AULA 1 - Introdução A Cunicultura

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U N I V E R S I D A D E

F E D E R A L D O
C E A R Á

C U R S O D E
G R A D U A Ç Ã O E M
Z O O T E C N I A

DISCIPLINA: CUNICULTURA
AULA 1 – INTRODUÇÃO A CUNICULTURA
Profª. Drª. Francislene Silveira Sucupira
Objetivos
• Introdução
• Origem e importância
• Histórico no Brasil
• Evolução no desempenho de
coelhos

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 2
Introdução
“Ramo da Zootecnia que trata da criação produtiva, econômica e
racional do coelho doméstico”.

Objetivos da criação:
- Produção de carne;
- Artesanato, pele e pelos;
- Melhoramento genético;
- Animais de laboratório;
- Animais de companhia.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 3
Introdução
“Proporciona proteína animal em curto período de tempo e a custo
mínimo”.

Características:
- Facilidade de manejo;
- Alta prolificidade;
- Baixo índice poluidor;
- Carne de excelente qualidade.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 4
Origem dos coelhos
• Ancestral comum: Coelho europeu;

• Nome científico: Oryctolagus cuniculus;


- Cuniculus - Passagens subterrâneas;
- Proteção e reprodução.

• Vestígios – Ásia e Península Ibérica

• Origem: Peninsula Ibérica


- Encontrados pelos fenícios;
- Apelidaram o país de “I spash in”´- Hispain
- “Espécie de Damão” – Mamífero roedor herbívoro
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 5
Origem dos coelhos

Damão das montanhas - Damão das árvores -


Israel África
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 6
A cunicultura no
mundo
• Século VI
- Início da domesticação: Papa Gregório
- Criação em áreas fechadas – “Garrene”

• Seleção dos animais:


- Tamanho; - Cor;
- Conformação corporal; - Pelo.

• Século XIV:
– Criações na Inglaterra
- Caça por entusiastas.

• Século XVI – Varias raças conhecidas


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A cunicultura no
mundo
• Século XVI: Expedições marinhas:
a) Ideal para longas viagens;
b) Disseminação no mundo.
- Abolição das gaiolas – criações controladas

• Século XVIII
– Criações controladas no Egito, Grécia China
- Introdução na Austrália – reprodução sem controle

• Século XIX: Difusão da criação em cativeiro em toda a Europa


• Século XX: Segunda Guerra mundial: Necessidade de produção de alimentos
de forma rápida e eficiente
- Aumento no efetivo mundial
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 8
A cunicultura no
mundo
• Década de 60:
– Interesse x Pesquisas
- Desenvolvimento de primeiras raças puras

• Década de 70: Desenvolvimento de Raças sintéticas

• Década de 80:
- Tecnologia e melhoramento – GP de 40g PV/dia
- Primeiras granjas especializadas

• Década de 90:
- Híbridos zootécnicos: Machos gigantes X Fêmea NZB e CAL
- Modificações fisiológicas – índices de desempenho reprodutivo
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 9
A cunicultura no
mundo
Tabela 1. Produção de carne de coelho e efetivo mundial (toneladas)
Produção (toneladas) Efetivo (cabeças)
Área
2010 2020 2010 2020
Mundo 1.185,487 899,726 814,841 608,188
África 78,638 97,122 70,170 81,387
América 17,550 15,429 14,672 12,904
Ásia 828,586 634,025 570,261 401,248
Europa 260,673 153,150 159,738 112,650
Fonte: FAOSTAT (2022)

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A cunicultura no
mundo
Tabela 2. Produção mundial de carne de coelho (toneladas)
País 2022
China 358.152
Coréia 142.800
Egito 71.510
Espanha 51.181
França 26.141
Rússia 18.364
Fonte: FAOSTAT (2023)

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 11
A cunicultura no
mundo

PRODUÇÃO MUNDIAL EM 2022


756,476 TONELADAS

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 12
A cunicultura no
mundo
Tabela 4. Consumo de carne de coelho no mundo
País Consumo
Coréia 6,81 kg
República Checa 3,74 kg
Espanha 1,09 kg
Itália 0,91 kg
China 0,61 kg
Fonte: FAO (2022)

CONSUMO ANUAL PER CAPITA


0,19 kg
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A cunicultura no
mundo
• Características dos consumidores:
– Consumo pouco frequente – 1 a 3 vezes ao ano;
- Maiores consumidores - Homens e pessoas idosas;
- Tradição – determinante na diferença entre os países;
- Países da região mediterrânea – origem da cunicultura – maior consumo.

• Características sensoriais e apresentação:


– Positivos: Textura e sabor da carne;
Baixo teor de gordura;

- Negativos: Apresentação de carcaça inteira – cultural x manuseio;


Falta de conhecimento sobre valor nutricional;
Baixa disponibilidade de cortes de carne de coelho;
Alto custo.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 14
A cunicultura no
mundo

Fonte: Siddiqui et al. (2023) INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 15


Cunicultura no Brasil
• Década de 50:
– Introdução do coelho Angorá no RS;
- Criação para a produção de láparos – vacina de febre aftosa (SP e RJ)

• Década de 70:
- Novas técnicas de fabricação de vacinas – dispensava o uso de animais vivos;
- Impacto nas empresas – Redução drástica no efetivo;
- Redirecionamento das criações – produção de carne (baixos índices zootécnicos)
- Criação ANCC

• Década de 80:
- Persistência de algumas empresas – Sul e Sudeste;
- Investimento para produção de carne – Projeto “Nosso Coelho”;
- Diversos objetivos.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 16
Cunicultura no Brasil
• Atualmente:
– Poucos estabelecimentos trabalham exclusivamente com coelhos;
- Atividade secundária;
- Região Sudeste - aumento da procura por carne de coelho​ (SP);
- Região Norte e Nordeste - dados escassos, produção inexpressiva;
- Granjas de pequeno porte (20 a 100 matrizes);
- Propriedades de pequeno tamanho (até 10 hectares);
- Produção principal: carne e mercado pet;
- Produção secundária: peles, adubo, animais para pesquisa/laboratório

• Cunicultura pet ou de companhia:


- Mercado crescente – parcela significativa no mercado da produção de coelhos;
- Geração de renda para pequenos produtores.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 17
Cunicultura no Brasil
• Tamanho do rebanho: 200.345 cabeças

• Maior produtor: Rio Grande do Sul

• Propriedades: 16.095

IBGE (2017)
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Cunicultura no Brasil
Tabela 4. Efeito de coelhos no Brasil (cabeças)
Estado Efetivo
Rio Grande do Sul 58.344
Santa Catarina 37.478
Paraná 23.625 CEARÁ – 2.255 CABEÇAS
São Paulo 18.636
Rio de Janeiro 15.791
Minas Gerais 13.496
Bahia 5.614
Pernambuco 2.946
Sergipe 2.769
Fonte: IBGE (2017) 19
Cunicultura no Brasil

• Oficializada em 1996;
• Afiliada a World Rabbit Science Association;
• Lançamento da Revista Brasileira de Cunicultura em 2011;
• Aproximação de criadores;
• Realização de eventos e divulgação de resultado de pesquisas.
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA
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Cunicultura no Brasil
Quadro 1. Vantagens e desvantagens da criação de coelhos.
Vantagens Desvantagens
Possível criar em espaços pequenos Falta de conhecimento do criador
Animais dóceis e de fácil manejo Alto custo das rações disponíveis no mercado
Transformação de alimentos de baixo valor Falta de marketing e divulgação
biológico (forragens) em proteína essencial*
Uso de fibra na alimentação como fonte de energia Tabu nacional acerca do consumo de coelho
Carne de alta qualidade, alta digestibilidade e baixo Falta de organização do setor
nível de colesterol
Alta prolificidade, que permite o abate contínuo de
animais
Fonte: Klinger e Toledo (2017)

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 21
Cunicultura no Brasil
Eficiência de transformação da proteína alimentar em carne

8 a 12%

22%

16 a 18%

20%
Frango Coelhos Suínos Bovinos

01/02/20XX FONTE: SIDDIQUI ET AL. (2023) 22


Classificação Zoológica
• FILO: Chordata
• SUBFILO: Vertebrata
• CLASSE: Mamalia
• ORDEM: Lagomorfa
• FAMÍLIA: Leporidae – lábio superior fendido (coelhos e lebres)
• GÊNERO: Oryctolagus – animais silvestres europeus
• ESPÉCIE: Oryctolagus cunículus – animais que vivem em galerias subterrâneas

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 23
Anatomia e fisiologia
do coelho
• Esqueleto – Cerca de 8% do PV;
• Dentição – 28 dentes (sem caninos);
• Dentes de leite – troca aos 21 dias;
• Elodontes - Crescimento contínuo dos dentes
incisivos;
• Fórmula dentária:
- C = 0/0, I = 4/2, PM = 6/4, M = 6/6.

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Anatomia e fisiologia
do coelho
• Aparelho circulatório – frequência cardíaca de 120 a 150 batimentos/minuto;
• Aparelho respiratório – frequência respiratória varia de 50 a 60
respirações/minuto;
• Aparelho excretor – excreção de Ca pela urina;
• Aparelho reprodutor - Dois ovários, dois ovidutos ou trompas, duas cérvices,
vagina e vulva;
• Sistema digestório – Estômago simples e ceco de tamanho avantajado;
• Produção de cecótrofos.

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Produtos e subprodutos
da cunicultura
• Carne – excelente qualidade e elevado valor proteico;
• Pele - Agasalhos, colchas, artesanatos;
• Couro – Bolsas, sapatos e carteiras;
• Pêlos – Tecidos finos, feltros;
• Cérebro – tromboplastina, reagente para teste de pezinho;
• Sangue – laboratório para testes sorológicos (teste de coagulose).

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 26
Produtos e subprodutos
da cunicultura
• Esterco;
• Reprodutores – Prolificidade x taxa de reprodução;
• Urina – fixação de perfume;
• Patas, caudas e orelhas – Amuletos, petiscos para cães;
• Vísceras – Alimentação animal.

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 27
Produtos e subprodutos
da cunicultura
Tabela 5. Composição de carne de coelho comparada a demais espécies
Componente
Espécie animal
% de proteína % de gordura Colesterol (mg/100g)
Coelho 21,0 8,0 50
Frango (peito sem pele) 18,6 4,9 90
Bovino 17,4 25,1 140
Carneiro 16,5 21,0 -
Fonte: Klinger e Toledo (2017)

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 28
Produtos e subprodutos
da cunicultura
Tabela 6. Composição de diferentes partes da carne de coelho.
Nutrientes Parte dianteira Parte traseira
Proteína (%) 21,8 22,1
Umidade (%) 79,1 79,3
Gordura (%) 8,8 3,7
Energia bruta (kcal/100 g) 161,3 118,9
Colesterol (mg/100g) 103,4 120,3
LDL (mg/100g) 26,5 78,4
HDL (mg/100g) 32,7 35,7
Fonte: Fadlilah et al. (2020); Rasinska et al. (2018); Dal Bosco et al. (2013); Forrester-Anderson et al.
(2016)

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Produtos e subprodutos
da cunicultura
Tabela 7. Vitaminas na carne de coelho (qtde/100 g de carne)
Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne
Vitamina A (μg) Traços Ácido Pantotênico B5 (mg) 0,60
Vitamina E (mg) 0,186 Piridoxina B6 (μg) 0,34
Tiamina B1 (mg) 0,082 Biotina B8 (μg) 0,70
Riboflavina B2 (mg) 0,125 Ácido fólico (μg) 5,00
Niacina B3 (mg) 9,60 Cobalamina B12 (μg) 6,85
Fonte: Scapinello et al. (2019)

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 30
Produtos e subprodutos
da cunicultura
Tabela 8. Ácidos graxos em carne de coelhos (mg/100 g de carne)
Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne
C 10:0 (Cáprico) 3,19 ± 1,01
C 12:0 (Láurico) 6,27 ± 0,68
C 14:0 (Mirístico) 67,10 ± 2,82
C 16:0 (Palmítico) 712 ± 24,6
C 16:1 (Palmítoleico) 78 ± 5,16
C 18:0 (Estéárico) 185 ± 5,88
C 18:2 (Linoléico) 777 ± 33,2
C 18:3 (Linolênico) 81,2 ± 4,81
C 20:1 (Eicosaenóico) 9,96 ± 0,73
Fonte: Scapinello et al. (2019)
INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 31
Produtos e subprodutos
da cunicultura
Tabela 9. Composição do esterco de coelho comparada a demais espécies
Nutriente
Espécie animal
Nitrogênio (%) Fósforo (%) Potássio (%)
Coelho 1,5 – 2,5 1,4 – 1,8 0,5 – 0,8
Frango 1,5 1,25 0,85
Suíno 0,5 – 0,8 0,3 – 0,5 0,3 – 0,5
Bovino 0,3 – 0,7 0,2 – 0,5 0,2 – 0,6
Fonte: Vieira (1987)

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Produtos e subprodutos
da cunicultura
MÉDIA DE PREÇO – PORTUGAL
6,89 EUROS = R$ 36,94

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 33
Produtos e subprodutos
da cunicultura
MÉDIA DE PREÇO – SÃO PAULO

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 34
Produtos e subprodutos
da cunicultura
MÉDIA DE PREÇO – SÃO PAULO

R$ 79,97 / kg – Agosto 2022

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 35
Produtos e subprodutos
da cunicultura
MÉDIA DE PREÇO – BELO HORIZONTE

R$ 69,90 / kg – Agosto 2022

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 36
Produtos e subprodutos
da cunicultura
MÉDIA DE PREÇO – PETRÓPOLIS

R$ 40,00 / kg – Agosto 2022


INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 37
Produtos e subprodutos
da cunicultura
Pequena quantidade de abatedouros no Brasil

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 38
Fonte: Machado (2012)
Desempenho dos
coelhos
Tabela 10. Evolução no desempenho dos coelhos entre 1950 a 2010
Década
Variáveis
50 60 70 90 2000 2010
Peso de abate (kg) 1,7 1,7 1,7 2 2 2 – 2,5
Idade de abate (dias) - - 90 80 75 75
Ganho de peso (g/dia) 20 25 30 40 40 40
Conversão alimentar 7:1 7:1 6:1 4:1 3:1 2,7:1
Produtividade (láparos/fêmea/ano) 20 30 45 60 60 80
Fonte: Klinger e Toledo (2017)

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 39
OBRIGADA

INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 40

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