Parecer Coren SP 2014 013
Parecer Coren SP 2014 013
Parecer Coren SP 2014 013
PRCI n° 106.428/2013
Tickets nº 310.250, 324.519, 326.105, 327.306 e 335.574
1. Do fato
2. Da fundamentação e análise
A dengue é uma doença febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave,
dependendo da forma como se apresente: infecção inaparente, dengue clássico (DC), febre
hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). Atualmente, é a
mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema de saúde
pública no mundo. Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as
condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti,
principal mosquito vetor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
A infecção pelo vírus da dengue causa uma doença de amplo espectro clínico,
incluindo desde formas oligossintomáticas até quadros graves, podendo evoluir para o óbito.
Na apresentação clássica, a primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de
início abrupto, associada a cefaléia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retroorbitária. O
exantema clássico, presente em 50% dos casos, é predominantemente do tipo máculo-papular,
atingindo face, tronco e membros de forma aditiva, não poupando plantas dos pés e mãos,
podendo apresentar-se sob outras formas com ou sem prurido, frequentemente no
desaparecimento da febre (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
O sangramento de mucosas e as manifestações hemorrágicas, como epistaxe,
gengivorragia, metrorragia, hematêmese, melena, hematúria e outros, bem como a queda
abrupta de plaquetas, podem ser observadas em todas as apresentações clínicas de dengue,
devendo, quando presentes, alertar o médico para o risco de o paciente evoluir para as formas
graves da doença, sendo considerados sinais de alarme (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
A Prova do Laço (PL) positiva é uma manifestação frequente nos casos de dengue,
principalmente nas formas graves, e apesar de não ser específica, serve como alerta, devendo
ser utilizada rotineiramente na pratica clínica como um dos elementos de triagem na dengue, e
na presença da mesma, alertar ao médico que o paciente necessita de um monitoramento
clínico e laboratorial mais estreito. A prova do laço positiva também reforça o diagnóstico de
dengue (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
A medida da pressão arterial é o primeiro passo para a realização da prova do laço e
apesar de sua medida ser simples e de fácil execução, nem sempre é realizada de forma
adequada.
Condutas que podem evitar erros são, por exemplo, o preparo apropriado do paciente,
uso de técnica padronizada e equipamento calibrado. Os procedimentos que devem ser
seguidos para a medida correta da pressão arterial são:
[...]
1. Obter a circunferência aproximadamente no meio do braço. Após a medida
selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço.
2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital.
3. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria
braquial.
4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu
reaparecimento corresponderá à PA sistólica.
5. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o
diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva.
6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da
pressão sistólica, obtido pela palpação.
7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo).
8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de
Korotkoff), que é em geral fraco seguido de batidas regulares, e, após,
aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de
Korotkoff).
10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar
seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.
11. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão
diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da
sistólica/diastólica/zero.
12. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida, embora esse
aspecto seja controverso.
13. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente.
14. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a
pressão arterial foi medida [...] (Sociedade Brasileira de Cardiologia,
Sociedade Brasileira de Hipertensão e Sociedade Brasileira de Nefrologia,
2010, p. 4-6).
De acordo com orientação do Ministério da Saúde, a prova do laço deve ser realizada
obrigatoriamente na triagem, em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresente
sangramento espontâneo e deverá ser repetida no acompanhamento clínico do paciente apenas
se previamente negativa, conforme descrição técnica:
[..]
• Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2;
por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg, então 100+60=160, 160/2=80; então, a média
de pressão arterial é de 80 mmHg.
• Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco minutos nos adultos
e três minutos em crianças.
• Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de
petéquias formadas dentro dele; a prova será positiva se houver 20 ou mais
petéquias em adultos e dez ou mais em crianças; atenção para o surgimento de
possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
• Se a prova do laço apresentar-se positiva antes do tempo preconizado para adultos
e crianças, a mesma pode ser interrompida.
• A prova do laço frequentemente pode ser negativa em pessoas obesas e durante o
choque [...] (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011, p. 18).
[...]
A PL deve ser utilizada na prática clínica como um dos elementos de triagem na
suspeita de dengue. A PL positiva é uma manifestação frequente nos casos de
dengue, principalmente nas formas graves (FHD), e apesar de não ser específica,
serve como alerta para o risco de evolução para as formas graves, necessitando o
paciente de um monitoramento clinico e laboratorial mais estreito [...]
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011, p. 53).
3. Da Conclusão
Diante do exposto, a prova do laço pode ser realizada por todos os Profissionais de
Enfermagem desde que capacitados, orientados e supervisionados pelo Enfermeiro,
entretanto, a interpretação do teste deve ser feita pelo Enfermeiro.
O preenchimento da Ficha de Notificação pode ser realizado por qualquer profissional
de saúde, dentre eles, Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem com dados obtidos
por meio de entrevistas e documentos disponíveis (prontuário, resultados de exames
laboratoriais, entre outros).
A coleta de exames laboratoriais faz parte das atribuições de Técnicos e Auxiliares de
Enfermagem, conforme estabelece a Lei do Exercício Profissional, assim sendo, todos os
profissionais de Enfermagem podem realizar a coleta de sangue para hemograma e PCR viral
ou sorologia, em Unidade Básica de Saúde (UBS), mediante prescrição do Médico ou do
Enfermeiro, conforme estabelecido em protocolo institucional.
É o parecer.
Referências
Relatora Revisor
Ms. Simone Oliveira Sierra Alessandro Lopes Andrighetto
Enfermeira Enfermeiro
COREN-SP 55.603 COREN-SP 73.104