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História do séc.

XX

Tema 1 – As Heranças Oitocentistas: O triunfo do capitalismo e das nacionalidades


Da Revolução Industrial ao capitalismo industrial e financeiro
Durante a 1ª metade do século XIX – nascimento da Europa Industrial (tecnicista, urbana, populosa).
Industrialização → Passagem da produção artesanal (manufatura) para produção industrial (fábricas e
maquinização) → 1ª Revolução Industrial – do carvão e da máquina a vapor → Crescimento económico

Porquê a Revolução Industrial?


- Aumento demográfico – aumento da necessidade de consumo e incremento da produção.
- Revolução agrícola – modernização das técnicas e métodos de produção; introdução da máquina;
aumento dos preços.
- Progressos técnicos – na produção de energia (máquina a vapor e combustão da hulha); na
metalurgia (fundição do ferro); nas construções mecânicas (máquinas de fiar, de tecer, locomotivas,
etc.).
- Revolução dos transportes: Grande desenvolvimento dos caminhos-de-ferro e Surgimento de
embarcações a vapor → Maior rapidez e diminuição das distâncias

Surgimento de grandes empresas – contrariamente a pequenas empresas artesanais, tradicionais e


familiares, as grandes empresas — fábricas - implicam mais capital, trabalhadores e meios comerciais.
Gradualmente, o mesmo patrão passa a possuir múltiplas fábricas espalhadas por diferentes localidades.
- Emergem as sociedades anónimas, que acabam por tornar-se o modelo primordial da empresa
capitalista, onde as decisões são tomadas pelos proprietários ou accionistas e os lucros são
distribuídos pelos proprietários e no pagamento dos salários).
- Desenvolvimento do sistema bancário e bolsista. Alguns bancos londrinos, especializaram-se no
crédito comercial e também no empréstimo às operações da Bolsa. Logo - o banqueiro torna-se uma
figura central das sociedades burguesas capitalistas.

A mentalidade burguesa foi a base e o sustentáculo de toda esta transformação.

o ponto de vista geográfico:


Inglaterra – foi o berço da Revolução Industrial e tornou-se a grande importadora europeia de matérias-
primas e exportadora de produtos industrializados (têxteis e metalúrgicos).

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Porquê?
- Domínio de um vasto Império Colonial (relações comerciais com a América e o Extremo Oriente);
- Subsolo rico em carvão (hulha);
- Precoce Revolução Agrícola;
- Abertura de mentalidades e de espírito de iniciativa.

Continente Europeu – a vaga de industrialização inicia-se na Bélgica (tradição têxtil e metalúrgica) e na


França (recursos minerais e burguesia empreendedora), nos anos 30 do séc. XIX.
- Atingiu outros países, deixando de fora a Rússia, que já possuía uma importante actividade têxtil e
metalúrgica,desde o séc. XVIII. Nem todos os países vão saber tirar proveito dos avanços britânicos
(importando máquinas e capitais, por empréstimo).

Consequências económicas da industrialização:


- O crescimento outrora sustentado na agricultura e no comércio, passa a assentar na produção
industrial. A indústria, a extracção mineira e a construção tornam-se os motores de crescimento da
economia.
- A descida dos preços o que em nada beneficiou, por exemplo, o comércio. Também havia escassez
de moeda (devido à lentidão e atraso da chegada de metais preciosos à Europa), mas para os
consumidores a estabilidade dos preços era algo muito positivo.
- A industrialização vem introduzir um novo tipo de crises económicas (alterando o modelo clássico:
agrícola). Surgem ciclos em alternância: a um período de expansão segue-se um período de
estagnação. O economista francês Juglar percebeu que de tempos a tempos, com intervalos mais ou
menos regulares, surgiam dificuldades que podiam levar a falências e, por consequência, ao
aumento do desemprego. Porquê?
• Porque a industrialização introduziu desequilíbrios económicos na medida em que o êxito de umas
actividades levam ao marasmo ou estagnação de outras.
• Porque nem sempre os investimentos efetuados correspondiam aos lucros previstos.
• Porque podiam surgir crises de superprodução (excesso em relação à procura).

O sistema Capitalista

Desde finais do séc. XVIII - a economia foi-se desenvolvendo no âmbito do sistema capitalista que se
estabeleceu com a Revolução Industrial e foi evoluindo lentamente. Podemos distinguir duas fases nessa
evolução:

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- a fase de formação, que se caracteriza pela liberdade de economia e concorrência – Revolução
Industrial;
- a fase de declínio, na qual a concorrência se vê afectada por outros elementos – Capitalismo
Financeiro.

Princípios do Capitalismo:
- Liberdade (livre investimento e livre concorrência)
- Direito à propriedade
- Secundarização do papel do Estado
- Economia de Mercado

As fragilidades do Capitalismo – A Grande Depressão

Por meados do séc. XIX – o contexto é favorável ao apogeu do capitalismo industrial nos chamados países
desenvolvidos:
- aparecem grandes novos mercados nacionais (unificação da Alemanha e da Itália);
- o II Império, em França, estimula o incremento industrial;
- descobrem-se minas de ouro na Califórnia e na Austrália o que vem dar um grande desafogo
monetário;

Entre 1873 e 1895 – uma sucessão de crises capitalistas vão promover a chamada “Grande Depressão” do
capitalismo industrial moderno:
• falência de indústrias,
• desemprego,
• derrocada dos preços devido a superprodução agrícola.

Sendo certo que o Capitalismo é caracterizado por crises cíclicas – as que suportaram a Grande Depressão
do séc. XIX foram muito fortes por resultarem de um ciclo económico favorável de longa duração. Além
disso, revelaram os profundos desequilíbrios do capitalismo liberal.

Porquê?
• diminuição das jazidas de ouro (diminuição da moeda e do capital disponível)
• excessivo endividamento junto da banca
• grandes dificuldades sociais (desemprego)

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Que soluções e medidas?
• Abandono do livre-câmbio
• Concentração de empresas

Do Capitalismo Industrial passou-se ao Capitalismo Financeiro e ao Imperialismo

A segunda Revolução Industrial


A partir de 1880 – não obstante, a crise, os avanços científicos e tecnológicos propiciam o surgimento e
crescimento de novas indústrias graças à aplicação de novas fontes de energia. Se o carvão continua a ser
basilar, a electricidade e o petróleo começam a dar um contributo muito importante no plano qualitativo.
Estas novas fontes energéticas associadas à produção do aço levam ao que se designou como 2ª Revolução
Industrial.

Quais são as novas indústrias? A Química, as ligadas à electricidade e as construções mecânicas mais
complexas.

Estudos científicos levam também à racionalização da organização do trabalho:


• as tarefas de concepção são confiadas aos engenheiros,
• a estandardização, que permite assegurar melhor o trabalho em cadeia (fordismo),
• a total mecanização do trabalho, que permitiu um aumento da produtividade a custos mais baixos.

Em suma:
Nem todos os países desenvolvidos entram ao mesmo tempo e com o mesmo ritmo na era do capitalismo
financeiro. A partir dos anos 80 e 90:
- Os EUA ultrapassam a produção industrial britânica,
- A Inglaterra continuou a ser a grande potência mercantil,
- A França manteve uma posição intermédia,
- A Itália, também se industrializou,
- A Rússia começou a dotar-se de indústrias pesadas, mas manteve-se ainda profundamente rural.

A Iª Guerra Mundial veio alterar este cenário de tendência expansionista que se verificou a partir de
1895...

O triunfo dos Nacionalismo

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Nacionalismo – É a convicção de que as características comuns da nação têm de ser preservadas, tendo o
direito legítimo de formar ou coincidir com um estado político: autónomo, independente, soberano.
Sustenta a convicção de que os inimigos da nação têm de ser derrotados ou eliminados de forma a que a
nação se prestigie.
Este conceito difundiu-se a partir de 1830, dando origem a movimentos nacionalistas.

O período entre 1830 e 1880 foi decisivo para a emergência e afirmação dos estados - nação na Europa.
Durante estes 50 anos, o equilíbrio do poder alterou-se:
- devido ao surgimento de duas grandes potências baseadas no princípio nacional: Itália e Alemanha;
- devido às convulsões de uma terceira potência graças ao mesmo princípio: Império Austro-Húngaro;
- com a eclosão de duas revoltas nacionais dos polacos que reivindicavam a sua reconstituição em
Estado-nação.

Séc. XIX – divide-se em duas grandes fases:


- Desenvolvimento dos Nacionalismos (Romantismo, Liberalismo, Revoluções de 1848 e unificação
italiana e alemã)
- A Europa dos Estados - Nação (era bismarckiana, o sistema de alianças, a corrida imperialista e o
deflagrar da Grande Guerra)
Séc. XX – vai do triunfo das nacionalidades (após 1914) aos nacionalismos totalitários (II Guerra Mundial)

A Belle Époque
A Belle Époque – finais do século XIX, inícios do século XX
Este curto período (pouco mais de 20 anos), foi a última etapa da hegemonia europeia sobre o mundo. A
Europa:
- congregava 44% do comércio mundial,
- monopolizava 90% da indústria,
- tinha uma força demográfica notável,
- apresentava um enorme avanço nos domínios da tecnologia, da arte e da cultura.
Esta era a era do triplo P: progresso, prosperidade e paz.
Este foi, por isso, um período de euforia e de ilusões ...

- As Grandes Centrais Eléctricas – símbolos de uma civilização tecnicista


- Símbolos do progresso tecnológico: a fotografia
- Os novos lazeres: o desporto

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- A consagração das Artes Cénicas: o canto, o teatro e o Cinema.

Todavia: sob uma aparente prosperidade, progresso e bem-estar, jaziam contrastes marcantes, incertezas e
conflitos. Por isso, esta também foi uma época de:
- aumento da pobreza e das desigualdades e, por isso, de revolta e conflitos sociais;
- grandes tragédias;
- escândalos e corrupção;

Este foi, portanto, um período de grandes contradições ou paradoxos.


- A outra face da Belle Époque: o vício perdulário do jogo
- A outra face da Belle Époque: a miséria dos mineiros e a violência dos movimentos grevistas
- A outra face da Belle Époque: o Domingo Sangrento (Rússia - 1905)
A Europa (e o mundo) estavam à beira de um colapso: de uma Guerra sem precedentes na História.
Os blocos rivais europeus estavam prestes a defrontar-se por motivos de natureza imperialista, nacionalista
e geoestratégica.

Tema 2 – A “Era dos Extremos”: as grandes transformações da 1ª metade do


século XX
I Guerra Mundial - Os antecedentes
De 1890 a 1914 – a Europa viveu a Era dos Impérios: os contornos políticos nacionalistas e as rivalidades
neocolonialistas suscitaram uma intensa vaga de tensões e conflitos nacionais e internacionais:
- A Rússia czarista e autocrática, assistiu a uma vaga de greves, bem como ao nascimento do partido
político mais revolucionário da Europa — o dos bolcheviques;
- O Reino Unido, o grande líder do poder imperialista, pressionava, a seu favor, os territórios coloniais,
e outras regiões que nem estavam sob a sua alçada. As outras potências, como a França, a Alemanha
e a Itália rivalizavam na corrida ao continente africano;
- A Alemanha, por intermédio de Bismarck, favorecera um sistema de alianças que acabou por dividir
a Europa em dois grandes blocos rivais (a Tríplice Entente e a Tripla Aliança).

O Império Alemão – foi decisivo no agravamento das relações internacionais. Factores essenciais que
explicam a guerra:
- o legado de Bismarck e a sua ambição de consolidar o II Reich como uma potência europeia e
ultramarina;
- a corrida imperialista (expansionismo) e o impulso de guerra preventiva por parte da Alemanha;

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- o grande potencial militar e industrial alemão.

O período que decorreu entre 1871 e 1914 foi um tempo de adiamento… A diplomacia falhara em torno dos
Balcãs e do Império Otomano. O descontrolo da situação internacional levou à guerra:
- a Alemanha imperial (unificada), em atitude de defesa em relação à França;
- a disputa pelo domínio dos Balcãs opondo a Áustria à Rússia;
- o sistema de alianças que se tornou uma bomba, sobretudo quando a Grã-Bretanha entra num dos
blocos (sempre lutou contra a França nas guerras europeias).

.Fora da Europa:
- A China, esmagada por inúmeras concessões feitas ao Ocidente, transforma-se numa República e
expulsa os estrangeiros de Pequim.
- O Japão, já industrializado, interessado em travar a expansão russa na Manchúria e na Coreia, acaba
por lançar um ataque surpresa à frota de Nicolau II. Inicia-se a Guerra Russo-Japonesa em que se
esperava a vitória do czar e do maior exército do mundo. Todavia, a vantagem estratégica do Japão
fê-los vencer, acabando o desfecho da guerra por suscitar a Revolução de 1905 na Rússia;
- Os EUA, que nesta época se transformam na nação mais rica do mundo, em detrimento da velha
Europa, passaram também a interferir nas grandes questões internacionais, começando por ajudar a
pôr fim à guerra Russo-Japonesa e impondo-se como potência dominante.

I Guerra Mundial

I Guerra Mundial – Antecedentes e Causas directas


Assim:
- a corrida imperialista
- as alianças/rivalidades entre as potências
- o excessivo armamentismo e militarismo
- o poder absoluto e arbitrário dos regimes autocráticos
- as crises e guerras nos Balcãs
- o atentado de Sarajevo
Foram as origens, umas mais directas do que outras, da I Guerra Mundial.

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Quem foram os intervenientes directos?
Tríplice Entente Tripla Aliança
Sérvia Império Alemão
Império Russo (até 1917) Império Austro-Húngaro
França Bulgária

Império Britânico Itália (até 1915, como neutra)

Portugal Império Turco-Otomano


Itália (a partir de 1915)
Estados Unidos (a partir de 1917)
Japão

As fases da Guerra
A Grande Guerra – que ditará o fim da hegemonia europeia no mundo, não foi uma série continuada de
batalhas, mas conheceu 4 fases diferentes, cada qual com as suas características e situações próprias:
1914 – A Guerra das Ilusões
1915 – Impasse e Estagnação
1916-1917 – A Grande Carnificina
1917-1918 – Revolução e Paz

1915 - Paralisação e Impasse

Nos inícios de 1915 – começou a ser claro que a vitória não se vislumbrava no horizonte. Qual a
preocupação dos dirigentes?
- proteger a sua posição política, através de alianças ou acordos tácitos com vista a prevenirem-se para
eventuais ataques ou ofensivas decisivas;
- alargar a guerra ao campo económico através do estabelecimento de bloqueios, particularmente
marítimos;
- repensar as estratégias militares, devido à expansão geográfica da guerra. Porque a ofensiva alemã tinha
claudicado, a guerra afigurava-se longa e, pior do que isso, em muitos palcos e frentes de batalha. Isto
fez acender muitos debates políticos sobre a prioridade a dar às Frentes Ocidental ou Oriental.

Um aspecto determinante nesta fase: a entrada de novos beligerantes:


- A Turquia ao lado dos alemães, representou um trunfo para os segundos nesta fase.

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- Enquanto as potências centrais geriam alianças e concessões, em Itália, um movimento popular
defendia a entrada na guerra, ao lado dos Aliados. O Tratado de Londres, garantia aos italianos
receberem, no fim da guerra, o que quisessem das regiões austríacas.

Durante os anos de 1916 e 1917:


- a guerra económica esteve ao lado da guerra militar (bloqueios),
- a capacidade industrial bélica foi posta à prova, tanto por parte dos Aliados, como das Potências
Centrais.
- quanto mais a guerra se prolongava e se tornava irremediavelmente sangrenta, maiores fissuras se
aprofundavam entre:
- belicistas e anti-belicistas
- entre os responsáveis pela guerra e a opinião pública.
- o poder militar e os dissidentes (que recusavam o serviço militar obrigatório), os activistas e
os desertores.
Por fim – o número de prisioneiros e, sobretudo, o número de mortos e estropiados eram cada vez mais
insuportável.

Plano Hindenburg – aproveitamento dos avanços da ciência em prol do esforço de guerra e total dirigismo
do Estado sobre a indústria bélica. Os operários receberam incentivos para aumentarem a produtividade.
Porém: os custos foram tão elevados que fizeram disparar a inflação e a crise de subsistências. – Explica, em
parte, porque os Alemães perderam a Guerra.

1917-1918 - Revolução e Paz

Desde 1 de Fevereiro de 1917 - a Alemanha intensificou a guerra submarina, o que instigou os EUA a
entrarem no conflito. Todavia, mesmo antes desta data, as relações germano-americanas já haviam sido
abaladas por duas razões de peso:
- o anterior afundamento de navios neutrais, como o Lusitania,
- o caso do telegrama Zimmermann (os serviços secretos britânicos interceptaram um telegrama,
dirigido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão ao ministro alemão no México, reforçando
a necessidade de estabelecer uma aliança com aquele país, se os EUA entrassem na guerra, com a
possibilidade de auxiliarem o México na recuperação ou reconquista dos territórios perdidos).
Perante todas estas provocações e atentados, acabou mesmo por arrastar os EUA para a guerra, com o
apoio de todo o país. Os EUA declararam guerra à Alemanha a 6 de Abril de 1917.

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A campanha submarina alemã, que visava aniquilar o poder marítimo britânico e isolar, ainda mais, a França,
— obrigando os dois países à paz — acabou por despertar o gigante americano. Na alemanha, a nível
político, sentiram-se as consequências, com a resignação do chanceler e algumas opiniões a manifestarem o
desejo de negociar a paz.

A Rússia – é que seria o primeiro país a abandonar a guerra devido às suas próprias convulsões internas.
Há muito que o regime do Czar enfrentava uma forte contestação, devido:
- ao atraso económico do país,
- à Guerra Russo-Japonesa (1904-1905),
- à Revolução de 1905 (Domingo Sangrento),
- à revolta e amotinação dos militares da frota do Mar Negro.

A oposição ao czarismo dividia-se em dois grupos:


-Mancheviques – defendiam uma revolução que impusesse um modelo democrático, de tipo ocidental;
-Bolcheviques – liderados, do exterior por Lenine, apelavam à revolução proletária e á saída imediata da
Guerra.
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A Revolução de 1917

1ª Fase: O fim do regime czarista


Em Março de 1917 (Fevereiro para os russos) - eclodem revoltas e tumultos em S. Petersburgo (Petrogrado)
com o objetivo da Rússia abandonar a Guerra devido ao desgaste e às derrotas sofridas, com pesadas baixas.
A Duma (Assembleia Nacional) – que voltara a reunir-se em 1905, assumiu a autoridade e nomeou um
Governo Provisório, liderado por Kerensky, líder dos Mencheviques (Partido Socialista Revolucionário). Será
ele quem vai convencer Nicolau II a abdicar do trono – levando ao fim do Czarismo.
A nível interno – A “Revolução de Fevereiro” foi saudada pelo povo russo que viam, nesta mudança, um ato
de libertação face ao autoritarismo do regime e aos horrores da Guerra. Rapidamente, formaram-se
conselhos de operários e soldados – os Sovietes — que eram órgãos defensores da Revolução.
A nível internacional – as reações foram diversas. Alguns países ficaram preocupados face à queda do Czar
ou pela Rússia projetar novas conquistas. Muitos temeram os avanços da chamada “revolução operária” —
os bolcheviques apelavam aos operários de todo o mundo. Mas, no imediato, a maior preocupação era de
que a Rússia abandonasse a Guerra e, portanto, os Aliados.

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Alguns fatores foram decisivos para que a Rússia abandonasse a Guerra:
1- o regresso de Lenine – vai defender a saída da Guerra e a devolução da terra aos camponeses, bem como
pão para o povo. Defendia, acima de tudo, uma Revolução Operária e Socialista que instaurasse uma
sociedade sem classes, de matriz comunista.
2- o crescente poder dos Sovietes – cada vez mais, camponeses e soldados aderiam a estes conselhos,
tomando posse de terras e casas e exigindo o fim da Guerra.

Estes factores, bem como o agravamento da situação, vão gerar uma profunda divergência entre os
dirigentes russos:
- O Governo de Kerensky – empenhado numa reforma constitucional, recusa uma paz separada para a
Rússia, que considerava humilhante;
- Os Bolcheviques (Lénine) – insistiam na retirada imediata da Rússia de modo a transformar uma guerra
externa numa luta de classes, interna. Reclamavam “poder aos sovietes” …

2ª Fase – A Revolução Bolchevique (Novembro de 1917 – Outubro para os russos)


Após algumas tentativas malogradas, os Guardas-Vermelhos, leais ao Soviete de Petrogrado (presidido por
Trotsky), apoderam-se do Palácio de Inverno, obrigando Kerensky a fugir (EUA).
Lenine e Trotsky – foram os grandes chefes desta fase da Revolução Russa e:
7 de novembro de 1917 – Lenine assume o poder, forma o Conselho dos Comissários do Povo (órgão da
Revolução) e estabalece a Cheka (força policial). Por fim, em janeiro, destitui a Assembleia Constituinte.
Além disso:
- perseguiu e eliminou os adversários – os “inimigos do povo”,
- aboliu a propriedade privada e os grandes latifúndios,
- redistribuiu terras pelos camponeses e garantiu o controlo operário sobre as fábricas
Em Novembro de 1917 – decidiu cumprir a promessa de retirar a Rússia da guerra (um dos grandes
objectivos da Revolução). O preço, porém, foi o humilhante Tratado de Brest-Litovsk(i) (3 de Março de
1918):
- a Rússia cedeu o controle sobre a Finlândia, os Países Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia), a Polónia, a
Bielorrússia e a Ucrânia, que se tornaram satélites do Império Alemão;
- os Aliados, consideraram o tratado uma autêntica “traição” à causa da Tríplice, passando a França e
a Inglaterra a tornarem-se inimigas do novo regime marxista-bolchevista.
Nota: devido à derrota do Império Alemão, a Finlândia, os Países Bálticos e a Polónia tornaram-se Estados
independentes. A Bielorrússia e a Ucrânia entraram na Guerra Civil russa, passando a fazer parte da futura
URSS.

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A 21 de Março de 1918 – os alemães lançaram uma grande ofensiva na Frente Ocidental (Flandres e França).
Os resultados foram desastrosos para os Aliados que, ainda sem o auxílio dos americanos, só conseguiram
travar os exércitos alemães a 60 km de Paris. Ainda assim, o ataque alemão, embora pujante, não conseguira
dar a estocada final às tropas inimigas.
Em Agosto de 1918 – começou então o decisivo contra-ataque aliado, com a intervenção de tropas
americanas, canadianas e australianas. A desmoralização dos soldados alemães, que deixaram de acreditar
numa possível e tão propagandeada vitória, ia provocando rendições em massa. A desilusão espalhou-se
incontrolável ... juntamente com a falta de víveres e a epidemia de gripe.
No espaço de um ano – o decurso da guerra sofrera uma reviravolta: quando em finais de 1917, o equilíbrio
de forças parecia favorável à Alemanha e às potências centrais; quando a saída da Rússia parecia ter
enfraquecido ainda mais os exércitos Aliados; quando, finalmente, a frente italiana cedera às investidas
alemãs e austríacas em Outubro de 1917 e só, a custo, conseguiu travar os inimigos, com o auxílio de
franceses e britânicos; por meados de 1918 a situação invertera-se por completo:
- os EUA entraram na guerra, com soldados e armamento,
- a ofensiva alemã de março de 1918 não teve o resultado esperado,
- a desmoralização do exército alemão e a agitação interna no Império, agravaram ainda mais a
situação.

Do contra-ataque aliado – nasceu a Segunda Batalha do Marne que marcaria o princípio do fim da guerra. A
partir de Agosto os Aliados passam a deter o controlo definitivo, usando tácticas dos próprios alemães. Em
Setembro as tropas alemães eram arrasadas pelos aliados auxiliados pelos americanos.

Quais as causas da derrota alemã?


Segundo Adolf Hitler – os soldados alemães haviam sido atraiçoados por traidores ao próprio país.
A resposta gera, ainda hoje, controvérsia, mas sabe-se que:
- o exército alemão estava esgotado quando chegou ao auge o seu avanço, em 1918,
- com o apoio americano, australiano e canadiano a supremacia humana e material dos Aliados
tornou-se muito superior (a guerra de blindados intensificou-se e os contingentes eram
substituídos),
- que o desânimo e a contestação atingiram militares e civis por toda a Alemanha e a “máquina de
guerra” desagregou-se.

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O Alto Comando alemão - foi reconhecendo que a vitória escapara e para evitar um colapso (invasões da
Boémia e da Alemanha do sul), só era viável um armistício e uma paz negociada. Mais, do que isso, era
preciso evitar o caos interno (uma revolução).

A 11 de Novembro de 1918 - foi assinado o armistício, depois das negociações iniciadas entre uma
delegação alemã e o general inglês Ferdinand Foch, numa carruagem de comboio, em Compiègne.
Principais pontos acordados: evacuação alemã dos territórios ocupados a ocidente; renúncia do Tratado de
Brest-Litovsk; retirada das tropas alemãs do Leste e entrega de material militar. A ocupação aliada da
Alemanha começou a 1 de Dezembro.

O pós-guerra
A Grande Guerra alterou tudo, até o próprio nível de “aceitação” da violência. A guerra total motivou:
- a propaganda - semeando divergências e denegrindo os inimigos. O poder utilizou este instrumento
para alienar os povos, espalhar o ódio e alimentar o conflito;
- a subversão - recorrendo ao bloqueio, à rivalidade imperialista para minar o esforço de guerra do
inimigo. À revelia da luta armada negociavam-se colónias, faziam-se acordos ...
- o recurso a alvos civis - pela primeira vez na História, não obstante os discursos políticos e militares,
os civis tornaram-se alvos legítimos das hostilidades.
Tudo isto - acabou por desencadear os extremismos da II Guerra Mundial. Mais do que a paz, que não foi
duradoura, fez-se um interregno na guerra...
A Conferêcia de Paris

Após a assinatura do Armistício a 11 de Novembro de 1918 – a luta armada chegou ao fim (tréguas), mas
ainda faltava discutir a diplomacia e o estabelecimento da paz. Os Tratados que saíram da longa e difícil
Conferência de Paris é que, — segundo a lei internacional — estabeleceram o fim da guerra e desenharam as
suas consequências.

Itália – o grande objectivo era o de alcançar os territórios que haviam sido prometidos no Tratado de
Londres de 1915.

França – o seu objectivo era o de desmantelar o Império Alemão e garantir a segurança em relação a este
vizinho.

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Inglaterra – desejava a paz, mas sob condições que favorecessem a manutenção do seu Império como
primeira potência mundial. Procurou preservar a Alemanha como parceiro comercial e, sobretudo, como
contrapeso em relação à França.

EUA – procuraram contrariar as pretensões radicais da França, insistindo na criação de um novo sistema de
relações internacionais com base na Declaração de 8 de janeiro de 1918 — os Catorze Pontos.

No geral – Wilson apelou à paz baseada na autodeterminação nacional, no fim da diplomacia secreta, bem
como na fundação de um organismo que, pela via diplomática, resolvesse os conflitos internacionais: a
Sociedade das Nações.

Os tratados de Paz
As negociações foram penosas:
A Alemanha – tentou contestar, sem resultado, as indemnizações, as perdas territoriais... exigindo um
sistema internacional que lhe reconhecesse uma posição de pleno direito.
As transformações Territoriais

Os Tratados determinaram:
- a derrota dos grandes Impérios, os quais desaparecem ou são amplamente amputados.
A Alemanha e a Rússia sofrem perdas consideráveis:
- a primeira devolve à França os territórios da Alsácia e Lorena, bem como outros territórios à Bélgica,
Dinamarca e Polónia, perdendo todas as suas colónias africanas que são repartidas pela França,
Inglaterra, Japão e África do Sul;
- a segunda perde todas as conquistas dos últimos séculos: os estados do Báltico tornam-se
independentes, bem como a Finlândia e a Polónia.

O Império Austro-Hungaro dá lugar às nacionalidades: a Áustria fica restringida a pouco mais de 85.000 km2
e totalmente proibida de se juntar à Alemanha. Surgem novos países, entre eles a Roménia que se torna um
dos grandes beneficiários da paz. Surge ainda a grande Sérvia, levando ao nascimento do reino da
Jugoslávia;
O fim do Império Otomano, reduz-se, doravante, ao planalto da Anatólia, entrada do Mar Negro. De resto,
proliferaram novos estados: Iraque, Síria, Líbano, entre outros, ainda que sob protetorado da França e da
Inglaterra (território da Palestina).

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As alterações territoriais

Por um lado – as negociações de paz e o novo mapa europeu resultaram no triunfo das nacionalidades, com
a multiplicação de estados, há muito desejados. Assistiu-se a um claro recuo do germanismo e a uma
afirmação de novos blocos étnicos como o dos eslavos.
Por outro lado – apesar do nascimento de Estados-Nação e dos progressos que se verificaram a nível
geopolítico, o respeito pelos povos e pelo direito à autodeterminação não ficou totalmente assegurado, já
que permaneceu o problema das minorias. A maior dificuldade resultava da mistura de grupos ou etnias com
língua, religião e cultura diferentes.

As transformações Políticas

Vitória dos Aliados = vitória das Democracias


Os antigos Impérios e os regimes autocráticos são derrubados, e o modelo americano triunfa.
As assembleias adoptam Constituições democráticas. O sistema eleitoral torna-se mais abrangente em
muitos países (Inglaterra, França, Itália), enquanto na Alemanha se estende o direito de voto às mulheres.

O papel do Estado modifica-se – se antes ao Estado cabia a ordem, a defesa, a justiça, as relações externas,
doravante o Estado alarga a sua intervenção à economia e à sociedade – NEO-LIBERALISMO. Determina
políticas económicas, regulação salarial, regras laborais, diálogo entre organizações. Há um claro reforço do
papel do estado e do poder executivo.
A democracia estende-se às relações internacionais – é o fim da diplomacia secreta. A SDN representa a
universalização do regime parlamentar e o triunfo do direito sobre a força (pelo menos, aparentemente).

A SDN
10 de Janeiro de 1920 - é ratificada a Liga ou Sociedade das Nações, com base no seu Pacto, tinha por
objetivo imediato assegurar a paz e supervisionar a repartição das colónias alemães.
Ficou sediada em Genebra, e era liderada por 5 membros permanentes e 6 rotativos (por mandatos de 3
anos). Curiosamente:
- os EUA não a integraram, porque o congresso americano não ratificou o Tratado,
- a Alemanha apenas em 1926 foi aceite na organização e não seria por muito tempo.
Apesar da sua importância – estava condenada ao fracasso em boa parte pelas dificuldades em torno do
problema do desarmamento.

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Em suma:
Existiam demasiadas feridas em aberto – pela extensão, duração, características e ainda pelo modo como
decorreram as negociações de paz, a I Guerra Mundial produziu efeitos e mudanças irreversíveis:
- as subversões estenderam-se à economia, à sociedade, aos costumes, ideias e mentalidades,
- a profundidade das subversões dependeu:
- da intensidade da participação e do esforço de guerra,
O povo judeu – continuou a ver adiada a fundação da sua pátria, na terra prometida...

Consequências demográficas
- As perdas humanas foram elevadíssimas, com impacte diferente consoante a densidade demográfica
de cada país (a população francesa era menor que a alemã),
- Aos mortos, temos de juntar os milhões de mutilados e estropiados que viram as suas vidas
profundamente afectadas,
- A pirâmide etária ficou decepada: os mobilizados eram a maioria da população activa, entre os 20 e
os 40 anos: tal como a economia, a demografia é afectada pela difícil recuperação da natalidade,
- Multiplicaram-se as famílias desestruturadas: “viúvas de guerra”, “pupilos da nação”.
Fala-se: da geração oca...devido à sensação de envelhecimento da Europa.

As consequências Económicas

- Destruição de cidades, de infra-estruturas e de campos de cultivo: perdem-se bens e incalculáveis


riquezas,
- A economia centrada na guerra obriga a uma complexa reconversão. Entretanto, investiram-se
milhões em despesas improdutivas, agravando o deficit orçamental de muitos países,
- As dificuldades orçamentais obrigaram os países à contracção de empréstimos avultados -
instabilidade política e dependência externa: os EUA tornam-se credores de uma grande parte da
Europa,
- Endividamento, inflação e encargos estatais com as numerosíssimas vítimas de guerra obrigam a
esforços redobrados (surgem mesmo Ministérios das Pensões, etc.),
- As reparações de guerra imputadas à Alemanha - e não cumpridas - deixarão em dificuldades a
tesouraria dos vencedores.

As subversões sociais

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- Surgimento de um tipo social novo: o ex-combatente – psicologicamente afectados, unidos entre si,
formam grupos de pressão
- Agravamento das assimetrias sociais: grupos beneficiados enriqueceram (fabricantes de guerra,
negociantes); grupos prejudicados empobreceram (rendeiros, desempregados, bancários,
arruinados),
- Ressurgimento de fluxos emigratórios (Ex.: forte emigração russa para Ocidente),
- Crise na habitação,
- Alteração das estruturas tradicionais: extensão do trabalho feminino,

Consequências mentais e culturais

- As mais duradouras: derrube dos valores e crenças vindas do século XIX - o optimismo e a confiança
no homem, no progresso e no futuro são fortemente abalados,
- Por outro lado, as tensões e horrores vividos e os sacrifícios impostos geram sentimentos de
desforra, de compensação e euforia → Loucos Anos 20,
- Paradoxos: euforia versus desmoralização; fervor religioso e espiritual versus ateísmo e afastamento
das Igrejas; patriotismos e nacionalismos exacerbados (regimes autoritários) versus pacifismo e anti-
militarismo (literatura e artes),
- Afirmação de novas correntes: Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo... apesar da perda de muitos
escritores e artistas.
Em suma:

O período entre 1919-1929 é de aparente recuperação e paz, marcadas por grandes contradições:
- lenta recuperação económica;
- EUA tornam-se credores da Europa e tentam evitar maiores conflitos:
Outubro de 1925 – é assinado o Pacto de Locarno – que preconizava a substituição da força pelo diálogo
entre as nações, privilegiando as soluções contratuais, como um contributo para a paz (até a Alemanha
aceitou);
Em 1928 – é celebrado o Pacto Briand-Kellog, – cujo teor era anti-militarista, contra o recurso à violência e a
favor do desarmamento. Era um pacto de não - agressão que parecia anunciar a paz por muito tempo ...
Mas ...
A Alemanha – a 9 de Novembro de 1918 – tinha sido proclamada a República de Weimar (devido à
instabilidade e recessão de Berlim). Este novo regime vai enfrentar gravíssimos problemas:
- pagamento de pesadas indemnizações de guerra;

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- aguda crise económica (esforço de guerra, perda de territórios, pauperismo, inflação). Em 1923 a
moeda alemã valia menos do que lenha ....
- agitação social: greves, manifestações, descontentamento ...
Apesar de lenta recuperação económica, resultante de um enorme esforço interno, a crise de 1929 viria a
mergulhar a Alemanha numa nova depressão económica.
Afinal: por toda a Europa avultavam novas e grandes dificuldades:
- Crise das democracias parlamentares;
- Expansão do comunismo (formação da URSS);
- Crise económica de 1929.

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