2021 AlyriaArgôloDonegá
2021 AlyriaArgôloDonegá
2021 AlyriaArgôloDonegá
APROVADA POR:
___________________________________________________
Prof. João da Costa Pantoja, Dr. (FAU/UnB)
(Orientador)
___________________________________________________
Prof. Yara Regina Oliveira, Dr. (Conselho Internacional de Sítios e
Monumentos – ICOMOS/BR)
(Examinador Externo)
___________________________________________________
Prof. Leonardo da Silveira Pirillo Inojosa, Dr. (FT/UnB)
(Examinador Interno)
ii
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
DONEGÁ, ALYRIA ARGÔLO
Desempenho morfológico de estabelecimentos assistenciais de saúde via inspeção
predial.
[Distrito Federal] 2021.
159p., 210 x 297 mm (PPG-FAU/UnB, Mestre, Arquitetura e Urbanismo, 2021).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
1.Avaliação de desempenho 2. Inspeção predial
3.Estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) 4. Arquitetura Hospitalar
I. FAU/UnB II. Título (série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
_________________________________________
Alyria Argôlo Donegá
Setor Residencial A – Granja do Torto
70.636-001 Brasília – DF - Brasil
e-mail: [email protected]
iv
À minha família.
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador João da Costa Pantoja, por todo apoio, paciência, orientações e
contribuições que me ajudaram na elaboração desse trabalho.
vi
RESUMO
A presente pesquisa tem como finalidade propor a avaliação de desempenho de
edificações hospitalares em período pós-ocupação, por meio da metodologia de
desempenho morfológico adaptada para essa tipologia arquitetônica, e com a utilização
de critérios de avaliação validados no contexto brasileiro. A proposta de avaliação de
desempenho morfológico de edificações construídas visa estabelecer um meio de
identificação do estado de conservação vigente, para se fazer conhecer as necessidades
de intervenção favoráveis à manutenção da vida útil da edificação e para a identificação
de potenciais que aumentem a eficiência da edificação e que reduzam o impacto
ambiental produzido. A identificação do estado de conservação se insere no contexto do
atendimento à demanda da sociedade por estabelecimentos assistenciais de saúde de
qualidade, capazes de atender as atividades que lhe cabem, incluindo um desempenho
mínimo no caso de grandes demandas, como é o caso da pandemia da Covid-19. Fez-se,
neste estudo, o levantamento bibliográfico e de contexto das edificações hospitalares no
Brasil, seguido pelo levantamento dos métodos de avaliação de desempenho de maior
impacto no contexto brasileiro e das normas brasileiras aplicáveis nesse contexto. A
avaliação de desempenho morfológico aplicada inclui avaliação de projetos originais e
atualizados; registros fotográficos; avaliação via inspeção predial e banco de informações
disponíveis. A avaliação foi aplicada em dois estudos de caso — no Hospital Sarah
Brasília e no Hospital Regional da Asa Norte — para identificação de sua pertinência e
aplicabilidade. Por fim, são apresentados os resultados e as considerações quanto aos
resultados obtidos.
vii
ABSTRACT
This research proposes to evaluate the performance of hospital buildings in the post-
occupation period, through the methodology of morphological performance adapted to
this architectural typology, and with the use of validated evaluation criteria in the
Brazilian context. The proposal for evaluating the morphological performance of
constructed buildings aims to establish a means of identifying the current state of
conservation, to make known the intervention needs favorable to the maintenance of the
building's useful life, and to identify potentials that increase the efficiency of the building
and that reduces the environmental impact produced. The identification of the state of
conservation is inserted in the context of meeting the society's demand for quality health
care specifications, capable of meeting the activities that fit it, including a minimum
performance in the case of great demands, as is the case of the pandemic of the Covid-
19. In this study, a bibliographic and context survey of hospital buildings in Brazil was
carried out, followed by a survey of the methods of performance evaluation with the
greatest impact in the Brazilian context and of the Brazilian standards applicable in that
context. The evaluation of applied morphological performance includes evaluation of
original designs and standards; photographic records; building assessment and available
information bank. The evaluation was applied in two case studies - at Hospital Sarah
Brasília and at Hospital Regional da Asa Norte - to identify its relevance and applicability.
Finally, the results and considerations regarding the results obtained are responsible.
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14
1.1 CONTEXTO ................................................................................................. 15
1.2 MÉTODO ...................................................................................................... 26
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 28
1.3.1 Objetivos gerais .............................................................................................. 28
1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 28
2 CONTEXTO DA ARQUITETURA HOSPITALAR ................................ 29
2.1 Saúde: Conceito e Evolução Histórica no Brasil ....................................... 29
2.2 A legislação aplicada a Arquitetura Hospitalar ........................................ 35
2.2.1 Portaria MS n° 400 de 06 de dezembro de 1977, Ministério da Saúde. ......... 35
2.2.2 RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002, Anvisa.............................................. 37
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO BRASIL ..................................... 40
3.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO NO BRASIL ....................................... 40
3.2 NORMA DE DESEMPENHO NBR 15575 (2013) .................................... 50
4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO ........................... 69
4.1.1 Avaliação De Desempenho Morfológico Adaptado (MDM-A) ..................... 85
5 RESULTADOS ............................................................................................. 94
5.1 Estudo de caso: Hospital Sarah Centro, Brasília – Brasil. ....................... 94
5.1.1 Avaliação via inspeção predial ..................................................................... 117
5.2 Estudo de caso: Hospital Regional da Asa Norte, Brasília – Brasil. ...... 122
5.2.1 Avaliação via inspeção predial ..................................................................... 138
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .... 147
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 150
ANEXO A – DATASUS 2015 .................................................................................... 156
ANEXO B – DATASUS 2021 .................................................................................... 158
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desempenho Morfológico, dimensões sugeridas por Kohlsdorf e Kohlsdorf
(2017) ............................................................................................................................. 25
Figura 2 – Fluxograma de atividades de avaliação (ORNSTEIN, 1992, p. 63) ............ 41
Figura 3 – Agentes intervenientes no processo de produção e uso (ORNSTEIN, 1992) 43
Figura 4 – Os seis níveis de serviços de avaliação para o caso brasileiro (ORNSTEIN,
1992, p. 42) ..................................................................................................................... 45
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo da evolução das dimensões morfológicas na arquitetura. Fonte:
Tenório (2012 p. 30) adaptado pela autora. .................................................................... 71
Tabela 2 – As seis dimensões de avaliação do desempenho morfológico dos lugares.
Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 469) e Holanda (2010) adaptado pela autora. .. 72
Tabela 3 – Dimensão Topoceptiva. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 271) ......... 74
Tabela 4 – Dimensão expressivo-simbólica. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 212)
........................................................................................................................................ 76
Tabela 5 – Dimensão Copresencial. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 140) ........ 77
Tabela 6 – Dimensão Bioclimática. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 110)......... 78
Tabela 7 – Dimensão funcional. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 241) .............. 79
Tabela 8 – Dimensão econômico-financeira. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p.
163) ................................................................................................................................. 81
xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CF/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
COEDF – Código de Edificações do Distrito Federal
CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah
DF – Distrito Federal
GDF – Governo do Distrito Federal
HBDF – Hospital de Base do Distrito Federal
HRAN – Hospital Regional da Asa Norte
HUB – Hospital Universitário de Brasília
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDE – Memorial Descritivo
MS – Ministério da Saúde
NBR – Normas Brasileiras aprovadas pela ABNT
NGB – Normas de Edificação, Uso e Gabarito
NOVACAP – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
NT – Norma Técnica
OMS – Organização Mundial da Saúde
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
PDL – Plano Diretor Local
PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PPCUB – Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília
RA – Região Administrativa
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SEGETH – Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação
SEHDAB – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SES-DF – SESDF
SHLS – Setor Hospitalar Local Sul
SMHS – Setor Médico Hospitalar Sul
SUS – Sistema Único de Saúde
xii
SUS-DF – Sistema Único de Saúde do Distrito Federal
UPA – Unidades de Pronto Atendimento
UTI – Unidade de Tratamento Intensivo
UTQ – Unidade de Tratamento de Queimados
xiii
1 INTRODUÇÃO
14
a situação dos hospitais existentes e a possibilidade do aumento do desempenho dessas
edificações. Contudo, para se avaliar a situação dessa tipologia arquitetônica singular e de
grande complexidade, haveria de se pensar em uma metodologia voltada para esta avaliação e
nesse contexto em que o presente estudo pretende se inserir, sugerindo um método de avaliação
de desempenho de edificações existentes via inspeção predial a partir de metodologias validadas
e adaptadas ao contexto hospitalar.
A sugestão de uma metodologia via inspeção predial é adequada, como será visto neste
e nos capítulos seguintes, porque ela possibilita a realização de avaliação de uma edificação em
um tempo menor de investigação e o apontamento de situações críticas para intervenção de
acordo com o previsto na legislação brasileira quanto à manutenção e inspeção das edificações.
Além do exposto como problemática inicial, este capítulo irá tratar da introdução aos temas que
se relacionam aos hospitais e à questão da avaliação de desempenho de edificações existentes.
1.1 CONTEXTO
15
desempenhadas. Portanto, o hospital, atuando como receptor final na hierarquia de atendimento
em relação à estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, deverá ser dimensionado e
planejado (pré e pós-ocupação) em relação às particularidades do local em que se insere e
levando em consideração as atividades planejadas para ser desempenhadas.
Segundo Ornstein e Del Cario (2017), a Avaliação Pós-Ocupação no Brasil pode ser
relacionada à década de 1960, durante a qual o Prof. Dr. Ualfrido del Carlo dedicou-se à
temática correlacionada, em seu doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (FAU/USP) e em trabalhos posteriores, perpassando pela avaliação
do desempenho ambiental até a fase de Avaliação Pós-Ocupação, na qual nos encontramos.
Nesse contexto, Souza e Ripper (1998) afirmam que o ciclo de vida de uma edificação
compreende três etapas: o projeto, a execução e a manutenção, que devem ser coordenadas pelo
gestor do empreendimento. Conforme a NBR 13531/95, a coordenação de todos os projetos
complementares deve ser adequada ao projeto de arquitetura da edificação, cabendo ao
arquiteto o papel de intermediar a relação dos demais coordenadores/projetistas (ABNT,
1995a).
Quanto a edificação em si, segundo nos reafirma Ércio Thomaz, é comum a ideia geral
dos usuários de que as edificações são elementos sólidos e contínuos, de forma que não há a
adequada percepção de que, em uma edificação, são necessárias a correção e a manutenção do
18
desgaste natural dos sistemas construtivos ao longo de sua vida útil (apud CARVALHO
JÚNIOR, 2018). O desgaste das edificações, é valido lembrar, nem sempre ocorrem pela
presença de anomalias decorrentes de erros de execução ou projeto, mas também pelo desgaste
natural dos sistemas e componentes que o compõem. Nesse contexto, é válida a aplicação do
manual de manutenções citado pelas NBR 5674 (ABNT, 2012) e NBR 15575 (ABNT, 2013),
que evidenciam a necessidade de um plano de conservação para a edificação e a necessidade
de manutenção para cada elemento, que possui vida útil de forma independente. Válido
esclarecer que no presente estudo, os elementos que apresentam desvio quanto a sua
composição, função, funcionamento ou desempenho serão aqui classificados como anomalias.
Nesse contexto, é válido esclarecer que o estudo da patologia e/ou anomalias, segundo
Militisky, Schnaid e Consoli (2005), busca identificar as formas de manifestação, de
degradação, o mecanismo das falhas e, consequentemente, suas origens, podendo ser dividido
19
entre os problemas simples e os complexos, sendo esses os que necessitam de uma análise mais
pormenorizada e aqueles os que possuem um diagnóstico e uma profilaxia mais evidentes.
Assim sendo, as anomalias simples são passíveis de padronização e definição de roteiro para
manutenção correspondente, enquanto as complexas necessitam de análise realizada por um
profissional altamente especializado, não se aplicando os mecanismos de inspeção
convencionais.
Quadro 1 – Origem dos problemas patológicos nas edificações (CARVALHO JÚNIOR, 2018, p. 30)
Falhas de compatibilização entre os diversos
projetos da obra
Baixa qualidade dos materiais
especificados ou especificação
inadequada dos materiais
Especificação inadequada dos materiais
Falhas de Detalhamento insuficiente, omitido ou
projetos errado
Falhas específicas de projetos
Detalhe construtivo inexequível
Falta de clareza da informação
Falta de padronização nas
representações gráficas
Erro de dimensionamento
Falta de procedimento de trabalho (padronização)
Falta de treinamento de mão de obra
Falhas de Processo deficiente de aquisição de materiais e
gerenciamento e serviços
execução Processo de controle de qualidade insuficiente ou
inexistente
Falhas ou falta de planejamento de execução
Utilização errônea dos sistemas hidráulicos
prediais
Falhas de
utilização Vandalismo
Mudança de uso devido às novas necessidades
impostas à edificação
Desgastes naturais dos mecanismos de vedação dos componentes das instalações hidráulicas
Deterioração
prediais
natural do
sistema Desgastes devido ao uso
Deterioração dos materiais
Por vezes, no caso das patologias decorrentes de erros de dimensionamento não são
causadas por erro de cálculo ou de consideração de variáveis inadequadas, mas sim por falta de
detalhamentos — seja por desenhos, perspectivas ou detalhes; por falta de especificação e/ou
especificação incorreta; seja por não entrega de memorial de cálculo e lista de equipamentos.
Em relação ao erro de especificação de material, que faz parte do dimensionamento do sistema,
muitas vezes pode passar despercebido no momento da execução e ser identificado apenas
durante o uso. Evidenciando, portanto, a necessidade de avaliação das edificações pós-
ocupação e ao longo dos anos e da manutenção periódica, para mitigação de anomalias
decorrentes de falhas do ciclo da edificação do projeto até a execução e posteriormente do uso
da edificação, uma vez que algumas anomalias irão surgir apenas ao longo do tempo e outras
como desgaste natural dos componentes.
21
e infraestrutura das edificações influenciam diretamente o atendimento de pacientes, de modo
que há estudos nesse sentido nos Estados Unidos e na Europa.
Os autores Souza e Ripper (1998), por sua vez, apresentam uma classificação
simplificada em relação a Karman (1994), na qual diferenciam a manutenção estratégica e a
manutenção esporádica, sendo que esta geralmente se relaciona à manutenção emergencial e
aquela à prevenção, na qual se inserem dois tipos de inspeções: as condicionadas e as
periódicas. As inspeções condicionadas se relacionam a casos de danos de maior potencial de
risco, devendo ser analisadas por pessoal técnico especializado, com a verificação das
condições de progressão da patologia, se ativas ou estacionárias. Já a inspeção periódica é
indispensável para a manutenção preventiva, devendo ser aplicada especificamente à estrutura
a ser analisada, uma vez que possui como finalidade a identificação de danos e anomalias da
edificação, e podendo ser aplicada por uma equipe não especializada, mas treinada e
familiarizada com este procedimento.
A NBR 5674 de 2012 (ABNT, 2012) especifica que as inspeções periódicas devem
constar no programa de manutenção previsto nos manuais da edificação, não substituindo, por
sua vez, a inspeção predial. Nela também consta que o plano de manutenção deve determinar
as atividades básicas para a manutenção, os responsáveis, a periodicidade e todos os
documentos de referência necessários para a correta manutenção. No caso da NBR 16747 de
2020 (ABNT, 2020a), para fins metodológicos, conceitua-se que os agentes de degradação são
aqueles capazes reduzir o desempenho da edificação, que anomalias são aquelas que ocasionam
a perda do desempenho e que falha implica o término da capacidade da edificação.
22
Os autores Souza e Ripper (1998) esclarecem, ainda, que a inspeção periódica deve
avaliar as seguintes situações: inexistência de danos; pequenos danos; danos importantes; danos
emergenciais e alarme, sendo tais situações caracterizadas, respectivamente, por necessidade
de: nenhuma atitude; correção por pessoal não especializado; correção por empresas de pequeno
ou médio porte com responsável técnico; convocação de especialistas para providências; ou de
escoramento parcial ou total — passível de ruína.
Nesse caso, segundo a NBR 16747 de 2020 (ABNT, 2020b), a inspeção atua como
instrumento de investigação e mitigação de riscos técnicos e econômicos associados à perda de
desempenho, e busca auxiliar na gestão da edificação, desde que realizada com uma regular
periodicidade. A NBR 16474 cita ainda que a atividade de inspeção predial possui, portanto, a
finalidade de dar fundamentação para a “gestão de uso, operação e manutenção da edificação”,
pois objetiva constatar o estado de funcionamento, a conservação e o desempenho da edificação
durante a sua vida útil. A inspeção predial visa, portanto, identificar a manutenção das
condições mínimas de durabilidade, habitabilidade e segurança da edificação. A avaliação
consiste na verificação da capacidade de atendimento da edificação quanto a sua função e no
registro de anomalias, falhas e agentes patológicos. Ela pode demandar equipes com
conhecimentos multidisciplinares, pois tem o objetivo de realizar uma análise global da
edificação. A atividade caracteriza-se principalmente por possuir um caráter sensorial, pois o
processo se baseia principalmente na identificação de patologias ou sinais aparentes.
23
Dessa forma, conclui-se que as inspeções e consequente manutenções deverão verificar
principalmente os locais passíveis de potencial deterioração e desgaste, de forma a avaliar o
desempenho dos componentes que compõem a edificação e monitorar seu estado de
conservação para evitar que os problemas e anomalias da edificação venham a diminuir a
capacidade de desempenho da edificação.
25
desempenho validadas apontadas no capítulo 3 desta pesquisa. Quanto as informações a serem
levantadas, tipo de documentos a serem utilizados e período necessário para avaliação, tomou-
se como base as recomendações de Ornstein (1992) devido a relevância dos estudos da autora
no contexto brasileiro e incluiu-se nesse estudo as orientações dos grupos de pesquisa
correlacionados – como o aplicado na Fiocruz. Nesse momento optou-se pelo foco na avaliação
de desempenho sem incluir a opinião do usuário devido a tipologia da edificação e do tempo
disponível para pesquisa.
1.2 MÉTODO
Na terceira etapa (3), será aplicado o método adaptado com base nas dimensões
morfológicas do Hospital Sarah Brasília e do Hospital Regional da Asa Norte, com vistas à
verificação da conformidade do método proposto e de sua pertinência, assim como à
confirmação quanto à validade da avaliação continuada e de seu papel sobre a qualidade da
edificação.
Na quarta etapa (4), serão apresentados os resultados obtidos nas avaliações. Será
analisada, inicialmente, a conformidade das edificações em relação à legislação vigente, e serão
identificados os pontos fortes e fracos de hospitais passíveis de adaptação para o aumento da
eficiência e da qualidade das edificações. Será avaliada, por fim, a validade da adaptação do
método e sua pertinência quanto ao contexto das edificações hospitalares.
27
1.3 OBJETIVOS
28
2 CONTEXTO DA ARQUITETURA HOSPITALAR
Este capítulo tem como finalidade apresentar um breve histórico sobre a saúde, a criação
do SUS e a terminologia aplicada aos equipamentos de saúde, com a finalidade de
contextualizar e fornecer as informações necessárias para o entendimento da arquitetura
hospitalar no Brasil, incluindo a exposição das principais normas aplicáveis aos equipamentos
de saúde e os requisitos a serem cumpridos pelo equipamento hospitalar. Para isso, parte-se do
princípio de que, para uma correta avaliação de desempenho de edificação, deve-se entender o
princípio norteador de sua formação e os objetivos que se pretende atingir.
A história da saúde está diretamente interligada à história hospitalar, pois desde os povos
do Egito e da Babilônia existiam espaços reservados ao tratamento de doentes e feridos (GÓES,
2011). Esses espaços, segundo Góes (2011), estão ligados à palavra hospital, que surgiu dos
termos latinos hospitalis (aquele que hospeda) e hospitium (aquele que hospeda enfermos,
pobres e insanos). No advento do cristianismo, surgiu o termo nosocomiun — lugar para receber
doentes, no tempo em que os monges passaram a atender pobres, estrangeiros e peregrinos
(GÓES, 2011). Somente com os concílios de Clermont (1130) e de Latran (1139) os monges
foram proibidos de praticar a medicina, pois foi decidido que tal atividade deveria somente ser
praticada por leigos (GÓES, 2011).
Vale destacar que nesse momento tratavam-se de questões mais teóricas do que práticas,
já que ainda no início do século XX eram registradas epidemias graves, como a da varíola e da
febre amarela (BRASIL, 2011a). Perante esse quadro, iniciou-se a formulação de um modelo
sanitário para o combate a enfermidades e para a proteção à vida da população no Brasil, que
consistia em um plano contínuo, e não somente de controle de surtos epidemiológicos
(BRASIL, 2011a).
Ainda em concordância ao estabelecido pelo Art. 198 da CF/88, nesse momento surge
a previsão legal do direito à saúde, na qual “A saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício” (BRASIL, 1990)
30
por meio da lei 8.080, que regulamenta ainda o fornecimento, garantia e operacionalização da
saúde pública brasileira, e determina:
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições
públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das
fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ou seja, a partir desse momento, o SUS é o responsável pela gestão dos fatores
relacionados à saúde pública e coletiva no Brasil, por meio de órgãos e instituições integrantes
da administração direta mantida pelo Poder Público (BRASIL, 1990). O sistema deve, portanto,
prover a “promoção, proteção e recuperação da saúde”, visando diminuir o risco de doenças
por meio da prevenção e podendo contar com a participação da rede privada de forma
complementar, por meio de convênios, parcerias ou contratos (BRASIL, 2011a). O SUS possui,
ainda, como preceitos principais a hierarquização, a descentralização, a regionalidade, o
atendimento integral e a participação da comunidade (BRASIL, 1988, Art. 198).
Desse modo, o SUS consiste no atual sistema de saúde pública do país, planejado com
base na municipalização para atender a demanda da comunidade, de acordo com uma hierarquia
de atendimento pré-definida, visando o atendimento integral com vistas à promoção da saúde,
gerido por um sistema descentralizado. Nesses preceitos, portanto, é inserida a inclusão da
diretriz de que os pacientes devem receber o tratamento no nível primário, avançando a cada
nível hierárquico de acordo com os encaminhamentos e a complexidade médica. Tendo isso e
a anterior apresentação quanto aos princípios e diretrizes do SUS em vista, em relação às
classificações, faz-se necessária, ainda, a apresentação e a conceituação de alguns elementos e
equipamentos de saúde, para uma maior compreensão sobre a arquitetura hospitalar no Brasil.
32
Nesse contexto, quanto aos tipos de equipamentos de saúde, vale destacar as
características acerca das tipologias de hospitais que, representado no Quadro 3, podem ser
relacionados e dimensionados principalmente em relação à população a ser atendida, ao tipo de
serviço a ser prestado e, em alguns casos, em relação ao contingente populacional. Quanto ao
Hospital de Referência, vale destacar que, devido a sua capacidade e seu serviço prestado, é
preferível a proximidade e a possibilidade de interligação com as demais tipologias, uma vez
que ele se incluiria no nível terciário, conforme exposto no Quadro 2, e, como tal, atenderia
principalmente aos casos mais complexos e de encaminhamento, provindos dos demais. Vale
destacar, ainda, que, apesar dessa tipologia não possuir um contingente populacional definido,
conforme o Quadro 3 apresenta, pode inferir-se a sua necessidade em áreas com grande
aglomerado populacional, assim como em regiões de grande demanda por atendimentos
médicos.
33
Quadro 4 – Tipos de Leitos segundo o MS (2015).
Fonte: Terminologia Básica em Saúde (BRASIL, 1979).
Leito Hospitalar É a cama destinada à internação de um paciente no hospital. Não se deve considerar
leito hospitalar:
a) cama destinada a acompanhante;
b) camas transitoriamente utilizadas nos serviços complementares de diagnóstico e
tratamento;
c) camas de pré-parto e recuperação pré ou pós-operatória;
d) camas da Unidade de Tratamento Intensivo;
e) berços destinados a recém-nascidos sadios;
f) camas instaladas nos alojamentos de médicos e pessoal;
Leito indiferenciado Leito hospitalar destinado a acomodar pacientes de qualquer especialidade médica.
Leito de curta Leito hospitalar cuja utilização não ultrapasse a média de permanência de trinta dias.
permanência
Leito de longa Leito hospitalar cuja utilização ultrapassa a média de permanência de trinta dias.
permanência
Leito de observação Leito destinado a acomodar os pacientes que necessitem ficar sob supervisão médica
e/ou de enfermagem, para fins de diagnóstico ou de terapêutica, durante um período
inferior a 24 horas.
Leito-dia Unidade de medida que representa a disponibilidade de leito hospitalar, num dia
hospitalar.
Leito especializado Leito hospitalar destinado a acomodar pacientes em determinada especialidade
médica.
Em relação aos usuários da rede SUS, existem subclassificações de acordo com suas
particularidades e, portanto, é um conceito a ser considerado no planejamento arquitetônico,
uma vez que o planejamento voltado a cada público pode influenciar no dimensionamento dos
ambientes. Tal fato pode ser claramente verificado no dimensionamento de ambientes voltados
a pacientes de ambulatório e pacientes internados, conforme será apresentado no Capítulo 4.
Portanto, conforme conceitua o (BRASIL, 1983), os pacientes podem ser:
Quadro 5 – Tipos de pacientes segundo o MS (BRASIL, 1979).
Fonte: Terminologia Básica em Saúde (BRASIL, 1979).
Paciente antigo Paciente que, tendo sido registrado e assistido no estabelecimento de saúde, retorna para
receber atendimento.
Paciente de Paciente que, após ser registrado ou matriculado num estabelecimento de saúde, recebe
ambulatório assistência ambulatorial ou de emergência. O mesmo que paciente externo.
Paciente de Paciente que, após a primeira consulta ou após alta hospitalar, volta para dar
retorno continuidade ao tratamento.
Paciente-dia Unidade de mensuração da assistência prestada, em um dia hospitalar, a um paciente
internado. O dia de alta somente será computado quando ocorrer no dia da internação.
Paciente egresso Paciente que recebeu alta de um estabelecimento de saúde.
Paciente Paciente que, admitido no hospital, passa a ocupar um leito por período acima de 24
internado horas.
Paciente novo Paciente que, após ser registrado, é assistido pela primeira vez num estabelecimento de
saúde.
Nos subitens 2.2.1 e 2.2.2 são apresentadas respectivamente essas normativas, sendo
destacadas as características essenciais e qualitativas, os princípios e as diretrizes quanto ao
equipamento hospitalar. Vale destacar que as normativas apresentam caráter complementar,
pois os elementos definidos na portaria em 1977 são apenas complementados na RDC de 2002.
É interessante ter em vista que elas se referem ao MS e à Anvisa, respectivamente, como
relacionados por descentralização, expondo a evolução normativa e a conformidade com os
princípios iniciais estabelecidos pela CF/88.
35
Quanto à localização do equipamento, a portaria nº 400 (BRASIL, 1977b) determina
que o lote deverá possuir atendimento quanto à rede de água, esgoto, águas pluviais, luz,
telefone e gás – quando a rede o disponibilizar. Ocupação de no máximo 50% do lote e evitar
cortes e aterros no terreno, além de possuir um sistema de drenagem, evitar proximidade a
indústrias e estar localizado em uma região de fácil acesso e meios de transporte (BRASIL,
1977b).
1
A circulação horizontal consiste na movimentação de pessoas em um mesmo nível, enquanto a circulação
vertical ocorrerá por meio de rampas, escadas ou elevadores com a mudança de nível inicial (BRASIL, 1977)
36
Portanto, a portaria em questão relaciona-se principalmente a aspectos de infraestrutura
da edificação e do lote na qual se insere, observando ainda a questão de circulações e
revestimentos por se tratar de questões que podem influenciar diretamente na qualidade da
edificação e contribuir para o controle e prevenção das infecções hospitalares – tema esse
abordado com maior profundidade pela RDC nº 050/02 (BRASIL, 2002c).
Água fria, água quente, vapor, gás combustível, oxigênio, óxido nitroso, vácuo
clínico, vácuo de limpeza, ar comprimido medicinal, ar comprimido industrial, ar
condicionado (área de ventilação controlada), coleta e afastamento de efluentes
diferenciados, elétrica de emergência, elétrica diferenciada, exaustão, prevenção e
combate a incêndio (BRASIL, 2002).
Quanto à prevenção das infecções nos equipamentos hospitalares, devem ser observados
os “aspectos de barreiras, proteções, meios e recursos físicos, funcionais e operacionais,
37
relacionados a pessoas, ambientes, circulações, práticas, equipamentos, instalações, materiais”
e o controle das diferentes correntes de ar (BRASIL, 2002c). Quanto ao tipo de infecções, vale
ressaltar que existem dois tipos, a infecção comunitária e a infecção hospitalar.
As áreas críticas são aquelas com alto risco de infecção devido as atividades exercidas,
com pacientes ou não, como centros cirúrgicos e centrais de esterilização. As áreas semicríticas
38
possuem médio risco de infecção e estão relacionadas à presença de pacientes com “doenças
infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas”. As áreas não críticas,
portanto, são os ambientes que não envolvam contato com pacientes, atividades ou
procedimentos de risco.
39
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO BRASIL
Conforme visto na introdução, segundo Ornstein e Del Cario (2017), a Avaliação Pós-
Ocupação (APO) no Brasil pode ser relacionada à década de 1960, durante a qual o Prof. Dr.
Ualfrido del Carlo dedicou-se à temática correlacionada em seu doutorado na Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e em trabalhos posteriores,
perpassando pela avaliação do desempenho até a fase de Avaliação Pós-Ocupação, na qual nos
encontramos. Desde então, as pesquisas no campo da Avaliação Pós-Ocupação têm abordado
outras questões, como a avaliação do sistema construtivo (ONO et al., 2013), incluindo sistemas
construtivos inovadores (ONO et al., 2017; ORNSTEIN; ONO; OLIVEIRA, 2017); habitações
sociais (ORNSTEIN, 1990); o desempenho do edifício (ORNSTEIN, 1997; ORNSTEIN et al.,
2009; ORNSTEIN; LEITE; ANDRADE, 1999); a eficiência e a otimização dos recursos
(GUELLI, 2010; ROMÉRO, 2016). O objetivo da APO, segundo Ornstein (1992, p. 23), é
realizar uma:
avaliação de fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais do
ambiente em uso, e tendo em vista tanto a opinião dos técnicos, projetistas e clientes,
como também dos usuários, diagnosticar pontos positivos e negativos, definindo, para
este último caso, recomendações que:
- Em primeiro lugar, minimizem, ou até mesmo corrijam, problemas detectados no
próprio ambiente construído submetido a avaliação [...]
- Em segundo lugar, utilizar os resultados destas avaliações sistemáticas (estudos de
casos) para realimentar o ciclo do processo de produção e uso de ambientes
semelhantes, buscando otimizar o desenvolvimento de projetos futuros[...].
Cabe frisar que, segundo Ornstein (1992, p. 15), o ambiente construído pode “se referir
a micro e macroambientes” e, independentemente de sua escala, é passível de avaliação, na qual
40
o ciclo vital do ambiente construído pode ser dividido em duas etapas: a fase de produção (de
curta duração) e a fase de uso (de longa duração), em contraponto aos autores que tratam da
temática de patologia, pois aqui se considera que o planejamento se insere no contexto da
produção. Os itens de escala macro são aqueles presentes na visão global da edificação, não
devendo ser analisados separadamente, pois “interferem em todo o corpo do edifício”. O estudo
da patologia no campo da construção civil, que se insere nesse do uso, segundo Ércio Thomaz
(apud CARVALHO JÚNIOR, 2018), é o “campo da ciência que procura, de forma metodizada,
estudar os defeitos dos materiais, dos componentes, dos elementos ou da edificação como um
todo, diagnosticando suas causas e estabelecendo seus mecanismos de evolução, formas de
manifestação, medidas de prevenção e recuperação”.
cadastro atualizado de
projeto mobiliário e
equipamentos
construção levantamento e
tabulação de dados
junto aos usuários
Levantamento da
uso e manutenção memória do projeto e
construção levantamento técnico e Diagnóstico
funcional
levantamento das
normas, códigos e
especificações
existentes
Insumos /
recomendações para o
Determinação de ambiente construído
índices comparativos e
padrões de referencias
(quando não houver recomendações e
normativo) diretrizes para projetos
semeslhantes e normas
técnicas
Avaliações Pós-Ocupação são aplicadas na etapa de uso das edificações, mas avaliam
tanto questões de projeto quanto de construção, pois englobam fatores como a tipologia da
edificação, as atividades a serem desenvolvidas, os sistemas completares que deverão ser
implantados, o tempo disponível para a construção, o público-alvo, a tecnologia a ser
implantada, entre tantos outros. Todos esses fatores são conhecidos como condicionantes de
projeto e construção, então cabe aqui o questionamento: por que tantos problemas são
identificados apenas na etapa de uso e não nas duas anteriores? A solução para esse
41
questionamento pode levantar diversas teorias, mas, neste estudo, iremos focar em uma questão:
o planejamento.
Quanto à avaliação do ambiente construído, Ornstein (1992, p. 43) cita que ela deve ser
entendida como um “procedimento metodológico” que visa atender a necessidade do cliente,
seja por meio do aumento da produtividade ou pela reforma de um edifício, sem engessar o
processo. Ou seja, trata-se de uma forma de orientar aquilo que deve ser analisado e a maneira
como pode ser analisado e, dessa forma, apresentar diversos produtos, como relatórios técnicos,
vídeos ou até mesmo slides. Nesse contexto, segundo a autora (1992, p. 28), a qualidade do
42
ambiente construído pode se relacionar a “fatores biológicos, sonoros, lumínicos, atmosféricos,
térmicos e comportamentais”, dentre outros fatores. Além disso, afirma (1992, p. 62) que a
APO pode inclusive apontar problemas de caráter de “organização funcional ou gerencial”,
além de poder refletir a estrutura organizacional de uma edificação por meio de atividades.
Quanto às formas de avaliação, segundo Ornstein (1992, p. 19), existem dois tipos de
avaliação do ambiente construído: a avaliação técnica (ou avaliação de desempenho) e a
avaliação do ponto de vista do usuário, que se insere num campo comportamental da avaliação.
Juntas, essas configuram a Avaliação Pós-Ocupação e visam uma avaliação global do edifício.
A área de conhecimento da Avaliação Pós-Ocupação (APO) vem sendo abordada desde meados
da década de 1960, nos EUA, e da década de 1970 na América Latina. Outro conceito, segundo
Ornstein (1992, p. 23), refere que “a APO pode ser entendida como um método interativo que
detecta patologias e determina terapias no decorrer do processo de produção e uso de ambientes
construídos, através da participação intensa de todos os agentes envolvidos na tomada de
decisões”, agentes estes que podem ser entendidos como todos aqueles que fazem parte do
processo de planejamento de uma edificação, seja pré ou pós-ocupação, expostos conforme
figura 3.
Planejadores/
Promotores
Projetistas
Clientes públicos ou
privados
Usuários (funcionários,
visitantes, etc).
43
significativo quanto a “problemas construtivos, de conforto e funcionais”, segundo Ornstein
(1992, p. 99), a avaliação comportamental passa a ter o mesmo peso que a avaliação técnica.
No caso em que haja “risco de vida e a precariedade estrutural”, ou edificações complexas
regida por critérios mais técnicos, por sua vez, a avaliação comportamental perde a sua
necessidade de aplicação, tendo em vista a complexidade dos problemas – situação que se
aplicaria a edificações hospitalares. É valido considerar que a necessidade dos usuários,
segundo Ornstein (1992), “deve ser considerada dentro do contexto social, econômico, cultural,
tecnológico e das condições físico-climáticas em que se apresenta”. Já os condicionantes
socioeconômicos “influenciam o juízo de valores que o usuário brasileiro tem sobre um
determinado objeto que está sendo aferido” (ORNSTEIN, 1992, p. 28). Nesse quesito, se insere
a avaliação das edificações que podem ou não ser influenciadas pelo tipo de gestão das
edificações, como em hospitais públicos ou privados, devendo-se estabelecer qual será o foco
da avaliação e se o tipo de gestão deve ser levado em conta no momento da mensuração das
problemáticas identificadas.
Segundo Rossi e Freeman (1984, p. 372, apud ORNSTEIN, 1992, p. 26), os resultados
da avaliação podem ser positivos para uns e negativos para outros, pois “realizar uma avaliação
é prover descobertas/diagnósticos que podem ser utilizados para se realizar julgamentos”.
Nesse contexto, devemos frisar, contudo, que uma boa avaliação também deve estar
condicionada a critérios objetivos e quantificáveis, de modo que se minimize a subjetividade
da avaliação, para que os resultados representem a realidade da situação que se visa ilustrar.
Preiser (1989 apud ORNSTEIN, 1992, p. 41), indica a aplicação APO segundo o prazo,
especificando que:
APO – Indicativa ou de curto prazo: proporciona, através de rápidas visitas
exploratórias do ambiente em questão e entrevistas selecionadas com usuários-chaves,
indicação dos principais aspectos positivos e negativos do objeto de estudo”.
APO – Investigativa ou de médio prazo: trata-se do nível anterior acrescido da
explicitação de critérios referenciais de desempenho.
APO – Diagnóstico ou de longo prazo: define detalhadamente critérios de
desempenho, utiliza técnicas sofisticadas de medidas correlacionando aquelas físicas
com as respostas dos usuários, tendo-se em mente a estrutura organizacional da
entidade. Para tanto, exige recursos bem maiores do que os níveis anteriores.
Vale salientar que, conforme Ornstein (1992, p. 43), os níveis apresentados na Figura 4
representam uma referência, e quando relacionados aos níveis 3 e a edifícios complexos, como
é o caso dos hospitais, devem ser avaliados caso a caso. Quanto aos prazos, a autora acredita
que avaliações físicas, ou podemos dizer avaliações técnicas de desempenho, poderão ser
44
desenvolvidas em um prazo de 20 a 40 dias, enquanto as avaliações em APO demandariam de
60 a 90 dias para “edifícios convencionais”, conforme Figura 4.
Diagnóstico
Nível 1 Realizado pela equipe
Aspectos construtivos, funcionais e técnica em 20 dias
Avaliação física
de conforto ambiental
Diagnóstico e recomendações
Nível 2 Realizado pela equipe
Aspectos contrutivos, funcionais e de técnica em 30 dias
Avaliação física
conforto ambiental
Figura 4 – Os seis níveis de serviços de avaliação para o caso brasileiro (ORNSTEIN, 1992, p. 42)
45
Quadro 2 – Tabela resumo variáveis metodologia APO (ORNSTEIN, 1992)
VARIÁVEIS CONSTRUTIVA, FUNCIONAL E ECONÔMICA
solos e fundações
estruturas
estruturas especiais
juntas de dilatação
cobertura
impermeabilização
segurança contra incêndio
alvenarias
materiais e técnicas
divisórias leves
Fatores físicos:
revestimentos
forros
pinturas
CONSTRUTIVA
acabamentos
caixilharia
vidraçaria
drenagem de águas pluviais
instalações hidrossanitárias
instalações elétricas/proteção para-raios
telefonia
instalações eletromecânicas
paisagismo
iluminação natural
iluminação artificial
Conforto
acústica
térmica
ventilação natural
condicionamento de ar e ventilação artificial
conservação de energia
áreas e dimensões mínimas
armazenamento
áreas de lazer e descanso
flexibilidade: mudanças e ampliações
circulações horizontais e verticais
Fatores funcionais
circulações externas
FUNCIONAL
fluxos de trabalho
adequação ao deficiente físico
comunicação visual
planejamento/programa do projeto
adequação do mobiliário fixo, móveis e equipamentos
segurança contra acidentes pessoais
segurança contra roubo
facilidade de manuseio e manutenção
área útil x área de circulação
área em uso x área ociosa
custo x benefício
m² x área construída
custo da construção x comprimento da planta tipo
ECONÔMICA
46
Quadro 3 – Tabela resumo variáveis metodologia APO, adaptado pela autora (ORNSTEIN, 1992)
VARIÁVEIS ESTÉTICA, COMPORTAMENTAL E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
cores/pigmentação
texturas
volumetria, massas
ESTÉTICA
ritmo
complexidade de formas e padrões
idade aparente
linha telhado/cobertura
efeito lumínico
dimensões estéticas
adequação ao uso e escala humana
proximidade
COMPORTAMENTAL
privacidade
território
interação
imagem e codificação ambiental
identidade cultural
comunicação
ordem social
hierarquia dominante
densidade populacional
controle da dispersão ou atração de pessoas
ORGANIZACIONAL
ESTRUTURA
47
além de tratar itens que podem facilitar ou prejudicar o usuário no momento da utilização dos
espaços. Interessante frisar que aqui se inserem, na categoria funcional, a avaliação das
circulações, da facilidade de manutenção e área útil x ociosa.
Conclui-se que os estudos da APO pelos autores citados, correspondem em uma base
orientativa que visa a avaliação global das edificações e que quando comparadas a norma de
desempenho NBR 15575 – item 3.2, consiste em uma provável base para as normas brasileiras
relacionadas. No entanto, quando comparada a APO (1992) com as dimensões morfológicas a
serem apresentadas no Capítulo 4, considerou-se a divisão de categorias morfológicas mais
coerente ao objetivo que se busca na presente pesquisa com a necessidade de ampliação dos
itens avaliados para incluir alguns critérios recomendados por Ornstein (1992).
48
No Brasil, há de se destacar o método de avaliação de desempenho desenvolvido para
FIOCRUZ, que é resultado da aplicação e adaptação da APO em uma pesquisa de campo
aplicada a edificações assistenciais de saúde. O método empregado consistia em “identificar os
principais problemas e patologias dos edifícios em análise e suas origens (projeto, execução ou
uso), tendo em vista a elaboração de uma política de planejamento de obras e manutenções para
os edifícios”. A análise aqui realizada está baseada no método de avaliação desenvolvido para
FIOCRUZ, com base nas informações e nos dados expostos por Penna et al (2002) e Castro,
Lacerda e Penna (2004). A análise está dividida em três avaliações: técnica, qualitativa e da
opinião do usuário. Na avaliação técnica, busca-se verificar, principalmente, os aspectos de
usabilidade das instalações aplicados à edificação em estudo. Na pesquisa de avaliação
qualitativa, busca-se avaliar o desempenho do ambiente construído, por meio do procedimento
de walkthrough — análise preliminar ou análise visual, verificando a funcionalidade, os fluxos,
os leiautes e os aspectos ergonômicos, visando identificar a problemática e fornecer as
recomendações.
A avaliação da FIOCRUZ foi realizada por meio de visitas técnicas ao local para a
análise das patologias presentes, por meio da ferramenta walkthrough, e para a verificação de
conformidade dos elementos da edificação. Suas características foram analisadas por meio de
plantas, levantamentos fotográficos, levantamentos in loco, imagens, esquemas e quadros
comparativos, além das informações fornecidas pela equipe de manutenção do hospital e dos
relatos de funcionários e pacientes. O foco esteve na verificação dos pontos críticos e daqueles
que necessitam de manutenção e elaboração de um laudo técnico, contendo as recomendações
para controle e recuperação dos danos, considerando as normas vigentes.
Esse item tem como finalidade expor os preceitos que regem a Norma de Desempenho,
NBR 15575 de 2013 (ABNT, 2013), que tem como objeto as edificações habitacionais e busca
influenciar na determinação de um nível de qualidade mínimo para esta tipologia. Contudo, há
em suas diretrizes, variáveis que podem ser avaliadas em qualquer tipo de edificação, e será
com foco nessa generalidade que serão expostos os itens considerados relevantes para este
estudo. É válido esclarecer, ainda, que a norma tem como foco aferir a qualidade em uso dessas
edificações pelos usuários, e não pela prescrição dos sistemas construtivos em si, pois a
avaliação independe dos materiais e sistemas construtivos utilizados no processo construtivo.
Ou seja, conforme a norma de desempenho trata-se de um “conjunto de requisitos e critérios
estabelecidos para uma edificação habitacional e seus sistemas, com base em exigências do
usuário” (ABNT, 2013). As exigências dos usuários, por sua vez, representam um conjunto de
necessidades a serem satisfeitas pela edificação de modo a cumprir as suas funções.
51
entendidos como especificações qualitativos; já as especificações de desempenho representam
um conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para uma edificação e seus sistemas.
Assim como recomendado por Ornstein (1992), a NBR 15575 recomendada, no caso da
avaliação de desempenho, que ela seja realizada por profissionais de reconhecida capacidade
técnica, equipes multiprofissionais, empresas de tecnologia, laboratórios especializados ou
instituições de ensino — de acordo com os aspectos a serem avaliados —, e o relatório deverá
ser elaborado pelo responsável pela avaliação. Ademais, há ainda na norma citada, a intenção
de incentivar o desenvolvimento tecnológico do setor, além da avaliação técnica eficiente e
econômica dessas proposições tecnológicas. Quanto aos intervenientes, ou agentes
cooperativos, que integram a avaliação de desempenho, segundo a norma, se incluem o
fornecedor — seja do insumo, material, componente e/ou sistema; o projetista; o construtor e o
usuário.
52
específicas vigentes. Ou seja, tem-se como premissa que se os projetos forem elaborados e
executados conforme as normas específicas, os sistemas apresentarão o desempenho mínimo
esperado de vida útil de projeto para cada qual.
É válido lembrar que a vida útil e a durabilidade de uma edificação podem ser
influenciadas diretamente pelo atendimento às normas, pela qualidade dos materiais
empregados, pela equipe de execução, pelas técnicas e tecnologias aplicadas e por um programa
de necessidades bem definido. Em relação às tubulações, Carvalho Junior (2018) cita que a
durabilidade dos componentes se relaciona ainda a fatores como a obediência às normas de
instalação, ao manual técnico do fabricante, à composição do material, ao tipo de junta, ao
ambiente em que se insere e aos fluidos transportados.
53
Os resultados são obtidos por meio da avaliação do cumprimento dos requisitos básicos
das normas típicas de aplicação a cada sistema em específico — chamadas como prescritivas
pela NBR 15575 — somados aos requisitos estabelecidos pela norma de desempenho (atributos
qualitativos exigíveis) e aos critérios que visam atender às exigências dos usuários de modo a
complementar as normas prescritivas existentes. Dessa forma, a norma de desempenho não visa
entrar em conflito com as normativas existentes, mas sim complementar sua aplicação e orientar
os envolvidos nesse sentido, sendo recomendável, em caso de conflito, buscar a solução que
melhor atenda às normas aplicáveis. É válido esclarecer que a norma de desempenho visa
atender às exigências dos usuários e seus requisitos comuns, em suas interações e interferências
com todos os sistemas comuns da edificação, além disso, ela é subdividida em 6 partes, a saber:
Parte 1: Requisitos gerais (avaliação de desempenho de sistemas construtivos);
Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;
Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;
Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;
Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.
54
Quadro 5 – Exigências dos usuários (ABNT, 2013)
Exigências dos usuários
segurança estrutural;
segurança segurança contra o fogo;
segurança no uso e na operação.
estanqueidade;
desempenho térmico;
desempenho acústico;
habitabilidade desempenho lumínico;
saúde, higiene e qualidade do ar;
funcionalidade e acessibilidade;
conforto tátil e antropodinâmico.
durabilidade;
sustentabilidade manutenibilidade;
impacto ambiental.
56
Partes móveis
(inclusive Perfis de
Borrachas,
recolhedores alumínio,
escovas,
de palhetas, fixadores e
Esquadrias de alumínio e de PVC articulações,
motores e revestimentos
fechos e
conjuntos em painel de
roldanas
elétricos de alumínio
acionamento)
b) proteção das fachadas:
quebra-sóis, cobogós e Vidros Fixação
elementos vazados;
c) divisórias: paredes, portas,
Integridade de
guichês, muros, gradis, Dobradiças e
Porta corta-fogo portas e
portões, corrimãos, guarda- molas
batentes
corpos e ferragens.
Empolamento,
descascamento,
esfarelamento,
Pintura/verniz (interna/externa) alteração de
cor ou
deterioração de
acabamento
Má aderência
a) paredes e tetos;
Revestimentos de paredes, pisos e Estanqueidade do
b) pisos, pavimentos,
tetos internos e externos em de fachadas e revestimento e
rodapés, soleiras, degraus, Fissuras
argamassa/gesso liso/ pisos dos
Revestimentos e impermeabilizações e Revestimentos e
6. 6. componentes de gesso acartonado molháveis componentes
acabamentos proteções; acabamentos
do sistema
c) metais;
Revestimentos
d) madeiras; Estanqueidade
Revestimentos de paredes, pisos e soltos,
e) outros. de fachadas e
tetos em gretados,
pisos
azulejo/cerâmica/pastilhas desgaste
molháveis
excessivo
Revestimentos
Estanqueidade
Revestimentos de paredes, pisos e soltos,
de fachadas e
teto em pedras naturais gretados,
pisos
(mármore, granito e outros) desgaste
molháveis
excessivo
57
Revestimentos especiais
(fórmica, plásticos, têxteis, pisos
Aderência
elevados, materiais compostos de
alumínio)
Empenamento,
Pisos de madeira – tacos, trincas na
assoalhos e decks madeira e
destacamento
Destacamentos,
Estanqueidade
Piso cimentado, piso acabado em fissuras,
de pisos
concreto, contrapiso desgaste
molháveis
excessivo
Selantes, componentes de juntas e
Aderência
rejuntamentos
Funcionamento
Fechaduras e ferragens em geral
Acabamento
Impermeabilização Estanqueidade
Equipamentos Mensagens e pictogramas Equipamentos
7. para comunicação direcionais de localização e 7. para comunicação
visual de advertência e suportes. visual
Quadro 7 – Quadro-resumo com adaptação dos componentes da NBR 13532 segundo os prazos de garantia estabelecidos pela NBR 15575 (ABNT, 1995c, 2013)
Componentes NBR 13532 adaptado Prazos de garantia recomendados
Elemento
segundo a NBR 15575 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
Segurança e estabilidade
Fundações
Baldrames, blocos, cortinas, arrimos, estacas global;
1. (aspectos
e sapatas. Estanqueidade de
arquitetônicos)
fundações e contenções
Estruturas Colunas, pilares, vigas, paredes, lajes e
2. (aspectos muros de arrimo Segurança e integridade
arquitetônicos) Escadas
Telhas, canaletas, calhas, rufos, contra rufos,
3. Coberturas Segurança e integridade
terraços e lajes impermeabilizadas.
Fissuras por acomodação
dos elementos estruturais
4. Forros Suportes, placas, painéis e grelhas. e de vedação;
Empenamento, trincas na
madeira e destacamento
59
Empenamento
Descolamento Fixação
Fixação Perfis de alumínio,
Oxidação fixadores e
Borrachas, escovas,
a) fachadas: paredes, platibandas, portas, Partes móveis (inclusive revestimentos em painel
5. Vedos verticais articulações, fechos e
esquadrias, vidraças e ferragens; recolhedores de palhetas, de alumínio
roldanas
motores e conjuntos Integridade de portas e
elétricos de batentes
acionamento)
Dobradiças e molas
Empolamento,
descascamento,
a) paredes e tetos;
Empenamento, trincas na esfarelamento, alteração
b) pisos, pavimentos, rodapés, soleiras, Má aderência do
madeira e destacamento de cor ou deterioração de Estanqueidade de
Revestimentos e degraus, impermeabilizações e proteções; revestimento e dos
6. Aderência acabamento fachadas e pisos
acabamentos c) metais; componentes do sistema
Funcionamento Revestimentos soltos, molháveis
d) madeiras; Estanqueidade
Acabamento gretados, desgaste
e) outros.
excessivo
Fissuras
Equipamentos
Mensagens e pictogramas direcionais de
7. para comunicação
localização e de advertência e suportes.
visual
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas e gás
coletores/ramais/louças/caixas de
Equipamentos Instalação
descarga/bancadas/metais
Equipamentos sanitários/sifões/ligações flexíveis/
8. válvulas/registros/ralos/tanques
Instalações hidráulicas e gás - colunas de
água fria, colunas de água quente, tubos de Integridade e vedação
queda de esgoto, colunas de gás
Demais equipamentos e sistemas Instalação Equipamentos
60
Com base no quadro 6 com comparativo entre as determinações de componentes das
NBR’s 13532 e NBR 15575 o quadro 7 foi elaborado como quadro resumo, compatibilizando
as orientações de ambas as normas e agrupando os componentes de mesma categoria de
execução para melhor visualização dos componentes citados e agrupamento para a
especificação do prazo de garantia estipulado. Fazendo uma correlação a tabela de prazo de
garantia citado, podemos relacionar o prazo estipulado a um plano de manutenção, uma vez que
os componentes citados estão agrupados de modo que o prazo citado se refere a partir de qual
momento é aceitável o aparecimento das anomalias citadas nos componentes, ou seja, se a
garantia para telhados e sua estrutura deve ser de 5 anos pode deduzir-se que a partir desse
momento é esperado da estrutura o aparecimento de algumas anomalias que necessitarão de
manutenção. Válido ressaltar ainda que no elemento equipamentos estão citados os
componentes dos sistemas de instalações das edificações e que não há nas normas uma
especificação quanto a impermeabilização das coberturas, item de grande relevância como será
visto no capítulo 5 de aplicação aos hospitais.
Válido destacar que o prazo de garantia estabelecido pela NBR 15575 se refere ao
período que o fornecedor deverá ser responsável pela troca e/ou manutenção do elemento no
caso de manifestação de patologias e não se refere a vida útil desses materiais, servindo apenas
como critério de orientação de qualidade mínima esperada pelo material. Na presente pesquisa,
busca-se estabelecer, portanto, uma correlação da garantia com o tempo de manutenção desses
elementos que deverá ser recorrente ao longo da sua vida útil.
Em relação à segurança estrutural, a NBR 15575 frisa que devem ser atendidos os
preceitos das normas brasileiras aplicáveis e, na ausência de normas nacionais, os das normas
61
internacionais. É válido lembrar que, conforme Carvalho Júnior (2019), o sistema estrutural das
edificações, no geral, deve prever as cargas de equipamentos especiais além do próprio peso
que compõe a edificação, como reservatórios superiores, que em edificações de grande porte
armazenam em torno de 40% da reserva total, enquanto os outros 60% ficam em reservatórios
inferiores. No caso de hospitais, segundo o autor, para ambulatórios é previsto um consumo de
25 litros/dia por pessoa, ou seja, cada tipologia de edificação irá necessitar de requisitos
específicos no quesito estrutural para se estimar a carga de uma edificação e, portanto,
apresenta-se com um item de maior complexidade. As alterações dessas cargas podem ser a
causa de possíveis aparecimentos de patologias, o que evidência, mais uma vez, a necessidade
de vistorias periódicas. No caso da segurança contra o fogo, por sua vez, a NBR 15575
preconiza que:
Proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio;
Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio;
Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
Ou seja, os requisitos que se referem à segurança contra o fogo visam proteger a vida e
o patrimônio, por meio de ações voltadas à minimização de danos e à possibilidade de uma
extinção de incêndio. No quesito da resistência ao fogo dos elementos estruturais, é interessante
frisar que a norma traz como objetivos principais:
Possibilitar a saída dos ocupantes da edificação em condições de segurança;
Garantir condições razoáveis para o emprego de socorro público, onde se permita o
acesso operacional
de viaturas, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo hábil para exercer as
atividades de
salvamento (pessoas retidas) e combate a incêndio (extinção);
Evitar ou minimizar danos à própria edificação, às outras adjacentes, à infraestrutura
pública e ao meio
ambiente.
62
e) ferimentos provocados por ruptura de subsistemas ou componentes, resultando em
partes cortantes ou perfurantes;
f) ferimentos ou contusões em função da operação das partes móveis de componentes,
como janelas, portas, alçapões e outros;
g) ferimentos ou contusões em função da dessolidarização ou da projeção de materiais
ou componentes a partir das coberturas e das fachadas, tanques de lavar, pias e
lavatórios, com ou sem pedestal, e de componentes
ou equipamentos normalmente fixáveis em paredes;
h) ferimentos ou contusões em função de explosão resultante de vazamento ou de
confinamento de gás combustível.
Quadro 8 – Exigência do usuário: Segurança, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: Segurança
Requisito Critério Avaliação
Análise do projeto
estrutural, verificando
No estado limite último, o desempenho estrutural
Estabilidade e sua conformidade com as
de qualquer edificação deve ser verificado pelas
resistência Normas Brasileiras
Normas
estrutural específicas e com as
Segurança Brasileiras de projeto estrutural específicas.
premissas de projeto
Estrutural indicadas
Deformações,
fissurações Análise do projeto
Projetado de acordo com as normas específicas
ocorrência de estrutural
outras falhas
Proteção contra descargas atmosféricas
Dificultar o Proteção contra risco de ignição nas instalações Análise do projeto ou
princípio do elétricas por inspeção em
incêndio Proteção contra risco de vazamentos nas protótipo.
instalações de gás
Facilitar a fuga em Análise do projeto ou
situação de Rotas de fuga por inspeção em
incêndio protótipo.
Inspeção em protótipo
Dificultar a
ou ensaios conforme
Segurança inflamação Propagação superficial de chamas
Normas Brasileiras
contra generalizada
específicas.
incêndio
Dificultar a Isolamento de risco à distância
Análise do projeto ou
propagação do Isolamento de risco por proteção
inspeção em protótipo
incêndio Assegurar estanqueidade e isolamento
Análise do projeto
Segurança
Minimizar o risco de colapso estrutural estrutural em situação de
estrutural
incêndio.
Sistema de
Análise do projeto ou
extinção e Equipamentos de extinção, sinalização e
por inspeção em
sinalização de iluminação de emergência
protótipo
incêndio
63
Os sistemas não devem apresentar:
a) rupturas, instabilizações, tombamentos ou
quedas que possam colocar em risco a integridade
física dos
Segurança na
ocupantes ou de transeuntes nas imediações do Análise do projeto ou
Segurança utilização do imóvel; inspeção em protótipo.
no uso e na imóvel b) partes expostas cortantes ou perfurantes;
operação c) deformações e defeitos acima dos limites
especificados nas ABNT NBR 15575-2 a ABNT
NBR 15575-6.
Segurança das A edificação habitacional deve atender às Análise do projeto ou
instalações exigências das Normas pertinentes, inspeção em protótipo.
É valido frisar, ainda, que, para a avaliação do desempenho térmico nas habitações ou
em qualquer outra tipologia arquitetônica — como os hospitais aqui abordados —, deve-se
observar a zona bioclimática em que se insere a edificação. A norma estabelece dois
procedimentos, um normativo e outro informativo, a saber:
a) Procedimento 1 – Simplificado (normativo): atendimento aos requisitos e critérios
para os sistemas de vedação e coberturas, conforme ABNT NBR 15575-4 e ABNT
NBR 15575-5. Para os casos em que a avaliação de transmitância térmica e capacidade
térmica, conforme os critérios e métodos estabelecidos nas ABNT NBR 15575-4 e
ABNT NBR 15575-5, resultem em desempenho térmico insatisfatório, o projetista
64
deve avaliar o desempenho térmico da edificação como um todo pelo método da
simulação computacional conforme o item 11.2.
a) Procedimento 2 – Medição (informativo, Anexo A): verificação do atendimento
aos requisitos e critérios estabelecidos nesta ABNT NBR 15575-1, por meio da
realização de medições em edificações ou protótipos construídos. Este método é de
caráter meramente informativo e não se sobrepõe aos procedimentos descritos no item
anterior (a), conforme disposto na diretiva 2:2011 da ABNT.
Quadro 9 – Exigência do usuário: Habitabilidade, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: habitabilidade
Requisito Critério
Estanqueidade Estanqueidade a Estanqueidade à água de chuva e à umidade do solo e do lençol freático
fontes de umidade
externas à
edificação
Estanqueidade a Estanqueidade à água utilizada na operação e manutenção do imóvel
fontes de umidade
internas à
edificação
desempenho Exigências de Valores máximos de temperatura
térmico desempenho no
verão
Exigências de Valores mínimos de temperatura
desempenho no
inverno
Desempenho Isolação acústica de Desempenho acústico das vedações externas
acústico vedações externas
saúde, higiene, Proliferação de O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
qualidade do ar micro-organismos vigente.
Poluentes na O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
atmosfera interna à vigente.
habitação
Poluentes no O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
ambiente de vigente.
garagem
Funcionalidade e Altura mínima de A altura mínima de pé-direito não pode ser inferior a 2,50 m.
acessibilidade pé direito Em vestíbulos, halls, corredores, instalações sanitárias e despensas
admite-se que o pé-direito se reduza ao
mínimo de 2,30m.
Nos tetos com vigas, inclinados, abobadados ou, em geral, contendo
superfícies salientes altura piso a piso e ou o
pé-direito mínimo, devem ser mantidos, pelo menos, em 80 % da
superfície do teto, admitindo-se na superfície
restante que o pé-direito livre possa descer até ao mínimo de 2,30m.
65
Disponibilidade Para os projetos de arquitetura de unidades habitacionais, sugere-se
mínima de espaços prever no mínimo a disponibilidade de
para uso e operação espaço nos cômodos do edifício habitacional para colocação e utilização
da habitação dos móveis e equipamentos-padrão
listados no Anexo X de caráter informativo.
Adequação para As áreas privativas devem receber as adaptações necessárias para
pessoas com pessoas com deficiência física ou com
deficiências físicas mobilidade reduzida nos percentuais previstos na legislação, e as áreas
ou pessoas com de uso comum sempre devem obedecer
mobilidade ao que estabelece a ABNT NBR 9050.
reduzida
Possibilidade de Ampliação de unidades habitacionais evolutivas
ampliação da
unidade
habitacional
Conforto tátil e Conforto tátil e Os elementos e componentes da habitação (trincos, puxadores,
antropodinâmico adaptação cremonas, guilhotinas etc.) devem ser projetados,
ergonômica construídos e montados de forma a não provocar ferimentos nos
usuários.
Adequação Os componentes, equipamentos e dispositivos de manobra devem ser
antropodinâmica de projetados, construídos e montados
dispositivos de de forma a evitar que a força necessária para o acionamento não exceda
manobra 10 N nem o torque ultrapasse 20 Nm.
66
Quadro 10 – Exigência do usuário: Sustentabilidade, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: Sustentabilidade
Requisito Critério Avaliação
Durabilidade Vida útil de O projeto deve especificar o valor teórico para Análise do projeto.
projeto do edifício a Vida Útil de Projeto (VUP) para cada um dos
e dos sistemas que sistemas que o
o compõem compõem
O edifício e seus sistemas devem apresentar Análise de
durabilidade compatível com a Vida Útil de cumprimento das
Projeto VUP normas existentes ou
por análise de campo
do sistema através de
inspeção em protótipos
e edificações ou pela
análise dos resultados
obtidos em estações de
ensaios de durabilidade
do sistema, desde que
seja possível
comprovar sua eficácia;
Manutenibilidade Manutenibilidade Convém que os projetos sejam desenvolvidos Análise de projeto.
do edifício e de de forma que o edifício e os sistemas
seus sistemas projetados tenham o
favorecimento das condições de acesso para
inspeção predial através da instalação de
suportes para fixação de
andaimes, balancins ou outro meio que
possibilite a realização da manutenção.
Consumo de Utilização e reuso deve atender aos parâmetros estabelecidos na Análise de projetos,
água e deposição de água Tabela 18.1 (NBR 15575) métodos de ensaio
de esgotos no relacionados às Normas
uso e ocupação Brasileiras específicas
da habitação
67
a sistemas de redução de consumo e impacto ambiental. Os requisitos relacionados à
sustentabilidade, portanto, podem ainda ser correlacionados aos custos efetivos de uma
edificação, conforme visto na introdução, sendo capazes de influenciar diretamente o equilíbrio
financeiro da manutenção ao longo dos anos. O aumento do desempenho nesse quesito pode
significar uma redução de custos para ao usuário final; por isso é válido frisar que, em todo
caso, deve-se fazer um estudo prévio de custo x benefícios, uma vez que, em determinadas
regiões do Brasil, pode não ser economicamente interessante a utilização de certos sistemas.
Com base no exposto neste item, pode-se concluir que a NBR 15575 se apresenta como
uma normativa síntese das mais diversas normas e preceitos existentes no contexto brasileiro,
além de e apresentar-se como um guia orientativo para a definição do desempenho mínimo
esperado das edificações residências. A norma apresenta, ainda, novos aspectos relevantes para
a avaliação do desempenho térmico, acústico e lumínico das edificações, além de frisar a
importância da manutenção das edificações que já haviam sido normatizadas no contexto
brasileiro, mas que pouco se via a aplicação. Trata-se mais uma vez de uma tentativa de
conduzir o mercado da construção civil para a adequação da qualidade esperada das edificações
no Brasil — nesse primeiro momento, voltado às edificações residenciais. Contudo, conforme
exposto na introdução deste item, conclui-se que os requisitos apresentados pela NBR 15575
para a avaliação de desempenho das edificações são passíveis de aplicação a outra tipologia
arquitetônica — considerando que, neste estudo, eles serão aplicados a edificações hospitalares
e representam uma base de critérios já validada.
68
4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO
69
necessário, portanto, estabelecer categorias para a mensuração efetiva, inserindo nesse contexto
o conceito de dimensão:
“O conceito de dimensão é utilizado nas ciências para expressar determinada relação
entre elementos de uma situação temporalmente retirada de seu contexto maior para
efeitos de análise e conhecimento: tratar de uma ‘dimensão’ indica se dividir
provisoriamente certo fenômeno para melhor observa-lo e depois, reconstruí-lo
mentalmente de modo organizado. Nesse sentido, o conceito de dimensão se aproxima
aos processos de análise – síntese, tal como empregados por alguns autores referidos
em Kohlsdorf, M.E.” (1979, 1985, 1996 apud KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017).
2
Participaram do momento inicial Mário Júlio Kruger (dimensão funcional), além de Gunter Kohlsdorf e Maria
Elaine Kohlsdorf (dimensões econômico-finaceiras, expressivo-simbólica e topoceptiva), Frederico de Holanda e
70
de Brasília — FAU/Unb, denominado Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização
— DIMPU, de 1984 (KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017). Esse grupo, ainda atuante,
funciona sob a coordenação do professor Frederico de Holanda e é registrado junto ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Tabela 1 - Resumo da evolução das dimensões morfológicas na arquitetura. Fonte: Tenório (2012 p. 30)
adaptado pela autora.
4 Funções 7 Dimensões 7 Dimensões 6 Dimensões 8 Dimensões 6 Dimensões
Estética
Benamy Turkienicz (dimensão copresencial), Márcio Villas Boas e Paulo Marcos de Oliveira (dimensão
bioclimática).
71
O bioclimatismo e a funcionalidade se referem a critérios de caráter biofísico
(confortos sensoriais e ergonômicos);
A copresença lida com critérios de sociabilidade (integração ou segregação social de
pessoas e grupos);
Questões econômico-financeiras possuem critérios pragmáticos (embora
relacionando custos financeiros e benefícios sociais, conforme exposto);
Os aspectos expressivos, simbólicos e topoceptivos se vinculam a critérios de natureza
emocional (fruição, simbolismo, orientação espacial e identificação).
Tabela 2 – As seis dimensões de avaliação do desempenho morfológico dos lugares. Fonte: Kohlsdorf e
Kohlsdorf (2017 p. 469) e Holanda (2010) adaptado pela autora.
Dimensão Conceito simplificado Esfera Caráter
funcional expectativa de adequação ergonômica e Física Instrumental
características do lugar
copresencial possibilidade de encontros casuais e reclusão Social Instrumental
72
ramo da sensibilidade e da capacidade de percepção das pessoas quanto ao espaço em que se
inserem.
Ou seja, por meio das dimensões morfológicas tende-se a uma avaliação mais
direcionada quanto aos aspectos e critérios a serem avaliados, na qual todas as dimensões são
passíveis de avaliação tanto técnica, até nas dimensões mais subjetivas, quanto da avaliação
pela opinião do usuário, compondo uma avaliação pós-ocupação, conforme especifica Ornstein
no subitem 3.1. A seguir, são apresentadas as nuances de cada dimensão, a fim de se
contextualizar e esclarecer as diferenças de avaliação entre elas, uma vez que alguns itens
podem, num primeiro momento, aparentar repetição, mas na verdade caracterizam tipos de
avaliação diferenciadas.
É válido destacar, ainda, que alguns itens podem parecer de similar avaliação entre as
dimensões, contudo há de se atentar que cada avaliação deverá ser realizada de forma
independente, com o foco voltado para a dimensão que se está analisando, pois itens, como o
relevo do solo, por exemplo, na dimensão expressivo-simbólica, apresentam uma avaliação
voltada a uma sensação que poderá ser causada no usuário daquela edificação. Já a dimensão
bioclimática pode relacionar o item de avaliação de relevo do solo quanto à permeabilidade dos
ventos naquela edificação.
73
Tabela 3 – Dimensão Topoceptiva. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 271)
DIMENSÃO TOPOCEPTIVA
Níveis de
Atributo morfológico
abordagem
estações
A) Eventos gerais das sequências
intervalos
espaciais
tamanho da sequência
quantidade por estação
Nível da percepção
B) Campos visuais incidência de estações com diferentes tipos
de CV
efeitos topológicos
C) Efeitos visuais
efeitos perspectivos
forma
A) Caminhos tamanho
hierarquia
forma
B) Bairros tamanho
relações estruturais
Nível da imagem internos e externos
C) Limites
mental tipos
forma
D) Pontos focais tamanho
hierarquia
forma
E) Marcos visuais tamanho
hierarquia
macroparcelas
A) Categorias
partes do todo
síntese
conexões visuais
74
Esses critérios podem ser avaliados mais objetivamente quando considerados por meio
da avaliação de aspectos técnicos, como os expostos nas Tabelas 3 e 4, ou por meio da aplicação
do estudo de observação e da aplicação da estatística. Nessas dimensões, por exemplo,
poderíamos extrapolar e aprofundar ainda mais os critérios relacionados à humanização dos
espaços, que se inserem tanto no âmbito dos itens técnicos quanto no âmbito do levantamento
da opinião do usuário.
75
Tabela 4 – Dimensão expressivo-simbólica. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 212)
DIMENSÃO EXPRESSIVO-SIMBÓLICA
Subdimensão Expressividade Simbolismo
Atributo morfológico
estações
A) Eventos gerais das
intervalos
sequências espaciais
tamanho das sequências
quantidade por estação
B) Campos visuais incidência de estações com
Nível de Percepção
diferentes tipos de CV
leis de Gestalt
qualidades semânticas
leis de composição plástica
fenômenos de configuração
C) Efeitos visuais diferenças notáveis
qualidades tectônicas
elementos convencionais
tipos de significados
níveis de significados
malha
A) Categorias globais
macroparcelas
1. Planta baixa microparcelas
linha de coroamento
2. Silhueta sistema de pontuação
Nível do conhecimento especializado
linha de força
relevo do solo
1. Elementos do sítio
vegetação
físico
sistemas hídricos
B) Categorias parciais
relações intervolumétricas
2. Elementos edilícios edifícios x espaços públicos
volumetrias
elementos de sinalização
veículos de propaganda
3. Elementos pequenas construções
complementares mobiliário urbano
elementos de engenharia
urbana
unidades morfológicas
A) Categoria-
partes do solo
síntese
4. Estrutura interna do
espaço relações configurativas com
entorno
conexões visuais
76
pessoas”, analisados por meio de atributos morfológicos, como permeabilidade e/ou barreiras,
convexidades, construtividade e axialidade, conforme Tabela 5.
A dimensão bioclimática (Tabela 6), por sua vez, engloba as verificações quanto a
temperatura, umidade, sonoridade, luminosidade e pureza do ar, buscando identificar as
variáveis de desempenho indesejável. Tais subdimensões são passíveis de avaliação quanto a
aspectos técnicos (por meio de instrumentos específicos de verificação e medição), assim como
do ponto de vista do usuário, que caracterizariam, juntos, a Avaliação Pós-Ocupação completa
acerca desta dimensão. Na tabela 6 são descritos os atributos morfológicos sugeridos e
avaliados por Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), nos quais percebemos levemente uma maior
relação dos atributos de avaliação com o meio ambiente em que se insere, o espaço a ser
avaliado, ou seja, o meio urbano. Contudo há de se frisar que tais aspectos podem ser analisados
no âmbito arquitetônico por meio de pequenas adaptações.
77
Quanto a referências para a dimensão bioclimática, Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017) citam
os trabalhos de pesquisa desenvolvidos na FAU-UnB por “Marcio Villas Boas (1979, 1983,
2004), Paulo Marcos Oliveira (1985, 1993, 1995), e Villas Boas e Oliveira (1986, 1995) [...]
Cabral (1995), Mascaró L. (1981) e Romero (1998, 2001, 2009)”. Portanto, devido à variedade
de pesquisadores dedicados à temática bioclimática na instituição e à complexidade do tema e
de sua avaliação em relação ao tempo de pesquisa disponível, optou-se por, neste primeiro
momento da presente pesquisa, não se abordar ou adaptar essa dimensão, deixando espaço para
uma parceria e um aprofundamento futuros.
Tabela 6 – Dimensão Bioclimática. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 110)
DIMENSÃO BIOCLIMÁTICA
Subdimensão qualidade do
higrotérmica acústica luminosa
Atributo morfológico ar
B) Densidade de ocupação
D) Permeabilidade do solo
E) Áreas aquíferas
F) Vegetação
G) Rugosidade
H) Porosidade
78
bioclimáticos e portanto entende-se que por meio da divisão das dimensões morfológicas se
tem uma consideração dos critérios de forma mais objetiva.
79
2005 apud BROSS JC, 1989). Nesse contexto, devido à complexidade da arquitetura hospitalar
e à constante evolução da medicina — e, consequentemente, de seus equipamentos e ambientes
—, o planejamento hospitalar deverá estar constantemente em desenvolvimento, visando
sempre a redução de custos e de tempo e o aumento da qualidade e da eficiência da edificação
(GÓES, 2011). Fatores, estes que contribuem para a necessidade de uma edificação dessa
tipologia arquitetônica necessitar de espaços passíveis de flexibilização e alteração. Afinal,
conforme Karman (1994), um planejamento hospitalar voltado tanto para a otimização e
eficiência quanto para o funcionamento, a produtividade, o mínimo de desperdício e de
qualidade pode ser relacionado também ao preceito de preditividade: atividade voltada ao
prévio estudo de impactos sobre a edificação.
Estruturas
Infraestrutura Supraestrutura
Atributo morfológico
energético
A) Tipos de sistemas telecomunicações
sanitário
densidade demográfica
densidade construtiva
densidade demográfica x densidade
construtiva
B) Características morfológicas
dos lugares áreas livres públicas
microparcelas
elementos externos aos sistemas
infraestruturais
edificações
C) Áreas livres públicas x percentual entre áreas livres públicas e
privadas privadas
índices de ocupação de lotes próximos
(custos indiretos)
D) Características das áreas características do sistema circulatório
abertas públicas (custos diretos)
características de outras áreas livres
públicas (custos diretos)
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características do interior
diretos)
dos lotes
atributos edilícios (custos diretos)
81
O desenvolvimento sustentável, contudo, consiste em um conceito que pode ser
expandido para diversas aplicações. No presente estudo, ele será entendido no âmbito da sua
aplicação, que se relaciona a questões concernentes à redução da pegada ecológica, à redução
da produção de resíduos, ao aumento do desempenho energético, a fontes limpas de geração de
energia, a fontes alternativas de energia, à política dos 5R’s (repensar, recusar, reutilizar, reduzir
e reaproveitar), à redução do impacto ambiental, ao transporte sustentável e ao respeito a
história do local. Ou seja, o desenvolvimento sustentável, aqui, será entendido como um
conjunto de atitudes voltadas à redução dos impactos negativos que as atividades e decisões
arquitetônicas possuem sobre o meio em que se insere, buscando um equilíbrio entre os custos
e benefícios das intervenções humanas no lugar. Nesse contexto, se insere inclusive a questão
da revitalização e reabilitação dos espaços urbanos e arquitetônicos, já explorados desde a Carta
de Atenas (IPHAN, 1933).
Outro fator que pode ser interligado a esse tema de sustentabilidade é a consideração
sobre os materiais de construção, elementos capazes de influenciar diretamente a capacidade
de desempenho das estruturas e supra estruturas de uma edificação. Nesse contexto, Capanema
(2016) apresenta que a sustentabilidade, portanto, consiste numa “mudança de paradigma para
o desenvolvimento humano”, por meio da qual deve-se questionar a aplicação e as metodologias
atuais de uso dos materiais e toda a cadeia produtiva da indústria da construção.
Por fim, segundo Lima (2012), é recomendável que hajam unidades autônomas de alta
produtividade com atendimentos centralizados para atuar como unidades de apoio a rede
hospitalar, pois elas garantem maior qualidade dos serviços e menor custo de manutenção, ou
83
seja, se relacionam tanto aos aspectos funcionais quanto aos aspectos econômicos de uma
edificação, que, como tal, serão considerados de primeira importância nesse estudo. Ou seja, as
dimensões funcional e econômico-financeira complementam-se no sentido de avaliar a
funcionalidade dos espaços e assim, quando avaliadas conjuntamente podem apresentar as
melhores soluções, a fim de se reduzir os custos de operação. Portanto, será com foco nesse
tipo de avaliação conjunta que o presente estudo será aplicado. É válido destacar, ainda, que
para a avaliação econômico-financeira serão realizadas adaptações aos itens avaliados ao
contexto das edificações, além dos itens relacionados à arquitetura hospitalar propriamente dita.
Por fim, é válido esclarecer que nesta pesquisa será aprofundada a dimensão econômico-
financeira, devido ao impacto direto dessas sobre o desempenho e a manutenção da edificação,
além de seu caráter instrumental. As dimensões bioclimáticas e copresencial, devido à
84
complexidade dos temas e do tempo disponível para a pesquisa, não serão aprofundadas nesta
dissertação; ademais, sobre ambas há extensa bibliografia e pesquisas no âmbito da FAU/UnB,
passíveis de estudo posterior ou até mesmo de parcerias. As dimensões topoceptiva e
expressivo-simbólica, por fim, que estão relacionadas a uma esfera mais subjetiva, de caráter
emocional (Tabela 2), não serão incluídas neste momento, pois elas sugerem a avaliação do
ponto de vista do usuário, que costuma demandar maior tempo da pesquisa, conforme exposto
por Ornstein (1992) no Quadro 11.
Este item tem como objetivo expor as considerações quanto aos métodos de avaliação
de desempenho da NBR 15575 e de avaliação pós-ocupação, já validados no contexto brasileiro
e explorados no capítulo anterior, além de utilizar seus critérios como base de aplicação e
avaliação juntamente ao método de avaliação de desempenho morfológico. Neste item, serão
explorados ainda as considerações acerca de situações de possível aumento de desempenho das
edificações no contexto econômico-financeiro.
É válido esclarecer que o foco da avaliação aqui proposta pode ser tanto pontual quanto
generalizada, conforme a necessidade ou a capacidade do momento em que for aplicada e do
critério de avaliação utilizado. Essas avaliações, por sua vez, foram categorizadas de acordo
com a complexidade das atividades desempenhadas e de suas respectivas funções dentro do
contexto da edificação, a fim de realizar uma pesquisa mais objetiva.
É válido destacar que o presente estudo parte do princípio de que uma edificação poderá
atingir maior desempenho ao uso a que se destina, mas que possivelmente será condicionada
pelos fatores externos determinantes, como o orçamento, a sustentabilidade, o local de
implantação e imprevistos e sendo considerados, portanto, como potenciais critérios de
desempenho e não de utilização obrigatória.
Em relação certificação de edificações que visam atitudes sustentáveis, válido citar que
existem no Brasil sistemas avaliação como o BREEAM, LEED, AQUA e PBE-EDIFICA, que
funcionam, em sua maioria, como sistemas de “certificação” das edificações em relação aos
critérios estabelecidos por cada programa. Ou seja, os sistemas de certificação tendem a
quantificar o que podemos considerar como melhorias das edificações, sendo aplicáveis no
intuito de melhorar o desempenho da edificação quanto ao consumo de recursos naturais sem a
redução do desempenho das atividades ali a serem operadas. As certificações incluem diversos
itens a serem avaliados e de diferentes temáticas, mas, em sua maioria, visam o aumento ou a
manutenção do desempenho das edificações por meio escolhas projetuais de potenciais redução
de consumo de recursos naturais.
Nota-se que a questão da redução do impacto ambiental não é recente, desde a carta de
Atenas (IPHAN, 1933) que profissionais da AEC propõe a responsabilidade no consumo e a
questão da sustentabilidade – aqui entendida como redução de impacto ambiental – de toda a
cadeia construtiva. A sustentabilidade como abordada pela agenda 2030 da ONU, Nova Agenda
86
habitat III e o Acordo de Paris vai além do mero pensamento de redução de consumo de
recursos, mas inclui a intenção de minimizar o consumo, para minimizar o dano e maximizar o
desempenho ou pelo menos na manutenção sustentável das atividades.
87
calor dos materiais para o meio (NAJJAR et al., 2019). Outro fator de potencial influência na
eficiência energética, se refere a constatação de que a escolha por sistemas construtivos de baixo
custo com baixo desempenho térmico apresentam-se como fonte de aumento do consumo de
energia, ao contraponto que melhores sistemas construtivos tendem a apresentar uma redução
no custo de operação (GONZÁLEZ MAHECHA et al., 2020). Ou seja, em alguns casos a
intervenção em fachadas apresenta-se como maior potencial de fonte de redução de consumo
energético por meio da redução da demanda por sistemas mecânicos, setor este onde registra-
se uma maior necessidade de tecnologias voltadas ao aumento do desempenho dos materiais
das fachadas (ALKHATIB et al., 2021). Portanto, decisões baseadas na redução do impacto
ambiental, manutenção em tempo e operações ocupacionais a tempo representam três caminhos
para a redução de custos financeiros (GHAFFARIANHOSEINI et al., 2017).
88
Quadro 12 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
atributo morfológico
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
energético
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
89
até 50% (3), até 25% (2) ou menor 25%
área de ocupação
(1)
até 50% (3), até 25% (2) ou menor 25%
áreas livres
(1)
até 20 % (3), até 10% (2) e sem área
Área permeável
permeável (1)
não identificado patologias (3),
elementos externos aos sistemas patologias pontuais (2) e patologias de
infraestruturais grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
isoladas (3), geminadas (2) ou
Tipos de edificações
improvisadas (1)
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas até 25% (3), até 50% (2) ou acima de
construídas do lote 50% (1)
índices de ocupação de lotes próximos até 70% (3), até 80% (2) ou até 100%
(custos indiretos) (1)
3 ou mais meios de transporte
D) Características características do sistema circulatório disponíveis (3), até 2 meios de
das áreas abertas (custos diretos) transporte (2) ou somente um modo de
públicas acesso (1)
predominância em área comercial (3),
características do entorno (custos diretos) área institucional (2) e área residencial
ou industrial (1)
índices de ocupação de lotes (custos 50 % (3), até 50% (2), acima de 50% (1)
E) Características diretos) de acordo com Portaria MS 400/77
Internas em funcionamento (3), falta manutenção
atributos edilícios (custos diretos)
(2) ou não existente (1)
estrutura com layout flexível (3),
Fundações (aspectos arquitetônicos) estrutura com layout de difícil alteração
(2) e estrutura temporária (1)
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
Estruturas (aspectos arquitetônicos)
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
90
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
Equipamentos
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
0
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,000
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 0,00%
91
caso da avaliação de áreas permeáveis. Quanto ao item de áreas livres e construídas do lote, foi
estabelecido como critério de avaliação a recomendação da Portaria MS 400 (BRASIL, 1977b).
Quanto as características das áreas abertas pública para os índices de ocupação dos lotes
do entorno, tomou-se como referência valores inversamente proporcionais aos recomendados
para áreas permeáveis e quanto as características do entorno, as considerações quanto tipologias
de proximidade adequadas de acordo com a Portaria MS 400 (BRASIL, 1977b). Em relação ao
sistema de circulação terrestre, o critério de avaliação se baseia na premissa de maior qualidade
de acordo com maior oferta de modais de transporte, uma vez que para edificações de saúde de
grande porte existe a previsão por grande demanda de circulação.
Quanto as características internas, adotou-se o mesmo padrão de porcentagem dos
atributos anteriores como critério de avaliação e em relação aos atributos edilícios optou-se por
utilizar os critérios a possibilidade de flexibilização do layout por se tratar de um aspecto
relacionado a durabilidade, manutenibilidade e qualidade das edificações conforme visto
anteriormente – principalmente no contexto das recomendações de Ornstein (1992) e a NBR
15575 (ABNT, 2013).
Por fim, acrescentou-se o atributo morfológico estado de conservação dos componentes
da edificação conforme recomendação de Ornstein (1992) – que classifica os elementos como
funcionais, mas que nesse caso se considerou como dimensão econômico-financeira por estar
relacionado aos aspectos de manutenibilidade e durabilidade das edificações – e da NBR 15575
(ABNT, 2013). Válido destacar que os componentes adotados foram divididos de acordo com
a análise comparativa realizada no quadro 7 do item 3.2.
92
Válido esclarecer que os critérios utilizados por esta metodologia, visam a identificação
dos pontos passíveis de avaliação via inspeção predial como indicativo do estado de
conservação da edificação no geral e na indicação dos pontos que necessitam de um estudo por
especialistas, precisam de manutenção rotineira ou mesmo indicar os pontos passível aumento
de desempenho da edificação – seja no desempenho de suas atividades como na redução dos
custos de manutenção. Ou seja, buscou-se por meio dessa metodologia criar um “roteiro” de
avaliação global da edificação via inspeção predial utilizando-se para a avaliação a
documentação existente da edificação, a experiencia do avaliador no contexto geral e análise
sensitiva do espaço conforme estabelecem as normativas brasileiras, não se inserindo na
avaliação, portanto, itens onde seria cabível a avaliação por especialistas como no caso das
instalações e equipamentos mecânicos, além do caso dos gases medicinais.
Apresenta-se no capítulo seguinte – Capítulo 5, por fim, os quadros nas quais constam
os atributos morfológicos estabelecidos e os critérios de avaliação aplicados em dois estudos
de caso, de forma a buscar identificar a possibilidade de aplicação deste método de avaliação
de desempenho morfológico em diferentes contextos patrimoniais e de gestão da arquitetura
hospitalar.
93
5 RESULTADOS
Os hospitais escolhidos como estudo de caso para aplicação do método de avaliação de
desempenho morfológico adaptado foram o Hospital Sarah Centro e o Hospital Regional da
Asa Norte afim de se verificar a possibilidade de valorização dos resultados das edificações em
contextos de gestão diferenciados e públicos distintos. Sendo válido esclarecer que na presente
pesquisa não se pretende realizar uma avaliação comparativa entre os dois tipos de hospitais,
uma vez que se inserem em contextos diferentes, mas sim verificar a aplicabilidade da avaliação
de desempenho morfológico econômico-financeiro como método de investigação do estado de
cada hospital, identificar as fraquezas, os potenciais de aumento de desempenho e contribuir na
geração de informação visando a gestão e a manutenção contínua das edificações.
O Hospital Sarah Centro – ou Sarah Brasília, foi projetado com a função de ser um
centro tecnológico e de referência no campo do aparelho locomotor, sendo classificado como
hospital especializado (LIMA, 2012). O projeto é de autoria do arquiteto João Filgueiras Lima,
foi inaugurado em 1974, possui atualmente 67.684,54m² construídos em um lote de
41,272.80m² sendo considerado um dos melhores hospitais do mundo (LIMA, 2012).
O hospital atualmente possui 250 leitos sendo 12 para UTI, atendendo atividades de
atenção básica, média complexidade e alta complexidade, possui 8 salas de cirurgia com 2 salas
de recuperação, 44 clínicas tipo indiferenciado e 8 clinicas não médicas e conta atualmente com
909 funcionários cadastrados (CNES, 2020a). O horário de atendimento ao público é de
segunda-feira a sexta-feira das 8:00h às 18:00 horas. Em relação a dimensão econômico-
financeira, não se levando em conta o tipo de gestão do hospital e sim nos aspectos físicos da
edificação, apresenta bom resultado no contexto geral, destacando-se problemáticas recorrentes
dessa tipologia arquitetônica como da prevenção de incêndio, acessibilidade e sistemas
hidráulicos.
94
emergência e pronto-socorro (“REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO,”
2013b).
O Sarah Brasília está localizado no Setor Médico Hospitalar Sul (SMHS), região central
de Brasília (RA-I). Está localizado em um terreno com aproximadamente 58.000,00m² e foi
projetado com volumes compactos a fim de garantir áreas externas livres e espaço para futuras
ampliações, como o auditório e o Sarinha (LIMA, 2012). Conforme a imagem 2 é possível
identificar que o hospital está implantado entre três vias coletoras em uma zona
predominantemente comercial, com a presença de várias edificações e locado ao lado do HBDF.
Quanto a tipologia e gabarito local, conforme as imagens 3 e 4 consiste em um local com mais
de seis pavimentos de gabarito em edificações comerciais com a presença mediana de
vegetação.
O complexo hospitalar do Sarah Brasília é composto por dez volumes (imagem 5), que
compreendem o estacionamento enterrado, o Sarinha bloco A à D, a Escolinha – que foi
desativada, o Complexo Principal, o Auditório e o Edifício Sede. Cada bloco possui funções
bens específicas que serão descritas na setorização a ser apresentada e podem ser utilizados de
forma independente umas das outras
Imagem 5 – Identificação das unidades que compõem o complexo hospitalar do Sarah Centro.
Fonte: Projeto do Hospital Sarah Centro editado pela autora.
Quanto aos acessos ao lote, conforme imagem 6 é possível identificar quatro acessos que
consistem em um acesso de pedestres junto a via W3 – para funcionários, um acesso para o
estacionamento que atende somente aos funcionários – os pacientes devem utilizar os
96
estacionamentos públicos disponíveis externamente, um acesso exclusivo para serviços e outro
com acesso ao necrotério. Na imagem 6 são identificados os quatro acessos disponíveis ao lote.
Quanto ao acesso ao edifício, conforme imagem 5, as entradas principais estão localizadas entre
o Sarinha bloco A e o complexo principal, ou seja, o acesso aos demais blocos do Sarinha só
serão possíveis pelo bloco A assim como o auditório só possui acesso pelo complexo principal.
Quanto ao estacionamento, este possui conexão com o Sarinha e ao Complexo Principal –
conforme será apresentado na setorização. Quanto ao Edifício Sede, possui acesso pela
passarela que o conecta ao complexo principal e acesso frontal junto ao estacionamento externo,
uma vez que esse bloco está localizado em um lote anexo ao lote do Sarah Brasília.
Imagem 6 – Acessos ao Sarah Brasília – em (A) entrada principal, (B) acesso de funcionários (pedestres), (C)
acesso de serviços e (D) acesso ao necrotério.
Data da foto: 05/2015.
Fonte: Google Earth.
Quanto a setorização do hospital, possui sete dos oito setores recomendados pela RDC nº
050, sendo elas o apoio administrativo, apoio diagnostico e terapia, apoio logístico, apoio
técnico, atendimento ambulatorial, atendimento de internação e ensino e pesquisa, com a adição
de jardins internos. A circulação vertical é realizada principalmente em três torres, uma a norte
e duas a sul, conforme imagens 7 a 13 que dão acesso ao Sarinha e ao complexo principal
respectivamente, além de algumas circulações adicionais nos subsolos que podem ser
relacionados as grandes áreas dos pavimentos. Em relação ao estacionamento, consistem em
97
dois pavimentos enterrados (subsolos) e um a nível do solo com acesso por meio de duas torres
de circulação, uma de acesso a área externa e outra interligada ao complexo principal e ao Bloco
A do Sarinha. No primeiro subsolo é possível ainda o acesso ao complexo principal por meio
de um corredor.
Em relação ao complexo principal, o segundo subsolo (imagens 7 e 8) é composto por
áreas de apoio logístico, apoio técnico e circulação exclusivamente técnica. Quanto ao apoio
logístico, nesse pavimento consiste nos setores de manutenção, dietética e depósitos; já o apoio
técnico corresponde às centrais de esterilização. O primeiro subsolo (imagens 9 e 10) é
composto por áreas de apoio logístico, apoio técnico e apoio ao diagnóstico e terapia,
correspondendo aos vestiários, centro cirurgico e setor de exames respectivamente. Quanto à
circulação, conforme imagem 10, é predominantemente geral com a presença de circulações
críticas nas áreas de exames patológicos e centro cirúrgico – devido ao risco de contaminação.
O pavimento térreo (imagens 11 e 12) é composto por setores de apoio administrativo,
ambulatório e apoio técnico, que representam os escritórios médicos, salas de consultas e sala
de médicos respectivamente. A circulação é de uso geral, sendo restrita a técnicos apenas na
passarela metálica de acesso ao edifício sede.
98
Imagem 7 – Setorização complexo principal, 2º subsolo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
99
Imagem 9 – Setorização complexo principal, 1º subsolo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
100
Imagem 11 – Setorização complexo principal, pavimento térreo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
101
6º PAV.
PAV. TIPO
Imagem 13 – Setorização complexo principal, pavimento tipo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
No esquema vertical resumo, imagem 14, é possível entender por fim a distribuição dos setores
verticalmente do complexo principal, onde as internações estão localizadas nos pavimentos
102
superiores enquanto que nos inferiores estão localizados os setores de maiores dimensões.
Portanto, conforme as plantas apresentadas do complexo principal (imagens 7 a 14) é possível
constatar que a edificação abriga os setores principais do Sarah Brasília, como as áreas de
manutenção, vestiários, central de esterilização, exames e internação.
Em relação aos blocos A e B do Sarinha (imagens 15 e 16), consistem em áreas de apoio técnico
(bloco A) e apoio diagnostico e terapia (bloco B), que comportam a creche para filhos de
funcionário e ambientes de reabilitação respectivamente. No bloco A encontra-se situadas
ainda, as circulações de conexão do bloco A aos demais e as circulações verticais que dão acesso
ao complexo principal (volume externo a edificação) e ao estacionamento (bloco a direita). No
pátio próximo aos elevadores e escadas, na extremidade direita da edificação, são realizadas
atividades ao ar livre para pacientes da internação e de recuperação. No segundo pavimento do
bloco A do Sarinha (imagem 16) está localizado outro setor de apoio diagnóstico e terapia que
abriga a academia de recuperação de pacientes e alguns ambientes de apoio logístico às
atividades desenvolvidas.
103
Imagem 16 – Setorização Sarinha bloco A, segundo pavimento e corte longitudinal.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
104
manutenção a roupas de internação, bengalas, próteses, entre outros, contando ainda com a
presença de um almoxarifado voltado para essas atividades.
105
Imagem 19 – Setorização Edifício Sede, 1º pavimento.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
11º PAVIMENTO
PAV. TIPO
106
Imagem 21 – Setorização Edifício Sede, mezanino do 11º pavimento.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
107
O 2º ao 10º pavimento (imagem 20) abrigam, portanto, os ambientes típicos de apoio
administrativo voltado para hospitais, com salas e escritórios e, nesse caso, desenvolvem
também as atividades de apoio às demais unidades integrantes a Rede Sarah no Brasil. Esses
pavimentos foram identificados como pavimento tipo na imagem 20 devido a planta livre e
setorização padrão em todos os pavimentos, havendo poucas alterações entre um pavimento e
outro por meio de módulos removíveis e mobiliário. No 11º pavimento e mezanino (imagens
20 e 21), complementarmente, está locada a biblioteca do Sarah Brasília, constituindo, portanto,
setores de ensino e pesquisa da edificação. Nesse ambiente existe ainda ambientes de apoio
logístico que comportam a casa de bombas e reservatório de água potável da edificação.
No esquema vertical (imagem 22), é possível verificar que o Edifício Sede é composto
principalmente pelos setores de apoio administrativo e ensino e pesquisa, possuindo uma
circulação interna simples com duas torres de circulação vertical em suas extremidades e
consiste na edificação mais alta do complexo hospitalar que compõe o Sarah Brasília com seus
11 pavimentos superiores.
Imagem 23 – Conforto ambiental – em (A) varandas das áreas de internação, (B) varandas das áreas de internação,
(C) sheds vistos pelo pavimento térreo, (D) sheds vistos pelo pavimento térreo, (E) jardins internos (vista do térreo)
e (F) jardins internos (visto do 1º Subsolo).
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.
108
Em relação ao conforto ambiental, a ventilação e iluminação utilizadas consistem em
sistemas independentes em cada volume do complexo hospitalar do Sarah Brasília. Quanto à
ventilação, no caso do bloco vertical de internações, é utilizado o princípio da circulação
cruzada não recomendada por Lima (2012), mas que no caso por consistirem em ambientes de
vão livre de função única não haverá circulações concorrentes e, portanto, não há o risco de
contaminação por infecção hospitalar (LIMA, 2012). A ventilação natural das áreas de
internação ocorre por meio das grandes aberturas que conectam o ambiente com as varandas
que possuem ainda a função de diminuir a temperatura interna em relação a externa,
proporcionando proteção contra insolação direta (imagens 23A e 23B). As áreas de varanda
ainda proporcionam ambientes para uso dos pacientes e área de apoio de transferência para os
momentos de limpeza.
Imagem 24 – Conforto ambiental – em (A) jardins externos pavimento térreo, (B) jardins externos 1º subsolo, (C)
brises Edifício Sede, (D) brises Edifício Sede, (E) brises Sarinha e (F) brises Sarinha.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.
Nos andares inferiores (térreo e subsolos) do complexo principal, o sistema utilizado são
os sheds (imagens 23C e 23D), que segundo Lima (2012) possui uma insatisfatória extração do
ar quente (mas superior ao HBDF e HRT) por não possuir insuflação de ar pelo piso nos
ambientes; fator amenizado pela presença de jardins internos. Contudo, do ponto de vista do
109
usuário, o equipamento proporciona um conforto térmico agradável, deduzindo-se que a
opinião do arquiteto nesse caso é relacionada à evolução do sistema de ventilação natural
desenvolvido pelo mesmo em seus projetos posteriores. Conforme imagens 23E e 23F é
possível verificar a presença de jardins internos no subsolo e pavimento térreo, além de jardins
em volta dos blocos edificados e próximos aos sheds (imagens 24A e 24B).
110
proximidades das fachadas do térreo e de jardins internos (imagem 25) que propiciam um
aumento na umidade do ambiente.
Segundo Lima (2012), em relação à modulação da estrutura em si, é composta por vigas-
calha de 1,10x1,10m, pilares simples ou duplos, sheds em argamassa armada apoiados sobre as
vigas-calha, paredes em argamassa armada de 1,10 ou 0,55x2,70 ou 3,00m de altura e os
módulos vazados das vigas Vierendeel de 3,30 por 3,50 m de altura. Os elementos foram
justapostos na montagem e interligados por protensão, reaproveitando as formas metálicas na
concretagem das peças (LIMA, 2012). Na imagem 27 está representado a interligação das
vigas-calha, pilares e paredes que compõe o sistema modular do Sarah Brasília.
111
Imagem 28 – Sistema construtivo, varandas do complexo principal.
Fonte: LIMA, 2012.
Todo o sistema de instalação é distribuído pelos nichos e vãos visitáveis e das vigas-calha,
painéis removíveis e pilares duplos, nas imagens 29 e 30 é possível identificar a utilização desse
sistema para a distribuição das instalações. As instalações hidrossanitárias estão localizadas
principalmente nos vãos superiores das vigas-calha, enquanto as instalações elétricas e
sprinkler estão nos pequenos nichos inferiores protegidos por canaletas metálicas removíveis,
imagens 31 e 32. As instalações distribuídas pelos pilares duplas seguem o mesmo princípio,
entre o vão dos dois pilares são distribuídas as instalações fechadas por painéis metálicos
112
visitáveis. Esse tipo de instalação e planejamento busca a otimização, qualificação e facilidade
de manutenção; buscando proporcionar uma manutenção mais eficiente e de menor custo para
o equipamento hospitalar. A escolha pela adoção de um sistema de industrialização com “baixo
custo operacional” pelo arquiteto Lelé visava impedir a variação do custo de produção em
relação à demanda gerada por cada obra (LIMA, 2012). A automação da produção atinge os
processos de preparo, manipulação e transporte dos componentes da construção (LIMA, 2012).
Imagem 31 – Sistema construtivo, nichos das vigas- Imagem 32 – Sistema construtivo, nichos das vigas-
calha calha
Autor: Alyria Argôlo Donegá. Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014. Data da foto: 30/10/2014.
113
Quanto à composição plástica do Sarah Brasília, conforme imagem 33, em relação
às fachadas externas consiste em estruturas pré-moldadas de concreto aparente –
conforme visto anteriormente, com a presença de brises no Edifício Sede e no Sarinha e
óculos na fachada do bloco de internação. A paleta de cores das fachadas é
predominantemente sóbria, de acordo com a aparência do material bruto e em alguns
elementos são aplicadas as cores verde e amarela – sheds e brises respectivamente.
Quanto aos volumes, consiste em 8 edificações acima do nível térreo, sendo composto
por volumes retangulares simples com tratamento das fachadas nos blocos A à E do
Sarinha e Edifício Sede, um volume retangular com recortes na fachada no caso do bloco
de internação do complexo principal e o auditório recentemente acrescentado com planta
retangular, mas com cobertura abóbadas. A antiga edificação da Escolinha, já desativada,
foi desmontada em meados de 2015.
114
esquadrias metálicas com vidro incolor, sem forro no teto e instalações embutidas nos
nichos das vigas-calha. Nas áreas de circulação geral, é possível identificar piso vinílico
na cor verde (imagens 34A e 34B), atuando como indicativo dos fluxos permitidos no
local. Em alguns pontos do complexo do Sarah Brasília é possível identificar também
elementos decorativos do artista Athos Bulcão, imagens 34C e 34D.
Nas imagens 35A e 35B é possível visualizar as paredes removíveis branca, estutura
e instalações aparente, bate-maca de madeira e piso vinilíco – verde para circulação geral
e bege para a técnica. As imagens 35C e 35D se referem a área externa do Sarinha bloco
A, com um pátio com piso cerâmico que dá acesso ao complexo principal e a torre de
circulação vertical do estacionamento. As imagens 35E e 35F se referem às escadas do
complexo principal e a rampa do Sarinha bloco A. É possível identificar nessas fotos que
os elementos possuem revestimento vinílico com tratamento antiderrapante e cores fortes
de fácil identificação.
Imagem 34 – Composição plástica – em (A) internação e varanda no complexo principal (Fonte: Rede
Sarah de Hospitais de Reabilitação), (B) refeitório pavimento térreo no complexo principal, (C) divisórias
da área de espera do ambulatório no complexo principal e (D) divisórias da antiga Escolinha (Disponível
em <http://www.fundathos. org.br/abreGaleria.php?idgal=76).
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.
115
Imagem 35 – Composição plástica – em (A) circulação técnica 2º subsolo do complexo principal, (B)
circulação geral 1º pavimento do complexo principal, (C) pátio externo Sarinha bloco A, (D) circulação
externa Sarinha bloco A, (E) escadas do complexo principal e (F) rampa Sarinha bloco A.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.
Imagem 36 – Composição plástica – em (A) oficinas Sarinha, (B) oficinas Sarinha, (C) ambientes Edifício
Sede, (D) biblioteca Edifício Sede, (E) plateia do Auditório e (F) palco do Auditório.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.
116
Nas imagens 36A e 36B por outro lado, se referem às oficinas localizadas no
Sarinha bloco C a E, no qual utilizam piso cerâmico ao invés de piso vinílico, forros no
teto e paredes de tijolo vermelho. O Edifício Sede, diferentemente do restante do Sarah
Brasília, possui todas as suas paredes revestidas com argamassa e tintura branca, sendo
aplicado principalmente sobre os pilares pois nesse volume utilizam a planta livre
(imagens 36C e 36D). Quanto ao auditório, foram aplicados revestimentos acústicos de
acordo com a finalidade da edificação, conforme imagens 36E e 36F.
117
consequentes danos ao piso e mobiliário do mesmo em sua entrada, além da inadequação
quanto as normas de sinalização e extintores de incêndio.
Nos jardins internos, foi identificado que algumas vigas possuíam grande
exposição a umidade e água. Assim como a presença de infiltrações e vegetação nas lajes
de cobertura do edifício sede e do bloco de internações e suas varandas – nas quais se
dificultava o uso e um sentimento de insegurança expressado pelos funcionários quanto
a utilização do local. Ambos os casos necessitam, portanto, uma maior investigação
quanto a presença de patologias e/ou danos as estruturas.
118
No edifício sede foram identificados a inadequação da sinalização de emergência;
subdimensionamento na distribuição dos extintores e/ou tipo inadequado, inadequação
do guarda-corpo da biblioteca do 11º pavimento, necessidade do redimensionamento da
Reserva técnica de incêndio (RTI), deficiência na iluminação de emergência, ausência de
chuveiros automáticos (exigido para edificações acima de 12 metros de altura para a
área) e inadequação da rota de fuga – necessita de correção da ventilação natural das
escadas. A passarela que conecta o edifício sede ao complexo principal, apresentava
inadequação da escada localizada entre as edificações, quanto as normas de segurança, e
o fator de “túnel de vento”, uma vez que devido aos materiais construtivos da mesma –
policarbonato e aço, a passarela possuía a tendência ao aquecimento e por tal razão
instalaram um sistema de ventilação mecanizada demasiado forte para o ambiente.
Em relação a avaliação técnica, nota-se que em praticamente todo o complexo
hospitalar há inadequações quanto a sinalização de emergência, iluminação de
emergência, dimensionamento de extintores, obstrução de acesso aos equipamentos de
segurança, inadequação das escadas de rota de fuga e rampas – incluindo inadequação de
guarda-corpo e corrimão – e infiltrações nas coberturas e varandas – exceto sheds.
Apresentando, portanto, necessidade de adequação das questões de segurança,
acessibilidade e manutenção da edificação como ponto principal, além de um estudo mais
aprofundado quanto a questão das infiltrações nas lajes de cobertura do bloco de
internações e no edifício sede. Além do estudo da correção dos pisos do complexo
hospitalar – quanto a emendas – para adequação a legislação vigente.
Em relação a avaliação qualitativa, com base nos dados levantados, não foram
verificados pontos problemáticos apresentados além do exposto pela avaliação técnica. O
que expõe que as recomendações de manutenção quanto a questões de segurança do Sarah
Brasília se encontram em um aspecto mais técnico, uma vez que o projeto do mesmo não
é revisto a aproximadamente 40 anos e as normas aplicáveis já foram atualizadas desde
então. Com base nos dados levantados aqui expostos quanto a avaliação dos projetos da
edificação e avaliação via inspeção predial, no quadro 14 está exposto a síntese dos
resultados obtidos.
119
Quadro 14 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
energético não identificado patologias 1,00
telecomunicações não identificado patologias 1,00
sanitário não identificado patologias 1,00
hidráulico não identificado patologias 1,00
drenagem pluvial e impermeabilização não identificado patologias 1,00
gás não identificado patologias 1,00
SPDA não identificado patologias 1,00
A) Tipos de sistemas segurança e prevenção de incêndio desatualizado 0,30
sprinkler falta manutenção 0,70
automação não implantado 0,00
placa fotovoltaica não implantado 0,00
placa solar térmica não implantado 0,00
sistemas passivos de ventilação em funcionamento 1,00
reuso de água pluvial não implantado 0,00
reuso de água tratada (cinza) não implantado 0,00
densidade construtiva (área construída) 164% 0,01
área de ocupação 57% 0,01
áreas livres 43% 0,01
B) Características
morfológicas gerais Área permeável 10% 0,70
elementos externos aos sistemas
sem patologias identificadas 1,00
infraestruturais
Tipos de edificações Isoladas 1,00
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas
26% 0,70
construídas do lote
índices de ocupação de lotes próximos
100% 0,70
D) Características (custos indiretos)
das áreas abertas características do sistema circulatório
públicas carro, ônibus, metrô 1,00
(custos diretos)
características do entorno (custos diretos) predominantemente área comercial 0,70
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características 57% 0,30
diretos)
Internas
atributos edilícios (custos diretos) estrutura pré-fabricada 1,00
Fundações (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Estruturas (aspectos arquitetônicos) apresenta patologias 0,70
Coberturas apresenta patologias 0,70
F) Estado de Forros sem patologias identificadas 1,00
conservação Vedos verticais sem patologias identificadas 1,00
Revestimentos e acabamentos em desacordo com a NBR 9050 0,30
Equipamentos de comunicação visual sem patologias identificadas 1,00
Equipamentos sem patologias identificadas 1,00
22,83
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,652
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 65,23%
Legenda critérios
IDM CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS COR
0,71 - 1,00 Grau máximo Atende (3)
120
0,31 - 0,70 Grau médio Atende parcialmente (2)
0,00 - 0,30 Grau mínimo Não atende (1)
Registra-se que neste complexo hospitalar, foram classificadas as lajes de cobertura do bloco
de internações e do edifício sede como áreas de potencial aproveitamento de área –
aproximadamente 2.240m² e 820m² respectivamente – para utilização de placas, sendo
necessário avaliação estrutural para indicação de viabilidade técnica para implantação e
possibilidade de adequação das colunas de alimentação hidráulica ou sistema elétrico.
121
metrô. Quanto as características internas das edificações, registra-se que apresenta 57% de
ocupação do lote e que consistem em edificações de estrutura pré-fabricada.
Por fim, conclui-se que o Hospital Sarah Brasília apresenta um quadro favorável relação do
contexto geral em relação a avaliação de desempenho morfológico econômico-financeira,
sendo verificado pontos mais críticos em relação aos sistemas de prevenção e combate a
incêndio que estão desatualizados ou com manutenção deficiente e a presença de patologias
nos componentes estruturais de cobertura e estruturas dos jardins de inverno no complexo
principal. Em relação aos índices do hospital num contexto geral apresentam conformidade
com o especificado em normas e há grande potencial para implantação de sistema de
relacionados a eficiência energética e consumo de água. Em relação ao critérios de avaliação
utilizados por esta pesquisa, nota-se que os relacionados aos sistemas da edificação e o
estado de conservação, apresentam-se como os principais itens passíveis de melhoria no
âmbito deste hospital e demonstram o contexto geral da edificação quanto as suas
características inerentes, seus pontos fracos e potenciais pontos de melhoria.
122
relação a dimensão econômico-financeira, com foco aspectos físicos do mesmo e não no tipo
de gestão, o hospital apresenta bom resultado no contexto geral, destacando-se
problemáticas recorrentes dessa tipologia arquitetônica como da prevenção de incêndio,
acessibilidade e sistemas hidráulicos.
O hospital atualmente possui 398 leitos sendo 30 UTI pacientes de covid, 14 UTI
queimados e 10 UTI geral com horário de atendimento 24 horas por dia. Possui 10 salas de
cirurgia com 3 salas de recuperação, 5 salas de parto normal e 1 sala de curetagem, 67
clínicas tipo indiferenciado, 1 clínica especializada, 12 clínicas não médicas e 8 salas de
odontologia e conta atualmente com 2654 funcionários cadastrados (CNES, 2020). Os leitos
de covid em hospitais de Brasília, além do HRAN, foram distribuídos entre os hospitais:
123
Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), no
Hospital de Base (HB), Hospital da Criança de Brasília (HCB) e Unidade de Pronto
Atendimento (Upa) do Núcleo Bandeirante.
O HRAN está localizado no Setor Médico Hospitalar Norte (SMHN), região central
de Brasília (RA-I). Está localizado em um terreno com aproximadamente em um lote de
48.778,98m² e foi projetado blocos horizontais com verticalização apenas no bloco de
internações (bloco A). Na imagem 37 é possível observar que o hospital ocupa quase toda a
totalidade do lote contando com poucas áreas de vegetação, em uma zona
predominantemente comercial e está localizado entre duas vias coletoras perpendiculares a
avenida expressa, eixo monumental. Quanto a tipologia e gabarito local, conforme as
imagens 38 e 39 consiste em um local com mais de seis pavimentos de gabarito em
edificações comerciais com a presença extensa de vegetação.
O HRAN é composto por cinco volumes (imagem 40), que compreendem os blocos
A a E e cada bloco possui funções bens específicas que serão descritas na setorização a ser
apresentada e podem ser utilizados de forma independente umas das outras. Quanto aos
acessos ao lote, conforme imagem 40 é possível identificar três acessos que consistem em
acesso principal, um acesso de funcionários e um de serviços conectados a via local que
conecta as vias coletoras laterais. No acesso principal se tem acesso ao estacionamento
público, ao ambulatório e ao pronto socorro. Pela foto via satélite, imagem 37, é possível
identificar que 1/3 do estacionamento do lote é reservado aos funcionários do hospital e
contribui para a formação de estacionamento irregulares na proximidade. Válido esclarecer
que plantas do hospital foram fornecidas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal –
SESDF, que passou por um processo de levantamento cadastral das mesmas em 2007 e
124
portanto, as avaliações aqui citadas se referem ao projeto daquele momento e podem ter sido
alterados na presente data.
125
de internação, apoio ao diagnóstico e terapia, apoio logístico, apoio técnico, apoio
administrativo e ensino e pesquisa – este último devido a relação de escola-ensino das
faculdades públicas e particulares do DF.
126
Imagem 42 – Circulação Bloco E, Subsolo e Térreo
Autor: SESDF adaptado pela autora
No bloco E nota-se que consiste em uma edificação voltada para o apoio logístico do
HRAN – imagem 41 – e apresenta pouca área de exclusiva circulação técnica com a presença
de uma escada protegida para circulação vertical. Nesse bloco estão localizadas as áreas para
lavanderia com caldeiras e carpintaria, além de outros correlatos, e a ventilação desse bloco
é predominantemente mecânica com a presença de algumas esquadrias no térreo. No subsolo
do bloco existe ainda um corredor conectando a edificação ao Bloco A. No bloco E registra-
se, aproximadamente, área para apoio logístico de 1639,57m² e circulação em geral de
142,36m².
No bloco D observa-se que consiste em uma edificação voltada para o apoio logístico
e técnico do HRAN – imagem 43 – e apresenta circulação técnica exclusiva com a presença
de dois jardins internos. Nesse bloco estão localizadas as áreas da farmácia, cozinha,
refeitório, vestiários para funcionários – além de salas técnicas – e creche. No bloco F
127
registra-se, aproximadamente, área de apoio logístico de 450,66m², área de apoio técnico de
1234,38m², área de circulação técnica de 274,04m² e área de jardim interno de 191,51m².
No bloco B pavimento térreo, imagem 44, consiste na edificação onde estão locadas
as áreas de urgência e emergência do HRAN. Observa-se que consiste em uma edificação
voltada ao atendimento imediato, com uma área de apoio logístico conexa, e o espaço para
apoio ao diagnóstico e terapia do hospital, onde constam as principais áreas de exames
incluindo o laboratório, área de atendimento e exame cardiológico e exames assistidos por
equipamentos como Raio-x, ultrassonografia, entre outros. Nesse pavimento também se
encontra o auditório do hospital e uns pequenos consultórios de atendimento indiferenciado.
No bloco B registra-se, aproximadamente, apoio ao ensino com 284,08m², apoio logístico
com 165,00m², apoio ao diagnóstico e terapia com 2069,38m², área de atendimento imediato
com 1349,00m², área de circulação em geral de 1660,42m² e área de jardim interno de
957,58m².
128
Imagem 45 – Circulação Bloco B, Térreo
Autor: SESDF adaptado pela autora
129
Imagem 47 – Circulação Bloco B, Subsolo
Autor: SESDF adaptado pela autora
130
cirurgias e a área de apoio técnico maior se refere aos ambientes de esterilização de
materiais. A região de apoio técnico menor se refere a área de lanchonete que atende as
pessoas que passam pela via lateral de acesso principal ao hospital. Nesse bloco, predomina-
se a circulação técnica de acesso controlado conforme as atividades desenvolvidas nesse
pavimento e as circulações horizontais críticas se referem as áreas de acesso ao centro
cirúrgico e de atendimento obstétrico – imagem 49, registrando-se apenas um pequeno
espaço para recepção dos ambientes de atendimento ambulatorial – aqui também se registra
que o espaço disponível de circulação geral que não comporta a lotação de espera pelo
atendimento.
131
Imagem 49 – Circulação Bloco C, Subsolo
Autor: SESDF adaptado pela autora
132
Autor: SESDF adaptado pela autora
133
Imagem 52 – Setorização Bloco A, 2º e 3º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora
134
Imagem 54 – Setorização Bloco A, 4º e 5º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora
135
Imagem 56 – Setorização Bloco A, 6º e 7º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora
136
quartos de internação da torre, apresentam por padrão a lotação máxima com duas macas e
possuem um banheiro individual por quarto, nos quais nota-se inadequação quanto a norma
de acessibilidade que foi publica décadas mais tarde. Nas extremidades esquerda e direita
no sentido contrário a área de circulação vertical estão locados os espaços de apoio logístico
de atendimento aos espaços de internação e contam com a circulação aberta ao centro,
imagens 52 e 53.
137
retangulares simples de um pavimento com tratamento das fachadas em pintura simples com
esquadrias metálicas e um bloco vertical, bloco A, com 8 pavimento acima do nível do solo
com tratamento das fachadas em pintura simples com esquadrias metálicas.
Com base nas informações apresentadas é possível concluir que o sistema construtivo
e composição plástica do HRAN são produtos de um planejamento arquitetônico voltado ao
baixo custo de produção e facilidade de manutenção. Representando um projeto com
soluções simplificadas e sistema construtivo tradicional com a utilização de setorização para
atendimento.
138
Em todo o hospital foi verificada a inadequação das escadas de rota de fuga,
sinalização de emergência, hidrantes e iluminação de emergência – imagem 58. Além de
falhas na estrutura de proteção aos técnicos da área de raio-x – não era totalmente isolado –
e a obstrução do acesso aos equipamentos de segurança, extintores e hidrantes. As escadas
em geral não apresentavam sinalização e proteção conforme as normas de incêndio
aplicáveis e sugere-se a necessidade de atualização do projeto de incêndio do hospital que
devido a sua inauguração ultrapassar cerca de 40 anos.
139
Imagem 60 – Estado de conservação paredes e bate maca
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.
140
Imagem 62 – Estado de conservação pisos, rodapés e ausência e a presença de lixeiras em corredores
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.
Imagem 63 – Banheiros
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.
141
considerar uma avaliação qualitativa das técnicas a serem utilizadas, de forma a fornecer o
melhor método, com maior durabilidade e justo; atendendo a função que se propõe.
Nos quartos de internação – imagem 65, nota-se que a lotação dos quartos e
posicionamento das camas de internação estão em desacordo as recomendações da RDC 050
(ANVISA, 2002) e apresentam estado de conservação prejudicado. Nas esquadrias do bloco
de internação nota-se a presença de ferrugem e vidros quebrados e/ou substituídos por
proteções temporárias – imagem 66. Nas salas de equipamentos e aparelhos também se
registrou necessidade de manutenção dos revestimentos de forro, teto e piso, além de
proteção inadequada nas salas de Raio-x.
142
Imagem 66 – Esquadrias do bloco de internação
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.
143
base nos dados levantados aqui expostos quanto a avaliação dos projetos da edificação e
avaliação via inspeção predial, no quadro 15 está exposto a síntese dos resultados obtidos.
Registra-se que neste complexo hospitalar, foram classificadas as lajes de cobertura dos
blocos B a E como áreas de potencial aproveitamento para utilização de placas solares –
aproximadamente 13.000m² – sendo necessário avaliação estrutural para indicação de
viabilidade técnica para implantação e possibilidade de adequação das colunas de
alimentação hidráulica ou sistema elétrico.
Quadro 15 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
energético não identificado patologias 1,00
telecomunicações não identificado patologias 1,00
sanitário funcionamento prejudicado 0,30
hidráulico funcionamento prejudicado 0,30
drenagem pluvial e impermeabilização funcionamento prejudicado 0,30
gás não identificado patologias 1,00
A) Tipos de sistemas
SPDA funcionamento prejudicado 0,30
segurança e prevenção de incêndio desatualizado 0,30
sprinkler não identificado patologias 1,00
automação não implantado 0,00
placa fotovoltaica não implantado 0,00
placa solar térmica não implantado 0,00
144
sistemas passivos de ventilação ventilação cruzada 0,70
reuso de água pluvial não implantado 0,00
reuso de água tratada (cinza) não implantado 0,00
densidade construtiva (área construída) 74% 0,30
área de ocupação 0,36 0,70
área não edificada 64% 1,00
B) Características
morfológicas gerais Área permeável 0,05 0,30
elementos externos aos sistemas
sem patologias identificadas 1,00
infraestruturais
Tipos de edificações Isoladas 1,00
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas
84% 0,30
construídas do lote
índices de ocupação de lotes próximos
100% 0,70
D) Características (custos indiretos)
das áreas abertas características do sistema circulatório
públicas carro, ônibus 0,70
(custos diretos)
características do entorno (custos diretos) predominantemente área comercial 0,70
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características 36% 1,00
diretos)
Internas
atributos edilícios (custos diretos) estrutura em concreto 1,00
Fundações (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Estruturas (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Coberturas apresenta patologias 0,70
F) Estado de Forros apresenta patologias 0,70
conservação Vedos verticais apresenta patologias 0,70
Revestimentos e acabamentos em desacordo com a NBR 9050 0,30
Equipamentos de comunicação visual sem patologias identificadas 1,00
Equipamentos sem patologias identificadas 1,00
21,3
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,609
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 60,86%
Legenda critérios
IDM CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS COR
0,71 - 1,00 Grau máximo Atende (3)
0,31 - 0,70 Grau médio Atende parcialmente (2)
0,00 - 0,30 Grau mínimo Não atende (1)
145
Quanto as características das áreas públicas do entorno imediato da edificação, registrou-se
tratar de uma área predominantemente comercial, com ocupação dos lotes em 100% e
facilidade de acesso pelo sistema modal local que englobam os modais de carros particulares
e ônibus. Quanto as características internas das edificações, registra-se que apresenta 36%
de ocupação do lote e que consistem em edificações de estrutura tradicional.
Por fim, conclui-se que o HRAN apresenta um quadro favorável relação do contexto geral
em relação a avaliação de desempenho morfológico econômico-financeira, sendo verificado
pontos mais críticos em relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndio que estão
desatualizados ou com manutenção deficiente e a presença de patologias nos componentes
estruturais de cobertura e estruturas dos jardins de inverno no complexo principal. Em
relação aos índices do hospital num contexto geral apresentam conformidade com o
especificado em normas e há grande potencial para implantação de sistema de relacionados
a eficiência energética e consumo de água. Ou seja, por meio dos critérios estabelecidas para
esta metodologia de avaliação de desempenho, foi possível aferir que os principais pontos
de necessária atenção e/ou intervenção estão relacionados aos sistemas da edificação e seu
estado de conservação; onde identifica-se os pontos fracos da edificação, os pontos críticos
e pontos onde seria possível o aumento de desempenho da edificação por meio da redução
dos custos rotineiros e/ou de manutenção.
146
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
147
que são capazes de manter, estender ou até mesmo diminuir o tempo de uso de uma
construção quando não bem planejados e aplicados.
148
“Building information modeling” para complementação destas avaliações e aprofundamento
do impacto das decisões de planejamento e automação na manutenção das edificações.
149
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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155
ANEXO A – DATASUS 2015
156
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ANEXO B – DATASUS 2021
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