Como Evangelizar No Poder Do Espirito

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ÍNDICE

Apresentação....................................................................................................11

Introdução........................................................................................................15

1. E couve é bom para o fígado? ���������������������������������������������������������������21

2. Axé para evangelizar...............................................................................29

3. Luvas pretas no Halleluya........................................................................41

4. Do que você tem medo?........................................................................ 57

5. O casamento, a gravidez e os Anjos da Guarda............................69

6. Parar, socorrer e evangelizar ..............................................................79

7. E quando a vida desmorona?....................................................................87

8. O Frei, o terço e o avião......................................................................95

9. Na estrada outra vez.............................................................................. 103

10. A melhor escolha......................................................................................109

11. Invisíveis.................................................................................................115

12. A medalha, a sopa e o enfermo.........................................................131

13. Choro no estacionamento................................................................141

14. Precisamos tentar de tudo?..............................................................149

Conclusão.....................................................................................................157

Referências Bibliográficas........................................................................169
Introdução
“Jesus voltou então para a Galileia, com a for-
ça do Espírito. (...) Entrou em dia de sábado na si-
nagoga e levantou-se para fazer a leitura. Foi-lhe
entregue o livro do profeta Isaías; desenrolou-o, en-
contrando o lugar onde está escrito: ‘O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou
pela unção para evangelizar os pobres, enviou-me
para proclamar a libertação dos presos e aos cegos a
recuperação da vista, para restituir a liberdade aos
oprimidos e para proclamar um ano de graça para
o Senhor.’ Enrolou o livro, entregou-o ao servente e
sentou-se. Todos na sinagoga olhavam-no, atentos.
Então começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu aos
vossos ouvidos essa passagem da Escritura’.”1
Este trecho do Evangelho de Lucas narra a pre-
gação de Jesus em uma sinagoga e o cumprimento
da profecia contida no capítulo 61 do livro de Isaías.
A realização desta profecia diz respeito ao início
da missão de Jesus e se dá após dois eventos caracte-
rizados pela presença do Espírito Santo: o Seu Batis-
mo, no qual este Espírito desceu sobre Ele em forma
de pomba2, e o combate espiritual travado no deserto,

1 Lc 4, 14a.16b-22.
2 Cf. Lc 3, 19-20 e CIC, §701: “A pomba. No fim do dilúvio (cujo simbolismo está ligado ao
batismo), a pomba solta por Noé volta com um ramo novo de oliveira no bico, sinal de que
a terra é de novo habitável. Quando Cristo volta a subir da água de seu batismo, o Espírito
Santo, em forma de uma pomba, desce sobre Ele e sobre Ele permanece. O Espírito desce
e repousa no coração purificado dos batizados”.

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Introdução

ocasião em que Jesus, pleno do Espírito Santo, foi con-


duzido por este mesmo Espírito por quarenta dias, a
fim de vencer as tentações do Maligno3.
Quando recebemos o Batismo, dentre outras gra-
ças, nos tornamos partícipes da vida de Cristo e de sua
missão, bem como, recebemos “o poder de viver e agir
sob a moção do Espírito Santo por seus dons4”, por-
tanto, podemos dizer que esta profecia assumida por
Jesus também diz respeito a cada batizado e se cum-
pre em nossas vidas todas as vezes em que atendemos
ao chamado divino para a evangelização.
A passagem afirma ainda que Jesus retornou à
Galileia pela força do Espírito e, para que cumpra-
mos o nosso mandato missionário, Jesus nos con-
cede esta mesma força divina, ou, como decidimos
chamar neste livro, o poder do Espírito, bem como
nos oferece todos os dons de que necessitamos para
anunciar a sua Boa Nova aos corações desprovidos
das alegrias do céu.
O livro dos Atos dos Apóstolos, também escrito
por São Lucas, bem que poderia ser chamado de “O
Evangelho do Espírito Santo”, pois narra exatamente
as grandes ações evangelizadoras dos primeiros tem-
pos da Igreja sob a direção deste Espírito, após os dis-
cípulos terem recebido a Sua efusão, que veio como
línguas de fogo no dia de Pentecostes.5
O autor primeiro desses feitos, como percebemos,
3 Cf. Lc 4, 1-13.
4 CIC, §1266.
5 Cf. At 2, 1-4.

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Como evangelizar no poder do Espírito

não eram os cristãos, que não deixaram de ser, obvia-


mente, importantes colaboradores, sem serem, no
entanto, os personagens principais, pois este prota-
gonista era o próprio Espírito de Deus.
Dentre os atos destes primeiros cristãos, pode-
mos perceber claramente o uso dos carismas, a im-
posição das mãos, o hábito de rezar uns pelos outros,
a confiança plena na graça, a parresia, a intrepidez,
o destemor, o desapego à própria vida, as curas, os
milagres, as libertações, os martírios, o amor incon-
dicional a Deus e à missão de anunciar a salvação
de Cristo ao mundo, enfim, trata-se de um relato de
uma autêntica evangelização pelo poder do Espíri-
to. Ao lermos o presente livro, que traz uma rica
coletânea de histórias de evangelização aos moldes
do Carisma Shalom - todas protagonizadas pelo Es-
pírito Santo, através da abertura do nosso coração
à Sua ação -, perceberemos que, ainda hoje, quase
dois milênios após a instituição da Igreja e o início
de sua vida apostólica, a ação da graça permanece
atuante e extraordinária, e os frutos de cura, con-
versão, libertação e santificação continuam a atrair
incontáveis almas para o Senhor.
Este é também um livro profundamente vocacio-
nal, pois oferece aos leitores uma importante narra-
tiva a respeito de como os primeiros consagrados da
Comunidade Católica Shalom evangelizavam nos
primórdios da comunidade, e torna-se também um
caloroso apelo a renovarmos o ardor evangelizador,

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Introdução

que precisa inflamar os nossos corações para o fiel


cumprimento do mandato de Cristo para cada um de
nós: evangelizar no poder do Espírito, como Jesus e os
primeiros cristãos.
Por fim, se a ação do Espírito Santo nos relatos
dos Atos dos Apóstolos é surpreendente e, por vezes,
até espantosa, mais surpreendente ainda é constatar
que os atos dos cristãos de hoje, caso se decidam de-
terminadamente por viverem sob o poder do Espírito,
se tornam tão cheios de unção, milagres, prodígios e
maravilhas, quanto os dos primeiros tempos da Igre-
ja. É isto que descobriremos neste livro e é este o dese-
jo de Deus para cada um de nós.

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E couve é bom
para o fígado?
Como evangelizar no poder do Espírito

A primeira história que vou contar sobre o poder


do Espírito Santo na evangelização é uma muito co-
nhecida e que a maioria das pessoas gosta bastante,
não sei nem o porquê.
Certo dia, precisei sair muito apressada para ir
ao supermercado, a fim de comprar o lanche para os
meus filhos levarem para o colégio. Então, saí às 6h
da manhã e fui ao mercado, que ficava na esquina
da minha casa. A pressa era tanta que, ao invés de
ir a pé, fui de carro, para que pudesse chegar mais
rápido. No caminho, eu ia logo dizendo a Jesus: “Por
favor, não precisa mandar ninguém para eu evan-
gelizar agora, porque estou com muita pressa!”.
Parece que o meu pedido não funcionou muito
bem. O objetivo era comprar algumas frutas e bis-
coitos para as crianças e voltar rapidamente para
casa, para levá-los à escola, entretanto, assim que
atravessei a porta do supermercado, Jesus me fa-
lou: “Vá para a sessão de verduras”. Aí eu disse: “E o
que mais, Jesus?” Ele respondeu: “Apenas vá!”.
Na evangelização pelo poder do Espírito, é mui-
to importante obedecer o que Deus lhe diz, ainda
que pareça uma loucura. E você pode ter certeza: a
maioria das vezes vai parecer uma loucura mesmo!
Ao chegar na sessão das verduras, eu disse nova-
mente: “E agora, Jesus?”. Eu imagino que Ele achou
muito engraçada a minha pergunta, pois, àquela
hora da manhã só havia uma pessoa naquela sessão

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E couve é bom para o fígado?

do supermercado, portanto, era a minha única op-


ção. Tratava-se de um homem que aparentava ter
por volta de sessenta anos e estava parado próximo
da bancada na qual se encontravam umas folhas de
couve à venda.
Fui em sua direção, aparentemente para tam-
bém escolher algumas couves (claro que eu não ia
comprar couve para minhas crianças lancharem na
escola, mas eu tinha que ir para onde o Senhor me
havia mandado). Cheguei o mais próximo possível
do homem que estava escolhendo as couves e come-
cei um diálogo silencioso com Deus: “Sim, Jesus, e
agora? Dá-me uma palavra de ciência ou de sabedo-
ria, para que eu me aproxime deste homem não na
carne, mas no Espírito”.
Quando nós evangelizamos, precisamos clamar
que o Espírito Santo inspire as nossas palavras,
para que não digamos nada clichê ou afugentemos
as pessoas com sermões; precisamos, ao invés disso,
agir como, por exemplo, os discípulos nos Atos dos
Apóstolos: cheios de ousadia e constantes súplicas
para que o Senhor nos conceda as ações mais acer-
tadas, a fim de que consigamos iniciar um diálogo
com aqueles que precisamos evangelizar.
Então, fiquei por ali, remexendo nas couves e es-
perando de Jesus uma palavra de ciência, de profe-
cia ou de sabedoria6, pois eu queria realmente evan-
6 “O dom de sabedoria nos outorga uma espécie de instinto divino que nos dá uma sa-
bedoria sobrenatural acima de toda a sabedoria humana.” (CIFUENTES, Rafael Llano. A
força e a suavidade do Espírito Santo. Ed. Rafael Cifuentes: Rio de Janeiro, 2002, p.98).

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Como evangelizar no poder do Espírito

gelizar aquele homem, não com coisas que viessem


unicamente da minha imaginação, mas com pala-
vras advindas de Deus, usando, se Ele assim quises-
se, também a minha imaginação para isto.
Deus me disse: “câncer no fígado”. Era algo gra-
ve. Então, a partir deste momento, eu já tinha a ins-
piração divina, através de uma palavra de ciência,
de qual seria o problema daquele homem. Assim,
cheguei bem perto dele e disse:
- Estão bonitas as couves, não é? Você sabia que
couve é muito bom para o fígado?
Deus nos coloca em cada cilada! Eu não fazia
a menor ideia se couve era realmente bom ou não
para o fígado! Porém, como foi uma palavra ad-
vinda de Deus, claro que deu certo, e o homem
respondeu:
- É mesmo? Eu até estou com um problema no
fígado. Então, se é bom, vou comprar mais couve.
Imediatamente, eu disse:
- Ah, quer dizer que você está com problema no
fígado? Pois eu vou rezar por você.
Quando evangelizamos pelo poder do Espíri-
to, não podemos esperar que a pessoa diga: “Sim,
por favor, reze por mim! Estou precisando tan-
to!”. Não é um filme, é a vida real. Não podemos
perder tempo, nem muito menos a oportunidade;
de modo que, quando anunciei que iria rezar por
ele, prontamente me aproximei um pouco mais
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E couve é bom para o fígado?

e coloquei a mão em sua barriga, mais ou menos


na região do fígado, e comecei a orar em línguas.
Ele, percebendo que eu iria iniciar a oração,
fechou os olhos e aquietou-se. Rezei pela cura do
seu fígado. Enquanto eu rezava, Jesus me reve-
lava que ele tinha um problema de amargor em
seu coração, por causa de uma situação vivida no
passado, pela qual ele havia se tornado uma pes-
soa que reclamava e murmurava muito, por ser
insatisfeito com tudo. Não perguntei nada, pois
não havia tempo, apenas pedi a Jesus por sua
cura física e interior.
Quanto terminou a oração, ele me agradeceu
muito e me comprometi a continuar rezando por
sua saúde. Falei a respeito da missa de cura que
havia no Shalom da Paz, dos grupos de oração nos
quais ele poderia se engajar, indiquei também uma
leitura espiritual que o ajudaria a superar aquela
amargura no coração, perguntei se ele tinha Bíblia
e o deixei encaminhado. Deus cuidaria do resto.
Depois de tudo isso, nos poucos minutos que
me restavam, fui comprar o lanche dos meus fi-
lhos. Apesar das frutas estarem bem próximas
das couves, nem lembrei mais delas e comprei
apenas alguns biscoitos.
Naquele dia, meus filhos não tiveram o lan-
che mais saudável de todos, porém, com certeza,
Deus havia tocado na vida daquele homem e este

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Como evangelizar no poder do Espírito

é o alimento mais saudável que nós podemos ter


todos os dias depois da Eucaristia: cuidar e nos
preocupar com os outros e nos arriscar para que
estes encontrem Jesus.

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