Capítulo II - Wimax - Visão Geral

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Capítulo 2 | WiMAX – Visão Geral

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WIMAX – VISÃO GERAL

2.1 Introdução
A tecnologia Wi-Fi possibilita débitos relativamente elevados mas tem uma
abrangência limitada, estando vocacionada para a cobertura de zonas de pequena extensão
como, por exemplo, uma parte de um edifício e/ou zonas externas a ele adjacentes. Por outro
lado, as tecnologias GSM e UMTS – usadas em redes de operadoras móveis de 2ª e 3ª geração,
respectivamente – têm grande abrangência geográfica mas suportam débitos relativamente
modestos. Por sua vez, as tecnologias xDSL e cable modem suportam-se em infraestruturas
cabladas, não permitindo qualquer tipo de mobilidade.
De forma a responder à necessidade de uma tecnologia de rede de acesso suportando
altos débitos, em ambientes sem fios e abrangendo áreas consideravelmente largas, foi
desenvolvida a tecnologia WiMax.
WiMAX do inglês (Worldwide Interoperability for Microwave Access) é um acrônimo
para “Interoperabilidade Mundial por Acesso de Micro-ondas”, ou seja, um padrão de banda
larga para rede MAN (Metropolitan Area Network) definido pelo IEEE, que consiste numa
marca de certificação para produtos que estejam em conformidade e interoperabilidade com os
padrões IEEE 802.16.

Figura 2.1 – Logotipos do WiMax[28]

WiMax é uma tecnologia de banda larga sem fio que, de acordo com as necessidades de
cada aplicação, pode suportar acessos dos tipos: fixos, nomádicos, portáteis e móveis.
O WiMax é um padrão aberto de conexão sem fio, certificado pelo IEEE. Logo não é
uma tecnologia proprietária, não há donos. As diretrizes e discussões ficam à cargo do WiMax
Fórum, uma organização sem fins lucrativos formada por dezenas de empresas, tais como Intel,
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Airspan Networks, Alvarion, AT&T, Aperto Networks, British Telecom, Fujitsu, KT Corp,
Samgung, Sprint Nextel, Wi-LAN e ZTE Corporation[28].

Figura 2.2 – Sistema WiMax e aplicações | Adaptado de [6]

O WiMax é uma iniciativa de um consórcio, o WiMax Fórum, criado em junho de


2001, sob iniciativa da Intel e da Alvarion, para permitir a convergência e a interoperabilidade
de dois padrões de rede antes independentes: HiperMAN, proposto na Europa pelo ETSI
(European Telecommunication Standards Institute) e o 802.16 do IEEE (Institute of Electrical
and Electronics Engineers), dos Estados Unidos de América.
Hoje, o WiMax Fórum reúne mais de 522 membros entre fornecedores e operadores de
telecomunicações, como: Cisco Systems, Alcatel-Lucent, Motorola, Siemens Mobile, Gen-
WAN Tecnology, Wi-LAN, France Telecom, Nokia entre outros, empresas essas que,
reunidas, trabalham no desenvolvimento, estabelecimento e implantação do padrão e que
objectiva promover globalmente a tecnologia por intermédio de grupos de trabalho (marketing,
rede, certificação, roaming, aplicação etc.), bem como garantir a interoperabilidade dos
equipamentos.
A proposta de valor do WiMax baseia-se nos principais itens apresentados a seguir:
 Arquitectura flexível:
Ponto-multiponto e ponto a ponto entre estação e CPE.
 Service level agreement (SLA):
Conforme os acordos de SLA entre o provedor de serviço e cada usuário final,
os QoSs (quality of service) são gerenciados e fornecidos na rede.
 DSL-like sem fio:
A versão 802.16-2004 suporta banda larga fixa equivalente às tecnologias cabeadas
como o DSL (digital subscriber line), com o adicional da nomadicidade.
 Banda larga pessoal:
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A versão 802.16e suporta banda larga pessoal, portátil e móvel, com múltiplas
aplicações de voz sobre IP, dados e vídeo.
 Mobilidade:
Com a versão 802.16e, a tecnologia suporta handoffs entre células para usuários
deslocando-se a velocidades de até 160 km/h.
 Interoperabilidade:
O WiMax é baseado em padrões IEEE e certificado quanto à interoperação por
laboratórios seleccionados pelo WiMax Forum, o que garante que um provedor
de serviço possa escolher equipamentos de diferentes fabricantes para sua rede,
e que usuários finais possam utilizar CPEs em diferentes redes.
 Área de cobertura:
O WiMax tem cobertura MAN e com os níveis inferiores de modulação (BPSK
ou QPSK) atinge áreas de cobertura de dezenas de quilómetros.
 Operação sem linha de visada (NLOS):
O WiMax é baseado na tecnologia OFDM, que, inerentemente, permite
operação em condição NLOS.
 Grande capacidade:
Operando nas modulações superiores 16-QAM ou 64-QAM (para larguras de
canal de 3,5 e 7 MHz), o WiMax provê velocidades de acesso em torno de 20
Mbps e 35 Mbps por portadora, respectivamente.
 Segurança:
AES (advanced encryption standard) e 3DES (triple data encryption standard)
na interface aérea entre estação e CPE. Suporte a VLAN (virtual local area
network) para proteger os dados de diferentes usuários.
 QoS:
Suporte às classes de serviços UGS, rtPS, nrtPS e BE e optimização dinâmica
conforme o mix de tráfego na interface aérea.
 Baixo custo:
O WiMax é um padrão aberto e mundial e, à medida que houver escala de
produção, existe a possibilidade de que os preços médios associados aos
equipamentos se tornem inferiores aos de outras tecnologias celulares e/ou
proprietárias.
 Multimodulação:

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Aperfeiçoa o compromisso entre velocidade de dados e robustez do enlace para


cada usuário e em cada canal (downlink e uplink).
 Rapidez de implantação:
Quando comparada à implementação de infra-estruturas cabeadas, o WiMax
oferece rapidez e simplicidade.

2.2 Padrões do WiMax


Foram definidas duas versões da tecnologia a fim de aperfeiçoar o atendimento a
requisitos técnicos e de mercado dos serviços fixos e móveis:
O padrão IEEE 802.16-2004 ilustrado na figura 2.3 (anteriormente conhecido como
Revisão D ou 802.16d) foi aprovado em Julho de 2004, substitui as versões anteriores (802.16-
2001, 802.16c e 802.16a) e especifica as camadas physical (PHY) e media access control
(MAC) de sistemas destinados a aplicações fixas e nomádicas, em condições LOS (line of
sight) e NLOS (non-line of sight) e frequências de 2 à 11 GHz. Duas técnicas de multiplexação
multiportadoras são suportadas: OFDM (orthogonal frequency division multiplexing) com 256
portadoras e OFDMA (orthogonal frequency division multiple access) com 2048 portadoras.
Desenvolvido para competir com as redes DSL e HFC, entretanto, ele também pode ser
utilizado para complementar as tecnologias via cabo, uma vez que viabiliza o acesso a banda
larga em áreas onde estas tecnologias são inviáveis, como áreas rurais, devido à dificuldades de
cabeamento ou ao custo elevado.

Figura 2.3 – Exemplo de aplicação do padrão fixo 802.16d[1]

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WiMax 802. 16d fornece:


 Acesso de última milha para residências para serviço básico de telefonia, na
ausência de uma infra-estrutura de telefonia fixa, como em áreas rurais de países
em desenvolvimento;
 Serviço de Internet sem fio;
 Interconexão de sites celulares, Backhaul; e
 Backhauls temporário para actividades desportivas e feiras.

Em Dezembro de 2002, foi criado o grupo de trabalho 802.16e visando aperfeiçoar o


suporte a serviços móveis em frequências abaixo de 6 GHz. O padrão 802.16e foi finalizado e
aprovado em Dezembro de 2005. O padrão IEEE 802.16e complementa os serviços do WiMax
fixo, suportando aplicações portáteis e móveis, condições de propagação LOS e NLOS,
frequências de 2 a 6 GHz e modulação SOFDMA (scalable orthogonal frequency division
multiple access).
Desenvolvido para suportar acessos portáteis e móveis, permitindo ao usuário
mobilidade total, uma vez que permite handoff entre as estações durante sessões ativas
suportando velocidades de até 160 km/h, porem com taxas de transferências de dados
reduzidas. A figura 2.4 ilustra a utização do WiMax móvel.

Figura 2.4 – Exemplo de aplicação do padrão móvel 802.16e[1]

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WiMax 802. 16e fornece:


 Telefonia mômades e móveis usando VoIP; e
 Serviços multimédia nômades e móveis baseados no protocolo de Internet (IP).
A tabela 2.1 abaixo apresenta um sumário das características de uso de WiMax nas versões fixa
e móvel, na tabela 2.2 é apresentada uma breve comparação entre os padrões fixo e móvel, já
na tabela 2.3 é apresentado um sumário de evolução das normas mais relevantes para WiMax.

Tabela 2.1 – WiMax, padrões fixo e móvel


802. 16 802. 16d/HiperMAN 802. 16e
Concluído Dezembro 2011 Junho 2004 (802.16d) 2005
Espectro 10 – 66 GHz ‹ 11 GHz ‹ 6 GHz
Condições Linha de visão Sem linha de visão Sem linha de visão
do canal
Taxa de bits 32–134 Mbps em 28 Até 75 Mbps em 20 MHz Até 15 Mbps em 5 MHz
MHz de largura do de largura do canal de largura do canal
canal
Modulação QPSK, 16 QAM OFDM 256 FFT, QPSK, 16 Scalable OFDMA
e 64 QAM QAM, 64 QAM 128–2,048 FFT/BPSK,
QPSK, 16 QAM, 64 QAM
Mobilidade Fixo Fixo Momádico/Móvel
Larguras de 20, 25 e 28 MHz 1.75 – 20 MHz 1.75 – 20 MHz
canal

Tabela 2.2 – WiMax fixo e móvel, breve comparação


Padrão Acesso Dispositivos Pontos de Velocidade Técnica de
Acesso Modulação
CPEs outdoor OFDM
802.16-2004 Fixo e Único Estacionária e
Indoor OFDMA
CPEs indoor OFDM
802.16-2004 Nômade e Múltiplos Estacionária e
modem USB OFDMA
Laptops
802.16e Portátil e Múltiplos Baixa SOFDMA
modem USB
Laptops, modem
802.16e Móvel USB, PDAs Múltiplos Alta SOFDMA
e smartphones

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Tabela 2.3 - IEEE 802.16 Evolução de normas relevantes para WiMax

Normas / Alteração Observações


802.16 Agora retirada. Este é o padrão 802.16 básico que foi lançado em 2001. É prevista
ligações básicas de dados em altas frequências, entre 11 e 60 GHz.
802.16a Agora retirada. Esta alteração abordava certas questões do espectro e permitiu o padrão
trabalhar usando frequências abaixo do mínimo de 11 GHz do padrão original.
802.16b Agora retirada. Aumentou o espectro que foi especificado de modo a incluir
frequências entre 5 e 6 GHz e ao mesmo tempo que preveem a qualidade de serviço.
802.16c Agora retirada. Esta alteração ao 802,16, desde um perfil do sistema para operar entre
10 e 66 GHz e fornecido mais detalhes para operações dentro desta faixa. O objetivo
era permitir maiores níveis de interoperabilidade.
802.16d Esta alteração foi também conhecida como 802.16-2004 em vista do fato de que ele foi
(802.16–2004) lançado em 2004. Foi uma grande revisão do padrão 802.16 e logo após o seu
lançamento, todos os documentos anteriores foram retirados. O padrão / alteração
previa uma série de correções e melhorias para 802.16a, incluindo o uso de 256
transportadora OFDM. Perfis para testes de conformidade também são fornecidos, e foi
alinhada com a norma ETSI HiperMAN para permitir a implantação global. A norma
só abordou a operação fixa.
802.16e Este padrão, também conhecido como 802,16-2005 em vista da sua data de
(802.16–2005) lançamento, fornecidos para uso nômades e móveis. Com taxas mais baixas de dados
de 15 Mbps, contra 70 Mbps em 802.16d, permitiu uso nómada e móvel completa,
incluindo entrega.
802.16f Base de informação de gestão.
802.16g Procedimentos de gestão de planos e serviços.
802.16h Melhorar os mecanismos de convivência para isentos de licença de operação.
802.16j Topologia Multi-Hop Relay e suas especificações.
802.16k 802,16 ponte
802.16Rev2 Emenda em desenvolvimento: visa consolidar 802.16-2004, 802.16e, 802.16f/g/i num
novo documento.
802.16m Interface aérea avançada. Esta alteração está olhando para o futuro e prevê-se que irá
fornecer taxas de dados de 100 Mbps para aplicações móveis e 1 Gbps para aplicações
fixas. Ele permitirá que a cobertura celular, macro e micro, como atualmente não há
restrições na largura de banda RF, embora espera-se ser de 20 MHz ou mais.
802.20 Acesso sem fio de banda larga móvel, semelhante ao 802.16e. Ambos 802.16e e
802.20 para abordar a nova interface aérea móvel, no entanto, 802.16e é baseado em
padrões existentes 802.16 enquanto 802.20 é um padrão independente que está sendo
desenvolvido do zero. Uma diferença adicional é 802.16e específica mobilidade na
faixa de 2-6 GHz, enquanto 802.20 operação alvos em bandas licenciadas abaixo de
3,5 GHz.

2.3 Características do WiMax


As principais características da tecnologia WiMax são:
 Largura de banda até 70Mbps num canal de 20MHz;
 Canal variável de 1.25MHz até 20MHz;
 Suporte para ambientes LOS e NLOS;
 Raio de 8 Km NLOS, raio de 16 Km LOS, alcance de 50 Km em Point-to-point
LOS para acesso fixo;
 Full-Duplex ou Half-Duplex com TDD e FDD;
 Funcionamento em espectro licenciado ou livre;
 Portadora em múltiplas frequências com OFDM e OFDMA (2-11GHz);

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 Tecnologia de camada 1 e 2 apenas a camada PHY e MAC são especificadas na


norma. Compatível com protocolos de comunicação de camada 3 (IPv4, IPv6,
ATM…);
 Soft Handoff não especificado na norma, opcional de cada fabricante;
 Mobilidade, com a versão 802.16e, a tecnologia suporta handoffs entre células
para usuários deslocando-se a velocidades de até 160 km/h.
 Roaming pode ser implementado mas é uma capacidade de nível superior que
vai para lá do âmbito do programa de certificação do WiMax Forum que se
preocupa com as camadas PHY e MAC;
 Diferentes níveis de QoS;
 Modulação adaptativa (BPSK, QPSK, 16QAM e 64QAM);
 Topologia Point-to-point, Point-to-multipoint e opcionalmente Logical mesh
networks;
 Novos e avançados algoritmos de segurança;
 Suporte para a utilização de Adaptative Antena Systems (Antenas Inteligentes) e
MIMO (Multiple Input Multiple Output).

2.4 Faixas de frequências utilizadas pelo WiMax


O padrão 802.16 original publicado em Abril de 2002, determinou a utilização das
faixas de frequências entre 10 e 66 GHz para aplicações ponto a ponto em condições de visada
direta (LOS), porem em 2003 foi aprovada a versão 802.16, que prevê a utilização de faixas de
frequências entre 2 e 11 GHz e aplicações ponto-multiponto. Nestas faixas de frequências, as
ERBs e móveis podem operar em condições de ausência de visada direta (NLOS) entre eles,
tornando a transmissão mais viável em ambientes urbanos. Outra vantagem apresentada é que
os padrões 802.16-2004 e 802.16e foram mundialmente regulamentadas para operarem em
faixas de frequências entre 2 e 11 GHz.
A utilização das faixas de frequências para o WiMax em diferentes países e áreas
geográficas é apresentada na tabela 2.4 (atribuição do espetro de WiMax em todo o mundo).
Mesmo que suporta frequências na faixa de 2-11 GHz, o foco para implantação numa
perspetiva global está em frequências de 2.5 GHz, 3.5 GHz e 5.8 GHz.
A faixa de frequências de 2.5 GHz, também conhecida como banda BRS (broadband
radio services), tem sido alocada para serviços WiMax nos Estados Unidos, Canadá, México,
Brasil e em alguns países no sul da Ásia. Ela permite serviços fixos e móveis, operações FDD

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(frequency division duplex) e TDD (time division duplex) e, quando comparada às outras faixas
de frequências, apresenta maior alcance.

Tabela 2.4 – Atribuição do espectro WiMax em todo mundo


Faixas de
Região Frequências (GHz) Observações
Canada 2.3
2.5
3.5
5.8
Estados Unidos 2.3
2.5
5.8
América Central e do Sul 2.5 Espectro fragmentado e varia de país para país
3.5
5.8
Europa 2.5 Espectro fragmentado e varia de país para país
3.5
5.8
Oriente Médio e África 3.5, 5.8 Espetro fragmentado
Rússia 2.5, 3.5, 5.8
Ásia-Pacífico (Incluindo a China, 2.3 Espectro fragmentado e varia de país para país
Índia, Austrália 2.5
e assim por diante) 3.3
3.5
5.8

A faixa de frequências de 3.5 GHz foi a primeira a ser implementada para serviços de
banda larga sem fio na maioria dos países do mundo. É utilizada apenas para acesso fixo e
nômades. Em alguns países ela permite apenas operações FDD, porem noutros são permitidas
ambas operações FDD e TDD.
A faixa de frequências não-licenciada de 5.8 GHz se tornou atrativa pois, pode ser
usada livremente. É vista como uma opção para implantação de serviços de WiMax em áreas
rurais e de baixa densidade populacional, porém em acesso fixo, uma vez que a alta frequência
juntamente com baixa potência de transmissão permitida dificilmente permitirá que a faixa de
frequências de 5.8 GHz seja utilizada para fornecer acesso móvel.

2.5 Princípio de funcionamento


Em tese, o WiMax funciona como o WiFi, mas, em velocidades mais altas, distâncias
maiores e para um número maior de usuários. Tal característica pode solucionar o problema de
áreas remotas não apresentarem acesso à internet. O sistema WiMax é composto por uma torre,
similar à de telefonia, e por um receptor (uma pequena caixa ou um cartão de armazenamento
removível) ou ainda integrado aos laptops, como acontece com o WiFi. A conexão entre a torre
WiMax à internet pode ocorrer de duas maneiras: usando uma ligação com fio de alta largura
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de banda ou então através de um link de micro-ondas em linha de visão. Esta última


alternativa, também chamada de “backhaul” alia-se à capacidade de uma torre cobrir até 8 km²,
permitindo o acesso em áreas remotas e rurais como se poder ver a ilustração abaixo na figura
2.5.

Figura 2.5 – Visão de funcionamento da tecnologia WiMax[12]

Assim sendo, o WiMax pode fornecer dois tipos de serviços sem fio:
 Serviço sem linha de visão (NLOS), no qual uma pequena antena no seu
computador se conecta à torre;
 Serviço de linha de visão (LOS), no qual uma antena fixa aponta para a torre
WiMax. Este tipo de conexão é mais forte e mais estável que o anterior, estando
menos sujeito a erros.
O acesso por WiMax apresentará uma cobertura de cerca de 50 km², infinitamente
superior a outras tecnologias de mesma função. Através das antenas de linha de visão, a
estação transmissora de WiMax envia dados a computadores habilitados para o WiMax ou para
roteadores configurados dentro do raio de 50 km em volta do transmissor. É isto que permite
que o WiMax atinja seu alcance máximo.

2.5.1 Propagação:
O WiMax é capaz de trabalhar em diferentes faixas de frequência, mas de acordo com o
padrão IEEE 802.16, a faixa de frequência é de 10 GHz - 66 GHz. A arquitetura típica do
WiMax inclui uma estação de base construída em cima de um prédio e se comunica em ponto a
ponto ou ponto-multiponto, com as estações de assinantes que podem ser uma organização de
negócios ou uma casa. A estação de base está ligada através de CPEs com o cliente. Esta
ligação poderia ser em LOS (Line of Sight) ou NLOS (Non-Line of Sight).
Line of Sight (LOS)
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Em conexão LOS figura 2.6, o sinal viaja em linha reta, que é livre de obstáculos, uma
ligação directa entre um emissor e um receptor. LOS requer mais de sua zona de Fresnel, livre
de obstáculos, mas se o caminho do sinal é bloqueado por qualquer meio, a intensidade do
sinal diminui significativamente resultando uma conectividade pobre. Deve haver uma ligação
direta entre uma estação base WiMax e o receptor em ambiente LOS.

Figura 2.6 – WiMax propagação LOS[11]

As características de propagação LOS são:


 Usa maior frequência entre 10 GHz e 66 GHz
 Grandes áreas de cobertura;
 Maior rendimento;
 Menos interferência;
 A única ameaça vem da atmosfera e as características da frequência;
 LOS requer a maior parte da zona de Fresnel primeiro deve ser livre de
obstáculos.
Non-Line of Sight (NLOS)
Em conexão NLOS, sinal experimenta obstáculos no seu caminho e chega ao receptor
através de várias reflexões, refrações, difrações, absorções, dispersão etc. Estes sinais chegam
ao receptor em tempos diferentes, atenuações e forças que o tornam difícil de detectar o sinal
real. WiMax tem uma boa performance em condição NLOS assente na técnica de modulação
OFDM que pode lidar perfeitamente com os atrasos causados em NLOS, por outro lado, o
WiMax oferece outros benefícios, que funciona bem em condições NLOS:

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Figura 2.7 – WiMax propagação NLOS[11]

 Desvanecimentos selectivos de frequência podem ser ultrapassados pela


aplicação de equalização adaptativa;
 Modulação e Codificação Adaptativa (AMC), AAS e técnicas MIMO ajuda o
WiMax a funcionar de forma eficiente em condições NLOS;
 A Subcanalização permite transmissão adequada de potência em subcanais;
 Com base na taxa de dados necessária e condição do canal, AMC proporciona a
modulação precisa e código dinamicamente;
 AAS dirige WiMax BS a uma estação de assinante;
 A técnica MIMO ajuda a melhorar a força do sinal e taxa de transferência em
ambas as estações.
Na condição NLOS, a velocidade é elevada, mas a área de cobertura seria menor do que
a condição de LOS.

2.5.2 Duplexação:
Define-se duplexação como um sistema composto por duas partes, em que ambas as
partes podem comunicar uma com a outra. Um sistema duplex pode ser half-duplex (cada parte
do sistema comunica de cada vez, i.e., um envia informação e a outra parte tem de esperar que
a informação seja recebida antes de começar a enviar) ou full-duplex (ambas as partes do
sistema podem enviar e receber informação em simultâneo).
O WiMax suporta dois tipos de duplexação:

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 TDD (Time Division Duplexing); e


 FDD (Frequency Division Duplexing)

Figura 2.8 - Tráfego de Uplink e Downlink[1]

O padrão FDD (Frequency Division Duplexing) utiliza duas bandas separadas de


frequência, possibilitando o TM (Terminal Móvel) transmitir numa frequência (Link Direto -
Donwlink) e receber em outra (Link Reverso - Uplink). Para que seja possível utilizar duas
bandas separadas de frequência são necessários dois canais, sendo que estes precisam estar
separados por uma frequência de 50 a 100 MHz na tecnologia WiMax. Na figura 2.9 é possível
visualizar as duas faixas de frequência separadamente.
No TDD (Time Division Duplex), é utilizada a mesma faixa de frequência para a
transmissão e recepção em tempos distintos, ou seja, separa fatias de tempo para as tarefas de
transmissão e de recepção. Tem como principal característica à possibilidade de alocar
dinamicamente largura de banda entre o link reverso (Uplink) e o link direto (Donwlink). Na
figura 2.10 é possível notar a utilização de uma mesma faixa de frequência. Na tabela 2.5 são
comparados os dois tipos de duplexação TDD e FDD.

Figura 2.9 - Faixa de frequência FDD[1]

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Figura 2.10 - Faixa de frequência TDD[1]

Tabela 2.5 - Comparação entre TDD e FDD.

TDD FDD

Uma técnica de duplexação utilizada em Uma técnica de duplexação utilizada em


soluções isentas de licença que utiliza um soluções licenciadas que utilizam um par
Descrição
único canal tanto para uplink quanto para de canais no espectro, um para uplink e
downlink. outro para downlink.

- Maior flexibilidade, pois não é necessário - Tecnologia comprovada para voz;


um par de espectros; - Projetado para tráfego simétrico;
Vantagens - Maior facilidade de equiparação com - Não requer tempo de guarda.
tecnologias de antenas inteligentes;
- Assimétrico.

Não pode transmitir e receber ao mesmo - Não pode ser implementado onde o
tempo. espectro não for par;
Desvantagens - O espectro é geralmente licenciado;
- Custos mais elevados associados à
compra de espectro.

- Aplicações de dados que apresentam - Ambientes com padrões de tráfego


picos e são assimétricas; previsíveis;
- Ambientes com padrões variados de - Onde os custos do equipamento forem
Utilização
tráfego; mais importantes do que a eficiência de
- Onde a eficiência de RF for mais RF.
importante que o custo.

2.5.3 Modulação Adaptativa:


Além do esquema de modulação OFDM, o WiMax adota um esquema de modulação
adaptativa, conforme a Figura 2.11, que mostra a faixa de atuação dos três esquemas,
dependendo da intensidade do sinal e a relação sinal-ruído (SNR). Quando o SNR estiver com
uma qualidade alta, o esquema de modulação com valor mais alto – 64 QAM (Quadrature
Amplitude Modulation) é utilizado, dando uma maior capacidade ao sistema. Já se o sinal for
de baixa qualidade (por exemplo, a estação cliente encontra-se longe da estação base), o
sistema WiMax pode trocar o esquema de modulação para um nível mais baixo 16 QAM ou
QPSK (Quadrature Phase Shift Keying), que reduz a taxa de transferência de dados, mas
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aumenta o alcance efetivo, desta maneira, são mantidas a qualidade e a estabilidade da


conexão.

Figura 2.11 – Exemplo de modulação adaptativa no WiMax[4]

2.6 Antenas

Em WiMax pode-se dividir as antenas em três categorias:

 Painel
São utilizadas para transmissões point-to-point, ou seja, apenas da antena para um só
utilizador.
 Omnidireccional
Omnidireccional quer dizer que transmitem com a mesma intensidade de radiação no
plano azimutal, o que limita o alcance do sinal. A sua utilização é recomendável quando
existem muitos utilizadores numa área próxima da estação base.
 Sectorizadas
Transmitem apenas para uma determinada área, fornecendo portanto um maior alcance
com a mesma potência e minimizando a interferência. É comum utilizarem-se várias
antenas sectorizadas para cobrir áreas de 360º em vez de uma só antena
omnidireccional devido ao maior alcance e potência do sinal obtidos.

2.6.1 Diversidade e multiplexagem espacial


Com apenas duas antenas transmissoras suficientemente espaçadas já se consegue
diminuir a probabilidade de ocorrência de desvanecimentos severos. E isto sem largura de
banda ou potência adicional. Quando o número de antenas é baixo, as vantagens superam os
custos de implementação.
A recuperação do sinal envolve a combinação dos sinais recebidos e pode ser feita
segundo vários algoritmos, desde o simples selecionar do melhor dos sinais até à sua

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combinação. A diversidade traduz-se num ganho do sinal recebido, que depende do número de
antenas, tipo de combinação usada e qualidade do canal. A técnica mais utilizada para aplicar
várias antenas transmissoras é a utilização do STBC (space time block coding) com códigos de
Alamuti para poder distinguir as antenas
A diversidade espacial pode ser criada sem sacrificar largura de banda (que as
diversidades no tempo ou na frequência exigem) e oferece melhorias impressionantes na
fiabilidade. Estes ganhos de diversidade conseguem-se com várias antenas receptoras (SIMO),
várias antenas transmissoras (MISO) ou uma combinação de ambos (MIMO).
Para além de garantir diversidade espacial, os arrays de antenas podem focar a energia
(beamforming) ou criar vários canais paralelos para transportar streams de informação
individuais (multiplexagem espacial). Quando se usam várias antenas no receptor e emissor, as
abordagens são apelidadas de MIMO (Multiple Input / Multiple Output) e são usadas para:

 Aumentar a fiabilidade do sistema (decrescer BER);


 Aumentar a máxima taxa de bit e consequentemente a capacidade;
 Aumentar a área coberta;
 Diminuir a potência transmitida;

No entanto, estes quatro pontos são antagónicos: por exemplo, um aumento no ritmo de
bits implica um aumento da BER ou da potência transmitida. A escolha do tipo e quantidade de
antenas reflete a importância que o projectista atribuiu a cada um destes aspectos, bem como
considerações de custos e espaço. Os primeiros produtos WiMax deverão ser conservadores no
número de antenas empregues, quer na estação base quer na estação assinante e optarão por
diversidade em detrimento de ritmos de bit agressivos (multiplexagem espacial). Mas prevê-se
que no médio a longo prazo os sistemas WiMax necessitem recorrer a técnicas de antenas
múltiplas para concretizarem a sua visão de Internet móvel de banda larga.

Figura 2.12 – MIMO[1]

Estudo e Avaliação de Desempenho da Tecnologia WiMAX 19


Capítulo 2 | WiMAX – Visão Geral

A multiplexagem espacial consiste em repartir o sinal de entrada (elevado débito) por


outros sinais independentes e de débito mais baixo. Na figura 2.13 representa-se um sistema de
multiplexagem espacial. Os bits à entrada (elevado débito) são desmultiplexados por um S/P e
ficam com um ritmo de bit mais baixo. Depois esses sinais atravessam o canal e são recebidos
por antenas. Essas antenas estão ligadas a uma unidade DSP que efectua o processamento dos
sinais, conseguindo diferenciar os sinais de cada antena transmissora.

Figura 2.13 – Sistema de multiplexagem MIMO[1]

Trata-se do tipo de MIMO mais interessante para se alcançar ritmos de bit elevados.
Assumindo que esses sinais são descodificados correctamente, a eficiência espectral é deste
modo aumentada num factor mínimo.
Trata-se de um resultado muito interessante: implica que a adição de antenas aumenta a
viabilidade de ritmos elevados para acesso à Internet de banda larga. Mas por outro lado, os
ganhos do MIMO não podem aumentar indefinidamente. Algumas das causas são as seguintes:

 Codificação extra – a existência de múltiplas antenas transmissoras obriga a


codificação extra, o que por sua vez leva a redução da eficiência da transmissão.
 Interferência entre antenas transmissoras
 Erros na estimação do canal

No caso óptimo da multiplexagem espacial, a capacidade (ou ritmo de bit máximo),


cresce proporcionalmente ao factor mínimo quando o SNR é alto. Em caso de SNR baixo, a
melhor estratégia é enviar um único sinal em todas as antenas e usar pré-codificacão. Neste
caso a capacidade é muito menor mas continua a crescer o factor mínimo.

2.6.2 Sistema de antenas adaptativas


O AAS (Adaptative Antenna System) é apresentado na especificação do IEEE 802.16
para descrever as técnicas de conformação de feixe (beam-forming) nas quais um array de

Estudo e Avaliação de Desempenho da Tecnologia WiMAX 20


Capítulo 2 | WiMAX – Visão Geral

antenas é usado na estação rádio-base (BS) com o objetivo de aumentar o ganho na direção do
usuário (SS) desejado, e anular – ou minimizar ao máximo – interferência de, e para, outras
SSs bem como outras fontes e destinos de interferência. As técnicas AAS são usadas para
possibilitar SDMA (Spatial Division Multiple Access), de forma que múltiplas SSs, separadas
no espaço, podem transmitir e receber no mesmo subcanal, ao mesmo tempo. Pelo uso de
conformação de feixe, a BS tem a habilidade de direcionar o sinal desejado para as diferentes
SSs, bem como distinguir entre os sinais oriundos das diferentes SSs, ainda que estejam
operando nos mesmos subcanais.
Em linhas gerais, os sistemas de antenas adaptativas ajustam-se de forma a atender
determinado critério de desempenho pré-estabelecido, como a maximização da relação SNR.
Há três categorias para os sistemas AAS:

 Troca de feixes (Switched Beam): Várias antenas estão disponíveis para transmissão
e recepção, em cada setor do hub servidor. Os apontamentos das antenas e diagrama
de cada uma são fixos (o que é um limitante da técnica), de forma que é um
esquema semelhante à diversidade já conhecida (de duas antenas). A cada
momento, é escolhido o melhor feixe de comunicação com o terminal;
 Direcionamento de feixe (Beam Steering): Aponta o máximo ganho da antena do
setor em direção ao terminal do usuário, maximizando SNR. Pode ser usado em
terminais móveis ou fixos e é de complexidade intermediária entre a técnica de
troca de feixes e a próxima técnica, de combinação;
 Combinação para ótima relação SNR: Sistema de realimentação (feedback), pelo
qual é verificado se a saída casa com um sinal de referência, onde tenta-se extrair
qualquer ruído ou interferência. É o esquema de mais complexa implementação
(ajustes de parâmetros de filtragem).

Estudo e Avaliação de Desempenho da Tecnologia WiMAX 21

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