J.l.relatório CGU - RSC

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SEI/CGU - 0815854 - Ofício https://sei.cgu.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_c...

MINISTÉRIO DA TRANSPARÊNCIA E CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO


Coordenação-Geral de Auditoria das Áreas de Educação Superior e Profissionalizante - Divisão 03
SAUS Quadra 01 Bloco A, Sala 620, Ed. Darcy Ribeiro - Bairro Asa Sul, CEP 70070-905, Brasília/DF
Telefone: 61 2020-7410 - www.cgu.gov.br

Ofício nº 14882/2018/CGESUP DIV 3/CGESUP/DS/SFC-CGU


A Sua Senhoria o Senhor
ROMERO PORTELLA RAPOSO FILHO
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica
Ministério da Educação
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 4º andar
700447-900 - Brasília/DF

Assunto: Relatório Definitivo de Auditoria Anual de Contas, exercício 2017, referente à Setec.
Referência: Caso responda este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 00190.104449/2018-93.

Senhor Secretário,

1. Cumprimentando-o cordialmente, encaminho o Relatório Definitivo nº. 201800820


referente à Auditoria Anual de Contas da Setec (exercício 2017).
2. No que tange às recomendações presentes no Relatório, conforme acordado na Reunião
de Busca Conjunta de Soluções, realizada no dia 13/07/2018 entre Setec e CGU, a Setec deverá
apresentar, no prazo de 30 dias contados a partir do atendimento da Recomendação nº. 1, que versa
sobre a necessária efetivação da composição do CPRSC, plano de ação para cumprimento das demais
recomendações que necessitam de ação do Conselho (exceto as Recomendações nº. 4 e 5), com vistas
ao estabelecimento de um prazo factível para atendimento.
3. Por fim, informo que este Relatório foi incorporado no Relatório de Auditoria Anual de
Contas, exercício 2017, da Secretaria Executiva do MEC.

Atenciosamente,

Documento assinado eletronicamente por LENNON MOTA CANTANHEDE, Coordenador-Geral de


Auditoria das Áreas de Educação Superior e Profissionalizante, em 20/08/2018, às 17:34,
conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, §1º, do Decreto nº 8.539, de 08
de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site https://sei.cgu.gov.br/conferir

informando o código verificador 0815854 e o código CRC 99D7437E

1 de 2 27/08/2018 14:37
SEI/CGU - 0815854 - Ofício https://sei.cgu.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_c...

Referência: Caso responda este O+cio, indicar expressamente o Processo nº 00190.104449/2018-93 SEI nº 0815854

2 de 2 27/08/2018 14:37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Exercício 2017

19 de julho de 2018
Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Unidade Examinada: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
Município/UF: Brasília/DF
Ordem de Serviço: 201800820
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Auditoria Anual de Contas


A Auditoria Anual de Contas tem por objetivo fomentar a boa governança
pública, aumentar a transparência, provocar melhorias na prestação de
contas dos órgãos e entidades federais, induzir a gestão pública para
resultados e fornecer opinião sobre como as contas devem ser julgadas
pelo Tribunal de Contas da União.

3
QUAL FOI O POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
TRABALHO?
TRABALHO Conforme determina o inciso IV do art. 74 da
Constituição Federal de 1988, à CGU, como
REALIZADO Órgão Central do Sistema de Controle Interno
do Poder Executivo federal, compete apoiar o
PELA CGU? TCU no exercício de sua missão institucional,
dentre as quais destaca-se a de julgar as contas
dos administradores públicos (art. 71, inciso II,
Trata-se de Relatório de da Constituição Federal de 1988).
Auditoria Anual de Contas
(AAC) da Secretaria de
Educação Profissional e QUAIS AS CONCLUSÕES
Tecnológica (Setec) do
Ministério da Educação (MEC) ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
referente ao exercício 2017. AS RECOMENDAÇÕES QUE
A avaliação da gestão da Setec DEVERÃO SER ADOTADAS?
abarcou três itens: 1) Sobre a gestão dos Indicadores, constatou-se
avaliação da metodologia dos
que (i) a Setec não monitora todos aqueles
indicadores adotados para
previstos no Manual e os que o são não
avaliar o desempenho dos
Institutos Federais; 2) possuem metas definidas; e (ii) a metodologia
avaliação da atuação do adotada para apuração dos resultados não é
Conselho Permanente para fidedigna em virtude de falhas conceituais e
Reconhecimento de Saberes e matemáticas nas fórmulas. Já no que se refere
Competências (CPRSC) no à atuação do CPRSC, constatou-se que a
processo de regulamentação ausência de definição de critérios e
e concessão de retribuição procedimentos claros e objetivos pelo
por titulação a docentes; e 3) colegiado propiciou ampla discricionariedade
avaliação das providências na regulamentação do processo de concessão
adotadas pela Secretaria para de RSC pelos Institutos, o que acarretou
atendimento de
concessão generalizada de retribuições. Por
recomendações da CGU e do
fim, quanto às recomendações do Pronatec,
TCU relativas ao Programa
Nacional de Acesso ao Ensino evidenciou-se necessidade de atuação da
Técnico e Emprego Setec especificamente para avaliação daquelas
(Pronatec). relativas a prestação de contas e transparência
da aplicação dos recursos.
Todas as recomendações deste Relatório se
referem à atuação do CPRSC, pois quanto à
avaliação dos indicadores as recomendações
são tratadas em Relatório específico (Anexo III)
e quanto ao Pronatec, o assunto está sendo
monitorado via Sistema Monitor da CGU.

4
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAC – Auditoria Anual de Contas


CAR – Comissão de Análise de Regulamentos
CGESUP – Coordenação-Geral de Auditoria das Áreas de Educação Superior e
Profissionalizante
CGU – Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União
CPRSC – Conselho Permanente para o Reconhecimento de Saberes e Competências
DTI – Diretoria de Tecnologia da Informação do MEC
EBTT – Ensino Básico, Técnico e Tecnológico
EPT – Educação Profissional e Tecnológica
IFE – Instituição Federal de Ensino
MEC – Ministério da Educação
PPP – Plano de Providências Permanente
Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
Rede Federal – Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
RSC – Reconhecimento de Saberes e Competências
RT – Retribuição por Titulação
SecexEducação – Secretaria de Educação, da Cultura e do Desporto
Setec – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira
SIAPE – Sistema Integrado de Administração de Pessoal
SIG – Sistema de Informações Gerenciais
SIMEC – Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da
Educação
SISTEC – Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional, Científica e
Tecnológica
TED – Termo de Execução Descentralizada
TCU – Tribunal de Contas da União

5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7

RESULTADOS DOS EXAMES 9

1. Avaliação dos Indicadores de Gestão da Rede Federal. 9

2. Ausência de uniformidade entre os regulamentos internos das IFE analisados e aprovados


pelo CPRSC. 10

3. Concessão generalizada de RSC devido à ausência de atuação do CPRSC em atribuições de


sua competência. 15

4. Atuação insuficiente da CAR na análise de regulamentos das IFE para concessão do RSC. 21

5. Adoção parcial de providências pela Setec para atendimento de recomendações da CGU


relativas ao Pronatec. 23

RECOMENDAÇÕES 26

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 29

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA 29

II – LISTA DE IFE E RESPECTIVOS REGULAMENTOS 30

III – RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE GESTÃO DA REDE FEDERAL 32

6
INTRODUÇÃO
A Setec é a área do MEC responsável pela política de EPT no país. Suas atribuições são
formular, implementar, monitorar, avaliar e induzir políticas, programas e ações nessa
área, atuando em regime de colaboração com os demais sistemas de ensino e os
diversos agentes sociais envolvidos. Além disso, a Secretaria também é responsável pela
criação, manutenção, supervisão e fortalecimento das Instituições que compõem a Rede
Federal.
O presente trabalho traz os resultados da Auditoria Anual de Contas realizada sobre a
prestação de contas apresentada pela Setec referente ao exercício de 2017.
De acordo com reunião realizada em 08/02/2018 entre CGESUP/CGU e
SecexEducação/TCU, foi definido o seguinte escopo de auditoria:
1) Avaliação da metodologia utilizada pela Setec para avaliar o desempenho das
Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com foco no
conjunto de indicadores utilizados pela Secretaria.
2) Avaliação da atuação do CPRSC, coordenado pela Setec/MEC, no sentido de
identificar e mitigar riscos no processo de concessão de Retribuição por Titulação por
meio de Reconhecimento de Saberes e Competências aos docentes da carreira do
magistério do ensino básico, técnico e tecnológico.
3) Avaliação das providências adotadas pela Setec/MEC sobre recomendações
emitidas em trabalhos anteriores da CGU com vistas ao aprimoramento do Pronatec,
com foco no controle da prestação de contas e na transparência da aplicação dos
recursos na rede; bem como das providências para atendimento do Acórdão TCU nº.
3071/2016 – Plenário.
Para a execução deste trabalho, foram avaliadas informações prestadas pela Secretaria,
realizadas entrevistas, reuniões e analisados normativos dos Institutos Federais e
Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais.

Considerações Iniciais

1) Avaliação da metodologia utilizada pela Setec para avaliar o desempenho das


Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com foco no
conjunto de indicadores utilizados pela Secretaria.

Em 2017, por meio do Relatório de Auditoria nº. 201702018, a CGU realizou no âmbito
da Setec a avaliação dos indicadores de desempenho da Rede Federal com base na
análise dos instrumentos legais, metodologias e sistemas utilizados pela Secretaria.
Nesse sentido, naquele Relatório, buscou-se responder às seguintes questões de
auditoria:

7
1. Os indicadores de gestão utilizados atualmente pela SETEC para avaliação do
desempenho da Rede Federal estão alinhados com os objetivos estratégicos da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica?
2. A metodologia de apuração dos indicadores de gestão garante a fidedignidade dos
resultados divulgados?
3. A divulgação dos resultados dos indicadores de desempenho é feita de forma
tempestiva e eficaz, assegurando a gestão transparente da informação?

2) Avaliação da atuação do CPRSC, coordenado pela Setec/MEC, no sentido de identificar


e mitigar riscos no processo de concessão de Retribuição por Titulação por meio de
Reconhecimento de Saberes e Competências aos docentes da carreira do magistério do
ensino básico, técnico e tecnológico.

Com o objetivo de avaliar a atuação do CPRSC quanto aos riscos no processo de


concessão de RSC, foi realizada auditoria nas atividades operacionais do Conselho e no
conjunto de regras, diretrizes e normas vigentes que balizam a atuação dos IFE na
elaboração dos seus próprios regulamentos com vistas à normatização interna do
processo de concessão de RSC. Para isso, foram definidas as seguintes questões de
auditoria, cujos resultados e conclusões estão relatados ao longo deste relatório:
1. Os critérios e procedimentos a serem considerados no processo de concessão de
RSC foram estabelecidos pelo CPRSC de forma clara e objetiva, garantindo a isonomia
na concessão da Retribuição no âmbito das IFE?
2. O CPRSC está formalmente constituído e desenvolvendo suas atividades conforme
seu regimento?

3) Avaliação das providências adotadas pela Setec/MEC sobre recomendações emitidas


em trabalhos anteriores da CGU com vistas ao aprimoramento do Pronatec, com foco
no controle da prestação de contas e na transparência da aplicação dos recursos na rede;
bem como das providências para atendimento do Acórdão TCU nº. 3071/2016 –
Plenário.

A CGU vem acompanhando o Pronatec desde 2013 por meio de várias ações de controle.
O conjunto dessas ações evidenciou impropriedades na execução do Programa, o que
culminou em diversas recomendações de melhorias que vão desde o aprimoramento e
desenvolvimento de normas até o estabelecimento de critérios objetivos de prestação
de contas por parte da rede ofertante. Referidas recomendações foram objeto de
avaliação no presente trabalho, e foi elaborado item específico trazendo um panorama
sobre a suficiência das providências adotadas pela Setec.

8
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Avaliação dos Indicadores de Gestão da Rede Federal.


Por meio de trabalho de auditoria específico foi realizada uma avaliação, no âmbito da
Setec, da gestão dos indicadores de desempenho da Rede Federal, com base na análise
dos instrumentos legais e metodologias utilizadas pela Secretaria.
A necessidade de avaliar a gestão dos indicadores da Rede Federal foi identificada a
partir das dificuldades encontradas em analisar o desempenho dos Institutos Federais
por ocasião das AAC do exercício de 2016, nas quais verificou-se que os indicadores não
apresentavam resultados confiáveis por falhas na metodologia do processo de apuração
de seus resultados. O produto deste trabalho foi materializado no Relatório de Avaliação
dos Resultados da Gestão nº 201702018, que integra o presente Relatório (Anexo III).
Em síntese, foi possível identificar a partir do trabalho realizado que a Setec não
monitora todos os indicadores de gestão presentes no Manual para Cálculo dos
Indicadores de Gestão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica – versão 2.0, restringindo sua atuação apenas àqueles constantes do
Acórdão TCU/Plenário 2.267/2005. Os indicadores que são monitorados, com exceção
do indicador Relação Aluno Professor (RAP), não apresentam meta definida, e não ficou
demonstrada a sua utilização para a tomada de decisões gerenciais por parte da
Secretaria.
Sobre a metodologia utilizada no processo de apuração dos resultados dos indicadores
de gestão da Rede Federal, verificou-se que ela ainda não garante a fidedignidade dos
resultados obtidos, pois o manual para cálculo dos indicadores apresenta falhas
conceituais e matemáticas em suas fórmulas, e a sistemática de coleta, processamento,
validação e análise dos dados adotada ao longo dos anos não garante a correta apuração
dos resultados. Tal fato resulta da utilização de um sistema de informações deficiente e
inadequado (SISTEC) e da atuação insuficiente da Setec, expressa por meio dos
Relatórios Anuais de Análise de Indicadores da Rede Federal. Consequentemente, o
planejamento e a avaliação das políticas públicas acerca da educação profissional e
tecnológica são prejudicados, devido à incerteza na mensuração correta do
desempenho da Rede Federal.
Com vistas a solucionar o problema de confiabilidade metodológica e de apuração dos
resultados dos indicadores, a Setec implementou uma nova metodologia, que
contempla um novo conjunto de indicadores e o desenvolvimento de uma solução
tecnológica, a Plataforma Nilo Peçanha, uma plataforma digital que servirá de
repositório de dados estatísticos da Rede Federal.
Ambas as iniciativas demonstram saudável intenção do gestor em aperfeiçoar o
processo de apuração dos indicadores de gestão, porém não houve o mapeamento de
riscos potenciais, tais como: 1) capacidade operacional da Setec para lidar efetivamente
com as etapas sob sua responsabilidade; 2) duplicidade de sistemas como repositório
de dados da Rede Federal (SISTEC e Plataforma Nilo Peçanha); e 3) ausência de
reavaliação dos indicadores e de parte do marco regulatório.

9
Diante dessas iniciativas em andamento e dos riscos a elas associados, a CGU emitiu
recomendações à Setec com vistas à revisão do conjunto de indicadores a serem
utilizados para medir o desempenho das instituições da Rede Federal; à elaboração de
documentos de referência e orientação sobre a metodologia dos novos indicadores; à
promoção da transparência ativa sobre o resultado dos indicadores, incluindo série
histórica por instituição; à inclusão de informações sobre instituições ainda não
presentes no SISTEC, dentre outras. Tais recomendações serão acompanhadas por meio
do Relatório específico já mencionando anteriormente.

2. Ausência de uniformidade entre os regulamentos internos das


IFE analisados e aprovados pelo CPRSC.
A Resolução nº 01, de 20 de fevereiro de 2014, do CPRSC, doravante chamada Resolução
CPRSC nº 01/2014, estabeleceu os pressupostos, as diretrizes e os procedimentos para
a concessão de RSC aos docentes da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e
Tecnológico.
Seu Art. 12 delegou às IFE a elaboração de seus regulamentos internos para a concessão
do RSC, que devem apresentar consonância com os pressupostos, diretrizes e
procedimentos estabelecidos pela resolução.
As regras estabelecidas pela Resolução CPRSC nº 01/2014 são genéricas em alguns
aspectos e isto fez com que a descentralização da elaboração dos regulamentos de
concessão de RSC culminasse em documentos com diferenças significativas em alguns
critérios e aspectos, apesar desses regulamentos terem sido analisados pela CAR e
aprovados pelo CPRSC.
Assim, encontram-se vigentes no âmbito das instituições integrantes da Rede Federal,
regulamentos que apresentam substanciais diferenças que prejudicam a isonomia da
concessão do RSC.
Foi analisada uma amostra de 47 regulamentos internos aprovados entre 2014 e 2016 e
identificadas as diferenças detalhadas a seguir:

a) Quantidade de membros das comissões especiais.


O Art. 3º da Resolução CPRSC nº 01/2014 estabelece que
“O processo avaliativo para a concessão do Reconhecimento de Saberes e
Competências aos docentes da Carreira do Magistério do Ensino Básico, Técnico
e Tecnológico, será de responsabilidade de Comissão Especial, constituída no
âmbito de cada IFE, observados os pressupostos e as diretrizes, constantes nesta
Resolução e no regulamento de cada IFE.”
Observa-se que não há definição de quantos membros comporá cada comissão especial
nas IFE. Na análise da amostra foi evidenciado que as comissões especiais constituídas
pelas IFE variam na quantidade de membros, entre dois e seis, conforme quadro a
seguir.

10
Quantidade de
Número de membros da % de regulamentos do
regulamentos que preveem
Comissão Especial total analisado
o número de membros
2 9 19,15%
3 20 42,55%
4 14 29,79%
5 1 2,13%
6 1 2,13%
Não informado 2 4,26%
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.

A maior parte dos regulamentos analisados determinou que a comissão especial deve
conter três membros, seguida de comissão compostas por quatro membros.
Além disso há regulamentos com previsão de comissões com dois, cinco e seis membros
e ainda dois regulamentos que não determinaram qual o tamanho da comissão
especial (IFMT e IFPI). São exemplos de regulamentos com comissões com apenas dois
membros: IFPE, IFMS, UFPE, IFSP, IFB, IFTM, IFRJ, IF Goiano e UFLA.
Essa diferença afeta diretamente as concessões de RSC, pois quanto menor a comissão,
menor a quantidade de pareceres favoráveis necessários para conceder o RSC.

b) Quantidade de pareceres favoráveis para a concessão.


Outra diferença significativa refere-se à quantidade de pareceres favoráveis da
comissão especial que o docente necessita para que seu requerimento seja deferido .
Quantidade de pareceres favoráveis necessários à Quantidade de
concessão regulamentos
1 8
2 29
3 4
Maioria, mas não informa o tamanho da comissão 1
Não informado 5
Total 47
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.

Conforme quadro anterior, dos 47 regulamentos analisados, em oito deles é possível


obter o RSC com apenas um parecer favorável. Em 29 são necessários dois pareceres
favoráveis, e assim por diante. Em cinco regulamentos não há informação de quantos
pareceres são necessários para conceder o RSC.
No quadro a seguir, verifica-se que em 18 regulamentos analisados, basta que 50% dos
membros da comissão especial sejam favoráveis à concessão de RSC para que o pedido
seja deferido. Em outros doze não há informação do percentual necessário.
% de decisões favoráveis necessárias à concessão Quantidade de regulamentos
50% 18

11
Entre 60% e 67% 12
75% 3
100% 1
Maioria, mas não informa o total 1
Não informado 12
Total 47
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.

As diferenças elencadas nas alíneas acima evidenciam a ausência de uniformidade entre


os regulamentos. Por exemplo, nas instituições cujo regulamento definiu comissão
especial com apenas dois membros, basta a opinião favorável de um deles para que o
RSC seja concedido. Por outro lado, nas comissões com seis membros, será necessário
no mínimo três pareceres favoráveis para que o docente possa ter a concessão de RSC
deferida. Ou seja, um docente pode obter o RSC em um Instituto Federal, e não
conseguir em outro devido apenas a diferenças de composição entre as comissões
especiais.

c) Quantidade de critérios em uma mesma diretriz.


O Art. 11 da Resolução CPRSC nº 01/2014 definiu 22 itens, também chamados de
diretrizes, onde o docente poderá pontuar para obter o RSC. No entanto, na comparação
dos 47 regulamentos da amostra selecionada, verificou-se que há diferenças entre a
quantidade de critérios de pontuação estabelecidos para cada diretriz, o que pode
ocasionar concessões em diferentes níveis, ou até mesmo deferimento ou
indeferimento indevido de concessões.
O quadro a seguir mostra algumas diferenças identificadas.
Nível RSC Diretriz Quantidade de Critérios
I - Experiência na área de formação e/ou
atuação do docente, anterior ao ingresso
IF Sudeste
RSC I na instituição, contemplando o impacto IFS = 4
MG = 23
de suas ações nas demais diretrizes
dispostas para todos os níveis da RSC.
III - Atuação nos diversos níveis e Colégio IF Baiano =
RSC I
modalidades de educação Pedro II = 30 8
I - Orientação ao corpo discente em
RSC II atividades de ensino, extensão, pesquisa e DEPEX = 19 IFPR = 3
inovação
V - Participação no desenvolvimento de
RSC II projetos e/ou práticas pedagógicas de IFPE = 34 IFAP = 1
reconhecida relevância
VI - Produção acadêmica e/ou tecnológica,
RSC III nas atividades de ensino, pesquisa, extensão DEPEX = 38 IFMT = 12
e/ou inovação
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.

12
Por exemplo, para um docente pontuar na diretriz I do RSC I no IF Sudeste MG há a
possibilidade de apresentar comprovação de atividades distribuídas em 23 critérios,
enquanto no IFS, o docente só pontuará em quatro critérios, o que torna mais difícil a
obtenção do RSC.
Para a diretriz VI do RSC III, por exemplo, há 38 critérios no regulamento do DEPEX,
contra 12 critérios no IFMT. Uma diferença significativa.

d) Peso atribuído aos critérios estabelecidos.


Além de diferenças na quantidade de critérios, os pesos atribuídos pelos institutos
também divergem bastante. Isso pode ocasionar ausência de isonomia, pois uma
mesma atividade pode possuir maior valor em uma instituição do que em outra. Como
exemplo temos:
Nível RSC Diretriz Peso
IV- Participação no desenvolvimento de
RSC II projetos, de interesse institucional, de IFB = 1 DEPEX = 3
ensino, pesquisa, extensão e/ou inovação.
II - Desenvolvimento de pesquisas e aplicação
de métodos e tecnologias educacionais que
proporcionem a interdisciplinaridade e a
RSC III IFSC = 3 IFF = 1
integração de conteúdos acadêmicos na
educação profissional e tecnológica ou na
educação básica.
VII - Outras pós-graduações stricto sensu, na
área de interesse, além daquela que o habilita
RSC IIII IFRO = 3 IFMG = 1
e define o nível de RSC pretendido, no âmbito
do plano de qualificação institucional.
Fonte: elaborado pela CGU a partir da análise dos regulamentos internos das IFE, conforme Anexo II.

e) Início dos efeitos financeiros.


Considerando que entre 2014 e 2017 já foram pagos aproximadamente R$ 3,95 bilhões
a título de RSC aos docentes da Rede Federal, espera-se que a concessão desta
retribuição por titulação seja realizada de forma responsável e principalmente a partir
da data que o docente atinja todos os requisitos.
No entanto, foi evidenciada a ausência de uniformidade na definição do início dos
efeitos financeiros entre os regulamentos, o que gera risco de pagamentos retroativos
indevidos.
A Resolução CPRSC nº 01/2014 não deixa claro que momento é esse, limitando-se a
estabelecer, no seu art. 15, que “A presente Resolução entra em vigor na data de sua
publicação e seus efeitos retroagem a 1º de março de 2013.” Por conta disso, os
regulamentos internos elaborados pelas instituições definiram datas de início de efeitos
financeiros diferentes, inclusive com casos retroagindo a datas anteriores a 01/03/2013.
Em regra, os regulamentos internos definiram dois momentos para início dos efeitos
financeiros. O primeiro seria 01/03/2013 para aqueles pedidos de concessão cujos
critérios foram atingidos antes dessa data. Neste caso, o requerente teria direito a
13
receber o RSC retroativo a 01/03/2013. O outro momento seria quando do atingimento
dos requisitos após 01/03/13. Nesse caso, a data de início dos efeitos financeiros seria
a data da última atividade aceita na avaliação da concessão.
Porém, há regulamentos com definições de datas diferentes ou sem definição. Em 19
regulamentos analisados não há nenhuma informação sobre a data de início dos efeitos
financeiros com atividades comprovadas antes de 01/03/13, e em 22 regulamentos não
há nenhuma informação sobre os efeitos financeiros com atingimento dos requisitos
após 01/03/13. Há situações extremas, como por exemplo o regulamento do IFPB que
estabeleceu retroatividade dos efeitos financeiros para a data da publicação da Lei nº
12.772/12, ou seja, 31/12/12 (antes do início da vigência), e o IFPR, cujo efeito financeiro
considerado é a partir da data de abertura do processo de RSC, quando as atividades
comprovadas são de períodos posteriores a 01/03/13.
Outros exemplos de divergências quanto à data de início dos efeitos financeiros
evidenciados foram:
- IFNMG, IFSP e IFAC consideram como início dos efeitos financeiros a data mais antiga
entre os pareceres favoráveis, em caso de divergência entre os avaliadores. A mais
antiga não quer dizer que seja a correta.
- IFSULDEMINAS, IFSP e IFAC aceitam recurso contra data de início de efeitos financeiros
e, especificamente, o IFSULDEMINAS considera a data estipulada pela segunda banca
avaliadora.
A definição da data dos efeitos financeiros é um dos principais problemas enfrentados
pelas instituições da Rede Federal ao conceder o RSC. Há muitas divergências entre os
avaliadores dos processos de concessão, resultando em retroatividade à data
equivocada, trazendo riscos de pagamentos indevidos e consequente dano ao erário.

f) Regras específicas de alguns regulamentos.


Também foram evidenciadas regras específicas em alguns regulamentos, sendo uma
que contraria o Art. 12, parágrafo 6º, da Resolução CPRSC nº 01/14, segundo o qual “Na
ausência de documentação comprobatória, para o período anterior a 1º de março de
2013, será facultado a apresentação de memorial, que deverá conter a descrição
detalhada da trajetória acadêmica, profissional e intelectual do candidato ao RSC,
ressaltando cada etapa de sua experiência.”
Os regulamentos do IFPI e CEFET/MG possibilitam que sejam consideradas atividades
realizadas após 01/03/2013 sem documentação comprobatória, desde que aprovadas
pelo Conselho Superior, o que contraria o parágrafo 6º, que só aceita atividades sem
comprovação anteriores àquela data.
Outra inconsistência entre a Resolução CPRSC nº 01/14 e um regulamento diz respeito
à remuneração dos docentes que participam das bancas avaliadoras. A Resolução
estabelece que o pagamento poderá ser feito na forma de Gratificação por Encargo de
Cursos e Concurso, no entanto o regulamento do IF Baiano estabelece que o
pagamento deverá ser feito, o que torna uma obrigação para a instituição e dificulta a
constituição das comissões especiais no caso de escassez de recursos orçamentários.

14
Conclui-se que as diferenças significativas entre os regulamentos internos analisados e
aprovados pelo CPRSC, são consequências da ausência de critérios e procedimentos
claros e objetivos estabelecidos pelo Conselho. A Resolução CPRSC nº 01/2014 permite
uma ampla discricionariedade na regulamentação do processo de concessão de RSC,
delegada aos integrantes da Rede Federal, o que coloca em risco a isonomia nas
concessões da referida retribuição por titulação e possibilita a existência de pagamentos
indevidos que acarretam danos ao erário. Faz-se necessário definir com mais
objetividade e clareza os pressupostos, critérios e procedimentos para a concessão de
RSC no âmbito das IFE.

3. Concessão generalizada de RSC devido à ausência de atuação


do CPRSC em atribuições de sua competência.
O CPRSC tem como competências, entre outras, regulamentar e realizar o
acompanhamento da concessão de RSC no âmbito das IFE. No entanto ele não está
desenvolvendo suas atividades regularmente, conforme estabelece seu regimento, o
que demonstra ser um conselho meramente formal. Sua criação foi motivada pela
instituição do RSC e sua coordenação é competência da Setec/MEC.
Essa falta de acompanhamento e regulamentação mais eficaz tem permitido a
concessão generalizada de RSC.
Sobre seu funcionamento nos últimos dois exercícios, foram identificadas as seguintes
falhas:

a) Composição da CAR e do CPRSC desatualizada.


A composição do CPRSC que está formalizada atualmente não condiz com a realidade.
Os membros que atuaram em 2016 não estão formalmente nomeados. Nem os
membros indicados pela Setec estão atualizados. Apenas em fevereiro de 2018, a
Secretaria solicitou aos órgãos integrantes do Conselho que indicassem seus
representantes, com o intuito de regularizar essa situação, mas ainda não obteve todas
as respostas.
Quanto à CAR, a Setec não comprovou a indicação dos atuais membros da Comissão. Ou
seja, não foi possível confirmar que os membros da CAR que estão analisando os
regulamentos internos e opinando por suas aprovações foram realmente indicados
pelos órgãos e entidades de direito.

b) Ausência de reuniões e de acompanhamento das concessões.


De acordo com o Art. 9º do seu regimento, o Conselho deveria realizar reuniões a cada
quatro meses ordinariamente ou extraordinariamente, quando houvesse demanda. No
entanto, em 2017 não houve nenhuma reunião, e em 2016 houve apenas duas para
aprovar regulamentos: uma em abril e outra em dezembro, sendo comprovada com lista
de presença a realização apenas da reunião de dezembro.

15
De acordo com a lista de presença, participaram da reunião sete membros do CPRSC e
sete da CAR. Foram aprovados 4 regulamentos e não foi possível verificar se a votação
e deliberação aconteceram de acordo com o Regimento.
Ressalta-se que o CPRSC recebeu em 2017 o regulamento da Unir para nova avaliação e
até julho de 2018 não havia realizado tal atividade.
Considerando que o CPRSC não está em funcionamento, é possível afirmar que ele não
realiza nenhum tipo de acompanhamento da concessão do RSC. Só tem se reunido para
aprovar regulamentos. Sequer tem as cópias dos regulamentos vigentes e informações
sobre o impacto financeiro, tampouco sobre quantidade e qualidade das concessões.
Sendo um conselho permanente espera-se que ele reúna as informações importantes
acercas das concessões de RSC, pois tal vantagem representa um alto e permanente
impacto financeiro no Orçamento da União. É necessário que haja contrapartida no que
diz respeito à qualidade do corpo docente, caso contrário, o RSC será apenas uma
espécie de aumento salarial para a carreira de EBTT disfarçado de reconhecimento pela
experiências, saberes e conhecimentos dos docentes.

c) Regulamentação da concessão de RSC deficiente.


Além de ter publicado a Resolução CPRSC nº 01/2014, que carece de mais objetividade
e clareza, com relação à atividade de regulamentação de competência do CPRSC
verificou-se inconsistência entre a Portaria MEC nº 1.094/2013, a Portaria MEC nº
491/2013 e a Resolução CPRSC nº 01/2014, relacionada ao fluxo de aprovação dos
regulamentos. O quadro a seguir mostra a diferença.
Data de Texto atual
Norma
emissão/alteração
Art. 2º - O Conselho Permanente terá as
seguintes competências:

II - analisar as minutas dos regulamentos


específicos de cada Instituição Federal de Ensino
- IFE e do Departamento de Órgãos Extintos da
Secretaria Executiva do Ministério do
10/06/2013, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão -
alterada por meio DEPEX-SE-MP para o RSC;
Portaria
da Portaria nº. 824,
MEC nº.
de 22/09/2014 e Art. 5º - As Instituições Federais de Ensino e o
491/2013
Portaria nº. 385, de DEPEX-SE-MP deverão elaborar minuta do
21/03/2017 regulamento interno para a concessão do RSC,
em consonância com as diretrizes gerais
estabelecidas pelo Conselho Permanente,
devendo encaminhá-la formalmente a este
Conselho para análise técnica e posterior
homologação pelo Conselho Superior ou
instância equivalente da IFE ou do DEPEX-SE-
MP. (Original sem grifo)

16
Art. 4º - Compete ao CPRSC:
Portaria
II - analisar e homologar os regulamentos
MEC nº. 07/11/2013
específicos de cada Instituição Federal de Ensino
1094/2013
para o RSC; (Original sem grifo)
Art. 12 - As IFE deverão elaborar minuta de
regulamento interno para a concessão do
Reconhecimento de Saberes e Competências
em consonância com os pressupostos, diretrizes
e procedimentos estabelecidos por esta
Resolução 20/02/2014,
resolução, devendo encaminhá-la formalmente
CPRSC nº. alterada por meio
ao Conselho Permanente para o
01/2014 da Resolução nº.
Reconhecimento de Saberes e Competências
02, de 30/09/2014
(CPRSC) da Carreira do Magistério do Ensino
Básico, Técnico e Tecnológico para análise
técnica e posterior homologação pelo Conselho
Superior ou instância equivalente da
IFE. (Original sem grifo)
Fonte: Diário Oficial da União.

De acordo com os textos dos normativos, a Portaria nº 1094/2013 manteve a


competência do CPRSC para analisar e homologar os regulamentos das IFE,
diferentemente das outras normas. Na prática, o CPRSC, por meio da CAR, analisa o
regulamento, emite o parecer e o submete ao Conselho para aprovação. Foi assim com
os últimos quatro regulamentos aprovados pelo CPRSC em 2016. Não está mais
homologando nenhum regulamento.
Outra falha identificada na regulamentação pelo CPRSC diz respeito à competência de
julgar recursos.
A CAR, em seus relatórios de avaliação de regulamentos, tem recomendado que as IFE
alterem os trechos que estabelecem que os recursos interpostos ao CPRSC em caso de
indeferimento da concessão sejam excluídos, pois o Conselho entende que não é sua
competência. No entanto, o Art. 4º de seu regimento diz o contrário. A Coordenação do
CPRSC reconhece a inconsistência e atribui esse posicionamento à autonomia das
Instituições Federais de Ensino e que por isso irá alterar seu regimento.
Por fim, foi identificada uma inconsistência relacionada à análise das alterações
posteriores realizadas nos regulamentos já aprovados. O CPRSC emitiu a Nota
Informativa nº 430/2014/CPRSC/SETEC/MEC informando que “serão de competência
dos Conselhos Superiores ou Instância Equivalente das Instituições Federais de Ensino as
alterações posteriores que julgarem necessárias, deverão ainda, ser aprovadas,
homologadas e publicadas no sítio da Instituição.”.
O CPRSC justificou da seguinte forma:
‘De acordo com informações prestadas pela Coordenação do CPRSC, os membros do
CPRSC entenderam que, tendo em vista que o art. 12 da Resolução CPRSC nº 02, de 2014,
menciona "minuta do regulamento" e por não trazer na sua origem a expressão "e
alterações posteriores", não seria de sua competência analisar as alterações, e que se

17
houvesse a necessidade de alteração, em função das rotinas e peculiaridades pontuais
em cada IFE, essa seria uma prerrogativa da própria Instituição, considerando que para
todos os efeitos essas alterações deveriam estar de acordo com todos os pressupostos,
diretrizes e procedimentos apontados na Resolução CPRS nº 01, de 2014.”
Acontece que desta forma o CPRSC não mais analisará os regulamentos das IFE,
conforme estabelece o Art. 12 da Resolução CPRSC nº 01/2014. Uma alteração em um
regulamento já aprovado pressupõe uma nova minuta, e neste caso deveria ser
submetido ao CPRSC novamente. Caso isso não aconteça, quando todas as instituições
tiverem seus regulamentos aprovados, o CPRSC perderia sua função pois, como dito
anteriormente, ele só se reúne para aprovar regulamentos e se não analisar as
alterações, o Conselho deixaria de ser permanente e não teria mais sentido existir.

d) Falhas na atuação dos avaliadores e deficiência na composição do Banco Nacional


de Avaliadores
O banco nacional de avaliadores, cujos docentes habilitados compõem as comissões
especiais nas IFE e realizam as avaliações dos processos de concessão, foi composto em
2014 após único processo seletivo regido pelo Edital 01, de 29 de maio de 2014.
Os requisitos necessários para habilitação eram ser docente da Carreira de Magistério
de EBTT e fazer inscrição no SIMEC Módulo-RSC, ou seja, não havia nenhum critério
técnico na seleção dos avaliadores, o que compromete a qualidade e legalidade das
concessões.
Apesar de no edital constar as atribuições dos avaliadores habilitados, bem como
previsão de responsabilização se comprovada ação de má-fé ou descumprimento de
suas responsabilidades, o CPRSC não faz nenhum tipo de acompanhamento das
avaliações feitas, não há capacitação dos avaliadores nem avaliação de desempenho,
tampouco responsabilização por avaliações equivocadas. Cabe ressaltar que as
auditorias realizadas nos institutos federais em 2017 evidenciaram diversas falhas nas
avaliações realizadas pelos avaliadores do banco, o que mostra que eles necessitam de
capacitação para realizar as avaliações. Como exemplos de problemas na atuação desses
avaliadores temos:
- Divergência de entendimento entre os avaliadores quanto às datas de início dos efeitos
financeiros da concessão do RSC, no âmbito de um mesmo processo; e
- Divergências entre os pareceres emitidos pelos avaliadores membros da comissão
especial, com relação à pontuação obtida pelo requerente da RSC.
Essas divergências poderiam ser minimizadas se o CPRSC tivesse estabelecido um
modelo de parecer, a ser preenchido pelos avaliadores, de modo a possibilitar a revisão
das avaliações e consequentemente identificar a causa das diferenças entres os
pareceres, pois no mesmo processo de concessão de RSC, os avaliadores analisam a
mesma documentação apresentada pelo docente requerente e chegam a conclusões
bem diferentes em alguns casos, demonstrando ausência de nivelamento entre os
avaliadores.
Quanto aos sorteios realizados para compor as bancas avaliadoras, é importante
ressaltar que as IFE têm tido dificuldades em montar as bancas com esses avaliadores.
Muitos, ao serem sorteados, não aceitam participar das bancas, o que torna o processo
18
lento e trabalhoso para as instituições e ainda dá margem para que sejam deferidas
concessões sem a quantidade de pareceres estabelecidas pelos regulamentos, pois os
avaliadores não concluem as avaliações. A seguir, dados referentes aos sorteios
realizados, para escolha dos membros das comissões especiais a partir do banco
nacional de avaliadores em algumas instituições.
% de avaliadores externos
% de avaliadores internos
sorteados (docentes da carreira
sorteados (docentes da própria
IFE de EBTT, lotados em outra IFE),
IFE) que não aceitaram participar
que não aceitaram participar de
de uma comissão especial
uma comissão especial
IFAL 9,2% 16,9%
CEFET/MG 18,2% 92,2%
IFMG 63,4% 77,1%
IFPA 68,3% 70,4%
IFPE 59,1% 71,6%
IFES 33,3% 33,3%
Fonte: informações encaminhadas pelos IFE.

Observa-se no quadro anterior que a maioria dos docentes que fazem parte do banco
nacional de avaliadores não aceita participar de comissões especiais. No CEFET/MG,
92,2% dos docentes sorteados em 2017 não quiseram participar do processo, fazendo
com que a instituição tenha que refazer o sorteio mais de uma vez, atrasando o
andamento dos processos de concessão.
Com relação à aceitação sem o envio dos pareceres, percebe-se, no quadro abaixo, que
também há um percentual razoável em algumas instituições (18,2% no IFAL, por
exemplo) de avaliadores que aceitam participar, recebem a documentação para análise,
mas não encaminham seus pareceres, dificultando o processo de concessão e fazendo
com que algumas instituições deem andamento ao processo sem a quantidade correta
de pareceres. Tal fato pode resultar em concessões indevidas.
% de avaliadores externos
% de docentes internos
(docentes da carreira de EBTT,
(docentes da própria IFE) que
lotados em outra IFE), que
IFE aceitaram participar de comissão
aceitaram participar de uma
especial, mas que não enviaram
comissão especial, mas não
seus pareceres
enviaram seus pareceres.
IFAL 4,2% 18,2%
IFMG 9,7% 18,5%
IFPA 11% 14,1%
IFPE 4,3% 16%
IFES 5,2% 7,8%
Fonte: informações encaminhadas pelos IFE.

Considerando que o banco de avaliadores foi composto em 2014 e que quase todos os
docentes da carreira EBTT fazem parte dele, conclui-se que o banco nacional precisa ser

19
atualizado, excluindo os docentes que não têm interesse em participar das bancas e,
posteriormente, promover a capacitação dos avaliadores para que sejam realizadas
avaliações corretas e as concessões ocorram sem irregularidade. Além disso, faz -se
necessário criar mecanismos de responsabilização e exclusão do banco para os docentes
que não realizarem as avaliações corretamente.

e) Desestímulo à continua capacitação dos docentes.


A Resolução CPRSC nº 01/2014 estabelece no Art. 4º que “O RSC não deve ser
estimulado em substituição à obtenção de títulos de pós-graduação (especialização,
mestrado e doutorado).”
Entretanto, até dezembro de 2014, conforme gráfico abaixo, aproximadamente 80% dos
docentes da carreira de EBTT que recebem o RSC, pertencentes à Rede Federal já
possuíam RSC nível III, ou seja, a grande maioria dos docentes já recebem gratificação
equivalente ao título de doutorado.

Fonte: SIAPE, base Dez/17.

Desta forma, é possível concluir que o pagamento de RSC tem potencial para
desestimular a continuidade da formação acadêmica, visto que no fator remuneração o
docente não obterá ganhos.
Com relação ao Art. 7º, temos que “A apresentação de atividades para obtenção do RSC
independe do tempo em que as mesmas foram realizadas.”
Ao considerar atividades realizadas a qualquer tempo, a concessão de RSC também tem
o potencial de desestimular a capacitação contínua dos docentes. Se não há limite
temporal para aproveitamento da experiência profissional do docente, somado ao fato
de que a maioria já possui o RSC máximo, o risco de acomodação dos docentes em
investir em treinamento e capacitação existe.
A educação profissional e tecnológica é voltada para preparar os alunos para o mercado
de trabalho, o que exige reciclagem e atualização constante dos conhecimentos e
técnicas pelos docentes. Desta forma é incoerente remunerar experiências, saberes e
competências independente do tempo que foram adquiridas se as habilidades
necessárias hoje não necessariamente são as mesmas do passado.

20
O conjunto das falhas identificadas acima resulta na concessão no deferimento
generalizado das concessões no âmbito das IFE, uma vez que a ausência de regras e
critérios gerais que poderiam balizar a atuação dos avaliadores numa direção objetiva
ocasiona o efeito contrário. O quadro a seguir mostra exemplos de que quase todos os
requerimentos de concessão de RSC são deferidos.
Total de concessões Total de concessões Total de concessões
IFE
pleiteadas deferidas deferidas (em %)
IFRJ 34 34 100%
IFCE 221 221 100%
IFPA 207 204 99%
IFMG 123 121 98%
IFAL 118 113 96%
IFFar 47 45 96%
IFPE 11 10 91%
TOTAL 761 748 98%
Fonte: informações encaminhadas pelos IFE.

Uma atuação mais incisiva e presente do CPRSC permitiria correções no atual fluxo de
concessão de RSC e a melhoria contínua do processo como um todo. As falhas
identificadas poderiam ser corrigidas a tempo, de forma a garantir concessões regulares
sem questionamentos da sua legalidade no âmbito das instituições.

4. Atuação insuficiente da CAR na análise de regulamentos das


IFE para concessão do RSC.
A Portaria MEC nº. 1.094/2014, que aprovou o Regimento do CPRSC, criou no âmbito
do Conselho, a CAR, composta por um representante, titular e suplente, indicado pelos
mesmos órgãos e entidades que indicam os membros do CPRSC. Esta portaria
estabelece em seu Art. 8º, parágrafo único que “Compete à CAR analisar e emitir
parecer sobre os regulamentos das IFEs para concessão do Reconhecimento de Saberes
e Competências, enviados ao CPRSC.”
Sobre a operacionalização dos procedimentos da CAR, a mencionada Portaria
estabeleceu que cada regulamento proposto pela IFE será analisado, esclarecido,
fundamentado e relatado previamente por uma relatoria (Art. 13), constituída por um
ou mais membros da CAR (Art. 14) e que o relatório escrito, contemplará exposição
circunstanciada do regulamento em exame e do seu parecer, em termos objetivos, com
a opinião sobre a conveniência da aprovação ou rejeição, total ou parcial, do
regulamento, ou sobre a necessidade de dar-lhe outra redação. A mencionada relatoria
terá por objetivo a prévia análise, estudo e debate interno, visando maiores
esclarecimentos e fundamentação do regulamento a ser relatado e submetido à
deliberação do CPRSC. (Art. 15)
Foram identificadas situações que carecem de melhorias após análises de seis relatórios
e seus pareceres emitidos pela CAR em 2016. Em 2017 não houve atividade da CAR nem
do CPRSC.

21
Os seis relatórios expressavam opinião acerca dos regulamentos das seguintes
instituições: Colégio de Aplicação da UFPE, UFLA, UFPel, UFAL, Unir e DEPEX.
Após análises desses pareceres, conclui-se que não há um padrão de avaliação dos
regulamentos das IFE por parte dos membros da CAR. Alguns relatores fazem uso de um
checklist para orientá-los na avaliação, enquanto outros não usam.
Com exceção dos pareceres da UFPE e Unir, que são bem detalhados, os demais são
sintéticos e dão ênfase à verificação sobre se os artigos da Resolução CPRSC nº. 01/2014
estão contemplados no regulamento. Os pareceres foram aprovados pelo CPRSC mesmo
contendo recomendações de ajustes a serem realizados pela IFE. Em dois deles as
recomendações não foram atendidas (UFPel e DEPEX) e no parecer da Unir foi
recomendado nova submissão à CAR após os ajustes. O regulamento foi ajustado e
encaminhado novamente ao CPRSC e CAR em 2017 e até meados de 2018 ele não havia
sido analisado, demonstrando intempestividade na atuação da Comissão e do próprio
CPRSC.
A CAR não tem feito uma avaliação aprofundada sobre os critérios elencados pela IFE
para cada diretriz, bem como sobre os pesos atribuídos a cada um deles. A atuação
superficial da CAR pode ser exemplificada, conforme segue:
No regulamento do IFB, para o RSC II, diretriz IV “Atuação em comissões e
representações institucionais, de classes e profissionais, contemplando o impacto de
suas ações nas demais diretrizes dispostas para todos os níveis do RSC” é considerado
como critério de pontuação a “Atuação como presidente ou diretor em gestão sindical”,
que pode somar até 10 pontos. Considerar atuação sindical como um saber ou
competência que agrega valor à docência da educação profissional pode gerar
questionamentos quanto ao real propósito do RSC.
No regulamento do IFRJ a atividade “Coordenação de ação de extensão (visita, evento
externo, parceria, ação social ou outro similar” é um dos critérios para comprovar a
diretriz VI do RSC III “Produção acadêmica e/ou tecnológica nas atividades de Ensino,
Pesquisa, Extensão e/ou Inovação”. Essa atividade pode somar até 30 pontos. Diante
disso, cabe indagar: é razoável a consideração de uma simples visita ou um evento
externo como produção acadêmica? Essa aceitação também pode ser questionada,
gerando dúvidas na legalidade das concessões efetuadas.
Outro fato que evidencia a não uniformidade na análise dos regulamentos pela CAR é o
anexo constante nos regulamentos do IF Baiano, IFPR, UFAL e DEPEX. Os quatro
contemplam um documento intitulado “Orientação para Análise dos Critérios de cada
nível do RSC”, que tem o objetivo de auxiliar na avaliação dos pedidos de concessão no
âmbito das IFE. Esse anexo é bastante positivo e sua inclusão nos regulamentos poderia
ter sido recomendada em todas as análises da CAR.
Como mencionado em tópico anterior, não foi possível evidenciar quais são os membros
atuais da CAR. A Setec e o CPRSC não apresentaram documentos que comprovem as
indicações dos membros que analisaram e emitiram parecer favorável para os
regulamentos de 2016. Além disso, não há critérios para indicação de seus membros,
então os órgãos podem estar indicando representantes que não possuem capacidade
técnica ou orientação adequada para analisar regulamentos, comprometendo todo o

22
processo de concessão de RSC. Um regulamento inadequado pode gerar concessões de
RSC indevidas e até mesmo ilegais.
Desta forma, conclui-se que a CAR não tem atuado de forma suficiente, permitindo a
homologação de regulamentos com inconsistências e critérios de aceitação de saberes
e competências duvidosos, que podem não estar agregando valor ao corpo docente da
carreira de EBTT e consequentemente à educação profissional e tecnológica pública
federal.
Diante dos fatos apontados, a Setec se manifestou no sentido de que devido ao lapso
temporal da formação do CPRSC (2014), as situações evidenciadas pela CGU serão
direcionadas à nova composição do Conselho que está sendo atualizada, e também aos
integrantes que atuaram à época dos fatos para que sejam tomadas as providências
necessárias para regularização dos problemas identificados.

5. Adoção parcial de providências pela Setec para atendimento


de recomendações da CGU relativas ao Pronatec.
Neste item, a auditoria objetivou verificar a adequada e oportuna implementação das
recomendações expedidas pela CGU em diversas ações de controle sobre o Pronatec
realizadas junto à Setec, que constam no PPP da Entidade, analisando as eventuais
justificativas do gestor para o descumprimento, bem como as providências adotadas em
cada caso.
Tendo como referência a data de realização dos trabalhos de auditoria, a Setec
apresentava 26 recomendações pendentes de atendimento, dentre as quais, após
análise das justificativas e evidências comprobatórias encaminhadas pela Secretaria,
decidiu-se pelo atendimento de sete, todas de natureza estruturante, destacando-se
aquelas em que a Setec adotou medidas para mitigar inconsistências verificadas, como, por
exemplo, assegurar que os alunos matriculados no Pronatec Bolsa-Formação não sejam
contabilizados em duplicidade em cursos desenvolvidos para atender outros programas
gratuitos de EPT; e, também, aquelas em que houve melhorias nos processos de
normatização, como, por exemplo, a elaboração de diretrizes que permitem efetuar
comparações entre metodologias de avaliação de egressos elaboradas pelos ofertantes
do Pronatec Bolsa-Formação.
Contudo, a despeito de importantes recomendações terem sido atendidas, elas
representam menos de um terço do total de pendências no período analisado, ou seja,
restaram 19 recomendações em aberto, as quais, para fins didáticos, foram agrupadas
nas seguintes categorias: a) sistemas; b) transparência; c) avaliação; d) desenvolvimento
e aperfeiçoamento de normas e procedimentos; e) orçamentário-financeira; f)
indicadores; e g) governança. Os parágrafos seguintes trazem uma síntese sobre as
recomendações presentes em cada uma dessas categorias.
Na área de sistemas, há três recomendações pendentes relativas ao SISTEC, as quais
dependem de ação por parte da DTI para sua implementação, que versam, em resumo,
sobre implementação de funcionalidade no sistema, tais como: emissão de relatórios
gerenciais e extração de dados, ferramenta de confirmação de frequência e instrumento
de confirmação de matrícula; emissão de relatórios parciais e finais de oferta e execução

23
de vagas e horas-alunos; e formalização de procedimento de solicitação de alteração do
status de matrícula e status de turma no SISTEC, bem como a metodologia de análise e
validação desses dados pela Setec. Da mesma forma, a atuação da DTI é fundamental
para a implementação de duas outras recomendações: 1) monitoramento da execução
físico-financeira de oferta de vagas e horas-alunos pelos ofertantes, realizando repasses
com base (i) em informações parciais de execução, (ii) no Índice Institucional de
Conclusão - IC e (iii) nos saldos remanescentes na conta das instituições; e 2)
alinhamento do fluxo do TED e da prestação de contas do Pronatec Bolsa-Formação para
que as informações do SIMEC (incluindo o módulo de prestação de contas e relatório de
cumprimento do objeto) sejam confrontadas com as do SISTEC, com o intuito de
embasar a análise e emissão do parecer técnico, vinculando esse parecer ao TED.
Quanto à transparência, há três recomendações pendentes que se referem ao
aprimoramento da divulgação de informações do programa para acesso público,
notadamente quanto ao detalhamento das informações de execução física e financeira
e da prestação de contas do Programa.
Para a avaliação do Programa, foram recomendados o estabelecimento de critérios de
escolha das visitas in loco baseados em mapeamento de riscos e a publicação dos
resultados das avaliações e monitoramento no portal do Programa. Entretanto o gestor
ateve-se a informar critérios a serem adotados para o tratamento das visitas, ou seja, a
serem aplicados no momento da visita já em realização. A recomendação, porém, se
referia a critérios prévios para seleção dos locais a serem visitados.
Na área de desenvolvimento e aperfeiçoamento de normas e procedimentos, sete
recomendações permanecem em monitoramento, dado o processo de
desenvolvimento e elaboração de normativos e orientações estar em andamento na
SETEC. As recomendações versam sobre desenvolvimento de metodologia de cálculo do
valor da hora-aula, utilizando orçamento contendo o valor de todos os itens envolvidos
no valor da bolsa-formação e considerando as especificidades de cada curso ofertado;
definição de padrões mínimos de qualidade para a prestação dos serviços de EPT no
âmbito do Pronatec Bolsa-Formação; aperfeiçoamento do modelo dos termos de
adesão/cooperação com os ofertantes; definição de critério ou procedimento a ser
utilizado na emissão de parecer técnico quando não houver execução de horas-aluno no
exercício sob análise; dentre outros.
Quanto à área orçamentário-financeira, foi recomendado que se mantivessem registros
sobre os critérios de priorização dos cursos e vagas, convertidas em horas-aluno, para
fins de definição do objeto previsto, com justificativas para a liberação de recursos
quando o objeto previsto é superior ao planejado pelo ofertante, no que a SETEC se
manifestou afirmando que desde 2016, o conceito de objeto previsto não é mais
utilizado, uma vez que as pactuações da Bolsa-Formação são realizadas somente após a
publicação do orçamento disponível para a ação, de maneira a assegurar que o objeto
planejado tenha consonância com o orçamento disponível, o que encerra a necessidade
de priorização. Para fins de atendimento dessa recomendação, será verificado, em
momento oportuno pela CGU, se as instituições receberam exatamente o valor
referente às horas-aluno planejadas desde o momento em que a nova sistemática foi
adotada.

24
Sobre a formulação de indicadores de gestão, foi recomendada a elaboração de
indicadores que permitam o acompanhamento e avaliação gerencial do Pronatec. A
recomendação encontra-se em monitoramento e em sintonia com o processo de
construção de indicadores em andamento no âmbito da SETEC.
Destaca-se, ademais, a recomendação pendente de atendimento relativa à
implementação e à atuação dos órgãos de governança relacionados à Educação
Profissional e Tecnológica, que possuem a função de acompanhar e avaliar as ações que
integram o Pronatec.
Importante ressaltar que há um esforço da Setec em dar solução as recomendações
pendentes. No entanto, a Secretaria esbarra em algumas dificuldades de interlocução
com algumas áreas, como a DTI por exemplo, que possui seu plano de ação e suas
prioridades, as quais não necessariamente são as da Setec, o que acaba por prejudicar
o atendimento tempestivo de algumas recomendações.
Para todas as recomendações pendentes, por fim, foi dado prazo de 90 dias, dentro do
qual a CGU acompanhará o desenvolvimento das ações adotadas pelo MEC. É
importante ressaltar que há um válido esforço

25
RECOMENDAÇÕES
1 – Efetivar em 60 dias a composição do CPRSC e, diante da dificuldade de indicação dos
membros pelos órgãos e entidades, avaliar a necessidade de o Conselho ser composto
por 14 representantes, com vistas a garantir o seu pleno e racional funcionamento.
Achados nº. 2,3,4

2 – Elaborar e submeter ao CPRSC proposta de revisão da Resolução CPRSC nº. 01/2014


com vistas a estabelecer regras específicas a serem seguidas pelas IFE na elaboração dos
seus regulamentos, especialmente, mas não se limitando, aos seguintes itens: data de
início dos efeitos financeiros, número mínimo de componentes das bancas avaliadoras,
quantidade de pareceres favoráveis para a concessão, critérios norteadores para a
qualidade dos pareceres, entre outros.
Achado nº. 2

3 – Elaborar e submeter ao CPRSC proposta de revisão da Resolução CPRSC nº. 01/2014


com vistas a prever que os ajustes recomendados pela CAR nos regulamentos das IFE
são de observância obrigatória e que a homologação do regulamento pelas IFE fica
condicionada à realização dos ajustes.
Achado nº. 3

4 – Revisar a base normativa (Portaria nº. 1.094/2013, Resolução CPRSC nº. 01/2014 e
Portaria MEC nº. 491/2013) de forma a compatibilizar as regras que estão inconsistentes
após alterações na legislação, tais como a competência para analisar e homologar os
regulamentos, a competência para julgar recursos, entre outras.
Achado nº. 3

5 – Revisar a Portaria nº. 1.094/2013 com vistas a prever instrumentos de controle para
manter o pleno funcionamento do CPRSC e da CAR, tais como prazos, quórum
qualificado de maioria absoluta para apreciação de pareceres, critérios para relatoria,
sanções para faltas rotineiras em reuniões, entre outros.
Achados nº. 3,4

6 – Elaborar e submeter ao CPRSC proposta contendo diretrizes para atualização e


normatização do banco nacional de avaliadores, de modo a incentivar a participação dos
docentes nas comissões especiais instituídas pelas IFE para análise de concessão de RSC.
Achado nº. 3

26
7 – Propor ao CPRSC a possibilidade de instituir prazos máximos retroativos para
aceitação de atividades realizadas pelos docentes para fins de pontuação para
concessão de RSC.
Achado nº. 3

8 – Elaborar e submeter ao CPRSC proposta de critérios mínimos relacionados à análise


de mérito, a serem observados pela CAR quando da análise dos regulamentos das IFE,
com o objetivo de garantir uniformidade e aprofundamento (para além do caráter
formal) nas avaliações realizadas pela comissão.
Achado nº. 4

27
CONCLUSÃO
Com relação à atuação do CPRCS, verificou-se a existência de deficiências que põem em
risco a legalidade das concessões do RSC aos docentes da carreira de Magistério de
EBTT. As análises efetuadas evidenciaram que os poucos critérios e procedimentos
estabelecidos pelo Conselho para conceder o RSC não são claros e objetivos em virtude
da não definição do início dos efeitos financeiros, do não estabelecimento do número
de pareceres favoráveis necessário para a concessão, dentre outros fatores, o que
provoca diferenças significativas nos regulamentos internos das instituições,
comprometendo diretamente a isonomia na concessão da retribuição entre os docentes
das IFE.
O CPRSC não está desenvolvendo suas atividades de forma adequada e sua composição
não está formalmente definida. O Conselho não se reúne com a frequência estabelecida,
não acompanha os processos de concessão no âmbito das IFE e ainda tem aprovado
regulamentos, por meio da CAR, sem avaliá-los de forma criteriosa e uniforme. Além
disso, a regulamentação do processo apresenta lacunas que contribuem para a
concessão generalizada de RSC, tais como análises superficiais dos regulamentos pela
CAR, falta de acompanhamento do desempenho dos avaliadores, aceitação de
conhecimentos e habilidades independente do tempo que foram adquiridas, etc.
Importante ressaltar que a concessão generalizada do RSC pode ser também
comprovada pelo alto percentual de docentes da Rede Federal que possuem o nível
máximo de RSC (80% do total de docentes que recebem essa vantagem), o que já custou
à União cerca de R$ 3,95 bilhões até dezembro de 2017, sem considerar o que ainda
será pago a título de despesas de exercícios anteriores.
Nesse contexto, foram emitidas recomendações à Setec no intuito de fomentar
melhorias no processo em questão. Com isso espera-se que as concessões de RSC
deferidas sejam realmente devidas e remunerem saberes e conhecimentos importantes
e necessários ao desenvolvimento da educação profissional e tecnológica pública
federal.
Já no que se refere aos indicadores de gestão utilizados no monitoramento do
desempenho da Rede Federal, o fluxo de apuração dos resultados segue uma
metodologia estabelecida pela Setec, entretanto verificou-se a existência de diversas
inconsistências provocadas basicamente por erros conceituais e matemáticos nessa
metodologia que comprometem a fidedignidade dos resultados divulgados pela
Secretaria e pelas próprias instituições da Rede Federal. Diante desse contexto, como
forma de aprimorar o processo e garantir a fidedignidade dos números, a Setec
desenvolveu uma nova metodologia, baseada em teorias estatísticas, que inclui a
utilização de um sistema eletrônico específico que é a Plataforma Nilo Peçanha.
Por fim, em se tratando das recomendações da CGU à Setec relativas ao Pronatec, o
atendimento de apenas sete das 26 recomendações vigentes no exercício de 2017
demonstram que a Secretaria vem tendo dificuldade em articular internamente as ações
necessárias para adotar as medidas que vêm sendo, desde 2013, apontadas pela CGU
em ações de controle específicas.

28
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA

Por meio da Nota Técnica nº. 95/2018/CGDP/DDR/SETEC/SETEC, a Secretaria se


manifestou quanto ao teor dos fatos narrados nos Achados nº. 2, 3 e 4, cujo teor
transcreve-se a seguir:

Por meio da Solicitação de Auditoria n* 201800820/04 (1139183) a equipe de auditoria


do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União solicita desta Secretaria
e do Conselho Permanente para Reconhecimento de Saberes e Competências (CPRSC)
esclarecimentos de fatos apontados a partir dos registros elaborados pela equipe frente
aos exames efetuados sobre o RSC.
Em atenção ao solicitado, verifica-se que as informações contidas nos fatos elencados e
narrados na mencionada Solicitação de Auditoria são contundentes e, considerando que
as buscas de maiores informações no âmbito desta Diretoria para fornecer subsídios com
registros da atuação do CPRSC durante o período compreendido pela análise dessa
auditoria tornou-se complexa e dificultosa, vez que os principais responsáveis não estão
atuando nesta Secretaria, a melhor forma que vislumbra-se para minimizar os impactos
é a de levar ao conhecimento da nova composição do Conselho, cujo processo de
substituição dos membros encontra-se em trâmite neste Ministério. Essa medida, se
dará como forma de alerta para a necessidade de maior efetividade em sua gestão,
observando-se os apontamentos ora registrados pela equipe de auditoria.
Outrossim em face de que os apontamentos refletem situações pretéritas, esta
Secretaria dará conhecimento desses fatos aos membros à época do CPRSC, bem como
do Relatório preliminar e final, assim que forem apresentados, razão pela qual sugere-
se a marcação de agenda da reunião de busca conjunta de soluções com antecedência
necessária, para que, eventualmente, possa convidar a Coordenação da atual gestão do
CPRSC, visando também a sua participação na referida reunião.

29
II – LISTA DE IFE E RESPECTIVOS REGULAMENTOS

Data ou Número/Ano
IFE
do Regulamento
CEFET/MG 03/12/2017
Cefet/RJ 39/2015
Colégio Pedro II 35/2014
IF Baiano 03/08/2015
IFC 01/01/2014
IFFar 62/2014
IF Fluminense 01/08/2014
IF Goiano 32/2014
IFNGM 02/08/2017
IF Sertão-PE 16/2014
IF Sudeste MG Sem Informação
IFSULDEMINAS 72/2016
IFSul 42/2014
IFAC 80/2015
IFAL 31/2014
IFAM Sem Informação
IFAP 47/2014
IFB Sem Informação
IFBA 171/2014
IFCE 31/2014
IFES 35/2014
IFG 01/09/2014
IFMA 65/2014
IFMG 03/2014
IFMS 15/2015
IFMT 28/2014
IFPA 232/2014
IFPB 168/2014

30
Data ou Número/Ano
IFE
do Regulamento
IFPE Sem Informação
IFPI 13/2014
IFPR 18/2014
IFRJ 49/2014
IFRN 30/2014
IFRO 26/2014
IFRR 164/2014
IFRS 39/2017
IFSC 29/2014
IFS 32/2016
IFSP 131/2014
IFTO Sem Informação
UFAL 14/2017
UFLA 24/2017
UFPE 16/2016
UFPel 06/2016
Unir 186/2017
IFTM 60/2014
DEPEX 06/2017

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III – RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE GESTÃO DA
REDE FEDERAL

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