Gestao de RISCO de Desastres
Gestao de RISCO de Desastres
Gestao de RISCO de Desastres
de Desastres
2 3
Sumário
1. Estudo dos Desastres....................................................................................................................................9 4.1 Núcleos de Proteção e Defesa Civil – NUPDECs e Conselhos de Segurança – CONSEGs..113
1.3 Percepção de Risco de desastre e sua importância na proteção/defesa civil......................20 4.4 Mapeamento participativo de risco e planos de gestão de risco........................................129
1.4 Classificação dos desastres..................................................................................................40 5. Fontes na Rede - Desenvolvimento, Clima, Desastres e Gestão de Emergência.....................................139
2.1 As 5 fases..............................................................................................................................52
3. Produtos Perigosos......................................................................................................................................95
4 5
Durante muito tempo a prioridade dos governos foi investir na recuperação de locais
atingidos por desastres. Focava-se na resposta, com pouco ou nenhum investimento
na prevenção, preparação e mitigação.
Queremos que este manual seja útil no seu dia a dia e nos colocamos à disposição
para auxiliá-lo no que for necessário. Vamos unir forças e fortalecer os municípios e
os catarinenses. A PREVENÇÃO É A MELHOR FORMA DE SEGURANÇA.
6 7
1. Estudo
dos Desastres
8 9
10 11
Vulnerabilidade é a condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude
do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos
prováveis. A intensidade do desastre depende muito mais do grau de vulnerabilidade ou de insegurança
intrínseca dos cenários e das comunidades em risco do que da magnitude dos eventos adversos. Deste
modo, as características da comunidade podem aumentar os danos provocados pelos desastres.
A ameaça, a
vulnerabilidade
e a capacidade/
resiliência
A ameaça, a vulnerabilidade e a capacidade/resiliência são conceitos
são conceitos
importantes para compreender os desastres e entender como reduzir o importantes
seu risco. Desta forma, também é fundamental conhecer o conceito de para
desastres, frequentemente associado a catástrofes e acontecimentos compreender
Já as características positivas, que reduzem os danos e melhoram a recuperação da comunidade, são naturais de grande magnitude, com evolução muito rápida, causando os desastres e
chamadas de capacidade/resiliência. grandes danos às pessoas, suas propriedades e ao meio ambiente.
entender como
reduzir o seu
Furacões, derramamentos de óleo no mar, terremotos, acidentes químicos
Capacidade é a maneira como as pessoas e as organizações de uma comunidade utilizam os recursos risco.
e erupções vulcânicas são alguns exemplos de desastres.
existentes para reduzir os danos ou tornar a recuperação mais rápida e eficiente quando essa comunidade é
afetada por um evento adverso. É quando uma comunidade organizada tem condições de reduzir os danos
e prejuízos causados por um desastre.
12 13
Os desastres são mais do que acontecimentos produzidos pela natureza. São o resultado de eventos que
1.2 Abordagem sociológica
podem ser de origem natural ou produzidos pelo homem. Podem evoluir muito rapidamente, como no caso
de um terremoto, ou ter uma evolução gradual, como a estiagem.
dos desastres
Há uma questão fundamental para que o conceito de desastre seja compreendido. Para a doutrina brasileira
de Defesa Civil, o desastre é a consequência de um fenômeno, seja ele natural, causado pelo homem ou
decorrente da relação entre ambos. O fenômeno, em si, é chamado de evento adverso.
14 15
A concepção de desastres como acontecimentos de origem humana/ O tema “desastre” vem se tornando relevante nas Ciências Sociais, pela
social desenvolveu-se, sobretudo, por causa do surgimento de desastres forma preocupante com que a sociedade moderna vem se desenvolvendo.
resultantes de acidentes ou falhas tecnológicas que começaram a ocorrer A falta de planejamento territorial, entre outros fatores, está causando
com o desenvolvimento industrial. fortes pressões demográficas, sociais e econômicas (pobreza, migrações,
desemprego, etc). Além disso, existem questões sociais que estão
Estes grandes acidentes originaram a percepção de que os desastres
associadas ao progresso e que geram diversas situações de risco, como
resultantes da ação humana podiam ser prevenidos, ou os seus efeitos
a falta de saneamento básico e a proliferação de doenças. O desconhecimento
negativos mitigados ou reduzidos. Desta forma, os desastres começaram de grande parte
a ser vistos como o resultado, direto ou indireto, de ações – intencionais O desastre é a O desconhecimento de grande parte da população brasileira sobre os da população
ou não – dos seres humanos. vivência de uma riscos a que estão expostas faz com que as pessoas não atuem no sentido brasileira sobre os
crise e, portanto, de minimizá-los. Com o objetivo de facilitar que as pessoas tenham uma riscos a que estão
Cabe ressaltar que um desastre trata-se de uma ruptura que ocorre como mostra-nos o expostas faz com
melhor percepção sobre riscos, profissionais da área de Defesa Civil
fenômeno social e como acontecimento físico. Contudo, o desastre limite de uma que as pessoas não
vêm trabalhando no sentido de preparar – através de capacitações,
constitui-se, também, como ruptura da dinâmica social existente, que determinada atuem no sentido
reflete o tipo e o grau de preparação da sociedade para lidar com riscos
rotina e a campanhas educativas, entre outras ações – melhor as comunidades, a
de minimizá-los.
necessidade fim de que percebam e se preparem para agir em situações de risco que
naturais e tecnológicos e para gerenciar fenômenos, em grande parte,
de construção podem resultar em desastres.
por ela própria criados. O desastre é a vivência de uma crise e, portanto,
de uma nova
mostra-nos o limite de uma determinada rotina e a necessidade de dinâmica social.
construção de uma nova dinâmica social (VALÊNCIO; SIENA, 2009).
16 17
Os riscos, por sua vez, podem ser entendidos como os resultados inesperados que têm uma consequência
negativa nas atividades ou decisões levadas a cabo. A confiança nos sistemas peritos pressupõe a
capacidade renovada de redução dos riscos por meio de novos olhares, discursos e práticas sobre os
elementos materiais da paisagem, isto é, sobre a realidade concreta onde os sujeitos promovem a sua
existência cotidiana (VALÊNCIO, 2009).
No Brasil, o debate em torno das mudanças climáticas tem tratado sobre o detalhamento de alguns fatores
de ameaça, tais como os eventos de precipitações concentradas e os eventos de desertificação ocorridos
em algumas áreas. Contudo, uma menor atenção tem sido dada à análise sociológica das dimensões
socioeconômicas das vulnerabilidades dos afetados.
Sendo assim, os subsídios que a Sociologia pode fornecer à mitigação dos desastres passam pela
necessidade de enfocar pertinentemente a vulnerabilidade social, precedente ou circunstancial, do grupo
que interagirá com o fator de ameaça. Além disso, é necessário analisar as relações sociais e políticas que
se refletem territorialmente (QUARANTELLI, 2006 apud VALÊNCIO; SIENA, 2009).
Acervo do SDC
18 19
1.3 Percepção de Risco de desastre e sua Convém começar por recordar que, desde muito cedo, na história da
civilização ocidental, a percepção ocupou papel de destaque nos debates
importância na proteção/defesa civil1 filosóficos e científicos. Assim, basta recordar, por exemplo:
2
Filósofo grego do século V/IV antes do nascimento de Cristo (a.C.).
3
Francis Bacon, Filósofo inglês, séculos XV/XVI depois de Cristo (d.C.).
4
Novum Organum, sem data (p. 13).
5
John Locke, filósofo inglês século XVII/XVIII.
1
Mário Freitas, Professor Visitante da Universidade do Estado de Santa Catarina, Coordenador do Núcleo de 6
David Hume, filósofo inglês século XVIII.
Estudos Ambientais (NEA) e membro do Grupo Coordenado de Estudos, Pesquisa e Desenvolvimento em 7
Biólogo e médico americano, século XX.
Gestão de Riscos para Emergências e Desastres (GCEPED-GR) da UDESC (adaptado de Freitas, Mário, 2013) 8
Médico e neurologista português trabalhando e vivendo nos EUA.
20 21
Deste simples apanhado introdutório fica já claro que, quando falamos de Essas sensações fazem parte de um processo mais geral que se chama
percepção de forma isolada, o fazemos com fins de uma melhor explicação Toda a percepção ou categorização perceptiva. A percepção consiste na A percepção
e compreensão. Toda a percepção está relacionada com a construção de percepção está aquisição, seleção, interpretação e organização das sensações sensoriais, consiste na
conhecimento e depende desse conhecimento que vai sendo construído.
relacionada com em direta relação com a história de vida de cada indivíduo e, portanto, com
aquisição,
a construção de seleção,
Assim, a percepção (ou, se preferirmos, a categorização perceptiva) está tudo o que ele aprendeu, ao longo da vida. A percepção/categorização
conhecimento e interpretação
estreitamente relacionada com a aprendizagem conceitual (formação depende desse perceptiva dá origem às imagens perceptivas (visuais, auditivas, táteis, e organização
e desenvolvimento de conceitos) e, portanto, com todo o processo de conhecimento olfativas, gustativas, etc.) que sempre estão relacionadas com a seleção das sensações
aprendizagem. Esta inter-relação, como veremos, é construída graças que vai sendo de condutas/ações adaptadas a determinadas sensações. Tal seleção de sensoriais, em
à ativa intervenção de um outra forma de função cerebral superior: a construído. condutas pode ser automática/involuntária ou deliberada (resultado de direta relação
memória. processo decisório). com a história
de vida de cada
indivíduo e,
portanto, com
tudo o que ele
aprendeu, ao
longo da vida.
1.3.1 PERCEPÇÃO E
CATEGORIZAÇÃO PERCEPTIVA
Mas avancemos, então, um pouco mais na tentativa de definir melhor, o
que é percepção e o que é percepção de risco de “desastre natural”.
22 23
1.3.2 MEMÓRIA As imagens mentais, incluindo as imagens perceptivas, não são, como lembra António Damásio, do tipo
entidades multidimensionais de coisas, acontecimentos, palavras, etc. A integração das imagens mentais
É difícil falar da memória. Primeiro, porque há vários tipos de memória. pode nos reforçar a ideia da memória “arquivo”, tipo “vídeo do futuro”, com odor e impressão tátil localizadas
Segundo, porque o significado atribuído à palavra memória, no dia a A memória é a num único local no cérebro onde tudo está guardado. Mas não. O que se passa, realmente, é que esse
dia, e que acabou ficando dominante, é somente uma pequena parte capacidade de
sentido de integração mental é criado pela sincronização de “conjuntos de atividade neural separada”, ou
repetir um certo
(e provavelmente a menos interessante) de todo o processo: recordar e seja, trata-se de “um truque de sincronização”10. As imagens perceptivas (como, aliás, todas as imagens
desempenho,
reproduzir nomes, números, definições... ou seja, saber coisas de cor. mentais) são disparos neurais. Mas, o que é que isto quer dizer? O que é exatamente um disparo neural?
uma determinada
Ora, como já se referiu, essa é somente uma das formas que a memória atuação, um dado
assume. Mas a memória é muito mais do que isso, a memória é a comportamento.
capacidade de repetir um certo desempenho, uma determinada atuação,
um dado comportamento9.
9
Edelman, 1995, p. 150. 10
Damásio, 1995, p. 111.
24 25
Diferentes luzes, ruídos, toques, etc vão provocar o acender de diferentes conjuntos de lâmpadas e com É na memória que Damásio situa dois outros tipos de imagens mentais
diferentes intensidades. Com todas as devidas distâncias, pois isto é uma comparação hiper-simplificada, (para além das imagens perceptivas que sempre se referem ao presente):
podemos comparar: a) as luzes, ruídos e toques com perturbações; b) os fios elétricos e as lâmpadas (que as imagens evocadas a partir do passado real e as imagens evocadas a
podem acender e apagar, com diferentes intensidades) são comparáveis às células nervosas (neurônios); partir de planos para o futuro. Sempre que recordamos coisas já vividas,
c) um certo tipo de acendimento, de um certo conjunto de lâmpadas, com certa intensidade durante certo reativamos imagens perceptivas passadas e repete-se, ou melhor, recria-
tempo, são comparáveis aos disparos neurais, ou seja, às imagens perceptivas. se (porque não é exatamente igual), um certo disparo neural. Quando
projetamos algo para o futuro também surgem imagens mentais que
As imagens perceptivas não podem ser “guardadas” numa caixa porque
sempre se configuram a partir de coisas com as quais já contatamos.
elas só existem sob a forma de disparos neurais, ou seja, sempre que Não há, no
temos uma percepção dá-se um disparo, que mais tarde ou mais cedo cérebro,
“se apaga” e vai dando lugar a outro(s). Não há, no cérebro, “caixinhas”
“caixinhas” onde
as imagens
onde as imagens sejam guardadas e onde, depois, se vão buscar. Estando
sejam guardadas
ligada à categorização perceptiva, a memória implica “recategorização
e onde, depois, 1.3.3 APRENDIZAGEM E
constante” e “envolve uma atividade motora contínua e uma prática se vão buscar. SISTEMAS DE VALORES
repetida em contextos diferentes”11.
Em termos básicos pode entender-se a aprendizagem como “um processo
Assim se poderá explicar como se vai alterando (de forma diferente) a nossa
adaptativo” (Edelman, 1995, p. 149) de aquisição de novas competências
“memória”, tanto acerca de uma pessoa que não vemos há muito tempo,
de comportamento. Trata-se de uma noção altamente abrangente que
como sobre alguém que revemos muitas vezes; tanto num domínio de saber
inclui desde aprendizagens básicas necessárias à sobrevivência (e comuns
com que perdemos contato, como num campo de conhecimento com que
a muitos animais), até aprendizagens cognitivas altamente abstratas
lidamos todos os dias. Também se vai alterando necessariamente, em
(tipicamente humanas). Por mais incrível que pareça, tudo indica que
vários aspectos, a memória de um evento extremo ou desastre que
mesmo as mais abstratas e sofisticadas aprendizagens não “dispensam”
vivemos ou acompanhamos de perto, que é o mesmo que dizer que varia
uma ligação “subterrânea” às porções do cérebro relacionadas com as
a percepção desse evento/desastre. Até porque, como as percepções e
necessidades vitais mais básicas.
a memória estão interligadas com as emoções e sentimentos que, por seu
caráter altamente subjetivo, aumentam o grau de variação da percepção A aprendizagem depende da categorização perceptiva e da memória.
e da memória. Em resumo, a memória cerebral não é estereotipada, mas Mas, sendo necessárias para a aprendizagem, essas funções não são,
antes “inexata, embora seja igualmente capaz de um grau muito grande contudo, suficientes. Segundo Edelman, em qualquer espécie, para que
de generalização”12. Pode parecer que isto é uma falha, uma espécie de a aprendizagem ocorra, é necessário que se estabeleçam ligações a
fraqueza (face, por exemplo, à memória exata de um computador). Mas sistemas de valor. E o que é um sistema de valor? O termo “sistema de
não. Ao contrário, é uma enorme vantagem, um instrumento incrível de valor” está relacionado com a manutenção de invariâncias internas de
adaptação e sucesso. Efetivamente, é graças a esse caráter inexato que conservação da adaptação. Trata-se de sistemas básicos relacionados
nossa memória é capaz de sugerir respostas novas para situações novas com regulação da temperatura, satisfação alimentar, reprodução, etc,
ou algo diferente das até então vivenciadas. ou seja, manutenção de sistemas básicos de vida e usufruto de prazer.
Os sistemas de valor estão associados a estruturas do cérebro que são
comuns a outros animais que não o Homem (Edelman, 1995).
11
Edelman, 1995, p. 153
12
Edelman, 1995, p. 153
26 27
A afirmação de Piaget de que “os conhecimentos não partem nem do sujeito (…) nem do objeto (…) mas Mas o que António Damásio e muitos outros cientistas concluíram é que a ideia referida não tem qualquer
das interações entre sujeitos e objetos” está bem próxima das considerações de Maturana e Varela sobre
13
consistência, ou seja, não é possível separar razão de emoção. Segundo António Damásio a essência de
a natureza do conhecimento e a noção de enacção14 (ou seja, que não se pode separar o saber do fazer) uma emoção é um conjunto de mudanças no estado do corpo, acompanhadas de alterações mentais.
utilizada por certos autores . 15
Há que distinguir entre emoções primárias e emoções secundárias. As emoções primárias serão “inatas”,
“pré-organizadas”, correspondendo, portanto, a predisposições de disparo neuronal presentes à nascença.
Têm, em geral, valor adaptativo e de sobrevivência, como por exemplo “fuga rápida de um predador ou
MEMÓRIA E EXPERIÊNCIA exibição de raiva em relação a um competidor”17. As emoções secundárias corresponderão a “ligações
sistemáticas entre categorias de objetos e situações, por um lado, e emoções primárias, por outro”18; já
não dependem, somente, de circuitos neuronais primários, mas também de circuitos neurais que se foram
definindo com a experiência. Quanto aos sentimentos, podemos distinguir entre sentimentos de emoções
e sentimentos de fundo. Os sentimentos de emoções correspondem a uma imagem do corpo abalado pela
emoção. Os sentimentos de fundo correspondem a “estados corporais de fundo”, ou seja “à nossa imagem
da paisagem do corpo quando este não está agitado pela emoção”19.
“Cresci habituado a aceitar que os mecanismos da razão existiam numa região separada da mente
onde as emoções não eram autorizadas a penetrar, e, quando pensava no cérebro subjacente a essa
mente, assumia a existência de sistemas neurológicos diferentes para a razão e a emoção.”16
13
Piaget, 1978, p. 37. 17
Damásio, 1995, p. 147.
14
A ideia de que não é possível separar “saber” de “fazer”, ou seja, “saber é fazer” e “fazer é saber”. 18
Damásio, 1995, p. 149.
15
Varela et. al., 199; Varela, sem data. 19
Damásio, 1995, p. 165.
16
Damásio, 1995, p. 13.
28 29
Mais importante do que definir emoção e sentimento é chamar a atenção de Edelman fala, então, dos qualia como sendo um “conjunto de
que numerosas provas (reestudo de intrigantes casos clássicos e análise As emoções experiências, sentimentos e sensações pessoais ou subjetivas que
dos resultados de certas intervenções cirúrgicas) vieram demonstrar que e a razão nem acompanham o estar consciente” ou “como as coisas nos aparecem
as emoções e a razão não se localizam em regiões diferentes do cérebro,
se localizam enquanto seres humanos” ou, ainda, “porções de uma cena mental que
em regiões
nem podem ser completamente separadas. possui, entretanto, uma unidade global”24. A “cor vermelha” de um objeto
diferentes do
cérebro, nem é um qualium; o “canto agudo” de uma ave e o “odor intenso” de um
20
Damásio, 1995, p. 88. 24
Edelman, 1995, p. 167.
21
Damásio, 1995, p. 133. 25
Edelman, 1995.
22
Edelman, 1995, p. 333.
23
Putnam, Millikan, Langacker, Lakoff, Johnson e Searl, Edelman, Damásio.
30 31
1.3.5 PERCEPÇÃO DE RISCO Em primeiro lugar, consideremos tudo o que respeita aos conceitos
de desastre e desastre “natural”. O Plano Nacional de Defesa Civil
DE DESASTRE considera o desastre como “o resultado de eventos adversos, naturais
De tudo o que foi dito se reconhece a complexidade de que se revestem ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando
as questões relativas à percepção. Mas quando falamos da percepção danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos
de risco de desastre “natural”, surgem vários outros problemas econômicos e sociais”28. O glossário da Defesa Civil de Santa Catarina
suplementares. Efetivamente, o debate sobre os chamados desastres inclui como definição de desastre: “resultado de eventos adversos,
naturais (por vezes, também, designados de calamidades ou catástrofes naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável,
naturais) mistura diversos termos muito polissêmicos (ou seja admitem causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou
vários significados) . É o que, para além dos termos desastre e natural,
26
sociedade envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais,
se passa com o termo risco que tem entrado, cada vez mais, na agenda econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com
e terminologia científica e, embora tenha sido às ciências sociais que o problema usando meios próprios”. Embora estas sejam as definições
chegaram por último, é com elas que têm ganho maior destaque27. Mas, se oficiais e, como tal, a definição que se constitui como referência legal,
passa, ainda, com as designações perigo ou ameaça e vulnerabilidade pessoas individualmente consideradas, grupos ou comunidades, podem
e suas relações com o conceito de risco. ter outras percepções sobre o que é um desastre; para além disso, mesmo
aceitando esta definição, podem ter diversas interpretações dela.
26
Gruntfest, 1995; Mattedi e Butzke, 2001; Marandola e Hogan, 2004; Castro et al., 2005; Carvalho et al., 2007; Freitas et al., 2011. 28
MIN, 2008, p.11.
27
Marandola e Hogan, 2004. 29
Freitas et. al., 2011.
32 33
As percepções relativas a desastres e desastres “naturais” são, assim, fortemente afetadas por fatos
como ter ou não vivenciado um desastre “natural” ou outro tipo de desastre, ter algum familiar ou amigo
próximo que passou por isso, pela forma como viu/leu/interpretou descrições de desastres “naturais”, grau
de conhecimento formal e informal sobre desastres e desastres “naturais”, etc.
Mário Freitas,
slide apresentação
Percepção de Risco,
Capacitação Técnica
em Situação de Risco
e Desastre, SDC/
FECAM, 2012.
Em segundo lugar, há que considerar os conceitos de risco, ameaça ou perigo e vulnerabilidade. O termo repetição contínua). Efetivamente, ela exige a seleção, interpretação e
risco admite vários significados diferentes. Em estudos por nós realizados, com pessoas de áreas de risco, categorização de sensações (ruído de carro se aproximando e/ou visão
em alguns municípios de Santa Catarina, mais de 50% dos inquiridos considera como risco de desastre: do carro), categorização de possíveis respostas motoras (paragem e/ou
aceleração do passo e/ou correr, etc) e avaliação e tomada de decisão da Reação de luta
a) ações humanas inadequadas, por exemplo, desmatamentos, “construção de casas em barrancos” ou,
ação a tomar.
ou fuga significa
mesmo, poluição; b) a atitude geral do homem perante a natureza. Cerca de 25% considera o risco como
prepará-lo para,
equivalente ao próprio evento extremo e à ameaça natural. Os restantes inquiridos definem risco recorrendo em frações de
a outras ideias, como por exemplo, falta de planejamento. Ou seja, tomando como referência as definições segundo, fugir
oficiais de risco como resultante da interação entre ameaça ou perigo natural e vulnerabilidade (humana Certas ações são involuntárias, outras voluntárias e outras, ainda, têm de um perigo/
e social) verifica-se que as percepções acerca do risco se encontram também afetadas pelo fato de serem, caráter misto. Assim, por exemplo, é a chamada reação de luta ou ameaça ou
tão somente, percepções de perigo/ameaça, percepções de vulnerabilidade ou percepções que ponderem fuga que, do ponto de vista do organismo significa prepará-lo para, enfrentá-lo.
os dois fatores (ameaça e vulnerabilidade). em frações de segundo, fugir de um perigo/ameaça ou enfrentá-lo.
34 35
Essa reação espontânea de luta ou fuga é muito importante nas situações Assim, por exemplo, baseados no fato de que em certas regiões de risco
de enfrentamento com o desastre, em si. Contudo, a exata medida dessa (como por exemplo o bairro do Saco Grande em Florianópolis) nunca Baseados no
reação espontânea, ou seja, se fujo e como fujo ou se luto/enfrento e como ocorreu um verdadeiro desastre, vários moradores por nós entrevistados fato de que em
luto/enfrento, já não é espontânea mas sim resultante de uma complexa acreditam que tal nunca irá suceder. Trata-se, pois, de uma convicção que
certas regiões
de risco nunca
tomada de decisão onde a história passada, os saberes adquiridos, as se apoia numa percepção de risco. A atitude de constante observação
ocorreu um
emoções/sentimentos, que surgem, etc têm papel muito ativo. No caso dos morros, vigiando sinais de um eventual perigo de deslizamento verdadeiro
de uma resposta a um deslizamento ou inundação que está ocorrendo, ou medindo-o quando ele é lento e progressivo, os valiosos registros desastre, vários
por exemplo, eu posso fugir ou, caso tenha um familiar em perigo, ficar de chuva caída, etc, realizados por moradores da Região dos Baús, moradores
e enfrentar o risco. Ponderações de natureza emotiva formal estão em Ilhota, SC. A generalizada convicção dos moradores do bairro de acreditam que
São muito mais
tal nunca irá
envolvidas nesta decisão. Casos como o descrito no grave incidente na importantes as Barranca em Araranguá/SC de que é possível continuar vivendo lá porque,
suceder. Trata-
discoteca Kiss em Santa Maria, RS, em que um estudante que, quando da formas como por um lado, desfrutam da vantagem de morar perto do centro e, por
se, pois, de uma
deflagração do incêndio conseguira fugir para o exterior, ficando a salvo e, os indivíduos outro, normalmente, as enchentes são lentas, só em situações extremas
convicção que
depois, para tentar salvar uma amiga volta atrás e acaba morrendo é um antecipam atingem todas as casas, e isso dá tempo de reação suficiente, são um se apoia numa
os desastres,
exemplo dramático da influência de aspectos emocionais na percepção e, outro exemplo de como a complexidade dos processos de percepção percepção de
calculam e lidam
em particular, nas ações motoras que integram a percepção. de risco determinam uma multiplicidade de efeitos. Uma afirmação por risco.
com os riscos
e avaliam as nós recolhida junto de um morador de área de risco é, por si só, muito
Mas, do ponto de vista da prevenção de desastres, embora tenha sua
possibilidades elucidativa do que acabou de se referir:
importância, a reação de luta ou fuga não é decisiva. São muito mais
de lhes fazer
importantes as formas como os indivíduos antecipam os desastres,
frente.
calculam e lidam com os riscos e avaliam as possibilidades de lhes fazer
“…pois sair de um lugar onde sempre vivi e com conforto e se eu
frente.
não tiver dinheiro para comprar outra moradia!? Eu acho muito
pequenas as casas que fizeram para quem perdeu a sua na última
enchente”.
O acontecido na última grande cheia (2011), ocorrida em Rio do Sul, dá conta de como, apesar da existência
de um Plano de Contingência, ocorreram fortes impactos devido à combinação de um conjunto de
circunstâncias: a) diferentes previsões meteorológicas; b) diferentes percepções, acerca do real nível que as
águas iriam atingir, de populações que não viveram um evento semelhante, com outras que já viveram (as
últimas grandes cheias de Rio do Sul foram em 1983 e 1984); c) dificuldades de avaliação de risco por parte
de órgãos responsáveis; d) vários problemas operacionais de natureza diversa. Finalmente, a recente recusa
de vários moradores de Petrópolis, RJ, em sair de suas casas, nos recentes deslizamentos de 2013, apesar
dos alertas e alarmes emitidos mostra que mesmo quando refinamos os sistemas de alerta e alarmes isso só
por si, não resolve. Evidencia, também, que o problema não é só de Santa Catarina, mas de outros estados
brasileiros (e, mesmo, de outras partes do mundo). E muitos outros exemplos poderiam ser citados, mas
estes são suficientes para testar a importância da matéria em apreço.
36 37
Dentre muitas considerações e sugestões que poderiam ser feitas, humanos e financeiros;
destacamos:
h) no que se refere a questões relacionadas com questões de
a) procurar sempre e continuamente identificar percepções de desenvolvimento, replanejamento territorial, novas políticas de
risco de comunidades, nomeadamente, as que vivem em áreas uso do solo e urbanas que, devem acompanhar as tarefas de
de risco de desastre; reconstrução, e para que os diferentes interesses e percepções
de interesses sejam devidamente contemplados, deve-se incluir
atividades de mediação realizadas por pessoas independentes.
38 39
1.4 Classificação dos desastres Quanto à evolução, os desastres podem ser classificados como: súbitos ou de evolução aguda e graduais
ou de evolução crônica.
Na busca brasileira de alinhar os conceitos e a classificação dos desastres com os critérios definidos pelos EVOLUÇÃO
órgãos internacionais, a Secretaria Nacional de Defesa Civil adotou a classificação dos desastres constante
Caracterizados pela velocidade com que o processo evolui e pela violência
do Banco de Dados Internacional de Desastres (EM-DAT), do Centro para Pesquisa sobre Epidemiologia de
dos eventos adversos causadores dos mesmos, podendo ocorrer de forma
Desastres (CRED) da Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU) e a simbologia correspondente. inesperada e surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais, sendo
assim facilmente previsíveis.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil entende que adequar a classificação brasileira à classificação utilizada
pela ONU representa o acompanhamento da evolução internacional na classificação de desastres e o
Desastres súbitos ou de Ex.: deslizamentos de terra, as enxurradas, os vendavais, os terremotos, as
nivelamento do país aos demais organismos de gestão de desastres do mundo. evolução aguda erupções vulcânicas, as chuvas de granizo, os acidentes industriais, etc.
Até 2012, os desastres eram classificados segundo os seguintes critérios: origem, evolução e intensidade.
Recentemente, com a publicação da Instrução Normativa nº 01 de 24/08/2012, ocorreram mudanças Monitoramento, preparação e tempo de resposta dos desastres: é possível
significativas na Classificação Brasileira de Desastres, e a seguir, apresentamos a descrição de cada um dos prever, monitorar sua evolução e preparar-se para responder aos seus efeitos
de forma planejada - pontuando as ações de acordo com a evolução do
critérios utilizados na referida norma. desastre.
Quanto à origem, ou causa primária do agente causador, os desastres são classificados em: Evoluem progressivamente ao longo do tempo.
40 41
Para simplificar tudo que vimos até o momento, segue abaixo o quadro com o resumo da Classificação dos
Desastres de média Desastres adotada recentemente pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
intensidade. Aqueles em que os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis
pelos governos locais e a situação de normalidade pode ser
Nível I
restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou
Decretação de situação de complementados com o aporte de recursos estaduais e federais. CLASSIFICAÇÃO
emergência.
Naturais
Origem
Tecnológicos
Desastres de grande
intensidade.
Aqueles em que os danos e prejuízos não são superáveis Esporádicos
Periodicidade
e suportáveis pelos governos locais, mesmo quando bem Cíclicos ou sazonais
preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade
Nível II Desastres
depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas
Desastres súbitos ou de evolução aguda
Estado de Calamidade de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil — Evolução
Desastres graduais ou de evolução crônica
Pública. SINPDEC e, em alguns casos, de ajuda internacional.
PERIODICIDADE
Buscou-se, com as mudanças adotadas na classificação dos desastres, colocar critérios mais objetivos e
quantitativos para que o agente de Defesa Civil pudesse realizar uma avaliação mais próxima possível da
Ocorrem raramente com possibilidade limitada de previsão.
realidade. Classificar um desastre de forma subjetiva é perigoso, pois a definição final do nível do desastre
Esporádicos
dependerá da interpretação do avaliador, podendo o mesmo subestimar uma situação ou supervalorizar um
Ex.: desastre ambiental envolvendo derramamento de uma grande quantidade
de óleo no mar. evento adverso elevando-o a um grande desastre quando na verdade não teria tanta importância.
42 43
1.5 Classificação dos danos Os prejuízos podem ser classificados em prejuízos econômicos públicos e prejuízos econômicos
privados.
e prejuízos
Pessoa que foi obrigada a abandonar temporária ou definitivamente a sua habitação e não necessariamente PREJUÍZOS ECONÔMICOS PRIVADOS
carece de abrigo provido pelo sistema.
Referem-se aos danos materiais e/ou ambientais relacionados aos bens, serviços ou instalações privadas
DESABRIGADO
e relacionam-se com a perda de atividade econômica na indústria, comércio ou agronegócio, sem afetar
Pessoa cuja habitação foi afetada por dano ou ameaça de dano e que necessita de abrigo provido pelo diretamente a coletividade.
sistema.
DESLOCADO
A pessoa que, por motivo de desastre, perseguição política ou religiosa, é obrigada a migrar da região que Enquanto os danos representam a intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas,
habita para outra mais propícia.
os prejuízos são a medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um
DANOS MATERIAIS determinado bem, em circunstâncias de desastre ou acidente.
Corresponde, predominantemente, aos bens imóveis e às instalações que foram danificados ou destruídos
em decorrência de um desastre. Um exemplo fácil que diferencia dano e prejuízo são os acidentes de trânsito: as pessoas feridas e a lataria
amassada dos veículos representam os danos, enquanto os valores do serviço médico, dos remédios e do
São contabilizadas as instalações públicas de saúde, de ensino ou prestadoras de outros serviços; as conserto do carro representam o prejuízo.
unidades habitacionais; as obras de infraestrutura e as instalações públicas de uso comunitário danificadas
ou destruídas. Em alguns desastres, é bastante difícil afirmar quais os danos e prejuízos existentes, pois eles podem não
DANOS AMBIENTAIS estar evidentes ou mesmo porque são difíceis de ser mensurados. Um bom exemplo disto está na tentativa
Por serem de reversibilidade mais difícil, contribuem de forma importante para o agravamento dos desastres de medir os danos humanos: avaliar o impacto psicológico de um desastre em uma comunidade pode ser
e são medidos quantitativamente em função do número de pessoas afetadas em relação à população do bastante subjetivo. Transformar este impacto em um valor financeiro torna-se ainda mais difícil.
município (percentual da população).
É preciso lembrar que a compreensão dos danos e prejuízos é fundamental para o estudo dos desastres.
São estimados em função do nível de: poluição e contaminação recuperável em médio e longo prazo do ar, Afinal, não é a intensidade do evento que determina um desastre, mas sim suas consequências em termos
da água, ou do solo; diminuição ou exaurimento a longo prazo da água; e destruição de Parques, Áreas de
de danos e prejuízos.
Proteção Ambiental e Áreas de Preservação Permanente Nacionais, Estaduais ou Municipais.
44 45
46 47
48 49
5. Transporte 0 2.2.4.5.0
marítimo
2.2.4.6.0
2. Ciclo de Gestão
6. Transporte 0
aquaviário
1. Incêndios em
3. Desastres
Relacionados a 1. Incêndios urbanos
plantas e
distritos
0 2.3.1.1.0
de Defesa Civil
Incêndios Urbanos industriais,
parques e
depósitos.
2. Incêndios em 0
Em nosso cotidiano, cada vez mais nos defrontamos com notícias
aglomerados 2.3.1.2.0
residenciais referentes aos riscos a que estamos expostos. As sociedades sempre irão
4. Desastres 1. Colapso de 0 0 2.4.1.0.0
relacionados a edificações conviver com eventos naturais, que têm se intensificado nos últimos anos,
obras civis 2. 0 0 2.4.2.0.0 em virtude das variações de temperatura, precipitação, nebulosidade e
Rompimento/colapso
de barragens outros fenômenos ocasionados pelas mudanças climáticas em escala
5. Desastres 1. Transporte 0 0 2.5.1.0.0 global. Além dos riscos naturais, estamos expostos aos riscos que
relacionados a rodoviário
transporte de determinadas tecnologias, na forma de produtos ou processos industriais,
2. Transporte 0 0 2.5.2.0.0 O aumento das
passageiros e ferroviário
cargas não 3. Transporte aéreo 0 0 2.5.3.0.0
podem causar à nossa saúde e ao meio ambiente. ocorrências de
perigosas 4. Transporte marítimo 0 0 2.5.4.0.0 desastres em
5. Transporte 0 0 2.5.5.0.0 O aumento das ocorrências de desastres em todo o mundo nos leva a
todo o mundo
aquaviário refletir sobre a importância de estarmos preparados para tais eventos. Será
nos leva a
Fonte: Ministério da Integração Nacional, 2012.
necessária uma mudança cultural para minimizar os riscos de desastres, refletir sobre
pois eles sempre existiram e continuarão acontecendo. Os governos do a importância
Você pode encontrar a lista do COBRADE no site do Ministério da Integração: mundo inteiro devem priorizar investimentos e gastos públicos em ações de estarmos
<http://www.integracao.gov.br/como-obter-reconhecimento-federal>
de prevenção de desastres, e não mais esperar que eles aconteçam para preparados para
tais eventos.
posteriormente dar uma resposta.
50 51
2.1 As 5 fases
Com a criação do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC em 1988,
começaram a ser desenvolvidas ações que se concentravam na resposta
Prevenção/
aos desastres. Com o passar dos anos, e a publicação da Política Nacional
Mitigação Preparação
de Defesa Civil em 1995, a administração de desastres passou a ser vista
como um ciclo composto por quatro fases: prevenção de desastres,
preparação para emergências e desastres, resposta aos desastres e Ciclo de
Gestão em
reconstrução. Proteção e
Defesa Civil
• prevenção;
Fonte: CEPED UFSC, 2012.
• mitigação;
• preparação;
A divisão do processo de administração dos desastres possibilita melhor
• resposta e identificação da situação para que sejam adotadas ações mais efetivas na
prevenção, ou mesmo, na resposta aos eventos críticos.
• recuperação.
Para isso, a administração de desastres inicia a sua minimização através
da prevenção e mitigação, buscando medidas para avaliar e reduzir
o risco de desastre; e, por meio da preparação, tomar medidas para
Dessa forma, foi acrescida a fase de mitigação, que é a redução (ou
otimizar a resposta do sistema de defesa civil aos desastres.
adequação) do risco a valores aceitáveis, e a fase de reconstrução foi
substituída pela recuperação. Caso o desastre se concretize, faz-se necessário dar a resposta, ou
seja, adotar medidas de socorro, assistência às populações vitimadas e
Essas ações ocorrem de forma multissetorial e nos três níveis de
reabilitação do cenário do desastre.
governo (federal, estadual e municipal), exigindo uma ampla participação
comunitária. Na figura a seguir, você pode visualizar o ciclo de gestão em Por consequência, a administração de desastre promove a recuperação,
defesa civil: adotando medidas que restabelecem a plenitude da normalidade da
comunidade, e que fundamentam a própria prevenção pela redução de
vulnerabilidades. Desse modo, o ciclo da administração se encerra.
52 53
A atuação da Defesa Civil de um município ou comunidade, diante dos Antes de escolher e implantar medidas preventivas, é necessário conhecer quais são os riscos a que a
desastres – sejam eles naturais ou tecnológicos – amplia-se com base comunidade está realmente exposta. A Análise de Risco engloba a identificação, avaliação e hierarquização,
Atualmente,
nessas cinco fases, e, em consequência, o cidadão também ganha novas a defesa tanto dos tipos de ameaça quanto dos elementos em risco. Após a realização desse processo, é possível
alternativas de participação. civil trabalha definir as áreas de maior risco.
com foco na
A Análise de Risco é uma metodologia de estudo que permite a identificação e a avaliação das ameaças
prevenção e
Atualmente, a defesa civil trabalha com foco na prevenção e mitigação
mitigação de de eventos ou acontecimentos adversos de maior prevalência em determinado contexto. Ao mesmo tempo,
desastres, permite a identificação dos corpos receptores e das comunidades vulneráveis a essas ameaças, dentro de
de desastres, para evitar ou minimizar seus efeitos. Neste sentido,
para evitar ou um determinado sistema receptor, cenário de desastres ou região geográfica (CASTRO, 2007).
a sensibilização e percepção de risco da comunidade também são
minimizar seus
importantes para a sua prevenção, pois só assim a comunidade pode efeitos. Já a Análise Preliminar de Riscos é o método de estudo preliminar e sumário de riscos, normalmente
cobrar e reivindicar melhorias, garantindo continuidade ao processo. conduzido em conjunto com a comunidade ameaçada. Tem como objetivo identificar os desastres potenciais
de maior prevalência na região e as suas características intrínsecas, com a finalidade de prever e prevenir
riscos de desastres (CASTRO, 2007).
A prevenção de desastres é implementada por meio de dois A avaliação de riscos de desastres é uma metodologia de planejamento, com
processos importantes: a análise e a redução dos riscos de características de estudo de situação, que tem por finalidade identificar os desastres
desastres. potenciais de maior prevalência e caracterizar a sua importância, em função:
a) da probabilidade de ocorrência; e
54 55
A avaliação de riscos de desastres desenvolve-se por intermédio dos O principal objetivo da identificação das ameaças é reconhecer os
seguintes estudos: eventos ou combinações de eventos indesejáveis que podem ocasionar O principal objetivo
danos ao ser humano, à propriedade ou ao meio ambiente, para que da identificação
• análise da variável ameaça; das ameaças
possam ser definidas as hipóteses acidentais que poderão acarretar
é reconhecer
• análise da variável vulnerabilidade; consequências significativas. A identificação das ameaças é possível
os eventos ou
através da elaboração de uma lista contendo os eventos adversos que já combinações de
• síntese conclusiva sobre a estimativa de riscos. ocorreram e os que podem vir a ocorrer. eventos indesejáveis
que podem
Na atuação sobre as ameaças identificadas, são tomadas medidas para
ocasionar danos
reduzir a probabilidade de que um evento adverso ocorra ou, ainda, para ao ser humano, à
O processo de Análise de Risco é dividido em três etapas:
que a sua intensidade seja atenuada. propriedade ou ao
meio ambiente.
Nem sempre é possível diminuir a frequência e a magnitude dos eventos,
1) IDENTIFICAÇÃO DAS AMEAÇAS,
principalmente quando se trata de desastres naturais. Apesar de a ação
do homem sobre a natureza influenciá-la, ele não possui controle sobre O objetivo da
avaliação dos
2) AVALIAÇÃO DOS RISCOS E
o ambiente. Mesmo em situações que podem ser controladas, como em
riscos é mensurar
desastres de origem humana ou tecnológica, por exemplo – em que é
o risco através
possível evitar falhas e acidentes – tal controle não é absoluto. da quantificação
3) HIERARQUIZAÇÃO DOS RISCOS. da frequência da
O objetivo da avaliação dos riscos é mensurar o risco através da
ocorrência de
quantificação da frequência da ocorrência de eventos indesejáveis e de
eventos indesejáveis
suas consequências, mapeando a área geográfica que provavelmente será e de suas
O termo “ameaça”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado
afetada. Utilizam-se, como recurso, séries históricas de acidentes, quando consequências.
como estimativa da ocorrência e magnitude de um evento adverso,
houver disponibilidade e confiabilidade, ou cálculos probabilísticos.
expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do
evento (ou acidente) e da provável magnitude de sua manifestação. A avaliação de riscos de desastres desenvolve-se através da caracterização do grau de vulnerabilidade e da
caracterização dos riscos.
Ao estudar e analisar as ameaças, procura-se identificar e caracterizar os
fenômenos, acontecimentos, acidentes ou eventos adversos que podem O termo “vulnerabilidade”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado como a condição intrínseca
ser causas potenciais de desastres de maior prevalência em determinada ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os
região ou cenário estudado. efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis.
A identificação das ameaças compreende a identificação dos eventos ou Enquanto a variável “ameaça” relaciona-se com a prevalência e a magnitude dos fenômenos adversos, a
fenômenos adversos (naturais ou provocados pelo homem) causadores variável “vulnerabilidade” relaciona-se com o estudo dos sistemas receptores e dos corpos receptivos aos
de desastres e de sua caracterização, através do levantamento de suas efeitos nocivos ou desfavoráveis desses eventos.
características intrínsecas e da identificação do cenário que pode ser
A caracterização do grau de vulnerabilidade compreende o estudo dos cenários e das populações em
afetado por seus efeitos desfavoráveis.
risco, com a finalidade de avaliar, por intermédio de estudos epidemiológicos e de modelos matemáticos, a
proporção existente entre a magnitude dos eventos adversos e a intensidade dos danos esperados, ou seja,
a relação existente entre causa e efeito.
56 57
Ao se analisar a variável “vulnerabilidade”, procura-se identificar e • organizativa – deficiência dos mecanismos de organização
caracterizar quais são os corpos receptivos e sistemas receptores e mobilização da comunidade para a identificação e resolução
vulneráveis aos efeitos desfavoráveis dos eventos adversos. dos problemas comuns;
58 59
A estimativa de riscos é a síntese conclusiva que resulta da análise das variáveis “ameaça” e “vulnerabilidade” Quando se estudam riscos tóxicos, por exemplo, a caracterização dos riscos define a relação existente
e permite estabelecer as relações de causa e efeito. entre a dose absorvida e os efeitos nocivos previstos, em termos de agravos à saúde.
A caracterização dos riscos é a descrição final dos diferentes efeitos potenciais de um determinado risco e Ao se concluir a avaliação do risco, chega-se a uma síntese através da qual se estimam os riscos, ou seja,
a estimativa dos danos prováveis, em função da relação existente entre a magnitude do fenômeno ou evento a intensidade dos danos e prejuízos previstos, em termos de probabilidade estatística de ocorrência e
adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor. grandeza das consequências possíveis.
A caracterização dos riscos compreende a conclusão sobre o grau de importância dos riscos existentes
numa determinada comunidade.
ANÁLISE DE RISCO
Catastrófico
Gravidade do resultado
Severo
Moderado
Leve
Nenhum
0% 25% 50% 75% 100%
Probabilidade de concretizar-se
A caracterização dos riscos e estimativa da intensidade dos danos prováveis é realizada em função:
A Avaliação de
• das características intrínsecas e das prováveis magnitudes das ameaças; Riscos é útil para
a tomada de
A Avaliação de Riscos é útil para a tomada de decisão quanto à
• dos efeitos desfavoráveis dessas ameaças sobre os sistemas receptores; decisão quanto à
aceitabilidade de riscos, através da estimativa dos prováveis danos
aceitabilidade de
• do grau de vulnerabilidade ou de insegurança intrínseca dos cenários dos desastres e das e prejuízos, e quanto às medidas de controle necessárias para a sua riscos e quanto às
populações em risco; redução. medidas de controle
necessárias para a
• da avaliação da magnitude e prevalência das ameaças e dos níveis diários de exposição. sua redução.
60 61
VULNERABILIDADE
Fonte: DEDC/APRD, 2003.
RfA,V
62 63
Primeiramente, é importante lembrar que a redução de desastres significa a redução dos danos e prejuízos Nos casos de estabilização de encostas, executam-se diversos tipos de obras combinadas: retaludamentos,
decorrentes dos eventos adversos. Ou seja, é possível reduzir as consequências que os desastres podem aterros e até mesmo obras com estrutura de contenção podem ser danificados ou destruídos, quando seus
causar: o objetivo principal de reduzir os desastres é que menos pessoas sejam mortas, fiquem feridas ou projetos não preveem sistemas de drenagem eficientes.
doentes; que não haja muitas edificações, estradas ou propriedades danificadas e que o meio ambiente não
sofra alterações prejudiciais significativas. Reduzindo os fatores de vulnerabilidade, o risco de desastres é
diminuído.
Além disso, é possível estruturar as defesas civis nos municípios e orientar a população para medidas de
proteção a serem tomadas em caso de desastres, aumentando, assim, sua capacidade de resposta ao
evento.
64 65
As medidas estruturais englobam a execução de um plano voltado para • campanhas educativas e distribuição de cartilhas
a redução dos riscos, através de implantação de obras de engenharia relacionadas com a gestão de risco;
de forma planejada. Em muitos casos, o problema é tão complexo que As medidas
não estruturais, • garantir monitoramento permanente das áreas de risco
não há tempo suficiente para executar a obra, sendo necessário planejar
por sua vez, e atualizar sistematicamente os cadastros das famílias que
formas de monitoramento permanente e prevenção de acidentes (ações
compreendem ocupam esses setores;
não estruturais) nas áreas de risco. um conjunto
de medidas • fortalecer a Defesa Civil através da ampliação e
As medidas não estruturais, por sua vez, compreendem um conjunto de
estratégicas e capacitação dos quadros técnicos, da melhoria das condições
medidas estratégicas e educativas, sem envolver obras de engenharia,
educativas, sem
voltadas para a redução do risco e de suas consequências. de infraestrutura e do respaldo político da gestão municipal;
envolver obras
de engenharia, • considerar a redução de risco nos Planos Diretores
As medidas não estruturais utilizam-se de ferramentas de gestão e
voltadas para
relacionam-se com a mudança cultural e comportamental e com a Municipais; e
a redução do
implementação de normas técnicas e de regulamentos de segurança. risco e de suas • definir e implementar o modelo de gestão de risco que
Estas medidas têm por finalidade permitir o desenvolvimento das consequências.
atenda aos problemas do município.
comunidades em harmonia com os ecossistemas naturais ou modificados
pelo homem.
desastres) nos municípios com baixos níveis de capacitação a ser adotado pela Defesa Civil municipal, focado na prevenção de
66 67
Outra questão que deve ser ressaltada nesse conjunto de medidas não
2.3 Mitigação de desastres
estruturais é a aproximação com a comunidade das áreas de risco, Essa aproximação
através de um processo contínuo de envolvimento e participação efetiva com a comunidade A fase de mitigação foi incluída recentemente, em 2012, com a publicação
é importante para da nova Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. A inclusão desta
em todas as fases de atuação da Defesa Civil.
o fortalecimento fase faz parte de um processo de atualização dos conceitos brasileiros
Essa aproximação com a comunidade é importante para o fortalecimento do processo de
em consonância com os utilizados pela Estratégia Internacional para a
do processo de percepção de risco, focada na compreensão dos processos percepção de
Redução de Desastres – EIRD.
risco, focada na
destrutivos e na convivência com o risco, tendo como consequência a
compreensão Como mencionado anteriormente, a prevenção englobava a eliminação ou
redução da vulnerabilidade das famílias ameaçadas por desastres, que
dos processos
passam a assimilar práticas cotidianas mais seguras. redução do risco, e para a EIRD a prevenção (ou prevenção de desastres)
destrutivos e na
expressa o conceito e a intenção de evitar por completo os possíveis
convivência com o
risco, tendo como impactos adversos (negativos) mediante diversas ações planejadas e
consequência realizadas antecipadamente.
a redução da
Já a mitigação é a diminuição ou a limitação dos impactos adversos das
vulnerabilidade das
famílias ameaçadas ameaças e dos desastres afins, pois, frequentemente, não é possível Mitigação é
por desastres. prevenir todos os impactos adversos das ameaças, mas é possível a diminuição
diminuir consideravelmente sua escala e severidade mediante diversas
ou a limitação
dos impactos
estratégias e ações.
adversos das
Como nem sempre é possível evitar por completo os riscos dos desastres ameaças e dos
e suas consequências, as tarefas preventivas acabam por se transformar
desastres afins.
Todas estas medidas podem ser implantadas pelo poder público, por em ações mitigatórias (de minimização dos desastres), e por essa razão,
meio de ações legislativas, intensificação da fiscalização, campanhas algumas vezes, os termos prevenção e mitigação (diminuição ou limitação)
educativas e obras de infraestrutura. Podem, ainda, ser concretizadas são usados indistintamente.
por meio de parcerias entre o poder público e a sociedade, principal
beneficiada com mais medidas de redução dos riscos.
68 69
Deste modo, salienta-se a importância de conhecer o Marco de Ação de Hyogo, o qual emergiu em função
2.4 Preparação para
do aumento do número de desastres naturais no mundo nos últimos anos. Deste modo, a Organização
das Nações Unidas (ONU) foi pressionada a estabelecer um plano para ajudar governos a fortalecer seus
emergências e desastres
sistemas de prevenção. A preparação para emergências e desastres engloba um conjunto de ações
desenvolvidas pela comunidade e pelas instituições governamentais
Em 2005, governos chegaram a um acordo sobre a criação de um Plano de Redução de Risco para permitir
e não governamentais para minimizar os efeitos dos desastres, através
que, até 2015, o mundo estivesse mais bem preparado para responder aos desastres. Uma das criações da
da difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos e da formação
ONU, nesse contexto, foi o Marco de Ação de Hyogo.
e capacitação de recursos humanos, e para garantir a minimização de
Trata-se do instrumento mais importante para a implementação da redução de risco de desastres, adotado riscos de desastres e a otimização das ações de resposta aos desastres
por 168 países membros das Nações Unidas, tendo como objetivo aumentar a resiliência das nações e e de reconstrução (CASTRO, 2007).
comunidades diante de desastres, visando, para 2015, à redução considerável das perdas ocasionadas por
Esta fase envolve ações para a atualização da legislação pertinente;
desastres, como as perdas de vidas humanas, bens sociais, econômicos e ambientais.
a preparação de recursos humanos e interação com a comunidade,
educação e treinamento das populações vulneráveis; organização da
O Marco de Ação de Hyogo apresenta cinco áreas
cadeia de comando, articulação de órgãos e instituições com empresas e
prioritárias para a tomada de ações e medidas para
comunidades; consolidação de informações e estudos epidemiológicos;
reduzir vulnerabilidades:
sistemas de monitoramento, alerta e alarme, além do planejamento para
uma prioridade;
• desenvolver uma maior compreensão A fase de preparação tem uma grande influência sobre as demais fases da
e conscientização; administração de desastres, pois contribui para otimizar:
• reduzir o risco; e
Será necessária uma mudança cultural para minimizar os riscos de desastres, pois eles sempre as ações de socorro às populações ameaçadas, assistência às
existiram e continuarão acontecendo, segundo especialistas, com maior intensidade, por causa populações afetadas e reabilitação dos cenários dos desastres;
das mudanças climáticas. Os governos, do mundo inteiro, devem priorizar investimentos e gastos
• as atividades de reconstrução.
públicos em ações de prevenção de desastres e não mais esperar que eles aconteçam para
posteriormente dar uma resposta.
70 71
Mesmo com todo o histórico de desastres que vem acontecendo no Brasil Quando falamos em planejamento dentro do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, devemos ter
nos últimos anos (cheias em Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, Ainda falta claro que o objetivo é promover o bem-estar social, garantindo a seguridade das populações que venha a
deslizamento de terra em Santa Catarina e Rio de Janeiro, por exemplo), qualificação ser afetada por desastres e calamidades. Observando os níveis hierárquicos, distinguem-se três tipos de
muitas prefeituras brasileiras ainda não se prepararam suficientemente
técnica nos planejamento: estratégico, tático e operacional.
projetos de
para prevenir novos desastres. Ainda falta qualificação técnica nos
combate aos • Planejamento estratégico: é o planejamento mais amplo e abrangente. Relaciona-se com
projetos de combate aos danos causados pelos desastres naturais. danos causados objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los.
pelos desastres
naturais. • Planejamento tático: seu desenvolvimento dá-se pelos níveis organizacionais intermediários,
A Defesa Civil é responsável pela elaboração dos Planos de Preparação, tendo como objetivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis, com projeção em médio prazo.
envolvendo todas as ações citadas anteriormente para o caso de
desastres. Apesar de os objetivos destes planos variarem de acordo com • Planejamento operacional: é o planejamento feito para cada tarefa ou atividade, com foco
as especificidades locais, de modo geral eles visam: nas atividades rotineiras, portanto os planos são desenvolvidos para períodos de tempo bastante
curtos.
• incrementar o nível de segurança, reduzindo a
vulnerabilidade dos cenários dos desastres e das comunidades
em risco;
• otimizar o funcionamento do sistema de Defesa Civil; Veja o gráfico a seguir que ilustra o grau de hierarquia entre os planejamentos:
72 73
Além dos diferentes graus de planejamento, de um modo geral existem quatro etapas principais que Os Planos Diretores se baseiam na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e no programa de governo
compõem o planejamento. São elas: do estado (no caso, cada um tem o seu). O Plano Diretor de Proteção e Defesa Civil está voltado para os
aspectos estratégicos, abordando programas, ações, objetivos e metas de longo prazo, os quais envolvem
as cinco fases de administração de desastres: prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.
1. ESTABELECIMENTO DOS
OBJETIVOS A ALCANÇAR; Os Planos de Contingência, elaborados para responder às hipóteses específicas de desastres, devem
integrar os Planos Diretores. Um plano de contingência é o planejamento tático, elaborado a partir de uma
2. TOMADA DE DECISÕES determinada hipótese de desastre. O planejamento é elaborado a partir do estudo de um determinado cenário
A RESPEITO DAS AÇÕES FUTURAS; de risco, caso o evento adverso venha a se concretizar. Deve ser elaborado com antecedência, para facilitar
as atividades de preparação e otimizar as atividades de resposta.
3. ELABORAÇÃO DE PLANOS; E
4. AÇÃO.
• À introdução: descreve a competência legal para a elaboração do plano (se for o caso),
relacionando os participantes do processo de planejamento, enumerando quem receberá cópias do
As bases que compõem o Planejamento em Defesa Civil são: plano e orientando quanto ao seu uso e atualização;
Os Planos Diretores de Defesa Civil, em nível municipal, estadual, regional e federal, os quais deverão • À finalidade: uma breve descrição dos resultados esperados com o plano, ou seja, para que
ser implementados mediante programas específicos que consideram alguns aspectos globais. Veja-os na serve;
sequência:
• À situação e aos cenários de risco: a descrição dos cenários de risco que foram identificados
na avaliação de risco. Esse tópico ajuda a compreender o foco do planejamento, pois esclarece o
cenário de risco, tal como foi considerado pela equipe de planejamento;
• Prevenção/Mitigação de Desastres: compreende medidas de avaliação de riscos
de desastres e redução de riscos de desastres; • Ao conceito de operação: descrição de quando e como os vários recursos previstos serão
ativados, desde o alerta inicial e ao longo de toda a evolução do desastre, explicando as suas
• Preparação para Emergências e Desastres: objetiva otimizar as ações preventivas,
responsabilidades;
de resposta aos desastres e de recuperação;
74 75
• À administração e logística: neste espaço são descritos quais os recursos materiais e Segundo as orientações do Ministério das Cidades (Brasil, 2008), as equipes básicas para a elaboração do
financeiros que provavelmente serão necessários ao longo da evolução do desastre, desde o alerta Plano de Contingência com suas respectivas atribuições são:
até o início da reconstrução, indicando de que maneira tais recursos serão mobilizados junto ao
governo, às organizações não governamentais e às agências voluntárias; • Monitoramento dos índices pluviométricos e das informações
meteorológicas
• À atualização: este campo estabelece quem terá a responsabilidade pela atualização 1. Secretaria Executiva
• Recebimento de chamadas
do plano e seus anexos, além de determinar como esse processo será conduzido por meio de
• Manutenção de arquivos
treinamentos, exercícios, estudo de caso e atualização da Análise de Riscos (BRASIL, 2010).
• Tomada de decisões
A montagem do Plano de Contingência é normalmente composta de 4 etapas, nesta ordem: No planejamento das ações em Defesa Civil, temos o Plano de Atendimento de Emergência (PAE).
A diferença fundamental entre um Plano de Atendimento de Emergência e um Plano de Contingência é
que o primeiro traz uma situação hipotética de desastre. Com isso, temos o Plano de Contingência para
ELABORAÇÃO IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO AVALIAÇÃO deslizamentos e o Plano de Contingência para enchentes (podendo ter um Plano de Contingência para
cada desastre hierarquizado e priorizado). Ou então, podemos ter um Plano de Atendimento padrão para as
diversas ocorrências.
As pessoas envolvidas no Plano irão compor equipes coordenadas da Defesa Civil ou de outro órgão
responsável por essas ações. Essas equipes podem ser organizadas a partir da estrutura de pessoal e meios
já existentes nas prefeituras.
76 77
O Plano de Atendimento de Emergência é importante para nortear as • um plano alternativo, também desenvolvido a partir de
ações desencadeadas pelo desastre, com delegação de tarefas e rotinas O Plano de um plano de contingência, adaptado à situação real de desastre,
de procedimentos, auxiliando o gerenciamento de risco. Atendimento de em consequência das diferenças existentes entre a situação real
Emergência é e as constantes da hipótese de planejamento;
importante para
nortear as ações • um plano operativo, elaborado após a ocorrência de
Com a publicação da Lei nº 12.608, de 10 de Abril de 2012, que traz as
desencadeadas uma situação real de desastre.
competências dos entes federados que compõem o Sistema Nacional pelo desastre.
de Proteção e Defesa Civil, a União e os estados devem instituir o Plano
Nacional de Proteção e Defesa Civil e o Plano Estadual de Proteção e
Defesa Civil, respectivamente. O plano operacional deve conter, com detalhes:
Outro aspecto importante no planejamento em Defesa Civil diz respeito Trata-se de um instrumento de planejamento obrigatório de médio prazo
ao Planejamento Operacional, considerado como a formalização, dos governos federal, estadual e municipal, integrado ao orçamento.
principalmente, através de documentos escritos e das metodologias Instituído pela Constituição Federal de 1988 (Artigo 165, parágrafo 1º)
de desenvolvimento e implantação estabelecidas. É elaborado para estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas físicas
responder a uma situação real de desastre e pode ser: e financeiras da administração pública organizadas em programas de
longo prazo por um período de quatro anos.
• o próprio plano de contingência, com alterações
mínimas introduzidas no planejamento inicial, após a avaliação
dos danos que realmente ocorreram;
78 79
O governo federal, através da Secretaria Nacional de Defesa Civil, planejou ações de médio/longo prazo, Os programas propostos pelas entidades públicas conjugam ações para
previstos no Plano Plurianual (PPA) 2012 – 2015. Entre estas ações estão: atender a um problema ou a uma demanda da sociedade. Apresentam uma
construção lógica que abrangem:
• MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO: consiste na setorização de riscos de deslizamentos
e inundações pela instituição de Serviços Geológicos do Brasil - CPRM; 1. a identificação do problema, suas causas e público-alvo; e
• MONITORAMENTO E ALERTA: Implementação do Centro Nacional de Monitoramento 2. a definição dos objetivos e ações para o combate às causas
e Alertas de Desastres Naturais - CEMADEN/MCTI; Reestruturação do Centro Nacional de do problema.
Gerenciamento de Riscos e Desastres - CENAD/SEDEC/MI;
TREINAMENTO
PLANEJAMENTO EXERCÍCIO
Vale ressaltar que nenhuma obra de grande vulto, ou cuja execução ultrapasse um exercício financeiro,
pode ser iniciada sem prévia inclusão no Plano Plurianual. Através do PPA é que serão decididos quais REVISÃO
os investimentos mais importantes e prioritários dentro de um projeto de desenvolvimento, tendo como
princípios básicos:
É importante que o planejamento seja entendido como um processo cíclico
• identificação clara dos objetivos e prioridades do Governo; e prático das determinações do plano, o que lhe garante continuidade e uma
constante realimentação de situações, propostas, resultados e soluções,
• organização dos propósitos da administração pública em programas;
conferindo-lhe, assim, dinamismo, com base na multidisciplinaridade, na
• integração do plano com o orçamento, por meio de programas; interatividade e num processo contínuo de tomada de decisões.
80 81
Os treinamentos e exercícios são fundamentais na preparação para Diversas experiências têm demonstrado que sistemas de alerta antecipado
desastres. O treinamento busca divulgar o plano e desenvolver as Os treinamentos podem ser eficazes para salvar vidas e diminuir perdas e prejuízos em Diversas
habilidades individuais e coletivas para que o mesmo seja implementado. e exercícios são situações de desastres. Um estudo mundial sobre sistemas de alerta experiências têm
Já o exercício procura testar o plano, a fim de verificar se ele funciona na fundamentais na aponta que, mesmo com o aumento considerável de desastres nos demonstrado
preparação para que sistemas
prática. últimos 50 anos, em linhas gerais tem ocorrido uma diminuição no número
desastres. de alerta
de mortes causadas por desastres, em grande parte como consequência
Caso venham a ser detectadas falhas nos planos, eles devem ser revisados antecipado
da implantação de sistemas de alerta antecipado e de sistemas conexos podem ser
e atualizados, reiniciando, deste modo, o processo.
de preparação e resposta (UN 2007). eficazes para
Tão importante quanto o conteúdo técnico dos planos é a democratização salvar vidas e
Contudo, muitas vidas ainda são perdidas e vultuosos prejuízos
do processo, o que possibilitará pensar juntos, os caminhos diminuir perdas
econômicos são registrados anualmente decorrente de desastres. No e prejuízos em
para o desenvolvimento do país, combinando planejamento com
Brasil, apenas recentemente, após a ocorrência de seguidos desastres situações de
desenvolvimento.
de grandes proporções, tais como em Santa Catarina em 2008, em desastres.
Pernambuco e Alagoas em 2010 e na região Serrana do Rio de Janeiro em
2011, vem sendo dada uma maior ênfase na necessidade de se estruturar
sistemas de alerta antecipados eficazes. Desde então, diversas ações nos
níveis federal, estadual e municipal estão sendo promovidas no sentido
de implementar e fortalecer sistemas e subsistemas de monitoramento,
82 83
1. Conhecimento do risco: fornece informações essenciais para De acordo com Castro (2007), ao ser implantado, o sistema de monitoramento, alerta e alarme poderá:
elencar prioridades de estratégias para mitigação e prevenção e designar
• gerar dados e informes em tempo real, e processar informações oportunas sobre o quadro
sistemas de alerta antecipado.
evolutivo dos fenômenos potencialmente adversos e sobre os cenários vulneráveis aos efeitos dos
2. Monitoramento e Previsão: fornecem estimativas antecipadas mesmos;
dos riscos potenciais a que comunidades, economias e meio ambiente
• integrar sistemas nacionais de monitoramento com sistemas internacionais (que funcionam
estão expostos.
em âmbito global) e com sistemas estaduais e locais, com a finalidade de permitir o acompanhamento
3. Disseminando informação: sistemas de comunicação dos fenômenos relacionados com a geodinâmica global e as repercussões locais dos mesmos; e
são necessários para disseminar mensagens de alerta para locais
potencialmente afetados e alertar agências governamentais locais e • dilatar ao máximo a fase de pré-impacto dos fenômenos adversos, permitindo a divulgação
regionais. As mensagens precisam ser confiáveis, sintéticas e simples de rápida e oportuna das situações de alerta e de alarme e a adequada evolução dos dispositivos
serem entendidas pelas autoridades e público. operacionais das equipes técnicas de defesa civil.
84 85
Quando implantados, os sistemas de monitoramento, alerta e alarme constituem uma ferramenta que pode Já os alertas são gerados e emitidos com base em dados observacionais.
salvar vidas e reduzir consideravelmente os danos materiais decorrentes de desastres. Além disso, estes
Alerta: o alerta é um sinal, sistema ou dispositivo de vigilância que tem
dispositivos facilitam a mobilização, em tempo oportuno, dos órgãos e equipes técnicas da Defesa Civil, a
por finalidade alertar sobre um perigo ou risco eminente ou previsível a
fim de diminuir a vulnerabilidade das populações ameaçadas, pois permite a evacuação das áreas de riscos
curto prazo e que deixa a defesa civil de prontidão. Para o acionamento
intensificados.
de alertas geralmente são utilizados dados de monitoramento em tempo
Centros de previsão têm um papel importante na elaboração de boletins meteorológicos e podem inclusive real, tais como pluviômetros ou medidores de nível de um rio ou córrego.
ser oficialmente designados para tal no contexto do sistema de proteção e defesa civil.
Estados de alerta ou de criticidade: são níveis ou estados em que
Boletins hidrometeorológicos: boletins são elaborados com base na previsão do tempo, clima ou sistemas agentes de defesa civil (técnicos federais, estaduais, municipais e/
hidrológicos e visam antecipar a ocorrência de ameaças, como chuvas intensas, tempestades, vendavais, ou agentes comunitários) ou operadores de barragens, por exemplo,
granizo, inundações, alagamentos, estiagens, entre outros. são notificados de uma possível ameaça, como inundação gradual,
enxurrada ou deslizamento. Os estados de alerta podem ser acionados
A NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos, por exemplo, adota três
automaticamente com base no monitoramento em tempo real de
níveis de criticidade na emissão de boletins hidrometeorológicos: aviso, atenção e observação.
estações hidrometeorológicas ou a partir de análises combinadas de
monitoramento e previsão.
86 87
A situação de risco previsível ou iminente correspondente à fase de pré- etc. Contudo, a recorrência de cada desastre varia de local para local. Assim, a concepção do sistema de
impacto de um evento. Nestas circunstâncias, o dispositivo operacional A situação de alerta deve estar centrado na ameaça e na população em risco.
dos órgãos de Defesa Civil evolui de uma situação de prontidão para uma risco previsível
A análise de risco ajuda a definir, por exemplo, quais são as áreas prioritárias que devem ser monitoradas e
situação de início ordenado das operações.
ou iminente
correspondente quais pessoas precisam ser alertadas.
Durante todo este período é realizada uma avaliação continuada da à fase de pré-
evolução dos riscos de desastres e a informação é compartilhada entre impacto de um
os agentes de defesa civil e oportunamente repassada à população e
evento. Monitoramento e Previsão
comunidades em risco. Na figura a seguir estão representadas as fases de O monitoramento e previsão visa fornecer estimativas antecipadas dos riscos potenciais a que comunidades,
atuação de um sistema de alerta de acordo com as fases de um desastre: economias e meio ambiente estão expostos. Este é um campo multidisciplinar que requer a atuação de
profissionais de diversas áreas, tais como meteorologia, hidrologia, geologia, geografia, especialistas em
desastres, entre outros.
88 89
estaduais de defesa civil. Alguns exemplos de centros municipais são o Sistema Alerta Rio da Prefeitura do alertas compete à Defesa Civil, conforme estabelecido na
Rio de Janeiro (Alerta Rio), o Sistema de Alerta da Prefeitura de Blumenau (Alerta Blu), o Sistema de Alerta Lei 12.608 de 2012.
90 91
Já aos Estados compete “apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das áreas de risco,
na elaboração dos Planos de Contingência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de
prevenção e alerta e de ações emergenciais”, enquanto que aos Municípios compete “manter a população
informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre protocolos de prevenção
e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres”.
Os sistemas de monitoramento e alerta também deverão estar contemplados no Plano Nacional de Proteção
e Defesa Civil, devendo conter no mínimo “as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil
no âmbito nacional e regional, em especial quanto à rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e
geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos e à produção de alertas antecipados das regiões
Nos planos de contingência, é importante que o arranjo institucional
com risco de desastres.”
esteja bem consolidado e que cada envolvido saiba claramente sua A concepção
responsabilidade e esteja preparado para atuar nos desastres. Da mesma e estruturação A Lei 12.608 também autoriza a criação de um sistema de informações de monitoramento de desastres,
forma, as comunidades precisam entender seus riscos, respeitar os
dos sistemas
em ambiente informatizado, que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os integrantes do
de alerta devem
serviços de alerta e alarme e saber como reagir. Na cultura de redução Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) visando ao oferecimento de informações atualizadas
estar centradas
de riscos, as comunidades devem estar preparadas para se proteger e nas pessoas e para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de desastre em todo o território
agir na primeira resposta. Por esta razão, a concepção e estruturação dos comunidades nacional.
sistemas de alerta devem estar centradas nas pessoas e comunidades nas nas áreas de
áreas de risco e deve-se incentivar a implantação de núcleos comunitários risco.
de defesa civil.
92 93
94 95
Resoluções do
14,18, 26, 36, 38, 87, 102, 132, 149, 151, 152,157, 168, 205, 210, 356;
CONTRAN
Resolução ANTT
Altera o anexo à Resolução nº 420/04 que aprova as instruções do RTPP;
nº 1644/2006
Resolução nº
Agência Nacional dos Transportes altera o anexo da Resolução nº 420/04.
3.632/2011
O transporte de produtos perigosos controlados pelo Exército também está sujeito às exigências previstas
pelo R-105, com redação dada pelo Decreto nº 3665/00, que apresenta a lista de produtos.
Neste caso, além dos documentos de porte obrigatório, previsto pelo RTPP (Ficha de Emergência, Envelope
para o Transporte, Documento Fiscal e Certificado de Capacitação para a Granel), também deve portar a
guia de Tráfego, devidamente preenchida e assinada por Oficiais do Exército Brasileiro, responsáveis pelo
controle do transporte destes produtos.
96 97
Da mesma forma, o transporte de materiais radiativos é controlado pela Comissão Nacional de Energia
3.3 Documentos
Nuclear (CNEN), que emite a Ficha de Monitoramento de Materiais Radioativos e a Declaração do Expedidor
de material radioativo.
Necessários para
o Transporte
NBR 7501 Transporte de produtos perigosos - terminologia. *Nota Fiscal com manifesto da carga (transporte nacional)
*Declaração de Carga (MERCOSUL)
Ficha de Emergência e Envelope para transporte para o transporte de produtos *Ficha de Emergência
NBR 7503
perigosos (características e dimensões).
PRODUTO *Envelope para o Transporte
Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de produtos TRANSPORTADO *Licenciamento Ambiental
NBR 9735
perigosos.
*Explosivos: Guia de tráfego do Ministério do Exército
Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de ácido *Material Nuclear: Autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear
NBR 10271
fluorídrico (procedimento).
*Produtos controlados: Autorização do Departamento de Polícia Federal – DPF
Proteção contra incêndio por extintores no transporte rodoviário de produtos
NBR 12710
perigosos.
98 99
Classe 3 –
Líquidos inflamáveis
Classe 4 –
Subclasse 4.1 Sólidos inflamáveis;
Sólidos inflamáveis;
Subclasse 4.2 Substâncias passíveis de combustão espontânea;
Substâncias auto-
Subclasse 4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases
reagentes e explosivos
inflamáveis.
sólidos insensibilizados
Classe 5 –
Subclasse 5.1 Substâncias Oxidantes;
Substâncias Oxidantes e
Subclasse 5.2 Peróxidos Orgânicos.
Peróxidos Orgânicos
Classe 6 –
A classificação Subclasse 6.1 Substâncias Tóxicas;
Substâncias Tóxicas e
adotada é feita Subclasse 6.2 Substâncias Infectantes.
Substâncias Infectantes
3.5 Classificação dos com base no
Classe 7 –
tipo de risco que
Produtos Perigosos Substâncias Radioativas
estes produtos
Classe 8 –
A classificação adotada é feita com base no tipo de risco que estes apresentam e
Substâncias Corrosivas
produtos apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte conforme as
Classe 9 –
Recomendações
de Produtos Perigosos da ONU. A mesma estabelece os critérios Substâncias Perigosas
para o Transporte
utilizados para a classificação destes materiais, os quais determinaram Diversas
de Produtos
a criação de 9 classes, que podem ou não ser subdivididas, conforme as Perigosos da ONU.
características dos produtos.
100 101
PAINEL DE SEGURANÇA
102 103
• Evitar qualquer tipo de contato com o produto perigoso, aproximando-se da cena com
cuidado, tendo o vento pelas costas, tomando como referência o ponto de vazamento do produto;
• Procurar identificar o produto (não aproximar-se mais do que 100 m da área de risco) e
verificar se há vazamento, derrame, liberação de vapores, incêndio ou presença de vítimas;
• Estabelecer as áreas de segurança e isolamento (proteção) inicial recomendadas no Manual Fonte: ABIQUIM, 2006.
de emergências da ABIQUIM;
A) Pelo número de quatro algarismos (número da ONU) existente no painel de segurança (placa
laranja) afixado nas laterais, traseira e dianteira do veículo ou constante na Ficha de Emergência, no
documento fiscal ou na embalagem do produto. Consulte o manual da ABIQUIM pelo número da
ONU.
104 105
3.7.2 Como Utilizar o Manual Consulte as páginas verdes, na parte final do manual, para conhecer as
distâncias de isolamento e proteção inicial.
de Emergências da ABIQUIM
OBS.: o Manual de Emergências da ABIQUIM não resolve todos os
problemas que podem ocorrer com os produtos perigosos, porém,
Utilize o Manual de Emergências para identificar os produtos perigosos e seguindo suas recomendações você poderá controlar o acidente nos seus
as ações iniciais de emergência da forma que segue: primeiros minutos, até a chegada de uma equipe especializada, evitando
riscos e a tomada de decisões incorretas.
• Páginas azuis: Relação dos Produtos Perigosos por 3.7.3 Como Isolar
ordem alfabética;
a Área de Risco
• Páginas laranja: Apresentam os Guias nos quais são Após identificar o(s) produto(s) perigoso(s) e tomar as medidas iniciais de
encontradas as recomendações de segurança; emergência, verifique a direção predominante do vento e determine se o
vazamento é grande ou pequeno.
• Páginas verdes: Encontram-se as distâncias de
seguranças para alguns produtos. • Pequeno vazamento = único recipiente de até 200 litros
ou tanque maior que possa formar uma deposição de até 15
metros de diâmetro;
Após identificar o número da ONU dos Produtos Perigosos que estão
• Grande vazamento = grande volume de produtos
sendo transportados, devemos consultar as páginas amarelas do Manual
provenientes de um único recipiente ou diversos vazamentos
de Emergência. A coluna GUIA Nº indica a página laranja que deverá ser
simultâneos que formem uma deposição maior que 15 metros
consultada. Nelas você encontrará informações sobre os riscos potenciais
de diâmetro.
do produto e as ações de emergência a seguir.
Não sendo possível identificar o número da ONU ou o nome do Produto Depois, isole a área de risco utilizando a fita ou corda e seus dispositivos de
Perigoso, existe uma alternativa: procurar o rótulo de risco do Produto sustentação, presentes nos Equipamentos para Situação de Emergência.
Utilize os quatro cones e as quatro placas “Perigo Afaste-se” para sinalizar
As distâncias
Perigoso. No Manual de Emergências existem duas páginas de rótulos de
mínimas para
o acidente.
risco com seus Guias correspondentes. o isolamento
Determine as distâncias adequadas consultando a tabela existente na e evacuação
Você poderá encontrar uma série de Produtos Perigosos assinalados com
seção verde do manual de Emergências da ABIQUIM e dirija todas as
são de 30 e
um asterisco (*) nas páginas amarelas e nas azuis, por exemplo, o cloro, nº
200 metros,
pessoas para longe do vazamento, seguindo a direção contrária a do
da ONU 1017 *, estes produtos exigem uma atenção especial nos casos respectivamente.
de vazamentos. vento. As distâncias mínimas para o isolamento e evacuação são de 30 e
200 metros, respectivamente.
106 107
3.7.4 Zonas de Controle A divisão das zonas de trabalho (IFSTA, 1995, p. 144) deverá constituir-se
da forma que segue:
Toda área do acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso
ZONA QUENTE: Localizada na parte central do acidente, é o local onde
controle para se reduzir a possibilidade de contato com qualquer dos
os contaminantes estão ou poderão surgir. O isolamento da área de risco
contaminantes presentes. O método utilizado para prevenir ou reduzir a
executado pode ser utilizado como delimitação da zona quente.
migração dos contaminantes é a limitação de três zonas de trabalho.
PERÍMETROS DE ZONA FRIA: Localizada na parte mais externa da área é considerada não
SEGURANÇA
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
contaminada. O posto de comando da operação e todo o apoio logístico
ficam nessa área.
ÁREA DE
REABILITAÇÃO
ZONA MORNA
ZONA FRIA
3.7.5 A Administração de
Emergências
ÁREA DE ATENÇÃO
SETOR DE INFORMAÇÃO
Todo serviço de socorro e resposta a emergências envolvendo produtos
AO PÚBLICO
TV SAÍDA DE perigosos representa uma atividade de risco e, como tal, deve ser
EMERGÊNCIA
encarada profissionalmente. Por isso, sugere-se a adoção de um modelo
sistematizado de comando e controle que permita um trabalho em equipe,
Fonte: SENASP, 2009.
seguro e eficiente.
108 109
Sob a ótica dos produtos perigosos, o comando e controle de uma operação é algo dinâmico e interativo que
3.7.6 A Rotina dos Oito Passos
exigirá do responsável um perfil de profissional dedicado, íntegro, sereno, disciplinado e tecnicamente muito
bem preparado. Portanto, em termos de comando e controle em acidentes rodoviários envolvendo produtos Sabe-se que existem diferentes formas de proceder no atendimento de uma emergência com produtos
perigosos, podemos resumir essas quatro funções da seguinte forma: perigosos, entretanto, para as tarefas operativas no local da emergência, sugere-se um modelo denominado
de Rotina dos Oito Passos, o qual foi desenvolvido a partir do original, intitulado de “The 8 step process”.
No início dos anos 80, Mike Hildebrand, Greg Noll e Jimmy Yvorra introduziram o conceito do “Processo
dos 8 Passos” para administrar incidentes com produtos perigosos, através de uma publicação da IFSTA,
1. Fixar objetivos (saber onde se pretende chegar para se saber exatamente intitulada: Hazardous Materials - Managing the Incident. (PYE, 2002).
Planejamento como chegar até lá);
2. Definir a estratégia de controle da emergência (ofensiva ou defensiva); O livro é amplamente utilizado por equipes de bombeiros, técnicos em produtos perigosos, policiais
3. Definir um plano de ação para alcançar os objetivos pré-estabelecidos. rodoviários, policiais táticos, equipes industriais de resposta em emergências e outros profissionais que
lidam com vazamentos e derrames de produtos químicos perigosos.
1. Avaliar o desempenho das equipes envolvidas; o responsável deverá identificar o tipo de produto perigoso envolvido no acidente com base na
Controle 2. Corrigir ações (se necessário); observação dos veículos envolvidos e suas cargas e classificá-lo quanto aos riscos potenciais.
3. Tornar a avaliar, de forma a assegurar que os resultados daquilo que foi
planejado, organizado e dirigido realmente atinjam os objetivos previamente 3) Determinação dos riscos potenciais do acidente
estabelecidos.
o responsável deverá avaliar a magnitude do risco com base na estimativa de probabilidade (frequência)
dos acidentes e seus efeitos (severidade). De forma simples, o comandante da operação (sem expor-
se a perigo) deverá verificar o que acontecerá se não for tomada nenhuma providência, e, a partir daí,
determinar as primeiras ações a seguir, com base nas recomendações do Manual de Emergências da
ABIQUIM.
110 111
o responsável deverá dirigir a sequência de ações para controlar o escape de produtos de seus
contenedores, através de ações ofensivas ou defensivas e controlar as ações, corrigindo possíveis falhas
ou desvios do plano de emergência.
o responsável deverá recapitular todos os passos e ações executadas, listar e registrar todos os dados políticas públicas que fortaleçam ações conjuntas para a minimização
da ocorrência e orientar medidas preventivas e educacionais para evitar a repetição do evento. dos efeitos danosos dos desastres, tem trazido uma grande preocupação
aos órgãos de Defesa Civil.
112 113
A antiga Política Nacional de Defesa Civil estabelecia, em sua sétima O Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil é formado pela comunidade através de grupos de
diretriz, a importância da interação entre os órgãos do governo e voluntários.
a comunidade, especialmente por intermédio das Coordenadorias
Tem como objetivo a participação destes grupos nas ações de Defesa Civil, auxiliando a própria comunidade
Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC) e dos Núcleos
em casos de emergência e calamidades. Busca atuar na prevenção e orientação da população residente em
Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), com a finalidade
áreas de maior vulnerabilidade do município, em relação aos riscos a que está exposta. Desta forma, sua
de garantir uma resposta integrada à sociedade, uma vez que a união
atuação visa orientar a população para os cuidados a tomar com vista à autoproteção perante possíveis
de esforços resultará em ações positivas, as quais contribuirão para a
desastres, e diminuir o abalo emocional e psicológico dos afetados.
prevenção e minimização dos riscos de desastres.
NUPDEC COMPDEC
associação comunitária”, e
órgão do Governo Municipal
seus membros voluntários
114 115
No que tange à sensibilização para a formação dos NUPDEC e à garantia de Os encontros ou reuniões dos membros do NUPDEC devem ser realizados em locais disponíveis dentro da
uma boa receptividade por parte da comunidade, a COMPDEC necessita própria comunidade como, por exemplo: escolas, instituições religiosas, clubes, associação de moradores,
estar bem organizada e em condições de formular um planejamento casa de moradores, Conselhos Comunitários de Segurança, etc.
com ações permanentes. Isto garante uma repercussão proveitosa e, ao
mesmo tempo, qualitativa no processo de interação junto aos partícipes,
despertando sua credibilidade na comunidade e contribuindo para a
legitimação da proposta que se apresenta.
De acordo com Lucena (2005), para a implantação dos NUPDECS poderá evidenciar-se algumas dificuldades.
• observar que o grupo técnico governamental responsável
como:
pela formação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil terá,
inicialmente, um trabalho efetivo voltado para a conscientização
da comunidade. Neste ponto, é importante que este trabalho a. desvio das finalidades do grupo, por desconhecimento ou descumprimento de seus
ressalte a história, a tradição e os costumes da comunidade, objetivos, tornando-o um fórum político-partidário, seja de situação ou oposição à gestão
enfim, deve-se promover um resgate da cultura local, para, assim, vigente no município;
construir uma relação pautada na valorização de comportamentos
b. tentativa de utilização do núcleo para angariar benefícios particulares,
éticos, solidários e participativos, que favoreçam efetivamente
desrespeitando o princípio de coletividade nas ações do NUDEC;
uma compreensão do que é a problemática do risco.
116 117
Apesar das possíveis dificuldades apontadas na criação e funcionamento A noção de ordem pública remete aos três elementos essenciais que
dos NUPDEC, é importante que a Defesa Civil municipal faça um a compõem: segurança pública, tranquilidade pública e salubridade
diagnóstico do seu município, mapeando as comunidades mais vulneráveis pública – elementos afetados quando da ocorrência de desastres. Como
a desastres, criando mecanismos para a implantação dos núcleos, como vemos, não há como negar a afinidade nas atribuições da Defesa Civil
forma de aproximar a população das ações de Defesa Civil e prepará-las e dos CONSEG, visto que ambos trabalham com as comunidades e
para o enfrentamento de situações de desastres e calamidades. desempenham suas missões voltadas para a incolumidade das pessoas,
É importante tranquilidade pública e salubridade pública.
Além disso, é importante que a Defesa Civil municipal, para otimizar sua que a Defesa
atuação, aproxime-se de outras estruturas já existentes no município, Civil municipal, Assim como os NUPDEC, os integrantes dos CONSEG trabalham
como os conselhos comunitários e conselhos de segurança, e articule-se para otimizar voluntariamente nas questões relacionadas à sua comunidade. Além
com elas. sua atuação, disso, tanto os NUPDEC quanto os CONSEG são formados por grupos
aproxime-se de de pessoas do mesmo bairro ou município. Seus participantes também
Segundo Pacheco & Marcineiro (2005), os CONSEG podem ser outras estruturas
se reúnem periodicamente para discutir, analisar, planejar e acompanhar
definidos como grupos de pessoas do mesmo bairro ou município que já existentes no
município. a solução de seus problemas comunitários de segurança, desenvolver
se reúnem para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de
campanhas educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação
seus problemas comunitários de segurança, desenvolver campanhas
entre as várias lideranças locais.
educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação entre as várias
lideranças locais.
Ao lançar a ideia de inserção do tema Defesa Civil dentro das reuniões dos
CONSEG, a Defesa Civil de Santa Catarina levou em consideração que a
Política Nacional de Defesa Civil cita o reconhecimento, pela Constituição
Como observamos, são várias as semelhanças entre os CONSEG e os
Federal do Brasil, do direito natural à vida e à incolumidade das pessoas,
NUPDEC que convergem para que as duas entidades possam desenvolver
sendo da competência da Defesa Civil a garantia desse direito, em
atividades no sentido de cooperação recíproca, pois seus integrantes são
circunstâncias de desastre.
voluntários e trabalham preventivamente para manter, de forma genérica,
Conforme o caput do art.144 da Constituição Federal de 1988, segurança a segurança local. A ideia de integração vem ganhando força e pode-
pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos. É exercida se aproveitar a estrutura dos CONSEG existentes nos municípios para
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do disseminar também a cultura de Defesa Civil. Os desastres sempre
patrimônio. À Defesa Civil cabe a tutela da incolumidade das pessoas e existiram e continuarão ocorrendo, cada vez com maior intensidade e
do patrimônio, numa visão mais ampla do que seja ordem pública. frequência, o que requer que as comunidades estejam preparadas, da
melhor forma possível, para enfrentar essas adversidades.
118 119
No Brasil, o serviço voluntário está disciplinado pela Lei Federal nº 9.608, de 18/02/1998. as pessoas tendem a sensibilizar-se e adquirem um sentimento de “quero
ajudar”. Mas, como fazê-lo sem atrapalhar as atividades das instituições
O art. 1º da referida lei apresenta a definição do serviço voluntário como atividade não remunerada, prestada
públicas de atendimento a emergências?
por pessoa física a entidades públicas de qualquer natureza, ou a instituições privadas sem fins lucrativos,
que tenham objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. É essencial que a pessoa interessada em atuar numa situação de desastre
procure a Defesa Civil do município ou uma entidade local organizadora
das atividades voluntárias.
120 121
Projeto Força Voluntária Através do Portal Voluntários On-Line os voluntários serão recrutados,
(www.forcavoluntaria.org.br) cadastrados, selecionados e mobilizados, motivando-os e capacitando-
os para a atuação em situações de desastres, apoiando as ações da
É um projeto do Instituto Voluntários em Ação, em parceria com a Defesa
Defesa Civil, trabalhando também em ações de prevenção, e fazendo
Civil, ICom e outras organizações, que visa mobilizar, recrutar, organizar
com que esses grupos mantenham-se constantemente mobilizados e
e capacitar grupos de voluntários para agir em situações de desastres
prontos para entrar em ação.
em Santa Catarina, evitando que o voluntário seja visto como mais um
problema ao invés de solução. É muito importante que o voluntário esteja Para tornar-se um voluntário da Força Voluntária:
capacitado e compreenda as ações da Defesa Civil.
1. Acesse: http://www.forcavoluntaria.org.br e clique em “Quero me
Cadastrar” e preencha o formulário com seus dados.
Contato
As defesas civis interessadas em utilizar a ferramenta, serão orientadas Fone/Fax: (048) 3222-1299
www.voluntariosonline.org.br
www.forcavoluntaria.org.br
122 123
Resilientes
124 125
A campanha incentiva que os municípios desenvolvam ações locais, utilizando como ponto de referência os Prefeitos e governantes locais são, ao mesmo tempo, público-alvo e realizadores da campanha. Governos
10 Passos Essenciais para Construir Cidades Mais Resilientes: locais vivenciam os desastres no seu dia-a-dia e necessitam de melhor acesso a políticas e ferramentas
para efetivamente enfrentar os desastres. O Acordo de Hyogo apresenta soluções para governantes e atores
1. Estabeleça mecanismos de organização e coordenação de ações com base na participação de locais para gerenciar e reduzir riscos urbanos. Governos locais estão no nível institucional mais próximo dos
comunidades e sociedade civil organizada, por meio, por exemplo, do estabelecimento de alianças cidadãos e suas comunidades, são eles os responsáveis pela primeira resposta a crises e emergências, além
locais. Incentive que os diversos segmentos sociais compreendam seu papel na construção de cidades
mais seguras com vistas à redução de riscos e preparação para situações de desastres. de garantir os serviços essenciais aos cidadãos (saúde, educação, transporte, água, etc), os quais precisam
tornar-se resilientes a desastres.
2. Elabore documentos de orientação para a redução do risco de desastres e ofereça incentivos aos
moradores de áreas de risco: famílias de baixa renda, comunidades, comércio e setor público, para que
invistam na redução dos riscos que enfrentam.
Entretanto construir cidades resilientes frente aos desastres é tarefa de todos: governos locais e nacionais,
3. Mantenha informação atualizada sobre as ameaças e vulnerabilidades de sua cidade, conduza associações internacionais, sociedade civil organizada, setor privado, academia e associações de
avaliações de risco e as utilize como base para os planos e processos decisórios relativos ao
desenvolvimento urbano. Garanta que os cidadãos de sua cidade tenham acesso à informação e aos profissionais, bem como todos os cidadãos precisam estar engajados. Todos estes públicos de interesse
planos para resiliência, criando espaço para discutir sobre os mesmos. precisam participar do processo de construção de cidades mais resilientes aos desastres.
4. Invista e mantenha uma infraestrutura para redução de risco, com enfoque estrutural, como por
exemplo obras de drenagens para evitar inundações, e conforme necessário, invista em ações de
adaptação às mudanças climáticas. Orientações aos municípios
5. Avalie a segurança de todas as escolas e postos de saúde de sua cidade, e modernize-os se Cinco maneiras de desenvolver e construir sua participação na Campanha Mundial para Redução de
necessário.
Desastres
6. Aplique e faça cumprir regulamentos sobre construção e princípios para planejamento do uso e
ocupação do solo. Identifique áreas seguras para os cidadãos de baixa renda e, quando possível,
modernize os assentamentos informais. 1. Convencer Como?
126 127
Em 2011, 8 municípios de Santa Catarina foram os primeiros do Brasil a receber a certificação de participação
na Campanha e, atualmente, dos 17 municípios brasileiros que integram a Campanha, 11 são de Santa
Catarina.
Saiba Mais: Para obter maiores informações sobre a Campanha conteúdo: tipo, tamanho, forma e estado; 3) informações de campo, fotos e imagens. Coletados estes dados,
Mundial para Redução de Desastres acesse: inicia-se a elaboração do segundo mapa, o mapa de susceptibilidade que tem por objetivo apresentar a
potencialidade de ocorrência de desastres no local, fornecendo informações que auxiliem no planejamento
www.unisdr.org/campaign (versão em inglês)
do uso e ocupação do solo.
128 129
31
Renn, 2004, p.151.
130 131
Uma das principais contribuições do mapeamento de risco participativo e/ou comunitário é que ele funciona O SIG-P surgiu da associação da Avaliação Rural Participativa (PRA),
em duplo sentido: a) por um lado, ele permite incorporar no mapeamento de natureza “mais técnica” a rica que integrou progressivamente a população como principal agente no
O desenvolvimento
contribuição de quem vive no local e conhece detalhes diários das dinâmicas dos sistemas ambientais recolhimento de dados sobre a realidade rural na década de 80, e da
desta prática não
onde habitam; b) por outro lado, ele conduz a uma maior reflexão das percepções de risco dos cidadãos, própria prática do SIG na década de 90. Os primeiros trabalhos do PRA visa informar aos
enriquecendo-as e fazendo-as evoluir, com base na sua interação com o saber técnico-científico. Em síntese, ocorreram devido às insatisfações de muitos pesquisadores ao não especialistas da
ao promover um mais amplo envolvimento das comunidades nas políticas de proteção/defesa civil, aumenta conseguirem responder aos grandes desafios sociais emergentes da condição de vida
a percepção sobre as características geográficas, integra a percepção de risco ao conhecimento técnico prática do SIG tradicional. Assim que alguns praticantes do SIG resolveram das comunidades,
e aumenta a capacidade de reconhecer as características do local, identificando os fatores de risco, os inserir na base de dados uma representação digital da realidade social, e
mas antes ajudar
as pessoas a
recursos existentes e fornecendo ferramentas para desenvolver ações de redução de risco tanto para o com a nova prática, considerar uma percepção diferente da visão dos
fazerem suas
Governo como para as populações locais (FOPAE, 2008). especialistas dos fenômenos naturais, por exemplo33. O desenvolvimento
próprias análises
desta prática não visa informar aos especialistas da condição de vida do ambiente em
das comunidades, mas antes ajudar as pessoas a fazerem suas próprias que vivem.
análises do ambiente em que vivem34.
32
RAMBALDI et al., 2005 apud CORBETT et al., 2006, p.13. 33
WEINER et al., 1995 apud ORBAN-FERAUGE, 2011.
34
CHAMBERS, 1994 apud ORBAN-FERAUGE, 2011.
35
MILAGRES et al., 2010, p. 5.
132 133
comunidade podem delinear o uso de terras e outras características significantes Brasil, foi a identificação de riscos ambientais na Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Anhumas em Campinas/
em transparências sobrepostas no foto-mapa”, as informações sobrepostas nas SP. O objetivo foi “ressaltar a importância de um método de pesquisa que auxilia na identificação dos riscos
transparências podem ser digitalizadas e georreferenciadas em seguida); f) “os ambientais, através da valorização das experiências cognitivas dentro do âmbito das percepções ambientais
dados registrados são usados com frequência para dar precisão às informações e na representação dinâmica destes riscos através de um método de representação gráfica não menos
descritas em mapas de esboço, mapas de escala, modelo 3D e outros métodos rica em percepção”37. Trata-se de integrar conhecimento técnico-científico ao empírico (percepção) das
cartográficos comunitários que utilizam menos tecnologia”); g) os sistemas comunidades possibilitando assinalar algumas ocorrências mais vulneráveis: as “decorrentes de poluição
multimídia de informações vinculados a mapas (é um mapa interativo digital em cumulativa e de eventos agudos, que possam intoxicar seres vivos e afetar coletividades humanas urbanas
que “os conhecimentos locais são documentados por membros da comunidade e rurais na região” e ainda, prejuízos relacionados à erosão, enchentes, assoreamento de rio, ocupação de
por meio de vídeos digitais, fotografias digitais e texto escrito, armazenados em áreas inadequadas e disposição de resíduos38.
computadores [...]”36.
36
RAMBALDI et al., 2005; CORBETT, 2005 apud CORBETT et al., 2006, p. 14.
37
Dagnino e Carpi Junior, 2006, p.2
38
idem.
134 135
As medidas para a realização do trabalho foram: levantamento de possíveis Em Santa Catarina, experiências pioneiras de utilização do SIG-P em
envolvidos; estratégias de divulgação (convocação das pessoas para as gestão de risco vêm sendo desenvolvidas por um grupo de pesquisa em
reuniões foi feita através de contatos com as associações de bairros e Ilhota (fortemente atingida pelos desastres de 2008) e Araranguá (atingida
lideranças comunitárias, além de cartazes, panfletos e envio de e-mails); por cheias com alguma frequência e pelo furacão Catarina)41. Todos
divisão da bacia em três setores (alto, médio e baixo curso); elaboração os trabalhos por nós realizados integram um projeto maior financiado
e impressão de bases cartográficas; reunião de mapeamento de risco pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa
(dividida em dois momentos – o primeiro para a alfabetização geográfica/ Catarina (FAPESC), “Promoção de Competências para a Ação e na
cartográfica e no segundo momento foi realizado de fato o mapeamento Prevenção e Atendimento de Desastres Naturais: estratégias educativas
de riscos ambientais), “sempre buscando a valorização das experiências de participação pública”. Entre outros aspectos, este projeto visa
vivenciadas pelos participantes que encontram no mapa uma boa maneira promover a participação das comunidades na prevenção e enfrentamento
de se expressar”; compilação dos dados obtidos na reunião e tratamento de desastres. Parte dos resultados dos trabalhos apresentados incluiu a
computacional para a construção do SIG e, por fim, foi realizada uma realização de mapeamentos participativos com a utilização de SIG-P.
reunião aberta a todos para apresentação dos dados e também de forma
No ano de 2012, realizou-se o mapeamento participativo de risco da
participativa formularam um prognóstico da área estudada39.
Região dos Baús (Ilhota, SC)42. O objetivo geral foi desenvolver um amplo
processo participativo, orientado para a construção de um Sistema
de Informações Geográficas Participativo (SIG-P) da região do Morro
do Baú, em Ilhota, como estratégia de prevenção e enfrentamento de
desastres ambientais. As estratégias utilizadas foram: saídas a campo,
reuniões comunitárias, oficina de cartografia social, trabalho de campo
participativo, entrevistas, aplicação de questionário e trabalho de
laboratório (agrupamento de dados gráficos da área, coleta de pontos de
controle, entre outros processos de cunho mais técnico.
A participação
A participação das comunidades em todas as fases da gestão de risco
das comunidades
é o fundamento das novas recomendações dos órgãos internacionais e
em todas as fases
nacionais de Defesa Civil, porém no Brasil, assim como em muitos outros da gestão de risco
países, a participação das comunidades encontra-se ainda em segundo é o fundamento
plano. As ações da Proteção/Defesa Civil são feitas, quase sempre, das novas
de “cima para baixo”, os moradores não tomam conhecimento e os recomendações
resultados observados a cada novo desastre salda-se em novas perdas
dos órgãos
internacionais
de vidas humanas, fortes impactos sociais e econômicos (particularmente,
Este estudo demonstra que o mapeamento participativo pode contribuir
e nacionais de
para os mais desfavorecidos) e atrasos no processo de desenvolvimento Defesa Civil.
na elaboração de políticas públicas, no controle dos riscos ambientais, sustentável.
no desenvolvimento de um plano de gerenciamento de bacia e no
planejamento estratégico ambiental, entre outros40.
40
Dagnino e Carpi, 2006. O trabalho integra uma dissertação defendida por Débora Ferreira, no Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e
42
Desenvolvimento Socioambiental – MPPT (UDESC), intitulada “Sistema de Informação Geográfica Participativo (SIG-P) na Prevenção
de Desastres Ambientais: estudo de caso do Morro do Baú em Ilhota/SC.
136 137
5. Fontes
na Rede
Desenvolvimento,
Clima, Desastres
e Gestão de
EU PARTICIPO Emergência
A inclusão dos
mapeamentos
O mapeamento de risco, por si só, não se constitui como prevenção, de risco nos
mas sim, como uma ferramenta para desenvolver ações que envolvam a Planos Diretores
participação de todos os atores envolvidos na gestão de risco. A inclusão Municipais
dos mapeamentos de risco nos Planos Diretores Municipais permitiria um permitiria um
zoneamento
zoneamento mais eficaz, na medida em que direcionaria e ordenaria o
mais eficaz, na
crescimento populacional no território impedindo as novas ocupações de
medida em que
áreas de risco. Nas áreas já ocupadas o mapeamento participativo de direcionaria
riscos e recursos ofereceria às comunidades já estabelecidas em áreas de e ordenaria o
risco a possibilidade de evacuação da área para lugares seguros. Para isto crescimento
é necessário, acima de tudo a capacitação da população, a organização populacional
e a atuação dos NUPDECs em atividades que envolvam o monitoramento
no território
impedindo as
de áreas de risco, em parceria com a Defesa Civil Municipal, a delimitação
novas ocupações
das rotas de fuga, a implantação do sistema de alerta e alarme e a
de áreas de risco.
realização de simulados com os moradores (Albino, 2013).
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FICHA
CATALOGRÁFICA
Diretor de Prevenção/SDC
Fabiano de Souza
Elaboração
Caroline Margarida
Gerente de Prevenção e Preparação/SDC
Débora Ferreira
Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED
da UDESC - Colaborador SDC
Lisangela Albino
Núcleo de Estudos Ambientais do Departamento de Geografia e GCEPED
da UDESC
Mário Freitas
Professor Visitante da Universidade do Estado
de Santa Catarina - Colaborador SDC
Regina Panceri
Gerente Capacitação e Pesquisa/SDC
148 149