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Capa:
Mário Röhnelt
Preparação do original:
Alda Rejane Barcelos
Supervisão editorial:
Letícia Bispo de Lima
Editoração eletrônica:
Formato Artes Gráficas
SÃO PAULO
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5
A organização
social da classe
FORMAS DE AGRUPAMENTO
Quadro 5.1
Agrupamento homogêneos heterogêneos
grande grupo x
grupos/classe fixos x x
Escola grupos/classe móveis x x
como grande grupo x x
grupo equipes fixas x x
equipes móveis x x
individual
Trabalho individual
Consiste nas atividades que cada menino ou menina realiza por si só
e é a forma de trabalho que a maioria de seqüências de ensino/apren-
dizagem propõe num ou noutro momento. Seja qual for a corrente peda-
gógica, nas propostas educativas sempre esteve presente o trabalho indi-
vidual. E é lógico que seja assim, porque a aprendizagem, por mais que
se apóie num processo interpessoal e compartilhado, é sempre, em últi-
ma instância, uma apropriação pessoal, uma questão individual. As dife-
renças são encontradas no papel que se atribui a este trabalho, no mo-
mento em que ele é realizado, nos tipos de conteúdos que se trabalham e
em seu grau de adaptação às características pessoais de cada aluno.
É impossível fazer uma análise isolada do trabalho individual, já que
seu valor varia enormemente conforme seja realizado. Se não fosse assim,
poderíamos dizer que é imprescindível, e pouco mais. Vejamos em que
condições se aplica esta forma de trabalho e que conteúdos são
trabalhados para fazer uma avaliação.
Começaremos com um modelo expositivo e posteriormente introdu-
ziremos diferentes atividades conforme os conteúdos que forem
trabalhados. Numa seqüência de ensino/aprendizagem tópica, de
exposição-memorização-exame, o trabalho individual é realizado na fase
de memorização e exame. Nesta seqüência, evidentemente esquemática,
a fase expositiva ocorre em grande grupo; a memorização é uma tarefa
individual que cada menino ou menina realiza em aula, ou em casa, nas
séries mais avançadas e, finalmente, o exame é um trabalho individual
que se realiza em grande grupo. Neste modelo, é um tipo de trabalho que
não permite a interação professor/aluno, além da devolução do exame
com a nota correspondente. Se analisamos este processo desde a
perspectiva dos tipos de conteúdos que podem ser trabalhados, obser-
varemos que quando os conteúdos são de caráter factual, as atividades
de aprendizagem que consistem em exercícios que ajudam a memorizar
– fundamentalmente atividades de repetição verbal – são bastante
simples e cada aluno as pode realizar sem mais ajuda do que a motivação
para fazê-las. Posto que as diferenças de aprendizagem entre os alunos se
centram, a grosso modo, no tempo que cada um tem que dedicar ao
estudo, e posto que é um fator que só depende dos próprios alunos,
podem fazê-lo sozinhos com bastante chance de êxito. Um resultado
negativo na prova não implicará repetir todo o processo de ensino/
aprendizagem, mas unicamente exigirá que o aluno por si só lhe dedique
o tempo de que realmente necessite.
Por outro lado, não podemos dizer o mesmo no caso dos conceitos e
dos princípios. Para poder adaptar o processo de ensino às características
singulares da aprendizagem de cada um dos meninos e meninas, será
necessário introduzir mudanças qualitativas na forma de realizar este
128 / ANTONI ZABALA
Os contratos de trabalho
A função básica dos contratos de trabalho consiste em facilitar a
tarefa dos professores ao propor a cada aluno as atividades de
aprendizagem apropriadas a suas possibilidades e a seus interesses.
Recebe o nome de contrato porque cada aluno estabelece um acordo com
o professor sobre as atividades que deve realizar durante um período de
tempo determinado, geralmente uma ou duas semanas. Para poder levar
a cabo o controle destes acordos e de seu cumprimento, cada menino e
menina dispõe de uma agenda – em educação infantil costuma ser um
mural – onde constam os compromissos assumidos para o espaço de
tempo em questão. A cada semana, ou a cada quinze dias, ocorre uma
reunião entre o professor e o aluno, com uma dupla função: revisar o
trabalho feito e combinar a nova tarefa para o período seguinte. Dada a
dificuldade que representa fazer uma proposta específica para cada
aluno, é imprescindível contar com materiais preparados previamente
que contemplem atividades claramente seqüenciadas e progressivas,
como por exemplo as fichas de trabalho de Freinet, as fichas ordenadas
de leituras, os cadernos de cálculo ou ortografia, as fichas de
interpretação e confecção de planos e mapas, as atividades de pesquisa,
de elaboração tecnológica, de práticas de laboratório, etc., sempre que,
como já apontamos, estejam convenientemente ordenadas. Assim, pois, o
trabalho do professor está centrado em determinar quantas atividades
devem se fazer em cada uma das seqüências ou o grau de aprofun-
damento que deve se conseguir num determinado período.
Se uma das tarefas mais pesadas dos professores é a correção
das produções dos alunos quando estas são iguais para todos,
num modelo de contratos o será mais ainda. Para solucionar este
inconveniente é interessante, sempre que seja possível, que as ati-
vidades sejam autocorretivas ou que se introduzam fórmulas de
correção compartilhada.
Voltando às idéias expostas anteriormente, cabe dizer que esta
forma de dar resposta ao andamento do trabalho individual é
interessante só para aqueles conteúdos que permitem estabelecer uma
seqüência mais ou menos ordenada. Como vimos, trata-se dos conteúdos
adequados para o trabalho individual, quer dizer, de alguns conteúdos
factuais e principalmente muitos conteúdos procedimentais. Conteúdos
que representam porcentagens muito elevadas do trabalho cotidiano,
especialmente em algumas áreas.
130 / ANTONI ZABALA
O papel do espaço
Como nas outras variáveis, a estrutura física das escolas, os espaços
de que dispõem e como são utilizados correspondem a uma idéia muito
clara do que deve ser o ensino. Logicamente, posto que os aspectos físicos
são os que mais perduram no tempo, não são tanto uma conseqüência do
que tem que ser ou é hoje em dia o ensino, mas o papel que se atribuiu a
ele num momento determinado.
Se a utilização do espaço tem sido o resultado de uma maneira de
entender o ensino, tanto em relação à função social como à compreensão
dos processos de aprendizagem, certamente uma mudança nestes
elementos levaria a uma reconsideração das características que deveriam
ter de acordo com outras concepções do ensino.
A todos nós parece lógica a distribuição atual das escolas. Conside-
ramos que uma escola tem que ser um conjunto de unidades espaciais, as
aulas, situadas uma junto à outra e unidas mediante corredores. Este
A PRÁTICA EDUCATIVA / 131
conjunto pode variar desde uma ou duas aulas nas escolas unidocentes
até escolas que têm dezenas. Também o interior destas unidades espa-
ciais apresenta uma distribuição bastante similar: um conjunto de cadei-
ras e mesas colocadas de duas em duas ou individualmente e alinhadas
de frente para o quadro-negro e para a mesa do professor ou professora.
A pergunta que devemos nos fazer é se realmente esta é a fórmula
mais adequada, a melhor, a única. E, sobretudo, temos que nos perguntar
que critérios nos permitem justificá-la.
Se iniciamos de novo uma revisão histórica, veremos que esta
configuração não é gratuita. Como pudemos observar, nossa tradição é
herdada de um ensino centrado nos conteúdos factuais e conceituais, que
tem girado em torno de modelos de comportamento inspirados em
fórmulas disciplinares rígidas e uniformizadoras. O ensino dos conteú-
dos conceituais e factuais através de estratégias de reprodução com-
portava o uso de exposições gerais para todo um grupo de alunos que,
em função das finalidades da educação, podia ser bastante numeroso,
colocado de forma que os alunos pudessem receber facilmente as
exposições e instruções do ensino. Ao mesmo tempo, esta disposição
contribuía para manter a ordem. Trata-se de uma disposição espacial
criada em função do protagonista da educação, o professorado, em que
os meninos e meninas, como se estivessem num cinema ou num teatro, se
situam de forma que possam ver e escutar quem representa uma fonte
básica do saber. A opção propedêutica, mas basicamente a concepção
transmissora e uniformizadora do ensino, comportava determinadas
formas bem definidas e bastante eficazes se levamos em conta o que se
pretendia.
Se nos perguntam qual é o número máximo de alunos que pode
haver numa classe onde se tenham que explicar, por exemplo, os nomes
dos rios da Europa, os códigos da língua, matemática, física ou química,
as obras mais importantes do romantismo, etc., certamente responde-
remos que é limitado, sempre e quando se possa manter a ordem. E
também diremos que a melhor maneira de situar estes alunos será a que
lhes permita ver e escutar melhor o professor. Assim, pois, o espaço físico
adequado será o que permita acomodar o número máximo de alunos que
se estabeleceu, e a distribuição da aula mais apropriada será a que
favoreça o controle dos professores. Para garantir que esta função de
transmissão e controle seja mais eficaz só será necessário situar o
professor num nível superior ao dos alunos mediante um tablado.
As razões de ordem, controle e eficácia, segundo uma concepção do
ensino e da aprendizagem, determinaram os usos do espaço e, portanto,
as características físicas da maioria das escolas.
A utilização do espaço começa a ser um tema problemático quando
o protagonismo do ensino se desloca do professor para o aluno. O centro
de atenção já não é o que há no quadro-negro, mas o que está acon-
132 / ANTONI ZABALA
Conclusões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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“L’ espai escolar” (1987) em: Perspectiva Escolar, 120. Monografía.
6
A organização dos conteúdos
MÉTODOS GLOBALIZADOS
Quadro 6.1
CENTROS PROJETOS INVESTIGAÇÃO PROJETOS
DE INTERESSE DO MEIO DE TRABALHO
PONTO Situação Situação Situação real Situação real
DE real real Perguntas ou Elaboração
PARTIDA Tema a ser Projeto a ser questões dossiê
INTENÇÃO conhecido realizado
Por razões históricas, e por sua vigência atual, iremos nos deter em
quatro dos métodos citados:
• Os centros de interesse de Decroly, os quais, partindo de um núcleo
temático motivador para o aluno e seguindo o processo de ob-
servação, associação e expressão, integram diferentes áreas do
conhecimento.
• O método de projetos de Kilpatrick, que basicamente consiste na
elaboração e produção de algum objeto ou montagem (uma má-
quina, um audiovisual, um viveiro, uma horta escolar, um jor-
nal, etc.).
• O estudo do meio do MCE (Movimento de Cooperazione Educativa de
Italia), que busca que meninos e meninas construam o conhe-
cimento através da seqüência do método científico (problema,
hipótese, experimentação).
• Os projetos de trabalho globais, em que, com o fim de conhecer um
tema, tem que se elaborar um dossiê como resultado de uma
pesquisa pessoal ou em equipe.
Todos os sistemas apresentados no Quadro 6.1 partem de uma
situação “real”: conhecer um tema, realizar um projeto, resolver certas
interrogações ou elaborar um dossiê. A diferença fundamental entre eles
está na intenção do trabalho a ser realizado e nas fases que devem ser
seguidas.
Dado que estes métodos não apenas respondem ao problema da or-
ganização dos conteúdos, faremos uma descrição de cada um deles, pres-
tando atenção a todos os aspectos que incluem e às razões que oferecem
seus autores para justificá-los. No tópico seguinte trataremos de analisá-
los desde uma perspectiva concreta da organização de conteúdos.
Seqüência de ensino/aprendizagem
• Observação: Define-se como o conjunto de atividades que tem por
finalidade pôr os alunos em contato direto com as coisas, os seres,
os fatos e os acontecimentos. Este objetivo é alcançado através da
realização de exercícios de comparação, cálculo, experimentação,
expressão oral e escrita, desenho, etc.
• Associação: Através dos exercícios de associação, os meninos e me-
ninas relacionam o que observaram com outras idéias ou realidades
não-suscetíveis de contato e observação direta. É o caso das ativi-
dades de associação no espaço e no tempo, relacionadas com as áreas
de geografia e história; as associações tecnológicas e de adaptação às
necessidades da sociedade e as associações de causa-efeito.
• Expressão: Uma vez adquiridos os dados empirícos mediante a ob-
servação e a medida e uma vez estabelecidas as comparações en-
tre diversos objetos associados no espaço e no tempo, o conheci-
mento é verificado e corrigido com a expressão. A expressão pode
ser concreta, quando utiliza os trabalhos manuais, a modelagem, o
desenho, a música, etc., ou abstrata, quando traduz o pensamento
com ajuda de símbolos convencionais e se identifica com a
linguagem, os signos matemáticos ou musicais, etc.
Justificativa
Decroly utiliza diferentes argumentos, baseados em sua experiência
como homem eminentemente pragmático e sensível aos problemas da
sociedade:
• A criança é o ponto de partida do método. Partir de uma base bio-
psicológica e da observação sistemática envolve se dar conta de
que as diferenças individuais são muito grandes, tanto em relação
às aptidões como ao tempo de maturidade, e que a origem destas
diversidades está tanto no próprio indivíduo como no ambiente.
“A criança não é o queremos que seja, mas o que pode ser.”
• O respeito à personalidade do aluno. “A educação tem que ser
para a vida e baseada na vida. A resposta à imobilidade que con-
148 / ANTONI ZABALA
Seqüência de ensino/aprendizagem
O projeto compreende quatro fases:
• Intenção: Nesta primeira fase, os meninos e meninas, coordenados
e dirigidos pelo professor, debatem sobre os diferentes projetos
propostos, escolhem o objeto ou montagem que querem realizar e
a maneira de se organizar (grupo/classe, grupos reduzidos, indi-
vidualmente). Definem e esclarecem as características gerais do
que querem fazer, assim como os objetivos que pretendem
alcançar.
• Preparação: A segunda fase consiste em fazer o projeto do objeto
ou montagem. É o momento de definir com a máxima precisão o
projeto que se quer realizar. Para completar esta fase serão
exigidos o planejamento e a programação dos diferentes meios
que serão utilizados, os materiais e as informações indispensáveis
para a realização e as etapas e tempo previstos.
• Execução: Uma vez definido o projeto, os meios e o processo a ser
seguido, o trabalho será iniciado segundo um plano estabelecido.
As técnicas e estratégias das diferentes áreas de aprendizagem
(escrever, contar, medir, desenhar, montar, etc.) serão utilizadas
em função das necessidades de elaboração do projeto.
• Avaliação: Uma vez concluído o objeto ou montagem, será o mo-
mento de comprovar a eficácia e a validade do produto realizado.
Ao mesmo tempo, será analisado o processo seguido e a participa-
ção dos meninos e meninas.
150 / ANTONI ZABALA
Justificativa
Seqüência de ensino/aprendizagem
• Motivação: Nesta fase inicial se pretende colocar os meninos e
meninas diante de situações próximas de suas experiências vitais,
que lhes provoquem e lhes incentivem, a fim de despertar seus
interesses e suas motivações pelas questões que esta situação
coloca. O debate na sala de aula permitirá definir os aspectos do
tema motivo de estudo.
• Explicitação das perguntas ou problemas: No debate deverão aparecer
opiniões diversas e, sobretudo, numerosas perguntas e problemas
que terão de ser resolvidos. Em grupos reduzidos ou coletiva-
mente – conforme a idade dos alunos – serão definidas e
classificadas as perguntas ou os problemas objeto de pesquisa.
• Respostas intuitivas ou hipóteses: Para muitas das perguntas feitas,
os meninos e meninas já têm suposições ou respostas mais ou
menos intuitivas como resultado de informações ou experiências
anteriores. Mas geralmente se trata de um conhecimento confuso,
quando não errôneo. Nesta fase se pretende que, ao mesmo tempo
que aflorem suas concepções prévias, os alunos possam prever as
formas, meios ou instrumentos que têm que utilizar.
• Determinação dos instrumentos para a busca de informação: Em função
dos conteúdos do tema, do tipo de perguntas, das idades ou das
disponibilidades e disposições da escola, estes instrumentos
152 / ANTONI ZABALA
Justificativa
Conforme esta metodologia, a tomada de posição frente a um
problema supõe uma ação sobre o mesmo, uma comunicação dos
resultados obtidos e uma atuação conseqüente. Para o MCE, a pesquisa
sempre envolve uma ação que implica a modificação do meio, contrária
ao “ativismo ingênuo”, que imita a realidade sem intenção de modificá-
la. Portanto, o problema do uso de um esquema de pesquisa não se deve
A PRÁTICA EDUCATIVA / 153
Seqüência de ensino/aprendizagem
Na realização do projeto podem se destacar as seguintes fases:
• Escolha do tema: Parte-se da idéia de que os meninos e meninas
sabem que devem trabalhar sobre alguma coisa e também que
devem fazê-lo de uma determinada maneira.
Como resultado de experiências anteriores, de algum fato de
atualidade ou de um acontecimento, propõem-se temas para trabalhar. O
154 / ANTONI ZABALA
Justificativa
A intervenção na realidade:
objetivos dos métodos globalizados
Em primeiro lugar, utilizaremos o referencial “função social do
ensino” – e como se concretiza no trabalho sobre determinados conteú-
dos de aprendizagem – para analisar as diferentes formas de intervenção
pedagógicas que descrevemos em torno dos centros de interesse, o
método de projetos, o estudo do meio e os projetos de trabalho.
• Os centros de interesse, numa primeira aproximação, consistem na
busca da informação para conseguir a melhora no conhecimento
de um tema que é interessante para o aluno. Portanto, os con-
teúdos de aprendizagem são basicamente conceituais. Mas pode-
mos nos dar conta de que a forma de adquirir estes conceitos tem
um interesse crucial, daí que os conteúdos procedimentais
relativos à investigação autônoma e à observação direta são essen-
ciais. Ao mesmo tempo, os conteúdos atitudinais vinculados à
socialização, à cooperação e à inserção no meio são os estrutura-
dores da maioria das atividades que configuram o método.
• No método de projetos de Kilpatrick, os conteúdos básicos de apren-
dizagem são de caráter procedimental e atitudinal. O que interes-
sa não é tanto o tema de trabalho, o objeto que se constrói ou a
montagem que se realiza, mas todas as habilidades individuais e
grupais que têm que se promover para conseguir o objetivo esta-
belecido. De certo modo, os conteúdos conceituais estão em fun-
ção da capacidade de planejamento e realização. As habilidades
vinculadas ao “saber fazer” e ao “saber resolver” são o fio condu-
tor do método. Da mesma maneira, a capacidade de participação e
trabalho associada a necessidades colocadas na vida real é a
orientadora dos conteúdos atitudinais.
• Neste sentido, o estudo do meio é o método mais completo, já que os
conteúdos procedimentais estão presentes em todas as fases e
etapas – atribuindo uma importância especial não apenas àqueles
relacionados com a busca de informação, como também aos mais
complexos de caráter estratégico cognitivo. Além do mais, os
conteúdos conceituais, vinculados a problemas e conflitos da vida
real, são básicos como instrumentos para compreender esta
158 / ANTONI ZABALA
Quadro 6.2
Quadro 6.3
Conclusões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSCH, J. M.; MUSET, M. (1980): Iniciació al mètode Decroly. Barcelona. Teide.
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FREINET. C. (1980): Técnicas Freinet de la escuela moderna. Madri. Siglo XXI.
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