Trabalho Psicologia Social

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DANIELA LONARDONI ALVES

FERNANDA LETICIA NASATO


JESSICA CAROLINE DE OLIVEIRA SOUZA
KATLYN ISABELA DOS SANTOS ALVES
PALOMA BEZERRA MACHADO
RAFAELA CHRISTI ANE MANO DE ASSIS
VITTOR HUGO SANTOS

PSICOLOGIA SOCIAL:
LAR ESCOLA DA CRIANÇA DE MARINGÁ

MARINGÁ - PR
2019
DANIELA LONARDONI ALVES
FERNANDA LETICIA NASATO
JESSICA CAROLINE DE OLIVEIRA SOUZA
KATLYN ISABELA DOS SANTOS ALVES
PALOMA BEZERRA MACHADO
RAFAELA CHRISTI ANE MANO DE ASSIS
VITTOR HUGO SANTOS

PSICOLOGIA SOCIAL:
LAR ESCOLA DA CRIANÇA DE MARINGÁ

Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia do Centro


Universitário Metropolitano de Maringá, como requisito para a
obtenção da nota do 2º bimestre referente a disciplina de
Psicologia Social.
Professora: Dra. Silvia Marini

MARINGÁ - PR
2019
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................
2 – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO.......................................................
3 – CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA INSTITUIÇÃO.....................................................
4 – OBJETIVOS INSTITUCIONAIS.....................................................................................
5 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................
6 – ENTREVISTA E DESCRIÇÃO DO TRABALHO DO PSICÓLOGO SOCIAL NO LAR
ESCOLA DA CRIANÇA DE MARINGÁ..............................................................................
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................
REFERÊNCIAS........................................................................................................................
1 – INTRODUÇÃO

Crianças e adolescentes que vivenciam de forma negativa a desigualdade social, vivem


em situação de vulnerabilidade, expostas a marginalização, uso de drogas, exclusão social,
crise de identidade, enfraquecimento emocional, falta de vínculos afetivos no âmbito familiar,
dificuldade de inserção no mercado de trabalho, etc. Algumas instituições foram criadas como
uma oportunidade de acompanhamento para o desenvolvimento entre a escola, família e
comunidade, buscando a participação responsável de todos no desenvolvimento e crescimento
dessas crianças.
O Lar escola da Criança de Maringá é uma instituição que foi fundada em 1959 com o
objetivo de abrigar crianças em situação de abandono e órfãs (funcionava em regime de
internato), a partir de 1990 com a criação da lei n° 8.069 acontecem mudanças no seu regime
interno, e o atendimento passa a ser na área de assistência social visando a criança e
adolescente de baixa renda na formação de sua identidade, crescimento e desenvolvimento no
meio familiar e social.
A seguir veremos como a instituição Lar Escola trabalha na cidade de Maringá com as
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e baixa renda que lá
frequentam, fornecendo a oportunidades de educação, inserção no mercado de trabalho, e
fortalecimento de vínculos familiar e comunitário em horário de contra turno escolar.
2 – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

2.1 – Nome da Instituição:


Lar Escola da Criança Maringá

2.2 – Endereço:
Rua Martin Afonso, 1441, Jardim Novo Horizonte, Maringá, Paraná

2.3 – Área de atuação:


Social

2.4 – Área de abrangência:


Municipal

2.6 – Funcionamento (horário):


Segunda à sexta-feira das 08h00 ao 12h00 e das 13h00 às 17h00

2.7 – Vinculação administrativa (mantenedora):

O Lar Escola da Criança de Maringá, conta com ajuda de vários recursos para manter
a instituição ativa. Dentre desses recursos existem as parcerias públicas junto com a Prefeitura
de Maringá, as parcerias privadas que englobam algumas empresas e grupos da cidade, e os
recursos próprios, que são as arrecadações e promoções que o LECM promove para ajudar
nas despesas da instituição.
Dentre as parcerias públicas estão, o Serviço de convivência e fortalecimento de
vínculos (SCFV) em que a prefeitura anualmente abre vagas para destinação de recursos para
as instituições da cidade através de um edital. Onde o LECM apresenta um projeto
especificando como será usado todo recurso que repassado pela prefeitura para instituição. O
LECM deve usar o dinheiro desse recurso conforme o projeto apresentado pela instituição,
prestando contas trimestralmente à prefeitura. O Projeto Aprendizagem, que segue o mesmo
padrão do SCFV, porém, os recursos são usados para os jovens aprendizes que são
financiados pela prefeitura. O Fundo para Infância e Adolescência (FIA), que é um fundo
composto pela destinação de parte do imposto de renda devido por pessoas físicas ou
jurídicas, além de doações voluntárias e de recursos públicos, e são repassados para as
instituições cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CMDCA).
Já as parcerias privadas são, o Nota Paraná onde as notas fiscais sem CPF são doadas
para a instituição, através de vários pontos de arrecadação deixados em supermercados,
farmácias e outros estabelecimentos na cidade. O Coca cola – FEMSA, é uma parceria entre o
LECM e a Coca-Cola de Maringá, onde a empresa patrocina o projeto Protagonismos em
Movimento, no qual uma quantidade de adolescentes frequentam o LECM uma vez por
semana, para se prepararem para o mercado de trabalho. O Bazar da Receita Federal, feito a
cada cinco anos no LECM, em que a arrecadação dos recursos fica direto com a instituição. E
o Grupo de voluntarias amigas, onde um grupo de senhorinhas vão até o LECM toda terça-
feira para produzir toalhas de mesa e artesanatos para que no fim do mês, aconteça um bingo
aberto para a comunidade e assim a arrecadação de recursos para a instituição.
Por fim, os recursos próprios, que são as promoções, eventos e projetos que a
instituição promove para a arrecadação financeira sem vínculo com outras entidades, assim
todo o dinheiro arrecadado entra diretamente para o LECM. Sendo eles, o Projeto acreditando
no futuro, em que as pessoas da comunidade se comprometem em ajudar o LECM com uma
quantia de dinheiro mensal durante um determinado tempo. O Projeto bazar do LECM no
qual as doações da comunidade são vendidas em bazar feito pela instituição. O Projeto
tecendo cidadania, que são as vendas de roupas feitas através do curso de Corte e Costura que
é dado dentro LECM. As doações pessoa física e jurídica, feitas diretamente ao LECM. A
receita com horta onde o LECM vende as verduras que produzem em sua horta para a
comunidade. E eventos, como almoços, bingos, churrascadas que a instituição promove para
arrecadação de recursos.

2.9 – Equipe técnica:

Ao todo são 38 funcionários, entre eles: Orientadora Socioeducativo, Recepcionista,


Auxiliar de Escritório, Educador Social, Facilitadora de Oficina, Assistente Financeira,
Assistente Social, Coordenadora de Serviços Gerais, Auxiliar de Limpeza, Psicóloga, Auxiliar
de Serviços Gerais, Encarregada de Cozinha, Auxiliar de Cozinha, Analista de Projetos,
Serviços Gerais, Manutenção de Edificações, Auxiliar Administrativo, Motorista, Auxiliar de
Promoção de Vendas, Assistente Administrativo, Gestora Administrativa, Instrutora de
Costura, Serviços de Limpeza, Assistente de Comunicação. Contando também com uma
equipe de voluntários, sem quantidade específica.
3 – CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA INSTITUIÇÃO

3.1 – Como se constituiu:


3.1.1 – Grupos sociais que participaram de sua criação e desenvolvimento:

O Lar Escola da Criança de Maringá foi fundado pelo Clube da Amizade de Maringá
em 04 outubro de 1959, iniciando suas atividades em 10 de maio de 1963. Na época,
destinava-se a abrigar crianças abandonadas e órfãs em regime de internato. Em 14 de março
de 1973, a administração do Lar Escola foi confiada às Irmãs Murialdinas de São José, que
têm como carisma específico o atendimento às crianças, adolescentes e jovens. Em 1990, com
a criação da Lei n.º 8.069 de 13 de julho, Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA – tanto
o Regimento Interno como o Estatuto da Organização são modificados projetando um
atendimento mais qualificado de acordo com as novas diretrizes.

3.1.2 – Demandas da instituição:


A organização proporciona atendimentos às crianças, adolescentes e famílias de baixa renda.

3.2 – Contexto atual:

Atualmente, os projetos concentram-se na área de Assistência Social, por meio de


atividades esportivas, recreativas, culturais, cidadania, valores e profissionalizantes na área
administrativa, transportes, de supermercados, comércio e corte e costura. Essas ações
contribuem para autonomia, inserção social, defesa e garantia de direitos e fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários. A organização conta com uma equipe técnica capacitada
para o desenvolvimento dos projetos sociais. As crianças e adolescentes recebem alimentação
balanceada e acompanhamento individual e familiar. As atividades desenvolvidas são
planejadas, monitoradas e avaliadas. As atividades para crianças e adolescentes acontecem no
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, atendendo público de 06 a 15 anos
sempre em contra turno escolar oferecendo oficinas de cidadania, dança, música, esporte e
recreação. Aos aprendizes, o público atendido atualmente é na faixa de 15 e 16 anos. Para o
curso de costura, nominado "Tecendo a Cidadania" o público atingido é a partir de 18 anos.
4 – OBJETIVOS INSTITUCIONAIS

O objetivo da instituição é o de desenvolver uma linha de atuação que possibilita a


integração entre Lar Escola, família, escola e comunidade, tendo a criança, o adolescente
como agentes principais desse processo, visando atingir uma participação responsável de
todos na transformação da realidade social.

5 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 - Psicologia Social Critica

A Psicologia “como a Antropologia, a Economia, a Sociologia e todas as ciências


humanas, estuda o ser humano e, neste caso, o assunto diz respeito ao próprio cientista que
estuda esse objeto” (BOCK, 2009 p.20). Logo, a Psicologia Social é a ciência que estuda o
comportamento humano, ou seja, toda ação consciente ou inconsciente realizada pelo sujeito.
Essa abordagem caminha próximo à teoria da psicanálise e do materialismo histórico,
promovendo uma releitura desses referenciais que vão apoiar o estudo de temas tradicionais
da Psicologia Social perante uma nova perspectiva teórica como comunicação, processo
grupal, linguagem e ideologia.

Tornava-se necessário entender o comportamento dos indivíduos quando


eles se encontravam em grandes massas ou multidões (...) mas surgiram
tentativas no campo da Psicologia de resolvê-las. Pode-se indicar aí o início
Psicologia Social. (BOCK, 2009 p. 177)

Isto é, a Psicologia Social passou a estudar as manifestações do comportamento


humano para com o outro. O ser humano assume o papel de transformado e transformador do
mundo, onde ao transformar o meio externo ele é influenciado e é transformado também.
Sendo assim, “toda a psicologia é social” (LANE, 2017 p. 19). Ou seja, mesmo que a
subjetividade seja importante, a Psicologia Social ainda tem como objetivo compreender o
indivíduo com base em suas relações sociais. O ser humano, quando nasce, precisa do outro
para que possa sobreviver, o que já faz dele membro de um grupo, a família. Sua vida toda
será repleta de participações em grupos que irão compor sua identidade.
Portanto, “assim parece óbvio que a Psicologia Social deve estudar o comportamento
social” (LANE, 2017 p. 01). Ela é capaz de estudar e compreender a relação entre o indivíduo
e a sociedade, avaliando desde como seus membros se organizam para garantir sua
sobrevivência até seus costumes, valores e instituições necessários.

5.2 – Política da Assistência Social

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004, a constituição


federal de 1988 estabeleceu que a Assistência Social é um direito do indivíduo e
responsabilidade do estado. Em 1993 após a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS ela é
determinada como Política de Seguridade Social assim como a saúde e a previdência social.
Tendo um caráter de Proteção Social, juntamente com outras políticas sociais tem o objetivo
de garantir os direitos de condições dignas para sobrevivência, prestando atendimento a todos
os cidadãos que dela demandam.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, em 2005 foi instaurado o Sistema
Único de Assistência Social – SUAS com o intuito de gerenciar as especificidades da
Assistência Social e da proteção social brasileira. Essa proteção deve assegurar as seguintes
seguranças: segurança de sobrevivência, que diz respeito a garantia de que todos os
indivíduos tenham uma forma monetária de sustentar, mesmo com limitações ou desemprego;
sua sobrevivência; segurança de acolhida, isto é, o provimento de alimentação vestuário e
abrigo, e quando é preciso a separação da família por segurança ao indivíduo; e a segurança
de vivência e convívio familiar, que evita situações de privação da liberdade e a ausência de
relações e vínculos, fundamental para o ser humano identificar sua subjetividade.
A proteção social pode ser dividida de duas formas, sendo a primeira de Proteção
Social Básica, que se refere a prevenção de riscos para o indivíduo e sua comunidade por
meio de programas e projetos, já a segunda é a Proteção Social Especial que diz respeito a
sujeitos e famílias que já tiveram seus direitos violados e estão sem situação de risco. Dessa
forma a LOAS reivindica que as demandas assistenciais sejam consideradas com o intuito de
afirmar a cidadania, sob dever do estado de assegurar que os indivíduos estejam tendo o
direito e acesso aos programas e projetos que necessitam.
Segundo Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004 os princípios
democráticos fundamentais da Política Nacional de Assistência Social são: universalização
dos direitos; consideração a dignidade do sujeito e cumprimento de prestação de serviços de
qualidade; não ter nenhum tipo de discriminação na prestação e acesso aos serviços;
divulgação dos programas assistenciais.
Suas diretrizes são: descentralização administrativa, sendo responsável pelas normas
gerais à esfera federal, e o gerenciamento e execução dos programas as esferas estaduais e
municipais; participação da comunidade; principal responsabilidade na condução da Política
de Assistência Social ser do Estado; e foco na família ao implementar serviços e programas.
Seu objetivo está em garantir, tendo em vista as desigualdades sócio territoriais, os
mínimos sociais, condições para atender as demandas sociais e universalização dos direitos
sociais. Também objetiva prover, programas e serviços de proteção social básica ou especial
aos sujeitos e grupos conforme sua demanda; contribuir com a inclusão dos usuários para que
todos tenham acesso, seja de área urbana ou rural. Assegurar que o foco da assistência social
será no mantimento da família e convivência comunitária.
O público-alvo da Política de Assistência Social são indivíduos, grupos e famílias que
estão em situação ou dispostos a vulnerabilidade e riscos, como indivíduos exclusos pela
pobreza, sujeitos em dependência química, expostos a violência no meio familiar, introdução
de maneira precária no mercado de trabalho ou desemprego, entre outros.

5.3 – Atuação do Psicólogo na Assistência Social

Do contrário a outras abordagens, o psicólogo que trabalha na assistencial social não


usa testes psicológicos avaliativos nem mesmo faz terapia com os usuários, mas está ali para
“intervir nos processos de sofrimento instalados na comunidade e conectar as necessidades
dos sujeitos, com ações de desnaturalização da violação de direitos” (BOTARELLI, 2008. p.
16) usando de diferentes métodos e ferramentas para proporcionar a esses usuários o
fortalecimento de vínculos com as políticas públicas sociais, visando uma emancipação das
famílias.
Segundo o CREPOP - Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (2007) é
dever ético-político do psicólogo fazer a promoção de vida e de bem-estar psicossocial, pois
eles têm uma bagagem a mais de aprendizagens e convicções forjadas na luta pela afirmação
da Reforma Psiquiátrica, pela desinstitucionalização, em todas as suas formas. Deste modo, o
psicólogo deve olhar o sujeito de uma forma humanizada, considerando seu histórico familiar
e político além de suas especificidades culturais e ideológicas (CREPOP, 2007).
Em atuação do psicólogo na assistencial social o Código de Ética Profissional do
Psicólogo - CEPP apresenta algumas responsabilidades ao profissional, como:
DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos:


(...)
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao
trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional;
(...)
h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de serviços
psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;
Caso o Profissional também se perceba não habilitado para a execução de uma atividade, o Código de
Ética Profissional do Psicólogo, no Art. 2º, alínea g, determina que:

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:


(...)
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica;
(...)
Art. 6º - O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:
a) Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados demandas que extrapolam seu
campo de atuação;
b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o
caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar
o sigilo.
(...)
Art. 21º - As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração disciplinar com a aplicação
das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais:
a) Advertência;
b) Multa;
c) Censura pública;
d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal de
Psicologia;
e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. (CEPP, 2005)

Segundo Marx (1988), o meio de trabalho é uma coisa ou um conjunto de coisas que o
homem interpõe entre ele e o objeto do seu trabalho, como condutor da sua ação. No caso, o
psicólogo que atua no meio assistencial usará diversos meios e objetos para atender e sanar a
demanda de seu território, sendo uma ponte que liga o usuário aos seus direitos. Em suas
atribuições dentro da unidade estão:
1. Acolhimento;
2. Realizar escuta qualificada com intuito de compreender a dinâmica da família e
principais necessidades;
3. Encaminhamentos para SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos)
a crianças, adolescentes e idosos, que tem como objetivo:

[...] fortalecer as relações familiares e comunitárias, além de promover a


integração e a troca de experiências entre os participantes, valorizando o
sentido de vida coletiva. O SCFV possui um caráter preventivo, pautado na
defesa e afirmação de direitos e no desenvolvimento de capacidades dos
usuários. (MSD, 2015, p. 25)

4. Acompanhamento das famílias inseridas no PAIF (Serviço de Proteção e Atendimento


Integral à Família), que tem como objetivo:

O fortalecimento da função protetiva da família; a prevenção da ruptura dos


vínculos familiares comunitários; a promoção de ganhos sociais e materiais
às famílias; a promoção do acesso a benefícios, programas de transferência
de renda e serviços socioassistenciais; o apoio a famílias que possuem,
dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da
promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares.
(MSD, 2015, p. 32)

5. Liberação de vale-transporte;
6. Realiza procedimentos de recurso do Programa Bolsa Família;
7. Participa ativamente de reuniões de rede para discussão de casos;
8. Realiza grupos dentro da unidade com os usuários para orientação ou realização de
projetos. Os grupos podem ter públicos variados de acordo com a demanda da
unidade, geralmente são realizados com gestantes, idosos, pessoas em situações de
risco e famílias do PAIF, podendo ser feito com outros públicos de acordo com a
demanda. Seu principal objetivo é orientar e abordar questões referentes à autonomia
pessoal, programas de políticas públicas ou palestras de temas variados de acordo com
o público-alvo;
9. Realiza visita domiciliar para acompanhamento das famílias;
10. Encaminhamento para unidades terapêuticas;
11. Desenvolver atividades socioeducativas;
12. Encaminhamentos para cursos oferecidos pelo município/estado.
5.3.1 – Instituições Sociais de atendimento a crianças e adolescentes

A Instituição Social é uma estrutura social permanente e marcada por padrões de


comportamentos delimitado por normas e valores específicos, sendo marcada por finalidades
próprias, além de uma estrutura unificada (LAKATOS, 2003). Temos como exemplo de
Instituição Social a família, o Estado, Escola e ONGs e até mesmo algumas denominações
religiosas, sendo que, todas as Instituições Sociais possuem uma meta, objetivo ou propósito
em sua estrutura, que é o elemento organizador e possibilitador da convivência social.
Vasconcelos (2008) em seu texto procura nos explicar as características do processo
de trabalho no campo psicossocial através de uma síntese que diz:

O processo de trabalho na Atenção Psicossocial tem entre suas


características o fato de que é hegemonicamente do tipo trabalho intensivo, é
majoritariamente sustentado em tecnologias leves e em relações pessoais
diretas entre trabalhadores entre si, com a população em geral e
particularmente com os usuários de serviços, e mobiliza forte implicação
pessoal dos trabalhadores. Essas características têm profundas consequências
para os trabalhadores da área e para a gestão do trabalho e dos recursos
humanos no campo (p.159).

Sendo assim, conseguimos entender que uma Instituição Social se trabalha junto com
o campo psicossocial, dirigindo-se ao atendimento de necessidades sociais e pessoais de
coletivos e de indivíduos, sobretudo quando realizado no âmbito público, sendo ela com
pessoas idosas, moradores de rua ou crianças abandonadas. Essas Instituições podem ser de
caráter particular, religioso ou em unidade com a prefeitura da cidade em que ela atua.
Dentre essas instituições existem aquelas que realizam o atendimento a crianças e
adolescentes oferecendo atividades no período do contra turno escolar. Em Maringá, por
exemplo, temos o Lar Escola, e as Creches Menino Jesus e Vó Dita. Esse modelo de
instituição oferece atividades de aprendizagem profissional, reforço nos estudos e até mesmo
encaminhamento para estágios em grandes empresas de Maringá, para as crianças e
adolescentes que são atendidas por elas. Desta forma, crianças as quais os pais trabalham um
dia inteiro e não tem onde deixá-las, ou até mesmo crianças de família em situação de
vulnerabilidade social ou baixa renda, tem a oportunidade de aprender novas atividades,
estarem em um local seguro e assim visarem um futuro melhor.
O psicólogo social atuante em instituições que seguem o modelo citado nessa pesquisa
– o Lar Escola da Criança de Maringá – deve evitar o uso do reducionismo para a realização
do seu trabalho e intervenção, a “realidade psíquica” se produz no contexto sócio histórico,
político, ideológico e cultural mais amplo da produção coletiva da vida social.
Segundo Vasconcelos (2008), os processos grupais e institucionais, as relações e a
cultura de gênero, as formas de interação com o meio ambiente, bem como os processos
coletivos e culturais mais amplos da sociedade mesmo políticos, são “inteiramente
atravessados por processos subjetivos e psicológicos, e o desvelamento desses processos é
fundamental para qualquer perspectiva emancipatória” (VASCONCELOS, 2008, p.144).
O psicólogo social tem como finalidade promover melhoras ao sujeito em relação a
seus direitos e deveres, valorizando seus aspectos saudáveis, junto a família e comunidade. O
método adotado pelo psicólogo visa a orientação social do indivíduo tanto em comunidade,
convívio social e familiar. Baseia-se no acolhimento do indivíduo e na escuta, tendo por
objetivo a melhor compreensão, conceitualização e a intervenção nos processos de melhoria
do estado psicológico geral dos indivíduos.
A atuação do psicólogo em instituições sociais como o Lar Escola, tem como
característica “manter o foco na fala do grupo, apoiar os participantes que se sentem
desconfortáveis, mediar conflitos e promover sentimentos positivos” (BECHELLI; SANTOS,
2005, p.96) que venham a auxiliar em seus processos interpessoais através de seus
comportamentos e reações, facilitando a tomada de decisão e certo controle sobre os medos e
ansiedades que porventura possam surgir na dinâmica grupal.
A atividade do psicólogo nessa área requer comprometimento e está relacionado com
os métodos. Assume-se o papel de acolhimento das crianças e do adolescente, junto a família,
realizando-se entrevistas com ambos para observar e entender o caso em que está inserido tal
indivíduo. A partir disso é montado um cronograma, convidando a criança a participar de
atividades sociais dentro da instituição relacionada, como na biblioteca, ou em sala de
informática para que jovens e adolescentes da comunidade realizassem pesquisas, atividades
educativas e acadêmicas, visando a interação social entre eles e a melhora da sua pisco
higiene. Dentro dessas atividades também são proporcionadas atividades lúdicas,
brincadeiras, recursos audiovisuais e rodas de conversa, em busca de proporcionar interação
do grupo.
6 – ENTREVISTA E DESCRIÇÃO DO TRABALHO DO PSICÓLOGO SOCIAL NO
LAR ESCOLA DA CRIANÇA DE MARINGÁ

Psicóloga e Educadora Social: R.R.


Entrevista realizada no dia 04/11/19

A psicóloga entrevistada atua O Serviço de Convivência e Fortalecimento dos


Vínculos (SCFV)1, que vem a ser um programa do Governo, onde cada município define as
entidades que desenvolveram as atividades referentes a esse programa. O público-alvo desse
serviço é a população de risco que, no caso do Lar Escola da Criança de Maringá, o foco são
crianças em situação de vulnerabilidade social, de baixa renda e moradoras dos bairros
próximos a instituição, como o Jardim Novo Horizonte, a Vila Emília e o Cidade Alta.
O principal objetivo das atividades do Lar Escola é a retirada dessas crianças de
possíveis situações de risco no seu dia a dia. Como não é possível eliminar esses riscos, o
serviço visa apresentar opções onde a criança possa se prevenir e aprenda a realizar boas
escolhas dentro da realidade a qual ela convive diariamente.
Como o Lar Escola visa ser o local onde a criança é acolhida enquanto seus pais e
familiares trabalham, as atividades acontecem no contraturno escolar. Sendo assim, a criança
deve estar matriculada e frequentando regularmente uma escola. Caso a criança deixei de
frequentar a escola e queira continuar indo ao Lar porque “é legal e ganha presente”, não é
permitido. A psicóloga relata que isso costuma ser um problema constante na instituição
porque muitas crianças dizem não gostar de estudar e outras realmente possuem dificuldades
na aprendizagem, porém, querem continuar frequentando o Lar Escola. O controle dessa
frequência escolar é feito com regularidade a partir do contato direto com a escola de cada
criança.
A rotina de atividades acontece após a refeição de cada período, manhã e tarde. Os
grupos são chamados de coletivos e são orientados por três psicólogas, cada uma responsável
por um coletivo. Anteriormente, existia uma psicóloga responsável em responder aos
familiares sobre as atividades desenvolvidas com suas crianças nesses coletivos, porém, a
função foi cortada por falta de verba no setor.

1
O Serviço de Convivência e Fortalecimento dos Vínculos (SCFV) complementa o trabalho social com famílias
ofertado pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF), e, pelo Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI) da Proteção Social Básica do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS). <http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/mds-pra-voce/carta-de-servicos/gestor/
assistencia-social/basica-4>. Acesso em: 04 nov 19.
As atividades propostas pela psicóloga entrevistada são dinâmicas e brincadeiras
lúdicas em grupos, onde ela busca associa-las a questões de valores sociais, como os direitos
que eles possuem, como por exemplo, nos serviços públicos, nas escolas, no acesso ao lazer e
cultura, e quais são os seus deveres em contrapartida.
Para organizar suas atividades, a psicóloga segue os eixos obrigatórios do SCFV, que
são:
1. Infância, adolescência e cultura;
2. Infância, adolescência e saúde;
3. Infância, adolescência e direitos humanos e sócio culturais.

Para o desenvolvimento desses eixos, no início do ano é feito um acordo entre a


psicóloga e o coletivo para que o contraturno não se torne uma extensão da escola. Na
intenção de dar voz e protagonismo a essas crianças, as atividades são pensadas em conjunto
com o coletivo. Como resultado, ela chama a atenção para a participação ativa e efetiva deles,
colaborando no desenvolvimento pessoal e social dessas crianças desde cedo.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos argumentos apresentados fica claro a importância da Psicologia Social


como base em nossa pesquisa, tendo em vista que, apesar de cada indivíduo ser único e um
ser subjetivo a todo momento somos transformados e transformamos outros indivíduos em
nosso convívio social sendo necessário a compreensão de como essa relação de transformação
entre sociedade acontece.
Com a política de assistência social cada indivíduo na sociedade passa a ter seus
direitos garantidos e defendidos para uma vida justa em condições dignas para sobrevivências,
através de programas governamentais, estaduais e municipais, muitas famílias, crianças e
adolescentes são beneficiados, mas na prática ainda funciona com limitações e imperfeições
que precisão ser superadas dia após dia, um dos problemas é o corte de verbas destinadas a
esses atendimentos e além disso a falta de preparo por parte dos funcionários que atendem a o
público refém da vulnerabilidade e desigualdade social, limitando o atendimento por questão
de pré-conceitos, falta de empatia, e limitações nos processos de atendimento pré-
determinados pela diretoria dos programas. Trata-se de uma luta diária, não só por parte da
assistência social, mas também da psicologia em favor do bem-estar social de todos enquanto
seres humanos a viverem de forma justa e digna tendo seus diretos ativos e respeitados
independente da classe social pertencente.
Conclui-se que é de suma importância instituições como o Lar Escola de Maringá,
que defendem o bem estar social da criança e adolescente, proporcionado a eles um
oportunidade de vida digna diferente da realidade que muitos vivem, usando do tempo livre
desses indivíduos para proporcionar várias formas de educação e ensino tirando-os da “rua’’
onde estão a mercê da criminalidade e risco a própria vida.
REFERÊNCIAS

BECHELLI, Luiz Paulo de C.; SANTOS, Manuel Antonio dos. O terapeuta na psicoterapia
de grupo. Rev. Latino-Am. Enfermagem v. 13 nº 2. Ribeirão Preto mar./abr. 2005.

BOCK, Ana Mercês. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo:
Saraiva S. A, 2009.

BOTARELLI, Adalberto. O psicólogo nas políticas de proteção social: uma análise dos
sentidos e da práxis. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2008.

Conselho Federal de Psicologia. Referências técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no


CRAS/SUAS. Brasília. 2007.

Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP n° 010/2005. Código de Ética Profissional


do Psicólogo, XIII Plenário. Brasília, DF: CFP. 2005.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LANE, Silvia. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984.

MARX, Karl. O Capital. Vol. 2. 3ª edição, São Paulo, Nova Cultural, 1988.

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, Conselho Nacional de


Assistência Social por intermédio da Resolução nº 145, Diário Oficial da União – DOU,
2004.

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