaram participar de comissão
aceitaram participar de uma
especial, mas que não enviaram
comissão especial, mas não
seus pareceres
enviaram seus pareceres.
IFAL 4,2% 18,2%
IFMG 9,7% 18,5%
IFPA 11% 14,1%
IFPE 4,3% 16%
IFES 5,2% 7,8%
Fonte: informações encaminhadas pelos IFE.
Considerando que o banco de avaliadores foi composto em 2014 e que quase todos os
docentes da carreira EBTT fazem parte dele, conclui-se que o banco nacional precisa ser
19
atualizado, excluindo os docentes que não têm interesse em participar das bancas e,
posteriormente, promover a capacitação dos avaliadores para que sejam realizadas
avaliações corretas e as concessões ocorram sem irregularidade. Além disso, faz -se
necessário criar mecanismos de responsabilização e exclusão do banco para os docentes
que não realizarem as avaliações corretamente.
Desta forma, é possível concluir que o pagamento de RSC tem potencial para
desestimular a continuidade da formação acadêmica, visto que no fator remuneração o
docente não obterá ganhos.
Com relação ao Art. 7º, temos que “A apresentação de atividades para obtenção do RSC
independe do tempo em que as mesmas foram realizadas.”
Ao considerar atividades realizadas a qualquer tempo, a concessão de RSC também tem
o potencial de desestimular a capacitação contínua dos docentes. Se não há limite
temporal para aproveitamento da experiência profissional do docente, somado ao fato
de que a maioria já possui o RSC máximo, o risco de acomodação dos docentes em
investir em treinamento e capacitação existe.
A educação profissional e tecnológica é voltada para preparar os alunos para o mercado
de trabalho, o que exige reciclagem e atualização constante dos conhecimentos e
técnicas pelos docentes. Desta forma é incoerente remunerar experiências, saberes e
competências independente do tempo que foram adquiridas se as habilidades
necessárias hoje não necessariamente são as mesmas do passado.
20
O conjunto das falhas identificadas acima resulta na concessão no deferimento
generalizado das concessões no âmbito das IFE, uma vez que a ausência de regras e
critérios gerais que poderiam balizar a atuação dos avaliadores numa direção objetiva
ocasiona o efeito contrário. O quadro a seguir mostra exemplos de que quase todos os
requerimentos de concessão de RSC são deferidos.
Total de concessões Total de concessões Total de concessões
IFE
pleiteadas deferidas deferidas (em %)
IFRJ 34 34 100%
IFCE 221 221 100%
IFPA 207 204 99%
IFMG 123 121 98%
IFAL 118 113 96%
IFFar 47 45 96%
IFPE 11 10 91%
TOTAL 761 748 98%
Fonte: informações encaminhadas pelos IFE.
Uma atuação mais incisiva e presente do CPRSC permitiria correções no atual fluxo de
concessão de RSC e a melhoria contínua do processo como um todo. As falhas
identificadas poderiam ser corrigidas a tempo, de forma a garantir concessões regulares
sem questionamentos da sua legalidade no âmbito das instituições.
21
Os seis relatórios expressavam opinião acerca dos regulamentos das seguintes
instituições: Colégio de Aplicação da UFPE, UFLA, UFPel, UFAL, Unir e DEPEX.
Após análises desses pareceres, conclui-se que não há um padrão de avaliação dos
regulamentos das IFE por parte dos membros da CAR. Alguns relatores fazem uso de um
checklist para orientá-los na avaliação, enquanto outros não usam.
Com exceção dos pareceres da UFPE e Unir, que são bem detalhados, os demais são
sintéticos e dão ênfase à verificação sobre se os artigos da Resolução CPRSC nº. 01/2014
estão contemplados no regulamento. Os pareceres foram aprovados pelo CPRSC mesmo
contendo recomendações de ajustes a serem realizados pela IFE. Em dois deles as
recomendações não foram atendidas (UFPel e DEPEX) e no parecer da Unir foi
recomendado nova submissão à CAR após os ajustes. O regulamento foi ajustado e
encaminhado novamente ao CPRSC e CAR em 2017 e até meados de 2018 ele não havia
sido analisado, demonstrando intempestividade na atuação da Comissão e do próprio
CPRSC.
A CAR não tem feito uma avaliação aprofundada sobre os critérios elencados pela IFE
para cada diretriz, bem como sobre os pesos atribuídos a cada um deles. A atuação
superficial da CAR pode ser exemplificada, conforme segue:
No regulamento do IFB, para o RSC II, diretriz IV “Atuação em comissões e
representações institucionais, de classes e profissionais, contemplando o impacto de
suas ações nas demais diretrizes dispostas para todos os níveis do RSC” é considerado
como critério de pontuação a “Atuação como presidente ou diretor em gestão sindical”,
que pode somar até 10 pontos. Considerar atuação sindical como um saber ou
competência que agrega valor à docência da educação profissional pode gerar
questionamentos quanto ao real propósito do RSC.
No regulamento do IFRJ a atividade “Coordenação de ação de extensão (visita, evento
externo, parceria, ação social ou outro similar” é um dos critérios para comprovar a
diretriz VI do RSC III “Produção acadêmica e/ou tecnológica nas atividades de Ensino,
Pesquisa, Extensão e/ou Inovação”. Essa atividade pode somar até 30 pontos. Diante
disso, cabe indagar: é razoável a consideração de uma simples visita ou um evento
externo como produção acadêmica? Essa aceitação também pode ser questionada,
gerando dúvidas na legalidade das concessões efetuadas.
Outro fato que evidencia a não uniformidade na análise dos regulamentos pela CAR é o
anexo constante nos regulamentos do IF Baiano, IFPR, UFAL e DEPEX. Os quatro
contemplam um documento intitulado “Orientação para Análise dos Critérios de cada
nível do RSC”, que tem o objetivo de auxiliar na avaliação dos pedidos de concessão no
âmbito das IFE. Esse anexo é bastante positivo e sua inclusão nos regulamentos poderia
ter sido recomendada em todas as análises da CAR.
Como mencionado em tópico anterior, não foi possível evidenciar quais são os membros
atuais da CAR. A Setec e o CPRSC não apresentaram documentos que comprovem as
indicações dos membros que analisaram e emitiram parecer favorável para os
regulamentos de 2016. Além disso, não há critérios para indicação de seus membros,
então os órgãos podem estar indicando representantes que não possuem capacidade
técnica ou orientação adequada para analisar regulamentos, comprometendo todo o
22
processo de concessão de RSC. Um regulamento inadequado pode gerar concessões de
RSC indevidas e até mesmo ilegais.
Desta forma, conclui-se que a CAR não tem atuado de forma suficiente, permitindo a
homologação de regulamentos com inconsistências e critérios de aceitação de saberes
e competências duvidosos, que podem não estar agregando valor ao corpo docente da
carreira de EBTT e consequentemente à educação profissional e tecnológica pública
federal.
Diante dos fatos apontados, a Setec se manifestou no sentido de que devido ao lapso
temporal da formação do CPRSC (2014), as situações evidenciadas pela CGU serão
direcionadas à nova composição do Conselho que está sendo atualizada, e também aos
integrantes que atuaram à época dos fatos para que sejam tomadas as providências
necessárias para regularização dos problemas identificados.
23
de vagas e horas-alunos; e formalização de procedimento de solicitação de alteração do
status de matrícula e status de turma no SISTEC, bem como a metodologia de análise e
validação desses dados pela Setec. Da mesma forma, a atuação da DTI é fundamental
para a implementação de duas outras recomendações: 1) monitoramento da execução
físico-financeira de oferta de vagas e horas-alunos pelos ofertantes, realizando repasses
com base (i) em informações parciais de execução, (ii) no Índice Institucional de
Conclusão - IC e (iii) nos saldos remanescentes na conta das instituições; e 2)
alinhamento do fluxo do TED e da prestação de contas do Pronatec Bolsa-Formação para
que as informações do SIMEC (incluindo o módulo de prestação de contas e relatório de
cumprimento do objeto) sejam confrontadas com as do SISTEC, com o intuito de
embasar a análise e emissão do parecer técnico, vinculando esse parecer ao TED.
Quanto à transparência, há três recomendações pendentes que se referem ao
aprimoramento da divulgação de informações do programa para acesso público,
notadamente quanto ao detalhamento das informações de execução física e financeira
e da prestação de contas do Programa.
Para a avaliação do Programa, foram recomendados o estabelecimento de critérios de
escolha das visitas in loco baseados em mapeamento de riscos e a publicação dos
resultados das avaliações e monitoramento no portal do Programa. Entretanto o gestor
ateve-se a informar critérios a serem adotados para o tratamento das visitas, ou seja, a
serem aplicados no momento da visita já em realização. A recomendação, porém, se
referia a critérios prévios para seleção dos locais a serem visitados.
Na área de desenvolvimento e aperfeiçoamento de normas e procedimentos, sete
recomendações permanecem em monitoramento, dado o processo de
desenvolvimento e elaboração de normativos e orientações estar em andamento na
SETEC. As recomendações versam sobre desenvolvimento de metodologia de cálculo do
valor da hora-aula, utilizando orçamento contendo o valor de todos os itens envolvidos
no valor da bolsa-formação e considerando as especificidades de cada curso ofertado;
definição de padrões mínimos de qualidade para a prestação dos serviços de EPT no
âmbito do Pronatec Bolsa-Formação; aperfeiçoamento do modelo dos termos de
adesão/cooperação com os ofertantes; definição de critério ou procedimento a ser
utilizado na emissão de parecer técnico quando não houver execução de horas-aluno no
exercício sob análise; dentre outros.
Quanto à área orçamentário-financeira, foi recomendado que se mantivessem registros
sobre os critérios de priorização dos cursos e vagas, convertidas em horas-aluno, para
fins de definição do objeto previsto, com justificativas para a liberação de recursos
quando o objeto previsto é superior ao planejado pelo ofertante, no que a SETEC se
manifestou afirmando que desde 2016, o conceito de objeto previsto não é mais
utilizado, uma vez que as pactuações da Bolsa-Formação são realizadas somente após a
publicação do orçamento disponível para a ação, de maneira a assegurar que o objeto
planejado tenha consonância com o orçamento disponível, o que encerra a necessidade
de priorização. Para fins de atendimento dessa recomendação, será verificado, em
momento oportuno pela CGU, se as instituições receberam exatamente o valor
referente às horas-aluno planejadas desde o momento em que a nova sistemática foi
adotada.
24
Sobre a formulação de indicadores de gestão, foi recomendada a elaboração de
indicadores que permitam o acompanhamento e avaliação gerencial do Pronatec. A
recomendação encontra-se em monitoramento e em sintonia com o processo de
construção de indicadores em andamento no âmbito da SETEC.
Destaca-se, ademais, a recomendação pendente de atendimento relativa à
implementação e à atuação dos órgãos de governança relacionados à Educação
Profissional e Tecnológica, que possuem a função de acompanhar e avaliar as ações que
integram o Pronatec.
Importante ressaltar que há um esforço da Setec em dar solução as recomendações
pendentes. No entanto, a Secretaria esbarra em algumas dificuldades de interlocução
com algumas áreas, como a DTI por exemplo, que possui seu plano de ação e suas
prioridades, as quais não necessariamente são as da Setec, o que acaba por prejudicar
o atendimento tempestivo de algumas recomendações.
Para todas as recomendações pendentes, por fim, foi dado prazo de 90 dias, dentro do
qual a CGU acompanhará o desenvolvimento das ações adotadas pelo MEC. É
importante ressaltar que há um válido esforço
25
RECOMENDAÇÕES
1 – Efetivar em 60 dias a composição do CPRSC e, diante da dificuldade de indicação dos
membros pelos órgãos e entidades, avaliar a necessidade de o Conselho ser composto
por 14 representantes, com vistas a garantir o seu pleno e racional funcionamento.
Achados nº. 2,3,4
4 – Revisar a base normativa (Portaria nº. 1.094/2013, Resolução CPRSC nº. 01/2014 e
Portaria MEC nº. 491/2013) de forma a compatibilizar as regras que estão inconsistentes
após alterações na legislação, tais como a competência para analisar e homologar os
regulamentos, a competência para julgar recursos, entre outras.
Achado nº. 3
5 – Revisar a Portaria nº. 1.094/2013 com vistas a prever instrumentos de controle para
manter o pleno funcionamento do CPRSC e da CAR, tais como prazos, quórum
qualificado de maioria absoluta para apreciação de pareceres, critérios para relatoria,
sanções para faltas rotineiras em reuniões, entre outros.
Achados nº. 3,4
26
7 – Propor ao CPRSC a possibilidade de instituir prazos máximos retroativos para
aceitação de atividades realizadas pelos docentes para fins de pontuação para
concessão de RSC.
Achado nº. 3
27
CONCLUSÃO
Com relação à atuação do CPRCS, verificou-se a existência de deficiências que põem em
risco a legalidade das concessões do RSC aos docentes da carreira de Magistério de
EBTT. As análises efetuadas evidenciaram que os poucos critérios e procedimentos
estabelecidos pelo Conselho para conceder o RSC não são claros e objetivos em virtude
da não definição do início dos efeitos financeiros, do não estabelecimento do número
de pareceres favoráveis necessário para a concessão, dentre outros fatores, o que
provoca diferenças significativas nos regulamentos internos das instituições,
comprometendo diretamente a isonomia na concessão da retribuição entre os docentes
das IFE.
O CPRSC não está desenvolvendo suas atividades de forma adequada e sua composição
não está formalmente definida. O Conselho não se reúne com a frequência estabelecida,
não acompanha os processos de concessão no âmbito das IFE e ainda tem aprovado
regulamentos, por meio da CAR, sem avaliá-los de forma criteriosa e uniforme. Além
disso, a regulamentação do processo apresenta lacunas que contribuem para a
concessão generalizada de RSC, tais como análises superficiais dos regulamentos pela
CAR, falta de acompanhamento do desempenho dos avaliadores, aceitação de
conhecimentos e habilidades independente do tempo que foram adquiridas, etc.
Importante ressaltar que a concessão generalizada do RSC pode ser também
comprovada pelo alto percentual de docentes da Rede Federal que possuem o nível
máximo de RSC (80% do total de docentes que recebem essa vantagem), o que já custou
à União cerca de R$ 3,95 bilhões até dezembro de 2017, sem considerar o que ainda
será pago a título de despesas de exercícios anteriores.
Nesse contexto, foram emitidas recomendações à Setec no intuito de fomentar
melhorias no processo em questão. Com isso espera-se que as concessões de RSC
deferidas sejam realmente devidas e remunerem saberes e conhecimentos importantes
e necessários ao desenvolvimento da educação profissional e tecnológica pública
federal.
Já no que se refere aos indicadores de gestão utilizados no monitoramento do
desempenho da Rede Federal, o fluxo de apuração dos resultados segue uma
metodologia estabelecida pela Setec, entretanto verificou-se a existência de diversas
inconsistências provocadas basicamente por erros conceituais e matemáticos nessa
metodologia que comprometem a fidedignidade dos resultados divulgados pela
Secretaria e pelas próprias instituições da Rede Federal. Diante desse contexto, como
forma de aprimorar o processo e garantir a fidedignidade dos números, a Setec
desenvolveu uma nova metodologia, baseada em teorias estatísticas, que inclui a
utilização de um sistema eletrônico específico que é a Plataforma Nilo Peçanha.
Por fim, em se tratando das recomendações da CGU à Setec relativas ao Pronatec, o
atendimento de apenas sete das 26 recomendações vigentes no exercício de 2017
demonstram que a Secretaria vem tendo dificuldade em articular internamente as ações
necessárias para adotar as medidas que vêm sendo, desde 2013, apontadas pela CGU
em ações de controle específicas.
28
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA
29
II – LISTA DE IFE E RESPECTIVOS REGULAMENTOS
Data ou Número/Ano
IFE
do Regulamento
CEFET/MG 03/12/2017
Cefet/RJ 39/2015
Colégio Pedro II 35/2014
IF Baiano 03/08/2015
IFC 01/01/2014
IFFar 62/2014
IF Fluminense 01/08/2014
IF Goiano 32/2014
IFNGM 02/08/2017
IF Sertão-PE 16/2014
IF Sudeste MG Sem Informação
IFSULDEMINAS 72/2016
IFSul 42/2014
IFAC 80/2015
IFAL 31/2014
IFAM Sem Informação
IFAP 47/2014
IFB Sem Informação
IFBA 171/2014
IFCE 31/2014
IFES 35/2014
IFG 01/09/2014
IFMA 65/2014
IFMG 03/2014
IFMS 15/2015
IFMT 28/2014
IFPA 232/2014
IFPB 168/2014
30
Data ou Número/Ano
IFE
do Regulamento
IFPE Sem Informação
IFPI 13/2014
IFPR 18/2014
IFRJ 49/2014
IFRN 30/2014
IFRO 26/2014
IFRR 164/2014
IFRS 39/2017
IFSC 29/2014
IFS 32/2016
IFSP 131/2014
IFTO Sem Informação
UFAL 14/2017
UFLA 24/2017
UFPE 16/2016
UFPel 06/2016
Unir 186/2017
IFTM 60/2014
DEPEX 06/2017
31
III – RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE GESTÃO DA
REDE FEDERAL
32