Gestao de RISCO de Desastres

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Gestão de Risco

de Desastres

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Sumário

Gestão de Risco de Desastres...........................................................................................................................7 4. Ações Comunitárias de Defesa Civil..........................................................................................................113

1. Estudo dos Desastres....................................................................................................................................9 4.1 Núcleos de Proteção e Defesa Civil – NUPDECs e Conselhos de Segurança – CONSEGs..113

1.1 Conceitos relacionados a desastres......................................................................................10 4.2 Trabalho Voluntário e Defesa Civil.......................................................................................120

1.2 Abordagem sociológica dos desastres.................................................................................15 4.3 Campanha Cidades Resilientes...........................................................................................124

1.3 Percepção de Risco de desastre e sua importância na proteção/defesa civil......................20 4.4 Mapeamento participativo de risco e planos de gestão de risco........................................129

1.4 Classificação dos desastres..................................................................................................40 5. Fontes na Rede - Desenvolvimento, Clima, Desastres e Gestão de Emergência.....................................139

1.5 Classificação dos danos e prejuízos.....................................................................................44 Referências Bibliográficas..............................................................................................................................143

1.6 Codificação Brasileira de Desastres – COBRADE.................................................................46 Ficha Catalográfica........................................................................................................................................148

2. Ciclo de Gestão de Defesa Civil...................................................................................................................51

2.1 As 5 fases..............................................................................................................................52

2.2 Prevenção de desastres........................................................................................................54

2.3 Mitigação de desastres..........................................................................................................69

2.4 Preparação para emergências e desastres...........................................................................71

2.5 Monitoramento, Alerta e Alarme............................................................................................82

3. Produtos Perigosos......................................................................................................................................95

3.1 Conceitos e Definições..........................................................................................................95

3.2 Resumo da Legislação..........................................................................................................97

3.3 Documentos Necessários para o Transporte........................................................................99

3.4 EPI e Equipamentos para Situação de Emergência..............................................................99

3.5 Classificação dos Produtos Perigosos................................................................................100

3.6 Rótulos de Risco e Painel de Segurança............................................................................102

3.7 Procedimentos de Resposta...............................................................................................103

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Gestão de Risco de Desastres

Durante muito tempo a prioridade dos governos foi investir na recuperação de locais
atingidos por desastres. Focava-se na resposta, com pouco ou nenhum investimento
na prevenção, preparação e mitigação.

Devido à maior intensidade e frequência dos desastres, marcados pela escalada de


perdas e prejuízos econômicos, sociais e ambientais e, sobretudo, considerando-se
a vulnerabilidade das pessoas e das comunidades, é imprescindível a aplicação de
medidas para manejar o risco e diminuir as perdas causadas pelos desastres.

Como a ocorrência de desastres naturais muitas vezes é sazonal, existe a possibilidade


de o poder público se antecipar e desenvolver ações preventivas.

Investir na redução de risco é algo complexo e exige decisão e vontade política. No


entanto, pesquisas apontam que o investimento em prevenção resulta em economia,
e é o meio mais eficaz para alavancar o desenvolvimento local, contribuindo na
melhoria das condições de vida.

A gestão de risco de desastre exige a participação ativa de pessoas e grupos em


diferentes níveis. A combinação e a articulação de todas as forças, atributos e
recursos disponíveis numa comunidade, sociedade ou organização deve ser feita no
período de normalidade e a prática sistemática de gerir a incerteza para minimizar os
danos e as potenciais perdas é que fará a diferença.

A Secretaria de Estado da Defesa Civil entende que um município preparado está


mais capacitado para reduzir o impacto dos eventos perigosos, contribuindo na
redução de riscos.

Visando contribuir para um melhor entendimento do que é a Gestão de Risco de


Desastre, suas consequências, possibilidades de atuação junto aos governos,
comunidades, ONGs e voluntários e a necessidade de articulação entre diferentes
áreas e segmentos da gestão pública é que preparamos este material.

Queremos que este manual seja útil no seu dia a dia e nos colocamos à disposição
para auxiliá-lo no que for necessário. Vamos unir forças e fortalecer os municípios e
os catarinenses. A PREVENÇÃO É A MELHOR FORMA DE SEGURANÇA.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

1. Estudo
dos Desastres

No nosso cotidiano, estamos constantemente envolvidos com algum


tipo de risco. O risco de algum acidente, o risco de algo dar errado, de O risco de
perdermos o emprego ou de ficarmos doentes são alguns exemplos
desastres
descreve se um
corriqueiramente encontrados, cujo sentido predominante é o de
determinado
representar uma certa chance de algo indesejado acontecer.
evento é mais
Nas atividades de defesa civil têm-se o risco de desastres, que descreve
ou menos
provável e quais
se um determinado evento, com uma intensidade específica – seja ele de
os danos e
origem natural ou humana – é mais ou menos provável e quais os danos
prejuízos que se
e prejuízos que se podem esperar. podem esperar.

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1.1 CONCEITOS RELACIONADOS


A DESASTRES

Alguns conceitos precisam ser compreendidos, antes que se adentre ao


conteúdo específico. Dentre estes conceitos está a palavra risco, que
faz parte do nosso cotidiano e é empregada de diferentes formas e com
diversos sentidos. Estamos em constante risco: o risco do acidente, de
algo dar errado, o risco iminente e o risco elevado são alguns exemplos
corriqueiramente encontrados na literatura técnica ou leiga, cujo sentido
predominante é o de representar uma certa chance de algo indesejado Risco de
acontecer. Assim, costuma-se dizer que o risco é iminente ou que o risco é
Desastre é
a relação
elevado para algo que parece certo, ou com grande chance, de acontecer.
existente entre
De acordo com o Glossário de Defesa Civil, de 2007), Risco de Desastre a probabilidade
é a relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento
de que uma
ameaça de
adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade
evento adverso
do sistema receptor a seus efeitos. ou acidente
É a estimativa da probabilidade e magnitude de danos e prejuízos em um
determinado
se concretize
cenário, resultantes da interação entre uma ameaça, e as características
e o grau de Para o Glossário
de vulnerabilidade ou capacidade/resiliência que este cenário possui. vulnerabilidade Outro conceito é o de Evento: quando uma situação ou um fato previsto de Defesa Civil
do sistema realmente ocorre, ele se torna um evento. Assim, a chuva, um deslizamento
(2007), Evento
Para melhor compreender a definição de risco, você precisa conhecer Adverso é uma
receptor a seus ou um acidente com produtos perigosos, uma vez que ocorram, passam
alguns conceitos relacionados a ele. Inicialmente, é preciso compreender
efeitos. ocorrência
que o risco de desastre é determinado pelo que chamamos de ameaça. a ser algo real e, portanto, deixam de ser uma ameaça. Dependendo dos desfavorável,
danos e prejuízos causados por esse evento, as suas consequências prejudicial ou
Ameaça é a estimativa da ocorrência e magnitude de um evento adverso, podem ser graves. Neste caso, a ameaça, que se transformou em um imprópria, que
expressa em termos de probabilidade estatística de concretização evento, pela sua gravidade, torna-se um evento adverso. acarreta danos
do evento (ou acidente) e da provável magnitude de sua manifestação e prejuízos,
(Glossário de Defesa Civil, 2007). É um fato ou situação que tem a constituindo-se
possibilidade de causar danos e prejuízos caso ocorra, como por exemplo,
no fenômeno
Para o Glossário de Defesa Civil (2007), Evento Adverso é uma ocorrência
causador de um
uma chuva forte, o deslizamento de terra em uma encosta, o transporte desfavorável, prejudicial ou imprópria, que acarreta danos e prejuízos, desastre.
rodoviário de um produto perigoso ou outra situação qualquer. constituindo-se no fenômeno causador de um desastre.

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Vulnerabilidade é a condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude
do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos
prováveis. A intensidade do desastre depende muito mais do grau de vulnerabilidade ou de insegurança
intrínseca dos cenários e das comunidades em risco do que da magnitude dos eventos adversos. Deste
modo, as características da comunidade podem aumentar os danos provocados pelos desastres.

O termo resiliência é utilizado na administração de desastres para


caracterizar comunidades que têm a capacidade de retornar ao seu
equilíbrio após sofrer algum tipo de desastre.

A ameaça, a
vulnerabilidade
e a capacidade/
resiliência
A ameaça, a vulnerabilidade e a capacidade/resiliência são conceitos
são conceitos
importantes para compreender os desastres e entender como reduzir o importantes
seu risco. Desta forma, também é fundamental conhecer o conceito de para
desastres, frequentemente associado a catástrofes e acontecimentos compreender
Já as características positivas, que reduzem os danos e melhoram a recuperação da comunidade, são naturais de grande magnitude, com evolução muito rápida, causando os desastres e
chamadas de capacidade/resiliência. grandes danos às pessoas, suas propriedades e ao meio ambiente.
entender como
reduzir o seu
Furacões, derramamentos de óleo no mar, terremotos, acidentes químicos
Capacidade é a maneira como as pessoas e as organizações de uma comunidade utilizam os recursos risco.
e erupções vulcânicas são alguns exemplos de desastres.
existentes para reduzir os danos ou tornar a recuperação mais rápida e eficiente quando essa comunidade é
afetada por um evento adverso. É quando uma comunidade organizada tem condições de reduzir os danos
e prejuízos causados por um desastre.

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Os desastres são mais do que acontecimentos produzidos pela natureza. São o resultado de eventos que
1.2 Abordagem sociológica
podem ser de origem natural ou produzidos pelo homem. Podem evoluir muito rapidamente, como no caso
de um terremoto, ou ter uma evolução gradual, como a estiagem.
dos desastres

Durante muito tempo, a palavra desastre foi aplicada, sobretudo, aos


grandes acontecimentos físicos – terremotos e cheias, ou às ações Durante muito
tradicionalmente atribuídas ao sobrenatural – implicando que nada podia tempo, a palavra
desastre foi
ser feito em relação à sua ocorrência. Este comportamento cultural, atrelado
aplicada, sobretudo,
à concepção fatalista do desastre, não encorajou o desenvolvimento de
aos grandes
novos comportamentos sociais, nem a preparação para se adaptar e lidar acontecimentos
com esses acontecimentos. físicos – terremotos
e cheias, ou
às ações
tradicionalmente
atribuídas ao
sobrenatural –
implicando que
nada podia ser feito
em relação à sua
ocorrência.

Há uma questão fundamental para que o conceito de desastre seja compreendido. Para a doutrina brasileira
de Defesa Civil, o desastre é a consequência de um fenômeno, seja ele natural, causado pelo homem ou
decorrente da relação entre ambos. O fenômeno, em si, é chamado de evento adverso.

Segundo a definição descrita na Normativa nº 01 de 24 de agosto de 2012, desastre é o resultado de


eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um cenário vulnerável, causando grave
perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade; envolvendo extensivas perdas e danos
humanos, materiais, econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema
usando meios próprios.
Com o desenvolvimento da ciência e de diferentes formas de obter
Assim sendo, um evento pode ter diferentes consequências, dependendo das características do
informações, surgiu uma nova percepção sobre a origem dos desastres:
cenário em que ele age.
eles passaram a ser vistos como acontecimentos de origem natural. No
entanto, permaneceu predominante a percepção de que os desastres não
podiam ser prevenidos ou eliminados.

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A concepção de desastres como acontecimentos de origem humana/ O tema “desastre” vem se tornando relevante nas Ciências Sociais, pela
social desenvolveu-se, sobretudo, por causa do surgimento de desastres forma preocupante com que a sociedade moderna vem se desenvolvendo.
resultantes de acidentes ou falhas tecnológicas que começaram a ocorrer A falta de planejamento territorial, entre outros fatores, está causando
com o desenvolvimento industrial. fortes pressões demográficas, sociais e econômicas (pobreza, migrações,
desemprego, etc). Além disso, existem questões sociais que estão
Estes grandes acidentes originaram a percepção de que os desastres
associadas ao progresso e que geram diversas situações de risco, como
resultantes da ação humana podiam ser prevenidos, ou os seus efeitos
a falta de saneamento básico e a proliferação de doenças. O desconhecimento
negativos mitigados ou reduzidos. Desta forma, os desastres começaram de grande parte
a ser vistos como o resultado, direto ou indireto, de ações – intencionais O desastre é a O desconhecimento de grande parte da população brasileira sobre os da população
ou não – dos seres humanos. vivência de uma riscos a que estão expostas faz com que as pessoas não atuem no sentido brasileira sobre os
crise e, portanto, de minimizá-los. Com o objetivo de facilitar que as pessoas tenham uma riscos a que estão
Cabe ressaltar que um desastre trata-se de uma ruptura que ocorre como mostra-nos o expostas faz com
melhor percepção sobre riscos, profissionais da área de Defesa Civil
fenômeno social e como acontecimento físico. Contudo, o desastre limite de uma que as pessoas não
vêm trabalhando no sentido de preparar – através de capacitações,
constitui-se, também, como ruptura da dinâmica social existente, que determinada atuem no sentido
reflete o tipo e o grau de preparação da sociedade para lidar com riscos
rotina e a campanhas educativas, entre outras ações – melhor as comunidades, a
de minimizá-los.
necessidade fim de que percebam e se preparem para agir em situações de risco que
naturais e tecnológicos e para gerenciar fenômenos, em grande parte,
de construção podem resultar em desastres.
por ela própria criados. O desastre é a vivência de uma crise e, portanto,
de uma nova
mostra-nos o limite de uma determinada rotina e a necessidade de dinâmica social.
construção de uma nova dinâmica social (VALÊNCIO; SIENA, 2009).

O estado de Santa Catarina lançou, em 2007, a campanha estadual Percepção


de Risco – A descoberta de um novo olhar. A campanha foi premiada pela
ONU como melhor longa-metragem no 4º Festival Internacional de Cinema
Socioambiental de Nova Friburgo, realizado em 4 de janeiro de 2010.

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Os riscos, por sua vez, podem ser entendidos como os resultados inesperados que têm uma consequência
negativa nas atividades ou decisões levadas a cabo. A confiança nos sistemas peritos pressupõe a
capacidade renovada de redução dos riscos por meio de novos olhares, discursos e práticas sobre os
elementos materiais da paisagem, isto é, sobre a realidade concreta onde os sujeitos promovem a sua
existência cotidiana (VALÊNCIO, 2009).

No Brasil, o debate em torno das mudanças climáticas tem tratado sobre o detalhamento de alguns fatores
de ameaça, tais como os eventos de precipitações concentradas e os eventos de desertificação ocorridos
em algumas áreas. Contudo, uma menor atenção tem sido dada à análise sociológica das dimensões
socioeconômicas das vulnerabilidades dos afetados.

Sendo assim, os subsídios que a Sociologia pode fornecer à mitigação dos desastres passam pela
necessidade de enfocar pertinentemente a vulnerabilidade social, precedente ou circunstancial, do grupo
que interagirá com o fator de ameaça. Além disso, é necessário analisar as relações sociais e políticas que
se refletem territorialmente (QUARANTELLI, 2006 apud VALÊNCIO; SIENA, 2009).
Acervo do SDC

A distribuição das vulnerabilidades pelos grupos sociais é determinada pelo


A abordagem das vulnerabilidades sociais, como dimensão relevante de
tipo de articulação e de relacionamento predominante no sistema social. A redução das
uma teoria dos desastres, constitui um importante domínio de investigação
Diante de um mesmo evento adverso ou ameaça, podem ser diferentes os vulnerabilidades
sociológica e, consequentemente, uma área de conhecimento fundamental
graus de exposição ao risco por parte das diferentes comunidades e dos sociais dos
para as ações desenvolvidas no âmbito da Defesa Civil, tendo em vista desastres deve
diferentes grupos sociais e indivíduos. Assim, constata-se a existência de
que podem ser entendidas como processos decorrentes das dinâmicas ser encarada
vulnerabilidades diferenciadas dentro do próprio sistema, de acordo com
de funcionamento do sistema social. como uma
a sua organização, distribuição e composição social. atitude, assumida
Os desastres, como processos de ruptura social, refletem o tipo e no domínio
o grau de preparação das sociedades para lidar com riscos naturais e Os desastres da prevenção,
tecnológicos e para gerir fenômenos, em grande parte por elas criados, refletem o tipo A redução das vulnerabilidades sociais dos desastres deve ser encarada contributiva para
na produção de um ambiente cada vez mais socialmente construído. e o grau de como uma atitude, assumida no domínio da prevenção, contributiva a eliminação das
preparação das vulnerabilidades
para a eliminação das vulnerabilidades do próprio sistema social. Este
É necessário compreender que as vulnerabilidades sociais relacionam-se sociedades para do próprio sistema
posicionamento é essencial para a garantia de tomada de medidas que
com a leitura da sociedade em que elas se produzem. Estas vulnerabilidades lidar com riscos. social.
se pretendam eficazes para assegurar condições de segurança e de
evidenciam os fatores de riscos do sistema social, constituindo uma
resposta diante dos desastres.
demonstração inequívoca dos elementos de fragilidade e insegurança
das sociedades em relação a processos de ruptura provocados pelos
desastres.

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1.3 Percepção de Risco de desastre e sua Convém começar por recordar que, desde muito cedo, na história da
civilização ocidental, a percepção ocupou papel de destaque nos debates
importância na proteção/defesa civil1 filosóficos e científicos. Assim, basta recordar, por exemplo:

a) Platão2 que nos falava de existência de percepção sensível


(doza), que, para ele, só proporcionava um conhecimento relativo da
realidade e conhecimento racional (episteme), que, esse sim, captava a
verdadeira essência das coisas e da realidade;

b) Bacon3, para quem o ponto de partida do conhecimento não


é a percepção das coisas particulares, mas sim noções confusas que
partem do senso comum para a observação das coisas particulares, para
depois atingir ideias gerais racionais e organizadas4;

c) Locke5 e Hume6, para quem o espírito humano seria uma


espécie de “tabua rasa”, sem nada escrito, na qual se iam gravando
as infromações provenientes da experiência, graças à atuação de três
faculdades principais: percepção, memória e discernimento;

d) mais recentemente, o biólogo e prêmio Nobel, Gerald Edelman7,


que em seu livro Biologia do Conhecimento, considera a categorização
Falar de
perceptiva como sendo uma das três funções cerebrais superiores
percepção
(as outras duas seriam a memória e aprendizagem) que atua sempre ou, mesmo,
associada às outras duas funções em qualquer operação de pensamento; reconhecer a sua
importância na
e) no mesmo sentido, vão as considerações do médico e
A percepção de risco de desastre passou a ser incluída nas atividades de formação e capacitação em gestão gestão de riscos
neurologista António Damásio8 que falam das funções de percepção, de desastre, não
de risco de desastre, no âmbito da proteção/defesa civil. Isto quer dizer que é hoje amplamente reconhecido
memória e raciocínio e das atividades de categorização e aprendizagem. significa, por
que a gestão de risco depende da forma como esse risco é percepcionado, ou seja, sentido, entendido,
si só, que ela
categorizado, conceituado, pelos diversos intervenientes no processo de gestão. No dia a dia, em diversos momentos e situações, também nós falamos de
seja levada em
percepção. Contudo, falar de percepção ou, mesmo, reconhecer a sua devida conta.
importância na gestão de riscos de desastre, não significa, por si só, que

Mas o que é a percepção? ela seja levada em devida conta.

E... a percepção de risco de “desastre natural”?

2
Filósofo grego do século V/IV antes do nascimento de Cristo (a.C.).
3
Francis Bacon, Filósofo inglês, séculos XV/XVI depois de Cristo (d.C.).
4
Novum Organum, sem data (p. 13).
5
John Locke, filósofo inglês século XVII/XVIII.
1
Mário Freitas, Professor Visitante da Universidade do Estado de Santa Catarina, Coordenador do Núcleo de 6
David Hume, filósofo inglês século XVIII.
Estudos Ambientais (NEA) e membro do Grupo Coordenado de Estudos, Pesquisa e Desenvolvimento em 7
Biólogo e médico americano, século XX.
Gestão de Riscos para Emergências e Desastres (GCEPED-GR) da UDESC (adaptado de Freitas, Mário, 2013) 8
Médico e neurologista português trabalhando e vivendo nos EUA.

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Deste simples apanhado introdutório fica já claro que, quando falamos de Essas sensações fazem parte de um processo mais geral que se chama
percepção de forma isolada, o fazemos com fins de uma melhor explicação Toda a percepção ou categorização perceptiva. A percepção consiste na A percepção
e compreensão. Toda a percepção está relacionada com a construção de percepção está aquisição, seleção, interpretação e organização das sensações sensoriais, consiste na
conhecimento e depende desse conhecimento que vai sendo construído.
relacionada com em direta relação com a história de vida de cada indivíduo e, portanto, com
aquisição,
a construção de seleção,
Assim, a percepção (ou, se preferirmos, a categorização perceptiva) está tudo o que ele aprendeu, ao longo da vida. A percepção/categorização
conhecimento e interpretação
estreitamente relacionada com a aprendizagem conceitual (formação depende desse perceptiva dá origem às imagens perceptivas (visuais, auditivas, táteis, e organização
e desenvolvimento de conceitos) e, portanto, com todo o processo de conhecimento olfativas, gustativas, etc.) que sempre estão relacionadas com a seleção das sensações
aprendizagem. Esta inter-relação, como veremos, é construída graças que vai sendo de condutas/ações adaptadas a determinadas sensações. Tal seleção de sensoriais, em
à ativa intervenção de um outra forma de função cerebral superior: a construído. condutas pode ser automática/involuntária ou deliberada (resultado de direta relação
memória. processo decisório). com a história
de vida de cada
indivíduo e,
portanto, com
tudo o que ele
aprendeu, ao
longo da vida.
1.3.1 PERCEPÇÃO E
CATEGORIZAÇÃO PERCEPTIVA
Mas avancemos, então, um pouco mais na tentativa de definir melhor, o
que é percepção e o que é percepção de risco de “desastre natural”.

Como é sabido, nós estamos constantemente a ter sensações, captadas


pelos chamados orgãos dos sentidos. Vemos e/ou ouvimos e/ou cheiramos
e/ou tocamos e/ou sentimos o paladar desta ou daquela coisa, deste ou
daquele ambiente. Essas sensações sempre desencadeiam reações do As imagens
nosso organismo, mesmo que, muitas vezes, não nos demos conta que perceptivas
são um tipo
isso acontece. Em geral, quando as sensações são muito intensas, as
de imagens
reações são mais identificáveis. Assim, por exemplo, quando tocamos
mentais e as
uma superfície muito quente, retiramos de imediato a mão, se vemos imagens mentais
uma luz muito forte, temos tendência a fechar os olhos ou protegê-los constituem o
com a mão, etc. Quando as sensações são menos intensas, as reações As imagens perceptivas são um tipo de imagens mentais e as imagens
“conteúdo”
do organismo tendem a ser menos visíveis, mas existem. Assim, uma do que
mentais constituem o “conteúdo” do que habitualmente chamamos
variação da intensidade da luz sempre provoca uma variação da abertura
habitualmente
pensamento. Para que aconteça, o pensamento necessita da sua
chamamos
da pupila, um ruído, sempre provoca vibração interna do tímpano, etc. base perceptiva, a partir da qual vai construindo saberes conceituais e pensamento.
processuais; necessita, também, desse outro mecanismo cerebral central
que é a memória.

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1.3.2 MEMÓRIA As imagens mentais, incluindo as imagens perceptivas, não são, como lembra António Damásio, do tipo
entidades multidimensionais de coisas, acontecimentos, palavras, etc. A integração das imagens mentais
É difícil falar da memória. Primeiro, porque há vários tipos de memória. pode nos reforçar a ideia da memória “arquivo”, tipo “vídeo do futuro”, com odor e impressão tátil localizadas
Segundo, porque o significado atribuído à palavra memória, no dia a A memória é a num único local no cérebro onde tudo está guardado. Mas não. O que se passa, realmente, é que esse
dia, e que acabou ficando dominante, é somente uma pequena parte capacidade de
sentido de integração mental é criado pela sincronização de “conjuntos de atividade neural separada”, ou
repetir um certo
(e provavelmente a menos interessante) de todo o processo: recordar e seja, trata-se de “um truque de sincronização”10. As imagens perceptivas (como, aliás, todas as imagens
desempenho,
reproduzir nomes, números, definições... ou seja, saber coisas de cor. mentais) são disparos neurais. Mas, o que é que isto quer dizer? O que é exatamente um disparo neural?
uma determinada
Ora, como já se referiu, essa é somente uma das formas que a memória atuação, um dado
assume. Mas a memória é muito mais do que isso, a memória é a comportamento.
capacidade de repetir um certo desempenho, uma determinada atuação,
um dado comportamento9.

Um disparo neural consiste na excitação/ativação de um conjunto de neurônios (células que constituem o


sistema nervoso e, como tal, o cérebro). Correspondendo ao registro de uma percepção, essa excitação/
ativação de neurônios corresponde, também, à seleção de uma conduta, uma ação. Para se perceber melhor
Para que um evento seja guardado o que é um disparo neural vamos recorrer a um exemplo muito simples. Imaginemos que temos uma rede de
na memória, várias informações
várias séries de lâmpadas que podem acender e apagar, segundo diferentes combinações e com diferentes
são associadas, como sons,
intensidades. Imaginemos, também, que esse acender de lâmpadas é desencadeado por estímulos do tipo
imagens e sentimentos.
luzes, ruídos, toques numa membrana que vibra, etc.

9
Edelman, 1995, p. 150. 10
Damásio, 1995, p. 111.

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Diferentes luzes, ruídos, toques, etc vão provocar o acender de diferentes conjuntos de lâmpadas e com É na memória que Damásio situa dois outros tipos de imagens mentais
diferentes intensidades. Com todas as devidas distâncias, pois isto é uma comparação hiper-simplificada, (para além das imagens perceptivas que sempre se referem ao presente):
podemos comparar: a) as luzes, ruídos e toques com perturbações; b) os fios elétricos e as lâmpadas (que as imagens evocadas a partir do passado real e as imagens evocadas a
podem acender e apagar, com diferentes intensidades) são comparáveis às células nervosas (neurônios); partir de planos para o futuro. Sempre que recordamos coisas já vividas,
c) um certo tipo de acendimento, de um certo conjunto de lâmpadas, com certa intensidade durante certo reativamos imagens perceptivas passadas e repete-se, ou melhor, recria-
tempo, são comparáveis aos disparos neurais, ou seja, às imagens perceptivas. se (porque não é exatamente igual), um certo disparo neural. Quando
projetamos algo para o futuro também surgem imagens mentais que
As imagens perceptivas não podem ser “guardadas” numa caixa porque
sempre se configuram a partir de coisas com as quais já contatamos.
elas só existem sob a forma de disparos neurais, ou seja, sempre que Não há, no
temos uma percepção dá-se um disparo, que mais tarde ou mais cedo cérebro,
“se apaga” e vai dando lugar a outro(s). Não há, no cérebro, “caixinhas”
“caixinhas” onde
as imagens
onde as imagens sejam guardadas e onde, depois, se vão buscar. Estando
sejam guardadas
ligada à categorização perceptiva, a memória implica “recategorização
e onde, depois, 1.3.3 APRENDIZAGEM E
constante” e “envolve uma atividade motora contínua e uma prática se vão buscar. SISTEMAS DE VALORES
repetida em contextos diferentes”11.
Em termos básicos pode entender-se a aprendizagem como “um processo
Assim se poderá explicar como se vai alterando (de forma diferente) a nossa
adaptativo” (Edelman, 1995, p. 149) de aquisição de novas competências
“memória”, tanto acerca de uma pessoa que não vemos há muito tempo,
de comportamento. Trata-se de uma noção altamente abrangente que
como sobre alguém que revemos muitas vezes; tanto num domínio de saber
inclui desde aprendizagens básicas necessárias à sobrevivência (e comuns
com que perdemos contato, como num campo de conhecimento com que
a muitos animais), até aprendizagens cognitivas altamente abstratas
lidamos todos os dias. Também se vai alterando necessariamente, em
(tipicamente humanas). Por mais incrível que pareça, tudo indica que
vários aspectos, a memória de um evento extremo ou desastre que
mesmo as mais abstratas e sofisticadas aprendizagens não “dispensam”
vivemos ou acompanhamos de perto, que é o mesmo que dizer que varia
uma ligação “subterrânea” às porções do cérebro relacionadas com as
a percepção desse evento/desastre. Até porque, como as percepções e
necessidades vitais mais básicas.
a memória estão interligadas com as emoções e sentimentos que, por seu
caráter altamente subjetivo, aumentam o grau de variação da percepção A aprendizagem depende da categorização perceptiva e da memória.

e da memória. Em resumo, a memória cerebral não é estereotipada, mas Mas, sendo necessárias para a aprendizagem, essas funções não são,

antes “inexata, embora seja igualmente capaz de um grau muito grande contudo, suficientes. Segundo Edelman, em qualquer espécie, para que

de generalização”12. Pode parecer que isto é uma falha, uma espécie de a aprendizagem ocorra, é necessário que se estabeleçam ligações a

fraqueza (face, por exemplo, à memória exata de um computador). Mas sistemas de valor. E o que é um sistema de valor? O termo “sistema de

não. Ao contrário, é uma enorme vantagem, um instrumento incrível de valor” está relacionado com a manutenção de invariâncias internas de

adaptação e sucesso. Efetivamente, é graças a esse caráter inexato que conservação da adaptação. Trata-se de sistemas básicos relacionados

nossa memória é capaz de sugerir respostas novas para situações novas com regulação da temperatura, satisfação alimentar, reprodução, etc,

ou algo diferente das até então vivenciadas. ou seja, manutenção de sistemas básicos de vida e usufruto de prazer.
Os sistemas de valor estão associados a estruturas do cérebro que são
comuns a outros animais que não o Homem (Edelman, 1995).

11
Edelman, 1995, p. 153
12
Edelman, 1995, p. 153

26 27

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A afirmação de Piaget de que “os conhecimentos não partem nem do sujeito (…) nem do objeto (…) mas Mas o que António Damásio e muitos outros cientistas concluíram é que a ideia referida não tem qualquer
das interações entre sujeitos e objetos” está bem próxima das considerações de Maturana e Varela sobre
13
consistência, ou seja, não é possível separar razão de emoção. Segundo António Damásio a essência de
a natureza do conhecimento e a noção de enacção14 (ou seja, que não se pode separar o saber do fazer) uma emoção é um conjunto de mudanças no estado do corpo, acompanhadas de alterações mentais.
utilizada por certos autores . 15
Há que distinguir entre emoções primárias e emoções secundárias. As emoções primárias serão “inatas”,
“pré-organizadas”, correspondendo, portanto, a predisposições de disparo neuronal presentes à nascença.
Têm, em geral, valor adaptativo e de sobrevivência, como por exemplo “fuga rápida de um predador ou

MEMÓRIA E EXPERIÊNCIA exibição de raiva em relação a um competidor”17. As emoções secundárias corresponderão a “ligações
sistemáticas entre categorias de objetos e situações, por um lado, e emoções primárias, por outro”18; já
não dependem, somente, de circuitos neuronais primários, mas também de circuitos neurais que se foram
definindo com a experiência. Quanto aos sentimentos, podemos distinguir entre sentimentos de emoções
e sentimentos de fundo. Os sentimentos de emoções correspondem a uma imagem do corpo abalado pela
emoção. Os sentimentos de fundo correspondem a “estados corporais de fundo”, ou seja “à nossa imagem
da paisagem do corpo quando este não está agitado pela emoção”19.

1.3.4 RAZÃO E EMOÇÃO


O que António Damásio afirma na transcrição abaixo aplica-se a quase todos nós.

“Cresci habituado a aceitar que os mecanismos da razão existiam numa região separada da mente
onde as emoções não eram autorizadas a penetrar, e, quando pensava no cérebro subjacente a essa
mente, assumia a existência de sistemas neurológicos diferentes para a razão e a emoção.”16

13
Piaget, 1978, p. 37. 17
Damásio, 1995, p. 147.
14
A ideia de que não é possível separar “saber” de “fazer”, ou seja, “saber é fazer” e “fazer é saber”. 18
Damásio, 1995, p. 149.
15
Varela et. al., 199; Varela, sem data. 19
Damásio, 1995, p. 165.
16
Damásio, 1995, p. 13.

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Mais importante do que definir emoção e sentimento é chamar a atenção de Edelman fala, então, dos qualia como sendo um “conjunto de
que numerosas provas (reestudo de intrigantes casos clássicos e análise As emoções experiências, sentimentos e sensações pessoais ou subjetivas que
dos resultados de certas intervenções cirúrgicas) vieram demonstrar que e a razão nem acompanham o estar consciente” ou “como as coisas nos aparecem
as emoções e a razão não se localizam em regiões diferentes do cérebro,
se localizam enquanto seres humanos” ou, ainda, “porções de uma cena mental que
em regiões
nem podem ser completamente separadas. possui, entretanto, uma unidade global”24. A “cor vermelha” de um objeto
diferentes do
cérebro, nem é um qualium; o “canto agudo” de uma ave e o “odor intenso” de um

podem ser perfume também são qualia. “Baseando-se em diversos momentos da


“... parece existir um conjunto de sistemas no cérebro humano completamente história pessoal própria de cada um e de sua experiência imediata, sendo
consistentemente dedicado ao processo de pensamento separadas. experiências individuais de indivíduos isolados, sendo muito variáveis
orientado para determinado fim, ao qual chamamos raciocínio, em termos de intensidade e clareza (desde os “sentimentos em bruto”
e à selecção de uma resposta, a que chamamos tomada de às racionalizações sofisticadas), sendo caráter algo flutuante e podendo
decisão, com ênfase especial sobre o domínio pessoal e social. ser alterados de forma imprevisível por qualquer tentativa de os testar,
Este mesmo conjunto de sistemas está também envolvido nas os qualia não podem ser completamente partilhados25. Aquilo que os
emoções e nos sentimentos (...)”20. moradores de um morro consideram uma magnífica vista sobre a cidade
ou sobre o mar ou a valorização que os moradores da favela fazem da
vida na favela, incluem qualia, nestes casos, bem mais complexos que os Quando se fala
Em resumo, parece poder afirmar-se que: toda a tentativa de separar outros inicialmente citados. de percepção,
também se
completamente as emoções e os sentimentos da razão carecem de
está falando de
fundamento científico; as tentativas para “desincorporar” as emoções e
memória e de
sentimentos, por um lado, e os raciocínios, por outro, não são suportadas As tomadas De tudo o que foi dito se conclui que quando se fala de percepção,
aprendizagem
pelas mais recentes evidências da neurobiologia; as tomadas de decisão de decisão também se está falando de memória e de aprendizagem e que isso não e que isso
em contextos pessoais e sociais parecem envolver tanto raciocínios como em contextos inclui só procesos racionais, mas também, processos emotivos. não inclui só
emoções e sentimentos. pessoais e processos
sociais parecem racionais,
envolver tanto mas também,
raciocínios como processos
“Não é apenas a separação entre a mente e cérebro que é um
emoções e As percepções são individuais, embora partilháveis e passíveis emotivos.
mito. É provável que a separação entre mente e corpo não seja sentimentos. de consensualização, são subjetivas, vão mudando com o
menos fictícia. A mente encontra-se incorporada, em toda a tempo e são afetadas por muitos fatores.
acepção da palavra, e não apenas cerebralizada” . 21

A ideia de que o pensamento “está dependente do corpo e do cérebro”,


ou dito ainda de outra forma “é incarnado”22 é uma ideia hoje partilhada
por vários autores de diversos domínios científicos23.

20
Damásio, 1995, p. 88. 24
Edelman, 1995, p. 167.
21
Damásio, 1995, p. 133. 25
Edelman, 1995.
22
Edelman, 1995, p. 333.
23
Putnam, Millikan, Langacker, Lakoff, Johnson e Searl, Edelman, Damásio.

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1.3.5 PERCEPÇÃO DE RISCO Em primeiro lugar, consideremos tudo o que respeita aos conceitos
de desastre e desastre “natural”. O Plano Nacional de Defesa Civil
DE DESASTRE considera o desastre como “o resultado de eventos adversos, naturais
De tudo o que foi dito se reconhece a complexidade de que se revestem ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando
as questões relativas à percepção. Mas quando falamos da percepção danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos
de risco de desastre “natural”, surgem vários outros problemas econômicos e sociais”28. O glossário da Defesa Civil de Santa Catarina
suplementares. Efetivamente, o debate sobre os chamados desastres inclui como definição de desastre: “resultado de eventos adversos,
naturais (por vezes, também, designados de calamidades ou catástrofes naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável,
naturais) mistura diversos termos muito polissêmicos (ou seja admitem causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou
vários significados) . É o que, para além dos termos desastre e natural,
26
sociedade envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais,
se passa com o termo risco que tem entrado, cada vez mais, na agenda econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com
e terminologia científica e, embora tenha sido às ciências sociais que o problema usando meios próprios”. Embora estas sejam as definições
chegaram por último, é com elas que têm ganho maior destaque27. Mas, se oficiais e, como tal, a definição que se constitui como referência legal,
passa, ainda, com as designações perigo ou ameaça e vulnerabilidade pessoas individualmente consideradas, grupos ou comunidades, podem
e suas relações com o conceito de risco. ter outras percepções sobre o que é um desastre; para além disso, mesmo
aceitando esta definição, podem ter diversas interpretações dela.

A designação de desastre “natural” tem a ver com a ideia de que a causa


direta do desastre é um fenômeno natural. Mas essa designação ajuda a A designação
consolidar a ideia/conceitualização de que, como a causa do desastre é de desastre
natural, o homem tem pouca ou nenhuma responsabilidade e, como tal,
“natural” tem
a ver com a
controle sobre os desastres, diminuindo, assim, implicitamente, o peso
ideia de que a
das vulnerabilidades e, mesmo, de algumas medidas preventivas. Em
causa direta
estudos por nós realizados29, apesar da maioria dos inquiridos assinalar do desastre é
a intervenção humana como relativamente ou muito responsável pela um fenômeno
ocorrência de desastres, várias pessoas localizavam essa responsabilidade natural.
humana em coisas muito gerais, como a poluição causada pelo Homem
ou o desrespeito pela natureza. Outros, embora em número restrito,
consideram que pouco ou nada o homem pode fazer, ou porque acham
que a natureza é demasiado forte, ou porque consideram que tudo está
sobre controle divino.

26
Gruntfest, 1995; Mattedi e Butzke, 2001; Marandola e Hogan, 2004; Castro et al., 2005; Carvalho et al., 2007; Freitas et al., 2011. 28
MIN, 2008, p.11.
27
Marandola e Hogan, 2004. 29
Freitas et. al., 2011.

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As percepções relativas a desastres e desastres “naturais” são, assim, fortemente afetadas por fatos
como ter ou não vivenciado um desastre “natural” ou outro tipo de desastre, ter algum familiar ou amigo
próximo que passou por isso, pela forma como viu/leu/interpretou descrições de desastres “naturais”, grau
de conhecimento formal e informal sobre desastres e desastres “naturais”, etc.

Mário Freitas,
slide apresentação
Percepção de Risco,
Capacitação Técnica
em Situação de Risco
e Desastre, SDC/
FECAM, 2012.

Vejamos um exemplo simples de percepção de risco: ao atravessar


a rua eu fico mais vulnerável ao perigo/ameaça de ser atropelado por
um automóvel em alta velocidade e, por isso, eu olho cautelosamente
para um e outro lado antes de atravessar a rua e/ou espero a luz verde
e/ou apresso o passo. Embora simples, esta percepção de risco é já
bem complexa (se bem que possa estar muito automatizada, devido à

Em segundo lugar, há que considerar os conceitos de risco, ameaça ou perigo e vulnerabilidade. O termo repetição contínua). Efetivamente, ela exige a seleção, interpretação e

risco admite vários significados diferentes. Em estudos por nós realizados, com pessoas de áreas de risco, categorização de sensações (ruído de carro se aproximando e/ou visão

em alguns municípios de Santa Catarina, mais de 50% dos inquiridos considera como risco de desastre: do carro), categorização de possíveis respostas motoras (paragem e/ou
aceleração do passo e/ou correr, etc) e avaliação e tomada de decisão da Reação de luta
a) ações humanas inadequadas, por exemplo, desmatamentos, “construção de casas em barrancos” ou,
ação a tomar.
ou fuga significa
mesmo, poluição; b) a atitude geral do homem perante a natureza. Cerca de 25% considera o risco como
prepará-lo para,
equivalente ao próprio evento extremo e à ameaça natural. Os restantes inquiridos definem risco recorrendo em frações de
a outras ideias, como por exemplo, falta de planejamento. Ou seja, tomando como referência as definições segundo, fugir
oficiais de risco como resultante da interação entre ameaça ou perigo natural e vulnerabilidade (humana Certas ações são involuntárias, outras voluntárias e outras, ainda, têm de um perigo/
e social) verifica-se que as percepções acerca do risco se encontram também afetadas pelo fato de serem, caráter misto. Assim, por exemplo, é a chamada reação de luta ou ameaça ou
tão somente, percepções de perigo/ameaça, percepções de vulnerabilidade ou percepções que ponderem fuga que, do ponto de vista do organismo significa prepará-lo para, enfrentá-lo.
os dois fatores (ameaça e vulnerabilidade). em frações de segundo, fugir de um perigo/ameaça ou enfrentá-lo.

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Essa reação espontânea de luta ou fuga é muito importante nas situações Assim, por exemplo, baseados no fato de que em certas regiões de risco
de enfrentamento com o desastre, em si. Contudo, a exata medida dessa (como por exemplo o bairro do Saco Grande em Florianópolis) nunca Baseados no
reação espontânea, ou seja, se fujo e como fujo ou se luto/enfrento e como ocorreu um verdadeiro desastre, vários moradores por nós entrevistados fato de que em
luto/enfrento, já não é espontânea mas sim resultante de uma complexa acreditam que tal nunca irá suceder. Trata-se, pois, de uma convicção que
certas regiões
de risco nunca
tomada de decisão onde a história passada, os saberes adquiridos, as se apoia numa percepção de risco. A atitude de constante observação
ocorreu um
emoções/sentimentos, que surgem, etc têm papel muito ativo. No caso dos morros, vigiando sinais de um eventual perigo de deslizamento verdadeiro
de uma resposta a um deslizamento ou inundação que está ocorrendo, ou medindo-o quando ele é lento e progressivo, os valiosos registros desastre, vários
por exemplo, eu posso fugir ou, caso tenha um familiar em perigo, ficar de chuva caída, etc, realizados por moradores da Região dos Baús, moradores
e enfrentar o risco. Ponderações de natureza emotiva formal estão em Ilhota, SC. A generalizada convicção dos moradores do bairro de acreditam que
São muito mais
tal nunca irá
envolvidas nesta decisão. Casos como o descrito no grave incidente na importantes as Barranca em Araranguá/SC de que é possível continuar vivendo lá porque,
suceder. Trata-
discoteca Kiss em Santa Maria, RS, em que um estudante que, quando da formas como por um lado, desfrutam da vantagem de morar perto do centro e, por
se, pois, de uma
deflagração do incêndio conseguira fugir para o exterior, ficando a salvo e, os indivíduos outro, normalmente, as enchentes são lentas, só em situações extremas
convicção que
depois, para tentar salvar uma amiga volta atrás e acaba morrendo é um antecipam atingem todas as casas, e isso dá tempo de reação suficiente, são um se apoia numa
os desastres,
exemplo dramático da influência de aspectos emocionais na percepção e, outro exemplo de como a complexidade dos processos de percepção percepção de
calculam e lidam
em particular, nas ações motoras que integram a percepção. de risco determinam uma multiplicidade de efeitos. Uma afirmação por risco.
com os riscos
e avaliam as nós recolhida junto de um morador de área de risco é, por si só, muito
Mas, do ponto de vista da prevenção de desastres, embora tenha sua
possibilidades elucidativa do que acabou de se referir:
importância, a reação de luta ou fuga não é decisiva. São muito mais
de lhes fazer
importantes as formas como os indivíduos antecipam os desastres,
frente.
calculam e lidam com os riscos e avaliam as possibilidades de lhes fazer
“…pois sair de um lugar onde sempre vivi e com conforto e se eu
frente.
não tiver dinheiro para comprar outra moradia!? Eu acho muito
pequenas as casas que fizeram para quem perdeu a sua na última
enchente”.

O acontecido na última grande cheia (2011), ocorrida em Rio do Sul, dá conta de como, apesar da existência
de um Plano de Contingência, ocorreram fortes impactos devido à combinação de um conjunto de
circunstâncias: a) diferentes previsões meteorológicas; b) diferentes percepções, acerca do real nível que as
águas iriam atingir, de populações que não viveram um evento semelhante, com outras que já viveram (as
últimas grandes cheias de Rio do Sul foram em 1983 e 1984); c) dificuldades de avaliação de risco por parte
de órgãos responsáveis; d) vários problemas operacionais de natureza diversa. Finalmente, a recente recusa
de vários moradores de Petrópolis, RJ, em sair de suas casas, nos recentes deslizamentos de 2013, apesar
dos alertas e alarmes emitidos mostra que mesmo quando refinamos os sistemas de alerta e alarmes isso só
por si, não resolve. Evidencia, também, que o problema não é só de Santa Catarina, mas de outros estados
brasileiros (e, mesmo, de outras partes do mundo). E muitos outros exemplos poderiam ser citados, mas
estes são suficientes para testar a importância da matéria em apreço.

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1.3.6 CONSIDERAÇÕES b) tratar com respeito essas percepções, contrapondo-lhes,


sempre que necessário, realidades ocorridas de lições retiradas
De tudo o que foi dito, se reconhece a complexidade de que se revestem de outros locais e envolvendo as pessoas e comunidades num
as questões da percepção de risco e seu enorme impacto na prevenção e processo reflexivo e continuado de revisão de suas percepções;
enfrentamento de desastres.
c) nunca esquecer que a memória de fatos e eventos é seletiva,
afetada por múltiplos fatores, alterável com o tempo, e isto, se
bem enquadrado em corretas políticas de defesa/proteção civil,
pode ser de grande valor em termos de resiliência, mas se não
considerado pode assumir dinâmicas não adaptativas;

d) tomar em consideração que a atividade racional sempre se


mistura com questões emocionais, sendo impossível separar
razão de emoção, nomeadamente, no que se refere à gestão de
risco;

e) nunca esquecer que a tomada de decisão em questões pessoais


e sociais se concretiza no contexto que acaba de se descrever;

f) não alimentar a ilusão de que, por mais sofisticados que sejam


os sistemas técnicos de alerta e alarme, só por si, eles não
garantem uma eficaz gestão de risco se não forem acompanhados
de ações de natureza humana e social que considerem e integrem
as percepções de risco das pessoas e comunidades;
Mário Freitas, slide apresentação Percepção de Risco, Capacitação Técnica
em Situação de Risco e Desastre, SDC/FECAM, 2012
g) que, só por si, também não basta somente tomar em
consideração as percepções de risco, mas antes se torna
necessário integrá-las em processos educativos continuados
e renovados, o que, naturalmente, exige alocação de recursos

Dentre muitas considerações e sugestões que poderiam ser feitas, humanos e financeiros;

destacamos:
h) no que se refere a questões relacionadas com questões de
a) procurar sempre e continuamente identificar percepções de desenvolvimento, replanejamento territorial, novas políticas de
risco de comunidades, nomeadamente, as que vivem em áreas uso do solo e urbanas que, devem acompanhar as tarefas de
de risco de desastre; reconstrução, e para que os diferentes interesses e percepções
de interesses sejam devidamente contemplados, deve-se incluir
atividades de mediação realizadas por pessoas independentes.

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1.4 Classificação dos desastres Quanto à evolução, os desastres podem ser classificados como: súbitos ou de evolução aguda e graduais
ou de evolução crônica.

Na busca brasileira de alinhar os conceitos e a classificação dos desastres com os critérios definidos pelos EVOLUÇÃO
órgãos internacionais, a Secretaria Nacional de Defesa Civil adotou a classificação dos desastres constante
Caracterizados pela velocidade com que o processo evolui e pela violência
do Banco de Dados Internacional de Desastres (EM-DAT), do Centro para Pesquisa sobre Epidemiologia de
dos eventos adversos causadores dos mesmos, podendo ocorrer de forma
Desastres (CRED) da Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU) e a simbologia correspondente. inesperada e surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais, sendo
assim facilmente previsíveis.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil entende que adequar a classificação brasileira à classificação utilizada
pela ONU representa o acompanhamento da evolução internacional na classificação de desastres e o
Desastres súbitos ou de Ex.: deslizamentos de terra, as enxurradas, os vendavais, os terremotos, as
nivelamento do país aos demais organismos de gestão de desastres do mundo. evolução aguda erupções vulcânicas, as chuvas de granizo, os acidentes industriais, etc.

Até 2012, os desastres eram classificados segundo os seguintes critérios: origem, evolução e intensidade.
Recentemente, com a publicação da Instrução Normativa nº 01 de 24/08/2012, ocorreram mudanças Monitoramento, preparação e tempo de resposta dos desastres: é possível
significativas na Classificação Brasileira de Desastres, e a seguir, apresentamos a descrição de cada um dos prever, monitorar sua evolução e preparar-se para responder aos seus efeitos
de forma planejada - pontuando as ações de acordo com a evolução do
critérios utilizados na referida norma. desastre.

Quanto à origem, ou causa primária do agente causador, os desastres são classificados em: Evoluem progressivamente ao longo do tempo.

No Brasil, há exemplos muito importantes deste tipo de desastres, como a


ORIGEM
estiagem e a erosão do solo.
Desastres graduais ou
Causados por processos ou fenômenos naturais que podem implicar em perdas de evolução crônica
humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio ambiente, à propriedade,
Em geral não é possível prever, monitorar sua evolução e preparar-se pois
interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos.
Naturais temos o elemento surpresa: um evento inesperado que faz com que as ações
sejam voltadas apenas para responder, sem tempo hábil para planejamento
Os grupos dos desastres naturais são: Geológicos, Hidrológicos, Meteorológicos, das ações.
Climatológicos e Biológicos.

Originados de condições tecnológicas ou industriais, incluindo acidentes,


procedimentos perigosos, falhas na infraestrutura ou atividades humanas específicas, A intensidade dos desastres é definida em termos relativos, pois a classificação em termos relativos é
que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio
precisa, útil e racional, levando em consideração a necessidade de recursos para o restabelecimento da
ambiente, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos.
situação de normalidade e a disponibilidade desses recursos na comunidade afetada e nos demais parceiros.
Tecnológicos
Grupos dos desastres tecnológicos: Desastres relacionados a substâncias radioativas, A classificação quanto à intensidade obedece a critérios baseados na relação entre a necessidade de recursos
Desastres relacionados a produtos perigosos, Desastres relacionados a incêndios
para o restabelecimento da situação de normalidade e a disponibilidade desses recursos na área afetada
urbanos, Desastres relacionados a Obras Civis e Desastres relacionados a transporte
de passageiros e cargas não perigosas. pelo desastre e nos diferentes níveis do SINPDEC. Assim, no que se refere à intensidade, os desastres
podem ser classificados em dois níveis:

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Para simplificar tudo que vimos até o momento, segue abaixo o quadro com o resumo da Classificação dos
Desastres de média Desastres adotada recentemente pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
intensidade. Aqueles em que os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis
pelos governos locais e a situação de normalidade pode ser
Nível I
restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou
Decretação de situação de complementados com o aporte de recursos estaduais e federais. CLASSIFICAÇÃO
emergência.
Naturais
Origem
Tecnológicos
Desastres de grande
intensidade.
Aqueles em que os danos e prejuízos não são superáveis Esporádicos
Periodicidade
e suportáveis pelos governos locais, mesmo quando bem Cíclicos ou sazonais
preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade
Nível II Desastres
depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas
Desastres súbitos ou de evolução aguda
Estado de Calamidade de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil — Evolução
Desastres graduais ou de evolução crônica
Pública. SINPDEC e, em alguns casos, de ajuda internacional.

Nível I - desastres de média intensidade


Intensidade
Nível II - desastres de grande intensidade

Fonte: SEDEC, 2012.


Um novo critério adotado pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil foi a classificação dos desastres
quanto à periodicidade, descrito no Art. 9º, os quais classificam-se em:

PERIODICIDADE
Buscou-se, com as mudanças adotadas na classificação dos desastres, colocar critérios mais objetivos e
quantitativos para que o agente de Defesa Civil pudesse realizar uma avaliação mais próxima possível da
Ocorrem raramente com possibilidade limitada de previsão.
realidade. Classificar um desastre de forma subjetiva é perigoso, pois a definição final do nível do desastre
Esporádicos
dependerá da interpretação do avaliador, podendo o mesmo subestimar uma situação ou supervalorizar um
Ex.: desastre ambiental envolvendo derramamento de uma grande quantidade
de óleo no mar. evento adverso elevando-o a um grande desastre quando na verdade não teria tanta importância.

Independentemente da classificação do desastre ocorrido, os danos e prejuízos provocados são inevitáveis.


Ocorrem periodicamente e guardam relação com as estações do ano e os
Por isso, para colaborar nas ações de Defesa Civil, a fim de reduzir a ocorrência e a magnitude dos eventos
fenômenos associados.
causadores de desastres, bem como dos efeitos negativos destes sobre a comunidade, é preciso conhecer
Cíclicos ou Sazonais
os danos e prejuízos que eles podem provocar.
Ex.: incêndios florestais no centro-oeste do Brasil, estiagem no nordeste e sul e
as enxurradas e deslizamentos no sul e sudeste.

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1.5 Classificação dos danos Os prejuízos podem ser classificados em prejuízos econômicos públicos e prejuízos econômicos
privados.
e prejuízos

PREJUÍZOS ECONÔMICOS PÚBLICOS


Os danos causados por desastres podem ser classificados em três categorias: humanos, materiais e
ambientais.
Relacionam-se com o colapso de alguns serviços essenciais, que visam o atendimento da coletividade,
DANOS HUMANOS como a assistência médica, abastecimento de água potável, sistemas de esgoto, limpeza urbana, controle
de pragas, geração e distribuição de energia elétrica, telecomunicações, transportes, distribuição de
Dimensionados e ponderados em função do nível de pessoas afetadas pelos desastres, cabendo especificar combustíveis, segurança pública e ensino.
o número de mortos, feridos graves, feridos leves, enfermos, desaparecidos, desalojados, desabrigados
e deslocados. Como uma mesma pessoa pode sofrer mais de um tipo de dano, o número de pessoas São avaliados em função da perda de atividade econômica existente ou potencial, incluindo frustração ou
afetadas é sempre menor do que a soma de danos humanos. redução de safras, perda de rebanhos, interrupção ou diminuição de atividades de prestação de serviço e
paralisação de produção industrial.
DESALOJADO

Pessoa que foi obrigada a abandonar temporária ou definitivamente a sua habitação e não necessariamente PREJUÍZOS ECONÔMICOS PRIVADOS
carece de abrigo provido pelo sistema.
Referem-se aos danos materiais e/ou ambientais relacionados aos bens, serviços ou instalações privadas
DESABRIGADO
e relacionam-se com a perda de atividade econômica na indústria, comércio ou agronegócio, sem afetar
Pessoa cuja habitação foi afetada por dano ou ameaça de dano e que necessita de abrigo provido pelo diretamente a coletividade.
sistema.

DESLOCADO

A pessoa que, por motivo de desastre, perseguição política ou religiosa, é obrigada a migrar da região que Enquanto os danos representam a intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas,
habita para outra mais propícia.
os prejuízos são a medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um
DANOS MATERIAIS determinado bem, em circunstâncias de desastre ou acidente.
Corresponde, predominantemente, aos bens imóveis e às instalações que foram danificados ou destruídos
em decorrência de um desastre. Um exemplo fácil que diferencia dano e prejuízo são os acidentes de trânsito: as pessoas feridas e a lataria
amassada dos veículos representam os danos, enquanto os valores do serviço médico, dos remédios e do
São contabilizadas as instalações públicas de saúde, de ensino ou prestadoras de outros serviços; as conserto do carro representam o prejuízo.
unidades habitacionais; as obras de infraestrutura e as instalações públicas de uso comunitário danificadas
ou destruídas. Em alguns desastres, é bastante difícil afirmar quais os danos e prejuízos existentes, pois eles podem não
DANOS AMBIENTAIS estar evidentes ou mesmo porque são difíceis de ser mensurados. Um bom exemplo disto está na tentativa

Por serem de reversibilidade mais difícil, contribuem de forma importante para o agravamento dos desastres de medir os danos humanos: avaliar o impacto psicológico de um desastre em uma comunidade pode ser
e são medidos quantitativamente em função do número de pessoas afetadas em relação à população do bastante subjetivo. Transformar este impacto em um valor financeiro torna-se ainda mais difícil.
município (percentual da população).
É preciso lembrar que a compreensão dos danos e prejuízos é fundamental para o estudo dos desastres.
São estimados em função do nível de: poluição e contaminação recuperável em médio e longo prazo do ar, Afinal, não é a intensidade do evento que determina um desastre, mas sim suas consequências em termos
da água, ou do solo; diminuição ou exaurimento a longo prazo da água; e destruição de Parques, Áreas de
de danos e prejuízos.
Proteção Ambiental e Áreas de Preservação Permanente Nacionais, Estaduais ou Municipais.

Fonte: Glossário de Defesa Civil (2007),

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

1.6 CODIFICAÇÃO BRASILEIRA DE


DESASTRES – COBRADE CATEGORIA GRUPO SUBGRUPO TIPO SUBTIPO COBRADE

1. Terremoto 1. Tremor de 0 1.1.1.1.0


terra
Existe, no Brasil, uma grande diversidade de desastres naturais 2. Tsunami 0 1.1.1.2.0
2. Emanação 0 0 1.1.2.0.0
e tecnológicos. A realidade brasileira pode ser caracterizada pela vulcânica
1. Quedas, 1. Blocos 1.1.3.1.1
frequência dos desastres naturais cíclicos, especialmente as inundações
Tombamentos e 2. Lascas 1.1.3.1.2
em quase todo o país e seca na região Nordeste. É também observado rolamentos 3. Matacões 1.1.3.1.3
4. Lajes 1.1.3.1.4
um crescente aumento dos desastres de natureza tecnológica. Isso se dá 3. Movimento de 2. Deslizamentos 1. 1.1.3.2.1
massa Deslizamentos
pelo crescimento urbano desordenado, pela falta de planejamentos de
de solo e ou
ações de prevenção e preparação para os desastres. rocha
3. Corridas de 1. Solo/Lama 1.1.3.3.1
Em virtude dessa variedade de desastres existentes, sentiu-se a Massa 2. 1.1.3.3.2
Rocha/Detrito
necessidade de padronizar a nomenclatura relacionada com desastres. 4. Subsidências e 0 1.1.3.4.0
colapsos
A padronização possibilita o desenvolvimento de uma base teórica para
1. Erosão 0 1.1.4.1.0
1. NATURAL 1. GEOLÓGICO
criação de programas de banco de dados sobre desastres, podendo Costeira/Marinha
4. Erosão 2. Erosão de 0 1.1.4.2.0
relacionar esses dados com uma base cartográfica e permitir a interação Margem Fluvial
entre diferentes níveis de informações armazenadas. Essa padronização foi 3. Erosão 1. Laminar 1.1.4.3.1
Continental 2. Ravinas 1.1.4.3.2
definida pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, e recentemente 3. Boçorocas 1.1.4.3.3
1. Inundações 0 0 1.2.1.0.0
modificada objetivando adequar a classificação brasileira à classificação
2. Enxurradas 0 0 1.2.2.0.0
utilizada pela ONU, representando o acompanhamento da evolução 2. HIDROLÓGICO 3. Alagamentos 0 0 1.2.3.0.0
internacional na classificação de desastres e o nivelamento do país aos 1. Sistemas de 1. Ciclones 1. Ventos 1.3.1.1.1
Grande Costeiros
demais organismos de gestão de desastres do mundo. Além disto, a
Escala/Escala (Mobilidade
classificação adotada pela ONU é mais simplificada do que a Codificação Regional de Dunas)
2. Marés de 1.3.1.1.2
de Desastres, Ameaças e Riscos (CODAR) utilizada anteriormente pelo Tempestade
SINPDEC. (Ressacas)
2. Frentes 0 1.3.1.2.0
Frias/Zonas de
A Codificação de Desastres diz respeito à tipificação dos desastres, já que Convergência
3.
o desastre expressa o resultado de um evento adverso, em consequência, 2. Tempestades 1. Tempestade 1. Tornados 1.3.2.1.1
METEOROLÓGICO
Local/Convectiva 2. Tempestade 1.3.2.1.2
para fins de tipificação, a Codificação Brasileira de Desastres define-se de Raios
3. Granizo 1.3.2.1.3
em função dos eventos adversos, causadores destes.
4. Chuvas 1.3.2.1.4
Intensas
Na tabela a seguir, é apresentado o quadro resumo com a classificação e 5. Vendaval 1.3.2.1.5
3. Temperaturas 1. Onda de Calor 0 1.3.3.1.0
respectiva Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE):
Extremas 2. Onda de Frio 1. Friagem 1.3.3.2.1
2. Geadas 1.3.3.2.2

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CATEGORIA GRUPO SUBGRUPO TIPO SUBTIPO COBRADE

1. Terremoto 1. Tremor de 0 1.1.1.1.0


GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES terra GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES
2. Tsunami 0 1.1.1.2.0
2. Emanação 0 0 1.1.2.0.0
vulcânica
1. Quedas, 1. Blocos 1.1.3.1.1
Tombamentos e 2. Lascas 1.1.3.1.2
rolamentos 3. Matacões 1.1.3.1.3
4. Lajes 1.1.3.1.4
3. Movimento de 2. Deslizamentos 1. 1.1.3.2.1
massa Deslizamentos
de solo e ou
rocha
3. Corridas de 1. Solo/Lama 1.1.3.3.1
Massa 2. 1.1.3.3.2
Rocha/Detrito
4. Subsidências e 0 1.1.3.4.0
colapsos
1. Erosão 0 1.1.4.1.0
1. NATURAL 1. GEOLÓGICO Costeira/Marinha
4. Erosão 2. Erosão de 0 1.1.4.2.0
Margem Fluvial
3. Erosão 1. Laminar 1.1.4.3.1
Continental 2. Ravinas 1.1.4.3.2
3. Boçorocas 1.1.4.3.3
1. Inundações 0 0 1.2.1.0.0
2. Enxurradas 0 0 1.2.2.0.0
2. HIDROLÓGICO 3. Alagamentos 0 0 1.2.3.0.0

1. Sistemas de 1. Ciclones 1. Ventos 1.3.1.1.1


Grande Costeiros
Escala/Escala (Mobilidade
Regional de Dunas)
2. Marés de 1.3.1.1.2
Tempestade
(Ressacas)
2. Frentes 0 1.3.1.2.0
Frias/Zonas de
3. Convergência
2. Tempestades 1. Tempestade 1. Tornados 1.3.2.1.1
METEOROLÓGICO
Local/Convectiva 2. Tempestade 1.3.2.1.2
de Raios
3. Granizo 1.3.2.1.3
4. Chuvas 1.3.2.1.4
Intensas
5. Vendaval 1.3.2.1.5
3. Temperaturas 1. Onda de Calor 0 1.3.3.1.0
Extremas 2. Onda de Frio 1. Friagem 1.3.3.2.1
2. Geadas 1.3.3.2.2

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

5. Transporte 0 2.2.4.5.0
marítimo
2.2.4.6.0
2. Ciclo de Gestão
6. Transporte 0
aquaviário
1. Incêndios em
3. Desastres
Relacionados a 1. Incêndios urbanos
plantas e
distritos
0 2.3.1.1.0
de Defesa Civil
Incêndios Urbanos industriais,
parques e
depósitos.
2. Incêndios em 0
Em nosso cotidiano, cada vez mais nos defrontamos com notícias
aglomerados 2.3.1.2.0
residenciais referentes aos riscos a que estamos expostos. As sociedades sempre irão
4. Desastres 1. Colapso de 0 0 2.4.1.0.0
relacionados a edificações conviver com eventos naturais, que têm se intensificado nos últimos anos,
obras civis 2. 0 0 2.4.2.0.0 em virtude das variações de temperatura, precipitação, nebulosidade e
Rompimento/colapso
de barragens outros fenômenos ocasionados pelas mudanças climáticas em escala
5. Desastres 1. Transporte 0 0 2.5.1.0.0 global. Além dos riscos naturais, estamos expostos aos riscos que
relacionados a rodoviário
transporte de determinadas tecnologias, na forma de produtos ou processos industriais,
2. Transporte 0 0 2.5.2.0.0 O aumento das
passageiros e ferroviário
cargas não 3. Transporte aéreo 0 0 2.5.3.0.0
podem causar à nossa saúde e ao meio ambiente. ocorrências de
perigosas 4. Transporte marítimo 0 0 2.5.4.0.0 desastres em
5. Transporte 0 0 2.5.5.0.0 O aumento das ocorrências de desastres em todo o mundo nos leva a
todo o mundo
aquaviário refletir sobre a importância de estarmos preparados para tais eventos. Será
nos leva a
Fonte: Ministério da Integração Nacional, 2012.
necessária uma mudança cultural para minimizar os riscos de desastres, refletir sobre
pois eles sempre existiram e continuarão acontecendo. Os governos do a importância
Você pode encontrar a lista do COBRADE no site do Ministério da Integração: mundo inteiro devem priorizar investimentos e gastos públicos em ações de estarmos
<http://www.integracao.gov.br/como-obter-reconhecimento-federal>
de prevenção de desastres, e não mais esperar que eles aconteçam para preparados para
tais eventos.
posteriormente dar uma resposta.

Para diminuirmos o risco de algo ruim acontecer, precisamos antecipar


o risco, ou seja, prever o que pode dar errado, para que possamos nos
prevenir.

Para prevenir os desastres em nossa comunidade, é


necessário realizar a gestão do risco, pois, antes de escolher
e implantar medidas preventivas, é necessário saber quais
são os riscos a que a comunidade está realmente exposta.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

2.1 As 5 fases
Com a criação do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC em 1988,
começaram a ser desenvolvidas ações que se concentravam na resposta
Prevenção/
aos desastres. Com o passar dos anos, e a publicação da Política Nacional
Mitigação Preparação
de Defesa Civil em 1995, a administração de desastres passou a ser vista
como um ciclo composto por quatro fases: prevenção de desastres,
preparação para emergências e desastres, resposta aos desastres e Ciclo de
Gestão em
reconstrução. Proteção e
Defesa Civil

Recentemente, com a publicação da nova Política Nacional de Proteção


Recuperação/
e Defesa Civil – PNPDEC, aprovada pela Lei nº 12.608, de 10 de Abril de Resposta
Reconstrução
2012, a gestão de desastres compreende cinco ações distintas e inter-
relacionadas, quais sejam:

• prevenção;
Fonte: CEPED UFSC, 2012.

• mitigação;

• preparação;
A divisão do processo de administração dos desastres possibilita melhor
• resposta e identificação da situação para que sejam adotadas ações mais efetivas na
prevenção, ou mesmo, na resposta aos eventos críticos.
• recuperação.
Para isso, a administração de desastres inicia a sua minimização através
da prevenção e mitigação, buscando medidas para avaliar e reduzir
o risco de desastre; e, por meio da preparação, tomar medidas para
Dessa forma, foi acrescida a fase de mitigação, que é a redução (ou
otimizar a resposta do sistema de defesa civil aos desastres.
adequação) do risco a valores aceitáveis, e a fase de reconstrução foi
substituída pela recuperação. Caso o desastre se concretize, faz-se necessário dar a resposta, ou
seja, adotar medidas de socorro, assistência às populações vitimadas e
Essas ações ocorrem de forma multissetorial e nos três níveis de
reabilitação do cenário do desastre.
governo (federal, estadual e municipal), exigindo uma ampla participação
comunitária. Na figura a seguir, você pode visualizar o ciclo de gestão em Por consequência, a administração de desastre promove a recuperação,
defesa civil: adotando medidas que restabelecem a plenitude da normalidade da
comunidade, e que fundamentam a própria prevenção pela redução de
vulnerabilidades. Desse modo, o ciclo da administração se encerra.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

A atuação da Defesa Civil de um município ou comunidade, diante dos Antes de escolher e implantar medidas preventivas, é necessário conhecer quais são os riscos a que a
desastres – sejam eles naturais ou tecnológicos – amplia-se com base comunidade está realmente exposta. A Análise de Risco engloba a identificação, avaliação e hierarquização,
Atualmente,
nessas cinco fases, e, em consequência, o cidadão também ganha novas a defesa tanto dos tipos de ameaça quanto dos elementos em risco. Após a realização desse processo, é possível
alternativas de participação. civil trabalha definir as áreas de maior risco.
com foco na
A Análise de Risco é uma metodologia de estudo que permite a identificação e a avaliação das ameaças
prevenção e
Atualmente, a defesa civil trabalha com foco na prevenção e mitigação
mitigação de de eventos ou acontecimentos adversos de maior prevalência em determinado contexto. Ao mesmo tempo,
desastres, permite a identificação dos corpos receptores e das comunidades vulneráveis a essas ameaças, dentro de
de desastres, para evitar ou minimizar seus efeitos. Neste sentido,
para evitar ou um determinado sistema receptor, cenário de desastres ou região geográfica (CASTRO, 2007).
a sensibilização e percepção de risco da comunidade também são
minimizar seus
importantes para a sua prevenção, pois só assim a comunidade pode efeitos. Já a Análise Preliminar de Riscos é o método de estudo preliminar e sumário de riscos, normalmente
cobrar e reivindicar melhorias, garantindo continuidade ao processo. conduzido em conjunto com a comunidade ameaçada. Tem como objetivo identificar os desastres potenciais
de maior prevalência na região e as suas características intrínsecas, com a finalidade de prever e prevenir
riscos de desastres (CASTRO, 2007).

Ao conhecer a probabilidade e a magnitude de determinados eventos adversos no seu município ou


2.2 Prevenção de desastres comunidade, bem como o impacto deles, caso realmente aconteçam, temos a possibilidade de selecionar e
A Prevenção de Desastres é o conjunto de ações destinadas a reduzir a priorizar os riscos que exigem maior atenção.
ocorrência e a intensidade de desastres naturais e humanos, através da
avaliação e redução das ameaças e/ou vulnerabilidades, minimizando os
prejuízos socioeconômicos e os danos humanos, materiais e ambientais Resumindo,
(CASTRO, 2007).

A prevenção de desastres é implementada por meio de dois A avaliação de riscos de desastres é uma metodologia de planejamento, com
processos importantes: a análise e a redução dos riscos de características de estudo de situação, que tem por finalidade identificar os desastres
desastres. potenciais de maior prevalência e caracterizar a sua importância, em função:

a) da probabilidade de ocorrência; e

Para prevenir os desastres em nossa comunidade, é necessário realizar


b) da estimativa dos danos previsíveis, caso o desastre se concretize.
a gestão de risco. Para isto, primeiro identificamos e avaliamos os
riscos existentes e, posteriormente, atuamos em duas frentes: de um
lado, atuamos de modo a diminuir a probabilidade e a intensidade da
ameaça; de outro, atuamos para reduzir as vulnerabilidades e fortalecer a
capacidade de enfrentamento dos riscos.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

A avaliação de riscos de desastres desenvolve-se por intermédio dos O principal objetivo da identificação das ameaças é reconhecer os
seguintes estudos: eventos ou combinações de eventos indesejáveis que podem ocasionar O principal objetivo
danos ao ser humano, à propriedade ou ao meio ambiente, para que da identificação
• análise da variável ameaça; das ameaças
possam ser definidas as hipóteses acidentais que poderão acarretar
é reconhecer
• análise da variável vulnerabilidade; consequências significativas. A identificação das ameaças é possível
os eventos ou
através da elaboração de uma lista contendo os eventos adversos que já combinações de
• síntese conclusiva sobre a estimativa de riscos. ocorreram e os que podem vir a ocorrer. eventos indesejáveis
que podem
Na atuação sobre as ameaças identificadas, são tomadas medidas para
ocasionar danos
reduzir a probabilidade de que um evento adverso ocorra ou, ainda, para ao ser humano, à
O processo de Análise de Risco é dividido em três etapas:
que a sua intensidade seja atenuada. propriedade ou ao
meio ambiente.
Nem sempre é possível diminuir a frequência e a magnitude dos eventos,
1) IDENTIFICAÇÃO DAS AMEAÇAS,
principalmente quando se trata de desastres naturais. Apesar de a ação
do homem sobre a natureza influenciá-la, ele não possui controle sobre O objetivo da
avaliação dos
2) AVALIAÇÃO DOS RISCOS E
o ambiente. Mesmo em situações que podem ser controladas, como em
riscos é mensurar
desastres de origem humana ou tecnológica, por exemplo – em que é
o risco através
possível evitar falhas e acidentes – tal controle não é absoluto. da quantificação
3) HIERARQUIZAÇÃO DOS RISCOS. da frequência da
O objetivo da avaliação dos riscos é mensurar o risco através da
ocorrência de
quantificação da frequência da ocorrência de eventos indesejáveis e de
eventos indesejáveis
suas consequências, mapeando a área geográfica que provavelmente será e de suas
O termo “ameaça”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado
afetada. Utilizam-se, como recurso, séries históricas de acidentes, quando consequências.
como estimativa da ocorrência e magnitude de um evento adverso,
houver disponibilidade e confiabilidade, ou cálculos probabilísticos.
expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do
evento (ou acidente) e da provável magnitude de sua manifestação. A avaliação de riscos de desastres desenvolve-se através da caracterização do grau de vulnerabilidade e da
caracterização dos riscos.
Ao estudar e analisar as ameaças, procura-se identificar e caracterizar os
fenômenos, acontecimentos, acidentes ou eventos adversos que podem O termo “vulnerabilidade”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado como a condição intrínseca
ser causas potenciais de desastres de maior prevalência em determinada ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os
região ou cenário estudado. efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis.

A identificação das ameaças compreende a identificação dos eventos ou Enquanto a variável “ameaça” relaciona-se com a prevalência e a magnitude dos fenômenos adversos, a
fenômenos adversos (naturais ou provocados pelo homem) causadores variável “vulnerabilidade” relaciona-se com o estudo dos sistemas receptores e dos corpos receptivos aos
de desastres e de sua caracterização, através do levantamento de suas efeitos nocivos ou desfavoráveis desses eventos.
características intrínsecas e da identificação do cenário que pode ser
A caracterização do grau de vulnerabilidade compreende o estudo dos cenários e das populações em
afetado por seus efeitos desfavoráveis.
risco, com a finalidade de avaliar, por intermédio de estudos epidemiológicos e de modelos matemáticos, a
proporção existente entre a magnitude dos eventos adversos e a intensidade dos danos esperados, ou seja,
a relação existente entre causa e efeito.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Ao se analisar a variável “vulnerabilidade”, procura-se identificar e • organizativa – deficiência dos mecanismos de organização
caracterizar quais são os corpos receptivos e sistemas receptores e mobilização da comunidade para a identificação e resolução
vulneráveis aos efeitos desfavoráveis dos eventos adversos. dos problemas comuns;

• educativa – precariedade dos programas educacionais


para promover a gestão de riscos e a cultura preventiva em
No caso das vulnerabilidades, em nossas comunidades, há muitas
relação aos desastres;
condições que geram diferentes tipos para a população, tais como:

• ideológica – existência de mitos, crenças e valores que


estimulam uma visão fatalista sobre os desastres.
a. vulnerabilidade física – localização das residências,
equipamentos comunitários (como escolas e postos de saúde)
em áreas de risco, má qualidade das construções, etc;

b. vulnerabilidade econômica – falta de financiamento para


Sem dúvida, a vulnerabilidade ou insegurança intrínseca dos sistemas é o
a produção, desemprego, baixo preço dos produtos agrícolas,
fator preponderante para a intensificação dos desastres.
etc;
A segurança intrínseca dos sistemas, definida conceitualmente como
c. vulnerabilidade ambiental – desmatamento de encostas,
o inverso da vulnerabilidade, depende da capacidade dos sistemas
poluição dos mananciais de água, esgotamento do solo por
receptores para manter o equilíbrio dinâmico do meio interno ou recuperar
práticas agrícolas inadequadas, queimadas, destino incorreto do
o equilíbrio dinâmico, quando este é ameaçado.
lixo, etc;
O termo “capacidade” é assim conceituado: a maneira como a comunidade
d. vulnerabilidade social – a vulnerabilidade social está
– quando afetada por um evento adverso – utiliza os recursos existentes
relacionada a como as pessoas se organizam e se relacionam.
para reduzir os danos ou tornar a recuperação mais rápida e eficiente.
A vulnerabilidade social pode estar relacionada com a
Daí a importância dos programas de prevenção e de preparação para
vulnerabilidade:
emergências e desastres. Então, como é possível reduzir os desastres, se
não é possível reduzir significativamente o evento que os causa?
• política – pequena participação, dificuldade de
acesso à informação, ausência de planos e políticas de O termo “risco”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado
desenvolvimento nacional, estadual, municipal e comunitário; como: relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de
evento adverso ou acidente determinado se concretize, com o grau de
• institucional – dificuldade dos governos locais para
vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos.
aplicarem leis que protejam os recursos naturais, disciplinem
o uso e a ocupação do solo e garantam a segurança da
população;

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

A estimativa de riscos é a síntese conclusiva que resulta da análise das variáveis “ameaça” e “vulnerabilidade” Quando se estudam riscos tóxicos, por exemplo, a caracterização dos riscos define a relação existente
e permite estabelecer as relações de causa e efeito. entre a dose absorvida e os efeitos nocivos previstos, em termos de agravos à saúde.

A caracterização dos riscos é a descrição final dos diferentes efeitos potenciais de um determinado risco e Ao se concluir a avaliação do risco, chega-se a uma síntese através da qual se estimam os riscos, ou seja,
a estimativa dos danos prováveis, em função da relação existente entre a magnitude do fenômeno ou evento a intensidade dos danos e prejuízos previstos, em termos de probabilidade estatística de ocorrência e
adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor. grandeza das consequências possíveis.

A caracterização dos riscos compreende a conclusão sobre o grau de importância dos riscos existentes
numa determinada comunidade.

ANÁLISE DE RISCO
Catastrófico

Gravidade do resultado
Severo

Moderado

Leve

Nenhum
0% 25% 50% 75% 100%

Probabilidade de concretizar-se

Fonte: DEDC/APRD, 2003.

A caracterização dos riscos e estimativa da intensidade dos danos prováveis é realizada em função:
A Avaliação de
• das características intrínsecas e das prováveis magnitudes das ameaças; Riscos é útil para
a tomada de
A Avaliação de Riscos é útil para a tomada de decisão quanto à
• dos efeitos desfavoráveis dessas ameaças sobre os sistemas receptores; decisão quanto à
aceitabilidade de riscos, através da estimativa dos prováveis danos
aceitabilidade de
• do grau de vulnerabilidade ou de insegurança intrínseca dos cenários dos desastres e das e prejuízos, e quanto às medidas de controle necessárias para a sua riscos e quanto às
populações em risco; redução. medidas de controle
necessárias para a
• da avaliação da magnitude e prevalência das ameaças e dos níveis diários de exposição. sua redução.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Depois de avaliados, pode-se fazer uma hierarquização dos riscos a fim


de identificar prioridades para as tomadas de decisão, principalmente II - ameaças I - têm alta
que poderão probabilidade
quando trabalhamos com vários tipos de risco, que tem se intensificado
ser muito de ocorrência
nos últimos anos em virtude das mudanças climáticas que vêm ocorrendo danosas ANÁLISE DE RISCO e poderão
entretanto resultar em
no nosso planeta. têm menos Catastrófico danos
probabilidade severos
Esta é a etapa final do processo de análise de riscos de desastres, que de ocorrer
Severo
permite, após caracterizar a importância dos riscos estudados, hierarquizá- Para concluir
II I
los em função da probabilidade de ocorrência e da intensidade dos danos a Análise de
IV - ameaças Moderado III - ameaças
prováveis.
Riscos, é com baixa com alta
fundamental probabilidade probabilidade
mas que Leve de ocorrência
Para concluir a Análise de Riscos, é fundamental hierarquizar os riscos, hierarquizar
causam mas que
ou seja, determinar quais riscos são prioritários para o esforço de os riscos, ou pequenos
IV III Nenhum causam
prevenção e preparação. Isso pode ser obtido pela comparação entre
seja, determinar danos 0% 25% 50% 75% 100% pequenos
quais riscos danos
a probabilidade de uma determinada ameaça se concretizar com uma
são prioritários
Fonte: DEDC/APRD, 2003.
determinada magnitude e a intensidade dos danos e prejuízos esperados, para o esforço
caso ela se concretize. de prevenção e
preparação.
Caracterizada uma hipótese firme de desastre específico, desenvolve-se o planejamento com a finalidade de
Construir um gráfico para visualização das estimativas é uma boa definir alternativas de gestão, objetivando a redução dos riscos de desastres e o incremento da segurança
alternativa para categorizar os riscos, que devem estar agrupados em intrínseca dos sistemas vulneráveis.
quatro níveis:
Após realizar a análise dos riscos, é necessário reduzi-los a fim de garantir a seguridade da população. A
redução dos riscos de desastre pode ser possível com uma atuação sobre as ameaças e as vulnerabilidades
identificadas e priorizadas na análise de risco.
• Nível I: têm alta probabilidade de se concretizar e os
danos serão severos.

• Nível II: têm pequena probabilidade de se concretizar e


os danos serão severos. RISCO
AMEAÇA

• Nível III: têm alta probabilidade de se concretizar e os


danos serão pequenos.

• Nível IV: têm pequena probabilidade de se concretizar e


os danos serão pequenos.

VULNERABILIDADE
Fonte: DEDC/APRD, 2003.
RfA,V

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Primeiramente, é importante lembrar que a redução de desastres significa a redução dos danos e prejuízos Nos casos de estabilização de encostas, executam-se diversos tipos de obras combinadas: retaludamentos,
decorrentes dos eventos adversos. Ou seja, é possível reduzir as consequências que os desastres podem aterros e até mesmo obras com estrutura de contenção podem ser danificados ou destruídos, quando seus
causar: o objetivo principal de reduzir os desastres é que menos pessoas sejam mortas, fiquem feridas ou projetos não preveem sistemas de drenagem eficientes.
doentes; que não haja muitas edificações, estradas ou propriedades danificadas e que o meio ambiente não
sofra alterações prejudiciais significativas. Reduzindo os fatores de vulnerabilidade, o risco de desastres é
diminuído.

Além disso, é possível estruturar as defesas civis nos municípios e orientar a população para medidas de
proteção a serem tomadas em caso de desastres, aumentando, assim, sua capacidade de resposta ao
evento.

A redução do grau de vulnerabilidade é conseguida por intermédio de


medidas estruturais e não estruturais.

As medidas estruturais têm por finalidade aumentar a segurança


intrínseca das comunidades, por intermédio de atividades construtivas. As medidas
Alguns exemplos de medidas estruturais são: as barragens, os açudes, estruturais têm
por finalidade As obras de drenagem e de proteção superficial não devem ser encaradas apenas como obras auxiliares
a melhoria de estradas, a construção de galerias de captação de águas
aumentar a ou complementares no projeto de estabilização. Uma correta execução destas obras pode ser o principal
pluviais, os muros de arrimo, sistemas de drenagem, revegetação,
segurança instrumento na contenção de diversos problemas de instabilização. Outro aspecto a ser considerado é que
remoção de moradias, entre outras.
intrínseca das projetos mal elaborados ou execução deficiente de obras de contenção, podem potencializar a magnitude
comunidades, das instabilizações.
por intermédio
de atividades
construtivas.

64 65

DEFESA CIVIL - santa catarina DEFESA CIVIL - santa catarina


GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

As medidas estruturais englobam a execução de um plano voltado para • campanhas educativas e distribuição de cartilhas
a redução dos riscos, através de implantação de obras de engenharia relacionadas com a gestão de risco;
de forma planejada. Em muitos casos, o problema é tão complexo que As medidas
não estruturais, • garantir monitoramento permanente das áreas de risco
não há tempo suficiente para executar a obra, sendo necessário planejar
por sua vez, e atualizar sistematicamente os cadastros das famílias que
formas de monitoramento permanente e prevenção de acidentes (ações
compreendem ocupam esses setores;
não estruturais) nas áreas de risco. um conjunto
de medidas • fortalecer a Defesa Civil através da ampliação e
As medidas não estruturais, por sua vez, compreendem um conjunto de
estratégicas e capacitação dos quadros técnicos, da melhoria das condições
medidas estratégicas e educativas, sem envolver obras de engenharia,
educativas, sem
voltadas para a redução do risco e de suas consequências. de infraestrutura e do respaldo político da gestão municipal;
envolver obras
de engenharia, • considerar a redução de risco nos Planos Diretores
As medidas não estruturais utilizam-se de ferramentas de gestão e
voltadas para
relacionam-se com a mudança cultural e comportamental e com a Municipais; e
a redução do
implementação de normas técnicas e de regulamentos de segurança. risco e de suas • definir e implementar o modelo de gestão de risco que
Estas medidas têm por finalidade permitir o desenvolvimento das consequências.
atenda aos problemas do município.
comunidades em harmonia com os ecossistemas naturais ou modificados
pelo homem.

Dentre as medidas não estruturais relacionadas com a prevenção de


desastres (redução de riscos), destacam-se as seguintes:

• microzoneamento urbano e rural e uso racional do espaço


geográfico;

• implementação de legislação de segurança e de normas


técnicas, relacionadas com a redução dos riscos de desastres;

• promoção da mudança cultural e comportamental e de


educação pública, objetivando a redução das vulnerabilidades
das comunidades em risco;

• promoção de apoio ao planejamento e gerenciamento


da prevenção de desastres (análise e redução de riscos de Para alguns municípios, falta a formulação de um modelo de gerenciamento

desastres) nos municípios com baixos níveis de capacitação a ser adotado pela Defesa Civil municipal, focado na prevenção de

técnica; desastres. Deve estar prevista nesse modelo a adoção de medidas


preventivas não estruturais, como a análise de riscos de desastres no
município, visando à sua redução.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Outra questão que deve ser ressaltada nesse conjunto de medidas não
2.3 Mitigação de desastres
estruturais é a aproximação com a comunidade das áreas de risco, Essa aproximação
através de um processo contínuo de envolvimento e participação efetiva com a comunidade A fase de mitigação foi incluída recentemente, em 2012, com a publicação
é importante para da nova Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. A inclusão desta
em todas as fases de atuação da Defesa Civil.
o fortalecimento fase faz parte de um processo de atualização dos conceitos brasileiros
Essa aproximação com a comunidade é importante para o fortalecimento do processo de
em consonância com os utilizados pela Estratégia Internacional para a
do processo de percepção de risco, focada na compreensão dos processos percepção de
Redução de Desastres – EIRD.
risco, focada na
destrutivos e na convivência com o risco, tendo como consequência a
compreensão Como mencionado anteriormente, a prevenção englobava a eliminação ou
redução da vulnerabilidade das famílias ameaçadas por desastres, que
dos processos
passam a assimilar práticas cotidianas mais seguras. redução do risco, e para a EIRD a prevenção (ou prevenção de desastres)
destrutivos e na
expressa o conceito e a intenção de evitar por completo os possíveis
convivência com o
risco, tendo como impactos adversos (negativos) mediante diversas ações planejadas e
consequência realizadas antecipadamente.
a redução da
Já a mitigação é a diminuição ou a limitação dos impactos adversos das
vulnerabilidade das
famílias ameaçadas ameaças e dos desastres afins, pois, frequentemente, não é possível Mitigação é
por desastres. prevenir todos os impactos adversos das ameaças, mas é possível a diminuição
diminuir consideravelmente sua escala e severidade mediante diversas
ou a limitação
dos impactos
estratégias e ações.
adversos das
Como nem sempre é possível evitar por completo os riscos dos desastres ameaças e dos
e suas consequências, as tarefas preventivas acabam por se transformar
desastres afins.
Todas estas medidas podem ser implantadas pelo poder público, por em ações mitigatórias (de minimização dos desastres), e por essa razão,
meio de ações legislativas, intensificação da fiscalização, campanhas algumas vezes, os termos prevenção e mitigação (diminuição ou limitação)
educativas e obras de infraestrutura. Podem, ainda, ser concretizadas são usados indistintamente.
por meio de parcerias entre o poder público e a sociedade, principal
beneficiada com mais medidas de redução dos riscos.

Outro fator importante é que, ao reduzir os desastres, o restabelecimento


da normalidade pode ser feito mais rapidamente sem consumir os
recursos financeiros que poderiam ser direcionados para outras ações
voltadas à melhoria da qualidade de vida da comunidade.

Esta preocupação com o restabelecimento da normalidade, bem como


com a diminuição das consequências do desastre, é essencial, pois –
conforme experiências bem-sucedidas ao redor do mundo, inclusive
no Brasil – é melhor reduzir os riscos de desastres do que aperfeiçoar a
maneira de resposta após sua ocorrência.

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Deste modo, salienta-se a importância de conhecer o Marco de Ação de Hyogo, o qual emergiu em função
2.4 Preparação para
do aumento do número de desastres naturais no mundo nos últimos anos. Deste modo, a Organização
das Nações Unidas (ONU) foi pressionada a estabelecer um plano para ajudar governos a fortalecer seus
emergências e desastres
sistemas de prevenção. A preparação para emergências e desastres engloba um conjunto de ações
desenvolvidas pela comunidade e pelas instituições governamentais
Em 2005, governos chegaram a um acordo sobre a criação de um Plano de Redução de Risco para permitir
e não governamentais para minimizar os efeitos dos desastres, através
que, até 2015, o mundo estivesse mais bem preparado para responder aos desastres. Uma das criações da
da difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos e da formação
ONU, nesse contexto, foi o Marco de Ação de Hyogo.
e capacitação de recursos humanos, e para garantir a minimização de
Trata-se do instrumento mais importante para a implementação da redução de risco de desastres, adotado riscos de desastres e a otimização das ações de resposta aos desastres
por 168 países membros das Nações Unidas, tendo como objetivo aumentar a resiliência das nações e e de reconstrução (CASTRO, 2007).
comunidades diante de desastres, visando, para 2015, à redução considerável das perdas ocasionadas por
Esta fase envolve ações para a atualização da legislação pertinente;
desastres, como as perdas de vidas humanas, bens sociais, econômicos e ambientais.
a preparação de recursos humanos e interação com a comunidade,
educação e treinamento das populações vulneráveis; organização da
O Marco de Ação de Hyogo apresenta cinco áreas
cadeia de comando, articulação de órgãos e instituições com empresas e
prioritárias para a tomada de ações e medidas para
comunidades; consolidação de informações e estudos epidemiológicos;
reduzir vulnerabilidades:
sistemas de monitoramento, alerta e alarme, além do planejamento para

• reduzir o risco de desastre deve ser enfrentar as situações de desastre.

uma prioridade;

• conhecer o risco e adotar medidas;

• desenvolver uma maior compreensão A fase de preparação tem uma grande influência sobre as demais fases da
e conscientização; administração de desastres, pois contribui para otimizar:

• reduzir o risco; e

• a prevenção dos desastres, no que diz respeito à avaliação


• fortalecer a preparação em desastres
e à redução dos riscos;
para uma resposta eficaz, em todos os níveis.

• as ações de resposta aos desastres, compreendendo

Será necessária uma mudança cultural para minimizar os riscos de desastres, pois eles sempre as ações de socorro às populações ameaçadas, assistência às

existiram e continuarão acontecendo, segundo especialistas, com maior intensidade, por causa populações afetadas e reabilitação dos cenários dos desastres;

das mudanças climáticas. Os governos, do mundo inteiro, devem priorizar investimentos e gastos
• as atividades de reconstrução.
públicos em ações de prevenção de desastres e não mais esperar que eles aconteçam para
posteriormente dar uma resposta.

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Mesmo com todo o histórico de desastres que vem acontecendo no Brasil Quando falamos em planejamento dentro do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, devemos ter
nos últimos anos (cheias em Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, Ainda falta claro que o objetivo é promover o bem-estar social, garantindo a seguridade das populações que venha a
deslizamento de terra em Santa Catarina e Rio de Janeiro, por exemplo), qualificação ser afetada por desastres e calamidades. Observando os níveis hierárquicos, distinguem-se três tipos de
muitas prefeituras brasileiras ainda não se prepararam suficientemente
técnica nos planejamento: estratégico, tático e operacional.
projetos de
para prevenir novos desastres. Ainda falta qualificação técnica nos
combate aos • Planejamento estratégico: é o planejamento mais amplo e abrangente. Relaciona-se com
projetos de combate aos danos causados pelos desastres naturais. danos causados objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los.
pelos desastres
naturais. • Planejamento tático: seu desenvolvimento dá-se pelos níveis organizacionais intermediários,
A Defesa Civil é responsável pela elaboração dos Planos de Preparação, tendo como objetivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis, com projeção em médio prazo.
envolvendo todas as ações citadas anteriormente para o caso de
desastres. Apesar de os objetivos destes planos variarem de acordo com • Planejamento operacional: é o planejamento feito para cada tarefa ou atividade, com foco

as especificidades locais, de modo geral eles visam: nas atividades rotineiras, portanto os planos são desenvolvidos para períodos de tempo bastante
curtos.
• incrementar o nível de segurança, reduzindo a
vulnerabilidade dos cenários dos desastres e das comunidades
em risco;

• otimizar o funcionamento do sistema de Defesa Civil; Veja o gráfico a seguir que ilustra o grau de hierarquia entre os planejamentos:

• minimizar as influências negativas, relacionadas às


variáveis tempo e recursos, sobre o desempenho do sistema
de Defesa Civil;

• facilitar uma rápida e eficiente mobilização dos recursos


necessários ao restabelecimento da situação de normalidade em Planejamento
Estratégia Estratégico
circunstâncias de desastres.
Organizacional

O Planejamento é um processo gerencial que possibilita perceber Processos Planejamento


Organizacionais Tático
a realidade, avaliar os caminhos e construir um referencial futuro,
estruturando o trâmite adequado e reavaliando todo o processo a que o
planejamento se destina.
Operações Planejamento
Organizacionais Operacional

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Além dos diferentes graus de planejamento, de um modo geral existem quatro etapas principais que Os Planos Diretores se baseiam na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e no programa de governo
compõem o planejamento. São elas: do estado (no caso, cada um tem o seu). O Plano Diretor de Proteção e Defesa Civil está voltado para os
aspectos estratégicos, abordando programas, ações, objetivos e metas de longo prazo, os quais envolvem
as cinco fases de administração de desastres: prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.
1. ESTABELECIMENTO DOS
OBJETIVOS A ALCANÇAR; Os Planos de Contingência, elaborados para responder às hipóteses específicas de desastres, devem
integrar os Planos Diretores. Um plano de contingência é o planejamento tático, elaborado a partir de uma

2. TOMADA DE DECISÕES determinada hipótese de desastre. O planejamento é elaborado a partir do estudo de um determinado cenário
A RESPEITO DAS AÇÕES FUTURAS; de risco, caso o evento adverso venha a se concretizar. Deve ser elaborado com antecedência, para facilitar
as atividades de preparação e otimizar as atividades de resposta.

3. ELABORAÇÃO DE PLANOS; E

Os componentes do Plano de Contingência estão relacionados:

4. AÇÃO.

• À introdução: descreve a competência legal para a elaboração do plano (se for o caso),
relacionando os participantes do processo de planejamento, enumerando quem receberá cópias do

As bases que compõem o Planejamento em Defesa Civil são: plano e orientando quanto ao seu uso e atualização;

Os Planos Diretores de Defesa Civil, em nível municipal, estadual, regional e federal, os quais deverão • À finalidade: uma breve descrição dos resultados esperados com o plano, ou seja, para que
ser implementados mediante programas específicos que consideram alguns aspectos globais. Veja-os na serve;
sequência:
• À situação e aos cenários de risco: a descrição dos cenários de risco que foram identificados
na avaliação de risco. Esse tópico ajuda a compreender o foco do planejamento, pois esclarece o
cenário de risco, tal como foi considerado pela equipe de planejamento;
• Prevenção/Mitigação de Desastres: compreende medidas de avaliação de riscos
de desastres e redução de riscos de desastres; • Ao conceito de operação: descrição de quando e como os vários recursos previstos serão
ativados, desde o alerta inicial e ao longo de toda a evolução do desastre, explicando as suas
• Preparação para Emergências e Desastres: objetiva otimizar as ações preventivas,
responsabilidades;
de resposta aos desastres e de recuperação;

• À estrutura de resposta: aqui é registrado como as agências e instituições envolvidas


• Resposta aos Desastres: compreende as ações de socorro, assistência às
na resposta aos desastres serão organizadas, na medida em que forem acionadas, definindo
populações vitimadas e reabilitação do cenário do desastre;
quem organizará as ações, quais as responsabilidades de cada organização, quais as linhas de
• Recuperação: inclui as medidas implementadas para restabelecer em sua plenitude comunicação e de autoridade;
a vida normal das comunidades impactadas, além de influenciar as ações de prevenção.

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• À administração e logística: neste espaço são descritos quais os recursos materiais e Segundo as orientações do Ministério das Cidades (Brasil, 2008), as equipes básicas para a elaboração do
financeiros que provavelmente serão necessários ao longo da evolução do desastre, desde o alerta Plano de Contingência com suas respectivas atribuições são:
até o início da reconstrução, indicando de que maneira tais recursos serão mobilizados junto ao
governo, às organizações não governamentais e às agências voluntárias; • Monitoramento dos índices pluviométricos e das informações
meteorológicas
• À atualização: este campo estabelece quem terá a responsabilidade pela atualização 1. Secretaria Executiva
• Recebimento de chamadas
do plano e seus anexos, além de determinar como esse processo será conduzido por meio de
• Manutenção de arquivos
treinamentos, exercícios, estudo de caso e atualização da Análise de Riscos (BRASIL, 2010).
• Tomada de decisões

• Visitação prévia das áreas de risco


Para a elaboração de um Plano de Contingência, deve-se responder às seguintes perguntas (BRASIL, 2008): 2. Equipe de vistorias
• Vistorias durante a operação do Plano

• Informações para remoção de famílias


• Qual é o problema?
3. Equipe de remoções • Cadastro de moradores em situação de risco
• Como ocorre o problema? • Remoção de moradores e seus bens, quando necessário

• Onde ocorre o problema? 4. Equipe de abrigos • Cadastro e manutenção dos abrigos

• Administração dos abrigos durante o uso


• Quando ocorre o problema?

• Trabalhos de recuperação de vias, rios e áreas de risco


• O que fazer? 5. Equipe de recuperação de áreas
• Uso de equipamentos /máquinas
• Quem irá fazer?
• Auxílio nas decisões sobre obras

A montagem do Plano de Contingência é normalmente composta de 4 etapas, nesta ordem: No planejamento das ações em Defesa Civil, temos o Plano de Atendimento de Emergência (PAE).
A diferença fundamental entre um Plano de Atendimento de Emergência e um Plano de Contingência é
que o primeiro traz uma situação hipotética de desastre. Com isso, temos o Plano de Contingência para
ELABORAÇÃO IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO AVALIAÇÃO deslizamentos e o Plano de Contingência para enchentes (podendo ter um Plano de Contingência para
cada desastre hierarquizado e priorizado). Ou então, podemos ter um Plano de Atendimento padrão para as
diversas ocorrências.

As pessoas envolvidas no Plano irão compor equipes coordenadas da Defesa Civil ou de outro órgão
responsável por essas ações. Essas equipes podem ser organizadas a partir da estrutura de pessoal e meios
já existentes nas prefeituras.

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O Plano de Atendimento de Emergência é importante para nortear as • um plano alternativo, também desenvolvido a partir de
ações desencadeadas pelo desastre, com delegação de tarefas e rotinas O Plano de um plano de contingência, adaptado à situação real de desastre,
de procedimentos, auxiliando o gerenciamento de risco. Atendimento de em consequência das diferenças existentes entre a situação real
Emergência é e as constantes da hipótese de planejamento;
importante para
nortear as ações • um plano operativo, elaborado após a ocorrência de
Com a publicação da Lei nº 12.608, de 10 de Abril de 2012, que traz as
desencadeadas uma situação real de desastre.
competências dos entes federados que compõem o Sistema Nacional pelo desastre.
de Proteção e Defesa Civil, a União e os estados devem instituir o Plano
Nacional de Proteção e Defesa Civil e o Plano Estadual de Proteção e
Defesa Civil, respectivamente. O plano operacional deve conter, com detalhes:

• os recursos necessários para o seu desenvolvimento e


implantação;
O Plano Nacional conterá, no mínimo, a identificação dos riscos de
desastres nas regiões geográficas e grandes bacias hidrográficas do • os procedimentos básicos a serem adotados;
País e as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no
• os produtos ou resultados finais esperados;
âmbito nacional e regional, em especial quanto à rede de monitoramento
meteorológico, hidrológico e geológico e dos riscos biológicos, nucleares • os prazos estabelecidos;
e químicos e à produção de alertas antecipados das regiões com risco de
desastres. • os responsáveis pela sua execução e implantação.

O Plano Estadual, da mesma forma, conterá, no mínimo, a identificação das


bacias hidrográficas com risco de ocorrência de desastres e as diretrizes
de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito estadual,
em especial no que se refere à implantação da rede de monitoramento Além dos planos para gestão de risco, a Defesa Civil deverá elaborar o
meteorológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de desastres. Plano Plurianual (PPA) para gestão orçamentária.

Outro aspecto importante no planejamento em Defesa Civil diz respeito Trata-se de um instrumento de planejamento obrigatório de médio prazo
ao Planejamento Operacional, considerado como a formalização, dos governos federal, estadual e municipal, integrado ao orçamento.
principalmente, através de documentos escritos e das metodologias Instituído pela Constituição Federal de 1988 (Artigo 165, parágrafo 1º)
de desenvolvimento e implantação estabelecidas. É elaborado para estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas físicas
responder a uma situação real de desastre e pode ser: e financeiras da administração pública organizadas em programas de
longo prazo por um período de quatro anos.
• o próprio plano de contingência, com alterações
mínimas introduzidas no planejamento inicial, após a avaliação
dos danos que realmente ocorreram;

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O governo federal, através da Secretaria Nacional de Defesa Civil, planejou ações de médio/longo prazo, Os programas propostos pelas entidades públicas conjugam ações para
previstos no Plano Plurianual (PPA) 2012 – 2015. Entre estas ações estão: atender a um problema ou a uma demanda da sociedade. Apresentam uma
construção lógica que abrangem:
• MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO: consiste na setorização de riscos de deslizamentos
e inundações pela instituição de Serviços Geológicos do Brasil - CPRM; 1. a identificação do problema, suas causas e público-alvo; e

• MONITORAMENTO E ALERTA: Implementação do Centro Nacional de Monitoramento 2. a definição dos objetivos e ações para o combate às causas
e Alertas de Desastres Naturais - CEMADEN/MCTI; Reestruturação do Centro Nacional de do problema.
Gerenciamento de Riscos e Desastres - CENAD/SEDEC/MI;

• PREPARAÇÃO E RESPOSTA: Realização de oficinas para elaboração de Planos de


Além disso, é necessária a construção de indicadores que permitam medir
Contingência, cujo objetivo é apresentar o modelo do plano de contingência, diretrizes e critérios
o desempenho do programa no enfrentamento do problema ao longo do
para sua operacionalização. Além das oficinas serão realizados simulados de preparação para
tempo. Portanto, o resultado de um programa será efetivo quando alcançado
desastres, objetivando preparar órgãos públicos e privados para atuarem em situações adversas
o objetivo proposto.
e capacitar a população para saber agir em caso de desastre, visando salvar vidas e minimizar os
danos. Durante a fase de preparação para emergências e desastres, o processo de
planejamento não é um passo único ou um momento estático. A construção
de um plano, mesmo que de alto nível, perde o significado durante esta fase
se não for testado e atualizado periodicamente. Por isso, o processo de
planejamento para os possíveis desastres constitui um ciclo composto por:

TREINAMENTO

PLANEJAMENTO EXERCÍCIO

Vale ressaltar que nenhuma obra de grande vulto, ou cuja execução ultrapasse um exercício financeiro,
pode ser iniciada sem prévia inclusão no Plano Plurianual. Através do PPA é que serão decididos quais REVISÃO
os investimentos mais importantes e prioritários dentro de um projeto de desenvolvimento, tendo como
princípios básicos:
É importante que o planejamento seja entendido como um processo cíclico
• identificação clara dos objetivos e prioridades do Governo; e prático das determinações do plano, o que lhe garante continuidade e uma
constante realimentação de situações, propostas, resultados e soluções,
• organização dos propósitos da administração pública em programas;
conferindo-lhe, assim, dinamismo, com base na multidisciplinaridade, na
• integração do plano com o orçamento, por meio de programas; interatividade e num processo contínuo de tomada de decisões.

• transparência das ações de governo.

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Os treinamentos e exercícios são fundamentais na preparação para Diversas experiências têm demonstrado que sistemas de alerta antecipado
desastres. O treinamento busca divulgar o plano e desenvolver as Os treinamentos podem ser eficazes para salvar vidas e diminuir perdas e prejuízos em Diversas
habilidades individuais e coletivas para que o mesmo seja implementado. e exercícios são situações de desastres. Um estudo mundial sobre sistemas de alerta experiências têm
Já o exercício procura testar o plano, a fim de verificar se ele funciona na fundamentais na aponta que, mesmo com o aumento considerável de desastres nos demonstrado
preparação para que sistemas
prática. últimos 50 anos, em linhas gerais tem ocorrido uma diminuição no número
desastres. de alerta
de mortes causadas por desastres, em grande parte como consequência
Caso venham a ser detectadas falhas nos planos, eles devem ser revisados antecipado
da implantação de sistemas de alerta antecipado e de sistemas conexos podem ser
e atualizados, reiniciando, deste modo, o processo.
de preparação e resposta (UN 2007). eficazes para
Tão importante quanto o conteúdo técnico dos planos é a democratização salvar vidas e
Contudo, muitas vidas ainda são perdidas e vultuosos prejuízos
do processo, o que possibilitará pensar juntos, os caminhos diminuir perdas
econômicos são registrados anualmente decorrente de desastres. No e prejuízos em
para o desenvolvimento do país, combinando planejamento com
Brasil, apenas recentemente, após a ocorrência de seguidos desastres situações de
desenvolvimento.
de grandes proporções, tais como em Santa Catarina em 2008, em desastres.
Pernambuco e Alagoas em 2010 e na região Serrana do Rio de Janeiro em
2011, vem sendo dada uma maior ênfase na necessidade de se estruturar
sistemas de alerta antecipados eficazes. Desde então, diversas ações nos
níveis federal, estadual e municipal estão sendo promovidas no sentido
de implementar e fortalecer sistemas e subsistemas de monitoramento,

2.5 Monitoramento, alerta e alarme. A seguir serão apresentados os principais conceitos,


aspectos operacionais, legislações e aplicações relacionados ao tema.
Alerta e Alarme
Os sistemas de
No Marco de Ação de Hyogo para 2005-2015, um dos objetivos
alerta antecipado
estratégicos aponta para a necessidade de promover a resiliência das 2.5.1 Definição estão inseridos
nações e comunidades ante os desastres, tendo como prioridades de
e funcionamento no contexto de
ação as responsabilidades institucionais na redução significativa do risco gestão de riscos
de desastres ao longo do decênio (Hyogo, 2005). Ele estabelece ainda a O alerta antecipado é o fornecimento de informações, através de pessoas e desastres, mais
necessidade de aumentar a capacidade de alerta antecipado e melhorar a e instituições identificadas, para que indivíduos expostos a uma ameaça especificamente na
tomem ações em tempo suficiente para evitar ou reduzir seus riscos e se fase da preparação.
preparação e a capacidade de resposta dentro de um contexto amplo que
prepararem para uma resposta efetiva (UNEP, 2012).
No entanto, a
incorpore a integração da redução de risco de desastres no planejamento
estruturação
e desenvolvimento de práticas integradas e do fomento de uma cultura de Os sistemas de alerta antecipado estão inseridos no contexto de gestão e operação de
prevenção e de promoção da resiliência. de riscos e desastres, mais especificamente na fase da preparação. sistemas de alerta
permeiam as fases
No entanto, a estruturação e operação de sistemas de alerta permeiam
de preparação e
as fases de preparação e resposta. De acordo com a EIRD (2006), os
resposta.
sistemas de alerta são estruturados com base na integração de quatro
elementos:

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1. Conhecimento do risco: fornece informações essenciais para De acordo com Castro (2007), ao ser implantado, o sistema de monitoramento, alerta e alarme poderá:
elencar prioridades de estratégias para mitigação e prevenção e designar
• gerar dados e informes em tempo real, e processar informações oportunas sobre o quadro
sistemas de alerta antecipado.
evolutivo dos fenômenos potencialmente adversos e sobre os cenários vulneráveis aos efeitos dos
2. Monitoramento e Previsão: fornecem estimativas antecipadas mesmos;
dos riscos potenciais a que comunidades, economias e meio ambiente
• integrar sistemas nacionais de monitoramento com sistemas internacionais (que funcionam
estão expostos.
em âmbito global) e com sistemas estaduais e locais, com a finalidade de permitir o acompanhamento
3. Disseminando informação: sistemas de comunicação dos fenômenos relacionados com a geodinâmica global e as repercussões locais dos mesmos; e
são necessários para disseminar mensagens de alerta para locais
potencialmente afetados e alertar agências governamentais locais e • dilatar ao máximo a fase de pré-impacto dos fenômenos adversos, permitindo a divulgação

regionais. As mensagens precisam ser confiáveis, sintéticas e simples de rápida e oportuna das situações de alerta e de alarme e a adequada evolução dos dispositivos

serem entendidas pelas autoridades e público. operacionais das equipes técnicas de defesa civil.

4. Resposta: coordenação, boa governança e planos de ação


apropriados são pontos chave para um sistema de alerta antecipado
efetivo, assim como percepção pública e educação são aspectos críticos Sistemas de monitoramento e alerta podem apresentar estruturas operacionais complexas,
da mitigação de desastres. com equipamentos de ponta e equipes multidisciplinares, ou apresentar estruturas
simples, mas eficazes, que são implementadas e operadas por agentes comunitários ou
membros de uma família.

Quatro elementos básicos de um sistema de alerta antecipado


(adaptado de EIRD, 2006).

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Quando implantados, os sistemas de monitoramento, alerta e alarme constituem uma ferramenta que pode Já os alertas são gerados e emitidos com base em dados observacionais.
salvar vidas e reduzir consideravelmente os danos materiais decorrentes de desastres. Além disso, estes
Alerta: o alerta é um sinal, sistema ou dispositivo de vigilância que tem
dispositivos facilitam a mobilização, em tempo oportuno, dos órgãos e equipes técnicas da Defesa Civil, a
por finalidade alertar sobre um perigo ou risco eminente ou previsível a
fim de diminuir a vulnerabilidade das populações ameaçadas, pois permite a evacuação das áreas de riscos
curto prazo e que deixa a defesa civil de prontidão. Para o acionamento
intensificados.
de alertas geralmente são utilizados dados de monitoramento em tempo
Centros de previsão têm um papel importante na elaboração de boletins meteorológicos e podem inclusive real, tais como pluviômetros ou medidores de nível de um rio ou córrego.
ser oficialmente designados para tal no contexto do sistema de proteção e defesa civil.
Estados de alerta ou de criticidade: são níveis ou estados em que
Boletins hidrometeorológicos: boletins são elaborados com base na previsão do tempo, clima ou sistemas agentes de defesa civil (técnicos federais, estaduais, municipais e/
hidrológicos e visam antecipar a ocorrência de ameaças, como chuvas intensas, tempestades, vendavais, ou agentes comunitários) ou operadores de barragens, por exemplo,
granizo, inundações, alagamentos, estiagens, entre outros. são notificados de uma possível ameaça, como inundação gradual,
enxurrada ou deslizamento. Os estados de alerta podem ser acionados
A NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos, por exemplo, adota três
automaticamente com base no monitoramento em tempo real de
níveis de criticidade na emissão de boletins hidrometeorológicos: aviso, atenção e observação.
estações hidrometeorológicas ou a partir de análises combinadas de
monitoramento e previsão.

Aviso: um aviso é emitido quando um evento meteorológico ou hidrológico


está acontecendo, é eminente ou provável. Um aviso significa que as É importante
Os termos utilizados para os diferentes estados de criticidade dos alertas
condições do tempo configuram uma ameaça à vida ou propriedade. destacar que
podem variar de região para região. Algumas instituições utilizam por os critérios que
As pessoas no caminho de tempestades, por exemplo, precisam tomar
exemplo os estados de observação, atenção, alerta e alerta máximo; deflagram os
ações de preparação e/ou proteção.
outras podem utilizar níveis de risco, como alerta de risco moderado, diferentes estados
Atenção: uma atenção é usada quando o risco de um evento meteorológico alto e muito alto. É importante destacar que os critérios que deflagram de criticidade
ou hidrológico adverso é significativo, mas sua ocorrência, quanto à os diferentes estados de criticidade são específicos para cada tipo de são específicos
para cada tipo
localização ou ao momento, ainda é incerta. Uma atenção significa que ameaça. Por exemplo, os critérios para deflagrar alertas de deslizamentos
de ameaça. Por
um evento adverso é possível. As pessoas devem ter um plano de ação são diferentes daqueles utilizados para deflagrar alertas de inundações.
exemplo os critérios
para a ameaça e devem estar atentas para informações posteriores e para deflagar alertas
possíveis avisos, especialmente quando estão planejando uma viagem ou de deslizamentos
atividades ao ar livre. Os diferentes estados de criticidade e respectivas ações decorrentes são diferentes
devem ser previamente definidos nos planos de contigência e determina daqueles utilizados
Observação: uma observação é usada quando uma ameaça meteorológica para deflagar alertas
quando a defesa civil fica em estado em prontidão ou inicia de forma
ou hidrológica está ocorrendo, é eminente ou provável, mas com menor de inundações.
ordenada as operações de preparação e resposta.
seriedade que os avisos as atenções, que causam alguma inconveniência
e que, caso uma precaução não seja exercida, é possível levar para
situações de ameaça à vida ou propriedade.

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Saiba as principais instituições responsáveis


por emirtir boletins, avisos e alertas
Monitoramento
No nível federal o CENAD é responsável por sistematizar, analisar e e previsão

disseminar, no contexto do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil,


Normalidade
os avisos e alertas de instituições como o INMET, CPTEC/INPE, ANA,
Não Previsão indica
CPRM, CEMADEN e centros estaduais e municipais. evento adverso
ou desastre
Em Santa Catarina, a Epagri/Ciram é a instituição estadual designada
Sim
para emitir avisos hidrometereológicos. A SDC tem a responsabilidade de
receber, analisar, elaborar e disseminar os avisos e alertas de instituições Pré-impacto Alerta

federais, estaduais, regionais, municipais e locais no contexto do Sistema


Fases de atuação
Estadual de Proteção e Defesa Civil. Preparação de um sistema de
Impacto para resposta alerta de acordo
com as fases
de um desastre
(adaptado de
Atenuação Monitoramento
Villagran de Leon
da evolução et al., 2006).

2.5.2 Aspectos operacionais


A operação de um sistema de alerta requer uma atuação permanente,
desde o período de normalidade, do período pré impacto, quando o Análise de risco
evento adverso é antecipado e são emitidos boletins meteorológicos e
O desenho e o funcionamento de qualquer sistema de alerta deve levar em consideração a análise das
alertas, do período de impacto, quando é realizado o monitoramento da
ameaças e de risco. Em Santa Catarina, por exemplo, ocorrem uma variedade de ameaças, tais como
evolução do desastre, até a atenuação dos danos.
inundações bruscas e graduais, estiagens, deslizamentos, vendavais, granizos, erosão costeira, ressacas,

A situação de risco previsível ou iminente correspondente à fase de pré- etc. Contudo, a recorrência de cada desastre varia de local para local. Assim, a concepção do sistema de

impacto de um evento. Nestas circunstâncias, o dispositivo operacional A situação de alerta deve estar centrado na ameaça e na população em risco.

dos órgãos de Defesa Civil evolui de uma situação de prontidão para uma risco previsível
A análise de risco ajuda a definir, por exemplo, quais são as áreas prioritárias que devem ser monitoradas e
situação de início ordenado das operações.
ou iminente
correspondente quais pessoas precisam ser alertadas.

Durante todo este período é realizada uma avaliação continuada da à fase de pré-
evolução dos riscos de desastres e a informação é compartilhada entre impacto de um
os agentes de defesa civil e oportunamente repassada à população e
evento. Monitoramento e Previsão
comunidades em risco. Na figura a seguir estão representadas as fases de O monitoramento e previsão visa fornecer estimativas antecipadas dos riscos potenciais a que comunidades,
atuação de um sistema de alerta de acordo com as fases de um desastre: economias e meio ambiente estão expostos. Este é um campo multidisciplinar que requer a atuação de
profissionais de diversas áreas, tais como meteorologia, hidrologia, geologia, geografia, especialistas em
desastres, entre outros.

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Redes de monitoramento, como pluviômetros e sensores de nível de rio, Disseminação da Informação


são muito importantes na avaliação de riscos e para antecipar desastres Nos últimos
anos vêm sendo A comunicação e a disseminação de informação é crucial para o sucesso
potenciais. Nos últimos anos vêm sendo observados investimentos
consideráveis para melhorar a capacidade de monitoramento de ameaças. observados de sistemas de alerta antecipado. A habilidade em disseminar informações
investimentos para o público, agentes públicos, líderes comunitários e a mídia em geral,
Ná área de meteorologia, por exemplo, diversos centros estão melhor consideráveis reduz riscos e salva vidas. De acordo com a UNEP (2012), a comunicação
estruturando a capacidade de previsão do tempo, desde o desenvolvimento para melhorar a em sistemas de alerta deve considerar dois componentes principais: a
e implantação de modelos meteorológicos mais avançados, até a capacidade de
infraestrutura de hardware e as interações apropriadas entre os principais
monitoramento
aquisição e instalação de radares meteorológicos. Estes últimos, são atores que atuam no processo de alerta antecipado.
de ameaças.
indispensáveis para o monitoramento e previsão de curtíssimo prazo, que
A infraestrutura de hardware precisa ser suficientemente robusta e
tem a capacidade de antecipar eventos severos, tais como tempestades
confiável para funcionar em situações de desastres. Desta forma, é
severas, chuvas intensas e granizo, com até 3 horas de antecedência.
importante considerar a redundância de sistemas de comunicação, além
Existem outras áreas de conhecimento que atuam na previsão de ameaças, de suprimentos alternativos de energia para garantir o funcionamento
como a hidrologia na previsão de inundações bruscas e graduais, secas e durante emergências.
estiagens; a geologia, na previsão de deslizamentos e corridas de massa;
Nos sistemas de alerta, o fluxo de informação precisa estar bem
a oceanografia, na previsão de riscos costeiros, como erosão e marés de
estabelecido e as mensagens devem ser confiáveis, sintéticas e simples
tempestade; a saúde na vigilância e previsão epidemológica; entre outras.
de serem entendidas pelas autoridades e pelo público. Atualmente existe
uma variedade de mídias disponíveis para disseminação de informação,
tais como e-mail, mensagens curtas de texto (SMS), fotos e vídeo por
No Brasil existem centros nacionais, estaduais e municipais que atuam no monitoramento e previsão de celular, rádio, TV, twitter, blogs, notícias online, entre outros, que vêm
ameaças e emitem boletins hidrometeorológicos e/ou alertas. Exemplos de centros nacionais são: Centro transformando a capacidade de comunicação, assim como os papéis de
Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres (CEMADEN), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), governo e da mídia no gerenciamento de riscos e desastres.
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/
Em alguns locais são utilizados sinais sonoros para comunicação de alertas,
INPE), Agência Nacional das Águas (ANA), e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM); que atuam em parceria
como sirenes e até sinos de igrejas. A limitação de alguns dispositivos
com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD).
sonoros é a de que muitas vezes não é possível comunicar instruções ou
Em alguns casos, prefeituras e governos estaduais contam com centros próprios de monitoramento e recomendações específicas, como por exemplo, o encaminhamento para
previsão na estrutura de governo, em outros casos são contratados serviços especializados. Dentre os abrigos. Mesmo assim podem ser muito úteis quando a comunidade está
centros estaduais, podemos citar: Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia bem capacitada em atuar quando estes dispositivos são acionados.
de Santa Catarina (Ciram) da Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina
(Epagri), Instituto Tecnológico Simepar, Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), entre outros, que atuam junto aos centros Cabe ressaltar que a atribuição para disseminação de

estaduais de defesa civil. Alguns exemplos de centros municipais são o Sistema Alerta Rio da Prefeitura do alertas compete à Defesa Civil, conforme estabelecido na

Rio de Janeiro (Alerta Rio), o Sistema de Alerta da Prefeitura de Blumenau (Alerta Blu), o Sistema de Alerta Lei 12.608 de 2012.

da Prefeitura de Itajaí, entre outros.

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Resposta 2.5.3 Os sistemas de alerta e a Política


Para o adequado funcionamento, é crucial que os sistemas de alerta Nacional de Proteção e Defesa Civil
estejam inseridos em um plano de contingência. Os planos de contingência É crucial que A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC, instituída pela Lei 12.608 de 2012, tem como um
devem ser elaborados na fase de preparação, para que os tomadores de os sistemas de
de seus objetivos “produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de desastres naturais”
decisão e comunidades sejam capazes de estabelecer prioridades para alerta estejam
e dispõe, entre outros, sobre as competências e atribuições da União, Estados e Municípios quanto ao
uma resposta a tempo e de forma efetiva quando recebidas as informações
inseridos em
um plano de monitoramento e alerta antecipado.
do alerta antecipado e quando o desastre ocorrer (UNEP, 2012).
contingência.
À União, por exemplo, compete “realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas
de risco, bem como dos riscos biológicos, nucleares e químicos, e produzir alertas sobre a possibilidade
de ocorrência de desastres, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”. Apesar de
não estar disposta na política, esta competência também vem sendo histórica e crescentemente assumida
pelos estados e municípios. Diversos estados, municípios e até comunidades estão investindo consideráveis
esforços e recursos para a criação e/ou fortalecimento de sistemas de monitoramento e alerta antecipado.

Já aos Estados compete “apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das áreas de risco,
na elaboração dos Planos de Contingência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de
prevenção e alerta e de ações emergenciais”, enquanto que aos Municípios compete “manter a população
informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre protocolos de prevenção
e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres”.

Os sistemas de monitoramento e alerta também deverão estar contemplados no Plano Nacional de Proteção
e Defesa Civil, devendo conter no mínimo “as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil
no âmbito nacional e regional, em especial quanto à rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e
geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos e à produção de alertas antecipados das regiões
Nos planos de contingência, é importante que o arranjo institucional
com risco de desastres.”
esteja bem consolidado e que cada envolvido saiba claramente sua A concepção
responsabilidade e esteja preparado para atuar nos desastres. Da mesma e estruturação A Lei 12.608 também autoriza a criação de um sistema de informações de monitoramento de desastres,
forma, as comunidades precisam entender seus riscos, respeitar os
dos sistemas
em ambiente informatizado, que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os integrantes do
de alerta devem
serviços de alerta e alarme e saber como reagir. Na cultura de redução Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) visando ao oferecimento de informações atualizadas
estar centradas
de riscos, as comunidades devem estar preparadas para se proteger e nas pessoas e para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de desastre em todo o território
agir na primeira resposta. Por esta razão, a concepção e estruturação dos comunidades nacional.
sistemas de alerta devem estar centradas nas pessoas e comunidades nas nas áreas de
áreas de risco e deve-se incentivar a implantação de núcleos comunitários risco.
de defesa civil.

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2.5.4 Os sistemas de alerta


nos diversos níveis do
SNPDEC 3. Produtos
Independentemente do nível hierárquico no SINPDEC, seja ele federal, Perigosos
estadual, municipal ou comunitário, é importante que os sistemas
de alerta estejam integrados e articulados entre si, com protocolos
conhecidos e compartilhados. A modernização e instalação de sistemas
de monitoramento de alerta e alarme podem vir a contribuir com a
diminuição das consequências dos desastres, sobretudo no que se refere 3.1 Conceitos e Definições
aos danos e prejuízos das populações afetadas.
Produto Perigoso: São as substâncias com propriedades físico-químicas
que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente (ARAÚJO, 2001).

Carga Perigosa: Trata-se de qualquer tipo de carga sendo transportada


de forma inadequada, que acarrete risco de acidentes, e não precisa ser,
necessariamente, um produto perigoso.

Carga a granel: produto que é transportado sem qualquer embalagem,


sendo contido apenas pelo equipamento de transporte.

Carga Embalada/Fracionada: produto que no ato do carregamento,


descarregamento e transbordo do veículo transportador é manuseado
juntamente com o seu recipiente (NBR 7501 ABNT, item 3.15).

Vale ainda ressaltar que, apesar da importância e necessidade de Em todos


implantação de sistemas de alerta complexos e com tecnologia de ponta, os casos, o
principalmente em locais com alta recorrência de desastres, deve-se
importante é que
os sistemas de
incentivar também que as comunidades busquem alternativas simples,
alerta estejam
descentralizadas, criativas e de baixo custo. Em todos os casos, o voltados para
importante é que os sistemas de alerta estejam voltados para as pessoas as pessoas e
e comunidades e que proporcionem uma maior resiliência aos desastres comunidades.
e consequentemente uma redução de seus riscos.

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Expedidor: qualquer pessoa, organização ou governo que prepara uma


3.2 Resumo da Legislação
expedição para transporte; quem emite o documento fiscal (NBR 7501,
item 3.38). O transporte de produtos perigosos é objeto de extensa e complexa legislação, que acompanha a evolução
da preocupação da sociedade em relação à preservação do meio ambiente.
Transportador: qualquer pessoa, organização ou governo que efetua o
transporte de produtos perigosos por qualquer modalidade de transporte Resolução n° Substitui a Regulamentação do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos,
3.665/11 aprovada pelo Decreto 96.044/88;
(NBR 7501, item 3.93).
Resolução CNEN
Aprova as normas para o “Transporte de Materiais Radiativos”;
Acidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado, onde - 13/88
a liberação de substâncias perigosas em forma de incêndio, explosão, Dispõe sobre a execução do Acordo de Alcance Parcial para a Facilitação do
Decreto nº
Transporte de Produtos Perigosos, entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, de 25
derrame ou vazamento, causa danos às pessoas, propriedades ou ao 1.797/1996
de janeiro de 1996;
meio ambiente.
Decreto nº Aprova o regime de infrações e sanções aplicáveis ao transporte terrestre de produtos
2.866/1998 perigosos;
Incidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado,
que foi controlado antes de afetar elementos vulneráveis (causar dano ou Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
Lei nº 9.605/1998
lesivas ao meio ambiente;
exposição às pessoas, bens ou ao meio ambiente). Também denominado
de “quase acidente”. Decreto nº
Altera os art. 7º e 19º do RTPP;
4.097/2002
Zona Contaminada ou Área de Risco: Área do acidente com produtos
Resolução ANTT
perigosos onde os contaminantes estão ou poderão surgir. nº 420/2004 e
Aprova as instruções complementares ao RTPP;
Resolução n°
701/2004
Resolução MT nº Institui o Regime de Infrações e Penalidades do Transporte Ferroviário de Produtos
1573/2006 Perigosos no âmbito nacional;

Resoluções do
14,18, 26, 36, 38, 87, 102, 132, 149, 151, 152,157, 168, 205, 210, 356;
CONTRAN

Resolução ANTT
Altera o anexo à Resolução nº 420/04 que aprova as instruções do RTPP;
nº 1644/2006

Resolução nº
Agência Nacional dos Transportes altera o anexo da Resolução nº 420/04.
3.632/2011

O transporte de produtos perigosos controlados pelo Exército também está sujeito às exigências previstas
pelo R-105, com redação dada pelo Decreto nº 3665/00, que apresenta a lista de produtos.

Neste caso, além dos documentos de porte obrigatório, previsto pelo RTPP (Ficha de Emergência, Envelope
para o Transporte, Documento Fiscal e Certificado de Capacitação para a Granel), também deve portar a
guia de Tráfego, devidamente preenchida e assinada por Oficiais do Exército Brasileiro, responsáveis pelo
controle do transporte destes produtos.

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Da mesma forma, o transporte de materiais radiativos é controlado pela Comissão Nacional de Energia
3.3 Documentos
Nuclear (CNEN), que emite a Ficha de Monitoramento de Materiais Radioativos e a Declaração do Expedidor
de material radioativo.
Necessários para
o Transporte

Normas Técnicas da ABNT


*Carteira Nacional de Habilitação
CONDUTOR
A ABNT mantém uma comissão permanente, formada por técnicos dos órgãos, setores e entidades envolvidos
*Carteira do Curso MOPP
com transporte de produtos perigosos. Esta comissão é responsável pelo estudo e elaboração de Normas
*Documentação de licenciamento do veículo
Técnicas Oficiais, que são editadas e periodicamente revisadas. Segue abaixo as principais Normas Técnicas
*CIPP - Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos
relacionadas ao transporte rodoviário de produtos perigosos:
VEÍCULO (Certificado de capacitação do veículo e equipamentos para o transporte a
granel)
*CIV – Certificado de Inspeção Veicular
NBR 7500 Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

NBR 7501 Transporte de produtos perigosos - terminologia. *Nota Fiscal com manifesto da carga (transporte nacional)
*Declaração de Carga (MERCOSUL)
Ficha de Emergência e Envelope para transporte para o transporte de produtos *Ficha de Emergência
NBR 7503
perigosos (características e dimensões).
PRODUTO *Envelope para o Transporte
Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de produtos TRANSPORTADO *Licenciamento Ambiental
NBR 9735
perigosos.
*Explosivos: Guia de tráfego do Ministério do Exército
Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de ácido *Material Nuclear: Autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear
NBR 10271
fluorídrico (procedimento).
*Produtos controlados: Autorização do Departamento de Polícia Federal – DPF
Proteção contra incêndio por extintores no transporte rodoviário de produtos
NBR 12710
perigosos.

Instalação e fixação de extintores de incêndio para carga, no transporte rodoviário de


NBR 13095
produtos perigosos.
3.4 EPI e Equipamentos para
NBR 13221 Requisitos para o transporte de resíduos. Situação de Emergência
NBR 14064 Atendimento de emergência no transporte rodoviário de produtos perigosos. EPI - Equipamento de Proteção Individual deve ser usado, pelo
motorista, para o manuseio do produto ou no caso de ocorrência
Área de estacionamento para veículos rodoviários de transporte de produtos de um acidente. É composto por capacete e luvas de material
NBR 14095
perigosos.
adequado ao(s) produto(s) transportado(s), definidos pelo fabricante

NBR 14619 Incompatibilidade química. do produto.

Obs.: Além do EPI básico existem 11 grupos de EPI específico, que


variam de acordo com o produto transportado (NBR 9735 da ABNT).

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Equipamentos para Situação de Emergência - conjunto de


Classes Subclasses
equipamentos previstos pela NBR 9735 da ABNT, que deve acompanhar
o transporte rodoviário de produtos perigosos, para atender às situações
Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa;
de emergência, acidente ou avaria. O conjunto prevê elementos para a
Subclasse 1.2 Substâncias e artefatos com risco de projeção;
sinalização e o isolamento da área de ocorrência, conforme a ficha de
Subclasse 1.3 Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo;
emergência, e a solicitação de socorro, conforme o envelope para o Classe 1 –
Subclasse 1.4 Substâncias e artefatos que não representam risco
transporte. Explosivos
significativo;
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis;
Obs.: As especificações dos equipamentos, bem como grupos de
Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis.
equipamentos específicos, encontram-se na NBR 9735 da ABNT.

Subclasse 2.1 Gases inflamáveis;


Classe 2 –
Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis;
Gases
Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação.

Classe 3 –
Líquidos inflamáveis
Classe 4 –
Subclasse 4.1 Sólidos inflamáveis;
Sólidos inflamáveis;
Subclasse 4.2 Substâncias passíveis de combustão espontânea;
Substâncias auto-
Subclasse 4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases
reagentes e explosivos
inflamáveis.
sólidos insensibilizados
Classe 5 –
Subclasse 5.1 Substâncias Oxidantes;
Substâncias Oxidantes e
Subclasse 5.2 Peróxidos Orgânicos.
Peróxidos Orgânicos
Classe 6 –
A classificação Subclasse 6.1 Substâncias Tóxicas;
Substâncias Tóxicas e
adotada é feita Subclasse 6.2 Substâncias Infectantes.
Substâncias Infectantes
3.5 Classificação dos com base no
Classe 7 –
tipo de risco que
Produtos Perigosos Substâncias Radioativas
estes produtos
Classe 8 –
A classificação adotada é feita com base no tipo de risco que estes apresentam e
Substâncias Corrosivas
produtos apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte conforme as
Classe 9 –
Recomendações
de Produtos Perigosos da ONU. A mesma estabelece os critérios Substâncias Perigosas
para o Transporte
utilizados para a classificação destes materiais, os quais determinaram Diversas
de Produtos
a criação de 9 classes, que podem ou não ser subdivididas, conforme as Perigosos da ONU.
características dos produtos.

100 101

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3.6 Rótulos de Risco e Painel


de Segurança
Os produtos perigosos listados pela ONU ultrapassam 3.400 produtos
que são atualizados periodicamente (ABIQUIM, 2011). São identificados
através do painel de segurança. Na parte superior tem-se o número de
risco do produto e na parte inferior o número da ONU, conforme pode
ser verificado na figura abaixo. As especificações do painel de segurança
estão descritas na NBR 7500 da ABNT.

PAINEL DE SEGURANÇA

Fonte: Adaptado da Resolução 3.632/11 da ANTT.


Fonte: Adaptado da NBR 7500 da ABNT, 2012.

O rótulo de risco, placa ilustrada em formato de losango, é afixado nas


3.7 Procedimentos
laterais e na traseira do veículo. Eles possuem desenhos e números que de Resposta
identificam o produto (Resolução 3.632/11 da ANTT). Na Figura 02 é O principal aspecto a ser considerado durante o atendimento de um
possível verificar os rótulos de risco, onde é apresentado o número da acidente ambiental que envolva produtos perigosos diz respeito à
classe, a descrição do perigo e o símbolo correspondente. segurança das pessoas envolvidas. Para tanto, especialmente em
se tratando de profissionais de primeira resposta, deve-se adotar as
seguintes recomendações básicas (Oliveira, 2000, p.44):

102 103

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• Evitar qualquer tipo de contato com o produto perigoso, aproximando-se da cena com
cuidado, tendo o vento pelas costas, tomando como referência o ponto de vazamento do produto;

• Procurar identificar o produto (não aproximar-se mais do que 100 m da área de risco) e
verificar se há vazamento, derrame, liberação de vapores, incêndio ou presença de vítimas;

• Isolar o local do acidente impedindo a entrada ou a saída de qualquer pessoa. Manter-se


afastado da zona contaminada no mínimo 100 metros até conseguir informações seguras sobre o
tipo de produto perigoso existente no local;

• Solicitar a presença de socorro especializado (polícia rodoviária, polícia militar, corpo de


bombeiros, defesa civil, etc);

• Estabelecer as áreas de segurança e isolamento (proteção) inicial recomendadas no Manual Fonte: ABIQUIM, 2006.
de emergências da ABIQUIM;

• Determinar as ações iniciais de emergência, recomendadas no Manual de Emergências da


ABIQUIM, até a chegada do socorro especializado.

B) Pelo nome do produto constante na Ficha de Emergência


ou no documento fiscal. Consulte o manual da ABIQUIM pelo
nome do produto.

C) Caso não haja nenhuma informação específica sobre o


produto, verifique o rótulo de risco (placa ilustrada com formato
3.7.1 Como Identificar um Produto de losango) afixado nas laterais e na traseira do veículo e
Perigoso consulte a tabela de rótulos de risco no manual da ABIQUIM,
que lhe indicará o guia correspondente à classe do produto.

Identifique o produto por qualquer uma das seguintes maneiras:

A) Pelo número de quatro algarismos (número da ONU) existente no painel de segurança (placa
laranja) afixado nas laterais, traseira e dianteira do veículo ou constante na Ficha de Emergência, no
documento fiscal ou na embalagem do produto. Consulte o manual da ABIQUIM pelo número da
ONU.

104 105

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3.7.2 Como Utilizar o Manual Consulte as páginas verdes, na parte final do manual, para conhecer as
distâncias de isolamento e proteção inicial.
de Emergências da ABIQUIM
OBS.: o Manual de Emergências da ABIQUIM não resolve todos os
problemas que podem ocorrer com os produtos perigosos, porém,
Utilize o Manual de Emergências para identificar os produtos perigosos e seguindo suas recomendações você poderá controlar o acidente nos seus
as ações iniciais de emergência da forma que segue: primeiros minutos, até a chegada de uma equipe especializada, evitando
riscos e a tomada de decisões incorretas.

• Páginas amarelas: Relação dos Produtos


Perigosos por ordem numérica crescente;

• Páginas azuis: Relação dos Produtos Perigosos por 3.7.3 Como Isolar
ordem alfabética;
a Área de Risco
• Páginas laranja: Apresentam os Guias nos quais são Após identificar o(s) produto(s) perigoso(s) e tomar as medidas iniciais de
encontradas as recomendações de segurança; emergência, verifique a direção predominante do vento e determine se o
vazamento é grande ou pequeno.
• Páginas verdes: Encontram-se as distâncias de
seguranças para alguns produtos. • Pequeno vazamento = único recipiente de até 200 litros
ou tanque maior que possa formar uma deposição de até 15
metros de diâmetro;
Após identificar o número da ONU dos Produtos Perigosos que estão
• Grande vazamento = grande volume de produtos
sendo transportados, devemos consultar as páginas amarelas do Manual
provenientes de um único recipiente ou diversos vazamentos
de Emergência. A coluna GUIA Nº indica a página laranja que deverá ser
simultâneos que formem uma deposição maior que 15 metros
consultada. Nelas você encontrará informações sobre os riscos potenciais
de diâmetro.
do produto e as ações de emergência a seguir.

Não sendo possível identificar o número da ONU ou o nome do Produto Depois, isole a área de risco utilizando a fita ou corda e seus dispositivos de

Perigoso, existe uma alternativa: procurar o rótulo de risco do Produto sustentação, presentes nos Equipamentos para Situação de Emergência.
Utilize os quatro cones e as quatro placas “Perigo Afaste-se” para sinalizar
As distâncias
Perigoso. No Manual de Emergências existem duas páginas de rótulos de
mínimas para
o acidente.
risco com seus Guias correspondentes. o isolamento
Determine as distâncias adequadas consultando a tabela existente na e evacuação
Você poderá encontrar uma série de Produtos Perigosos assinalados com
seção verde do manual de Emergências da ABIQUIM e dirija todas as
são de 30 e
um asterisco (*) nas páginas amarelas e nas azuis, por exemplo, o cloro, nº
200 metros,
pessoas para longe do vazamento, seguindo a direção contrária a do
da ONU 1017 *, estes produtos exigem uma atenção especial nos casos respectivamente.
de vazamentos. vento. As distâncias mínimas para o isolamento e evacuação são de 30 e
200 metros, respectivamente.

106 107

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3.7.4 Zonas de Controle A divisão das zonas de trabalho (IFSTA, 1995, p. 144) deverá constituir-se
da forma que segue:
Toda área do acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso
ZONA QUENTE: Localizada na parte central do acidente, é o local onde
controle para se reduzir a possibilidade de contato com qualquer dos
os contaminantes estão ou poderão surgir. O isolamento da área de risco
contaminantes presentes. O método utilizado para prevenir ou reduzir a
executado pode ser utilizado como delimitação da zona quente.
migração dos contaminantes é a limitação de três zonas de trabalho.

ZONA MORNA: É a localidade que fica posicionada na área de transição


entre as áreas contaminadas e as áreas limpas. Esta zona deve conter
o corredor de descontaminação. Toda saída da zona quente deverá ser
ÁREA DE SUPORTE E LOGÍSTICA
DIREÇÃO DO VENTO
realizada por esse corredor.

PERÍMETROS DE ZONA FRIA: Localizada na parte mais externa da área é considerada não
SEGURANÇA
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
contaminada. O posto de comando da operação e todo o apoio logístico
ficam nessa área.
ÁREA DE
REABILITAÇÃO

POSTO DE ZONA QUENTE


COMANDO CORREDOR DE
DESCONTAMINAÇÃO

ZONA MORNA
ZONA FRIA

3.7.5 A Administração de
Emergências
ÁREA DE ATENÇÃO

SETOR DE INFORMAÇÃO
Todo serviço de socorro e resposta a emergências envolvendo produtos
AO PÚBLICO
TV SAÍDA DE perigosos representa uma atividade de risco e, como tal, deve ser
EMERGÊNCIA
encarada profissionalmente. Por isso, sugere-se a adoção de um modelo
sistematizado de comando e controle que permita um trabalho em equipe,
Fonte: SENASP, 2009.
seguro e eficiente.

Partindo-se da premissa de que todo acidente rodoviário com produto


perigoso, tem características particulares, no entanto, existe nelas um
Segundo indicação da International Fire Service Training Association
fator em comum que é a necessidade do planejar, organizar, dirigir (liderar)
(IFSTA, 1995, p.145) as zonas de trabalho devem ser delimitadas no local
e controlar as ações de socorro. Defende-se a ideia de que o desempenho
com fitas coloridas e, se possível, também mapeadas. A dimensão das
dessas quatro funções básicas (PODC) constitui o verdadeiro processo
zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento de
de trabalho (ações gerenciais) no local da emergência, pois considera-
todos os envolvidos na operação.
se que o responsável pelo comando e controle da operação deva ser
tratado como um administrador profissional. Podemos concluir que o
desempenho dessas quatro funções representa o seu papel no local da
emergência (Chiavenato, 1999, p. 51).

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Sob a ótica dos produtos perigosos, o comando e controle de uma operação é algo dinâmico e interativo que
3.7.6 A Rotina dos Oito Passos
exigirá do responsável um perfil de profissional dedicado, íntegro, sereno, disciplinado e tecnicamente muito
bem preparado. Portanto, em termos de comando e controle em acidentes rodoviários envolvendo produtos Sabe-se que existem diferentes formas de proceder no atendimento de uma emergência com produtos

perigosos, podemos resumir essas quatro funções da seguinte forma: perigosos, entretanto, para as tarefas operativas no local da emergência, sugere-se um modelo denominado
de Rotina dos Oito Passos, o qual foi desenvolvido a partir do original, intitulado de “The 8 step process”.

No início dos anos 80, Mike Hildebrand, Greg Noll e Jimmy Yvorra introduziram o conceito do “Processo
dos 8 Passos” para administrar incidentes com produtos perigosos, através de uma publicação da IFSTA,

1. Fixar objetivos (saber onde se pretende chegar para se saber exatamente intitulada: Hazardous Materials - Managing the Incident. (PYE, 2002).
Planejamento como chegar até lá);
2. Definir a estratégia de controle da emergência (ofensiva ou defensiva); O livro é amplamente utilizado por equipes de bombeiros, técnicos em produtos perigosos, policiais
3. Definir um plano de ação para alcançar os objetivos pré-estabelecidos. rodoviários, policiais táticos, equipes industriais de resposta em emergências e outros profissionais que
lidam com vazamentos e derrames de produtos químicos perigosos.

1. Dividir o trabalho (dividir as tarefas que precisam ser cumpridas);


Organização 2. Designar as pessoas (equipes de profissionais) para a execução dessas
tarefas; A rotina dos oito passos pode ser assim resumida:
3. Alocar recursos e coordenar esforços para a correta execução das tarefas
determinadas.

1) Controle inicial da cena de emergência


1. Dirigir seus esforços para que as pessoas executem o plano e atinjam os
objetivos pré-estabelecidos;
Direção e o primeiro que chega na cena da emergência deve assumir o comando da operação, estabelecer
Liderança 2. Guiar as pessoas para a ação, dando instruções claras sobre como executar um Posto de Comando e iniciar o controle do local. Para isso, deverá identificar a emergência como
o plano; sendo um acidente com produto perigosos, avaliar seu alcance, e, dimensionar os meios necessários
3. Manter a segurança e a motivação incentivando o trabalho coordenado, para controlá-la. Deverá ainda isolar a área e controlar o acesso ao local do acidente, se necessário,
seguro e em equipe. evacuando áreas de risco.

2) Identificação do problema (quais os produtos envolvidos)

1. Avaliar o desempenho das equipes envolvidas; o responsável deverá identificar o tipo de produto perigoso envolvido no acidente com base na
Controle 2. Corrigir ações (se necessário); observação dos veículos envolvidos e suas cargas e classificá-lo quanto aos riscos potenciais.
3. Tornar a avaliar, de forma a assegurar que os resultados daquilo que foi
planejado, organizado e dirigido realmente atinjam os objetivos previamente 3) Determinação dos riscos potenciais do acidente
estabelecidos.
o responsável deverá avaliar a magnitude do risco com base na estimativa de probabilidade (frequência)
dos acidentes e seus efeitos (severidade). De forma simples, o comandante da operação (sem expor-
se a perigo) deverá verificar o que acontecerá se não for tomada nenhuma providência, e, a partir daí,
determinar as primeiras ações a seguir, com base nas recomendações do Manual de Emergências da
ABIQUIM.

4) Seleção do pessoal, recursos materiais e proteção pessoal necessária à intervenção

o responsável deverá identificar os profissionais mais capacitados para atuarem na resposta à


emergência, e reunir os equipamentos de proteção pessoal e demais materiais necessários ao
atendimento seguro da emergência.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

5) Gerenciamento das informações e organização dos recursos 4. Ações


o responsável deverá gerenciar todas as informações relativas ao acidente e organizar os recursos,
definindo os níveis da operação e quem será responsável por cada tarefa. Deverá também liberar o
Comunitárias de
pessoal e os recursos materiais dispensáveis. Manter os materiais e informações pendentes para o
controle da situação e transmitir a todos os envolvidos as informações relativas ao plano de ação. Defesa Civil
6) Implementação do plano de ação de emergência para controlar a situação

o responsável deverá dirigir a sequência de ações para controlar o escape de produtos de seus
contenedores, através de ações ofensivas ou defensivas e controlar as ações, corrigindo possíveis falhas
ou desvios do plano de emergência.

7) Realização dos procedimentos de descontaminação


4.1 Núcleos de Proteção
o responsável deverá identificar o nível exigido para a descontaminação das vítimas e profissionais
e Defesa Civil – NUPDECs e
de resposta, bem como o local mais adequado para executá-la. Determinar a execução da Conselhos de Segurança –
descontaminação dos equipamentos e materiais utilizados e isolar os instrumentos e equipamentos
contaminados, eliminando os descartáveis. CONSEGs
8) Coleta e registro dos dados e finalização da operação A intensificação da ocorrência de desastres, somada à escassez de

o responsável deverá recapitular todos os passos e ações executadas, listar e registrar todos os dados políticas públicas que fortaleçam ações conjuntas para a minimização
da ocorrência e orientar medidas preventivas e educacionais para evitar a repetição do evento. dos efeitos danosos dos desastres, tem trazido uma grande preocupação
aos órgãos de Defesa Civil.

Visando estabelecer novos paradigmas no que concerne às mudanças


comportamentais, atitudes e práticas no contexto local, a Defesa Civil
deve incentivar ações socioeducativas, criando espaços democráticos
capazes de estimular a participação de todos que fazem parte da
comunidade.

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A antiga Política Nacional de Defesa Civil estabelecia, em sua sétima O Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil é formado pela comunidade através de grupos de
diretriz, a importância da interação entre os órgãos do governo e voluntários.
a comunidade, especialmente por intermédio das Coordenadorias
Tem como objetivo a participação destes grupos nas ações de Defesa Civil, auxiliando a própria comunidade
Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC) e dos Núcleos
em casos de emergência e calamidades. Busca atuar na prevenção e orientação da população residente em
Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), com a finalidade
áreas de maior vulnerabilidade do município, em relação aos riscos a que está exposta. Desta forma, sua
de garantir uma resposta integrada à sociedade, uma vez que a união
atuação visa orientar a população para os cuidados a tomar com vista à autoproteção perante possíveis
de esforços resultará em ações positivas, as quais contribuirão para a
desastres, e diminuir o abalo emocional e psicológico dos afetados.
prevenção e minimização dos riscos de desastres.

A diferença existente entre um NUPDEC e uma COMPDEC diz respeito,


principalmente, à representatividade e à estrutura organizacional.

NUPDEC COMPDEC

associação comunitária”, e
órgão do Governo Municipal
seus membros voluntários

composto por membros


composto por
nomeados pelos prefeitos
integrantes da comunidade
municipais

Ambos são considerados órgãos municipais do Sistema Nacional


de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC É preciso
envolver a
comunidade
nas atividades
de Defesa Civil
e organizar a
O fato de o município ter um órgão de Defesa Civil estruturado e de comunidade
possuir planos de ação bem elaborados, visando à diminuição dos riscos em núcleos que Os NUPDECS estabelecem um elo formal entre as COMPDECS – responsáveis pelas ações de Defesa
de desastres, não é suficiente para dar resposta eficaz às situações de irão auxiliar Civil nos municípios – e a população. Favorecem a co-gestão no planejamento e execução das ações,
desastres. É preciso envolver a comunidade nas atividades de Defesa a COMPDEC, disseminando os princípios da cooperação e integração. Estas ações possibilitam um planejamento
Civil e organizar a comunidade em núcleos que irão auxiliar a COMPDEC,
desde o
participativo, estimulando a socialização de experiências, favorecendo ao indivíduo seu crescimento como
planejamento até
desde o planejamento até a execução das ações. É necessário que a ser humano e a sua integração, consciente e atuante, na comunidade em que vive.
a execução das
população esteja organizada, preparada e orientada sobre o que fazer e ações.
como fazer em situações adversas.

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No que tange à sensibilização para a formação dos NUPDEC e à garantia de Os encontros ou reuniões dos membros do NUPDEC devem ser realizados em locais disponíveis dentro da
uma boa receptividade por parte da comunidade, a COMPDEC necessita própria comunidade como, por exemplo: escolas, instituições religiosas, clubes, associação de moradores,
estar bem organizada e em condições de formular um planejamento casa de moradores, Conselhos Comunitários de Segurança, etc.
com ações permanentes. Isto garante uma repercussão proveitosa e, ao
mesmo tempo, qualitativa no processo de interação junto aos partícipes,
despertando sua credibilidade na comunidade e contribuindo para a
legitimação da proposta que se apresenta.

Segundo o Manual de Formação de NUDEC (LUCENA, 2005), para motivar


a participação comunitária faz-se necessário estar atento a dois pontos:

• investir na sensibilização da comunidade, destacando


não só a problemática do risco, mas a possibilidade de uma
reversão quanto aos desastres decorrentes da degradação
do meio ambiente local, enfatizando que o êxito do trabalho
depende da participação da comunidade;

De acordo com Lucena (2005), para a implantação dos NUPDECS poderá evidenciar-se algumas dificuldades.
• observar que o grupo técnico governamental responsável
como:
pela formação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil terá,
inicialmente, um trabalho efetivo voltado para a conscientização
da comunidade. Neste ponto, é importante que este trabalho a. desvio das finalidades do grupo, por desconhecimento ou descumprimento de seus
ressalte a história, a tradição e os costumes da comunidade, objetivos, tornando-o um fórum político-partidário, seja de situação ou oposição à gestão
enfim, deve-se promover um resgate da cultura local, para, assim, vigente no município;
construir uma relação pautada na valorização de comportamentos
b. tentativa de utilização do núcleo para angariar benefícios particulares,
éticos, solidários e participativos, que favoreçam efetivamente
desrespeitando o princípio de coletividade nas ações do NUDEC;
uma compreensão do que é a problemática do risco.

c. apatia ou falta de motivação, devido às prováveis descontinuidades de projetos;


Trabalhar no sentido de que a mobilização seja um instrumento para a
formação de NUPDEC e estímulo à participação cidadã significa investir
d. ausência de respostas governamentais às demandas identificadas junto à
na construção de laços voltados à compreensão da realidade local e
comunidade;
global. Assim, faz-se necessário estimular o exercício da cidadania ativa,
potencializando processos que favoreçam o despertar de uma consciência e. dificuldade de localizar e articular técnicos governamentais e/ou voluntários
socioambiental. Neste contexto, o grupo deverá estar mobilizado e especialistas, com propósito de contribuir para ações específicas demandadas pela
estimulado a envolver-se no processo de gestão dos possíveis riscos. comunidade; e

f. falta de participação efetiva do grupo em atividades concretas na comunidade.

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Apesar das possíveis dificuldades apontadas na criação e funcionamento A noção de ordem pública remete aos três elementos essenciais que
dos NUPDEC, é importante que a Defesa Civil municipal faça um a compõem: segurança pública, tranquilidade pública e salubridade
diagnóstico do seu município, mapeando as comunidades mais vulneráveis pública – elementos afetados quando da ocorrência de desastres. Como
a desastres, criando mecanismos para a implantação dos núcleos, como vemos, não há como negar a afinidade nas atribuições da Defesa Civil
forma de aproximar a população das ações de Defesa Civil e prepará-las e dos CONSEG, visto que ambos trabalham com as comunidades e
para o enfrentamento de situações de desastres e calamidades. desempenham suas missões voltadas para a incolumidade das pessoas,
É importante tranquilidade pública e salubridade pública.
Além disso, é importante que a Defesa Civil municipal, para otimizar sua que a Defesa
atuação, aproxime-se de outras estruturas já existentes no município, Civil municipal, Assim como os NUPDEC, os integrantes dos CONSEG trabalham
como os conselhos comunitários e conselhos de segurança, e articule-se para otimizar voluntariamente nas questões relacionadas à sua comunidade. Além
com elas. sua atuação, disso, tanto os NUPDEC quanto os CONSEG são formados por grupos
aproxime-se de de pessoas do mesmo bairro ou município. Seus participantes também
Segundo Pacheco & Marcineiro (2005), os CONSEG podem ser outras estruturas
se reúnem periodicamente para discutir, analisar, planejar e acompanhar
definidos como grupos de pessoas do mesmo bairro ou município que já existentes no
município. a solução de seus problemas comunitários de segurança, desenvolver
se reúnem para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de
campanhas educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação
seus problemas comunitários de segurança, desenvolver campanhas
entre as várias lideranças locais.
educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação entre as várias
lideranças locais.

Em Santa Catarina os CONSEGs estão presentes em 160


municípios, dos 295 municípios catarinenses, com um total
de 323 unidades.

Ao lançar a ideia de inserção do tema Defesa Civil dentro das reuniões dos
CONSEG, a Defesa Civil de Santa Catarina levou em consideração que a
Política Nacional de Defesa Civil cita o reconhecimento, pela Constituição
Como observamos, são várias as semelhanças entre os CONSEG e os
Federal do Brasil, do direito natural à vida e à incolumidade das pessoas,
NUPDEC que convergem para que as duas entidades possam desenvolver
sendo da competência da Defesa Civil a garantia desse direito, em
atividades no sentido de cooperação recíproca, pois seus integrantes são
circunstâncias de desastre.
voluntários e trabalham preventivamente para manter, de forma genérica,
Conforme o caput do art.144 da Constituição Federal de 1988, segurança a segurança local. A ideia de integração vem ganhando força e pode-
pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos. É exercida se aproveitar a estrutura dos CONSEG existentes nos municípios para
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do disseminar também a cultura de Defesa Civil. Os desastres sempre
patrimônio. À Defesa Civil cabe a tutela da incolumidade das pessoas e existiram e continuarão ocorrendo, cada vez com maior intensidade e
do patrimônio, numa visão mais ampla do que seja ordem pública. frequência, o que requer que as comunidades estejam preparadas, da
melhor forma possível, para enfrentar essas adversidades.

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4.2 Trabalho Voluntário Voluntário em Situação de Desastre


e Defesa Civil Ao tomar conhecimento de desastres, especialmente por meio da mídia,

No Brasil, o serviço voluntário está disciplinado pela Lei Federal nº 9.608, de 18/02/1998. as pessoas tendem a sensibilizar-se e adquirem um sentimento de “quero
ajudar”. Mas, como fazê-lo sem atrapalhar as atividades das instituições
O art. 1º da referida lei apresenta a definição do serviço voluntário como atividade não remunerada, prestada
públicas de atendimento a emergências?
por pessoa física a entidades públicas de qualquer natureza, ou a instituições privadas sem fins lucrativos,
que tenham objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. É essencial que a pessoa interessada em atuar numa situação de desastre
procure a Defesa Civil do município ou uma entidade local organizadora
das atividades voluntárias.

Para facilitar essa intermediação, o Instituto Voluntários em Ação – IVA


de SC, instituiu o Projeto Força Voluntária, possibilitando ao voluntário
cadastrar-se, capacitar-se e à defesa civil um banco de dados que
possibilita identificar com quem pode contar e em que situação. O
cadastro prévio permite que se organize melhor a atuação das pessoas
interessadas conforme formação profissional, capacitações na área de
Defesa Civil, disponibilidade de dias, horários e outras informações.

É fundamental que o voluntário esteja cadastrado antes do desastre


acontecer, pois, durante o evento, a falta de preparação e conhecimento
sobre o assunto acaba prejudicando qualquer iniciativa.

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Projeto Força Voluntária Através do Portal Voluntários On-Line os voluntários serão recrutados,
(www.forcavoluntaria.org.br) cadastrados, selecionados e mobilizados, motivando-os e capacitando-
os para a atuação em situações de desastres, apoiando as ações da
É um projeto do Instituto Voluntários em Ação, em parceria com a Defesa
Defesa Civil, trabalhando também em ações de prevenção, e fazendo
Civil, ICom e outras organizações, que visa mobilizar, recrutar, organizar
com que esses grupos mantenham-se constantemente mobilizados e
e capacitar grupos de voluntários para agir em situações de desastres
prontos para entrar em ação.
em Santa Catarina, evitando que o voluntário seja visto como mais um
problema ao invés de solução. É muito importante que o voluntário esteja Para tornar-se um voluntário da Força Voluntária:
capacitado e compreenda as ações da Defesa Civil.
1. Acesse: http://www.forcavoluntaria.org.br e clique em “Quero me
Cadastrar” e preencha o formulário com seus dados.

2. Ao finalizar seu cadastro, clique em “Quero participar do projeto


Força Voluntária”.

3. Em seguida você escolhe uma das vagas de voluntariado oferecidas,


conforme o município onde você mora. Caso não more em Santa Catarina,
você pode ajudar sendo conteudista do projeto.

4. Pronto. Você será convocado para participar das capacitações


presenciais e on-line e futuramente estará preparado e apto para ser um
voluntário em prevenção e situações de desastres.

Contato

É uma ferramenta on-line a ser utilizada tanto pelas Defesas Civis


municipais quanto pelos voluntários interessados em atuar em situações
de desastre e prevenção. Rua Deodoro, 226/701 Ed. Marco Polo - Centro - Florianópolis

As defesas civis interessadas em utilizar a ferramenta, serão orientadas Fone/Fax: (048) 3222-1299

pelos técnicos do Instituto Voluntários em Ação, sem custo. E-mail: [email protected]

www.voluntariosonline.org.br

www.forcavoluntaria.org.br

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4.3 Campanha Cidades Então,

Resilientes

O objetivo geral da campanha mundial é construir comunidades urbanas


resilientes, sustentáveis e mais seguras. Busca fortalecer e respaldar
governos locais, grupos e lideranças comunitárias, assim como prefeitos
e corpo técnico de administrações públicas que façam parte das áreas
de planejamento e desenvolvimento urbano, e em especial da gestão de
A Campanha da Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD/
riscos de desastres. Incluem-se autoridades nacionais encarregadas do
ONU), no inglês “Making Cities Resilient, My City is Getting Ready”, se
desenvolvimento e da redução de riscos de desastres em âmbitos locais
pauta na crescente urbanização mundial e nos problemas decorrentes
e urbanos.
de uma ocupação desordenada em contraponto à necessidade de
prever riscos e criar ferramentas de adaptação e de enfrentamento para Para a campanha o termo “cidade” faz referência às zonas urbanas em
construção de cidades mais seguras. geral, por sua vez o termo “governo local” inclui tanto as comunidades
urbanas como rurais em diferentes âmbitos (regional, estadual,
metropolitano, etc).
A campanha utiliza como definição de resiliência, a habilidade de um
A campanha tem como Meta concentrar-se especialmente nas
sistema, comunidade ou sociedade expostos a riscos, a resistir, absorver,
comunidades urbanas mais vulneráveis: populações pobres e
acomodar-se e reagir aos efeitos de ameaças de maneira eficiente e
comunidades que enfrentam um alto risco diante dos impactos adversos
em tempo adequado, incluindo a preservação e reconstrução de suas
de ameaças. A meta para 2010 era chegar a pelo menos 25 cidades /
estruturas e serviços essenciais básicos.
governos locais resilientes que servissem como modelo para a campanha
mundial, e mais 50 que estivessem participando da campanha. Para 2011
a meta era atingir mais de 1000 cidades / governos locais participantes.
Atualmente (27/03/2013), 1334 municípios participam da campanha.

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A campanha incentiva que os municípios desenvolvam ações locais, utilizando como ponto de referência os Prefeitos e governantes locais são, ao mesmo tempo, público-alvo e realizadores da campanha. Governos
10 Passos Essenciais para Construir Cidades Mais Resilientes: locais vivenciam os desastres no seu dia-a-dia e necessitam de melhor acesso a políticas e ferramentas
para efetivamente enfrentar os desastres. O Acordo de Hyogo apresenta soluções para governantes e atores

1. Estabeleça mecanismos de organização e coordenação de ações com base na participação de locais para gerenciar e reduzir riscos urbanos. Governos locais estão no nível institucional mais próximo dos
comunidades e sociedade civil organizada, por meio, por exemplo, do estabelecimento de alianças cidadãos e suas comunidades, são eles os responsáveis pela primeira resposta a crises e emergências, além
locais. Incentive que os diversos segmentos sociais compreendam seu papel na construção de cidades
mais seguras com vistas à redução de riscos e preparação para situações de desastres. de garantir os serviços essenciais aos cidadãos (saúde, educação, transporte, água, etc), os quais precisam
tornar-se resilientes a desastres.
2. Elabore documentos de orientação para a redução do risco de desastres e ofereça incentivos aos
moradores de áreas de risco: famílias de baixa renda, comunidades, comércio e setor público, para que
invistam na redução dos riscos que enfrentam.
Entretanto construir cidades resilientes frente aos desastres é tarefa de todos: governos locais e nacionais,
3. Mantenha informação atualizada sobre as ameaças e vulnerabilidades de sua cidade, conduza associações internacionais, sociedade civil organizada, setor privado, academia e associações de
avaliações de risco e as utilize como base para os planos e processos decisórios relativos ao
desenvolvimento urbano. Garanta que os cidadãos de sua cidade tenham acesso à informação e aos profissionais, bem como todos os cidadãos precisam estar engajados. Todos estes públicos de interesse
planos para resiliência, criando espaço para discutir sobre os mesmos. precisam participar do processo de construção de cidades mais resilientes aos desastres.

4. Invista e mantenha uma infraestrutura para redução de risco, com enfoque estrutural, como por
exemplo obras de drenagens para evitar inundações, e conforme necessário, invista em ações de
adaptação às mudanças climáticas. Orientações aos municípios

5. Avalie a segurança de todas as escolas e postos de saúde de sua cidade, e modernize-os se Cinco maneiras de desenvolver e construir sua participação na Campanha Mundial para Redução de
necessário.
Desastres

6. Aplique e faça cumprir regulamentos sobre construção e princípios para planejamento do uso e
ocupação do solo. Identifique áreas seguras para os cidadãos de baixa renda e, quando possível,
modernize os assentamentos informais. 1. Convencer Como?

Aumentar o grau de compromisso com a Organizando mesas redondas e promovendo


7. Invista na criação de programas educativos e de capacitação sobre a redução de riscos de desastres, urbanização sustentável, reduzindo o risco de diálogos sobre políticas públicas entre as
tanto nas escolas como nas comunidades locais. desastres em todas as esferas governamentais e autoridades nacionais e locais em fóruns
contribuindo, em todos os níveis, para o processo nacionais, regionais e internacionais, liderados
de tomada de decisão. pelos prefeitos, com o propósito de obter “pactos”
8. Projeta os ecossistemas e as zonas naturais para atenuar alagamentos, inundações, e outras ameaças nacionais e locais de compromisso.
às quais sua cidade seja vulnerável. Adapte-se às mudanças climáticas recorrendo a boas práticas de
redução de risco. 2. Estabelecer parcerias e articulações Como?

Estabelecer alianças de trabalho entre as Apoiando iniciativas de colaboração entre os


9. Instale sistemas de alerta e desenvolva capacitações para gestão de emergências em sua cidade,
autoridades locais e nacionais, articulando atores diferentes atores, como alianças de governos
realizando, com regularidade, simulados para preparação do público em geral, nos quais participem locais, lideranças comunitárias, sociedade civil, locais para a redução de riscos e incentivando a
todos os habitantes. universidades e organizações de classe. formação de grupos de trabalho e plataformas de
cooperação.
10. Depois de qualquer desastre, vele para que as necessidades dos sobreviventes sejam atendidas e
se concentrem nos esforços de reconstrução. Garanta o apoio necessário à população afetada e suas
organizações comunitárias, incluindo a reconstrução de suas residências e seus meios de sustento.

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3. Informar Como? 4.4. MAPEAMENTO PARTICIPATIVO DE RISCO E


Incrementar o grau de informação e mobilização Organizando audiências públicas; incentivando
PLANOS COMUNITÁRIOS DE GESTÃO DE RISCO30
sobre risco de desastres urbanos, multiplicando espaços para diálogos; promovendo simulados
conhecimento sobre formas de atuação e outras atividades locais; formando parcerias Uma das ferramentas utilizadas na prevenção de risco de desastres é o chamado mapeamento de risco. A
dos governos locais e dos cidadãos na com os meios de comunicação; comprometendo-
Política Nacional de Defesa Civil (2008) propõe a elaboração e difusão de metodologias para o mapeamento
criação e planejamento de estratégias para o se com escolas e hospitais; e planejando outras
desenvolvimento urbano, como construção de atividades de sensibilização social. de áreas de risco com o objetivo de manter um banco de dados que forneça subsídios para os Planos Diretores
escolas e hospitais mais seguros e fortalecimento
dos serviços prestados pelos governos locais. de Defesa Civil. Os mapeamentos podem ser desdobrados em mapeamentos de ameaças, mapeamentos
de vulnerabilidades e mapeamentos de riscos (que cruzam os dois mapas anteriores). Podem, também, ser
4. Aprender Como?
desdobrados conforme proposta do IPT que passa a apresentar-se.
Aumentar o grau de conhecimento e melhorar o Desenvolvendo – em colaboração com
acesso às ferramentas, tecnologia e oportunidades pesquisadores, profissionais, centros de
para o desenvolvimento de capacidades para os capacitação e cidades que sirvam de referência
governos e atores locais. – um “Marco de Hyogo” para as autoridades
locais, mediante um processo de aprendizagem,
capacitação, cooperação técnica e orientação
local sobre a forma de implantar itens específicos
do MAH em âmbito local.

5. Medir o progresso Como?

Comunicar o progresso e o êxito alcançado Integrando a geração dos informes globais


pelos governos locais na execução dos 10 sobre a execução do MAH e comunicando e
Passos Essenciais para Construir Cidades Mais compartilhando boas práticas e experiência.
Resilientes.

Em 2011, 8 municípios de Santa Catarina foram os primeiros do Brasil a receber a certificação de participação
na Campanha e, atualmente, dos 17 municípios brasileiros que integram a Campanha, 11 são de Santa
Catarina.

Os municípios que desenvolverem atividades relacionadas à campanha poderão comunicar a Secretaria


Estadual de Defesa Civil sobre sua programação, que será divulgada em nível nacional e internacional.
Para IPT (2007) há três tipos de mapeamento que, conjuntamente, resultarão no mapa de risco de uma
determinada área. O primeiro mapa é o de inventário, utilizado para a elaboração da carta de susceptibilidade
e do mapa de risco. No inventário consideram-se três elementos: 1) distribuição espacial dos eventos; 2)

Saiba Mais: Para obter maiores informações sobre a Campanha conteúdo: tipo, tamanho, forma e estado; 3) informações de campo, fotos e imagens. Coletados estes dados,

Mundial para Redução de Desastres acesse: inicia-se a elaboração do segundo mapa, o mapa de susceptibilidade que tem por objetivo apresentar a
potencialidade de ocorrência de desastres no local, fornecendo informações que auxiliem no planejamento
www.unisdr.org/campaign (versão em inglês)
do uso e ocupação do solo.

www.eird.org/camp-10-11 (versão em espanhol)

Lisangela Albino, Débora Ferreira e Mário Freitas


30

Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED da UDESC.

128 129

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Entre suas principais características contam-se o ser baseado no mapa de


inventário, apresentar os fatores que influenciam a ocorrência dos eventos,
correlacionar fatores e eventos e classificar as unidades de paisagem em graus
de susceptibilidade. O mapa de risco começa a ser elaborado com base nos
dois mapas anteriormente citados e apresentará a probabilidade de ocorrência
de processos geológicos naturais ou induzidos e as consequências sociais e
econômicas deles decorrentes. Para além de uma aplicabilidade temporal limitada
o mapa de risco tem como principais características: indicar a probabilidade
temporal e espacial de ocorrência da ameaça; apresentar a tipologia e
comportamento do fenômeno; indicar a vulnerabilidade dos elementos sob risco;
apresentar cálculos relativos a custos dos danos (IPT, 2007).

De acordo com Lopes (2009), o mapeamento de risco é um instrumento eficaz


para o gerenciamento de riscos geológicos. A partir de 2004 o Instituto Geológico
(IG) começou a realizar mapeamentos no estado de São Paulo associados,
principalmente, a escorregamentos, inundações e dinâmicas erosivas. Tais
medidas procuraram subsidiar ações articuladas pela Coordenadoria Estadual de
Proteção e Defesa Civil (CEPDEC), por meio de Termos de Cooperação Técnica,
voltadas para a minimização e a prevenção dos moradores dessas áreas. Nas metodologias para mapeamento de áreas de risco, mais amplamente
divulgadas no Brasil, não há uma clara inclusão da participação popular. O mapeamento
Efetivamente, embora se prevejam consultas à população para coleta de é visto como um
4.4.1 MAPEAMENTO PARTICIPATIVO informações e opiniões julgadas pertinentes, em nenhum caso, contudo, procedimento
técnico que,
DE RISCO DE DESASTRE se prevê a participação ativa e direta dos cidadãos na elaboração do
como tal,
mapeamento. O mapeamento é visto como um procedimento técnico
Uma das mais recentes inflexões nas políticas de proteção/defesa civil foi a se encontra
que, como tal, se encontra reservado para elaboração por técnicos
relevância atribuída à incorporação da comunidade na prevenção de risco
reservado para
especializados, remetendo pessoas e comunidades ao papel de elaboração
visando, entre outros aspectos, à integração da percepção de risco dos
informantes. Tal fato demonstra a real dificuldade de interação entre por técnicos
moradores com o conhecimento técnico-científico: “A política de gestão de risco
o conhecimento técnico-científico dos chamados especialistas e as especializados,
não deve apenas ser baseada na ciência nem apenas nos valores sociais”31. O
percepções e saber comum dos cidadãos (e, em especial, do moradores remetendo
processo participativo das comunidades revela-se, contudo, difícil, tanto pela não
de áreas de risco). A maioria dos mapeamentos de risco efetuados
pessoas e
existência de uma cultura de participação, como pela continuação da valorização comunidades
cumprem a exigência governamental e dão resposta a pressões sociais,
do saber e linguagem técnico-científicos. Conciliar a percepção do risco com ao papel de
políticas e acadêmicas mas, em muitos casos, acabam por não servir informantes.
a avaliação técnica é apontado por diversos autores como o caminho para a
como base para o planejamento de ações mitigatórias e preventivas
eficácia dos planos de prevenção de risco e a mitigação dos desastres.
eficazes.

31
Renn, 2004, p.151.

130 131

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Uma das principais contribuições do mapeamento de risco participativo e/ou comunitário é que ele funciona O SIG-P surgiu da associação da Avaliação Rural Participativa (PRA),
em duplo sentido: a) por um lado, ele permite incorporar no mapeamento de natureza “mais técnica” a rica que integrou progressivamente a população como principal agente no
O desenvolvimento
contribuição de quem vive no local e conhece detalhes diários das dinâmicas dos sistemas ambientais recolhimento de dados sobre a realidade rural na década de 80, e da
desta prática não
onde habitam; b) por outro lado, ele conduz a uma maior reflexão das percepções de risco dos cidadãos, própria prática do SIG na década de 90. Os primeiros trabalhos do PRA visa informar aos
enriquecendo-as e fazendo-as evoluir, com base na sua interação com o saber técnico-científico. Em síntese, ocorreram devido às insatisfações de muitos pesquisadores ao não especialistas da
ao promover um mais amplo envolvimento das comunidades nas políticas de proteção/defesa civil, aumenta conseguirem responder aos grandes desafios sociais emergentes da condição de vida
a percepção sobre as características geográficas, integra a percepção de risco ao conhecimento técnico prática do SIG tradicional. Assim que alguns praticantes do SIG resolveram das comunidades,
e aumenta a capacidade de reconhecer as características do local, identificando os fatores de risco, os inserir na base de dados uma representação digital da realidade social, e
mas antes ajudar
as pessoas a
recursos existentes e fornecendo ferramentas para desenvolver ações de redução de risco tanto para o com a nova prática, considerar uma percepção diferente da visão dos
fazerem suas
Governo como para as populações locais (FOPAE, 2008). especialistas dos fenômenos naturais, por exemplo33. O desenvolvimento
próprias análises
desta prática não visa informar aos especialistas da condição de vida do ambiente em
das comunidades, mas antes ajudar as pessoas a fazerem suas próprias que vivem.
análises do ambiente em que vivem34.

“Pautado na cartografia social, o SIG-P é um instrumento que


4.4.2 Sistema de Informações Geográficas resulta de críticas da Geografia Humana ao caráter excessivamente
Participativo (SIG-P) algorítmico e abstrato dos GIS (SIG) e de certa desconsideração
desses com as questões sociais em sua operação.”35
O Sistema de Informações Geográficas Participativo (SIG-P) é um procedimento multidisciplinar e participativo
que combina o conhecimento técnico especializado com o conhecimento da comunidade. As tecnologias de
informação e dados geográficos tornam-se, assim, cada vez mais acessíveis ao público em geral, podendo
ser usados pela própria comunidade, ou por profissionais, pesquisadores, entre outros.

Em 2005 foi realizada a Conferência Internacional de Cartografia para


Mudança sobre o Gerenciamento e a Comunicação de Informações
O SIG-P é em si uma prática emergente. É o resultado de uma fusão dos métodos de Aprendizagem
Geográficas em Nairóbi/Quênia, que reuniu 154 pessoas de 45 países
e Participação – AAP (Participatory Learning and Action – PLA) e as tecnologias de Informações
com experiência prática sobre a implementação do SIG-P. Um ponto
Geográficas – TIG (Geographic Information Technologies – GIT). O SIG-P facilita a representação
de vista comum entre esses praticantes é o de que o desenvolvimento
dos conhecimentos de pessoas locais e dos espaços por meio de mapas bidimensionais ou
deste método poderá proporcionar maior participação dos grupos ditos
tridimensionais. A prática de SIG-P visa proporcionar poder à comunidade através de aplicações
marginalizados da sociedade (aumentar a capacidade de gerar, comunicar
adaptadas, baseadas na demanda de uso simples dessas tecnologias cartográficas. Quando
e gerenciar informações geográficas, estimular a inovação e incentivar
praticado corretamente, o SIG-P é flexível e se adapta aos diversos ambientes socioculturais e
uma mudança social positiva). A Conferência possibilitou a troca de
biofísicos.32
experiências entre os praticantes.

32
RAMBALDI et al., 2005 apud CORBETT et al., 2006, p.13. 33
WEINER et al., 1995 apud ORBAN-FERAUGE, 2011.
34
CHAMBERS, 1994 apud ORBAN-FERAUGE, 2011.
35
MILAGRES et al., 2010, p. 5.

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

Depois de aplicado em vários outros domínios, o SIG-P começou


sendo aplicado à gestão de risco de desastre. Neste domínio será de
referir o trabalho de análise de vulnerabilidade das comunidades frente
aos ciclones, enchentes e secas em Búzi no Moçambique. As medidas
adotadas para a realização do trabalho foram: contato prévio com as
autoridades locais e representantes da Cruz Vermelha de Moçambique;
reunião com lideranças locais para apresentação do projeto; entrevistas As avaliações de
semiestruturadas; mapeamento da infraestrutura (prédios públicos, vulnerabilidade
acesso à água potável, pontes e estradas) com o uso de GPS e mapas diante da
topográficos e ainda uma oficina com representantes mulheres e homens ocorrência de um
desastre devem
de suas comunidades. Foram criados indicadores de vulnerabilidade
ter o objetivo
divididos em físicos, socioculturais, econômicos e institucionais para
de preparar as
que se tornasse possível definir as prioridades na formulação de um comunidades
plano para as comunidades, bem como questões de prevenção aos situadas
desastres e desenvolvimento de ações políticas. Além dos indicadores, as em locais
comunidades produziram mapas para a aquisição de dados geográficos considerados
São vários os instrumentos para a construção de um SIG-P: a) cartografia efêmera destas, com o intuito de identificar locais seguros no caso de inundações
de risco e o
(desenho de mapas no chão com a utilização de gravetos, folhas, seixos, etc); estabelecimento
por exemplo. As avaliações de vulnerabilidade diante da ocorrência de um
de medidas
b) cartografia de esboço (esboço de um mapa de acordo com a observação do desastre devem ter o objetivo de preparar as comunidades situadas em preventivas.
local ou memória); c) cartografia de escala (geração de um mapa com escala locais considerados de risco e o estabelecimento de medidas preventivas.
relativamente exata, “[...] geração de dados de referências geográficas que
podem ser comparados diretamente com outros mapas”); d) modelação 3D (é
a produção de modelos de relevo tridimensionais, de escala e com referências
geográficas, “integra os conhecimentos geográficos com os dados de elevação
[...]”); e) os foto-mapas (são impressões de fotografias aéreas, “os membros da Outra experiência em mapeamento participativo relacionada com gestão de risco ambiental, desenvolvida no

comunidade podem delinear o uso de terras e outras características significantes Brasil, foi a identificação de riscos ambientais na Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Anhumas em Campinas/

em transparências sobrepostas no foto-mapa”, as informações sobrepostas nas SP. O objetivo foi “ressaltar a importância de um método de pesquisa que auxilia na identificação dos riscos

transparências podem ser digitalizadas e georreferenciadas em seguida); f) “os ambientais, através da valorização das experiências cognitivas dentro do âmbito das percepções ambientais

dados registrados são usados com frequência para dar precisão às informações e na representação dinâmica destes riscos através de um método de representação gráfica não menos

descritas em mapas de esboço, mapas de escala, modelo 3D e outros métodos rica em percepção”37. Trata-se de integrar conhecimento técnico-científico ao empírico (percepção) das

cartográficos comunitários que utilizam menos tecnologia”); g) os sistemas comunidades possibilitando assinalar algumas ocorrências mais vulneráveis: as “decorrentes de poluição

multimídia de informações vinculados a mapas (é um mapa interativo digital em cumulativa e de eventos agudos, que possam intoxicar seres vivos e afetar coletividades humanas urbanas

que “os conhecimentos locais são documentados por membros da comunidade e rurais na região” e ainda, prejuízos relacionados à erosão, enchentes, assoreamento de rio, ocupação de

por meio de vídeos digitais, fotografias digitais e texto escrito, armazenados em áreas inadequadas e disposição de resíduos38.

computadores [...]”36.

36
RAMBALDI et al., 2005; CORBETT, 2005 apud CORBETT et al., 2006, p. 14.
37
Dagnino e Carpi Junior, 2006, p.2
38
idem.

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As medidas para a realização do trabalho foram: levantamento de possíveis Em Santa Catarina, experiências pioneiras de utilização do SIG-P em
envolvidos; estratégias de divulgação (convocação das pessoas para as gestão de risco vêm sendo desenvolvidas por um grupo de pesquisa em
reuniões foi feita através de contatos com as associações de bairros e Ilhota (fortemente atingida pelos desastres de 2008) e Araranguá (atingida
lideranças comunitárias, além de cartazes, panfletos e envio de e-mails); por cheias com alguma frequência e pelo furacão Catarina)41. Todos
divisão da bacia em três setores (alto, médio e baixo curso); elaboração os trabalhos por nós realizados integram um projeto maior financiado
e impressão de bases cartográficas; reunião de mapeamento de risco pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa
(dividida em dois momentos – o primeiro para a alfabetização geográfica/ Catarina (FAPESC), “Promoção de Competências para a Ação e na
cartográfica e no segundo momento foi realizado de fato o mapeamento Prevenção e Atendimento de Desastres Naturais: estratégias educativas
de riscos ambientais), “sempre buscando a valorização das experiências de participação pública”. Entre outros aspectos, este projeto visa
vivenciadas pelos participantes que encontram no mapa uma boa maneira promover a participação das comunidades na prevenção e enfrentamento
de se expressar”; compilação dos dados obtidos na reunião e tratamento de desastres. Parte dos resultados dos trabalhos apresentados incluiu a
computacional para a construção do SIG e, por fim, foi realizada uma realização de mapeamentos participativos com a utilização de SIG-P.
reunião aberta a todos para apresentação dos dados e também de forma
No ano de 2012, realizou-se o mapeamento participativo de risco da
participativa formularam um prognóstico da área estudada39.
Região dos Baús (Ilhota, SC)42. O objetivo geral foi desenvolver um amplo
processo participativo, orientado para a construção de um Sistema
de Informações Geográficas Participativo (SIG-P) da região do Morro
do Baú, em Ilhota, como estratégia de prevenção e enfrentamento de
desastres ambientais. As estratégias utilizadas foram: saídas a campo,
reuniões comunitárias, oficina de cartografia social, trabalho de campo
participativo, entrevistas, aplicação de questionário e trabalho de
laboratório (agrupamento de dados gráficos da área, coleta de pontos de
controle, entre outros processos de cunho mais técnico.
A participação
A participação das comunidades em todas as fases da gestão de risco
das comunidades
é o fundamento das novas recomendações dos órgãos internacionais e
em todas as fases
nacionais de Defesa Civil, porém no Brasil, assim como em muitos outros da gestão de risco
países, a participação das comunidades encontra-se ainda em segundo é o fundamento
plano. As ações da Proteção/Defesa Civil são feitas, quase sempre, das novas
de “cima para baixo”, os moradores não tomam conhecimento e os recomendações
resultados observados a cada novo desastre salda-se em novas perdas
dos órgãos
internacionais
de vidas humanas, fortes impactos sociais e econômicos (particularmente,
Este estudo demonstra que o mapeamento participativo pode contribuir
e nacionais de
para os mais desfavorecidos) e atrasos no processo de desenvolvimento Defesa Civil.
na elaboração de políticas públicas, no controle dos riscos ambientais, sustentável.
no desenvolvimento de um plano de gerenciamento de bacia e no
planejamento estratégico ambiental, entre outros40.

Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED da UDESC.


41

40
Dagnino e Carpi, 2006. O trabalho integra uma dissertação defendida por Débora Ferreira, no Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e
42

Desenvolvimento Socioambiental – MPPT (UDESC), intitulada “Sistema de Informação Geográfica Participativo (SIG-P) na Prevenção
de Desastres Ambientais: estudo de caso do Morro do Baú em Ilhota/SC.

136 137

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Para que as ações de prevenção apresentem resultados positivos é preciso


desenvolver estratégias que envolvam a participação da comunidade.
As metodologias participativas demonstram resultados muito positivos
e podem vir a ser aplicadas em outros municípios, regiões e estados,
conduzindo ao levantamento detalhado das principais ameaças,
vulnerabilidades, recursos e necessidades imediatas, gerando dados
para a confecção de mapas sobre riscos e recursos e rotas de fuga, além
de proporcionar, através da sugestão de planos de prevenção de riscos
feitos pela comunidade, a integração entre o conhecimento técnico da
Defesa Civil Municipal e dos moradores para o planejamento de ações
preventivas (Albino, 2013).

5. Fontes
na Rede
Desenvolvimento,
Clima, Desastres
e Gestão de
EU PARTICIPO Emergência
A inclusão dos
mapeamentos
O mapeamento de risco, por si só, não se constitui como prevenção, de risco nos
mas sim, como uma ferramenta para desenvolver ações que envolvam a Planos Diretores
participação de todos os atores envolvidos na gestão de risco. A inclusão Municipais
dos mapeamentos de risco nos Planos Diretores Municipais permitiria um permitiria um
zoneamento
zoneamento mais eficaz, na medida em que direcionaria e ordenaria o
mais eficaz, na
crescimento populacional no território impedindo as novas ocupações de
medida em que
áreas de risco. Nas áreas já ocupadas o mapeamento participativo de direcionaria
riscos e recursos ofereceria às comunidades já estabelecidas em áreas de e ordenaria o
risco a possibilidade de evacuação da área para lugares seguros. Para isto crescimento
é necessário, acima de tudo a capacitação da população, a organização populacional
e a atuação dos NUPDECs em atividades que envolvam o monitoramento
no território
impedindo as
de áreas de risco, em parceria com a Defesa Civil Municipal, a delimitação
novas ocupações
das rotas de fuga, a implantação do sistema de alerta e alarme e a
de áreas de risco.
realização de simulados com os moradores (Albino, 2013).

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ACNUR – Alta Comissão das Nações Unidas para os Refugiados http://www.unhcr.ch DRC – Centro de Investigações sobre Desastres http://www.udel.edu/DRC/
ADPC – Centro Asiático de Preparação em Desastres http://www.adpc.ait.ac.th/general/adpc.html Earth Trends http://earthtrends.wri.org/
Agência Internacional de Energia Atômica http://www.iaea.org ECB – Projeto para o Desenvolvimento de Capacidades http://www.ecbproject.org/
Alert Net http://www.alertnet.org/ ECHO – Escritório Humanitário da Comunidade Européia http://europa.eu.int/comm/echo/en/index_en.html
ALNAP http://www.alnap.org/ ECRE – Conselho Europeu sobre Refugiados e Exilados http://www.ein.org.uk/ecre/
Ajuda em Ação http://www.actionaid.org/index.asp ECRE – Grupo de Trabalho sobre Integração http://www.refugeenet.org
Banco Mundial http://www.worldbank.org/ EIU – Unidade de Informação Empresarial do Grupo “The Economist” http://www.eiu.com/
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento http://www.iadb.org/sds/ENV/site_2493_e.htm O Atlas da Mudança Climática http://www.theclimateatlas.com/
BOND http://www.bond.org.uk/ EMA – Gestão de Emergências Austrália http://www.ema.gov.au
CCEP – Centro Canadense para a Preparação em Casos de Emergência http://www.ccep.ca EM-DAT http://www.em-dat.net/
CCKN – Rede de Conhecimento sobre a Mudança Climática http://www.cckn.net/ EPIX – Intercâmbio de Informação sobre Preparação em Casos de Emergência http://hoshi.cic.sfu.ca/epix
CDC – Centro para a Prevenção e Controle das Doenças http://www.cdc.gov FEMA – Agência Federal para a Gestão de Emergências http://www.fema.gov/
Centro Benfield para a Investigação de Ameaças http://www.benfieldhrc.org/index.htm FICR – Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho http://www.ifrc.
org
Centro da Ásia e do Pacífico para a Gestão de Desastres http//:www.apdmc.com
Fórum sobre o Futuro da Ajuda http://www.futureofaid.net/
Centro de Excelência em Gestão de Desastres e Ajuda Humanitária http://www.coe-dmha.org
GADR – Aliança Global para a Redução de Desastres http://www.gadr.giees.uncc.edu/
Centro de Gestão de Emergências no Pacífico http://key.cyberg8t.com:80/simeon
Gap Minder http://www.gapminder.org/
Centro de Investigações sobre Desastres da Universidade de Delaware http://www.udel.edu/DRC
Geohazards International http://www.geohaz.org
Centro para o Direito Internacional e Europeu sobre Imigração e Asilo
Gráficos Vitais sobre o Clima http://www.grida.no/climate/vital/index.htm
http://www.unikonstanz.de/FuF/ueberfak/fzaa/welcome.html/
Grupo de Investigação sobre Desigualdades Sociais e Espaciais http://www.sasi.group.shef.ac.uk/
Centro sobre Ameaças Naturais, Universidade de Colorado http://www.colorado.edu/IBS/hazards
Hazard Net http://hoshi.cic.sfu.ca/hazard
CICR – Comitê Internacional da Cruz Vermelha http://www.icrc.org
IIED – Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento http://www.iied.org/
CMNUCC http://unfccc.int/2860.php
INCORE – Iniciativa sobre Resolução de Conflitos e Etnicidade http://www.incore.ulst.ac.uk/about/index.
Comitê dos Estados Unidos para Refugiados http://www.refugees.org
html
Conselho Danés de Refugiados http://www.drd.dk/indexeng.htm
Índice sobre África http://www.fellesraadet.africainfo.no/africaindex/index.html
Conselho Noruego de Refugiados http://www.nrc.no/engindex.htm
InterAction http://www.interaction.org
Consórcio ProVention http://www.proventionconsortium.org/
InterWorks http://www.interworksmadison.com
Cruz Vermelha britânica http://www.redcross.org.uk/index.asp?id=39992
INTUTE http://www.intute.ac.uk/sciences/hazards/
Diretos Humanos, Nações Unidas http://www.unhchr.ch/html
IPCC – Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática http://www.ipcc.ch/
DFID – Redução do Risco de Desastres http://www.dfid.gov.uk/news/files/disasterrisk-
ISDR — Estratégia Internacional para a Redução de Desastres http://www.unisdr.org
reduction-launch.asp
ITU — União Internacional de Telecomunicações http://www.itu.ch
DiMP – Programa de Mitigação para Meios de Sustento Sustentáveis http://www.egs.uct.ac.za/dimp/
Munich-Re http://mrnathan.munichre.com/
DipECHO http://www.dipechonepal.org/#
NASA – Base de Dados de Referência sobre Desastres Naturais http://ltpwww.gsfc.nasa.gov/ndrd
Divisão de Gestão de Emergências – Alasca http://www.disastercenter.com/alaska/alaska.htm
NASA – Observação Global de Emergência, Alerta & Trabalhos de Ajuda
Divisão de Gestão de Emergências – Flórida http://www.disastercenter.com/florida/florida.htm
http://ltpwww.gsfc.nasa.gov/geowarn/GEOWARN.homepage.html
DMC – Centro para a Gestão de Desastres, Universidade de Wisconsin em Madison http://epdweb.engr.
NASA – Programa sobre Desastres Naturais http://ltpwww.gsfc.nasa.gov/ndrd/disaster/links/Disaster_
wisc.edu/dmc
Management
DMSIA – Instituto para a Gestão de Desastres da África do Sul http://www.cmc.gov.za/pht/DMISA.htm

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NOAA – Centro de Previsões Hidrometeorológicas http://www.hpc.ncep.noaa.gov/
NOAA – Centro de Serviços Costeiros http://www.csc.noaa.gov/
NOAA – Centro Nacional de Furacões http://www.nhc.noaa.gov/
OCAH/ONU http://ochaonline.un.org/
ODI – Instituto de Desenvolvimento de Ultramar http://www.odi.org.uk/
OFDA – Escritório dos Estados Unidos de Assistência para
Desastres no Exterior http://gopher.info.usaid.gov/hum_response
OIM – Organização Internacional para as Migrações http://www.iom.int
OMS – Organização Mundial da Saúde http://www.who.int/disasters
One World http://uk.oneworld.net/
OPS – Organização Pan-Americana da Saúde http://www.paho.org
Organização Meteorológica Mundial http://www.wmo.ch REFERÊNCIAS
Organização para a Agricultura e Alimentação http://www.fao.org
Página de Internet das Nações Unidas http://www.un.org
People in Aid http://www.peopleinaid.org/
BIBLIOGRÁFICAS
PMA – Programa Mundial de Alimentos http://www.wfp.org
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento http://www.undp.org
PNUMA http://www.unep.org/
Projetos sobre Migração Forçada http://www.soros.org/fmp2/index.html
Rede sobre Vulnerabilidade http://www.vulnerabilitynet.org/
RedR http://www.redr.org/
REFWORLD http://www.unhcr.ch/refworld/welcome.htm
REFWORLD – Base de Dados do ACNUR http://www.unhcr.ch/refworld/refworld.htm
ReliefWeb http://www.reliefweb.int/w/rwb.nsf
SDRU – Unidade Suíça de Ajuda para Desastres http://www.unige.ch/hazards
SEI – Instituto Ambiental de Estocolmo http://www.sei.se/
Sistema da ONU – Sistema de Organizações das Nações Unidas http://www.unsystem.org
UNICEF http://www.unicef.org
UNISDR http://www.unisdr.org/
Urban Upgrading Communities http://web.mit.edu/urbanupgrading/
USAID http://www.usaid.gov
USAID – Educação e Formação http://usaid.gov/edu_training
USAID – Resposta Humanitária http://www.usaid.gov/hum_response
VARG – Grupo de Recursos de Vulnerabilidade e Adaptação http://www.climatevarg.org/
Voluntários da ONU para Assistência Humanitária e Reabilitação http://www.unv.org/hr/humanit.html

142 143

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GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES

FICHA
CATALOGRÁFICA

Governo do Estado de Santa Catarina


Governador João Raimundo Colombo

Secretaria Estadual da Defesa Civil


Secretário Milton Hobus

Diretor de Prevenção/SDC
Fabiano de Souza

Elaboração

Caroline Margarida
Gerente de Prevenção e Preparação/SDC

Débora Ferreira
Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED
da UDESC - Colaborador SDC

Frederico de Morais Rudorff


Gerente Monitoramento, Alerta e Alarme/SDC

Lisangela Albino
Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED
da UDESC

Mário Freitas
Professor Visitante da Universidade do Estado
de Santa Catarina - Colaborador SDC

Regina Panceri
Gerente Capacitação e Pesquisa/SDC

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