2021 AlyriaArgôloDonegá

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E
URBANISMO

DESEMPENHO MORFOLÓGICO DE ESTABELECIMENTOS


ASSISTENCIAIS DE SAÚDE VIA INSPEÇÃO PREDIAL

ALYRIA ARGÔLO DONEGÁ

ORIENTADOR: JOÃO DA COSTA PANTOJA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ARQUITETURA E


URBANISMO

BRASÍLIA/DF: NOVEMBRO – 2021


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E
URBANISMO

DESEMPENHO MORFOLÓGICO DE ESTABELECIMENTOS


ASSISTENCIAIS DE SAÚDE VIA INSPEÇÃO PREDIAL

ARQ.ª ALYRIA ARGÔLO DONEGÁ

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE


PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO DA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ARQUITETURA E URBANISMO.

APROVADA POR:

___________________________________________________
Prof. João da Costa Pantoja, Dr. (FAU/UnB)
(Orientador)

___________________________________________________
Prof. Yara Regina Oliveira, Dr. (Conselho Internacional de Sítios e
Monumentos – ICOMOS/BR)
(Examinador Externo)

___________________________________________________
Prof. Leonardo da Silveira Pirillo Inojosa, Dr. (FT/UnB)
(Examinador Interno)

BRASÍLIA/DF, 30 DE NOVEMBRO DE 2021.

ii
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
DONEGÁ, ALYRIA ARGÔLO
Desempenho morfológico de estabelecimentos assistenciais de saúde via inspeção
predial.
[Distrito Federal] 2021.
159p., 210 x 297 mm (PPG-FAU/UnB, Mestre, Arquitetura e Urbanismo, 2021).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
1.Avaliação de desempenho 2. Inspeção predial
3.Estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) 4. Arquitetura Hospitalar
I. FAU/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DONEGÁ, Alyria. Argôlo. (2021). Desempenho morfológico de estabelecimentos


assistenciais de saúde via inspeção predial. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e
Urbanismo. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 159p.

CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Alyria Argôlo Donegá


TÍTULO: Desempenho morfológico de estabelecimentos assistenciais de saúde via
inspeção predial.
GRAU: Mestre ANO: 2021

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta


dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias, somente para propósitos
acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte
dessa dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

_________________________________________
Alyria Argôlo Donegá
Setor Residencial A – Granja do Torto
70.636-001 Brasília – DF - Brasil
e-mail: [email protected]

iv
À minha família.

v
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador João da Costa Pantoja, por todo apoio, paciência, orientações e
contribuições que me ajudaram na elaboração desse trabalho.

A minha família, pela paciência e por compreender as ausências durante o processo de


elaboração desse trabalho.

Ao FNDE, pelo suporte financeiro.

vi
RESUMO
A presente pesquisa tem como finalidade propor a avaliação de desempenho de
edificações hospitalares em período pós-ocupação, por meio da metodologia de
desempenho morfológico adaptada para essa tipologia arquitetônica, e com a utilização
de critérios de avaliação validados no contexto brasileiro. A proposta de avaliação de
desempenho morfológico de edificações construídas visa estabelecer um meio de
identificação do estado de conservação vigente, para se fazer conhecer as necessidades
de intervenção favoráveis à manutenção da vida útil da edificação e para a identificação
de potenciais que aumentem a eficiência da edificação e que reduzam o impacto
ambiental produzido. A identificação do estado de conservação se insere no contexto do
atendimento à demanda da sociedade por estabelecimentos assistenciais de saúde de
qualidade, capazes de atender as atividades que lhe cabem, incluindo um desempenho
mínimo no caso de grandes demandas, como é o caso da pandemia da Covid-19. Fez-se,
neste estudo, o levantamento bibliográfico e de contexto das edificações hospitalares no
Brasil, seguido pelo levantamento dos métodos de avaliação de desempenho de maior
impacto no contexto brasileiro e das normas brasileiras aplicáveis nesse contexto. A
avaliação de desempenho morfológico aplicada inclui avaliação de projetos originais e
atualizados; registros fotográficos; avaliação via inspeção predial e banco de informações
disponíveis. A avaliação foi aplicada em dois estudos de caso — no Hospital Sarah
Brasília e no Hospital Regional da Asa Norte — para identificação de sua pertinência e
aplicabilidade. Por fim, são apresentados os resultados e as considerações quanto aos
resultados obtidos.

Palavras-chave: avaliação de desempenho; inspeção predial; estabelecimentos


assistenciais de saúde (EAS); arquitetura hospitalar.

vii
ABSTRACT
This research proposes to evaluate the performance of hospital buildings in the post-
occupation period, through the methodology of morphological performance adapted to
this architectural typology, and with the use of validated evaluation criteria in the
Brazilian context. The proposal for evaluating the morphological performance of
constructed buildings aims to establish a means of identifying the current state of
conservation, to make known the intervention needs favorable to the maintenance of the
building's useful life, and to identify potentials that increase the efficiency of the building
and that reduces the environmental impact produced. The identification of the state of
conservation is inserted in the context of meeting the society's demand for quality health
care specifications, capable of meeting the activities that fit it, including a minimum
performance in the case of great demands, as is the case of the pandemic of the Covid-
19. In this study, a bibliographic and context survey of hospital buildings in Brazil was
carried out, followed by a survey of the methods of performance evaluation with the
greatest impact in the Brazilian context and of the Brazilian standards applicable in that
context. The evaluation of applied morphological performance includes evaluation of
original designs and standards; photographic records; building assessment and available
information bank. The evaluation was applied in two case studies - at Hospital Sarah
Brasília and at Hospital Regional da Asa Norte - to identify its relevance and applicability.
Finally, the results and considerations regarding the results obtained are responsible.

Keywords: performance evaluation, building inspection, hospital architecture

viii
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14
1.1 CONTEXTO ................................................................................................. 15
1.2 MÉTODO ...................................................................................................... 26
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 28
1.3.1 Objetivos gerais .............................................................................................. 28
1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 28
2 CONTEXTO DA ARQUITETURA HOSPITALAR ................................ 29
2.1 Saúde: Conceito e Evolução Histórica no Brasil ....................................... 29
2.2 A legislação aplicada a Arquitetura Hospitalar ........................................ 35
2.2.1 Portaria MS n° 400 de 06 de dezembro de 1977, Ministério da Saúde. ......... 35
2.2.2 RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002, Anvisa.............................................. 37
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO BRASIL ..................................... 40
3.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO NO BRASIL ....................................... 40
3.2 NORMA DE DESEMPENHO NBR 15575 (2013) .................................... 50
4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO ........................... 69
4.1.1 Avaliação De Desempenho Morfológico Adaptado (MDM-A) ..................... 85
5 RESULTADOS ............................................................................................. 94
5.1 Estudo de caso: Hospital Sarah Centro, Brasília – Brasil. ....................... 94
5.1.1 Avaliação via inspeção predial ..................................................................... 117
5.2 Estudo de caso: Hospital Regional da Asa Norte, Brasília – Brasil. ...... 122
5.2.1 Avaliação via inspeção predial ..................................................................... 138
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .... 147
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 150
ANEXO A – DATASUS 2015 .................................................................................... 156
ANEXO B – DATASUS 2021 .................................................................................... 158

ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desempenho Morfológico, dimensões sugeridas por Kohlsdorf e Kohlsdorf
(2017) ............................................................................................................................. 25
Figura 2 – Fluxograma de atividades de avaliação (ORNSTEIN, 1992, p. 63) ............ 41
Figura 3 – Agentes intervenientes no processo de produção e uso (ORNSTEIN, 1992) 43
Figura 4 – Os seis níveis de serviços de avaliação para o caso brasileiro (ORNSTEIN,
1992, p. 42) ..................................................................................................................... 45

x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo da evolução das dimensões morfológicas na arquitetura. Fonte:
Tenório (2012 p. 30) adaptado pela autora. .................................................................... 71
Tabela 2 – As seis dimensões de avaliação do desempenho morfológico dos lugares.
Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 469) e Holanda (2010) adaptado pela autora. .. 72
Tabela 3 – Dimensão Topoceptiva. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 271) ......... 74
Tabela 4 – Dimensão expressivo-simbólica. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 212)
........................................................................................................................................ 76
Tabela 5 – Dimensão Copresencial. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 140) ........ 77
Tabela 6 – Dimensão Bioclimática. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 110)......... 78
Tabela 7 – Dimensão funcional. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 241) .............. 79
Tabela 8 – Dimensão econômico-financeira. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p.
163) ................................................................................................................................. 81

xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CF/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
COEDF – Código de Edificações do Distrito Federal
CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah
DF – Distrito Federal
GDF – Governo do Distrito Federal
HBDF – Hospital de Base do Distrito Federal
HRAN – Hospital Regional da Asa Norte
HUB – Hospital Universitário de Brasília
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDE – Memorial Descritivo
MS – Ministério da Saúde
NBR – Normas Brasileiras aprovadas pela ABNT
NGB – Normas de Edificação, Uso e Gabarito
NOVACAP – Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
NT – Norma Técnica
OMS – Organização Mundial da Saúde
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios
PDL – Plano Diretor Local
PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PPCUB – Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília
RA – Região Administrativa
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SEGETH – Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação
SEHDAB – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SES-DF – SESDF
SHLS – Setor Hospitalar Local Sul
SMHS – Setor Médico Hospitalar Sul
SUS – Sistema Único de Saúde

xii
SUS-DF – Sistema Único de Saúde do Distrito Federal
UPA – Unidades de Pronto Atendimento
UTI – Unidade de Tratamento Intensivo
UTQ – Unidade de Tratamento de Queimados

xiii
1 INTRODUÇÃO

A discussão sobre o desempenho e capacidade de atendimento das edificações


hospitalares se acentuou no ano de 2020, com o surgimento da pandemia mundial de covid-19.
Em meados de março de 2020, foram registrados os primeiros casos da doença e, desde então,
em todo o mundo, há a discussão sobre a atual capacidade dos hospitais e sobre a ampliação da
rede. No Brasil em particular, há uma preocupação quanto a capacidade das edificações
existentes para atendimentos, o estado de conservação e funcionamento destas edificações,
gerando dúvidas quanto a capacidade de atendimento a toda a demanda de pacientes. Em
investigação dessa problemática, a CNN divulgou em abril de 2021 uma reportagem
classificando o mês como o mais letal desde o início da pandemia, e em diversos estados do
Brasil foi notificado o alcance de 100% da capacidade de internação (JULIÃO, 2021). Contudo,
conforme especialistas, a situação tende a continuar crítica até que haja uma vacinação em
massa da população de todo o mundo e do Brasil, que apresenta precariedade de infraestrutura,
dentre outros fatores. Há, inclusive, a preocupação mundial quanto ao controle da pandemia no
país, o que vem gerando a intervenção de instituições internacionais, como a ONU, em favor
do Brasil (RESENDE, 2021).

No contexto de Brasília, partindo do quantitativo de leitos como um dos indicadores de


desempenho e para fins de mensuração dessa problemática, podemos avaliar que, em 2015, o
Distrito Federal registrava 6.747 leitos – Anexo A, apresentando um déficit de 2.284 em relação
ao quantitativo recomendado pelo Ministério da Saúde (MS), que recomenda 3 leitos a cada
1.000 habitantes (GÓES, 2011). No ano de 2021, por sua vez, o Distrito Federal tem registrado
7.512 leitos – Anexo B, ou seja, houve apenas um aumento em torno de 10% em 6 anos em
relação ao déficit para a população registrada em 2015 e apresenta um déficit de 1770 leitos em
relação a população atual do DF que hoje representa um pouco mais que 3 milhões de habitantes
. A tempo, insere-se nesse contexto a capacidade de adaptação e flexibilização das edificações
existentes de forma a atender a ao programa de necessidades gerado pela demanda classificada
como normal ou excepcional como a presente crise de covid-19.

Nesse mesmo contexto, vem surgindo no Brasil a discussão sobre os hospitais de


campanha, que têm se apresentado como uma solução temporária e de custo elevado. Esses
hospitais estão sendo objeto de prestação de contas por todo Brasil, mas não apresentam
soluções a longo prazo (PRUDENCIANO, 2021), o que levanta novamente a discussão sobre

14
a situação dos hospitais existentes e a possibilidade do aumento do desempenho dessas
edificações. Contudo, para se avaliar a situação dessa tipologia arquitetônica singular e de
grande complexidade, haveria de se pensar em uma metodologia voltada para esta avaliação e
nesse contexto em que o presente estudo pretende se inserir, sugerindo um método de avaliação
de desempenho de edificações existentes via inspeção predial a partir de metodologias validadas
e adaptadas ao contexto hospitalar.

A sugestão de uma metodologia via inspeção predial é adequada, como será visto neste
e nos capítulos seguintes, porque ela possibilita a realização de avaliação de uma edificação em
um tempo menor de investigação e o apontamento de situações críticas para intervenção de
acordo com o previsto na legislação brasileira quanto à manutenção e inspeção das edificações.
Além do exposto como problemática inicial, este capítulo irá tratar da introdução aos temas que
se relacionam aos hospitais e à questão da avaliação de desempenho de edificações existentes.

1.1 CONTEXTO

O hospital consiste em uma instituição complexa por dever integrar, em seu


planejamento (pré ou pós-ocupação), fatores das mais diversas áreas da arquitetura, como
estrutura, sistema construtivo, revestimentos, instalações, equipamentos, tecnologia,
manutenção e gestão. Esses elementos influenciam diretamente a qualidade da edificação e a
eficiência da prestação de serviços de saúde.

Desta forma, o planejamento arquitetônico hospitalar deve considerar as atividades a ser


desempenhadas, a área de abrangência, a população a ser atendida, o número das
especializações oferecidas pela instituição hospitalar, a capacidade dos departamentos e os
equipamentos disponíveis (BRASIL, 2002a). Válido destacar que no caso de aumento de
demanda para atendimento no caso de crises sanitárias, deve-se considerar ainda a capacidade
de flexibilização dos espaços para o atendimento excepcional, a tendência de crescimento
populacional e consequente aumento nos atendimentos.

Outros fatores considerados em hospitais são a interação entre seus setores, a


humanização do espaço, o uso de alta tecnologia, a atuação profissional e os serviços industriais
influenciam diretamente a qualidade e a eficiência do hospital (GÓES, 2011). Além disso, o
planejamento físico-funcional de uma edificação de saúde deve ser baseado nas ações e metas
definidas, nas tecnologias de operação e do serviço, nas atividades e atribuições a ser

15
desempenhadas. Portanto, o hospital, atuando como receptor final na hierarquia de atendimento
em relação à estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, deverá ser dimensionado e
planejado (pré e pós-ocupação) em relação às particularidades do local em que se insere e
levando em consideração as atividades planejadas para ser desempenhadas.

Nesse contexto, há de se esclarecer que o hospital, segundo o Ministério da Saúde – MS


(BRASIL, 2002a), possui a função básica de assistência médica integral, curativa e preventiva,
atuando complementarmente como centro de educação, capacitação de recursos humanos e
pesquisa em saúde. Já aos equipamentos de saúde a ele vinculados (como postos de saúde) cabe
a sua supervisão, orientação e acompanhamento, além do dever de receber e atender os
pacientes encaminhados (BRASIL, 1977a). O hospital deve ser pensado com base nas
particularidades do estado, da região, do município e nas demandas da edificação a ser
implantada, o que resulta, portanto, em edificações únicas.

Ou seja, o planejamento de um hospital, inclusive no pós-ocupação, deve acompanhar


questões quanto as necessidades a que se destina a edificação, não devendo tornar-se um
equipamento estável no tempo, mas apresentar a capacidade de se adaptar-se ao longo dos anos
de forma a atingir os seus objetivos da melhor forma. Os equipamentos destas edificações de
saúde tendem a passar por processos de atualização e remodelagem ao longo dos anos e com o
desenvolvimento das tecnologias e as estruturas que comportam tais equipamentos devem
possuir a capacidade de adaptar-se para acomodar a eles. Enfatizando nesse sentido a
necessidade de edificações hospitalares apresentarem maiores indícios para flexibilização e
alteração dos seus espaços para atendimento as demandas fixas ou até mesmo emergenciais –
como tem sido o caso do Covid-19.

No entanto, quando a edificação hospitalar deixa de ser um equipamento de qualidade


e apresenta baixa eficiência ou necessidade de adequação, há de se pensar na reabilitação da
mesma – reabilitação aqui entendida como processo de manutenção e recuperação dos
componentes e processos necessários para que a edificação posso recuperar o desempenho ao
qual foi planejada ou a manutenção da vida útil. Essa correção pode ser relacionada à mitigação
de anomalias e degradação da edificação (HELENE, 1992; THOMAZ, 1989); à melhoria do
desempenho térmico e energético (ROMERO; SALES, 2016); a considerações do desempenho
econômico-financeiro (MASCARÓ, 1985; OLIVEIRA, 2016); ao desempenho dos serviços
prestados por meio do aprimoramento do planejamento arquitetônico (GÓES, 2011;
KARMAN, 1994); à otimização dos processos envolvidos (ALÁSTICO; TOLEDO, 2013), a
16
logística e sistematização (BROSS, JC; 1989 apud GUELLI; ZUCCHI, 2005); à maximização
da segurança e do conforto dos usuários, ou ainda “a redução dos impactos ambientais por meio
do aumento da eficiência dos sistemas componentes do espaço construído” (ROMERO;
TEIXEIRA, 2016), utilizando, sempre que possível, energias renováveis. É possível considerar,
ainda, a otimização e a eficiência em relação ao funcionamento, à redução do impacto ambiental
do meio em que se insere, à produtividade, ao mínimo desperdício e à qualidade, além de
relacionar ao preceito de preditividade – atividade voltada ao prévio estudo de impactos sobre
a edificação (KARMAN, 1994).

No contexto brasileiro, Ornstein (2017) esclarece que a avaliação pós-ocupação, em


conjunto a avaliação de desempenho, vem sendo desenvolvida e aplicada, em sua maioria, em
estudos relacionados às habitações; e em menor expressão, nas demais tipologias da arquitetura.
Conforme exposto pela mesma autora (ORNSTEIN et al., 2009), em estabelecimentos de saúde,
os itens a serem avaliados diferem daqueles aplicados a habitações, fazendo-se necessária uma
avaliação mais técnica do que baseada na opinião do usuário, além de adequações e pesquisas
complementares direcionadas, como o caso dos estudos aplicados pela FIOCRUZ no Rio de
Janeiro, por uma equipe multidisciplinar composta por Castro, Lacerda e Penna (CASTRO;
LACERDA; PENNA, 2004; PENNA et al., 2002). Dentro desse aspecto, há de se pensar num
método de avaliação de desempenho voltado à arquitetura hospitalar.

Segundo Ornstein e Del Cario (2017), a Avaliação Pós-Ocupação no Brasil pode ser
relacionada à década de 1960, durante a qual o Prof. Dr. Ualfrido del Carlo dedicou-se à
temática correlacionada, em seu doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (FAU/USP) e em trabalhos posteriores, perpassando pela avaliação
do desempenho ambiental até a fase de Avaliação Pós-Ocupação, na qual nos encontramos.

Outro fator que colabora com a visualização da necessidade do desenvolvimento de um


método de avaliação do ambiente construído aplicado à arquitetura hospitalar, com vistas a sua
manutenção e reabilitação, é esclarecimento recorrente acerca do alto custo de investimento
para a construção de novos hospitais, do qual 60% correspondem às obras e 40% aos
equipamentos (GÓES, 2011; HELENE, 1992; KARMAN, 1994; ORNSTEIN, 1992;
THOMAZ, 1989). Até mesmo a terceirização de alguns serviços hospitalares, como a
lavanderia industrial e as centrais de esterilização e nutrição, geram uma redução da área do
edifício e influenciam diretamente no custo de construção/manutenção. Também contribui para
o alto custo a factual e constante evolução da medicina e da tecnologia — e, consequentemente,
17
de seus equipamentos e ambientes que, de certa forma, exigem da edificação hospitalar o
constante desenvolvimento e adequação, de forma a acompanhar essa evolução, pois nem
sempre a edificação é compatível com as necessidades daquele momento. Deve-se visar,
portanto, sempre que possível, a redução de custos e de tempo e o aumento da qualidade e
desempenho da edificação.

A eficiência da edificação aqui citada, se relaciona ao preceito de se obter o máximo


desempenho possível dentro das circunstâncias atuais da edificação, além de se relacionar ao
conceito de sustentabilidade no sentido da redução do impacto ambiental de uma edificação de
grande impacto, como é o caso de hospitais. Essa temática é discutida recorrentemente por
pesquisadores da área, que destacam, principalmente, fatores como o desperdício de recursos,
o impacto ambiental e o alto consumo de água e energia pelas edificações (KARMAN, 1994;
ROMERO; SALES, 2016). Essas ações podem ser vantajosas não somente sob a visão do
desenvolvimento sustentável – ou ecologicamente responsável, mas também por influenciar
econômica e financeiramente a edificação ao longo dos anos.

Desta forma, pode-se deduzir que o aumento do desempenho e eficiência do ambiente


construído seria vantajoso em relação à construção de um complexo hospitalar totalmente novo,
devido a aspectos tanto econômico-financeiros como de impacto ambiental. É nesse contexto
que se insere, portanto, a necessidade de uma avaliação do ambiente construído e ocupado, de
modo a verificar se o mesmo desempenha corretamente a função a que se destina ou ainda se
há maneiras de torná-lo mais eficiente. Tendo o termo eficiência aqui considerado como a
mensuração do desempenho de determinados critérios por meio de indicadores pré-
estabelecidos – conforme será visto no capítulo 4.

Nesse contexto, Souza e Ripper (1998) afirmam que o ciclo de vida de uma edificação
compreende três etapas: o projeto, a execução e a manutenção, que devem ser coordenadas pelo
gestor do empreendimento. Conforme a NBR 13531/95, a coordenação de todos os projetos
complementares deve ser adequada ao projeto de arquitetura da edificação, cabendo ao
arquiteto o papel de intermediar a relação dos demais coordenadores/projetistas (ABNT,
1995a).

Quanto a edificação em si, segundo nos reafirma Ércio Thomaz, é comum a ideia geral
dos usuários de que as edificações são elementos sólidos e contínuos, de forma que não há a
adequada percepção de que, em uma edificação, são necessárias a correção e a manutenção do

18
desgaste natural dos sistemas construtivos ao longo de sua vida útil (apud CARVALHO
JÚNIOR, 2018). O desgaste das edificações, é valido lembrar, nem sempre ocorrem pela
presença de anomalias decorrentes de erros de execução ou projeto, mas também pelo desgaste
natural dos sistemas e componentes que o compõem. Nesse contexto, é válida a aplicação do
manual de manutenções citado pelas NBR 5674 (ABNT, 2012) e NBR 15575 (ABNT, 2013),
que evidenciam a necessidade de um plano de conservação para a edificação e a necessidade
de manutenção para cada elemento, que possui vida útil de forma independente. Válido
esclarecer que no presente estudo, os elementos que apresentam desvio quanto a sua
composição, função, funcionamento ou desempenho serão aqui classificados como anomalias.

As anomalias, aqui, podem ser entendidas tanto como deterioração de determinado


elemento, material ou componente, como mau funcionamento desses, podendo apresentar
alterações físicas ou químicas quanto ao seu estado inicial. Algumas situações podem não se
inserir no conceito de anomalias, mas sim de defeitos, onde podemos considerar que defeito
consiste na presença de “anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaça de
dano à saúde ou segurança do consumidor, decorrentes de falhas de projeto ou execução de um
projeto ou serviço, ou ainda, da informação incorreta ou inadequada de sua utilização ou
manutenção” (ABNT, 1996). Já os vícios ocultos são anomalias que podem diminuir, com o
tempo, a vida útil da edificação e o seu valor de mercado. O artigo 18 do Código do
Consumidor, por exemplo, torna possível a desistência da compra no caso da identificação de
vícios que tornem o imóvel impróprio para uso ou que diminuam seu valor de mercado
(CARVALHO JÚNIOR, 2018).

No caso da manutenção, deve-se considerar que as edificações possuem um período de


“vida útil” e, portanto, devem ser monitoradas para se verificar suas durabilidades e para
identificar, o quanto antes, a presença de anomalias. Como na saúde, é sabido que toda
anomalia, quanto mais precocemente investigada, mais probabilidade carrega de apresentar
uma solução mais viável, menos invasiva e, consequentemente, mais econômica. É necessário
frisar que a manutenção é prevista na legislação brasileira (ABNT, 2012) como um dos meios
de conservação dos edifícios, assim como de relevante impacto para a avaliação de desempenho
das edificações e elementos que as compõem (ABNT, 2013).

Nesse contexto, é válido esclarecer que o estudo da patologia e/ou anomalias, segundo
Militisky, Schnaid e Consoli (2005), busca identificar as formas de manifestação, de
degradação, o mecanismo das falhas e, consequentemente, suas origens, podendo ser dividido
19
entre os problemas simples e os complexos, sendo esses os que necessitam de uma análise mais
pormenorizada e aqueles os que possuem um diagnóstico e uma profilaxia mais evidentes.
Assim sendo, as anomalias simples são passíveis de padronização e definição de roteiro para
manutenção correspondente, enquanto as complexas necessitam de análise realizada por um
profissional altamente especializado, não se aplicando os mecanismos de inspeção
convencionais.
Quadro 1 – Origem dos problemas patológicos nas edificações (CARVALHO JÚNIOR, 2018, p. 30)
Falhas de compatibilização entre os diversos
projetos da obra
Baixa qualidade dos materiais
especificados ou especificação
inadequada dos materiais
Especificação inadequada dos materiais
Falhas de Detalhamento insuficiente, omitido ou
projetos errado
Falhas específicas de projetos
Detalhe construtivo inexequível
Falta de clareza da informação
Falta de padronização nas
representações gráficas
Erro de dimensionamento
Falta de procedimento de trabalho (padronização)
Falta de treinamento de mão de obra
Falhas de Processo deficiente de aquisição de materiais e
gerenciamento e serviços
execução Processo de controle de qualidade insuficiente ou
inexistente
Falhas ou falta de planejamento de execução
Utilização errônea dos sistemas hidráulicos
prediais
Falhas de
utilização Vandalismo
Mudança de uso devido às novas necessidades
impostas à edificação
Desgastes naturais dos mecanismos de vedação dos componentes das instalações hidráulicas
Deterioração
prediais
natural do
sistema Desgastes devido ao uso
Deterioração dos materiais

Quanto as causas das anomalias mais recorrentes no campo da construção civil,


Carvalho Junior (2018) divide a origem das anomalias em quatro partes (Quadro 1): falhas de
projeto, falhas de gerenciamento e execução, falhas de utilização e deterioração natural do
sistema. No caso das instalações prediais, as instalações hidrossanitárias representam a maioria
das patologias encontradas em serviço, como Carvalho Junior (2018) expõe em seu estudo, com
a avaliação de 24 laudos de edificações residenciais multifamiliares verticais, tanto de edifícios
mais antigos quanto de edificações com até um ano de uso – resultado este que pode ser
comparado a outras edificações de grande porte. Segundo Carvalho Junior (2018, p. 12) “As
20
patologias, que geralmente têm origem nas especificações pouco detalhadas de projeto, no uso
indevido de materiais, nas falhas de execução, nas omissões de fiscalização, no mau uso e na
falta de programação de inspeções periódicas e [...] falta de serviços de manutenção, todas vão
desembocar em riscos, danos e prejuízos de alto custo social”.

Dentre os grupos de falhas divididos pelo autor, é válido destacar as falhas de


compatibilização entre os diversos projetos da obra, pois essa “falha de projeto” consiste na
falta da integração dos sistemas construtivos da arquitetura com as instalações prediais, seja por
falta de coordenação ou inexperiência dos envolvidos. É valido destacar que uma coordenação
tecnicamente adequada teria condições de minimizar os danos decorrentes de falhas específicas
de projetos. Contudo, o que se vê no ramo da construção civil são profissionais que atuam
independentemente, sem interesse pela integração de todo o sistema, transferindo para a obra
pequenos “quebra-cabeças” que ajudam a aumentar as falhas de execução e consequentemente
a tendencia de aparecimento de anomalias na edificação no futuro.

Por vezes, no caso das patologias decorrentes de erros de dimensionamento não são
causadas por erro de cálculo ou de consideração de variáveis inadequadas, mas sim por falta de
detalhamentos — seja por desenhos, perspectivas ou detalhes; por falta de especificação e/ou
especificação incorreta; seja por não entrega de memorial de cálculo e lista de equipamentos.
Em relação ao erro de especificação de material, que faz parte do dimensionamento do sistema,
muitas vezes pode passar despercebido no momento da execução e ser identificado apenas
durante o uso. Evidenciando, portanto, a necessidade de avaliação das edificações pós-
ocupação e ao longo dos anos e da manutenção periódica, para mitigação de anomalias
decorrentes de falhas do ciclo da edificação do projeto até a execução e posteriormente do uso
da edificação, uma vez que algumas anomalias irão surgir apenas ao longo do tempo e outras
como desgaste natural dos componentes.

Vale destacar que a manutenção hospitalar, segundo Karman (1994), consiste em um


“mal necessário” para prevenir um “mal indesejável”, um meio de prevenção contra um
“hospital doente”, no qual se incluem a manutenção preditiva, a preventiva, a corretiva e de
continuidade operacional. Esses tipos de manutenções, segundo Karman e Fiorentini (2006), se
relacionam diretamente à competividade no âmbito da arquitetura hospitalar, pois quanto mais
“sadia” uma edificação é — em todos os aspectos relacionados a ela — mais funcional e
otimizada ela tende a se tornar. Também Seppanen et al (2018) esclarecem que as instalações

21
e infraestrutura das edificações influenciam diretamente o atendimento de pacientes, de modo
que há estudos nesse sentido nos Estados Unidos e na Europa.

Os autores Souza e Ripper (1998), por sua vez, apresentam uma classificação
simplificada em relação a Karman (1994), na qual diferenciam a manutenção estratégica e a
manutenção esporádica, sendo que esta geralmente se relaciona à manutenção emergencial e
aquela à prevenção, na qual se inserem dois tipos de inspeções: as condicionadas e as
periódicas. As inspeções condicionadas se relacionam a casos de danos de maior potencial de
risco, devendo ser analisadas por pessoal técnico especializado, com a verificação das
condições de progressão da patologia, se ativas ou estacionárias. Já a inspeção periódica é
indispensável para a manutenção preventiva, devendo ser aplicada especificamente à estrutura
a ser analisada, uma vez que possui como finalidade a identificação de danos e anomalias da
edificação, e podendo ser aplicada por uma equipe não especializada, mas treinada e
familiarizada com este procedimento.

Ou seja, a questão da gestão de manutenção, por meio de inspeção predial, tem a


capacidade de possibilitar o planejamento, a estimativa de custo e o controle dos serviços a ser
prestados para a mitigação da ocorrência de determinadas anomalias; uma vez que as
manutenções emergenciais podem vir a ocorrer (CARVALHO JÚNIOR, 2018). A programação
de manutenções preditivas contribui, ainda, para a automatização dos processos de
planejamento de recurso e de emissão de ordens de serviço (CARVALHO JÚNIOR, 2018).
Outra etapa importante para o planejamento de gestão da edificação é a definição do grau de
urgência para cada anomalia encontrada durante a inspeção e/ou manutenção preditiva, que
pode utilizar métodos para a avaliação tanto quanto à perda de desempenho dos elementos
quanto ao risco que pode oferecer aos usuários (CARVALHO JÚNIOR, 2018).

A NBR 5674 de 2012 (ABNT, 2012) especifica que as inspeções periódicas devem
constar no programa de manutenção previsto nos manuais da edificação, não substituindo, por
sua vez, a inspeção predial. Nela também consta que o plano de manutenção deve determinar
as atividades básicas para a manutenção, os responsáveis, a periodicidade e todos os
documentos de referência necessários para a correta manutenção. No caso da NBR 16747 de
2020 (ABNT, 2020a), para fins metodológicos, conceitua-se que os agentes de degradação são
aqueles capazes reduzir o desempenho da edificação, que anomalias são aquelas que ocasionam
a perda do desempenho e que falha implica o término da capacidade da edificação.

22
Os autores Souza e Ripper (1998) esclarecem, ainda, que a inspeção periódica deve
avaliar as seguintes situações: inexistência de danos; pequenos danos; danos importantes; danos
emergenciais e alarme, sendo tais situações caracterizadas, respectivamente, por necessidade
de: nenhuma atitude; correção por pessoal não especializado; correção por empresas de pequeno
ou médio porte com responsável técnico; convocação de especialistas para providências; ou de
escoramento parcial ou total — passível de ruína.

Nesse caso, segundo a NBR 16747 de 2020 (ABNT, 2020b), a inspeção atua como
instrumento de investigação e mitigação de riscos técnicos e econômicos associados à perda de
desempenho, e busca auxiliar na gestão da edificação, desde que realizada com uma regular
periodicidade. A NBR 16474 cita ainda que a atividade de inspeção predial possui, portanto, a
finalidade de dar fundamentação para a “gestão de uso, operação e manutenção da edificação”,
pois objetiva constatar o estado de funcionamento, a conservação e o desempenho da edificação
durante a sua vida útil. A inspeção predial visa, portanto, identificar a manutenção das
condições mínimas de durabilidade, habitabilidade e segurança da edificação. A avaliação
consiste na verificação da capacidade de atendimento da edificação quanto a sua função e no
registro de anomalias, falhas e agentes patológicos. Ela pode demandar equipes com
conhecimentos multidisciplinares, pois tem o objetivo de realizar uma análise global da
edificação. A atividade caracteriza-se principalmente por possuir um caráter sensorial, pois o
processo se baseia principalmente na identificação de patologias ou sinais aparentes.

Segundo a NBR 16747 de 2020 (ABNT, 2020a), a avaliação sensorial se baseia na


percepção dos cinco sentidos em relação aos elementos de estudo; a inspeção predial visa
mensurar as “condições técnicas, de uso, operação, manutenção e funcionalidade da
edificação”, de forma sistêmica e com base na percepção sensorial (visão, olfato, tato, audição
e gustação). Já a inspeção predial especializada visa avaliar as mesmas condições que a
inspeção predial, de forma a complementar ou a aprofundar o diagnóstico.

A inspeção predial, portanto, se insere nesse contexto da avaliação de desempenho de


hospitais, ou qualquer outra edificação, como uma das ferramentas de gestão e manutenção que
permite conhecer o estado de conservação dos edifícios, visando evitar acidentes, a perda de
vidas e do patrimônio, a contínua degradação da edificação e a ocorrência de anomalias. A
inspeção pode ter como foco tanto sistemas únicos da edificação como toda a macroestrutura,
se vinculando à necessidade e ao objetivo a que se destinam.

23
Dessa forma, conclui-se que as inspeções e consequente manutenções deverão verificar
principalmente os locais passíveis de potencial deterioração e desgaste, de forma a avaliar o
desempenho dos componentes que compõem a edificação e monitorar seu estado de
conservação para evitar que os problemas e anomalias da edificação venham a diminuir a
capacidade de desempenho da edificação.

A inspeção predial em si exige certo conhecimento técnico por parte do profissional,


além de poder ocorrer por diversas formas e ter diversos focos, desde a identificação de
patologias mais específicas até a avaliação global da edificação. Nesse sentido, o campo da
Avaliação de Desempenho nos traz, como uma de suas premissas, os “itens de avaliação”. Os
itens (ou critérios) consistem, resumidamente, em um checklist ou em pontos de apoio para a
análise a ser realizada. Contudo, no contexto da avaliação de desempenho, existem diversos
autores que exploram os mais diversos métodos, cada um voltado para a particularidade a que
se destina. Não existe, portanto, um método ideal, e sim aquele desenvolvido para cada
finalidade e complexidade a que se destina.

Ou seja, para a manutenção do desempenho mínimo da edificação – considerando como


mínimo aquele para o qual foi planejado, é necessário a verificação do estado de conservação
da edificação por meio de métodos e ferramentas validadas de avaliação do desempenho
naquele momento da verificação. O método de avaliação deve atender as especificações da
tipologia da edificação avaliada de forma que informações obtidas e os resultados alcançados
sejam capazes de orientar os processos seguintes e possibilitar o acompanhamento dos
resultados obtidos ao longo do tempo, uma vez que a avaliação de desempenho das edificações
visando a sua manutenção devem ser contínuos e periódicos. A periodicidade das avaliações é
recomendação das normas brasileiras e bibliografia relacionada ao tema pois tem-se em vista
que os sistemas são compostos por materiais físicos e apresentarão desgaste ao longo do tempo.
A avaliação de desempenho pode ainda exercer o papel de verificador de potencial de aumento
de eficiência da edificação, seja no desenvolvimento de suas atividades, seja no potencial de
redução de custos de manutenção ou até mesmo considerando a redução do impacto ambiental
gerado por aquela edificação.

Portanto, aqui se evidencia a necessidade de um método de avaliação periódico das


edificações, com vistas à verificação não só do desempenho da edificação, mas também da
verificação de anomalias que tendem a reduzir o desempenho dos elementos ao longo do tempo.
No aspecto da inspeção periódica, atendendo a norma de inspeção predial, é necessário
24
estabelecer uma análise preliminar sensitiva, de forma a indicar os pontos nos quais se verifica
a necessidade de estudos mais aprofundados das problemáticas encontradas.

Dentro do exposto, deduz-se, portanto, que existe a necessidade de uma avaliação


constante, via inspeção predial, do estado de conservação das edificações, principalmente dos
hospitais, uma vez que o reparo nessa tipologia de arquitetura tende a apresentar um maior
impacto financeiro. Deve-se ainda considerar o aspecto social, pois, quando os elementos que
compõem o complexo hospitalar não funcionam corretamente, o desempenho das atividades
dessa edificação é prejudicado e, consequentemente, é reduzida a sua capacidade de
atendimento, seja direta ou indiretamente, afetando o usuário, seja ele excepcional, temporário
ou periódico.

Figura 1 – Desempenho Morfológico, dimensões sugeridas por Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017)

Nesse contexto e tendo em vista a periodicidade necessária para acompanhamento das


edificações, faz-se necessária a utilização de um método de avaliação de desempenho de
monitoramento, inserindo-se aqui a recomendação das normativas quanto avaliações via
inspeção predial que consistem em avaliação sensoriais dos aspectos da edificação de forma a
identificar-se os elementos básicos e aqueles que necessitam de uma investigação aprofundada
de suas problemáticas. Sendo necessário, contudo, que a avaliação de desempenho seja
realizada por uma equipe multidisciplinar ou por profissionais capacitados para esta avaliação
via inspeção predial como apontado nesta pesquisa e de acordo com as avaliações de

25
desempenho validadas apontadas no capítulo 3 desta pesquisa. Quanto as informações a serem
levantadas, tipo de documentos a serem utilizados e período necessário para avaliação, tomou-
se como base as recomendações de Ornstein (1992) devido a relevância dos estudos da autora
no contexto brasileiro e incluiu-se nesse estudo as orientações dos grupos de pesquisa
correlacionados – como o aplicado na Fiocruz. Nesse momento optou-se pelo foco na avaliação
de desempenho sem incluir a opinião do usuário devido a tipologia da edificação e do tempo
disponível para pesquisa.

Tendo em vista o histórico, as características, sistemas, componentes e atividades


desenvolvidas nas edificações hospitalares expostos nesta pesquisa em com base no
levantamento bibliométrico dos temas correlacionados, optou-se pela aplicação da avaliação de
desempenho morfológico desenvolvida por professores e pesquisadores da Fau/UnB. O método
foi escolhido por se fazer entender que categorização da avaliação das edificações por 6
dimensões diferentes, figura 1, que possibilitaria a avaliação da edificação em todas as camadas
que a compõem e dessa forma contribuir com uma avaliação mais sistemática e objetiva –
conforme será visto no capítulo 4. Devido o foco inicial da pesquisa da avaliação de
desempenho morfológico estar mais relacionada ao contexto urbano, foram realizados ajustes
na metodologia. Nesse primeiro momento, a avaliação de desempenho morfológico abordada
foi a econômico-financeira, na qual foram incluídos itens de avaliação do estado de conservação
visando a manutenção da edificação e de avaliação de sistemas de potencial aumento de
eficiência da edificação – seja por redução de impacto ambiental, seja por redução de custos de
manutenção conforme verificado a pertinência anteriormente. No entanto, inicialmente será
exposto, no Capítulo 2, os conceitos, a organização e as normas aplicáveis aos hospitais, para
que se conheça a tipologia a ser avaliada e as nuances que a compõem.

1.2 MÉTODO

A metodologia do presente estudo consiste em seis etapas: (1) Levantamento da


bibliografia relacionada à arquitetura hospitalar e às normas aplicáveis à área, incluindo as
normas do Distrito Federal; determinação do conceito de eficiência e reabilitação do ambiente
construído, além do papel da inspeções técnicas, vistorias e manutenção no âmbito da
reabilitação do ambiente construído da arquitetura hospitalar; levantamento dos estudos acerca
da avaliação pós-ocupação e da avaliação de desempenho no âmbito do ambiente construído e
levantamento das recentes pesquisas acerca da reabilitação do ambiente construído aplicado à
arquitetura hospitalar; (2) Levantamento de bibliografia referente à avaliação de desempenho
26
morfológico dos lugares e sua adaptação ao contexto da arquitetura hospitalar e à avaliação pós-
ocupação no Brasil, inserindo o estudo da NBR 15575, a chamada norma de desempenho; (3)
Aplicação do método adaptado nos hospitais Sarah Centro e Hospital Regional da Asa Norte, a
fim de avaliar a possibilidade de aplicação do método em diferentes tipos de hospitais, de
diferentes tipos de gestão; e, por fim, (4) Apresentação dos resultados obtidos e avaliação da
validade do método adaptado e de sua aplicabilidade ao contexto da avaliação de hospitais.

A primeira etapa (1) consistirá na pesquisa bibliográfica e documental em livros,


revistas, artigos, trabalhos acadêmicos e sites sobre a história da saúde e da criação do SUS,
considerando suas características, sua função social e sua aplicação, sobre a terminologia
aplicada aos equipamentos de saúde e sobre a legislação específica aplicada à arquitetura
hospitalar no Brasil e no Distrito Federal.

A segunda etapa (2) consistirá na pesquisa bibliográfica e documental em livros,


revistas, artigos, trabalhos acadêmicos e sites sobre o método de avaliação de desempenho
morfológico, a avaliação pós-ocupação e a norma de desempenho NBR 15575. O objetivo será
adaptar a avaliação de desempenho morfológico ao contexto da arquitetura hospitalar e incluir
itens de avaliação para a mensuração da eficiência da edificação, incluindo questões de impacto
ambiental, sustentabilidade, durabilidade e manutenibilidade das edificações. Serão
apresentados, por fim, os critérios de avaliação a ser utilizados, com foco na dimensão
econômico-financeira.

Na terceira etapa (3), será aplicado o método adaptado com base nas dimensões
morfológicas do Hospital Sarah Brasília e do Hospital Regional da Asa Norte, com vistas à
verificação da conformidade do método proposto e de sua pertinência, assim como à
confirmação quanto à validade da avaliação continuada e de seu papel sobre a qualidade da
edificação.

Na quarta etapa (4), serão apresentados os resultados obtidos nas avaliações. Será
analisada, inicialmente, a conformidade das edificações em relação à legislação vigente, e serão
identificados os pontos fortes e fracos de hospitais passíveis de adaptação para o aumento da
eficiência e da qualidade das edificações. Será avaliada, por fim, a validade da adaptação do
método e sua pertinência quanto ao contexto das edificações hospitalares.

27
1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivos gerais

O objetivo geral desta dissertação é estabelecer a avaliação de desempenho morfológico


de edificações assistenciais de saúde via inspeção predial.

1.3.2 Objetivos específicos

a. Adaptar o método de avaliação de desempenho morfológico ao contexto das edificações


hospitalares;
b. Identificar critérios de potenciais para aumento de eficiência da edificação e redução do impacto
ambiental produzido;
c. Identificar critérios para verificação do estado de conservação presente da edificação para se
fazer conhecer as necessidades de intervenção para manutenção de sua vida útil

28
2 CONTEXTO DA ARQUITETURA HOSPITALAR

Este capítulo tem como finalidade apresentar um breve histórico sobre a saúde, a criação
do SUS e a terminologia aplicada aos equipamentos de saúde, com a finalidade de
contextualizar e fornecer as informações necessárias para o entendimento da arquitetura
hospitalar no Brasil, incluindo a exposição das principais normas aplicáveis aos equipamentos
de saúde e os requisitos a serem cumpridos pelo equipamento hospitalar. Para isso, parte-se do
princípio de que, para uma correta avaliação de desempenho de edificação, deve-se entender o
princípio norteador de sua formação e os objetivos que se pretende atingir.

2.1 Saúde: Conceito e Evolução Histórica no Brasil

Segundo a Declaração de Alma-Ata (“DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA,” 1978), o


conceito de saúde consiste em um:

Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência


de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e que a consecução do
mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja
realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor
saúde.

A história da saúde está diretamente interligada à história hospitalar, pois desde os povos
do Egito e da Babilônia existiam espaços reservados ao tratamento de doentes e feridos (GÓES,
2011). Esses espaços, segundo Góes (2011), estão ligados à palavra hospital, que surgiu dos
termos latinos hospitalis (aquele que hospeda) e hospitium (aquele que hospeda enfermos,
pobres e insanos). No advento do cristianismo, surgiu o termo nosocomiun — lugar para receber
doentes, no tempo em que os monges passaram a atender pobres, estrangeiros e peregrinos
(GÓES, 2011). Somente com os concílios de Clermont (1130) e de Latran (1139) os monges
foram proibidos de praticar a medicina, pois foi decidido que tal atividade deveria somente ser
praticada por leigos (GÓES, 2011).

Quanto ao Brasil, na época de sua nomeação como sede provisória do Império


Português, em 1808, foi verificada a necessidade de implantação de uma Junta de Higiene
Pública, com o objetivo de cuidar da saúde da população e de se estabelecer um controle
sanitário mínimo na capital do Império (BRASIL, 2011a). As atividades da Junta atinham-se à
“delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais e o controle de navios e saúde dos
portos”, não resolvendo a questão da saúde pública para a população até então (BRASIL,
2011a).
29
No advento da Proclamação da República em 1889, sob um enfoque capitalista, buscou-
se alcançar a melhoria da saúde pública como meio de garantir a aptidão dos operários e,
consequentemente, o desenvolvimento econômico, valorizando a medicina e os assuntos
sanitários (BRASIL, 2011a). O aumento do interesse do governo quanto à saúde coletiva e a
crescente intervenção do Estado para sua garantia contribuíram para a criação dos preceitos da
“política da saúde”, geridos pelo SUS posteriormente (BRASIL, 2011a).

Nesse período, são criados o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) e o


Sistema Nacional de Saúde (SNS) — posteriormente extinto e substituído pelo SUS (BRASIL,
2011a). A partir da década de 1940, é possível verificar atividades relacionadas ao estudo e
ações ligadas à saúde no Brasil, tendo como marco, em 1941, a 1ª Conferência Nacional de
Saúde — Defesa sanitária, assistência social, proteção da maternidade, infância e adolescência
(BRASIL, 2008).

Vale destacar que nesse momento tratavam-se de questões mais teóricas do que práticas,
já que ainda no início do século XX eram registradas epidemias graves, como a da varíola e da
febre amarela (BRASIL, 2011a). Perante esse quadro, iniciou-se a formulação de um modelo
sanitário para o combate a enfermidades e para a proteção à vida da população no Brasil, que
consistia em um plano contínuo, e não somente de controle de surtos epidemiológicos
(BRASIL, 2011a).

A assistência médica, contudo, só passou a ser conhecida expressamente como política


pública em 1923, com a Lei Eloi Chaves, que era garantida aos trabalhadores que contribuíam
para fundos de pensão e aposentadoria (BRASIL, 2011a). Ou seja, antes de 1988, o atendimento
de hospitais públicos era voltado apenas a 30 milhões de brasileiros que contribuíam com a
Previdência Social (BRASIL, 2008). Esse quadro se manteve estável até o advento da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), que prevê os direitos sociais
ao povo brasileiro e específica:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,


o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (grifo nosso BRASIL,
1988).

Ainda em concordância ao estabelecido pelo Art. 198 da CF/88, nesse momento surge
a previsão legal do direito à saúde, na qual “A saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício” (BRASIL, 1990)

30
por meio da lei 8.080, que regulamenta ainda o fornecimento, garantia e operacionalização da
saúde pública brasileira, e determina:
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições
públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das
fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).

Ou seja, a partir desse momento, o SUS é o responsável pela gestão dos fatores
relacionados à saúde pública e coletiva no Brasil, por meio de órgãos e instituições integrantes
da administração direta mantida pelo Poder Público (BRASIL, 1990). O sistema deve, portanto,
prover a “promoção, proteção e recuperação da saúde”, visando diminuir o risco de doenças
por meio da prevenção e podendo contar com a participação da rede privada de forma
complementar, por meio de convênios, parcerias ou contratos (BRASIL, 2011a). O SUS possui,
ainda, como preceitos principais a hierarquização, a descentralização, a regionalidade, o
atendimento integral e a participação da comunidade (BRASIL, 1988, Art. 198).

A hierarquização consiste na prestação dos serviços pelos equipamentos de saúde por


meio de três níveis de atendimento: segundo a complexidade dos serviços; a regionalidade; e
as atividades a ser desempenhadas (GÓES, 2011). Nesse contexto, no Quadro 2 estão
representados os três níveis de atendimento, nos quais se apresenta também suas estruturas
físicas típicas e as atividades desempenhadas correspondentes. Já na Figura 2 está ilustrada a
rede hierarquizada a que se refere o Art. 198 da CF/88.

Quadro 2 – Níveis de Atendimento (2015).


Fonte: Quadro elaborado pela autora com base em GÓES (2011).
Nível Primário
Estrutura Física: postos e centros Atividades: saúde, saneamento e diagnóstico simplificado.
de saúde.
Nível Secundário
Estrutura Física: unidades mistas, Atividades: apoio ao nível primário e clínicas básicas (médica,
ambulatórios gerais, hospitais cirúrgica, pediátrica, ginecológica e obstétrica.
locais e regionais.
Nível Terciário
Estrutura Física: ambulatórios, Atividades: casos mais complexos do sistema, atenções de
hospitais regionais e os nível ambulatorial, urgência e internação.
especializados.

A descentralização, por sua vez, representa o Ministério da Saúde, as Secretarias de


Saúde Estaduais e as Secretarias de Saúde Municipais, relacionadas à União, estados e
municípios, respectivamente (BRASIL, 2011a). A regionalidade está relacionada à
determinação de Regiões de Saúde que deverão conter, no mínimo, os serviços de atenção
primária; urgência e emergência; atenção psicossocial; atenção ambulatorial especializada e
31
hospitalar; e vigilância em saúde (BRASIL, 2011b). As Regiões de Saúde são conceituadas
como:
Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes,
delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de
comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de
integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde
(BRASIL, 2011b).

A municipalização — outro termo relacionado à regionalidade — consiste na política


adotada pelo Brasil, na qual o município é o responsável primário e o gestor de ações e serviços
da saúde, e sobre o qual é aplicado também o princípio da descentralização (BRASIL, 2006).
O preceito do atendimento integral se relaciona ao direito social à saúde, buscando a
recuperação e o tratamento do enfermo e a participação da comunidade, como meio de
responder à demanda da população e do local em que se insere (BRASIL, 2002b).

Figura 2 – Estrutura da rede SUS conforme a hierarquia.


Fonte: GÓES, 2011.

Desse modo, o SUS consiste no atual sistema de saúde pública do país, planejado com
base na municipalização para atender a demanda da comunidade, de acordo com uma hierarquia
de atendimento pré-definida, visando o atendimento integral com vistas à promoção da saúde,
gerido por um sistema descentralizado. Nesses preceitos, portanto, é inserida a inclusão da
diretriz de que os pacientes devem receber o tratamento no nível primário, avançando a cada
nível hierárquico de acordo com os encaminhamentos e a complexidade médica. Tendo isso e
a anterior apresentação quanto aos princípios e diretrizes do SUS em vista, em relação às
classificações, faz-se necessária, ainda, a apresentação e a conceituação de alguns elementos e
equipamentos de saúde, para uma maior compreensão sobre a arquitetura hospitalar no Brasil.
32
Nesse contexto, quanto aos tipos de equipamentos de saúde, vale destacar as
características acerca das tipologias de hospitais que, representado no Quadro 3, podem ser
relacionados e dimensionados principalmente em relação à população a ser atendida, ao tipo de
serviço a ser prestado e, em alguns casos, em relação ao contingente populacional. Quanto ao
Hospital de Referência, vale destacar que, devido a sua capacidade e seu serviço prestado, é
preferível a proximidade e a possibilidade de interligação com as demais tipologias, uma vez
que ele se incluiria no nível terciário, conforme exposto no Quadro 2, e, como tal, atenderia
principalmente aos casos mais complexos e de encaminhamento, provindos dos demais. Vale
destacar, ainda, que, apesar dessa tipologia não possuir um contingente populacional definido,
conforme o Quadro 3 apresenta, pode inferir-se a sua necessidade em áreas com grande
aglomerado populacional, assim como em regiões de grande demanda por atendimentos
médicos.

Quadro 3 – Tipos de equipamentos de saúde (2015).


Fonte: Quadro elaborado pela autora com base em GÓES (2011) e MS (1979).
Hospital Estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária, em
regime de internação, a uma determinada clientela; ou de não internação,
no caso de ambulatório ou outros serviços.
Hospital de Base Hospital de maior complexidade dentro de uma área definida.
Hospital especializado Hospital destinado a prestar assistência sanitária a doentes, em uma
especialidade.
Hospital geral Hospital destinado a prestar assistência sanitária a doentes, nas quatros
especialidades básicas.
Hospital local Hospital que presta assistência sanitária à população de uma área geográfica
determinada, dentro de uma região de saúde. Dimensionado para até 50.000
habitantes.
Hospital de Referência Hospital de elevado índice profissional e tecnológico, atuando em diversas
especialidades médico-cirúrgicas num complexo sistema de atendimento de
urgência/emergência, apoio ao diagnóstico e ao tratamento e internação,
inclusive UTI (GÓES, 2011).
Hospital regional Hospital que presta assistência sanitária à população de uma região de saúde.
Dimensionado de 50.000 a 100.000 habitantes.
Hospital de ensino ou Hospital geral com as características e funções do Hospital de Base, utilizado
hospital universitário por Escolas de Ciências da Saúde, como centro de formação profissional
(BRASIL, 1975).

Tendo em vista que os leitos constituem a unidade mínima no planejamento da


edificação hospitalar e pode ser utilizado como indicador de desempenho em hospitais, faz-se
pertinente esclarecimentos quanto a sua conceituação, onde pode-se classificar o leito como
“cama destinada à internação de um paciente — no conceito amplo”, podem apresentar algumas
particularidades e, portanto, possuem subclassificações, conforme conceitua o MS (BRASIL,
1983):

33
Quadro 4 – Tipos de Leitos segundo o MS (2015).
Fonte: Terminologia Básica em Saúde (BRASIL, 1979).
Leito Hospitalar É a cama destinada à internação de um paciente no hospital. Não se deve considerar
leito hospitalar:
a) cama destinada a acompanhante;
b) camas transitoriamente utilizadas nos serviços complementares de diagnóstico e
tratamento;
c) camas de pré-parto e recuperação pré ou pós-operatória;
d) camas da Unidade de Tratamento Intensivo;
e) berços destinados a recém-nascidos sadios;
f) camas instaladas nos alojamentos de médicos e pessoal;
Leito indiferenciado Leito hospitalar destinado a acomodar pacientes de qualquer especialidade médica.
Leito de curta Leito hospitalar cuja utilização não ultrapasse a média de permanência de trinta dias.
permanência
Leito de longa Leito hospitalar cuja utilização ultrapassa a média de permanência de trinta dias.
permanência
Leito de observação Leito destinado a acomodar os pacientes que necessitem ficar sob supervisão médica
e/ou de enfermagem, para fins de diagnóstico ou de terapêutica, durante um período
inferior a 24 horas.
Leito-dia Unidade de medida que representa a disponibilidade de leito hospitalar, num dia
hospitalar.
Leito especializado Leito hospitalar destinado a acomodar pacientes em determinada especialidade
médica.

Em relação aos usuários da rede SUS, existem subclassificações de acordo com suas
particularidades e, portanto, é um conceito a ser considerado no planejamento arquitetônico,
uma vez que o planejamento voltado a cada público pode influenciar no dimensionamento dos
ambientes. Tal fato pode ser claramente verificado no dimensionamento de ambientes voltados
a pacientes de ambulatório e pacientes internados, conforme será apresentado no Capítulo 4.
Portanto, conforme conceitua o (BRASIL, 1983), os pacientes podem ser:
Quadro 5 – Tipos de pacientes segundo o MS (BRASIL, 1979).
Fonte: Terminologia Básica em Saúde (BRASIL, 1979).
Paciente antigo Paciente que, tendo sido registrado e assistido no estabelecimento de saúde, retorna para
receber atendimento.
Paciente de Paciente que, após ser registrado ou matriculado num estabelecimento de saúde, recebe
ambulatório assistência ambulatorial ou de emergência. O mesmo que paciente externo.
Paciente de Paciente que, após a primeira consulta ou após alta hospitalar, volta para dar
retorno continuidade ao tratamento.
Paciente-dia Unidade de mensuração da assistência prestada, em um dia hospitalar, a um paciente
internado. O dia de alta somente será computado quando ocorrer no dia da internação.
Paciente egresso Paciente que recebeu alta de um estabelecimento de saúde.
Paciente Paciente que, admitido no hospital, passa a ocupar um leito por período acima de 24
internado horas.
Paciente novo Paciente que, após ser registrado, é assistido pela primeira vez num estabelecimento de
saúde.

Nesse ponto, pode concluir-se que, em conformidade com o desenvolvimento da


assistência à saúde pública no Brasil e com a criação do SUS, a arquitetura hospitalar, portanto,
34
está diretamente relacionada aos princípios, classificações, diretrizes e recomendações do MS
e do SUS, assim como o dimensionamento e planejamento arquitetônico estão diretamente
relacionados à política pública adotada e ao sistema de atendimento médico pré-estabelecido
pelos órgãos competentes, atuando de forma mais subjetiva ou objetiva. No atual modelo de
gestão, por meio da hierarquização, contribui-se para a diversificação de equipamentos de saúde
e, consequentemente, para seu dimensionamento, fator que pode ser relacionado, ainda, à
grande dimensão do território nacional e influenciar no subdimensionamento das edificações e
em sua má conservação.

2.2 A legislação aplicada a Arquitetura Hospitalar

Os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) no Brasil estão diretamente


subordinados às recomendações e diretrizes do Ministério da Saúde e, complementarmente, por
outros órgãos regulamentadores e fiscalizadores, como a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Quanto ao planejamento arquitetônico, devem ser consideradas
principalmente a Portaria do MS nº 400 de 1977 e a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC)
nº 50 de 2002 (BRASIL, 2002c), que tratam basicamente da definição dos elementos que
compõem os equipamentos de saúde, sua aplicação e características exigíveis.

Nos subitens 2.2.1 e 2.2.2 são apresentadas respectivamente essas normativas, sendo
destacadas as características essenciais e qualitativas, os princípios e as diretrizes quanto ao
equipamento hospitalar. Vale destacar que as normativas apresentam caráter complementar,
pois os elementos definidos na portaria em 1977 são apenas complementados na RDC de 2002.
É interessante ter em vista que elas se referem ao MS e à Anvisa, respectivamente, como
relacionados por descentralização, expondo a evolução normativa e a conformidade com os
princípios iniciais estabelecidos pela CF/88.

2.2.1 Portaria MS n° 400 de 06 de dezembro de 1977, Ministério da Saúde.

A Portaria nº 400/1997 dispõe sobre as normas e os padrões de construções e instalações


de serviços de saúde e estabelece que o órgão competente do Ministério da Saúde “se articulará
com as Secretarias de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento e interpretação
das normas aprovadas” (BRASIL, 1977b). Constitui principalmente em um documento para
orientação quanto ao planejamento do equipamento hospitalar.

35
Quanto à localização do equipamento, a portaria nº 400 (BRASIL, 1977b) determina
que o lote deverá possuir atendimento quanto à rede de água, esgoto, águas pluviais, luz,
telefone e gás – quando a rede o disponibilizar. Ocupação de no máximo 50% do lote e evitar
cortes e aterros no terreno, além de possuir um sistema de drenagem, evitar proximidade a
indústrias e estar localizado em uma região de fácil acesso e meios de transporte (BRASIL,
1977b).

No que se refere a edificação, é determinado que deverá possuir circulações


independentes para funcionários, áreas restritas, visitantes, pacientes internos e externos;
devendo evitar-se a circulação de materiais contaminados com circulações limpas, entre outras
restrições (BRASIL, 1977b). circulações devem ter a largura mínima de 2,00m para circulações
gerais e 1,20m para circulações exclusivas, sendo permitido nesses locais apenas equipamentos
que não obstruam o tráfego como extintores e bebedouros, que não diminuem a área útil
(BRASIL, 1977b). As circulações podem ser classificadas em horizontal e vertical1 (BRASIL,
1977b). O dimensionamento e exigências quanto às rampas, escadas e elevadores deverão
respeitar as Normas Brasileiras (NBR) aprovadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) NBR 9077/01, NBR 14718/01, NBR 14880/02 e NBR 9050/15, as Normas
técnicas (NT) do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF) e as diretrizes do Código de
Edificações de Brasília (COEDF) – Lei nº 2.105/98 e Decreto nº 19.915/98.

Sobre os revestimentos de paredes, tetos e pisos a portaria nº 400/1997 determina que


deverão ser resistentes à lavagem com água e germicidas, de fácil manutenção, lisos sem
arestas, anti escorregadios em locais molhados e isoladas termicamente ou acusticamente nos
locais próximos a ambientes geradores de calor ou ambientes que propiciam a propagação de
ruídos e reverberação, respectivamente (BRASIL, 1977b). Em relação às instalações prediais,
deverão ser instaladas à vista, em fundos falsos, forros ou shafts de forma a facilitar a
manutenção, sendo vedada instalação exposta nos centros cirúrgicos, maternidade, berçários e
setor de dietética (BRASIL, 1977b). A rede de distribuição e controle das instalações deverá
ser dimensionada considerando todos os sistemas, incluindo a instalação de oxigênio e vácuo
clínico, característicos de edifícios hospitalares (BRASIL, 1977b).

1
A circulação horizontal consiste na movimentação de pessoas em um mesmo nível, enquanto a circulação
vertical ocorrerá por meio de rampas, escadas ou elevadores com a mudança de nível inicial (BRASIL, 1977)
36
Portanto, a portaria em questão relaciona-se principalmente a aspectos de infraestrutura
da edificação e do lote na qual se insere, observando ainda a questão de circulações e
revestimentos por se tratar de questões que podem influenciar diretamente na qualidade da
edificação e contribuir para o controle e prevenção das infecções hospitalares – tema esse
abordado com maior profundidade pela RDC nº 050/02 (BRASIL, 2002c).

2.2.2 RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002, Anvisa.

A RDC nº 50 de 2002 disciplina o regulamento Técnico para planejamento, programação,


elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde (BRASIL,
2002). Devendo ser observada no caso de novos projetos, reformas e ampliações de
equipamentos de saúde (BRASIL, 2002c). Na parte I, a resolução conceitua quanto a
elaboração, a terminologia, apresentação e aprovação dos projetos.

O planejamento físico-funcional de uma edificação de saúde deverá ser baseado nas


ações e metas definidas, nas tecnologias de operação e do serviço, nas atividades e atribuições
a serem desempenhadas (BRASIL, 2002c). Devendo ser definido com base nas particularidades
do estado, da região, do município e nas demandas da edificação a ser implantada,
proporcionando, portanto, edificações únicas (BRASIL, 2002c). Além do projeto de
arquitetura, o planejamento do equipamento hospitalar deverá prever ainda a instalação da rede
de:

Água fria, água quente, vapor, gás combustível, oxigênio, óxido nitroso, vácuo
clínico, vácuo de limpeza, ar comprimido medicinal, ar comprimido industrial, ar
condicionado (área de ventilação controlada), coleta e afastamento de efluentes
diferenciados, elétrica de emergência, elétrica diferenciada, exaustão, prevenção e
combate a incêndio (BRASIL, 2002).

Quanto à organização físico-funcional a RDC nº 050/02 estabelece oito unidades


funcionais, imagem 1, das quais podem ser aplicadas em algumas edificações e serem
consideradas não essenciais em outras, podendo ser adaptadas de acordo com as
particularidades da edificação ou até mesmo justapostas conforme a complexidade do projeto
(BRASIL, 2002c). As quatro primeiras unidades estão relacionadas ao atendimento direto, a
prestação dos serviços de saúde, enquanto as quatro demais estão relacionadas aos serviços de
apoio as quatro primeiras, buscando fornecer os insumos necessários (BRASIL, 2002c).

Quanto à prevenção das infecções nos equipamentos hospitalares, devem ser observados
os “aspectos de barreiras, proteções, meios e recursos físicos, funcionais e operacionais,

37
relacionados a pessoas, ambientes, circulações, práticas, equipamentos, instalações, materiais”
e o controle das diferentes correntes de ar (BRASIL, 2002c). Quanto ao tipo de infecções, vale
ressaltar que existem dois tipos, a infecção comunitária e a infecção hospitalar.

Imagem 1 – Unidades funcionais dos equipamentos de saúde.


Fonte: RDC nº 050 (BRASIL, 2002)

A infecção comunitária é aquela constatada na admissão do paciente e não relacionada


a internação hospitalar anterior, a infecção hospitalar, por sua vez, é adquirida após a admissão
do paciente e pode se manifestar durante ou após a internação (BRASIL, 2002c).Nos dois casos
devem ser previstos meios de controle e proteção quanto a sua propagação dentro do
equipamento de saúde, possível por meio do planejamento, inclusive arquitetônico, e da gestão.
Sendo que nos casos em que for constatada a atuação do equipamento hospitalar na infecção
ou o agravamento do caso de saúde dos pacientes, poderá concluir-se que se trata de uma
edificação doente e ineficiente.

Nesse contexto a RDC nº 50 define as condições ambientais necessárias nas edificações


de saúde para a prevenção e controle de infecções em seus ambientes, de acordo com o risco de
transmissão e a complexidade do serviço; classificando os ambientes em áreas críticas,
semicríticas e não-críticas (BRASIL, 2002c). Dentre os fatores utilizados para o controle de
infecções nessas áreas está a definição das características ideais para os revestimentos desses
ambientes, de acordo com as atividades a ser desempenhadas e suas particularidades.

As áreas críticas são aquelas com alto risco de infecção devido as atividades exercidas,
com pacientes ou não, como centros cirúrgicos e centrais de esterilização. As áreas semicríticas
38
possuem médio risco de infecção e estão relacionadas à presença de pacientes com “doenças
infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas”. As áreas não críticas,
portanto, são os ambientes que não envolvam contato com pacientes, atividades ou
procedimentos de risco.

Portanto, segundo a RDC nº 50 a edificação de saúde deverá atuar de forma a prevenir


propagação de doenças, seja elas advindas de fontes externas ou internas, exercendo a sua
função básica de garantir a saúde de seus pacientes. Podendo estes serem otimizados ou
prejudicados de acordo com a setorização implantada e os fluxos definidos, observando
prioritariamente o controle e tratamento das áreas críticas e de risco de infecção.

Conclui-se que a RDC nº 50 portanto trata das principais normativas e diretrizes no


âmbito da arquitetura hospitalar, apresentando os setores funcionais, as diretrizes de circulação,
diretrizes para minimizar as infecções dentro das edificações, as dimensões mínimas de cada
ambiente e as instalações mínimas necessárias nestes ambientes. Apresentando também
diretrizes quanto aos sistemas de instalações destas edificações que possuem particularidades
em relação ao contexto geral das edificações.

Conforme o exposto nesse capítulo, as edificações hospitalares consistem em


edificações complexas por integrar os mais diversos sistemas e componentes, além de
desempenhar as atividades de tratamento dos pacientes e treinamento de funcionários. Devido
as suas atividades de saúde e os riscos relacionados ao tratamento de doenças, as edificações
hospitalares possuem normativas especificas, além de orientações voltadas a prevenção de
contaminação dentro das edificações – questão em destaque na pandemia do Covid-19, além de
se verificar a importância do atendimento de normas de prevenção e combate a incêndio e
acessibilidade que apresentam grande impacto no planejamento geral da edificação.

39
3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO BRASIL

Este capítulo pretende apresentar o método de Avaliação Pós-Ocupação pesquisado no


Brasil e inclui a avaliação de desempenho determinada pela NBR 15575 — que, apesar de ser
específica para residências, apresenta conceitos e metodologias passíveis de avaliação em
qualquer edificação —, seguido pelo método de avaliação de desempenho morfológico com o
método de avaliação de desempenho morfológico adaptado no Capítulo 4. Faz parte deste
capítulo o estudo de conceitos e metodologias para mensuração da eficiência da edificação,
incluindo questões de impacto ambiental, sustentabilidade, durabilidade e manutenibilidade das
edificações, visando estabelecer uma base consistente para a adaptação do método de avaliação
de desempenho morfológico com foco na dimensão econômico-financeira, devido ao seu
caráter objetivo e instrumental, conforme será visto ao longo desde capítulo.

3.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO NO BRASIL

Conforme visto na introdução, segundo Ornstein e Del Cario (2017), a Avaliação Pós-
Ocupação (APO) no Brasil pode ser relacionada à década de 1960, durante a qual o Prof. Dr.
Ualfrido del Carlo dedicou-se à temática correlacionada em seu doutorado na Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e em trabalhos posteriores,
perpassando pela avaliação do desempenho até a fase de Avaliação Pós-Ocupação, na qual nos
encontramos. Desde então, as pesquisas no campo da Avaliação Pós-Ocupação têm abordado
outras questões, como a avaliação do sistema construtivo (ONO et al., 2013), incluindo sistemas
construtivos inovadores (ONO et al., 2017; ORNSTEIN; ONO; OLIVEIRA, 2017); habitações
sociais (ORNSTEIN, 1990); o desempenho do edifício (ORNSTEIN, 1997; ORNSTEIN et al.,
2009; ORNSTEIN; LEITE; ANDRADE, 1999); a eficiência e a otimização dos recursos
(GUELLI, 2010; ROMÉRO, 2016). O objetivo da APO, segundo Ornstein (1992, p. 23), é
realizar uma:
avaliação de fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais do
ambiente em uso, e tendo em vista tanto a opinião dos técnicos, projetistas e clientes,
como também dos usuários, diagnosticar pontos positivos e negativos, definindo, para
este último caso, recomendações que:
- Em primeiro lugar, minimizem, ou até mesmo corrijam, problemas detectados no
próprio ambiente construído submetido a avaliação [...]
- Em segundo lugar, utilizar os resultados destas avaliações sistemáticas (estudos de
casos) para realimentar o ciclo do processo de produção e uso de ambientes
semelhantes, buscando otimizar o desenvolvimento de projetos futuros[...].

Cabe frisar que, segundo Ornstein (1992, p. 15), o ambiente construído pode “se referir
a micro e macroambientes” e, independentemente de sua escala, é passível de avaliação, na qual
40
o ciclo vital do ambiente construído pode ser dividido em duas etapas: a fase de produção (de
curta duração) e a fase de uso (de longa duração), em contraponto aos autores que tratam da
temática de patologia, pois aqui se considera que o planejamento se insere no contexto da
produção. Os itens de escala macro são aqueles presentes na visão global da edificação, não
devendo ser analisados separadamente, pois “interferem em todo o corpo do edifício”. O estudo
da patologia no campo da construção civil, que se insere nesse do uso, segundo Ércio Thomaz
(apud CARVALHO JÚNIOR, 2018), é o “campo da ciência que procura, de forma metodizada,
estudar os defeitos dos materiais, dos componentes, dos elementos ou da edificação como um
todo, diagnosticando suas causas e estabelecendo seus mecanismos de evolução, formas de
manifestação, medidas de prevenção e recuperação”.

cadastro atualizado dos


ambientes constrídos
planejamento

cadastro atualizado de
projeto mobiliário e
equipamentos

construção levantamento e
tabulação de dados
junto aos usuários
Levantamento da
uso e manutenção memória do projeto e
construção levantamento técnico e Diagnóstico
funcional

levantamento das
normas, códigos e
especificações
existentes
Insumos /
recomendações para o
Determinação de ambiente construído
índices comparativos e
padrões de referencias
(quando não houver recomendações e
normativo) diretrizes para projetos
semeslhantes e normas
técnicas

Figura 2 – Fluxograma de atividades de avaliação (ORNSTEIN, 1992, p. 63)

Avaliações Pós-Ocupação são aplicadas na etapa de uso das edificações, mas avaliam
tanto questões de projeto quanto de construção, pois englobam fatores como a tipologia da
edificação, as atividades a serem desenvolvidas, os sistemas completares que deverão ser
implantados, o tempo disponível para a construção, o público-alvo, a tecnologia a ser
implantada, entre tantos outros. Todos esses fatores são conhecidos como condicionantes de
projeto e construção, então cabe aqui o questionamento: por que tantos problemas são
identificados apenas na etapa de uso e não nas duas anteriores? A solução para esse

41
questionamento pode levantar diversas teorias, mas, neste estudo, iremos focar em uma questão:
o planejamento.

Responsável pelo encadeamento das etapas de projeto, construção e uso, o planejamento


de uma edificação tem o papel principal entre a inexecução, a conclusão de uma edificação com
patologias e/ou anomalias ou uma edificação apta a desempenhar o uso a que se destina,
conforme apresentado na Figura 3. No contexto do planejamento de uma edificação durante o
uso e a ocupação, é recorrente a falta de informações mínimas das edificações para o seu
gerenciamento, que representam o nível básico de informação necessária para a avaliação de
uma edificação. Desta forma, é de suma importância que sejam feitos os levantamentos
expostos pela Figura 2, segundo a recomendação de Ornstein (1992, p. 99), que consistem nos
itens básicos para se conhecer a edificação existente e podem por si só indicar os pontos nos
quais a edificação podem necessitar de ajuste, manutenção ou investigação do estado de
conservação atual.

No caso da aplicação da APO, o uso a que se destina a edificação é norteador para a


avaliação do desempenho. Um edifício residencial dificilmente desempenharia as atividades
comerciais em suas dependências sem uma adaptação de sua tipologia e espaços, assim como
uma edificação hospitalar planejada e construída há 50 anos pode não mais desempenhar suas
atividades da forma que se pretendia. Ou seja, o fator tempo é outro condicionante para avaliar
o desempenho de uma edificação quanto ao objetivo a que se destina, devendo-se incluir, no
planejamento, portanto, questões quanto à manutenção, que atua principalmente na extensão da
vida útil de uma edificação. É válido frisar que é inerente a qualquer material o seu desgaste
natural ao longo do tempo, seja por conta do uso contínuo, das condições a que é exposto ou
mesmo de sua deterioração natural. Segundo Ornstein (1992, p. 19), há poucas pesquisas no
Brasil relacionadas ao uso, operação e manutenção de edifícios, o que recorrentemente vem
sendo debatido por outros teóricos que questionam esse assunto ao longo dos últimos anos,
principalmente no âmbito da análise preventiva.

Quanto à avaliação do ambiente construído, Ornstein (1992, p. 43) cita que ela deve ser
entendida como um “procedimento metodológico” que visa atender a necessidade do cliente,
seja por meio do aumento da produtividade ou pela reforma de um edifício, sem engessar o
processo. Ou seja, trata-se de uma forma de orientar aquilo que deve ser analisado e a maneira
como pode ser analisado e, dessa forma, apresentar diversos produtos, como relatórios técnicos,
vídeos ou até mesmo slides. Nesse contexto, segundo a autora (1992, p. 28), a qualidade do
42
ambiente construído pode se relacionar a “fatores biológicos, sonoros, lumínicos, atmosféricos,
térmicos e comportamentais”, dentre outros fatores. Além disso, afirma (1992, p. 62) que a
APO pode inclusive apontar problemas de caráter de “organização funcional ou gerencial”,
além de poder refletir a estrutura organizacional de uma edificação por meio de atividades.

Quanto às formas de avaliação, segundo Ornstein (1992, p. 19), existem dois tipos de
avaliação do ambiente construído: a avaliação técnica (ou avaliação de desempenho) e a
avaliação do ponto de vista do usuário, que se insere num campo comportamental da avaliação.
Juntas, essas configuram a Avaliação Pós-Ocupação e visam uma avaliação global do edifício.
A área de conhecimento da Avaliação Pós-Ocupação (APO) vem sendo abordada desde meados
da década de 1960, nos EUA, e da década de 1970 na América Latina. Outro conceito, segundo
Ornstein (1992, p. 23), refere que “a APO pode ser entendida como um método interativo que
detecta patologias e determina terapias no decorrer do processo de produção e uso de ambientes
construídos, através da participação intensa de todos os agentes envolvidos na tomada de
decisões”, agentes estes que podem ser entendidos como todos aqueles que fazem parte do
processo de planejamento de uma edificação, seja pré ou pós-ocupação, expostos conforme
figura 3.

Planejadores/
Promotores

Projetistas

Fabricantes de materiais Realimentação do


e componentes projeto
Alguns dos agentes
determinantes do espaço
urbano e arquitetônico
Construtores ou
empreteiros

Clientes públicos ou
privados

Usuários (funcionários,
visitantes, etc).

Figura 3 – Agentes intervenientes no processo de produção e uso (ORNSTEIN, 1992)

A avaliação do ponto de vista dos usuários, ou avaliação comportamental, é a variável


básica da APO segundo a autora. Contudo, nos casos em que existem problemas de desempenho

43
significativo quanto a “problemas construtivos, de conforto e funcionais”, segundo Ornstein
(1992, p. 99), a avaliação comportamental passa a ter o mesmo peso que a avaliação técnica.
No caso em que haja “risco de vida e a precariedade estrutural”, ou edificações complexas
regida por critérios mais técnicos, por sua vez, a avaliação comportamental perde a sua
necessidade de aplicação, tendo em vista a complexidade dos problemas – situação que se
aplicaria a edificações hospitalares. É valido considerar que a necessidade dos usuários,
segundo Ornstein (1992), “deve ser considerada dentro do contexto social, econômico, cultural,
tecnológico e das condições físico-climáticas em que se apresenta”. Já os condicionantes
socioeconômicos “influenciam o juízo de valores que o usuário brasileiro tem sobre um
determinado objeto que está sendo aferido” (ORNSTEIN, 1992, p. 28). Nesse quesito, se insere
a avaliação das edificações que podem ou não ser influenciadas pelo tipo de gestão das
edificações, como em hospitais públicos ou privados, devendo-se estabelecer qual será o foco
da avaliação e se o tipo de gestão deve ser levado em conta no momento da mensuração das
problemáticas identificadas.

Segundo Rossi e Freeman (1984, p. 372, apud ORNSTEIN, 1992, p. 26), os resultados
da avaliação podem ser positivos para uns e negativos para outros, pois “realizar uma avaliação
é prover descobertas/diagnósticos que podem ser utilizados para se realizar julgamentos”.
Nesse contexto, devemos frisar, contudo, que uma boa avaliação também deve estar
condicionada a critérios objetivos e quantificáveis, de modo que se minimize a subjetividade
da avaliação, para que os resultados representem a realidade da situação que se visa ilustrar.
Preiser (1989 apud ORNSTEIN, 1992, p. 41), indica a aplicação APO segundo o prazo,
especificando que:
APO – Indicativa ou de curto prazo: proporciona, através de rápidas visitas
exploratórias do ambiente em questão e entrevistas selecionadas com usuários-chaves,
indicação dos principais aspectos positivos e negativos do objeto de estudo”.
APO – Investigativa ou de médio prazo: trata-se do nível anterior acrescido da
explicitação de critérios referenciais de desempenho.
APO – Diagnóstico ou de longo prazo: define detalhadamente critérios de
desempenho, utiliza técnicas sofisticadas de medidas correlacionando aquelas físicas
com as respostas dos usuários, tendo-se em mente a estrutura organizacional da
entidade. Para tanto, exige recursos bem maiores do que os níveis anteriores.

Vale salientar que, conforme Ornstein (1992, p. 43), os níveis apresentados na Figura 4
representam uma referência, e quando relacionados aos níveis 3 e a edifícios complexos, como
é o caso dos hospitais, devem ser avaliados caso a caso. Quanto aos prazos, a autora acredita
que avaliações físicas, ou podemos dizer avaliações técnicas de desempenho, poderão ser

44
desenvolvidas em um prazo de 20 a 40 dias, enquanto as avaliações em APO demandariam de
60 a 90 dias para “edifícios convencionais”, conforme Figura 4.

Diagnóstico
Nível 1 Realizado pela equipe
Aspectos construtivos, funcionais e técnica em 20 dias
Avaliação física
de conforto ambiental

Diagnóstico e recomendações
Nível 2 Realizado pela equipe
Aspectos contrutivos, funcionais e de técnica em 30 dias
Avaliação física
conforto ambiental

Diagnóstico, recomendações e especificações


técnicas para realização dos serviços
Nível 3 Realizado pela equipe
propostos (cadernos de encargos)
Avaliação física técnica em 40 dias
Aspectos contrutivos, funcionais e de
conforto ambiental

Avaliação física - nível 2 + aspectos


Nível 1 Realizado pela equipe
comportamentais
Apo técnica em 60 dias
Diagnóstico e recomendações

Avaliação física - nível 3 + aspectos


comportamentais
Nível 2 Realizado pela equipe
Diagnóstico, recomendações e especificações técnica em 90 dias
Apo
técnicas para realização dos serviços
propostos (cadernos de encargos)

Nível 3 Acompanhamento das intervenções e


diretrizes para projeto, construção, uso, Prazos em aberto
Apo operação e manutenção

Figura 4 – Os seis níveis de serviços de avaliação para o caso brasileiro (ORNSTEIN, 1992, p. 42)

Quanto às variáveis a ser avaliadas, no quadro 02 e 03 estão representadas a aqui


chamadas categorias de avaliação, sendo elas: construtiva; funcional; econômica;
estética/simbólica; comportamental/psicológica; e estrutura organizacional. Conforme o
Quadro 2, podemos observar que os itens avaliados nas categorias construtiva, funcional e
econômica se referem a itens de avaliação objetiva, enquanto as categorias estética,
comportamental e estrutura organizacional, expostas no Quadro 3, tratam de itens de aspecto
mais sensorial e subjetivo e se assemelham as 6 dimensões morfológicas a serem discutidas no
Capítulo 4. Válido destacar que todas as categorias de avaliação utilizadas pela APO são
passíveis de avaliação tanto do ponto de vista técnico ou do ponto de vista do usuário.

45
Quadro 2 – Tabela resumo variáveis metodologia APO (ORNSTEIN, 1992)
VARIÁVEIS CONSTRUTIVA, FUNCIONAL E ECONÔMICA

solos e fundações
estruturas
estruturas especiais
juntas de dilatação
cobertura
impermeabilização
segurança contra incêndio
alvenarias
materiais e técnicas

divisórias leves
Fatores físicos:

revestimentos
forros
pinturas
CONSTRUTIVA

acabamentos
caixilharia
vidraçaria
drenagem de águas pluviais
instalações hidrossanitárias
instalações elétricas/proteção para-raios
telefonia
instalações eletromecânicas
paisagismo
iluminação natural
iluminação artificial
Conforto

acústica
térmica
ventilação natural
condicionamento de ar e ventilação artificial
conservação de energia
áreas e dimensões mínimas
armazenamento
áreas de lazer e descanso
flexibilidade: mudanças e ampliações
circulações horizontais e verticais
Fatores funcionais

circulações externas
FUNCIONAL

fluxos de trabalho
adequação ao deficiente físico
comunicação visual
planejamento/programa do projeto
adequação do mobiliário fixo, móveis e equipamentos
segurança contra acidentes pessoais
segurança contra roubo
facilidade de manuseio e manutenção
área útil x área de circulação
área em uso x área ociosa
custo x benefício
m² x área construída
custo da construção x comprimento da planta tipo
ECONÔMICA

custo da construção x tipo de estrutura


custo da construção x altura
custo da construção x quantidade de fachadas
custo da construção x elevadores
custo da construção x circulação vertical e horizontal
custo da construção x compacidade (área e perímetro)
variação custos de manutenção
variação dos custos para intervenções visando a otimização do desempenho

46
Quadro 3 – Tabela resumo variáveis metodologia APO, adaptado pela autora (ORNSTEIN, 1992)
VARIÁVEIS ESTÉTICA, COMPORTAMENTAL E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
cores/pigmentação
texturas
volumetria, massas
ESTÉTICA

ritmo
complexidade de formas e padrões
idade aparente
linha telhado/cobertura
efeito lumínico
dimensões estéticas
adequação ao uso e escala humana
proximidade
COMPORTAMENTAL

privacidade
território
interação
imagem e codificação ambiental
identidade cultural
comunicação
ordem social
hierarquia dominante
densidade populacional
controle da dispersão ou atração de pessoas
ORGANIZACIONAL
ESTRUTURA

diagnóstico de problemas não necessariamente físicos, mas que influenciam o


desempenho do ambiente construído

Nota-se que a categoria construtiva, quadro 2, é aplicável sobre os elementos e os


componentes da edificação, em concordância com as normativas brasileiras e de acordo
também com a norma de desempenho, como será exposto no item 3.2. Ou seja, por se tratar de
itens tangíveis, os itens da categoria construtiva representam uma possibilidade de avaliação
objetiva e visual, via inspeção predial, quanto à identificação de agentes e patologias que podem
atuar na degradação dos componentes e, consequentemente, na diminuição do desempenho
esperado ao longo do tempo. Nessa categoria, insere-se ainda os itens referentes à avaliação de
conforto ambiental nas edificações, itens passíveis de avaliação, mas que necessitam de uma
investigação mais técnica e com a utilização de equipamentos específicos. Nota-se que se
inserem nessa categoria os sistemas de instalações das edificações, e foi incluído também o
item de conservação de energia.

Em relação à categoria funcional, quadro 2, nota-se que os itens de avaliação se referem


às características dos espaços e aos critérios estabelecidos por norma para o seu funcionamento,

47
além de tratar itens que podem facilitar ou prejudicar o usuário no momento da utilização dos
espaços. Interessante frisar que aqui se inserem, na categoria funcional, a avaliação das
circulações, da facilidade de manutenção e área útil x ociosa.

Em relação à categórica econômica, nota-se que os itens passíveis de avaliação, em sua


maioria, se referem em relação à avaliação do custo da construção, apresentando apenas um
item sobre a manutenção e outro para a otimização do desempenho. Aqui entende-se que falta
inserir critérios de avaliação voltados a explorar mais a questão da otimização. Algumas
situações poderiam ser indicadas nesse contexto, como a variável de conservação de energia,
classificada na categoria construtiva, mas que apresenta grande impacto na categoria
econômica.

Por fim, tem-se as categorias estética, comportamental e estrutura organizacional,


expostas com seus critérios de avaliação no Quadro 3, no qual é perceptível o enquadramento
de avaliações mais subjetivas e sensoriais, conforme exposto anteriormente. Nessas últimas três
categorias, nota-se um maior potencial de aplicação da avaliação do ponto de vista do usuário,
exposto por Ornstein (1992) e, como já avaliados pela autora, devem dispor de um maior tempo
para avaliação.

Conclui-se que os estudos da APO pelos autores citados, correspondem em uma base
orientativa que visa a avaliação global das edificações e que quando comparadas a norma de
desempenho NBR 15575 – item 3.2, consiste em uma provável base para as normas brasileiras
relacionadas. No entanto, quando comparada a APO (1992) com as dimensões morfológicas a
serem apresentadas no Capítulo 4, considerou-se a divisão de categorias morfológicas mais
coerente ao objetivo que se busca na presente pesquisa com a necessidade de ampliação dos
itens avaliados para incluir alguns critérios recomendados por Ornstein (1992).

Em relação a outros métodos de avaliação de desempenho voltados a edificações de


saúde, existem alguns outros estudos que destacam a importância de se estabelecer, ou buscar
estabelecer, metodologias de desenvolvimento da arquitetura e de sua manutenção aplicadas
em outros países. Desses estudos, é válido citar Araújo (2008), Martin et al (2015), Jones
(2018), Horden (2010), Barros e Martinez-Giralt (2009) e Peters (2018). Destaca-se que
Kirkeby et al (2015) enfatiza a necessidade do aperfeiçoamento das técnicas de projetar,
principalmente por meio da comparação entre as metodologias, de modo a buscar o contínuo
desenvolvimento.

48
No Brasil, há de se destacar o método de avaliação de desempenho desenvolvido para
FIOCRUZ, que é resultado da aplicação e adaptação da APO em uma pesquisa de campo
aplicada a edificações assistenciais de saúde. O método empregado consistia em “identificar os
principais problemas e patologias dos edifícios em análise e suas origens (projeto, execução ou
uso), tendo em vista a elaboração de uma política de planejamento de obras e manutenções para
os edifícios”. A análise aqui realizada está baseada no método de avaliação desenvolvido para
FIOCRUZ, com base nas informações e nos dados expostos por Penna et al (2002) e Castro,
Lacerda e Penna (2004). A análise está dividida em três avaliações: técnica, qualitativa e da
opinião do usuário. Na avaliação técnica, busca-se verificar, principalmente, os aspectos de
usabilidade das instalações aplicados à edificação em estudo. Na pesquisa de avaliação
qualitativa, busca-se avaliar o desempenho do ambiente construído, por meio do procedimento
de walkthrough — análise preliminar ou análise visual, verificando a funcionalidade, os fluxos,
os leiautes e os aspectos ergonômicos, visando identificar a problemática e fornecer as
recomendações.

A avaliação da FIOCRUZ foi realizada por meio de visitas técnicas ao local para a
análise das patologias presentes, por meio da ferramenta walkthrough, e para a verificação de
conformidade dos elementos da edificação. Suas características foram analisadas por meio de
plantas, levantamentos fotográficos, levantamentos in loco, imagens, esquemas e quadros
comparativos, além das informações fornecidas pela equipe de manutenção do hospital e dos
relatos de funcionários e pacientes. O foco esteve na verificação dos pontos críticos e daqueles
que necessitam de manutenção e elaboração de um laudo técnico, contendo as recomendações
para controle e recuperação dos danos, considerando as normas vigentes.

Em relação a avaliação aplicada pela FIOCRUZ, identificou-se que se trata de um


método que busca a avaliação global da edificação com adoção dos itens de avaliação técnica
e opinião do usuário – APO. Em relação à avaliação técnica, constatou-se que incluem
principalmente a avaliação dos elementos arquitetônicos do edifício e alguns tipos de
instalações, identificando-se uma lacuna em relação a itens mais técnicos de um hospital,
especialmente no que diz respeito aos requisitos em matéria de acessibilidade, sistemas de
prevenção de incêndios e rotas de fuga.

Conforme exposto neste item, tem-se a percepção de que a Avaliação Pós-Ocupação no


Brasil consiste em uma técnica de avaliação validada pelo tempo de pesquisa e pela quantidade
de pesquisadores envolvidos, tendo como um de seus principais nomes Sheila Ornstein e o Prof.
49
Dr. Ualfrido del Carlo. É necessário destacar que, conforme o levantamento efetuado por
pesquisas bibliométricas, e conforme exposto por Ornstein, a pesquisa de Avaliação Pós-
Ocupação no Brasil tem sido aplicada principalmente a edificações residenciais. No caso de
aplicação a outras tipologias arquitetônicas, haveria de se adaptar a metodologia de acordo com
a finalidade prevista. Contudo, a metodologia, aqui exposta pelos autores, consiste em uma base
de critérios validada para a avaliação a que se pretende neste estudo e será utilizada para
embasamento e complemento da metodologia indicada no Capítulo 4.

3.2 NORMA DE DESEMPENHO NBR 15575 (2013)

Esse item tem como finalidade expor os preceitos que regem a Norma de Desempenho,
NBR 15575 de 2013 (ABNT, 2013), que tem como objeto as edificações habitacionais e busca
influenciar na determinação de um nível de qualidade mínimo para esta tipologia. Contudo, há
em suas diretrizes, variáveis que podem ser avaliadas em qualquer tipo de edificação, e será
com foco nessa generalidade que serão expostos os itens considerados relevantes para este
estudo. É válido esclarecer, ainda, que a norma tem como foco aferir a qualidade em uso dessas
edificações pelos usuários, e não pela prescrição dos sistemas construtivos em si, pois a
avaliação independe dos materiais e sistemas construtivos utilizados no processo construtivo.
Ou seja, conforme a norma de desempenho trata-se de um “conjunto de requisitos e critérios
estabelecidos para uma edificação habitacional e seus sistemas, com base em exigências do
usuário” (ABNT, 2013). As exigências dos usuários, por sua vez, representam um conjunto de
necessidades a serem satisfeitas pela edificação de modo a cumprir as suas funções.

A norma de desempenho esclarece que o seu âmbito de aplicação obrigatória são as


edificações a serem construídas a partir da publicação do conteúdo, não sendo aplicável a casos
de “retrofit” ou reformas, contudo, considerando as varáveis apresentadas, passíveis de
avaliação em qualquer tipo de edificação e a título de experimentação, considera-se possível a
utilização dessas variáveis para avaliação de edificações existentes. É importante notar que
“retrofit”, segundo a norma de desempenho (ABNT, 2013), no campo da construção, representa
a “remodelação ou atualização do edifício ou de sistemas, através da incorporação de novas
tecnologias e conceitos, normalmente visando valorização do imóvel, mudança de uso, aumento
da vida útil, eficiência operacional e energética”.
Para seguir com a avaliação, contudo, é necessário esclarecer alguns conceitos básicos
como agente de degradação, degradação, falha e inspeção predial. Agente de degradação, na
construção civil, representa tudo aquilo que contribui para a redução do desempenho de um
50
sistema. Degradação, por sua vez, é o resultado da redução do desempenho de um ou mais
sistemas devido a agentes externos. Já a Falha representa uma situação que prejudica a
utilização de um sistema ou elemento e resulta em um desempenho inferior ao esperado,
enquanto ruína é caracterizada pela “ruptura ou por perda de estabilidade ou por deformação
acima dos limites de estado limite último estabelecido em normas” (ABNT, 2013). Inspeção
predial de uso e manutenção consiste na “verificação, através de metodologia técnica, das
condições de uso e de manutenção preventiva e corretiva da edificação”; e manual de operação,
uso e manutenção — ou manual do proprietário — caracteriza-se como “documento que reúne
apropriadamente todas às informações necessárias para orientar as atividades de operação, uso
e manutenção da edificação” (ABNT, 2013). No âmbito das áreas comuns de uma edificação,
tem-se o manual das áreas comuns ou manual do síndico. Nesse contexto de manutenção, é
válido esclarecer que a norma ainda conceitua:
Manutenção: conjunto de atividades a serem realizadas ao longo da vida total da
edificação para conservar ou recuperar a sua capacidade funcional e de seus sistemas
constituintes de atender as necessidades e segurança dos seus usuários.
Operação: conjunto de atividades a serem realizadas em sistemas e equipamentos com
a finalidade de manter a edificação em funcionamento adequado
Manutenibilidade: grau de facilidade de um sistema, elemento ou componente de ser
mantido ou recolocado no estado no qual possa executar suas funções requeridas, sob
condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sobre condições
determinadas, procedimentos e meios prescritos.
Durabilidade “capacidade da edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas
funções, ao longo do tempo e sob condições de uso e manutenção especificadas”

Quanto à conceituação, segundo a NBR 16747 de 2020 (ABNT, 2020a), desempenho


consiste no “comportamento em uso da edificação e seus sistemas”, e os requisitos de
desempenho são os atributos qualitativos que a edificação e seus subsistemas devem possuir. A
norma especifica, ainda, que conformidade consiste no atendimento aos requisitos aplicáveis;
conservação consiste no processo de reparar e manter em bom estado de uso a edificação; e
durabilidade se relaciona à capacidade da edificação em desempenhar sua função ao longo do
tempo. Vida útil, por sua vez, consiste no período em que a edificação atende as atividades para
as quais foi projetado, atendendo o desempenho esperado e considerando a correta e periódica
manutenção da edificação. Segundo Blachère (1966 apud ORNSTEIN, 1992, p. 15), por sua
vez, os conceitos de desempenho, idade-limite e necessidade dos usuários são interdependentes
e estão associados ao princípio da avaliação de desempenho.

A NBR 15575 conceitua, no entanto, desempenho como resultado do comportamento


em uso dos sistemas que compõem uma edificação. Os critérios, nesse contexto, devem ser

51
entendidos como especificações qualitativos; já as especificações de desempenho representam
um conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para uma edificação e seus sistemas.

Assim como recomendado por Ornstein (1992), a NBR 15575 recomendada, no caso da
avaliação de desempenho, que ela seja realizada por profissionais de reconhecida capacidade
técnica, equipes multiprofissionais, empresas de tecnologia, laboratórios especializados ou
instituições de ensino — de acordo com os aspectos a serem avaliados —, e o relatório deverá
ser elaborado pelo responsável pela avaliação. Ademais, há ainda na norma citada, a intenção
de incentivar o desenvolvimento tecnológico do setor, além da avaliação técnica eficiente e
econômica dessas proposições tecnológicas. Quanto aos intervenientes, ou agentes
cooperativos, que integram a avaliação de desempenho, segundo a norma, se incluem o
fornecedor — seja do insumo, material, componente e/ou sistema; o projetista; o construtor e o
usuário.

A tempo, no campo das conceituações básicas estabelecidas pela norma, tem-se os


conceitos de Vida Útil da Edificação (VU) e Vida Útil de Projeto (VUP). A VUP pode ser
entendida como uma estimativa teórica do tempo que poderá ser alcançado pelo tempo de vida
útil da edificação — que pode se confirmar ou não — e dependerá da eficiência das
manutenções, dos fatores externos da edificação, do entorno, da execução, dos materiais
empregados e outros. Ou seja, a VUP não necessariamente será alcançada; e negligências nos
fatores que compõem a construção e o ciclo de vida de uma edificação podem inclusive
diminuir o VU de uma edificação.
Quadro 4 – Vida Útil do Projeto (VUP), quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Vida Útil de Projeto (VUP)
Sistema VUP mínimas (anos)
Estrutura 50 (ABNT NBR 8681-
2003)
Pisos internos 13
Vedação vertical externa 40
Vedação vertical interna 20
Cobertura 20
Hidrossanitário 20

Quanto ao requisito de vida útil do projeto, a norma trouxe um parâmetro mínimo,


exposto no Quadro 4, para se quantificar a durabilidade esperada dos sistemas de uma
edificação ao longo do tempo, tendo como premissa básica de avaliação a análise dos projetos
que, segundo a norma de desempenho, devem atender os critérios estabelecidos pelas normas

52
específicas vigentes. Ou seja, tem-se como premissa que se os projetos forem elaborados e
executados conforme as normas específicas, os sistemas apresentarão o desempenho mínimo
esperado de vida útil de projeto para cada qual.

É válido frisar, no contexto da VUP, que há uma tentativa de se classificar um período


que determinado sistema apresentaria o desempenho mínimo adequado, não significando,
contudo, que após esse período o sistema se tornaria ineficiente. Trata-se apenas de um
parâmetro indicativo para a necessidade de uma avaliação mais profunda para a identificação
do desempenho daquele sistema quando se atingir a VUP esperada.

Os fornecedores também devem atender as normas brasileiras específicas e atender o


desempenho esperado de seus produtos, enquanto os projetistas devem especificar materiais
que atendam o desempenho esperado para a VUP especificada — além de atenderem as normas
prescritivas de cada sistema específico. Ao construtor e incorporador, cabe o papel de
providenciar os estudos necessários aos projetistas quanto a riscos previsíveis para o local, além
de elaborar o manual de operação, uso e manutenção ou similar, onde deverão constar os prazos
de garantia aplicáveis, expostos no Quadro 5. Por fim, ao usuário cabe o papel de realizar as
manutenções necessárias de acordo com o manual de operação, uso e manutenção ou similar,
fornecido pelo construtor.

É válido lembrar que a vida útil e a durabilidade de uma edificação podem ser
influenciadas diretamente pelo atendimento às normas, pela qualidade dos materiais
empregados, pela equipe de execução, pelas técnicas e tecnologias aplicadas e por um programa
de necessidades bem definido. Em relação às tubulações, Carvalho Junior (2018) cita que a
durabilidade dos componentes se relaciona ainda a fatores como a obediência às normas de
instalação, ao manual técnico do fabricante, à composição do material, ao tipo de junta, ao
ambiente em que se insere e aos fluidos transportados.

Em relação aos resultados, segundo a norma, as informações levantadas deverão ser


documentadas por meio de “documentação fotográfica, memorial de cálculo, observações
instrumentadas, catálogos técnicos dos produtos, registro de eventuais planos de expansão de
serviços públicos ou outras formas conforme conveniência” (ABNT, 2013). Quanto aos
métodos de avaliação em si, recomenda-se a avaliação de projetos, simulações, inspeções em
campo ou protótipos, ensaios em campo, ensaios de tipo e ensaios laboratoriais — aplicáveis
de acordo com o requisito e critério a ser avaliado.

53
Os resultados são obtidos por meio da avaliação do cumprimento dos requisitos básicos
das normas típicas de aplicação a cada sistema em específico — chamadas como prescritivas
pela NBR 15575 — somados aos requisitos estabelecidos pela norma de desempenho (atributos
qualitativos exigíveis) e aos critérios que visam atender às exigências dos usuários de modo a
complementar as normas prescritivas existentes. Dessa forma, a norma de desempenho não visa
entrar em conflito com as normativas existentes, mas sim complementar sua aplicação e orientar
os envolvidos nesse sentido, sendo recomendável, em caso de conflito, buscar a solução que
melhor atenda às normas aplicáveis. É válido esclarecer que a norma de desempenho visa
atender às exigências dos usuários e seus requisitos comuns, em suas interações e interferências
com todos os sistemas comuns da edificação, além disso, ela é subdividida em 6 partes, a saber:
Parte 1: Requisitos gerais (avaliação de desempenho de sistemas construtivos);
Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;
Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;
Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;
Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

Em relação à avaliação de desempenho em si, o texto esclarece (ABNT, 2013) que se


deve considerar algumas diretrizes básicas — até de conhecimento comum — em relação à
implantação e ao entorno. Na implantação dos projetos macros, como os de arquitetura e de
estruturas, é destacado que o desenvolvimento deve acontecer com base nas características do
lote (como topográficas e geológicas). No entorno, deverão ser consideradas questões quanto à
urbanização do entorno, a edificações próximas, ao rebaixamento de lençol freático, a cortes de
terrenos, entre outros. Vale destacar, ainda, que, quanto a aspectos de segurança e estabilidade,
deve-se considerar as condições de agressividade do meio em que se insere, relacionadas, por
exemplo, à água, ao solo e ao ar.

Conforme exposto pelas conceituações básicas iniciais, toda a avaliação de desempenho


das edificações será analisada de acordo com as exigências dos usuários, estabelecidas
conforme o Quadro 4, divididas em 3 grupos de avaliação onde se inserem os elementos de
avaliação. Com base nas exigências dos usuários, considera-se que, quando atendidos os
critérios e requisitos, as exigências dos usuários estão satisfeitas.

54
Quadro 5 – Exigências dos usuários (ABNT, 2013)
Exigências dos usuários
segurança estrutural;
segurança segurança contra o fogo;
segurança no uso e na operação.
estanqueidade;
desempenho térmico;
desempenho acústico;
habitabilidade desempenho lumínico;
saúde, higiene e qualidade do ar;
funcionalidade e acessibilidade;
conforto tátil e antropodinâmico.
durabilidade;
sustentabilidade manutenibilidade;
impacto ambiental.

Portanto, segundo a NBR 15575, a avaliação de desempenho deverá ser baseada em


uma investigação de seus sistemas (ou elementos), considerando as condicionantes da época
para o projeto e a execução, com base em métodos consistentes e visando uma avaliação
objetiva. Sua aplicação exige do avaliador uma ampla base de conhecimentos dos aspectos
funcionais, materiais e construtivos, com foco nas exigências dos usuários.

Para a avaliação de desempenho segundo o contexto da norma de desempenho, é


necessário entender algumas classificações das normas brasileiras quanto à edificação. Segundo
a NBR 13531(ABNT, 1995a), a edificação possui como objetos de projeto — segundo os
critérios de complexidade e de escala macro a micro, em ordem decrescente: urbanização (a);
edificação (b); elemento (c); instalação (d); componente (e); e material (f). Com base nessa
classificação, a NBR 13532 (ABNT, 1995b) esclarece que os elementos — chamados de
sistemas pela norma de desempenho — são divididos em: fundações (1); estruturas (2);
cobertura (3); forros (4); vedos verticais (5); revestimentos e acabamentos (6); equipamentos
de comunicação visual (7); e equipamentos (8). Os componentes que compõem esses elementos
estão expostos no Quadro 6. Quanto à garantia desses sistemas, a NBR 15575 recomenda os
prazos expostos também no Quadro 6. Nele também podemos observar que a norma de
desempenho segue os preceitos de categorização estabelecidos pela NBR 13532 e, desse modo,
pode-se correlacionar os prazos de garantia expostos pela NBR 15575 em ambas as
categorizações. Com base na correlação entre as NBRs 13532 e 15575, o Quadro 6 apresenta
um resumo dos elementos e o prazo de garantia recomendado para os componentes gerais, item
a ser mais explorado na avaliação de desempenho morfológico — Capítulo 4.
55
Quadro 6 – Quadro comparativo dos componentes estabelecidos pela NBR 13532 e NBR 15575 e os prazos de garantia estabelecidos por esta (ABNT, 1995c, 2013)
Prazos de garantia recomendados
Elemento Componentes NBR 13532 Elemento Componentes NBR 15575
1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
Segurança e
estabilidade
Fundações Fundações Fundações, estrutura principal,
Baldrames, blocos, cortinas, global;
1. (aspectos 1. (aspectos estruturas periféricas, contenções
arrimos, estacas e sapatas. Estanqueidade
arquitetônicos) arquitetônicos) e arrimos
de fundações e
contenções
Estruturas auxiliares, estrutura
Estruturas Colunas, pilares, vigas, Estruturas
das escadarias internas ou Segurança e
2. (aspectos paredes, lajes e muros de 2. (aspectos
externas, guarda-corpos, muros integridade
arquitetônicos) arrimo. arquitetônicos)
de divisa e telhados
Telhas, canaletas, calhas,
Estruturas de cobertura, muros de Segurança e
3. Coberturas rufos, contra rufos, terraços e 3. Coberturas
telhados integridade
lajes impermeabilizadas.
Fissuras por
acomodação
Forros de gesso dos elementos
estruturais e de
Suportes, placas, painéis e
4. Forros 4. Forros vedação
grelhas.
Empenamento,
trincas na
Forros de madeira
madeira e
destacamento
Segurança e
Paredes de vedação
integridade
a) fachadas: paredes,
Empenamento
platibandas, portas,
5. Vedos verticais 5. Vedos verticais Esquadrias de madeira Descolamento
esquadrias, vidraças e
Fixação
ferragens;
Fixação
Esquadrias de aço
Oxidação

56
Partes móveis
(inclusive Perfis de
Borrachas,
recolhedores alumínio,
escovas,
de palhetas, fixadores e
Esquadrias de alumínio e de PVC articulações,
motores e revestimentos
fechos e
conjuntos em painel de
roldanas
elétricos de alumínio
acionamento)
b) proteção das fachadas:
quebra-sóis, cobogós e Vidros Fixação
elementos vazados;
c) divisórias: paredes, portas,
Integridade de
guichês, muros, gradis, Dobradiças e
Porta corta-fogo portas e
portões, corrimãos, guarda- molas
batentes
corpos e ferragens.
Empolamento,
descascamento,
esfarelamento,
Pintura/verniz (interna/externa) alteração de
cor ou
deterioração de
acabamento
Má aderência
a) paredes e tetos;
Revestimentos de paredes, pisos e Estanqueidade do
b) pisos, pavimentos,
tetos internos e externos em de fachadas e revestimento e
rodapés, soleiras, degraus, Fissuras
argamassa/gesso liso/ pisos dos
Revestimentos e impermeabilizações e Revestimentos e
6. 6. componentes de gesso acartonado molháveis componentes
acabamentos proteções; acabamentos
do sistema
c) metais;
Revestimentos
d) madeiras; Estanqueidade
Revestimentos de paredes, pisos e soltos,
e) outros. de fachadas e
tetos em gretados,
pisos
azulejo/cerâmica/pastilhas desgaste
molháveis
excessivo
Revestimentos
Estanqueidade
Revestimentos de paredes, pisos e soltos,
de fachadas e
teto em pedras naturais gretados,
pisos
(mármore, granito e outros) desgaste
molháveis
excessivo

57
Revestimentos especiais
(fórmica, plásticos, têxteis, pisos
Aderência
elevados, materiais compostos de
alumínio)
Empenamento,
Pisos de madeira – tacos, trincas na
assoalhos e decks madeira e
destacamento
Destacamentos,
Estanqueidade
Piso cimentado, piso acabado em fissuras,
de pisos
concreto, contrapiso desgaste
molháveis
excessivo
Selantes, componentes de juntas e
Aderência
rejuntamentos
Funcionamento
Fechaduras e ferragens em geral
Acabamento
Impermeabilização Estanqueidade
Equipamentos Mensagens e pictogramas Equipamentos
7. para comunicação direcionais de localização e 7. para comunicação
visual de advertência e suportes. visual

a) mobiliário; Equipamentos industrializados


b) incorporados: (aquecedores de passagem ou
1) em ambientes exteriores: acumulação, motobombas, filtros,
bancos, jardineiras, vasos, interfone, automação de portões, Instalação
elevadores e outros) Equipamentos
corrimãos, marcos, mastros
para bandeiras e suportes
8. Equipamentos diversos; 8. Equipamentos
2) em ambientes interiores: Sistemas de dados e voz,
corrimãos, bancos, bancadas, telefonia, vídeo e televisão
papeleiras, saboneteiras, Sistema de proteção contra
cabides, porta-toalhas, descargas atmosféricas, sistema
prateleiras e guarda-corpos; de combate a incêndio, Instalação
3) outros. pressurização das escadas, Equipamentos
Iluminação de emergência,
sistema de segurança patrimonial
58
Instalações elétricas
tomadas/interruptores/disjuntores/ Equipamentos Instalação
fios/cabos/eletrodutos/caixas e
quadros
Instalações hidráulicas e gás -
colunas de água fria, colunas de Integridade e
água quente, tubos de queda de vedação
esgoto, colunas de gás
Instalações hidráulicas e gás
coletores/ramais/louças/caixas de
descarga/bancadas/metais
Equipamentos Instalação
sanitários/sifões/ligações
flexíveis/
válvulas/registros/ralos/tanques

Quadro 7 – Quadro-resumo com adaptação dos componentes da NBR 13532 segundo os prazos de garantia estabelecidos pela NBR 15575 (ABNT, 1995c, 2013)
Componentes NBR 13532 adaptado Prazos de garantia recomendados
Elemento
segundo a NBR 15575 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
Segurança e estabilidade
Fundações
Baldrames, blocos, cortinas, arrimos, estacas global;
1. (aspectos
e sapatas. Estanqueidade de
arquitetônicos)
fundações e contenções
Estruturas Colunas, pilares, vigas, paredes, lajes e
2. (aspectos muros de arrimo Segurança e integridade
arquitetônicos) Escadas
Telhas, canaletas, calhas, rufos, contra rufos,
3. Coberturas Segurança e integridade
terraços e lajes impermeabilizadas.
Fissuras por acomodação
dos elementos estruturais
4. Forros Suportes, placas, painéis e grelhas. e de vedação;
Empenamento, trincas na
madeira e destacamento

59
Empenamento
Descolamento Fixação
Fixação Perfis de alumínio,
Oxidação fixadores e
Borrachas, escovas,
a) fachadas: paredes, platibandas, portas, Partes móveis (inclusive revestimentos em painel
5. Vedos verticais articulações, fechos e
esquadrias, vidraças e ferragens; recolhedores de palhetas, de alumínio
roldanas
motores e conjuntos Integridade de portas e
elétricos de batentes
acionamento)
Dobradiças e molas
Empolamento,
descascamento,
a) paredes e tetos;
Empenamento, trincas na esfarelamento, alteração
b) pisos, pavimentos, rodapés, soleiras, Má aderência do
madeira e destacamento de cor ou deterioração de Estanqueidade de
Revestimentos e degraus, impermeabilizações e proteções; revestimento e dos
6. Aderência acabamento fachadas e pisos
acabamentos c) metais; componentes do sistema
Funcionamento Revestimentos soltos, molháveis
d) madeiras; Estanqueidade
Acabamento gretados, desgaste
e) outros.
excessivo
Fissuras
Equipamentos
Mensagens e pictogramas direcionais de
7. para comunicação
localização e de advertência e suportes.
visual
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas e gás
coletores/ramais/louças/caixas de
Equipamentos Instalação
descarga/bancadas/metais
Equipamentos sanitários/sifões/ligações flexíveis/
8. válvulas/registros/ralos/tanques
Instalações hidráulicas e gás - colunas de
água fria, colunas de água quente, tubos de Integridade e vedação
queda de esgoto, colunas de gás
Demais equipamentos e sistemas Instalação Equipamentos

60
Com base no quadro 6 com comparativo entre as determinações de componentes das
NBR’s 13532 e NBR 15575 o quadro 7 foi elaborado como quadro resumo, compatibilizando
as orientações de ambas as normas e agrupando os componentes de mesma categoria de
execução para melhor visualização dos componentes citados e agrupamento para a
especificação do prazo de garantia estipulado. Fazendo uma correlação a tabela de prazo de
garantia citado, podemos relacionar o prazo estipulado a um plano de manutenção, uma vez que
os componentes citados estão agrupados de modo que o prazo citado se refere a partir de qual
momento é aceitável o aparecimento das anomalias citadas nos componentes, ou seja, se a
garantia para telhados e sua estrutura deve ser de 5 anos pode deduzir-se que a partir desse
momento é esperado da estrutura o aparecimento de algumas anomalias que necessitarão de
manutenção. Válido ressaltar ainda que no elemento equipamentos estão citados os
componentes dos sistemas de instalações das edificações e que não há nas normas uma
especificação quanto a impermeabilização das coberturas, item de grande relevância como será
visto no capítulo 5 de aplicação aos hospitais.

Válido destacar que o prazo de garantia estabelecido pela NBR 15575 se refere ao
período que o fornecedor deverá ser responsável pela troca e/ou manutenção do elemento no
caso de manifestação de patologias e não se refere a vida útil desses materiais, servindo apenas
como critério de orientação de qualidade mínima esperada pelo material. Na presente pesquisa,
busca-se estabelecer, portanto, uma correlação da garantia com o tempo de manutenção desses
elementos que deverá ser recorrente ao longo da sua vida útil.

No Quadro 8, estão presentes os requisitos, os critérios e o método de avaliação dos


itens de segurança estrutural, segurança contrafogo e segurança no uso e na operação. Ao se
avaliar os requisitos e critérios, novamente se torna evidente a aplicabilidade desses itens de
avaliação não somente ao contexto residencial, mas também a outras tipologias. Outro fator que
se pode observar pelo Quadro 8 é o fato de que a avaliação dos requisitos, em sua maioria, se
baseia principalmente na avaliação do projeto inicial, que deverá seguir, antes de tudo, as
premissas das normas brasileiras. Ou seja, conforme exposto ao longo desse item, a avaliação
de desempenho dada pela NBR 15575 tem o caráter de sintetizar as exigências mínimas de uma
edificação em relação às normativas existentes, apresentando, portanto, um documento
sintetizador destas exigências passíveis de avaliação.

Em relação à segurança estrutural, a NBR 15575 frisa que devem ser atendidos os
preceitos das normas brasileiras aplicáveis e, na ausência de normas nacionais, os das normas
61
internacionais. É válido lembrar que, conforme Carvalho Júnior (2019), o sistema estrutural das
edificações, no geral, deve prever as cargas de equipamentos especiais além do próprio peso
que compõe a edificação, como reservatórios superiores, que em edificações de grande porte
armazenam em torno de 40% da reserva total, enquanto os outros 60% ficam em reservatórios
inferiores. No caso de hospitais, segundo o autor, para ambulatórios é previsto um consumo de
25 litros/dia por pessoa, ou seja, cada tipologia de edificação irá necessitar de requisitos
específicos no quesito estrutural para se estimar a carga de uma edificação e, portanto,
apresenta-se com um item de maior complexidade. As alterações dessas cargas podem ser a
causa de possíveis aparecimentos de patologias, o que evidência, mais uma vez, a necessidade
de vistorias periódicas. No caso da segurança contra o fogo, por sua vez, a NBR 15575
preconiza que:
Proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio;
Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio;
Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
Ou seja, os requisitos que se referem à segurança contra o fogo visam proteger a vida e
o patrimônio, por meio de ações voltadas à minimização de danos e à possibilidade de uma
extinção de incêndio. No quesito da resistência ao fogo dos elementos estruturais, é interessante
frisar que a norma traz como objetivos principais:
Possibilitar a saída dos ocupantes da edificação em condições de segurança;
Garantir condições razoáveis para o emprego de socorro público, onde se permita o
acesso operacional
de viaturas, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo hábil para exercer as
atividades de
salvamento (pessoas retidas) e combate a incêndio (extinção);
Evitar ou minimizar danos à própria edificação, às outras adjacentes, à infraestrutura
pública e ao meio
ambiente.

O terceiro quesito de segurança é referente à segurança no uso e na operação, que, em


resumo, está relacionado a itens a partir dos quais se visa avaliar e minimizar potenciais
situações que apresentariam ou possibilitariam danos aos usuários. Nesse contexto, a norma
apresenta alguns exemplos de situações em que, para a segurança no uso e na operação, deve-
se minimizar o risco de:
a) queda de pessoas em altura: telhados, áticos, lajes de cobertura e quaisquer partes
elevadas da construção;
b) acessos não controlados aos riscos de quedas;
c) queda de pessoas em função de rupturas das proteções as quais deverão ser testadas
conforme NBR 14718 ou possuírem memorial de cálculo assinado por profissional
responsável que comprove seu desempenho;
d) queda de pessoas em função de irregularidades nos pisos, rampas e escadas,
conforme a ABNT NBR 15575-3;

62
e) ferimentos provocados por ruptura de subsistemas ou componentes, resultando em
partes cortantes ou perfurantes;
f) ferimentos ou contusões em função da operação das partes móveis de componentes,
como janelas, portas, alçapões e outros;
g) ferimentos ou contusões em função da dessolidarização ou da projeção de materiais
ou componentes a partir das coberturas e das fachadas, tanques de lavar, pias e
lavatórios, com ou sem pedestal, e de componentes
ou equipamentos normalmente fixáveis em paredes;
h) ferimentos ou contusões em função de explosão resultante de vazamento ou de
confinamento de gás combustível.

Quadro 8 – Exigência do usuário: Segurança, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: Segurança
Requisito Critério Avaliação
Análise do projeto
estrutural, verificando
No estado limite último, o desempenho estrutural
Estabilidade e sua conformidade com as
de qualquer edificação deve ser verificado pelas
resistência Normas Brasileiras
Normas
estrutural específicas e com as
Segurança Brasileiras de projeto estrutural específicas.
premissas de projeto
Estrutural indicadas
Deformações,
fissurações Análise do projeto
Projetado de acordo com as normas específicas
ocorrência de estrutural
outras falhas
Proteção contra descargas atmosféricas
Dificultar o Proteção contra risco de ignição nas instalações Análise do projeto ou
princípio do elétricas por inspeção em
incêndio Proteção contra risco de vazamentos nas protótipo.
instalações de gás
Facilitar a fuga em Análise do projeto ou
situação de Rotas de fuga por inspeção em
incêndio protótipo.
Inspeção em protótipo
Dificultar a
ou ensaios conforme
Segurança inflamação Propagação superficial de chamas
Normas Brasileiras
contra generalizada
específicas.
incêndio
Dificultar a Isolamento de risco à distância
Análise do projeto ou
propagação do Isolamento de risco por proteção
inspeção em protótipo
incêndio Assegurar estanqueidade e isolamento
Análise do projeto
Segurança
Minimizar o risco de colapso estrutural estrutural em situação de
estrutural
incêndio.
Sistema de
Análise do projeto ou
extinção e Equipamentos de extinção, sinalização e
por inspeção em
sinalização de iluminação de emergência
protótipo
incêndio

63
Os sistemas não devem apresentar:
a) rupturas, instabilizações, tombamentos ou
quedas que possam colocar em risco a integridade
física dos
Segurança na
ocupantes ou de transeuntes nas imediações do Análise do projeto ou
Segurança utilização do imóvel; inspeção em protótipo.
no uso e na imóvel b) partes expostas cortantes ou perfurantes;
operação c) deformações e defeitos acima dos limites
especificados nas ABNT NBR 15575-2 a ABNT
NBR 15575-6.
Segurança das A edificação habitacional deve atender às Análise do projeto ou
instalações exigências das Normas pertinentes, inspeção em protótipo.

Em relação à exigência do usuário para habitabilidade, quadro 9, a NBR 15575


apresenta os quesitos de estanqueidade; desempenho térmico; desempenho acústico;
desempenho lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; e
conforto tátil e antropodinâmico. Os requisitos de habitabilidade também apresentam os
critérios de avaliação por meio de projeto, contudo, no caso dos desempenhos térmico, acústico
e lumínico, a norma estabelece ainda avaliação por meio de simulações, ensaios e critérios
específicos estabelecidos pela NBR 15575. Ao se observar o Quadro 9, nota-se que a exigência
se relaciona a itens de avaliação para desempenho mínimo, no quesito de fornecimento de um
ambiente saudável, seguro e confortável para os usuários. Em relação à estanqueidade, é válido
frisar a norma de desempenho, que traz as seguintes premissas:
Devem ser previstos nos projetos a prevenção de infiltração da água de chuva e da
umidade do solo nas habitações, por meio dos detalhes indicados a seguir:
a) condições de implantação dos conjuntos habitacionais, e forma a drenar
adequadamente a água de chuva incidente em ruas internas, lotes vizinhos ou mesmo
no entorno próximo ao conjunto;
b) impermeabilização de porões e subsolos, jardins contíguos às fachadas e quaisquer
paredes em contato com o solo, ou pelo direcionamento das águas, sem prejuízo da
utilização do ambiente e dos sistemas correlatos e sem comprometer a segurança
estrutural. Em havendo sistemas de impermeabilização, estes devem seguir a NBR
9575;
c) impermeabilização (3.23) de fundações e pisos em contato com o solo;
d) ligação entre os diversos elementos da construção (como paredes e estrutura,
telhado e paredes, corpo principal e pisos ou calçadas laterais).

É valido frisar, ainda, que, para a avaliação do desempenho térmico nas habitações ou
em qualquer outra tipologia arquitetônica — como os hospitais aqui abordados —, deve-se
observar a zona bioclimática em que se insere a edificação. A norma estabelece dois
procedimentos, um normativo e outro informativo, a saber:
a) Procedimento 1 – Simplificado (normativo): atendimento aos requisitos e critérios
para os sistemas de vedação e coberturas, conforme ABNT NBR 15575-4 e ABNT
NBR 15575-5. Para os casos em que a avaliação de transmitância térmica e capacidade
térmica, conforme os critérios e métodos estabelecidos nas ABNT NBR 15575-4 e
ABNT NBR 15575-5, resultem em desempenho térmico insatisfatório, o projetista

64
deve avaliar o desempenho térmico da edificação como um todo pelo método da
simulação computacional conforme o item 11.2.
a) Procedimento 2 – Medição (informativo, Anexo A): verificação do atendimento
aos requisitos e critérios estabelecidos nesta ABNT NBR 15575-1, por meio da
realização de medições em edificações ou protótipos construídos. Este método é de
caráter meramente informativo e não se sobrepõe aos procedimentos descritos no item
anterior (a), conforme disposto na diretiva 2:2011 da ABNT.

Quadro 9 – Exigência do usuário: Habitabilidade, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: habitabilidade
Requisito Critério
Estanqueidade Estanqueidade a Estanqueidade à água de chuva e à umidade do solo e do lençol freático
fontes de umidade
externas à
edificação
Estanqueidade a Estanqueidade à água utilizada na operação e manutenção do imóvel
fontes de umidade
internas à
edificação
desempenho Exigências de Valores máximos de temperatura
térmico desempenho no
verão
Exigências de Valores mínimos de temperatura
desempenho no
inverno
Desempenho Isolação acústica de Desempenho acústico das vedações externas
acústico vedações externas

Isolação acústica Isolação ao ruído aéreo entre pisos e paredes internas


entre ambientes
Ruídos de impactos Ruídos gerados por impactos

Desempenho Iluminação natural Simulação: Níveis mínimos de iluminância natural


lumínico Medição in loco: Fator de Luz Diurna (FLD)
Iluminação artificial Níveis mínimos de iluminação artificial

saúde, higiene, Proliferação de O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
qualidade do ar micro-organismos vigente.
Poluentes na O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
atmosfera interna à vigente.
habitação
Poluentes no O requisito mencionado deve atender aos critérios fixados na legislação
ambiente de vigente.
garagem
Funcionalidade e Altura mínima de A altura mínima de pé-direito não pode ser inferior a 2,50 m.
acessibilidade pé direito Em vestíbulos, halls, corredores, instalações sanitárias e despensas
admite-se que o pé-direito se reduza ao
mínimo de 2,30m.
Nos tetos com vigas, inclinados, abobadados ou, em geral, contendo
superfícies salientes altura piso a piso e ou o
pé-direito mínimo, devem ser mantidos, pelo menos, em 80 % da
superfície do teto, admitindo-se na superfície
restante que o pé-direito livre possa descer até ao mínimo de 2,30m.

65
Disponibilidade Para os projetos de arquitetura de unidades habitacionais, sugere-se
mínima de espaços prever no mínimo a disponibilidade de
para uso e operação espaço nos cômodos do edifício habitacional para colocação e utilização
da habitação dos móveis e equipamentos-padrão
listados no Anexo X de caráter informativo.
Adequação para As áreas privativas devem receber as adaptações necessárias para
pessoas com pessoas com deficiência física ou com
deficiências físicas mobilidade reduzida nos percentuais previstos na legislação, e as áreas
ou pessoas com de uso comum sempre devem obedecer
mobilidade ao que estabelece a ABNT NBR 9050.
reduzida
Possibilidade de Ampliação de unidades habitacionais evolutivas
ampliação da
unidade
habitacional
Conforto tátil e Conforto tátil e Os elementos e componentes da habitação (trincos, puxadores,
antropodinâmico adaptação cremonas, guilhotinas etc.) devem ser projetados,
ergonômica construídos e montados de forma a não provocar ferimentos nos
usuários.
Adequação Os componentes, equipamentos e dispositivos de manobra devem ser
antropodinâmica de projetados, construídos e montados
dispositivos de de forma a evitar que a força necessária para o acionamento não exceda
manobra 10 N nem o torque ultrapasse 20 Nm.

No contexto do desempenho térmico, outro item de relevante impacto é a absortância à


radiação solar das superfícies expostas, a partir da qual devem ser avaliadas as coberturas e as
paredes de uma edificação, visando estabelecer um desempenho mínimo de conforto ao usuário.
No caso das coberturas, deve-se observar os valores especificados em projeto quanto aos
materiais especificados para o telhado e em relação as paredes. Deve-se considerar o valor da
absortância à radiação de acordo com a cor definida em projeto — quando não definida, deverão
ser simuladas as opções por cor clara (α = 0,3), cor média (α = 0,5) e cor escura (α = 0,7). Outro
item de relevante impacto nas edificações, em seu contexto geral e não somente residencial, se
é a funcionalidade e acessibilidade, para o qual a norma estabelece como premissas de projeto
mínimo a observação de:
a) acessos e instalações;
b) substituição de escadas por rampas;
c) limitação de declividades e de espaços a percorrer;
d) largura de corredores e portas;
e) alturas de peças sanitárias;
f) disponibilidade de alças e barras de apoio.

66
Quadro 10 – Exigência do usuário: Sustentabilidade, quadro-resumo adaptado pela autora (ABNT, 2013)
Exigência do usuário: Sustentabilidade
Requisito Critério Avaliação
Durabilidade Vida útil de O projeto deve especificar o valor teórico para Análise do projeto.
projeto do edifício a Vida Útil de Projeto (VUP) para cada um dos
e dos sistemas que sistemas que o
o compõem compõem
O edifício e seus sistemas devem apresentar Análise de
durabilidade compatível com a Vida Útil de cumprimento das
Projeto VUP normas existentes ou
por análise de campo
do sistema através de
inspeção em protótipos
e edificações ou pela
análise dos resultados
obtidos em estações de
ensaios de durabilidade
do sistema, desde que
seja possível
comprovar sua eficácia;
Manutenibilidade Manutenibilidade Convém que os projetos sejam desenvolvidos Análise de projeto.
do edifício e de de forma que o edifício e os sistemas
seus sistemas projetados tenham o
favorecimento das condições de acesso para
inspeção predial através da instalação de
suportes para fixação de
andaimes, balancins ou outro meio que
possibilite a realização da manutenção.

Consumo de Utilização e reuso deve atender aos parâmetros estabelecidos na Análise de projetos,
água e deposição de água Tabela 18.1 (NBR 15575) métodos de ensaio
de esgotos no relacionados às Normas
uso e ocupação Brasileiras específicas
da habitação

Consumo de Eficiência As instalações elétricas devem privilegiar a Análise de projeto


energia no uso e energética adoção de soluções, caso a caso, que
ocupação da minimizem o consumo
habitação de energia, entre elas a utilização de iluminação
e ventilação natural e de sistemas de
aquecimento baseados em energia alternativa.
Tais recomendações devem também ser
aplicadas aos aparelhos e equipamentos
utilizados durante a execução da obra e no uso
do imóvel (guinchos, serras, gruas, aparelhos
de iluminação, eletrodomésticos, elevadores,
sistemas de refrigeração etc.).

Por fim, quanto às exigências dos usuários, tem-se o quesito Sustentabilidade — ou


adequação ambiental conforme refere a NBR 15575 em alguns momentos, para o qual se
observam requisitos, notados no Quadro 10, relacionados à durabilidade, à manutenibilidade e

67
a sistemas de redução de consumo e impacto ambiental. Os requisitos relacionados à
sustentabilidade, portanto, podem ainda ser correlacionados aos custos efetivos de uma
edificação, conforme visto na introdução, sendo capazes de influenciar diretamente o equilíbrio
financeiro da manutenção ao longo dos anos. O aumento do desempenho nesse quesito pode
significar uma redução de custos para ao usuário final; por isso é válido frisar que, em todo
caso, deve-se fazer um estudo prévio de custo x benefícios, uma vez que, em determinadas
regiões do Brasil, pode não ser economicamente interessante a utilização de certos sistemas.

Com base no exposto neste item, pode-se concluir que a NBR 15575 se apresenta como
uma normativa síntese das mais diversas normas e preceitos existentes no contexto brasileiro,
além de e apresentar-se como um guia orientativo para a definição do desempenho mínimo
esperado das edificações residências. A norma apresenta, ainda, novos aspectos relevantes para
a avaliação do desempenho térmico, acústico e lumínico das edificações, além de frisar a
importância da manutenção das edificações que já haviam sido normatizadas no contexto
brasileiro, mas que pouco se via a aplicação. Trata-se mais uma vez de uma tentativa de
conduzir o mercado da construção civil para a adequação da qualidade esperada das edificações
no Brasil — nesse primeiro momento, voltado às edificações residenciais. Contudo, conforme
exposto na introdução deste item, conclui-se que os requisitos apresentados pela NBR 15575
para a avaliação de desempenho das edificações são passíveis de aplicação a outra tipologia
arquitetônica — considerando que, neste estudo, eles serão aplicados a edificações hospitalares
e representam uma base de critérios já validada.

A diferença na estrutura de itens de avaliação entre as metodologias apresentadas,


consistem em que Ornstein (1992) estabelece categoria de avaliação (6) e seus componentes e
a NBR 15575 (BRASIL, 2013) estabelece categoria de avaliação (3), tipo de avaliação (15),
elementos e componentes. Contudo, essa correlação está presente apenas no estabelecimento
dos prazos de garantia dos componentes, aqui correlacionados a manutenção, não sendo
considerados itens de avaliação de exigência do usuário conforme se pode verificar nos quadros
8 a 10. O estabelecimento de itens de avaliação sem especificar os componentes em si, condiz
ao exposto pela norma de não avaliar os materiais ou fornecedores, contudo, entende-se que
conforme especifica Ornstein (1992) os componentes citados pelas normas são itens a se
verificar quando no estudo do desempenho de uma edificação e o seu estado de conservação e
por se ter esse entendimento que os componentes serão integradas a avaliação aqui proposta
conforme será visto no capítulo 4.

68
4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO

O espaço de edifícios não existe sem a intenção ou objetivos estabelecidos, desde o


início da história; e o seu processo de organização visa a produtividade – ou o desempenho,
segundo Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017). Desse modo, podemos extrapolar a questão e definir
critérios para a avaliação do desempenho dos espaços, a fim de verificar o atendimento dos
objetivos a que se propõe, de modo a estabelecer um ciclo de melhoria contínua da edificação.
É válido considerar que as edificações são elementos concretos e finitos e que, pela sua
utilização ou mesmo pela deterioração natural pelo tempo, tendem a apresentar desgastes e
provocar insatisfação quanto a sua utilização a partir de um determinado momento.

Nesse contexto, há de se frisar conceitos acerca do lugar, do espaço e do meio ambiente,


para melhor entendimento do assunto. Segundo esclarece Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), lugar
consiste em um espaço significado pela presença humana; espaço seria o meio a abrigar a
atividade e a oportunidade de relação entre os elementos; e meio ambiente seria aquele que
pode relacionar “os mundos físicos ou natural (físico e biológico) ou incluir nele o mundo
social”. O lugar, na arquitetura, segundo Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), implica, portanto, na
relação do ser humano com o lugar em um nível consciência, onde podemos deduzir que haverá
julgamentos de valor e de atendimento às expectativas.

Nesse processo, o arquiteto, aparece, historicamente, como principal encarregado da


organização dos lugares, por deter o conhecimento específico para tal finalidade. Esse
responsável foi desenvolvendo sua aba de tarefas e tipologias a serem edificadas, buscando
atender a cada demanda da sociedade em seu tempo. Havia dois caminhos de aplicação, por
assim dizer: o urbano e o edifício; dois modos de pensar, e por que não dizer, inter-relacionados
desde o início da organização em vilas nos primórdios da humanidade. Nesse contexto, a
cidade, segundo Romero e Fernandes (2016, p. 63), engloba “três níveis básicos”: o coletivo, o
comunitário (bairro) e o individual, e há a necessidade de uma “gestão transparente e eficaz dos
recursos” em cada um deles. O que ocorre, contudo, é que, usualmente, cada nível é considerado
individualmente.

Nesse contexto, Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017) destacam que para se mensurar o


desempenho dos lugares há que se definir inicialmente a qual aspiração se refere, ou seja, há a
certa subjetividade na análise de acordo com o objeto a ser analisado e o fim desejado. É

69
necessário, portanto, estabelecer categorias para a mensuração efetiva, inserindo nesse contexto
o conceito de dimensão:
“O conceito de dimensão é utilizado nas ciências para expressar determinada relação
entre elementos de uma situação temporalmente retirada de seu contexto maior para
efeitos de análise e conhecimento: tratar de uma ‘dimensão’ indica se dividir
provisoriamente certo fenômeno para melhor observa-lo e depois, reconstruí-lo
mentalmente de modo organizado. Nesse sentido, o conceito de dimensão se aproxima
aos processos de análise – síntese, tal como empregados por alguns autores referidos
em Kohlsdorf, M.E.” (1979, 1985, 1996 apud KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017).

Dessa forma, é utilizado o conceito de dimensões para se indicar, resumidamente, do


todo em que se insere, um plano a ser estudado. Para Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), a
arquitetura consiste no “produto do trabalho humano, [...] a partir de recursos historicamente
disponíveis e com o objetivo de responder a interesses e expectativas socialmente definidas”.
O projeto arquitetônico, segundo Silva (1998 apud KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017),
consiste em “uma proposta de solução para um particular problema [...] através de uma
determinada forma construtível, bem como a descrição desta forma e as prescrições para sua
execução”.

Ou seja, há de se concluir que a arquitetura em si possui um fim a ser atendido e,


portanto, capaz tanto de ser mensurável como de ser passível de avaliação de desempenho, seja
do ponto de vista técnico ou até mesmo da subjetividade a qual se propõe. As dimensões
morfológicas se manifestam como planos de estudo para determinado objeto, visando analisá-
lo em seus diversos aspectos. Conforme os autores, a avaliação de desempenho, segundo as
dimensões morfológicas, tem como objetivo verificar as qualidades de cada lugar, seja urbano
ou arquitetônico, segundo as suas particularidades. Também deve-se deduzir que, com a
categorização dos fatores a serem avaliados, é necessário estabelecer uma avaliação mais
sistematizada e direcionada, incluindo a divisão das atividades pela equipe técnica de avaliação
ou mesmo do levantamento da opinião do usuário.

No contexto de avaliações sistematizadas e direcionadas, as dimensões morfológicas


têm sido desenvolvidas ao longo dos anos (Tabela 1), visando estabelecer critérios para o
planejamento e a avaliação dos lugares no todo, além de utilizar as dimensões de modo a
direcionar as “camadas” as quais tendem compor um espaço. O método citado é resultado do
grupo de pesquisa de professores2 da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

2
Participaram do momento inicial Mário Júlio Kruger (dimensão funcional), além de Gunter Kohlsdorf e Maria
Elaine Kohlsdorf (dimensões econômico-finaceiras, expressivo-simbólica e topoceptiva), Frederico de Holanda e
70
de Brasília — FAU/Unb, denominado Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização
— DIMPU, de 1984 (KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017). Esse grupo, ainda atuante,
funciona sob a coordenação do professor Frederico de Holanda e é registrado junto ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Tabela 1 - Resumo da evolução das dimensões morfológicas na arquitetura. Fonte: Tenório (2012 p. 30)
adaptado pela autora.
4 Funções 7 Dimensões 7 Dimensões 6 Dimensões 8 Dimensões 6 Dimensões

Hiller e Holanda e Kohlsdorf, Kohlsdorf, Holanda, Kohlsdorf, M.E


Leaman, Kohlsdorf, G; M.E.; M.E.; 2010 e Kohlsdorf, G.
1974 1994 1996 2010 2017
continente de Funcional Funcional Funcional Funcional Funcional
atividades
de copresença de copresença de copresença Sociológica Copresencial

modificação Bioclimática Bioclimática Bioclimática Bioclimática Bioclimática


climática
modificação Econômica Econômica Econômico- Econômica Econômico-
de recursos financeira financeira
Topoceptiva Topoceptiva Topoceptiva Topoceptiva Topoceptiva

expressão Simbólica Expressiva Expressivo- Simbólica Expressivo-


simbólica simbólica simbólica
Emocional Afetiva Afetiva

Estética

As dimensões estabelecidas por esse grupo de pesquisa, conforme já citado, apresentam


a possibilidade de avaliação tanto do espaço urbano, método de avaliação mais usual das
dimensões, quanto do espaço arquitetônico, seja em pré ou pós-execução, conforme esclarece
Holanda (2010). As dimensões vêm sendo estudadas e desenvolvidas ao longo dos últimos anos
e, para fins metodológicos, será utilizada a categorização exposta por Kohlsdorf e Kohlsdorf
(2017), com seis dimensões, conforme Tabela 1 — que abrange, direta ou indiretamente, as
outras duas dimensões desmembradas por Holanda (2010). Ou seja, por meio das dimensões
morfológicas, é possível avaliar um mesmo lugar com seis pontos de vista diferentes, no qual
cada dimensão avalia os atributos e regras que lhe cabem. Portanto, é possível se obter um bom
desempenho em determinada dimensão e um insatisfatório em outra. Quanto aos
esclarecimentos que diferem as seis dimensões citadas, Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017) apontam:

Benamy Turkienicz (dimensão copresencial), Márcio Villas Boas e Paulo Marcos de Oliveira (dimensão
bioclimática).
71
O bioclimatismo e a funcionalidade se referem a critérios de caráter biofísico
(confortos sensoriais e ergonômicos);
A copresença lida com critérios de sociabilidade (integração ou segregação social de
pessoas e grupos);
Questões econômico-financeiras possuem critérios pragmáticos (embora
relacionando custos financeiros e benefícios sociais, conforme exposto);
Os aspectos expressivos, simbólicos e topoceptivos se vinculam a critérios de natureza
emocional (fruição, simbolismo, orientação espacial e identificação).

É importante destacar que, conforme Holanda (2010), as dimensões ainda estão


inseridas no contexto de três macrodimensões — ética, estética e ecológica — que permeiam
as dimensões morfológicas e que devem ser consideradas no momento de suas aplicações.
Nesse contexto, há de se esclarecer a esfera e o caráter de aplicação, conforme exposto na
Tabela 2, onde se verifica que, conforme Holanda (2010), as dimensões funcional, copresencial,
bioclimática e econômico-financeira possuem um caráter instrumental em contraponto às
dimensões topoceptiva e expressivo-simbólica, que possuem um caráter mais expressivo. Vale
lembrar que qualquer dimensão é passível de avaliação também pelo ponto de vista do usuário,
contudo, há aqueles que se inserem numa esfera mais emocional, conforme exposto, e, como
tal, tendem a possuir uma avaliação mais difícil de ser quantificada e a apresentar um maior
aspecto subjetivo quanto a sua avaliação de desempenho.

Tabela 2 – As seis dimensões de avaliação do desempenho morfológico dos lugares. Fonte: Kohlsdorf e
Kohlsdorf (2017 p. 469) e Holanda (2010) adaptado pela autora.
Dimensão Conceito simplificado Esfera Caráter
funcional expectativa de adequação ergonômica e Física Instrumental
características do lugar
copresencial possibilidade de encontros casuais e reclusão Social Instrumental

bioclimática expectativa de conforto metabólico dos indivíduos Física Instrumental


com o meio que se encontram
econômico- custos x benefícios Pragmática Instrumental
financeira
topoceptiva vínculos entre necessidades de orientação espacial e Emocional Expressivo
identificação dos lugares
expressivo- vínculos emocionais x fruição estética e Emocional Expressivo
simbólica características dos lugares

Conforme aspiração dos autores, de se estabelecer uma avaliação mais completa de um


lugar, seja urbano ou arquitetônico, na Tabela 2 é apresentado um conceito simplificado de cada
dimensão. Tanto a dimensão topoceptiva quanto a expressivo-simbólica, resumidamente, se
relacionam a critérios mais subjetivos da avaliação por dimensões, uma vez que se inserem no

72
ramo da sensibilidade e da capacidade de percepção das pessoas quanto ao espaço em que se
inserem.

A avaliação de desempenho, segundo as dimensões morfológicas, tem como objetivo,


portanto, verificar as qualidades de cada lugar, seja urbano ou arquitetônico, segundo as suas
particularidades. Deve-se deduzir que, com a categorização dos fatores a serem avaliados, é
necessário estabelecer uma avaliação mais sistematizada e direcionada, incluindo a divisão das
atividades pela equipe técnica de avaliação ou mesmo o levantamento da opinião do usuário.

Ou seja, por meio das dimensões morfológicas tende-se a uma avaliação mais
direcionada quanto aos aspectos e critérios a serem avaliados, na qual todas as dimensões são
passíveis de avaliação tanto técnica, até nas dimensões mais subjetivas, quanto da avaliação
pela opinião do usuário, compondo uma avaliação pós-ocupação, conforme especifica Ornstein
no subitem 3.1. A seguir, são apresentadas as nuances de cada dimensão, a fim de se
contextualizar e esclarecer as diferenças de avaliação entre elas, uma vez que alguns itens
podem, num primeiro momento, aparentar repetição, mas na verdade caracterizam tipos de
avaliação diferenciadas.

É válido destacar, ainda, que alguns itens podem parecer de similar avaliação entre as
dimensões, contudo há de se atentar que cada avaliação deverá ser realizada de forma
independente, com o foco voltado para a dimensão que se está analisando, pois itens, como o
relevo do solo, por exemplo, na dimensão expressivo-simbólica, apresentam uma avaliação
voltada a uma sensação que poderá ser causada no usuário daquela edificação. Já a dimensão
bioclimática pode relacionar o item de avaliação de relevo do solo quanto à permeabilidade dos
ventos naquela edificação.

Ao analisar mais profundamente os itens de avaliação das dimensões topoceptiva e


expressivo-simbólica (Tabelas 3 e 4) —, é possível verificar que os itens se relacionam mais ao
contexto urbano de percepção sensorial e, em um primeiro momento, já é possível verificar que
a avaliação de uma edificação no contexto desta dimensão deveria ser adaptada à situação a que
se aplica. A necessidade de adaptação dos itens a serem avaliados à realidade de uma edificação
é percebida por todo o estudo das dimensões, que são sugestivas no sentido de avaliação de
todas as possíveis camadas de uma edificação, assim como se sugere o termo dimensão.

73
Tabela 3 – Dimensão Topoceptiva. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 271)
DIMENSÃO TOPOCEPTIVA
Níveis de
Atributo morfológico
abordagem
estações
A) Eventos gerais das sequências
intervalos
espaciais
tamanho da sequência
quantidade por estação
Nível da percepção
B) Campos visuais incidência de estações com diferentes tipos
de CV
efeitos topológicos
C) Efeitos visuais
efeitos perspectivos
forma
A) Caminhos tamanho
hierarquia
forma
B) Bairros tamanho
relações estruturais
Nível da imagem internos e externos
C) Limites
mental tipos
forma
D) Pontos focais tamanho
hierarquia
forma
E) Marcos visuais tamanho
hierarquia
macroparcelas
A) Categorias

1. Planta baixa microparcelas


globais

relações entre cheios e vazios


linha de coroamento
2. Silhueta sistema de pontuação
linha de força
relevo do solo
1. Elementos de sítio físico vegetação
sistemas hídricos
relações intervolumétricas
B) Categorias parciais

edifícios X espaços públicos


Nível do 2. Elementos edilícios volumetrias
conhecimento
especializado fachadas
base X destaque
elementos de sinalização
veículos de propaganda
3. Elementos complementares pequenas construções
mobiliário urbano
elementos de engenharia urbana
unidades morfológicas
C) Categoria

partes do todo
síntese

4. Estrutura interna do espaço


relações configurativas com entorno

conexões visuais

74
Esses critérios podem ser avaliados mais objetivamente quando considerados por meio
da avaliação de aspectos técnicos, como os expostos nas Tabelas 3 e 4, ou por meio da aplicação
do estudo de observação e da aplicação da estatística. Nessas dimensões, por exemplo,
poderíamos extrapolar e aprofundar ainda mais os critérios relacionados à humanização dos
espaços, que se inserem tanto no âmbito dos itens técnicos quanto no âmbito do levantamento
da opinião do usuário.

No contexto das dimensões topoceptiva e expressivo-simbólica (Tabelas 3 e 4), é


possível ainda avaliar os itens passíveis de aplicação e de consideração quanto à implantação
dos hospitais, além, ainda, de sua inserção em um determinado local. Contudo, conforme Góes
(2011), as tipologias arquitetônicas tendem a não apresentar uma grande variação quanto às
suas formas e implantações, apresentando quase sempre uma área de ocupação mais densa nos
pavimentos térreo e subsolo, com as torres voltadas a internação, fatores que influenciam
principalmente os elementos edilícios das edificações.

No contexto da dimensão expressivo-simbólica (Tabela 4), podemos relacionar a


humanização — que, conforme o Programa Nacional de Humanização (2001 apud ROMERO;
FERNANDES, 2016, p. 79), é “humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais,
indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde”. Dentro dos fundamentos
aplicáveis, a “Patiente – Centered Care” estabelece como requisitos básicos:

1. eliminar os fatores estressantes;


2. conectar o paciente com a natureza;
3. oferecer opções de escolhas para controle individual;
4. disponibilizar oportunidade de socialização
5. promover atividades de entretenimento “positivas”
6. promover ambientes que remetam a sentimentos de paz, esperança, reflexão,
conexão espiritual, relaxamento, humor e bem-estar.

Outro termo relacionável a dimensão expressivo-simbólica no contexto dos hospitais é


a Hospitalidade, que para Paiva (2009 apud ROMERO; FERNANDES, 2016, p. 77) é “uma
forma de relação humana baseada na reciprocidade entre hóspedes, visitantes e anfitriões”, ou
seja, se trata da necessidade social do homem. Para Mezzomo (2003 apud ROMERO;
FERNANDES, 2016, p. 79), é necessário, portanto, tornar a edificação hospitalar adequada e,
por que não, receptiva aos usuários.

75
Tabela 4 – Dimensão expressivo-simbólica. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 212)
DIMENSÃO EXPRESSIVO-SIMBÓLICA
Subdimensão Expressividade Simbolismo
Atributo morfológico
estações
A) Eventos gerais das
intervalos
sequências espaciais
tamanho das sequências
quantidade por estação
B) Campos visuais incidência de estações com
Nível de Percepção

diferentes tipos de CV
leis de Gestalt
qualidades semânticas
leis de composição plástica
fenômenos de configuração
C) Efeitos visuais diferenças notáveis
qualidades tectônicas
elementos convencionais
tipos de significados
níveis de significados
malha
A) Categorias globais

macroparcelas
1. Planta baixa microparcelas

relações entre cheios e vazios

linha de coroamento
2. Silhueta sistema de pontuação
Nível do conhecimento especializado

linha de força
relevo do solo
1. Elementos do sítio
vegetação
físico
sistemas hídricos
B) Categorias parciais

relações intervolumétricas
2. Elementos edilícios edifícios x espaços públicos
volumetrias
elementos de sinalização
veículos de propaganda
3. Elementos pequenas construções
complementares mobiliário urbano
elementos de engenharia
urbana
unidades morfológicas
A) Categoria-

partes do solo
síntese

4. Estrutura interna do
espaço relações configurativas com
entorno
conexões visuais

A dimensão copresencial, segundo Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017,p.71, p.76), “requer


expor as permeabilidades e barreiras espaciais ao movimento humano no lugar considerado” e
“propõe estudar as relações entre configurações espaciais e sistemas de interações entre

76
pessoas”, analisados por meio de atributos morfológicos, como permeabilidade e/ou barreiras,
convexidades, construtividade e axialidade, conforme Tabela 5.

Outro princípio pertinente à dimensão copresencial e aos caminhos a serem percorridos


pelos usuários é o da maior integração dos fluxos, diretamente relacionada ao gerenciamento
dos fluxos incompatíveis, alusivos principalmente a acessos exclusivos e a circulação de
material contaminado (GÓES, 2011). Segundo Lima (2012), é recomendável, ainda,
circulações independentes e abertas, com o intuito de fornecer as condições ideais para a
adequação e a flexibilidade do edifício hospitalar no futuro.

Tabela 5 – Dimensão Copresencial. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 140)


DIMENSÃO COPRESENCIAL

Nível de abordagem Padrões espaciais


Atributo morfológico
Ilhas espaciais
A) Permeabilidade x barreiras
percentual de espaços abertos x espaço total
Tamanhos dos Espaços Convexos
B) Convexidades Tamanho do Espaço Convexo Médio
Distribuição dos Espaços Convexos conforme seus Tamanhos
Número médio de entradas por espaço construído?
Número de espaços convexos por entrada
C) Constitutividade
Perímetro das barreiras por entrada
Percentual de espaços convexos cegos
Economia da malha axial integração dos eixos axiais
Integração dos eixos axiais
D) Axialidade
Integração da malha axial
Forma do núcleo integrador

A dimensão bioclimática (Tabela 6), por sua vez, engloba as verificações quanto a
temperatura, umidade, sonoridade, luminosidade e pureza do ar, buscando identificar as
variáveis de desempenho indesejável. Tais subdimensões são passíveis de avaliação quanto a
aspectos técnicos (por meio de instrumentos específicos de verificação e medição), assim como
do ponto de vista do usuário, que caracterizariam, juntos, a Avaliação Pós-Ocupação completa
acerca desta dimensão. Na tabela 6 são descritos os atributos morfológicos sugeridos e
avaliados por Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), nos quais percebemos levemente uma maior
relação dos atributos de avaliação com o meio ambiente em que se insere, o espaço a ser
avaliado, ou seja, o meio urbano. Contudo há de se frisar que tais aspectos podem ser analisados
no âmbito arquitetônico por meio de pequenas adaptações.

77
Quanto a referências para a dimensão bioclimática, Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017) citam
os trabalhos de pesquisa desenvolvidos na FAU-UnB por “Marcio Villas Boas (1979, 1983,
2004), Paulo Marcos Oliveira (1985, 1993, 1995), e Villas Boas e Oliveira (1986, 1995) [...]
Cabral (1995), Mascaró L. (1981) e Romero (1998, 2001, 2009)”. Portanto, devido à variedade
de pesquisadores dedicados à temática bioclimática na instituição e à complexidade do tema e
de sua avaliação em relação ao tempo de pesquisa disponível, optou-se por, neste primeiro
momento da presente pesquisa, não se abordar ou adaptar essa dimensão, deixando espaço para
uma parceria e um aprofundamento futuros.
Tabela 6 – Dimensão Bioclimática. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 110)
DIMENSÃO BIOCLIMÁTICA

Subdimensão qualidade do
higrotérmica acústica luminosa
Atributo morfológico ar

A) Configuração do relevo do solo

B) Densidade de ocupação

C) Orientação solar e eólica

D) Permeabilidade do solo

E) Áreas aquíferas

F) Vegetação

G) Rugosidade

H) Porosidade

|) Materiais das superfícies expostas


J) Distância entre fontes geradoras / receptoras
de ruídos
K) Obstáculos à Propagação do som
L) Superfícies Paralelas Horizontais e
Verticais
M) Usos do solo conforme sua geração de
incômodos

Válido relembrar que os critérios relacionados a dimensão bioclimática estão


classificados na categoria de habitabilidade da NBR 15575 junto a estanqueidade,
funcionalidade e acessibilidade, conforto antropodinâmico e de saúde que são itens mais
relacionados a funcionalidade de uma edificação e avaliados de forma diferente dos critérios

78
bioclimáticos e portanto entende-se que por meio da divisão das dimensões morfológicas se
tem uma consideração dos critérios de forma mais objetiva.

Tendo em vista todo o contexto da avaliação das edificações, tem-se a dimensão


funcional, que, segundo Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), considera as “condições funcionais,
certos atributos quantitativos, qualitativos e relacionais dos espaços onde se desenvolvem as
atividades”. Nesse tipo de avaliação, podemos explorar ainda critérios funcionais quanto à
edificação em relação, por exemplo, ao Código de Edificações da cidade e a norma de
acessibilidade.
Tabela 7 – Dimensão funcional. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 241)
DIMENSÃO FUNCIONAL
Atributo morfológico
Descrição dos espaços funcionais
A) Espaços funcionais
Classificação de atividades
Áreas de superfície dos espaços funcionais
Alturas dos espaços funcionais
Quantidade de pavimentos dos espaços funcionais
B) Quantidade dos
espaços funcionais Volume dos espaços funcionais
Taxas de ocupação dos lotes dos espaços funcionais
Coeficientes de aproveitamento dos lotes dos espaços funcionais
Afastamentos dos limites do lote dos espaços funcionais
Proporção dos espaços funcionais
C) Qualidade dos espaços Figura das plantas dos espaços funcionais
funcionais Volumes dos espaços funcionais
Permeabilidade visual e motora dos espaços funcionais
Complementariedade entre espaços funcionais
D) Relações entre
espaços funcionais Proximidade entre espaços funcionais
Acessibilidade entre espaços funcionais

O princípio da contiguidade dos espaços da edificação aplicável à dimensão funcional,


Segundo Góes (2011), é outra premissa que deve ser considerada nas edificações hospitalares,
pois determina que haja a interligação e o agrupamento de serviços essenciais, de forma a
diminuir o tempo de atendimento ao paciente. Ou seja, a contiguidade tem como finalidade
principal proporcionar um equipamento mais eficiente, reduzindo os deslocamentos
desnecessários, ampliando a integração dos setores e buscando prevenir a duplicação dos
recursos.

Portanto, o equipamento de saúde, a fim de garantir a qualidade e eficiência na prestação


de seus serviços e atividades, deverá observar a relação entre os seus espaços e a sua
sistematização, apoiado em serviços como a logística e administração (GUELLI; ZUCCHI,

79
2005 apud BROSS JC, 1989). Nesse contexto, devido à complexidade da arquitetura hospitalar
e à constante evolução da medicina — e, consequentemente, de seus equipamentos e ambientes
—, o planejamento hospitalar deverá estar constantemente em desenvolvimento, visando
sempre a redução de custos e de tempo e o aumento da qualidade e da eficiência da edificação
(GÓES, 2011). Fatores, estes que contribuem para a necessidade de uma edificação dessa
tipologia arquitetônica necessitar de espaços passíveis de flexibilização e alteração. Afinal,
conforme Karman (1994), um planejamento hospitalar voltado tanto para a otimização e
eficiência quanto para o funcionamento, a produtividade, o mínimo de desperdício e de
qualidade pode ser relacionado também ao preceito de preditividade: atividade voltada ao
prévio estudo de impactos sobre a edificação.

Lima (2012) trata também da necessidade da qualificação da equipe hospitais, que


deverá ser proporcionalmente especializada em relação aos serviços prestados, pois a integração
das equipes médicas no atendimento hospitalar possui a capacidade de dinamizar o
atendimento, além de contribuir para o aumento da precisão do diagnóstico e proporcionar um
maior conforto ao paciente ao sanar a necessidade de buscar um segundo atendimento (LIMA,
2012). Essa integração pode ser alcançada com o devido planejamento dos fluxos em um
ambiente hospitalar e com a oferta de espaços para treinamento, descanso etc., que influenciem
na produtividade do pessoal de atendimento.

Quanto à locação dos equipamentos utilizados nos hospitais, relacionado a


funcionalidade, há de se pensar ainda no problema de integração ao ambiente e o seu
funcionamento, questões relacionadas ainda à diversidade da tecnologia utilizada, à variedade
do sistema de produção e à falta de padronização — de materiais e do desenho (LIMA, 2012).
Quanto ao desenho dos equipamentos, segundo o autor, é recorrente que em seu planejamento
sejam considerados apenas “as características funcionais e a viabilidade econômica da
produção”, sem se levar em consideração os espaços no qual serão utilizados, fato que pode
contribuir para uma instalação inadequada, o que em alguns casos pode até impossibilitar a sua
utilização.

A dimensão econômico-financeira, em complemento, segundo Kohlsdorf e Kohlsdorf


(2017, p. 77), quanto a suas relações ao projeto, tem como foco a relação do consumo de
recursos de bens e serviços (considerando as pessoas envolvidas e o tempo despendido); a
relação entre custos financeiros e benefícios sociais; e a relação entre custo e benefício entre a
produção e o consumo de “qualquer espaço arquitetônico” (construção, manutenção, reforma
80
ou substituição). Outros fatores que possuem considerável impacto sobre a dimensão se referem
a qualidade dos materiais utilizados e a sua durabilidade, o tipo de sistemas construtivos e os
processos requeridos para a manutenção/conservação do espaço. É nesse contexto, portanto,
que são abordadas as questões de sustentabilidade e impacto ambiental.

Tabela 8 – Dimensão econômico-financeira. Fonte: Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017 p. 163)


DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

Estruturas
Infraestrutura Supraestrutura
Atributo morfológico
energético
A) Tipos de sistemas telecomunicações
sanitário
densidade demográfica
densidade construtiva
densidade demográfica x densidade
construtiva
B) Características morfológicas
dos lugares áreas livres públicas
microparcelas
elementos externos aos sistemas
infraestruturais
edificações
C) Áreas livres públicas x percentual entre áreas livres públicas e
privadas privadas
índices de ocupação de lotes próximos
(custos indiretos)
D) Características das áreas características do sistema circulatório
abertas públicas (custos diretos)
características de outras áreas livres
públicas (custos diretos)
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características do interior
diretos)
dos lotes
atributos edilícios (custos diretos)

Outro fator que permeia a dimensão econômico-financeira, em especial, são os preceitos


acerca da sustentabilidade que integram as dimensões econômica, social, ambiental e político-
institucional, segundo Andrade (apud KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017). Há uma relação
com o conceito de desenvolvimento sustentável, com o qual Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017)
relacionam o aumento do investimento econômico, que justificaria o não comprometimento
com o meio ambiente, ou seja, os custos seriam justificados pelo valor ambiental agregado. Os
vértices conceituais da sustentabilidade são a justiça social, a proteção ecológica e o
crescimento econômico.

81
O desenvolvimento sustentável, contudo, consiste em um conceito que pode ser
expandido para diversas aplicações. No presente estudo, ele será entendido no âmbito da sua
aplicação, que se relaciona a questões concernentes à redução da pegada ecológica, à redução
da produção de resíduos, ao aumento do desempenho energético, a fontes limpas de geração de
energia, a fontes alternativas de energia, à política dos 5R’s (repensar, recusar, reutilizar, reduzir
e reaproveitar), à redução do impacto ambiental, ao transporte sustentável e ao respeito a
história do local. Ou seja, o desenvolvimento sustentável, aqui, será entendido como um
conjunto de atitudes voltadas à redução dos impactos negativos que as atividades e decisões
arquitetônicas possuem sobre o meio em que se insere, buscando um equilíbrio entre os custos
e benefícios das intervenções humanas no lugar. Nesse contexto, se insere inclusive a questão
da revitalização e reabilitação dos espaços urbanos e arquitetônicos, já explorados desde a Carta
de Atenas (IPHAN, 1933).

Outro fator que pode ser interligado a esse tema de sustentabilidade é a consideração
sobre os materiais de construção, elementos capazes de influenciar diretamente a capacidade
de desempenho das estruturas e supra estruturas de uma edificação. Nesse contexto, Capanema
(2016) apresenta que a sustentabilidade, portanto, consiste numa “mudança de paradigma para
o desenvolvimento humano”, por meio da qual deve-se questionar a aplicação e as metodologias
atuais de uso dos materiais e toda a cadeia produtiva da indústria da construção.

Os impactos causados pela implantação da edificação, no caso da arquitetura hospitalar,


devido a suas “grandes dimensões e complexidade”, atingem uma maior escala. Uma
arquitetura desse porte poderá utilizar-se tanto de métodos comuns, como ventilação natural e
brises, como de sistemas de placas solares e reaproveitamento de água, que, aplicados a uma
arquitetura de grande consumo ajudarão na diminuição de custos e impacto na região (GÓES,
2011). Dessa forma, mesmo com a necessidade de utilização de sistemas mecanizados em
alguns setores do hospital, como o centro cirúrgico e a UTI, a edificação poderá ainda ser
considerada eficiente. O conceito de edificação eficiente pode interligar-se ainda à utilização
de “reaproveitamento de água, uso de materiais reciclados, otimização de iluminação natural,
controle de emissão de gases, aplicação do 3R (reduzir, reciclar e reutilizar) e tratamento de
edifícios sólidos” (EDWARDS, 2005).

Conforme Carvalho Junior (2018), no âmbito da otimização do desempenho dos


sistemas de uma edificação, podemos relembrar algumas escolhas projetuais que possuem a
capacidade de aumentar o desempenho das edificações nesse sentido. É o caso do aquecimento
82
solar, que reduz em média 35% consumo de energia — exceto em dias nublados, que
apresentam desempenho prejudicado. O sistema a gás vem complementando esse sistema e
substituindo o antigo sistema de caldeiras; o chuveiro elétrico é o responsável por cerca de 24%
do consumo de energia elétrica, além de consumir cerca de 20 a 25 litros de água, enquanto
duchas consomem em torno de 14 litros por minuto. O autor aponta que os banheiros
representam cerca de 70% do consumo de água potável de uma edificação; contudo, existem
dispositivos que podem ajudar a reduzir o consumo, como torneiras de fechamento automático,
torneiras com sensor de presença, válvulas de acionamento por pedal ou alavancas, válvulas
reguladoras, redutores de pressão, arejadores, arejadores de vazão constante, válvulas seletoras
de descarga e válvulas de descarga com sensor de presença. As antigas bacias sanitárias, por
sua vez, são responsáveis por 30% do consumo de água potável em edificações; contudo, as
válvulas seletoras de descarga podem proporcionar uma economia de 60% desse consumo
(CARVALHO JÚNIOR, 2019). A pressão dimensionada em projeto também pode influenciar
no consumo de água: Carvalho Junior (2018) declara que a redução de 30 m.c.a para 17 m.c.a
pode representar uma economia de 30%, além do fato de válvulas redutoras de pressão
minimizarem o desgaste prematuro do sistema hidráulico. Ou seja, pequenos e médios ajustes
nos sistemas de instalações de uma edificação são capazes de otimizar o desempenho dos
sistemas, apresentando uma redução de gastos e do impacto ambiental de uma edificação. Nesse
contexto, acerca da infraestrutura de instalações prediais, é válido citar a pesquisa de Araújo
(2008, pp. 143–225), que apresenta um estudo interessante quanto às conceituações, aos tipos
de instalações e à implementação de tecnologias aplicáveis a EAS.

Outro fator que apresenta maior dificuldade de implantação em edificações existentes,


mas que pode influenciar na redução de consumo de uma edificação, é o aproveitamento de
água pluvial, que pode gerar uma redução de cerca 30% do consumo de água potável, conforme
Carvalho Junior (2018). Nesse caso, é necessária a implantação de um reservatório de
armazenamento independente. Sua utilização dependerá ainda de um sistema de tratamento de
acordo com a função a ser exercida, desde alimentação de torneiras de jardim até descargas de
vasos sanitários. É válido ressaltar que o sistema de tratamento terá um custo de implantação
proporcional ao nível de ‘pureza’ necessário (CARVALHO JÚNIOR, 2019).

Por fim, segundo Lima (2012), é recomendável que hajam unidades autônomas de alta
produtividade com atendimentos centralizados para atuar como unidades de apoio a rede
hospitalar, pois elas garantem maior qualidade dos serviços e menor custo de manutenção, ou

83
seja, se relacionam tanto aos aspectos funcionais quanto aos aspectos econômicos de uma
edificação, que, como tal, serão considerados de primeira importância nesse estudo. Ou seja, as
dimensões funcional e econômico-financeira complementam-se no sentido de avaliar a
funcionalidade dos espaços e assim, quando avaliadas conjuntamente podem apresentar as
melhores soluções, a fim de se reduzir os custos de operação. Portanto, será com foco nesse
tipo de avaliação conjunta que o presente estudo será aplicado. É válido destacar, ainda, que
para a avaliação econômico-financeira serão realizadas adaptações aos itens avaliados ao
contexto das edificações, além dos itens relacionados à arquitetura hospitalar propriamente dita.

Conclui-se que, com a aplicação das dimensões morfológicas como norteadores da


avaliação, conforme exposto no trabalho de Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017), tende-se, portanto,
à avaliação de todos os aspectos passíveis de influência sobre uma edificação, que é passível
tanto da avaliação de desempenho quanto da avaliação do usuário. Quanto ao tipo de avaliação,
destaca-se que a proposta tem como finalidade, nesse momento, fornecer um método de
avaliação preliminar, com foco na avaliação do estado atual e do desempenho da edificação
como um todo, de forma a identificar os pontos e anomalias que necessitam de intervenções
para garantia ou aumento da sua eficiência. O método torna-se, inclusive, uma ferramenta de
retroalimentação de dados, visando a manutenção e o aprimoramento contínuo da edificação e
com foco na avaliação global e contínua da edificação que será adotado como referência o nível
1 de avaliação física, conforme quadro 11, especificado por Ornstein (1992).
Quadro 11 – Níveis de avaliação e tempo estimado (ORNSTEIN, 1992)
NÍVEIS DE SERVIÇOS DE AVALIAÇÃO
avaliação
1 Avaliação técnica sem recomendações 20 dias
física
avaliação
2 Avaliação técnica com recomendações 30 dias
física
avaliação
3 Avaliação técnica detalhada com especificações técnicas detalhadas 40 dias
física

1 APO Avaliação técnica/funcional/comportamental com recomendações 60 dias

Avaliação técnica/funcional/comportamental com recomendações


2 APO 90 dias
detalhadas
APO nível 2 com diretrizes para projeto, construção, operação e
3 APO em aberto
manutenção

Por fim, é válido esclarecer que nesta pesquisa será aprofundada a dimensão econômico-
financeira, devido ao impacto direto dessas sobre o desempenho e a manutenção da edificação,
além de seu caráter instrumental. As dimensões bioclimáticas e copresencial, devido à
84
complexidade dos temas e do tempo disponível para a pesquisa, não serão aprofundadas nesta
dissertação; ademais, sobre ambas há extensa bibliografia e pesquisas no âmbito da FAU/UnB,
passíveis de estudo posterior ou até mesmo de parcerias. As dimensões topoceptiva e
expressivo-simbólica, por fim, que estão relacionadas a uma esfera mais subjetiva, de caráter
emocional (Tabela 2), não serão incluídas neste momento, pois elas sugerem a avaliação do
ponto de vista do usuário, que costuma demandar maior tempo da pesquisa, conforme exposto
por Ornstein (1992) no Quadro 11.

4.1.1 Avaliação De Desempenho Morfológico Adaptado (MDM-A)

Este item tem como objetivo expor as considerações quanto aos métodos de avaliação
de desempenho da NBR 15575 e de avaliação pós-ocupação, já validados no contexto brasileiro
e explorados no capítulo anterior, além de utilizar seus critérios como base de aplicação e
avaliação juntamente ao método de avaliação de desempenho morfológico. Neste item, serão
explorados ainda as considerações acerca de situações de possível aumento de desempenho das
edificações no contexto econômico-financeiro.

É válido esclarecer que o foco da avaliação aqui proposta pode ser tanto pontual quanto
generalizada, conforme a necessidade ou a capacidade do momento em que for aplicada e do
critério de avaliação utilizado. Essas avaliações, por sua vez, foram categorizadas de acordo
com a complexidade das atividades desempenhadas e de suas respectivas funções dentro do
contexto da edificação, a fim de realizar uma pesquisa mais objetiva.

É válido destacar que o presente estudo parte do princípio de que uma edificação poderá
atingir maior desempenho ao uso a que se destina, mas que possivelmente será condicionada
pelos fatores externos determinantes, como o orçamento, a sustentabilidade, o local de
implantação e imprevistos e sendo considerados, portanto, como potenciais critérios de
desempenho e não de utilização obrigatória.

No contexto da avaliação econômico-financeira das edificações, há de se abordar certos


conceitos como a questão do impacto ambiental, durabilidade e manutenibilidade dos sistemas,
uma vez que, apresentam impacto no custo de uso e operação das edificações. Nesse Contexto,
a indústria da construção civil apresenta-se como a indústria de maior consumo de recursos
naturais do planeta e conseguinte a que apresenta maior impacto ambiental, sendo previsto que
até 2050 teremos mais de 70% da população vivendo em áreas urbanas, elevando a demanda
85
por recursos naturais, incluindo o consumo de energia elétrica (FARIA et al., 2020). Nesse
contexto, há de se pensar em sistemas que aumentem também a eficiência energética no
contexto das edificações e a redução do impacto ambiental causado pelo consumo desses
recursos.

Eficiência energética se relaciona não somente a redução do consumo energia, mas


inclui a manutenção do conforto do usuário no uso da edificação com o mínimo de utilização,
ou ainda a utilização de sistemas alternativos para atendimento da demanda
(GHAFFARIANHOSEINI et al., 2017). A recomendação de redução do consumo de energia
da edificação pode ser relacionada ainda a redução dos gastos operacionais de manutenção da
edificação e aumento seu desempenho econômico (DING et al., 2020).

Aqui se relacionam as chamadas edificações verdes, consideram que o consumo


energético e custos operacionais podem ser reduzidos em até 21% em relação a uma edificação
convencional e que o aumento do uso de energias renováveis nas edificações minimiza,
consequentemente, o uso de fontes artificiais (ABHINAYA; PRASATH KUMAR;
KRISHNARAJ, 2017). E verifica-se ainda que edificações verdes podem apresentar também a
integração do conceito de flexibilidade de seu design como os dos aspectos chaves de
concepção (CAVALLIERE et al., 2019).

Em relação certificação de edificações que visam atitudes sustentáveis, válido citar que
existem no Brasil sistemas avaliação como o BREEAM, LEED, AQUA e PBE-EDIFICA, que
funcionam, em sua maioria, como sistemas de “certificação” das edificações em relação aos
critérios estabelecidos por cada programa. Ou seja, os sistemas de certificação tendem a
quantificar o que podemos considerar como melhorias das edificações, sendo aplicáveis no
intuito de melhorar o desempenho da edificação quanto ao consumo de recursos naturais sem a
redução do desempenho das atividades ali a serem operadas. As certificações incluem diversos
itens a serem avaliados e de diferentes temáticas, mas, em sua maioria, visam o aumento ou a
manutenção do desempenho das edificações por meio escolhas projetuais de potenciais redução
de consumo de recursos naturais.

Nota-se que a questão da redução do impacto ambiental não é recente, desde a carta de
Atenas (IPHAN, 1933) que profissionais da AEC propõe a responsabilidade no consumo e a
questão da sustentabilidade – aqui entendida como redução de impacto ambiental – de toda a
cadeia construtiva. A sustentabilidade como abordada pela agenda 2030 da ONU, Nova Agenda

86
habitat III e o Acordo de Paris vai além do mero pensamento de redução de consumo de
recursos, mas inclui a intenção de minimizar o consumo, para minimizar o dano e maximizar o
desempenho ou pelo menos na manutenção sustentável das atividades.

Quanto ao consumo de energia pós-ocupação, constata-se que representa a maior


proporção do consumo de energia de uma edificação e o comportamento do usuário apresenta-
se como fator chave no caso de retrofit (GHAFFARIANHOSEINI et al., 2017). O consumo de
energia é um dos agentes de grande impacto ambiental e a simulação de alternativas tem se
apresentado como uma útil ferramenta para o design sustentável (LI et al., 2020). Cada
edificação apresenta diferentes desempenho térmicos e contribuições ao consumo energético –
de acordo com as funções que desempenha – e a implantação de sistemas de renováveis de
geração de energia nem sempre será sustentável, inserindo-se nesse contexto a importância das
simulações quanto ao desempenho térmico e energético das edificações (YI et al., 2017).

No contexto do desempenho térmico, a redução de consumo de energia por meio da


redução de sistemas de consumo de ar-condicionado apresenta-se como uma alternativa para o
desempenho econômico-financeiro de uma edificação, contudo, tem relação direta a diminuição
da umidade ambiente, em contraponto ao registro de satisfação maior por parte dos usuários em
casos de sistemas híbridos de ventilação natural e condicionamento dos ambientes (DE
OLIVEIRA; FORGIARINI RUPP; GHISI, 2021). Nessa área, existem também estudos que
mostram o potencial da utilização de sistema de condicionamento não mecânicos no conforto
térmico sentido pelos usuários e apresenta-se como soluções mais sustentáveis (YI, 2018).

Há de se destacar ainda o elevado consumo de energia na produção de recursos


utilizados durante o ciclo de vida dos materiais e que o reaproveitamento desses materiais se
apresenta como outra alternativa para redução de consumo de energia que também possuem a
capacidade de influenciar o desempenho econômico-financeiro de uma edificação (FARIA et
al., 2020). Válido lembrar que o sistema de abastecimento elétrico no Brasil depende em sua
maioria por hidroelétricas e nos casos de baixa de rios há o acionamento das termoelétricas e
demais sistemas de apoio, ou seja, a geração de energia elétrica se baseia em sistemas baseados
em consumo de recursos naturais finitos.

Considerando que a utilização de ótimas envoltórias em uma edificação é capaz de


aumentar o ciclo de vida de energia quanto ao uso/custo de uma edificação em mais de 50% e
o impacto ambiental pode ser reduzido em até 3 vezes – incluindo o impacto a transmissão de

87
calor dos materiais para o meio (NAJJAR et al., 2019). Outro fator de potencial influência na
eficiência energética, se refere a constatação de que a escolha por sistemas construtivos de baixo
custo com baixo desempenho térmico apresentam-se como fonte de aumento do consumo de
energia, ao contraponto que melhores sistemas construtivos tendem a apresentar uma redução
no custo de operação (GONZÁLEZ MAHECHA et al., 2020). Ou seja, em alguns casos a
intervenção em fachadas apresenta-se como maior potencial de fonte de redução de consumo
energético por meio da redução da demanda por sistemas mecânicos, setor este onde registra-
se uma maior necessidade de tecnologias voltadas ao aumento do desempenho dos materiais
das fachadas (ALKHATIB et al., 2021). Portanto, decisões baseadas na redução do impacto
ambiental, manutenção em tempo e operações ocupacionais a tempo representam três caminhos
para a redução de custos financeiros (GHAFFARIANHOSEINI et al., 2017).

Tendo em vistas estes fatores e considerando que Onstein (1992) classifica a


manutenção e a implementação de sistemas de otimização de desempenho como uma categoria
econômica e que na NBR 15575 (ABNT, 2013) a durabilidade, manutenibilidade e impacto
ambiental se relacionam a vida útil de uma edificação, no quadro 14 foram expostos os atributos
morfológicos da Dimensão Econômico-financeira para hospitais.

Quanto aos atributos a serem avaliados na avaliação de desempenho morfológico


econômico-financeira, foi utilizado as recomendações das normativas brasileiras, tendo a
avaliação de pós-ocupação aplicada no país e a norma de desempenho como principais fontes,
e foi realizado um estudo comparativo seus atributos de forma a se buscar critérios de avaliação
já validados por aplicações anteriores. Com base nos atributos mínimos e tendo em vista a
complexidade dos hospitais, aplicou-se a avaliação de desempenho morfológico econômico-
financeiro adaptada para o contexto arquitetônico, quadro 12, com a inclusão dos atributos de
estado de conservação e ampliação dos sistemas de edificações avaliados, buscando-se
identificar pontos de possível aumento de eficiência e desempenho das edificações. Foram
estabelecidos critérios de avaliação para cada atributo de forma a estabelecer os parâmetros de
avaliação e estes critérios foram divididos em três resultados possíveis valorados em
indicadores de 0,00 a 1,00, sendo 1,00 para os casos de atendimento aos critérios estabelecidos
– quadro 13.

88
Quadro 12 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
atributo morfológico
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
energético
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
telecomunicações
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
sanitário
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
hidráulico
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
drenagem pluvial e impermeabilização
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
gás
grande extensão ou em desacordo com
A) Tipos de sistemas as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
SPDA
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
de acordo com as normas ou projeto
segurança e prevenção de incêndio recente (3), falta manutenção (2) ou
desatualizado (1)
de acordo com as normas ou projeto
sprinkler recente (3), falta manutenção (2) ou
desatualizado (1)
em funcionamento (3), em processo de
automação
implantação (2) ou não existente (1)
em funcionamento (3), em processo de
placa fotovoltaica
implantação (2) ou não existente (1)
em funcionamento (3), em processo de
placa solar térmica
implantação (2) ou não existente (1)
em funcionamento (3), em processo de
sistemas passivos de ventilação
implantação (2) ou não existente (1)
em funcionamento (3), em processo de
reuso de água pluvial
implantação (2) ou não existente (1)
em funcionamento (3), em processo de
reuso de água tratada (cinza)
implantação (2) ou não existente (1)
em relação ao potencial construtivo,
B) Características
densidade construtiva (área construída) acima de 75% (3), até 75% (2) ou menor
morfológicas gerais
50% (1)

89
até 50% (3), até 25% (2) ou menor 25%
área de ocupação
(1)
até 50% (3), até 25% (2) ou menor 25%
áreas livres
(1)
até 20 % (3), até 10% (2) e sem área
Área permeável
permeável (1)
não identificado patologias (3),
elementos externos aos sistemas patologias pontuais (2) e patologias de
infraestruturais grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
isoladas (3), geminadas (2) ou
Tipos de edificações
improvisadas (1)
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas até 25% (3), até 50% (2) ou acima de
construídas do lote 50% (1)
índices de ocupação de lotes próximos até 70% (3), até 80% (2) ou até 100%
(custos indiretos) (1)
3 ou mais meios de transporte
D) Características características do sistema circulatório disponíveis (3), até 2 meios de
das áreas abertas (custos diretos) transporte (2) ou somente um modo de
públicas acesso (1)
predominância em área comercial (3),
características do entorno (custos diretos) área institucional (2) e área residencial
ou industrial (1)
índices de ocupação de lotes (custos 50 % (3), até 50% (2), acima de 50% (1)
E) Características diretos) de acordo com Portaria MS 400/77
Internas em funcionamento (3), falta manutenção
atributos edilícios (custos diretos)
(2) ou não existente (1)
estrutura com layout flexível (3),
Fundações (aspectos arquitetônicos) estrutura com layout de difícil alteração
(2) e estrutura temporária (1)
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
Estruturas (aspectos arquitetônicos)
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
Coberturas
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
F) Estado de Forros
grande extensão ou em desacordo com
conservação as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
Vedos verticais
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
Revestimentos e acabamentos
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

não identificado patologias (3),


patologias pontuais (2) e patologias de
Equipamentos de comunicação visual
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)

90
não identificado patologias (3),
patologias pontuais (2) e patologias de
Equipamentos
grande extensão ou em desacordo com
as normas (1)
0
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,000
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 0,00%

Quadro 13 – Indicadores por critérios


IDM CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS COR
0,71 - 1,00 Grau máximo Atende (3)
0,31 - 0,70 Grau médio Atende parcialmente (2)
0,01 - 0,30 Grau mínimo Não atende (1)
0,00 Não qualificado Não implantado

Quanto aos tipos de sistemas, ampliou-se o proposto na abordagem de Kohlsdorf e


Kohlsdorf (2017) para abordar os sistemas inseridos no contexto das edificações que podem ser
classificados em sistemas tradicionais e sistemas de potencial elevação de desempenho. Os
tipos de sistemas tradicionais são: energético, telecomunicações, sanitário, hidráulico,
drenagem pluvial, gás, SPDA, sistemas de prevenção de incêndio e Sprinkler; que possuem
como critério de avaliação a identificação de patologias relacionadas a estes sistemas.

Os sistemas de potencial elevação do desempenho da edificação incluem a utilização


de: automação, placa fotovoltaica, placa solar térmica, sistemas passivos de ventilação, reuso
de água pluvial e reuso de água tratada; que possuem como critério de avaliação a identificação
a presença da implantação destes sistemas na edificação. Os sistemas classificados como
potencial elevação do desempenho da edificação se referem a escolhas projetuais capazes de
diminuir o custo de manutenção e operação de uma edificação conforme visto anteriormente,
além de consistirem em sistemas que ajudam a minimizar o impacto ambiental das edificações
no contexto em que se inserem.

Quanto as características morfológicas gerais, avaliam-se a densidade construtiva em


relação a área do lote, a área de ocupação do lote, as áreas livres – ou áreas não edificadas, as
áreas permeáveis, o tipo de edificações – isoladas, geminadas ou temporárias – e os elementos
externos aos sistemas infraestruturais como guaritas, caixas d’água e abrigos. Em relação ao
modelo de atributos morfológicos originais, foram retirados os itens que se referiam a densidade
demográfica por ter sido julgado que se referem a uma análise voltada ao urbano. Quanto aos
critérios de avaliação, foram utilizados como referência as recomendações da Portaria MS 400
(BRASIL, 1977b), a RDC 050 (BRASIL, 2002c) e percentuais médios aplicáveis – como no

91
caso da avaliação de áreas permeáveis. Quanto ao item de áreas livres e construídas do lote, foi
estabelecido como critério de avaliação a recomendação da Portaria MS 400 (BRASIL, 1977b).
Quanto as características das áreas abertas pública para os índices de ocupação dos lotes
do entorno, tomou-se como referência valores inversamente proporcionais aos recomendados
para áreas permeáveis e quanto as características do entorno, as considerações quanto tipologias
de proximidade adequadas de acordo com a Portaria MS 400 (BRASIL, 1977b). Em relação ao
sistema de circulação terrestre, o critério de avaliação se baseia na premissa de maior qualidade
de acordo com maior oferta de modais de transporte, uma vez que para edificações de saúde de
grande porte existe a previsão por grande demanda de circulação.
Quanto as características internas, adotou-se o mesmo padrão de porcentagem dos
atributos anteriores como critério de avaliação e em relação aos atributos edilícios optou-se por
utilizar os critérios a possibilidade de flexibilização do layout por se tratar de um aspecto
relacionado a durabilidade, manutenibilidade e qualidade das edificações conforme visto
anteriormente – principalmente no contexto das recomendações de Ornstein (1992) e a NBR
15575 (ABNT, 2013).
Por fim, acrescentou-se o atributo morfológico estado de conservação dos componentes
da edificação conforme recomendação de Ornstein (1992) – que classifica os elementos como
funcionais, mas que nesse caso se considerou como dimensão econômico-financeira por estar
relacionado aos aspectos de manutenibilidade e durabilidade das edificações – e da NBR 15575
(ABNT, 2013). Válido destacar que os componentes adotados foram divididos de acordo com
a análise comparativa realizada no quadro 7 do item 3.2.

Tendo em vista a pesquisa bibliométrica e informações levantados nesta pesquisa quanto


a avaliação de desempenho no contexto brasileiro, conclui-se que os métodos de avaliação de
desempenho disponíveis – incluindo a avaliação pós-ocupação no que se refere a avaliação
técnica – estão diretamente relacionadas as normativas brasileiras. Sendo verificado somente a
necessidade de uma categorização mais efetiva dos atributos a serem avaliados de forma a se
buscar uma avaliação mais sistematizada de todo o contexto que compõe uma edificação
hospitalar. Necessidade de sistematização que tentou-se suprir com a utilização da avaliação de
desempenho morfológico desenvolvidos pelos professores da FAU/UnB adaptado ao contexto
arquitetônico e com a necessidade de um sistema de avaliação que incluísse questões de
sustentabilidade e redução de custos e impacto ambiental conforme exposto. Para validação da
avaliação será aplicada a metodologia em dois estudos de caso no próximo capítulo.

92
Válido esclarecer que os critérios utilizados por esta metodologia, visam a identificação
dos pontos passíveis de avaliação via inspeção predial como indicativo do estado de
conservação da edificação no geral e na indicação dos pontos que necessitam de um estudo por
especialistas, precisam de manutenção rotineira ou mesmo indicar os pontos passível aumento
de desempenho da edificação – seja no desempenho de suas atividades como na redução dos
custos de manutenção. Ou seja, buscou-se por meio dessa metodologia criar um “roteiro” de
avaliação global da edificação via inspeção predial utilizando-se para a avaliação a
documentação existente da edificação, a experiencia do avaliador no contexto geral e análise
sensitiva do espaço conforme estabelecem as normativas brasileiras, não se inserindo na
avaliação, portanto, itens onde seria cabível a avaliação por especialistas como no caso das
instalações e equipamentos mecânicos, além do caso dos gases medicinais.

Com base na bibliografia utilizada ao longo da pesquisa, tornou-se claro ainda a


importância dos critérios relacionados principalmente aos sistemas que compõe a edificação e
ao estado de conservação destes, motivo pelo qual tais critérios apresentam um protagonismo
na avaliação como um todo, sendo os demais critérios utilizados para indicação do potencial
econômico-financeiro conforme a metodologia morfológica no qual este estudo tem a sua base.

Apresenta-se no capítulo seguinte – Capítulo 5, por fim, os quadros nas quais constam
os atributos morfológicos estabelecidos e os critérios de avaliação aplicados em dois estudos
de caso, de forma a buscar identificar a possibilidade de aplicação deste método de avaliação
de desempenho morfológico em diferentes contextos patrimoniais e de gestão da arquitetura
hospitalar.

93
5 RESULTADOS
Os hospitais escolhidos como estudo de caso para aplicação do método de avaliação de
desempenho morfológico adaptado foram o Hospital Sarah Centro e o Hospital Regional da
Asa Norte afim de se verificar a possibilidade de valorização dos resultados das edificações em
contextos de gestão diferenciados e públicos distintos. Sendo válido esclarecer que na presente
pesquisa não se pretende realizar uma avaliação comparativa entre os dois tipos de hospitais,
uma vez que se inserem em contextos diferentes, mas sim verificar a aplicabilidade da avaliação
de desempenho morfológico econômico-financeiro como método de investigação do estado de
cada hospital, identificar as fraquezas, os potenciais de aumento de desempenho e contribuir na
geração de informação visando a gestão e a manutenção contínua das edificações.

5.1 Estudo de caso: Hospital Sarah Centro, Brasília – Brasil.

O Hospital Sarah Centro – ou Sarah Brasília, foi projetado com a função de ser um
centro tecnológico e de referência no campo do aparelho locomotor, sendo classificado como
hospital especializado (LIMA, 2012). O projeto é de autoria do arquiteto João Filgueiras Lima,
foi inaugurado em 1974, possui atualmente 67.684,54m² construídos em um lote de
41,272.80m² sendo considerado um dos melhores hospitais do mundo (LIMA, 2012).

O hospital atualmente possui 250 leitos sendo 12 para UTI, atendendo atividades de
atenção básica, média complexidade e alta complexidade, possui 8 salas de cirurgia com 2 salas
de recuperação, 44 clínicas tipo indiferenciado e 8 clinicas não médicas e conta atualmente com
909 funcionários cadastrados (CNES, 2020a). O horário de atendimento ao público é de
segunda-feira a sexta-feira das 8:00h às 18:00 horas. Em relação a dimensão econômico-
financeira, não se levando em conta o tipo de gestão do hospital e sim nos aspectos físicos da
edificação, apresenta bom resultado no contexto geral, destacando-se problemáticas recorrentes
dessa tipologia arquitetônica como da prevenção de incêndio, acessibilidade e sistemas
hidráulicos.

O Sarah Brasília é um hospital de propriedade da Associação Pioneiras Sociais que


consiste em uma instituição de serviço social autônomo sem fins lucrativos em cooperação com
a união (“REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO,” 2013a). Desenvolve as
funções de “hospital, centro de administração e de gestão hospitalar, de treinamento e pesquisas,
de controle de qualidade e de formação de recursos humanos”; não atendendo, contudo, a

94
emergência e pronto-socorro (“REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO,”
2013b).

Possui como princípios fundamentais “trabalho interdisciplinar, o atendimento


humanizado, a segurança do paciente, a qualidade das técnicas e processos e o uso de novas
tecnologias no diagnóstico e tratamento” (“REDE SARAH DE HOSPITAIS DE
REABILITAÇÃO,” 2013c). Suas especialidades de atendimento são ortopedia, pediatria do
desenvolvimento, neurologia, neurocirurgia, genética médica, cirurgia reparadora e oncologia
e desenvolve programas de reabilitação neurológica, neurorreabilitação em lesão medular e
auxílio ao diagnóstico e tratamento (“REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO,”
2013d).

O Sarah Brasília está localizado no Setor Médico Hospitalar Sul (SMHS), região central
de Brasília (RA-I). Está localizado em um terreno com aproximadamente 58.000,00m² e foi
projetado com volumes compactos a fim de garantir áreas externas livres e espaço para futuras
ampliações, como o auditório e o Sarinha (LIMA, 2012). Conforme a imagem 2 é possível
identificar que o hospital está implantado entre três vias coletoras em uma zona
predominantemente comercial, com a presença de várias edificações e locado ao lado do HBDF.
Quanto a tipologia e gabarito local, conforme as imagens 3 e 4 consiste em um local com mais
de seis pavimentos de gabarito em edificações comerciais com a presença mediana de
vegetação.

Imagem 2 – Localização do lote em relação ao entorno, sem escala definida.


Data da foto: 18/02/2014.
Fonte: Google Earth editado pela autora.
95
Imagem 3 – Foto do entorno. Imagem 4 – Foto do entorno.
Data da foto: 06/2014. Data da foto: 06/2014.
Fonte: Google Earth. Fonte: Google Earth.

O complexo hospitalar do Sarah Brasília é composto por dez volumes (imagem 5), que
compreendem o estacionamento enterrado, o Sarinha bloco A à D, a Escolinha – que foi
desativada, o Complexo Principal, o Auditório e o Edifício Sede. Cada bloco possui funções
bens específicas que serão descritas na setorização a ser apresentada e podem ser utilizados de
forma independente umas das outras

Imagem 5 – Identificação das unidades que compõem o complexo hospitalar do Sarah Centro.
Fonte: Projeto do Hospital Sarah Centro editado pela autora.

Quanto aos acessos ao lote, conforme imagem 6 é possível identificar quatro acessos que
consistem em um acesso de pedestres junto a via W3 – para funcionários, um acesso para o
estacionamento que atende somente aos funcionários – os pacientes devem utilizar os

96
estacionamentos públicos disponíveis externamente, um acesso exclusivo para serviços e outro
com acesso ao necrotério. Na imagem 6 são identificados os quatro acessos disponíveis ao lote.
Quanto ao acesso ao edifício, conforme imagem 5, as entradas principais estão localizadas entre
o Sarinha bloco A e o complexo principal, ou seja, o acesso aos demais blocos do Sarinha só
serão possíveis pelo bloco A assim como o auditório só possui acesso pelo complexo principal.
Quanto ao estacionamento, este possui conexão com o Sarinha e ao Complexo Principal –
conforme será apresentado na setorização. Quanto ao Edifício Sede, possui acesso pela
passarela que o conecta ao complexo principal e acesso frontal junto ao estacionamento externo,
uma vez que esse bloco está localizado em um lote anexo ao lote do Sarah Brasília.

Imagem 6 – Acessos ao Sarah Brasília – em (A) entrada principal, (B) acesso de funcionários (pedestres), (C)
acesso de serviços e (D) acesso ao necrotério.
Data da foto: 05/2015.
Fonte: Google Earth.

Quanto a setorização do hospital, possui sete dos oito setores recomendados pela RDC nº
050, sendo elas o apoio administrativo, apoio diagnostico e terapia, apoio logístico, apoio
técnico, atendimento ambulatorial, atendimento de internação e ensino e pesquisa, com a adição
de jardins internos. A circulação vertical é realizada principalmente em três torres, uma a norte
e duas a sul, conforme imagens 7 a 13 que dão acesso ao Sarinha e ao complexo principal
respectivamente, além de algumas circulações adicionais nos subsolos que podem ser
relacionados as grandes áreas dos pavimentos. Em relação ao estacionamento, consistem em

97
dois pavimentos enterrados (subsolos) e um a nível do solo com acesso por meio de duas torres
de circulação, uma de acesso a área externa e outra interligada ao complexo principal e ao Bloco
A do Sarinha. No primeiro subsolo é possível ainda o acesso ao complexo principal por meio
de um corredor.
Em relação ao complexo principal, o segundo subsolo (imagens 7 e 8) é composto por
áreas de apoio logístico, apoio técnico e circulação exclusivamente técnica. Quanto ao apoio
logístico, nesse pavimento consiste nos setores de manutenção, dietética e depósitos; já o apoio
técnico corresponde às centrais de esterilização. O primeiro subsolo (imagens 9 e 10) é
composto por áreas de apoio logístico, apoio técnico e apoio ao diagnóstico e terapia,
correspondendo aos vestiários, centro cirurgico e setor de exames respectivamente. Quanto à
circulação, conforme imagem 10, é predominantemente geral com a presença de circulações
críticas nas áreas de exames patológicos e centro cirúrgico – devido ao risco de contaminação.
O pavimento térreo (imagens 11 e 12) é composto por setores de apoio administrativo,
ambulatório e apoio técnico, que representam os escritórios médicos, salas de consultas e sala
de médicos respectivamente. A circulação é de uso geral, sendo restrita a técnicos apenas na
passarela metálica de acesso ao edifício sede.

Em relação aos pavimentos superiores, na imagem 13 estão representados os três últimos


pavimentos do complexo principal (4º ao 6º pavimento), de forma a ilustrar o pavimento tipo
utilizado do 1º ao 5º pavimento, uma vez que o 6º pavimento utiliza uma divisão interna
diferenciada em relação aos demais pavimentos. Nos pavimentos 1º ao 5º estão distribuídos os
setores de atendimento internação e apoio logístico, que representam as áreas de internação nas
laterais e dormitórios médicos ao centro respectivamente. Os volumes deslocados para o
exterior abrigam os sanitários e ambientes de apoio à internação. Cada pavimento possui uma
especialidade específica sendo que do 1º ao 3º pavimento abrigam a enfermaria pediátrica,
oncologia e ortopedia neurocirúrgica respectivamente. No caso dos dormitórios médicos no 1º
andar da enfermagem pediátrica, o espaço foi convertido para dormitório dos acompanhantes
pelos funcionários, uma vez que por ser um setor infantil existe a autorização de pernoite do
acompanhante junto ao paciente. Os pavimentos 4º e 5º possuem as especialidades de
reabilitação neurológica e lesão muscular respectivamente.

98
Imagem 7 – Setorização complexo principal, 2º subsolo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 8 – Setorização complexo principal, 2º subsolo (circulações).


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

99
Imagem 9 – Setorização complexo principal, 1º subsolo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 10 – Setorização complexo principal, 1º subsolo (circulações).


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

100
Imagem 11 – Setorização complexo principal, pavimento térreo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 12 – Setorização complexo principal, pavimento térreo (circulações).


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

101
6º PAV.
PAV. TIPO
Imagem 13 – Setorização complexo principal, pavimento tipo.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 14 – Setorização complexo principal, esquema vertical resumo.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

No 6º pavimento os setores foram redistribuídos, alterando-os para ensino e pesquisa e


apoio logístico. O setor de ensino e pesquisa representa as salas de reunião, enquanto a área de
apoio logístico abriga os dormitórios utilizados por funcionários e/ou convidados em visita ao
Sarah Brasília para participação em treinamentos, conferências ou seminários.

No esquema vertical resumo, imagem 14, é possível entender por fim a distribuição dos setores
verticalmente do complexo principal, onde as internações estão localizadas nos pavimentos
102
superiores enquanto que nos inferiores estão localizados os setores de maiores dimensões.
Portanto, conforme as plantas apresentadas do complexo principal (imagens 7 a 14) é possível
constatar que a edificação abriga os setores principais do Sarah Brasília, como as áreas de
manutenção, vestiários, central de esterilização, exames e internação.

Em relação aos blocos A e B do Sarinha (imagens 15 e 16), consistem em áreas de apoio técnico
(bloco A) e apoio diagnostico e terapia (bloco B), que comportam a creche para filhos de
funcionário e ambientes de reabilitação respectivamente. No bloco A encontra-se situadas
ainda, as circulações de conexão do bloco A aos demais e as circulações verticais que dão acesso
ao complexo principal (volume externo a edificação) e ao estacionamento (bloco a direita). No
pátio próximo aos elevadores e escadas, na extremidade direita da edificação, são realizadas
atividades ao ar livre para pacientes da internação e de recuperação. No segundo pavimento do
bloco A do Sarinha (imagem 16) está localizado outro setor de apoio diagnóstico e terapia que
abriga a academia de recuperação de pacientes e alguns ambientes de apoio logístico às
atividades desenvolvidas.

Imagem 15 – Setorização Sarinha blocos A e B, pavimento térreo e corte longitudinal do bloco B.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

103
Imagem 16 – Setorização Sarinha bloco A, segundo pavimento e corte longitudinal.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 17 – Setorização Sarinha blocos C a E.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Os blocos B, C e D (imagens 15 e 17) consistem em blocos térreos onde estão locadas


atividades de apoio logístico e apoio diagnóstico e terapia, este último composto pelos
ambientes de exames pulmonares e ergométricos. As áreas de logística desses blocos abrigam
as oficinas de apoio ao sistema hospitalar do Sarah Brasília, no qual se fabricam ou fornecem a

104
manutenção a roupas de internação, bengalas, próteses, entre outros, contando ainda com a
presença de um almoxarifado voltado para essas atividades.

No Edifício Sede (imagens 18 a 22) estão localizados os ambientes de apoio administrativo e


ensino e pesquisa, constituindo, portanto, em uma edificação tipicamente de escritórios e salas
administrativas em vão livres, adaptados com mobiliário e divisórias removíveis de acordo com
as necessidades. Complementarmente, no 1º subsolo (imagem 18) estão locados os
equipamentos do gerador e bombas de emergência compondo um setor de logística. O
pavimento térreo (imagem 19) abriga também ambientes de apoio administrativo que consiste
nos setores de depósito e serigrafia. O 1º pavimento (imagem 19), consiste basicamente em um
setor de pesquisa e ensino com um pequeno auditório para eventos.
TÉRREO
1º SUBSOLO

Imagem 18 – Setorização Edifício Sede, 1º subsolo e pavimento térreo.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

105
Imagem 19 – Setorização Edifício Sede, 1º pavimento.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.
11º PAVIMENTO
PAV. TIPO

Imagem 20 – Setorização Edifício Sede, pavimento tipo 2º ao 11º pavimento.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

106
Imagem 21 – Setorização Edifício Sede, mezanino do 11º pavimento.
Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

Imagem 22 – Setorização Edifício Sede, esquema vertical.


Fonte: Hospital Sarah editado pela autora.

107
O 2º ao 10º pavimento (imagem 20) abrigam, portanto, os ambientes típicos de apoio
administrativo voltado para hospitais, com salas e escritórios e, nesse caso, desenvolvem
também as atividades de apoio às demais unidades integrantes a Rede Sarah no Brasil. Esses
pavimentos foram identificados como pavimento tipo na imagem 20 devido a planta livre e
setorização padrão em todos os pavimentos, havendo poucas alterações entre um pavimento e
outro por meio de módulos removíveis e mobiliário. No 11º pavimento e mezanino (imagens
20 e 21), complementarmente, está locada a biblioteca do Sarah Brasília, constituindo, portanto,
setores de ensino e pesquisa da edificação. Nesse ambiente existe ainda ambientes de apoio
logístico que comportam a casa de bombas e reservatório de água potável da edificação.

No esquema vertical (imagem 22), é possível verificar que o Edifício Sede é composto
principalmente pelos setores de apoio administrativo e ensino e pesquisa, possuindo uma
circulação interna simples com duas torres de circulação vertical em suas extremidades e
consiste na edificação mais alta do complexo hospitalar que compõe o Sarah Brasília com seus
11 pavimentos superiores.

Imagem 23 – Conforto ambiental – em (A) varandas das áreas de internação, (B) varandas das áreas de internação,
(C) sheds vistos pelo pavimento térreo, (D) sheds vistos pelo pavimento térreo, (E) jardins internos (vista do térreo)
e (F) jardins internos (visto do 1º Subsolo).
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

108
Em relação ao conforto ambiental, a ventilação e iluminação utilizadas consistem em
sistemas independentes em cada volume do complexo hospitalar do Sarah Brasília. Quanto à
ventilação, no caso do bloco vertical de internações, é utilizado o princípio da circulação
cruzada não recomendada por Lima (2012), mas que no caso por consistirem em ambientes de
vão livre de função única não haverá circulações concorrentes e, portanto, não há o risco de
contaminação por infecção hospitalar (LIMA, 2012). A ventilação natural das áreas de
internação ocorre por meio das grandes aberturas que conectam o ambiente com as varandas
que possuem ainda a função de diminuir a temperatura interna em relação a externa,
proporcionando proteção contra insolação direta (imagens 23A e 23B). As áreas de varanda
ainda proporcionam ambientes para uso dos pacientes e área de apoio de transferência para os
momentos de limpeza.

Imagem 24 – Conforto ambiental – em (A) jardins externos pavimento térreo, (B) jardins externos 1º subsolo, (C)
brises Edifício Sede, (D) brises Edifício Sede, (E) brises Sarinha e (F) brises Sarinha.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

Nos andares inferiores (térreo e subsolos) do complexo principal, o sistema utilizado são
os sheds (imagens 23C e 23D), que segundo Lima (2012) possui uma insatisfatória extração do
ar quente (mas superior ao HBDF e HRT) por não possuir insuflação de ar pelo piso nos
ambientes; fator amenizado pela presença de jardins internos. Contudo, do ponto de vista do

109
usuário, o equipamento proporciona um conforto térmico agradável, deduzindo-se que a
opinião do arquiteto nesse caso é relacionada à evolução do sistema de ventilação natural
desenvolvido pelo mesmo em seus projetos posteriores. Conforme imagens 23E e 23F é
possível verificar a presença de jardins internos no subsolo e pavimento térreo, além de jardins
em volta dos blocos edificados e próximos aos sheds (imagens 24A e 24B).

Imagem 25 – Conforto ambiental, jardim da recepção do ambulatório.


Data da foto: Desconhecido.
Fonte: LIMA, 2012.

Quanto a questão da insolação e transmissão de calor, no Sarah Brasília foi utilizado um


sistema natural de proteção de fachadas por meio da utilização de recuos (varandas do bloco de
internações), brises e a locação de jardins próximos as pavimentos térreos. Quanto aos brises,
no Edifício Sede (imagens 24C e 24D) é possível identificar a utilização de placas maiores em
relação ao Sarinha (imagens 24E e 24F), sendo utilizado em ambos os casos placas verticais.
Dessa forma, conforme informações anteriores, o Sarah Brasília utiliza sistemas de ventilação
natural em todo o seu complexo – exceto nos ambientes que exigem ventilação mecânica, e
utiliza elementos externos para a proteção dos ambientes internos em relação ao conforto
térmico e luminoso por meio de brises e recuos de fachada (bloco de internação). Outro fator
que colabora para um maior conforto ambiental é a ampla utilização de jardins nas

110
proximidades das fachadas do térreo e de jardins internos (imagem 25) que propiciam um
aumento na umidade do ambiente.

Quanto ao sistema construtivo (imagens 26 e 27), o bloco de internação consiste em 6


pavimentos de vigas Vierendeel deslocadas alternadamente, formando varandas entre os
volumes, que suportam vãos de 20 metros e balanços de 10 metros apoiados nas paredes de
concreto e blocos de circulação vertical (com escadas e elevadores) (LIMA, 2012). Nas
varandas (imagem 28), foram planejados terraços ajardinados de fraca insolação, contando com
o paisagismo da arquiteta Alda Rabello Cunha. Consiste em espaços de socialização, solários e
espaço para deslocamento dos pacientes de forma a possibilitar uma limpeza adequada ao
ambiente que possui em média 20 cama-leitos por setor (LIMA, 2012).

Imagem 26 – Sistema construtivo, complexo Imagem 27 – Sistema construtivo, interligação das


principal. vigas-calha, pilares e parede.
Fonte: LIMA, 2012. Fonte: LIMA, 2012.

Segundo Lima (2012), em relação à modulação da estrutura em si, é composta por vigas-
calha de 1,10x1,10m, pilares simples ou duplos, sheds em argamassa armada apoiados sobre as
vigas-calha, paredes em argamassa armada de 1,10 ou 0,55x2,70 ou 3,00m de altura e os
módulos vazados das vigas Vierendeel de 3,30 por 3,50 m de altura. Os elementos foram
justapostos na montagem e interligados por protensão, reaproveitando as formas metálicas na
concretagem das peças (LIMA, 2012). Na imagem 27 está representado a interligação das
vigas-calha, pilares e paredes que compõe o sistema modular do Sarah Brasília.

111
Imagem 28 – Sistema construtivo, varandas do complexo principal.
Fonte: LIMA, 2012.

As paredes de concretos são utilizadas nos locais permanentes e necessários. No caso de


ambientes onde cabem a flexibilização, ou a possibilidade de alteração futura, são utilizados os
painéis removíveis. As divisórias removíveis consistem em painéis duplos de aglomerados
“revestidos com fórmica branca e fixados em montantes circulares”, podendo ter 2,10, 2,70 ou
3,00 metros de altura (LIMA, 2012). As ligações das divisórias e os montantes “são isoladas
por lâminas de borracha para melhorar o isolamento acústico” (LIMA, 2012).

O sistema estrutural foi totalmente planejado segundo um projeto de pré-fabricação que


apesar de não ter sido completamente executado conforme o projeto original e utilizada toda a
sua “capacidade de industrialização” – devido a problemas técnicos, políticos e financeiros; a
sua padronização contribuiu para um sistema construtivo mais econômico, racionalizado e de
qualidade (LIMA, 2012). A não conclusão de todo o sistema de industrialização do Sarah
Brasília influenciou na capacidade construtiva dos protótipos e pesquisas, mas não
impossibilitou o seu processo, uma vez que a produção foi restringida apenas a equipamentos
relacionados a ortopedia (LIMA, 2012).

Todo o sistema de instalação é distribuído pelos nichos e vãos visitáveis e das vigas-calha,
painéis removíveis e pilares duplos, nas imagens 29 e 30 é possível identificar a utilização desse
sistema para a distribuição das instalações. As instalações hidrossanitárias estão localizadas
principalmente nos vãos superiores das vigas-calha, enquanto as instalações elétricas e
sprinkler estão nos pequenos nichos inferiores protegidos por canaletas metálicas removíveis,
imagens 31 e 32. As instalações distribuídas pelos pilares duplas seguem o mesmo princípio,
entre o vão dos dois pilares são distribuídas as instalações fechadas por painéis metálicos
112
visitáveis. Esse tipo de instalação e planejamento busca a otimização, qualificação e facilidade
de manutenção; buscando proporcionar uma manutenção mais eficiente e de menor custo para
o equipamento hospitalar. A escolha pela adoção de um sistema de industrialização com “baixo
custo operacional” pelo arquiteto Lelé visava impedir a variação do custo de produção em
relação à demanda gerada por cada obra (LIMA, 2012). A automação da produção atinge os
processos de preparo, manipulação e transporte dos componentes da construção (LIMA, 2012).

Imagem 29 – Sistema construtivo, paredes Imagem 30 – Sistema construtivo, proteções


removíveis. removíveis junto as descidas de instalações nas
Autor: Alyria Argôlo Donegá. torres de circulações verticais.
Data da foto: 30/10/2014. Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

Imagem 31 – Sistema construtivo, nichos das vigas- Imagem 32 – Sistema construtivo, nichos das vigas-
calha calha
Autor: Alyria Argôlo Donegá. Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014. Data da foto: 30/10/2014.

113
Quanto à composição plástica do Sarah Brasília, conforme imagem 33, em relação
às fachadas externas consiste em estruturas pré-moldadas de concreto aparente –
conforme visto anteriormente, com a presença de brises no Edifício Sede e no Sarinha e
óculos na fachada do bloco de internação. A paleta de cores das fachadas é
predominantemente sóbria, de acordo com a aparência do material bruto e em alguns
elementos são aplicadas as cores verde e amarela – sheds e brises respectivamente.

Imagem 33 – Composição plástica, fachadas externas.


Data da foto: Desconhecido.
Fonte: Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.

Quanto aos volumes, consiste em 8 edificações acima do nível térreo, sendo composto
por volumes retangulares simples com tratamento das fachadas nos blocos A à E do
Sarinha e Edifício Sede, um volume retangular com recortes na fachada no caso do bloco
de internação do complexo principal e o auditório recentemente acrescentado com planta
retangular, mas com cobertura abóbadas. A antiga edificação da Escolinha, já desativada,
foi desmontada em meados de 2015.

Quanto a composição plástica interna, conforme imagens 34 a 35 os ambientes


internos possuem características predominantes dentre as quais estão as paredes internas
de concreto aparente, placas de piso vinílico no piso, placas cerâmicas nos pisos externos,

114
esquadrias metálicas com vidro incolor, sem forro no teto e instalações embutidas nos
nichos das vigas-calha. Nas áreas de circulação geral, é possível identificar piso vinílico
na cor verde (imagens 34A e 34B), atuando como indicativo dos fluxos permitidos no
local. Em alguns pontos do complexo do Sarah Brasília é possível identificar também
elementos decorativos do artista Athos Bulcão, imagens 34C e 34D.

Nas imagens 35A e 35B é possível visualizar as paredes removíveis branca, estutura
e instalações aparente, bate-maca de madeira e piso vinilíco – verde para circulação geral
e bege para a técnica. As imagens 35C e 35D se referem a área externa do Sarinha bloco
A, com um pátio com piso cerâmico que dá acesso ao complexo principal e a torre de
circulação vertical do estacionamento. As imagens 35E e 35F se referem às escadas do
complexo principal e a rampa do Sarinha bloco A. É possível identificar nessas fotos que
os elementos possuem revestimento vinílico com tratamento antiderrapante e cores fortes
de fácil identificação.

Imagem 34 – Composição plástica – em (A) internação e varanda no complexo principal (Fonte: Rede
Sarah de Hospitais de Reabilitação), (B) refeitório pavimento térreo no complexo principal, (C) divisórias
da área de espera do ambulatório no complexo principal e (D) divisórias da antiga Escolinha (Disponível
em <http://www.fundathos. org.br/abreGaleria.php?idgal=76).
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

115
Imagem 35 – Composição plástica – em (A) circulação técnica 2º subsolo do complexo principal, (B)
circulação geral 1º pavimento do complexo principal, (C) pátio externo Sarinha bloco A, (D) circulação
externa Sarinha bloco A, (E) escadas do complexo principal e (F) rampa Sarinha bloco A.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

Imagem 36 – Composição plástica – em (A) oficinas Sarinha, (B) oficinas Sarinha, (C) ambientes Edifício
Sede, (D) biblioteca Edifício Sede, (E) plateia do Auditório e (F) palco do Auditório.
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 30/10/2014.

116
Nas imagens 36A e 36B por outro lado, se referem às oficinas localizadas no
Sarinha bloco C a E, no qual utilizam piso cerâmico ao invés de piso vinílico, forros no
teto e paredes de tijolo vermelho. O Edifício Sede, diferentemente do restante do Sarah
Brasília, possui todas as suas paredes revestidas com argamassa e tintura branca, sendo
aplicado principalmente sobre os pilares pois nesse volume utilizam a planta livre
(imagens 36C e 36D). Quanto ao auditório, foram aplicados revestimentos acústicos de
acordo com a finalidade da edificação, conforme imagens 36E e 36F.

Com base nas informações apresentadas é possível concluir que o sistema


construtivo e composição plástica do Sarah Brasília são produtos de um planejamento
arquitetônico voltado para a eficiência, baixo custo de produção e facilidade de
manutenção. Representando um projeto com soluções naturais, sistema construtivo
industrializado, voltado para a otimização e qualidade dos serviços, por meio de uma
edificação setorizada e eficiente.

5.1.1 Avaliação via inspeção predial

Em relação ao acesso ao Sarah Brasília, houve relatos sobre a dificuldade de


estacionar nos estacionamentos públicos próximos ao hospital, uma vez que a área
comercial do entorno possui grande demanda. No estacionamento de uso exclusivo dos
funcionários, por sua vez, as principais problemáticas se relacionam a inadequação da
sinalização de emergência e rota de fuga – escada metálica, sem espelhos e sem
sinalização visual.

No complexo principal, nos subsolos, foi verificada a inadequação das escadas de


rota de fuga, sinalização de emergência, iluminação de emergência, extintores e
problemas com alguns chuveiros de sprinkler. Além de falhas na estrutura de proteção
aos técnicos da área de raio-x – não era totalmente isolado – e a obstrução do acesso aos
equipamentos de segurança, extintores e hidrantes. A rampa que conecta os subsolos ao
térreo, também apresentava problemas quanto a inadequação de piso e de corrimão
quanto a acessibilidade e segurança. Na torre de internações, no primeiro pavimento, os
dormitórios médicos foram convertidos em dormitórios para acompanhantes pelos
próprios funcionários, uma vez que se trata do andar de enfermagem pediátrica e os
acompanhantes possuem o direito de pernoite junto ao paciente e o hospital não possui
esse tipo de estrutura. No auditório, foi verificada a presença de infiltrações e

117
consequentes danos ao piso e mobiliário do mesmo em sua entrada, além da inadequação
quanto as normas de sinalização e extintores de incêndio.

Nos jardins internos, foi identificado que algumas vigas possuíam grande
exposição a umidade e água. Assim como a presença de infiltrações e vegetação nas lajes
de cobertura do edifício sede e do bloco de internações e suas varandas – nas quais se
dificultava o uso e um sentimento de insegurança expressado pelos funcionários quanto
a utilização do local. Ambos os casos necessitam, portanto, uma maior investigação
quanto a presença de patologias e/ou danos as estruturas.

Na laje de cobertura da torre de internações e varandas, foram identificadas


manchas que indicam infiltração dos elementos estruturais entre outras patologias. Há de
se salientar que a qualidade da manutenção e reparos a ser feitos nesse caso de
impermeabilizações, está diretamente relacionado a qualificação da equipe técnica a
executar o serviço, assim como ao planejamento e aplicação do projeto com tal finalidade.
Sendo imperativo a presença de um projeto detalhado, planejado com base nas
características próprias da estrutura do Hospital Sarah, uma vez que foi executado com
um sistema construtivo inovador para sua época. Assim como a utilização de materiais
de qualidade pois assim como a equipe técnica a executar, possui considerável efeito
sobre o resultado e do desempenho do reparo. Em relação ao custo-benefício é valido
relembrar que nem sempre o sistema de menor custo é aplicável a situação, sendo
necessária considerar uma avaliação qualitativa das técnicas a serem utilizadas, de forma
a fornecer o melhor método, com maior durabilidade e justo; atendendo a função que se
propõe.

Em praticamente todo o complexo o piso vinílico apresenta emendas com


saliências de até um cm, que do ponto de vista da acessibilidade não causa incômodos,
porém pode incomodar a transferência de pacientes em macas. Sendo este padronizado
em praticamente em todo o complexo, exceto no pátio na entrada do Sarinha – que
apresenta danos – e das oficinas localizadas nos blocos D e E, consistindo também nos
lugares que apresentam um pequeno acúmulo de sujeira. Contudo, esses tipos de pisos
estão em desacordo com a RDC 050 (ANVISA, 2002) a qual especifica que os pisos em
estabelecimento de saúde não devem conter juntas. Em relação as estruturas, paredes
fixas, paredes semi-móveis, acessos visitáveis e móveis, não foram constatadas patologias
aparentes.

118
No edifício sede foram identificados a inadequação da sinalização de emergência;
subdimensionamento na distribuição dos extintores e/ou tipo inadequado, inadequação
do guarda-corpo da biblioteca do 11º pavimento, necessidade do redimensionamento da
Reserva técnica de incêndio (RTI), deficiência na iluminação de emergência, ausência de
chuveiros automáticos (exigido para edificações acima de 12 metros de altura para a
área) e inadequação da rota de fuga – necessita de correção da ventilação natural das
escadas. A passarela que conecta o edifício sede ao complexo principal, apresentava
inadequação da escada localizada entre as edificações, quanto as normas de segurança, e
o fator de “túnel de vento”, uma vez que devido aos materiais construtivos da mesma –
policarbonato e aço, a passarela possuía a tendência ao aquecimento e por tal razão
instalaram um sistema de ventilação mecanizada demasiado forte para o ambiente.
Em relação a avaliação técnica, nota-se que em praticamente todo o complexo
hospitalar há inadequações quanto a sinalização de emergência, iluminação de
emergência, dimensionamento de extintores, obstrução de acesso aos equipamentos de
segurança, inadequação das escadas de rota de fuga e rampas – incluindo inadequação de
guarda-corpo e corrimão – e infiltrações nas coberturas e varandas – exceto sheds.
Apresentando, portanto, necessidade de adequação das questões de segurança,
acessibilidade e manutenção da edificação como ponto principal, além de um estudo mais
aprofundado quanto a questão das infiltrações nas lajes de cobertura do bloco de
internações e no edifício sede. Além do estudo da correção dos pisos do complexo
hospitalar – quanto a emendas – para adequação a legislação vigente.

Em relação a avaliação qualitativa, com base nos dados levantados, não foram
verificados pontos problemáticos apresentados além do exposto pela avaliação técnica. O
que expõe que as recomendações de manutenção quanto a questões de segurança do Sarah
Brasília se encontram em um aspecto mais técnico, uma vez que o projeto do mesmo não
é revisto a aproximadamente 40 anos e as normas aplicáveis já foram atualizadas desde
então. Com base nos dados levantados aqui expostos quanto a avaliação dos projetos da
edificação e avaliação via inspeção predial, no quadro 14 está exposto a síntese dos
resultados obtidos.

119
Quadro 14 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
energético não identificado patologias 1,00
telecomunicações não identificado patologias 1,00
sanitário não identificado patologias 1,00
hidráulico não identificado patologias 1,00
drenagem pluvial e impermeabilização não identificado patologias 1,00
gás não identificado patologias 1,00
SPDA não identificado patologias 1,00
A) Tipos de sistemas segurança e prevenção de incêndio desatualizado 0,30
sprinkler falta manutenção 0,70
automação não implantado 0,00
placa fotovoltaica não implantado 0,00
placa solar térmica não implantado 0,00
sistemas passivos de ventilação em funcionamento 1,00
reuso de água pluvial não implantado 0,00
reuso de água tratada (cinza) não implantado 0,00
densidade construtiva (área construída) 164% 0,01
área de ocupação 57% 0,01
áreas livres 43% 0,01
B) Características
morfológicas gerais Área permeável 10% 0,70
elementos externos aos sistemas
sem patologias identificadas 1,00
infraestruturais
Tipos de edificações Isoladas 1,00
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas
26% 0,70
construídas do lote
índices de ocupação de lotes próximos
100% 0,70
D) Características (custos indiretos)
das áreas abertas características do sistema circulatório
públicas carro, ônibus, metrô 1,00
(custos diretos)
características do entorno (custos diretos) predominantemente área comercial 0,70
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características 57% 0,30
diretos)
Internas
atributos edilícios (custos diretos) estrutura pré-fabricada 1,00
Fundações (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Estruturas (aspectos arquitetônicos) apresenta patologias 0,70
Coberturas apresenta patologias 0,70
F) Estado de Forros sem patologias identificadas 1,00
conservação Vedos verticais sem patologias identificadas 1,00
Revestimentos e acabamentos em desacordo com a NBR 9050 0,30
Equipamentos de comunicação visual sem patologias identificadas 1,00
Equipamentos sem patologias identificadas 1,00
22,83
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,652
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 65,23%
Legenda critérios
IDM CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS COR
0,71 - 1,00 Grau máximo Atende (3)

120
0,31 - 0,70 Grau médio Atende parcialmente (2)
0,00 - 0,30 Grau mínimo Não atende (1)

Considerando a dimensão e Econômico-financeira, o quadro 14 apresenta a síntese de


resultados de todo o complexo hospitalar do Sarah, onde ficou registrado que para os tipos
de sistemas tradicionais – energético, telecomunicações, sanitário, hidráulico, drenagem
pluvial, gás e SPDA – não foram identificadas patologias. Em relação aos sistemas de
prevenção de incêndio e Sprinkler foram registrados falta de manutenção e necessidade de
revisão do projeto de incêndio aprovado junto ao CBMDF. No caso dos tipos de sistemas de
potencial elevação do desempenho da edificação com potencial redução de custos de
manutenção – automação, placa fotovoltaica, placa solar térmica, sistemas passivos de
ventilação, reuso de água pluvial e reuso de água tratada – foram identificadas a utilização
de sistemas passivos de ventilação na área de recepção do ambulatório e nos pavimentos de
internação.

Registra-se que neste complexo hospitalar, foram classificadas as lajes de cobertura do bloco
de internações e do edifício sede como áreas de potencial aproveitamento de área –
aproximadamente 2.240m² e 820m² respectivamente – para utilização de placas, sendo
necessário avaliação estrutural para indicação de viabilidade técnica para implantação e
possibilidade de adequação das colunas de alimentação hidráulica ou sistema elétrico.

Em relação as características morfológicas gerais, o complexo é composto por edificações


isoladas e registrou-se uma densidade construtiva de 164% em relação a dimensão do lote,
uma área de ocupação de 57% - em desacordo com o recomendado de 50% pela portaria do
MS 400/97. As áreas livres do complexo representam 43%das quais em torno de 10%
representam áreas permeáveis e não foram identificadas patologias nos elementos externos
as edificações, além da necessidade de manutenção das calçadas de interligação dos blocos
aos estacionamentos. Quanto ao percentual de áreas livres e áreas construídas do lote,
registrou-se se tratar de 26% do complexo geral.

Quanto as características das áreas públicas do entorno imediato da edificação, registrou-se


tratar de uma área predominantemente comercial, com ocupação dos lotes em 100% - exceto
pelo Hospital de Base que apresenta uma menor taxa de ocupação e facilidade de acesso
pelo sistema circulatório local que englobam os modais de carros particulares, ônibus e

121
metrô. Quanto as características internas das edificações, registra-se que apresenta 57% de
ocupação do lote e que consistem em edificações de estrutura pré-fabricada.

Quanto ao estado de conservação, verificou-se a presença de patologias nas coberturas da


torre de internações, varandas da torre de internações e jardins de invernos que foram
relacionados ao componente estruturas e coberturas por se tratar de elementos estruturais de
acordo com o método construtivo. Quanto aos revestimentos, nessa categoria foi identificado
que os pisos dos blocos do Sarinha e Edifício sede – além das escadas de todo o complexo
hospitalar – estavam em desacordo as normas de acessibilidade da NBR 9050.

Por fim, conclui-se que o Hospital Sarah Brasília apresenta um quadro favorável relação do
contexto geral em relação a avaliação de desempenho morfológico econômico-financeira,
sendo verificado pontos mais críticos em relação aos sistemas de prevenção e combate a
incêndio que estão desatualizados ou com manutenção deficiente e a presença de patologias
nos componentes estruturais de cobertura e estruturas dos jardins de inverno no complexo
principal. Em relação aos índices do hospital num contexto geral apresentam conformidade
com o especificado em normas e há grande potencial para implantação de sistema de
relacionados a eficiência energética e consumo de água. Em relação ao critérios de avaliação
utilizados por esta pesquisa, nota-se que os relacionados aos sistemas da edificação e o
estado de conservação, apresentam-se como os principais itens passíveis de melhoria no
âmbito deste hospital e demonstram o contexto geral da edificação quanto as suas
características inerentes, seus pontos fracos e potenciais pontos de melhoria.

5.2 Estudo de caso: Hospital Regional da Asa Norte, Brasília – Brasil.

O Hospital Regional da Asa Norte – HRAN, consiste em um hospital de ensino


classificado com hospital geral e é considerado referência em atendimento a queimados e
cirurgias plásticas, contando com atendimento ambulatorial para 17 especialidades e
atendendo as atividades de atenção básica, média complexidade e alta complexidade. O
projeto é dos arquitetos Oscar Walderato e Roberto Nadalutti e começou a ser construído em
1972 e teve a obra interrompida em 1975, retornando apenas em 1980 e foi inaugurado em
1984 completando este ano 37 anos (GOMES, 2012).

O hospital possui 5 blocos e possui atualmente 36.570m² construídos com horário de


atendimento integral, 24 horas por dia no setor de atendimento a emergência e urgência. Em

122
relação a dimensão econômico-financeira, com foco aspectos físicos do mesmo e não no tipo
de gestão, o hospital apresenta bom resultado no contexto geral, destacando-se
problemáticas recorrentes dessa tipologia arquitetônica como da prevenção de incêndio,
acessibilidade e sistemas hidráulicos.

Neste hospital, foram levantadas as informações de projeto e realizada visitas para


avaliação via inspeção predial para verificação do estado de conservação da edificação,
indicar os pontos onde verificou-se a necessidade de manutenção, verificar a conformidade
com as normas aplicáveis, indicar pontos onde identificou-se anomalias carentes de estudo
específico para identificação das causas e identificar itens de possível aumento de eficiência
da edificação – aqui voltados a redução do custo de manutenção da edificação.

Imagem 37 – Localização do lote em relação ao entorno, sem escala definida.


Data da foto: 26/05/2020.
Fonte: Google Earth editado pela autora.

O hospital atualmente possui 398 leitos sendo 30 UTI pacientes de covid, 14 UTI
queimados e 10 UTI geral com horário de atendimento 24 horas por dia. Possui 10 salas de
cirurgia com 3 salas de recuperação, 5 salas de parto normal e 1 sala de curetagem, 67
clínicas tipo indiferenciado, 1 clínica especializada, 12 clínicas não médicas e 8 salas de
odontologia e conta atualmente com 2654 funcionários cadastrados (CNES, 2020). Os leitos
de covid em hospitais de Brasília, além do HRAN, foram distribuídos entre os hospitais:

123
Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), no
Hospital de Base (HB), Hospital da Criança de Brasília (HCB) e Unidade de Pronto
Atendimento (Upa) do Núcleo Bandeirante.

O HRAN está localizado no Setor Médico Hospitalar Norte (SMHN), região central
de Brasília (RA-I). Está localizado em um terreno com aproximadamente em um lote de
48.778,98m² e foi projetado blocos horizontais com verticalização apenas no bloco de
internações (bloco A). Na imagem 37 é possível observar que o hospital ocupa quase toda a
totalidade do lote contando com poucas áreas de vegetação, em uma zona
predominantemente comercial e está localizado entre duas vias coletoras perpendiculares a
avenida expressa, eixo monumental. Quanto a tipologia e gabarito local, conforme as
imagens 38 e 39 consiste em um local com mais de seis pavimentos de gabarito em
edificações comerciais com a presença extensa de vegetação.

Imagem 38 – Foto do entorno. Imagem 39 – Foto do entorno.


Data da foto: jun/2019. Data da foto: jun/2019.
Fonte: Google Earth. Fonte: Google Earth.

O HRAN é composto por cinco volumes (imagem 40), que compreendem os blocos
A a E e cada bloco possui funções bens específicas que serão descritas na setorização a ser
apresentada e podem ser utilizados de forma independente umas das outras. Quanto aos
acessos ao lote, conforme imagem 40 é possível identificar três acessos que consistem em
acesso principal, um acesso de funcionários e um de serviços conectados a via local que
conecta as vias coletoras laterais. No acesso principal se tem acesso ao estacionamento
público, ao ambulatório e ao pronto socorro. Pela foto via satélite, imagem 37, é possível
identificar que 1/3 do estacionamento do lote é reservado aos funcionários do hospital e
contribui para a formação de estacionamento irregulares na proximidade. Válido esclarecer
que plantas do hospital foram fornecidas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal –
SESDF, que passou por um processo de levantamento cadastral das mesmas em 2007 e

124
portanto, as avaliações aqui citadas se referem ao projeto daquele momento e podem ter sido
alterados na presente data.

Imagem 40 – Identificação das unidades que compõem o complexo hospitalar do HRAN


Autor: SESDF adaptado pela autora

No atendimento ambulatorial, o hospital atende as especialidades de “cardiologia,


dermatologia, queimados, cirurgia plástica, urologia, fonoaudiologia, alergia infantil, alergia
adulto, oftalmologia, cirurgia ginecologia, reprodução humana, planejamento familiar, alto
risco e pré-natal, mastologia, gastroenterologia, pneumologia, nefrologia, endocrinologia,
psiquiatria, fisiatria, fisioterapia, psicologia, reumatologia, audiometria, hematologia,
neurologia, odontologia, cirurgia bariátrica, otorrino” (GOMES, 2012). No atendimento
cirúrgico, por sua vez, as especialidades atendidas são: “cirurgia geral, cirurgia plástica,
cirurgia torácica, ginecologia, odontologia, oftalmologia, otorrino, urologia, cirurgia
bariátrica e cirurgia vascular” (GOMES, 2012).

Quanto a setorização do hospital, possui os oito setores recomendados pela RDC nº


050, sendo eles Atendimento ambulatorial, atendimento imediato, atendimento em regime

125
de internação, apoio ao diagnóstico e terapia, apoio logístico, apoio técnico, apoio
administrativo e ensino e pesquisa – este último devido a relação de escola-ensino das
faculdades públicas e particulares do DF.

Imagem 41 – Setorização Bloco E, Subsolo e Térreo


Autor: SESDF adaptado pela autora

126
Imagem 42 – Circulação Bloco E, Subsolo e Térreo
Autor: SESDF adaptado pela autora

Imagem 43 – Setorização e circulação Bloco D, Térreo


Autor: SESDF adaptado pela autora

No bloco E nota-se que consiste em uma edificação voltada para o apoio logístico do
HRAN – imagem 41 – e apresenta pouca área de exclusiva circulação técnica com a presença
de uma escada protegida para circulação vertical. Nesse bloco estão localizadas as áreas para
lavanderia com caldeiras e carpintaria, além de outros correlatos, e a ventilação desse bloco
é predominantemente mecânica com a presença de algumas esquadrias no térreo. No subsolo
do bloco existe ainda um corredor conectando a edificação ao Bloco A. No bloco E registra-
se, aproximadamente, área para apoio logístico de 1639,57m² e circulação em geral de
142,36m².

No bloco D observa-se que consiste em uma edificação voltada para o apoio logístico
e técnico do HRAN – imagem 43 – e apresenta circulação técnica exclusiva com a presença
de dois jardins internos. Nesse bloco estão localizadas as áreas da farmácia, cozinha,
refeitório, vestiários para funcionários – além de salas técnicas – e creche. No bloco F

127
registra-se, aproximadamente, área de apoio logístico de 450,66m², área de apoio técnico de
1234,38m², área de circulação técnica de 274,04m² e área de jardim interno de 191,51m².

Imagem 44 – Setorização Bloco B, Térreo


Autor: SESDF adaptado pela autora

No bloco B pavimento térreo, imagem 44, consiste na edificação onde estão locadas
as áreas de urgência e emergência do HRAN. Observa-se que consiste em uma edificação
voltada ao atendimento imediato, com uma área de apoio logístico conexa, e o espaço para
apoio ao diagnóstico e terapia do hospital, onde constam as principais áreas de exames
incluindo o laboratório, área de atendimento e exame cardiológico e exames assistidos por
equipamentos como Raio-x, ultrassonografia, entre outros. Nesse pavimento também se
encontra o auditório do hospital e uns pequenos consultórios de atendimento indiferenciado.
No bloco B registra-se, aproximadamente, apoio ao ensino com 284,08m², apoio logístico
com 165,00m², apoio ao diagnóstico e terapia com 2069,38m², área de atendimento imediato
com 1349,00m², área de circulação em geral de 1660,42m² e área de jardim interno de
957,58m².

128
Imagem 45 – Circulação Bloco B, Térreo
Autor: SESDF adaptado pela autora

Imagem 46 – Setorização Bloco B, Subsolo


Autor: SESDF adaptado pela autora

129
Imagem 47 – Circulação Bloco B, Subsolo
Autor: SESDF adaptado pela autora

Quanto a circulação do pavimento térreo do Bloco B, nota-se que possui controle de


acesso as áreas de atendimento imediato e de diagnóstico e terapia, registrando-se área de
“livre acesso” apenas junto aos elevadores e escadas rolantes de acesso ao pavimento
subsolo, onde consta extensa área de atendimento. Registra-se ainda que a área de espera
para atendimento de urgência apresenta baixa capacidade de acomodação dos pacientes em
espera.

No bloco B subsolo, imagem 46, identifica-se área de apoio logístico comportando


um estacionamento coberto do HRAN, área de apoio de diagnóstico e terapia como o
laboratório de hematologia, área de apoio administrativo com os arquivos e salas de apoio e
atendimento ambulatorial com a maior parte dos consultórios de atendimento médico do
hospital. Neste pavimento também estão locadas as salas de atendimento a queimados. Em
relação a circulação, imagem 47, nota-se a predominância por circulação devido a conexão
aos consultórios que geralmente possuem o acesso com menor controle de circulação,
registrando-se circulação técnica próximo as salas de exames e circulação crítica nas áreas
de hematologia e queimados.

No bloco C, imagem 48, identifica-se área de apoio ao diagnóstico e terapia referente


as salas de cirurgia e salas obstétricas com as áreas de internação de apoio próximo a este
setor, salas de aula para apoio ao ensino e algumas salas de atendimento ambulatorial. As
regiões de apoio logístico atual como apoio aos profissionais relacionados ao setor de

130
cirurgias e a área de apoio técnico maior se refere aos ambientes de esterilização de
materiais. A região de apoio técnico menor se refere a área de lanchonete que atende as
pessoas que passam pela via lateral de acesso principal ao hospital. Nesse bloco, predomina-
se a circulação técnica de acesso controlado conforme as atividades desenvolvidas nesse
pavimento e as circulações horizontais críticas se referem as áreas de acesso ao centro
cirúrgico e de atendimento obstétrico – imagem 49, registrando-se apenas um pequeno
espaço para recepção dos ambientes de atendimento ambulatorial – aqui também se registra
que o espaço disponível de circulação geral que não comporta a lotação de espera pelo
atendimento.

Imagem 48 – Setorização Bloco C, Subsolo


Autor: SESDF adaptado pela autora

131
Imagem 49 – Circulação Bloco C, Subsolo
Autor: SESDF adaptado pela autora

O bloco A consiste no centro de internação do HRAN e possui subsolo, térreo e


planta tipo 2º a 7º pavimento. No subsolo, imagem 48, estão locados os ambientes de apoio
logístico relacionado ao necrotério, estacionamento de acesso ao necrotério, subestações
elétricas, salas de ar-condicionado e outras correlatas. Ao centro do subsolo, imagem 49,
está localizado um salão multiuso de apoio as salas do pavimento.

Imagem 50 – Setorização Bloco A, Subsolo e Térreo

132
Autor: SESDF adaptado pela autora

No pavimento térreo, imagem 48, estão locadas as principais salas de apoio


administrativo do HRAN e possui a área de controle de acesso a torre de internação. Ao
centro do bloco A, está localizado um jardim verde para ventilação natural do bloco e dos
pavimentos de internação, a vegetação contribui para o aumento de umidade relativa do ar e
possui função de reabilitação psicológica para os pacientes internados a longo prazo,
constituindo em uma opção de humanização do espaço. No entanto, é valido esclarecer que
segundo a RDC 050, não é recomendado a ventilação cruzada em hospitais e em áreas de
internação e no caso da torre de internação é verificado a utilização desse recurso.

Imagem 51 – Circulação Bloco C, Subsolo


Autor: SESDF adaptado pela autora

133
Imagem 52 – Setorização Bloco A, 2º e 3º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora

Imagem 53 – Circulação Bloco C, 2º e 3º pavimento


Autor: SESDF adaptado pela autora

134
Imagem 54 – Setorização Bloco A, 4º e 5º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora

Imagem 55 – Circulação Bloco C, 4º e 5º pavimento


Autor: SESDF adaptado pela autora

135
Imagem 56 – Setorização Bloco A, 6º e 7º pavimento
Autor: SESDF adaptado pela autora

Imagem 57 – Circulação Bloco C, 6º e 7º pavimento


Autor: SESDF adaptado pela autora

Os pavimentos de 2º a 7º andar chamados de pavimentos tipo, possuem pouca alteração de


layout em si, apresentando pequenas adaptações de acordo com a especialidade atendida em
cada pavimento, registrando-se apenas um layout mais diferenciado no 2º pavimento. Os

136
quartos de internação da torre, apresentam por padrão a lotação máxima com duas macas e
possuem um banheiro individual por quarto, nos quais nota-se inadequação quanto a norma
de acessibilidade que foi publica décadas mais tarde. Nas extremidades esquerda e direita
no sentido contrário a área de circulação vertical estão locados os espaços de apoio logístico
de atendimento aos espaços de internação e contam com a circulação aberta ao centro,
imagens 52 e 53.

Em relação ao conforto ambiental, a ventilação e iluminação utilizadas consistem em


sistemas independentes em cada volume do complexo hospitalar do HRAN. Quanto à
ventilação, no caso do bloco vertical de internações, é utilizado o princípio da circulação
cruzada não recomendada por Lima (2012), e no caso identifica-se circulações concorrentes
que podem contribuir ao risco de contaminação por infecção hospitalar. A ventilação natural
das áreas de internação ocorre por meio das aberturas das janelas dos quartos que estão
locados perpendiculares uns aos outros e contam com uma área de vazio acima do jardim do
térreo. Os demais blocos do hospital possuem em sua maioria ventilação mecânica e alguns
pontos conectados a jardins internos para ventilação natural.

Quanto a questão da insolação e transmissão de calor, no HRAN não foi utilizado


nenhum sistema natural de proteção de como recuos, quebra-sol ou brises, verifica-se apenas
esquadrias metálicas com fechamento total. A fachada leste é a mais prejudicada do bloco
que recebe insolação direta e apresenta o mesmo acabamento das demais fachadas de pintura
branca.

Quanto ao sistema construtivo, em todo complexo hospitalar nota-se a predominância


por alvenaria e concreto armado, sendo utilizado em poucas situações divisórias removíveis
como de madeira e pvc, fato que identifica-se como um fator que dificulta a flexibilização
do layout do hospital para atender demandas extraordinárias como ocorre no período de
pandemia do covid-19. Pela inspeção realizada e pelo projeto de arquitetura atualizado,
deduz-se que todo o sistema de instalação é distribuído pelo entreforro e no caso do bloco
de internações registra-se shafts individuais para cada quarto de internação.

Quanto à composição plástica do Sarah Brasília, em relação às fachadas externas


consiste em pintura simples com esquadrias metálicas, com paleta predominantemente
sóbria composta pelas cores branca e marrom. Quanto aos volumes, consiste em 5
edificações acima do nível do solo, 4 bloco de B a E sendo compostos por volumes

137
retangulares simples de um pavimento com tratamento das fachadas em pintura simples com
esquadrias metálicas e um bloco vertical, bloco A, com 8 pavimento acima do nível do solo
com tratamento das fachadas em pintura simples com esquadrias metálicas.

Quanto a composição plástica interna, os ambientes internos possuem características


predominantes dentre as quais estão as paredes internas em alvenaria com pintura –
incluindo bate-macas nas áreas de circulação, placas de piso vinílico no piso, cerâmicas ou
concreto a depender do setor, esquadrias metálicas com vidro incolor, com forro no teto e
instalações embutidas no entreforro em sua maioria.

Com base nas informações apresentadas é possível concluir que o sistema construtivo
e composição plástica do HRAN são produtos de um planejamento arquitetônico voltado ao
baixo custo de produção e facilidade de manutenção. Representando um projeto com
soluções simplificadas e sistema construtivo tradicional com a utilização de setorização para
atendimento.

5.2.1 Avaliação via inspeção predial

Em relação aos acessos, houve relatos sobre a dificuldade de estacionar nos


estacionamentos públicos próximos ao hospital, uma vez que a área disponível é reduzida.
No estacionamento de uso exclusivo dos funcionários, por sua vez, as principais
problemáticas se relacionam a falta de manutenção.

Imagem 58 – Inadequação de escadas e rotas de fuga.


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

138
Em todo o hospital foi verificada a inadequação das escadas de rota de fuga,
sinalização de emergência, hidrantes e iluminação de emergência – imagem 58. Além de
falhas na estrutura de proteção aos técnicos da área de raio-x – não era totalmente isolado –
e a obstrução do acesso aos equipamentos de segurança, extintores e hidrantes. As escadas
em geral não apresentavam sinalização e proteção conforme as normas de incêndio
aplicáveis e sugere-se a necessidade de atualização do projeto de incêndio do hospital que
devido a sua inauguração ultrapassar cerca de 40 anos.

Imagem 59 – Estado de conservação forros


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Na maior parte do hospital nota-se a presença de infiltrações, danificando forros,


paredes e pisos – imagens 59 a 62. No caso dos pisos, nota-se que o piso vinílico apresenta
maior desgaste e os rodapés em grande parte das edificações apresenta falha e desacordo em
relação a RDC 050 quanto a proibição de juntas aparentes que propiciam o acúmulo de
sujidades. Em praticamente todo o complexo o piso vinílico apresenta emendas com
saliências e danos que do ponto de vista da acessibilidade causa incômodos e estão em
desacordo com a RDC 050 (ANVISA, 2002) a qual especifica que os pisos em
estabelecimento de saúde não devem conter juntas – imagem 62. Nas circulações registrou-
se também a presença de lixeiras, situação não recomendada pela RDC 050 (ANVISA, 2002)
– imagem 62.

139
Imagem 60 – Estado de conservação paredes e bate maca
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Imagem 61 – Estado de conservação piso


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Verifica-se também a interdição de alguns banheiros que apresentavam sinais de


infiltração e/ou a falta de acessórios para a possível utilização dos equipamentos sanitários,
no subsolo também se verificou a presença de manchas de infiltração que sugere que os
sistemas hidráulico, sanitário e drenagem devem ser investigados. Além de se constatar que
os banheiros dos quartos de internação não possuem as dimensões e barras de apoio
conforme recomendações de acessibilidade – imagem 63. Em relação ao sistema elétrico,
verifica-se que algumas instalações elétricas foram realizadas de forma aparente pelo
hospital, mas não apresentavam sinais de dano ou falha de funcionamento. Em relação ao
sistema de SPDA, não foi possível verificar a continuidade dos seus elementos.

140
Imagem 62 – Estado de conservação pisos, rodapés e ausência e a presença de lixeiras em corredores
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Imagem 63 – Banheiros
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Na laje de cobertura e forros do HRAN – imagens 59 e 64, foram identificadas


manchas que indicam infiltração dos elementos estruturais entre outras patologias. Há de se
salientar que a qualidade da manutenção e reparos a ser feitos nesse caso de
impermeabilizações, está diretamente relacionado a qualificação da equipe técnica a
executar o serviço e periocidade do serviço, assim como ao planejamento e aplicação do
projeto com tal finalidade. Sendo imperativo a presença de um projeto detalhado, planejado
com base nas características próprias da estrutura HRAN. Assim como a utilização de
materiais de qualidade pois assim como a equipe técnica a executar, possui considerável
efeito sobre o resultado e do desempenho do reparo. Em relação ao custo-benefício é valido
relembrar que nem sempre o sistema de menor custo é aplicável a situação, sendo necessária

141
considerar uma avaliação qualitativa das técnicas a serem utilizadas, de forma a fornecer o
melhor método, com maior durabilidade e justo; atendendo a função que se propõe.

Imagem 64 – Estado de conservação coberturas


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Imagem 65 – Quartos de internação


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Nos quartos de internação – imagem 65, nota-se que a lotação dos quartos e
posicionamento das camas de internação estão em desacordo as recomendações da RDC 050
(ANVISA, 2002) e apresentam estado de conservação prejudicado. Nas esquadrias do bloco
de internação nota-se a presença de ferrugem e vidros quebrados e/ou substituídos por
proteções temporárias – imagem 66. Nas salas de equipamentos e aparelhos também se
registrou necessidade de manutenção dos revestimentos de forro, teto e piso, além de
proteção inadequada nas salas de Raio-x.

142
Imagem 66 – Esquadrias do bloco de internação
Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.

Imagem 67 – Salas de equipamentos técnicos e exames


Autor: Alyria Argôlo Donegá.
Data da foto: 22/09/2019.
Em relação a avaliação técnica, nota-se que em praticamente todo o complexo
hospitalar há inadequações quanto a sinalização de emergência, iluminação de emergência,
dimensionamento de extintores, obstrução de acesso aos equipamentos de segurança,
inadequação das escadas de rota de fuga e escadas – incluindo inadequação de guarda-corpo
e corrimão – e infiltrações nas lajes, forros e paredes. Apresentando, portanto, necessidade
de adequação das questões de segurança, acessibilidade e manutenção da edificação como
ponto principal, além de um estudo mais aprofundado quanto a questão das infiltrações nas
lajes de cobertura. Além do estudo da correção dos pisos do complexo para adequação a
legislação vigente.
Em relação a avaliação qualitativa, com base nos dados levantados, não foram
verificados pontos problemáticos apresentados além do exposto pela avaliação técnica. Com

143
base nos dados levantados aqui expostos quanto a avaliação dos projetos da edificação e
avaliação via inspeção predial, no quadro 15 está exposto a síntese dos resultados obtidos.

Considerando a dimensão e Econômico-financeira, o quadro 15 apresenta a síntese de


resultados de todo o complexo hospitalar do Sarah, onde ficou registrado que para os tipos
de sistemas tradicionais – energético, telecomunicações, sprinkler e gás – não foram
identificadas patologias. Em relação aos sistemas de sanitário, hidráulico, drenagem pluvial
e SPDA verifica-se a necessidade de investigação das patologias encontradas e manutenção
dos sistemas que não estão funcionando corretamente. Em relação aos sistemas de prevenção
de incêndio e SPDA foram registrados falta de manutenção e necessidade de revisão do
projeto de incêndio aprovado junto ao CBMDF.

No caso dos tipos de sistemas de potencial elevação do desempenho da edificação com


potencial redução de custos de manutenção – automação, placa fotovoltaica, placa solar
térmica, sistemas passivos de ventilação, reuso de água pluvial e reuso de água tratada – foi
constatada a não utilização de nenhum sistema além da utilização de sistemas passivos de
ventilação – sendo verificado a inadequação desse último apenas na torre de internação.

Registra-se que neste complexo hospitalar, foram classificadas as lajes de cobertura dos
blocos B a E como áreas de potencial aproveitamento para utilização de placas solares –
aproximadamente 13.000m² – sendo necessário avaliação estrutural para indicação de
viabilidade técnica para implantação e possibilidade de adequação das colunas de
alimentação hidráulica ou sistema elétrico.

Quadro 15 – Dimensão Econômico-financeira adaptada com indicação dos critérios de avaliação para cada
DIMENSÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Atributo
Estruturas Critérios IDM
morfológico
energético não identificado patologias 1,00
telecomunicações não identificado patologias 1,00
sanitário funcionamento prejudicado 0,30
hidráulico funcionamento prejudicado 0,30
drenagem pluvial e impermeabilização funcionamento prejudicado 0,30
gás não identificado patologias 1,00
A) Tipos de sistemas
SPDA funcionamento prejudicado 0,30
segurança e prevenção de incêndio desatualizado 0,30
sprinkler não identificado patologias 1,00
automação não implantado 0,00
placa fotovoltaica não implantado 0,00
placa solar térmica não implantado 0,00

144
sistemas passivos de ventilação ventilação cruzada 0,70
reuso de água pluvial não implantado 0,00
reuso de água tratada (cinza) não implantado 0,00
densidade construtiva (área construída) 74% 0,30
área de ocupação 0,36 0,70
área não edificada 64% 1,00
B) Características
morfológicas gerais Área permeável 0,05 0,30
elementos externos aos sistemas
sem patologias identificadas 1,00
infraestruturais
Tipos de edificações Isoladas 1,00
C) Áreas livres x percentual entre áreas livres e construídas
84% 0,30
construídas do lote
índices de ocupação de lotes próximos
100% 0,70
D) Características (custos indiretos)
das áreas abertas características do sistema circulatório
públicas carro, ônibus 0,70
(custos diretos)
características do entorno (custos diretos) predominantemente área comercial 0,70
índices de ocupação de lotes (custos
E) Características 36% 1,00
diretos)
Internas
atributos edilícios (custos diretos) estrutura em concreto 1,00
Fundações (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Estruturas (aspectos arquitetônicos) sem patologias identificadas 1,00
Coberturas apresenta patologias 0,70
F) Estado de Forros apresenta patologias 0,70
conservação Vedos verticais apresenta patologias 0,70
Revestimentos e acabamentos em desacordo com a NBR 9050 0,30
Equipamentos de comunicação visual sem patologias identificadas 1,00
Equipamentos sem patologias identificadas 1,00
21,3
LIMITE MÁXIMO: 35
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) TOTAL: 0,609
ÍNDICE DE DESEMPENHO MORFOLÓGICO (IDM) PERCENTUAL: 60,86%
Legenda critérios
IDM CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS COR
0,71 - 1,00 Grau máximo Atende (3)
0,31 - 0,70 Grau médio Atende parcialmente (2)
0,00 - 0,30 Grau mínimo Não atende (1)

Em relação as características morfológicas gerais, o complexo é composto por edificações


isoladas e registrou-se uma densidade construtiva de 74% em relação a dimensão do lote,
uma área de ocupação de 36% - em desacordo com o recomendado de 50% pela portaria do
MS 400/97. As áreas livres do complexo representam 67%das quais em torno de 5%
representam áreas permeáveis e não foram identificadas patologias nos elementos externos
as edificações, além da necessidade de manutenção das calçadas de interligação dos blocos
aos estacionamentos. Quanto ao percentual de áreas livres e áreas construídas do lote,
registrou-se se tratar de 84% do complexo geral.

145
Quanto as características das áreas públicas do entorno imediato da edificação, registrou-se
tratar de uma área predominantemente comercial, com ocupação dos lotes em 100% e
facilidade de acesso pelo sistema modal local que englobam os modais de carros particulares
e ônibus. Quanto as características internas das edificações, registra-se que apresenta 36%
de ocupação do lote e que consistem em edificações de estrutura tradicional.

Quanto ao estado de conservação, verificou-se a presença de patologias nas coberturas de


grande parte do complexo hospitalar. Quanto aos revestimentos, nessa categoria foi
identificado que os pisos, em sua maioria, estavam em desacordo as normas de
acessibilidade da NBR 9050.

Por fim, conclui-se que o HRAN apresenta um quadro favorável relação do contexto geral
em relação a avaliação de desempenho morfológico econômico-financeira, sendo verificado
pontos mais críticos em relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndio que estão
desatualizados ou com manutenção deficiente e a presença de patologias nos componentes
estruturais de cobertura e estruturas dos jardins de inverno no complexo principal. Em
relação aos índices do hospital num contexto geral apresentam conformidade com o
especificado em normas e há grande potencial para implantação de sistema de relacionados
a eficiência energética e consumo de água. Ou seja, por meio dos critérios estabelecidas para
esta metodologia de avaliação de desempenho, foi possível aferir que os principais pontos
de necessária atenção e/ou intervenção estão relacionados aos sistemas da edificação e seu
estado de conservação; onde identifica-se os pontos fracos da edificação, os pontos críticos
e pontos onde seria possível o aumento de desempenho da edificação por meio da redução
dos custos rotineiros e/ou de manutenção.

146
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A pandemia do Covid-19 trouxe ao debate, a infraestrutura dos estabelecimentos de


saúde, a capacidade de atendimento e o estado de conservação das edificações; uma vez que
consistem em edificações de grande porte e de difícil substituição. O alto investimento na
implantação desse tipo de edificação deixa explícito a necessidade de conservação de seus
sistemas para que haja retorno funcional dos gastos envolvidos que será alcançado ao longo
dos anos, em contrapartida ao questionamento em relação as edificações temporárias que
logo serão desativadas e o investimento gasto em sua construção e montagem dificilmente
apresentarão o retorno devido em tempo.

Quanto a questão do impacto ambiental gerado pela implantação de edificações de


grande porte como os hospitais, há de se pensar ainda que demandam grande quantidade de
recursos naturais na construção e não seria sustentável do ponto de vista ambiental, na
maioria dos casos, desativar complexos existentes e construir novos. Considerando ainda
que a construção civil representa uma das indústrias de maior consumo de recursos naturais
durante o processo de construção e que não há grandes processo de reaproveitamento de
restos de construção no Brasil, os entulhos gerados no caso de desativação de edificações
dificilmente seriam reaproveitados no processo de construção de novos complexos e serão
depósitados na natureza.

A questão da manutenção e conservação dos hospitais, portanto, traz consigo a


questão econômico-financeira desses investimentos de alto custo, uma vez que o bem físico
obtido após o processo de planejamento e construção consistiu em edificações para o
desenvolvimento das atividades de saúde e deve retorno a sociedade. Um hospital necessita,
portanto, de um planejamento de implantação e manutenção ao longo dos anos pois uma
edificação possui um ciclo de vida e para se manter um bom desempenho durante a sua vida
útil, é necessário o acompanhamento e correção das patologias e falhas que podem surgir,
seja na fase de projeto, construção ou operação, conforme visto ao longo desta pesquisa. As
patologias, falhas e defeitos decorrentes, por sua vez, consistem em efeitos típicos das
edificações em funcionamento, pois é natural que se registre o desgaste das edificações ao
longo do tempo e como tal o monitoramento desses fatores é de fundamental importância
para a manutenção da vida útil de uma edificação. A vida útil, é válido lembrar, está
diretamente relacionada aos processos de manutenção e conservação aplicados aos sistemas

147
que são capazes de manter, estender ou até mesmo diminuir o tempo de uso de uma
construção quando não bem planejados e aplicados.

Tendo em vista a revisão bibliográfica relacionada a este estudo e sua aplicação em


hospitais de diferentes tipos de gestão, conclui-se que a avaliação de desempenho
morfológico econômico-financeiro possui a capacidade de apresentar um resumo de
características, de qualidade e de custos de manutenção da edificação, além de potenciais
itens de redução de desempenho com o risco de perda do bem material e humano como
verificado na inadequação do sistema de prevenção de incêndio vigente. Concluindo que
com a aplicação desta avaliação foi possível identificar os pontos de maior fragilidade da
edificação e de risco onde são recomendados o estudo aprofundado, além de se registrar o
estado de conservação geral da edificação e os pontos em que se indica potencial de aumento
de desempenho por meio da redução de custos de manutenção; atingindo o objetivo que se
propunha. Observando-se que os critérios de sistemas da edificação e o estado de
conservação dentro do desempenho morfológico econômico-financeiro representam os itens
mínimos necessários para avaliação global de uma edificação para se fazer conhecer a
realidade da mesmo, sobre os quais pode ser realizada uma avaliação mais aprofundada de
depreciação ou por especialistas se assim for indicado ou se verificar a necessidade.

Foi possível verificar ainda a possível aplicabilidade da avaliação de desempenho


morfológico econômico-financeiro como método de investigação do estado de cada hospital,
de tipologias e gestão diferentes, identificando as fraquezas, os potenciais de aumento de
desempenho e contribuir na geração de informação visando a gestão e a manutenção
contínua das edificações. Quanto aos critérios e indicadores utilizados no método adaptado,
conclui-se a sua pertinência na avalição devido a sua correlação aos critérios validados no
contexto brasileiro pelos autores citados e a NBR 15575 e por possibilitar a indicação do
desempenho das edificações como um todo, apresentando os pontos fortes e fraquezas
conforme se propunha o estudo em seu contexto inicial de estabelecer uma metodologia
capaz de realizar uma avaliação básica recorrente de desempenho de uma edificação para
auxiliar no processo de planejamento de gestão e manutenção.

Para futuros estudos e continuidade da adaptação da avaliação de desempenho


morfológico no contexto dos hospitais, sugere-se o estudo da aplicação conjunta das
dimensões econômico-financeira e funciona; ou ainda a utilização de ferramentas de

148
“Building information modeling” para complementação destas avaliações e aprofundamento
do impacto das decisões de planejamento e automação na manutenção das edificações.

149
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABHINAYA, K. S.; PRASATH KUMAR, V. R.; KRISHNARAJ, L. Assessment and
remodelling of a conventional building into a green building using BIM. International
Journal of Renewable Energy Research, v. 7, n. 4, p. 1675–1681, 2017.

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ABNT, A. B. DE N. T. NBR 13.752: Perícias de Engenharia na Construção CivilRio de


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ABNT, A. B. DE N. T. NBR 16747: Inspeção predial ― Diretrizes, conceitos,


terminologia e procedimento.Rio de Janeiro, 2020a.

ABNT, A. B. DE N. T. NBR 16747: Inspeção predial ― Diretrizes, conceitos,


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ANEXO A – DATASUS 2015

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157
ANEXO B – DATASUS 2021

158
159

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