Nco 34 - 01 de Agosto de 2019

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2 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019

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Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 3
Sumário Editorial

Agosto a gosto?
Página 4 - Memória - Julho/Agosto de 1996 Ano após ano, quan-
do chega o mês de
Páginas 6 a 10 - A Abrir / Tema de Capa Agosto, escuta-se um
pouco por toda a cidade
Páginas 14 e 15 - Mais Lagos a mesma lamúria: «Nun-
ca mais chega Setem-
Páginas 16 e 17 - Menos Lagos bro, para termos algu-
ma tranquilidade...».
Página 18 - Boas notícias Segundo a PORDATA, em 2017, resi-
diam 30.629 pessoas no município de
Página 19 - Boa e má notícia Lagos. De acordo com esta plataforma,
os estabelecimentos hoteleiros do conce-
Página 20 - Aos pais, por Ana Custódio lho acolheram, então, 277.665 visitantes.
Presume-se que este número peque
Página 21 - Lembras-te, ó Zé?, por Hélio Xavier por defeito, uma vez que muitos visitan-
tes se instalam em alojamentos locais ou
Página 22 - Reflexões, por Carlos Abreu em casas de amigos e de conhecidos.
No entanto e perante os dados disponí-
Página 23 - Onde é que está o Algarve não deteriorado?, veis, percebe-se que a população pre-
por Joaquim Marreiros sente no território é cerca de 9 vezes mais
por ano do que a residente. E dada a sa-
Páginas 24 e 25 - Ruas da nossa terra, por Silvestre Ferro zonalidade da ocupação, constata-se que
é no Verão e em Agosto, em particular,
Páginas 26 e 27 - Esta cidade que eu amo, por José Paula Borba que há o maior números de visitantes ao
concelho lacobrigense.
Página 28 - Clube das comisquices e gulodices, por Mário Helder Como resultado dessa avalanche
humana e que na sua maioria tem baixo
Páginas 32 e 33 - O Cantinho do Poder, poder económico, acontecem as filas au-
por Madame Perpétua (Comendadora) tomóveis em direcção às praias, aos res-
taurantes e aos estabelecimentos locais.
Página 36 - Damos-lhe música no Spotify Torna-se difícil andar nas ruas superlo-
tadas e há muito ruído. Aumenta o lixo e
Página 37 - Imperdível, em Agosto a sujidade impera por todo o lado.
Por um lado, se para muitos residen-
Página 38 - Em Setembro, na Nova Costa de Oiro tes de Lagos, Agosto é um mês pouco
agradável para se estar e se viver, por
outro, para os muitos que dependem do
turismo para trabalhar e sobreviver, se
não fosse o elevado afluxo de visitantes
seria o desemprego certo e garantido...
Recordamos a frase de amigo de lon-
ga data, antigo proprietário de um res-
Ficha Técnica: taurante da Rua da Barroca, que peran-
Director e Editor: Carlos Mesquita te o descontentamento dos clientes im-
Colaboradores nesta edição: Ana Custódio, Carlos Conceição, Hugo Pal- pacientes pela demora no atendimento,
ma, Maria Inês Lima e Marta Ferreira. ia repetindo: «Se querem ser bem re-
Proprietário: cebidos, venham cá no Inverno...».
JL, UnipessoaL, Lda/Carlos Conceição Será Agosto um mês verdadeiramen-
Sede Social, Administração, Redacção e Editor: te a gosto? Ou de triste desgosto?
Rua D. Xavier, nº6 – 8600-754 Lagos Carlos Mesquita
Capital Social da Empresa Proprietária: Na «Nova Costa de Oiro» não se
JL, Unipessoal, Lda/Carlos Conceição com 100% do capital social utiliza a Reforma Ortográfica de
Na Internet em: http://novacostadeoiro.blogspot.com/ 1990-2008, indevidamente chamada
Correio electrónico: [email protected] «Acordo Ortográfico».
4 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Memória - Julho/Agosto 1996
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 5
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6 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
A abrir / Tema de capa

Agosto a gosto?
Quando se fala, ou se pensa no Al-
garve, a primeira e grande imagem a que
a região é associada é: Férias. Férias ao
sol, a banhos nas muitas, bonitas e tran-
quilas praias algarvias, normalmente com
águas calmas e cálidas.
O Algarve tem sido eleito, pelo me-
nos desde o início do século XX, uma das
regiões de excelência do nosso País para
merecidos e ansiados descansos.
Pode ler-se na obra «Fragmentos
para a História do Turismo no Algarve»,
em texto da autoria de Artur Barracosa
Mendonça, que «As grandes preocupa-
ções e estratégias para o turismo no
início do século XX passavam pelo
aproveitamento do clima, das praias,
termas e paisagens. Afirmava João
Bentes Castel-Branco no Boletim da
Sociedade de Propaganda de Portugal
num artigo intitulado “Termas e Prai-
as”: É necessário pensar nos modos
de criar atractivos, recursos e como-
didades para reter e fixar entre nós os
elementos estrangeiros que nos pro-
curam.
Temos a nosso favor, além da pri-
vilegiada posição geográfica, a ame-
nidade, salubridade e doçura do nos-
so clima, que se presta admiravelmen-
te para o tratamento dos indivíduos Rua da cidade de Lagos quase intransitável (Foto Julho 2019)
que chegam extenuados, que pela vi-
olência luta e desregramento da exis- cação e de articulação entre meios de ciais do país recebem 1.246.000 dor-
tência civilizada, quer pelos ardores transporte e de deficiente limpeza urba- midas, gerando uma receita estimada
dos climas tropicais, quer pelos rigo- na (conforme se pode constatar por ima- em cerca de 14.750.000 contos, porém
res dos climas frígidos». gens que ilustram algumas páginas des- a fatia que coube ao Algarve foi com-
Mas atente-se, igualmente, a este es- ta edição da Nova Costa de Oiro). preensivelmente muito baixa pois,
crito de Raul Proença, em 1908, no se- Quanto ao analfabetismo, todos os in- como declarou o deputado Dr. Mário
manário tavirense Província do Algarve dicadores disponíveis apontam para a de Oliveira ao Jornal do Algarve em Ja-
no conjunto de artigos a que deu o título sua quase total erradicação. Contudo, neiro desse ano, a situação em maté-
“O Algarve – Sua Decadência” (obra atrás pela técnica da «observação participan- ria de hotéis e pensões no Algarve era
citada): «Neles é possível encontrar te», verifica-se ainda bastante «amado- ainda verdadeiramente lamentável, já
como grandes problemas da região a rismo» ou nítida impreparação em mui- que existia apenas um hotel de 1ª clas-
falta de vias de comunicação; a falta tos estabelecimentos na área da restau- se, dois de 2ª classe, uma estalagem
de higiene; os problemas de ilumina- ração ou de hotelaria no atendimento aos e 28 pensões, no total destas unida-
ção pública; e, por fim o problema do clientes. des 203 hoteleiras apenas 33 quartos
analfabetismo». A partir da década de 60 do século estavam equipados com casa de ba-
Curiosamente, dos problemas men- XX, o Algarve começa a ser um destino nho»!» (obra citada, Alberto Strazzera -
cionados em 1908 dois, pelos menos, turístico mais procurado: «Regista-se em «Os primeiros Operadores Turísticos no
ainda persistem até aos nossos dias: os 1960 a entrada de 352.651 estrangei- Algarve»).
graves problemas nas vias de comuni- ros em Portugal e as 37.500 camas ofi- Nas últimas décadas do século XX >>
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 7
A abrir / Tema de capa

Agosto a gosto?

Estacionamento caótico em zonas pedonais (Foto Junho 2019)

>> e até aos nossos dias, muito mudou.


Lagos, dispõe actualmente de vários e
excelentes equipamentos hoteleiros e de
uma grande oferta ao nível do alojamen-
to local (mais de 4.300). Existem, tam-
bém, restaurantes que apresentam e re-
presentam as mais variadas gastronomi-
as nacionais e internacionais.
Ao contrário de anos idos do século
passado, os efluentes são tratados na Es-
tação de Tratamento de Águas Residu-
ais (que irá sofrer obras de fundo para
se corrigirem erros de concepção e ser
modernizada). Fruto da boa qualidade
das águas do mar, as praias da Batata,
Meia-Praia, Dona Ana, Camilo, Porto de
Mós e Luz ostentam o galardão Bandei-
ra Azul. E destas, são quatro as distin- Estacionamento caótico em zonas pedonais (Foto Junho 2019)
guidas com «Grau Ouro» (mais informa-
ção na página 18 desta edição). E a Ma- Ouro do Gold Anchor Award e o Euroma- terra. E Lagos não é excepção a esta
rina de Lagos é distinguida internacional- rina Anchor Award. regra.
mente com 5 Estrelas pelo IMCI, a Ban- Sabe-se que em todos os locais exis- Como destino turístico de «Sol e
deira Azul da Europa, as 5 Âncoras de tem problemas, que não há paraísos na Praia» é no Verão e em especial no >>
8 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
A abrir / Tema de capa

Agosto a gosto? como os residentes que os irão adquirir.


A muitos, não só aos trabalhadores
que têm de lidar com um elevado núme-
ro de consumidores, durante turnos de
trabalho que alguns casos podem ser du-
plos, bem como aos clientes, é atingido
facilmente por todos um grau de satura-
ção que não deveria ter lugar nas férias
(supostamente tempos de lazer, de des-
contracção, de calma, de tranquilidade).
Dadas as características intrínsecas
do «Turismo de Sol e Praia», que é o do
Algarve Litoral (caso de Lagos), as ne-
cessidades de empresários e trabalha-
dores conseguirem facturar e ganhar di-
nheiro em apenas três meses para sub-
sistirem todo o ano (em especial no In-
verno em que a cidade se torna numa
Elevada ocupação (concessão) dos espaços públicos - (Foto Julho 2019)
«cidade fantasma), compreende-se que
>> no mês de Agosto que recebe maior ruído, é muito ruído, não só o que resulta Agosto acabe por não ser um mês a gosto
número de visitantes. Estima-se que nes- dos apelidados «artistas de rua», como para todos, de forma alguma. O cansaço
tes 31 dias, o número de pessoas pre- o que é produzido por grupos de foliões, físico e psicológico acaba por ser enor-
sentes seja cerca de três vezes superior alguns deles aparentemente embriaga- me para todos. E um trabalhador saber
ao da população residente. E, assim, aca- dos, que cantam e gritam fora de horas que em Outubro irá engrossar as filas à
ba por acontecer o inevitável mau-estar pelas ruas da cidade (isto à mistura com porta do Centro de Emprego também não
que se verifica por estes dias. E as quei- algumas eventuais escaramuças - como ajudará ao seu desempenho, à sua sim-
xas que se escutam um pouco por todo a que ocorreu numa esplanada da Rua patia nem à hospitalidade que caracteri-
o lado. É pelas filas de trânsito a cami- Marquês de Pombal, em Julho passado), za genericamente os locais.
nho da praia, nos restaurantes, nos e alguns furtos, não obstante o reforço Como dizia um amigo de longa data,
super-mercados. É a falta de estaciona- policial que tem lugar por estes dias. antigo proprietário de um restaurante da
mento. É o lixo que se acumula um pou- É, igualmente, o habitual aumento Rua da Barroca, que perante o descon-
co por toda a parte, muito dele devido à dos preços dos produtos alimentares, re- tentamento dos clientes impacientes pela
falta de civismo dos veraneantes. É o alidade que afecta não só os visitantes, demora no atendimento, ia repetindo: >>

79 dbs de ruído produzido A falta de limpeza é uma queixa recorrente dos lacobrigenses
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 9
A abrir / Tema de capa

Agosto a gosto?

A Praia Formosa - Praia da Batata - é uma das de Lagos com Bandeira Azul (Foto Julho 2019)
>> «Se querem ser bem recebidos, ve-
nham cá no Inverno...».
Por outro lado, as fragilidades resul-
tantes do apelidado «Turismo de Sol e
Praia» tornam-se bem evidentes quan-
do as condições atmosféricas não aju-
dam (ou seja, pelas baixas temperaturas,
como tem acontecido neste ano), confor-
me explicou ao jornal Expresso João
Fernandes, presidente da Região de Tu-
rismo do Algarve : «(...) o menor nível
de reservas está a levar operadores tu-
rísticos, companhias aéreas e hotéis
a fazerem “ajustamentos, baixando os
preços de voos e pacotes para o Al-
garve, com campanhas promocionais
de last minute”. Estas acções “já es-
tão a gerar um aumento de procura de
última hora, e a expectativa é que até
Agosto as reservas last minute ajudem
a atingir níveis próximos do ano pas-
sado. O que assistimos no Algarve é
que a decisão da procura é cada vez
mais à última hora».
Em encontro recente do Grupo dos >> Existem em Lagos mais de 4.300 alojamentos locais registados
10 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
A abrir / Tema de capa

Agosto a gosto?

A elevada ocupação (concessão) dos espaços públicos torna as ruas quase intransitáveis - (Foto Julho 2019)
>> dos Amigos de Lagos, concluiu-se que:
«A saturação turística na estação alta
tem sido observada com condescen-
dência, pois se julga difícil de evitar.
Pode ser abordada também como
questão autónoma. “O mau cresci-
mento não é sustentável”, a quantida-
de de pessoas ou dormidas só por si
não é virtuosa. Espaços congestiona-
dos e multidões tiram aprazibilidade
ao destino turístico». E assim se resu-
me, em poucas palavras, esta temática.
E como será o mês de Agosto de
2019, em Lagos? Será a gosto? Ou de
triste desgosto?
Fontes e Citações:
* Jornal Expresso - Conceição Antunes
* Grupo dos Amigos de Lagos -Cristiano
Cerol
* Fragmentos para a História DO TURIS- Em Julho de 1996, os nossos cola- do anárquico. Às vezes incomoda.
MO NO ALGARVE boradores Paulo Costa e João Carlos Muito. Falta coordenação de quem de
EDITOR: Centro de Estudos em Patrimó- Santana, na sua rubrica «Margens», iro- direito. Não há concertos de destaque.
nio, Paisagem e Construção (CEPAC) nizavam o ambiente de Lagos. Diziam no Melhor, não há concertos. É pena. (...)
Faculdade de Ciências Humanas e So- postal que se reproduz acima que «Há Não há iniciativa. Agora despedimo-
ciais - Universidade do Algarve muita gente a tocar na rua. Um boca- nos (...). Adeus».
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12 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
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14 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Mais Lagos

Baía de Lagos - Vista da Rua Miguel Bombarda - Lagos

Baía de Lagos - Vista da Rua Miguel Bombarda - Lagos Casa Baía - Rua das Portas de Portugal - Lagos

Mar d’Estórias - Rua Silva Lopes - Lagos Baluarte - Vista da Estrada da Ponta da Piedade - Lagos
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 15
Mais Lagos

«Fonte das Sete Bicas» - Rua Dr. Mendonça - Lagos

Figos - Mercado Municipal da Avenida - Lagos Cervejaria Ferradura - Rua 1º de Maio - Lagos

Costa de Oiro - Vista do Cais da Solaria - Lagos Praia da Batata - Vista do Cais da Solaria - Lagos
16 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Menos Lagos

Auditório Municipal de Lagos - Largo Doutor Vasco Gracias (Parque das Freiras) - Lagos

Rua das Portas de Portugal - Lagos Rua Dom Vasco da Gama - Lagos

Praça do Infante Dom Henrique - Lagos Rua Cândido dos Reis - Lagos
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 17
Menos Lagos

Rua Victor da Costa e Silva - Lagos

Praça do Infante Dom Henrique - Lagos Fonte Cibernética - Praça do Infante D. Henrique - Lagos

Avenida dos Descobrimentos - Lagos Rua Cândido dos Reis - Lagos


18 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Boas notícias

Praias com qualidade «Ouro»

A Meia-Praia é uma das quatro de Lagos com «Qualidade de Ouro», galardão da Quercus
As praias da Luz, Porto de Mós, Ca- com base na informação pública oficial é realçar as praias que ao longo de
milo e Meia-Praia, de Lagos, encontram- disponibilizada pela Agência Portuguesa vários anos (cinco, neste caso), apre-
se entre as 390 reconhecidas pela Quer- do Ambiente (APA) e tendo apenas em sentam sistematicamente uma água
cus - Associação Nacional de Conserva- consideração as análises efectuadas nos balnear de qualidade excelente (tendo
ção da Natureza como tendo «Qualida- laboratórios das diferentes Administra- em conta a classificação da legislação
de de Ouro». ções Regionais Hidrográficas. em vigor), e que, nesse sentido, ofere-
Este galardão baseia-se em critérios Esclarece a Associação que «Com cem assim uma maior fiabilidade no
estabelecidos pela própria Associação, esta iniciativa, o objectivo da Quercus que respeita à qualidade da água».

Cinema de Lagos não encerrou


O eventual e possível encerramento
das duas salas do cinema de Lagos pro-
vocou grande e apaixonada discussão na
imprensa regional e nas redes sociais,
no Facebook, em particular.
Especulou-se e muito sobre o fim a
que estaria destinado o edifício e foi pu-
blicada esta notícia: «O edifício do an-
tigo Cine-Teatro Império, actual La-
goshopping, vai ser posto à venda e
os seus proprietários dirigiram-se aos
órgãos deliberativo e consultivo do
município de Lagos e da freguesia ur-
bana de São Gonçalo de Lagos ques-
tionando sobre o interesse de qual-
quer das duas autarquias na sua aqui-
sição».
Mas, afinal, o Cinema de Lagos não
encerrou e continua de portas abertas. O Algarcine situa-se na Rua Cândido dos Reis - Lagos
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 19
A boa e má notícia

Dragagem, em Lagos

A barra de Lagos
Há casos raros, muito raros, em que
uma notícia é, em simultâneo, uma boa
e uma má notícia. Entre estas, encontra-
se a da anunciada dragagem da barra e
do porto de Lagos.
De acordo com a Direcção-Geral de
Recursos Naturais, Segurança e Serviços
Marítimos (DGRM), «seguindo orienta-
ções da Ministra do Mar, Ana Paula Vi-
torino, está previsto um investimento
Praia da D. Ana, vista do mar
de 413.000 euros em Lagos, com um
volume de 79.000m³ de sedimentos a da praia da D. Ana na outras suas adja- das pessoas, então porque não sane-
dragar e prazo de execução de 3 me- centes e barra, o que se veio a verificar. aram as arribas que continuam com
ses. Estas dragagens respondem as- Resumindo: gastaram-se 1,8 mi- várias rochas na iminência de cair?
sim, às necessidades de intervenção lhões de euros para se encher uma praia Porque não recuperaram o troço de ar-
para salvaguarda da segurança no e agora irão gastar-se mais 423 mil para riba que está a desabar e a arrastar
acesso a embarcações e melhoria das se reparar essa infeliz intervenção, que com ela parte do acesso ao Montana,
condições de navegabilidade nestes nunca deveria ter acontecido. deixando tubulação diversa, vergo-
portos». E esta é a boa notícia para os Na opinião da bióloga lacobrigense nhosamente, à mostra?
pescadores, empresários na área da acti- Dina Salvador, «Gastaram-se quase 2 Boa parte da areia da D. Ana já se
vidade marítimo-turística e utilizadores milhões de euros do erário público foi, como era de esperar. É óbvio que
lúdicos da Marina e porto de Lagos. para recarregar a praia da D.Ana, com por acção das ondas, das marés e das
Mas, a má notícia surge quando se o grande pretexto de “trazer mais se- correntes os sedimentos foram e, con-
pensa por que razão é necessário pro- gurança às pessoas”. Deviam ter dito tinuam a ser carreados e depositados
ceder-se, agora, a esta dragagem. que grandes interesses privados se noutros lugares. Neste caso, são ar-
Recorde-se que aquando do enchi- movimentavam a montante da praia, rastados para o lado da barra, tal como
mento da Praia da D. Ana, a Agência Por- isso sim! sempre disseram alguns pescadores.
tuguesa do Ambiente (APA) foi alertada Foi uma benção para os hoteleiros Agora, deviam ser os privados que
por pescadores e inúmeras outras pes- da zona pois ficaram com uma praia lucraram com o enchimento da D.Ana,
soas conhecedoras do mar e seus movi- maior para acomodar mais e mais cli- a pagar o desassoreamento da barra
mentos que o mar iria recolocar a areia entes. Se o objectivo era a segurança e não o erário público».
20 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Aos pais

Quando é que o meu bebé


pode comer “sólidos”?

Antes de falar da introdução da ali-


mentação complementar no bebé é
preciso falar de amamentação.
A OMS recomenda amamentação
em exclusivo pelos primeiros 6 meses
de vida e a sua continuação, em conjun-
to com outros alimentos, até 2 anos ou
mais - para TODO o mundo, incluindo
países desenvolvidos (WHO Statemen,
2011). bem e se consegue manter sentado di- * Comer é uma forma de relaciona-
A OMS também recomenda LA exclu- reito sem grande apoio. mento, de interação, é uma experiência
sivo até 6 meses para os bebés que fa- 3 - Capacidade de mostrar satisfa- social extremamente rica.
zem aleitamento artificial apenas ção - o bebé é capaz de mostrar quando A hora da refeição deve ser de fes-
(Parents guide to infant formula, Unicef quer ou não quer mais alimento. ta e não de guerra!
UK, 2016). 4 - Mostrar interesse pela comida
Então a resposta seria 6 meses e da família - os bebés adoram imitar os
ponto final, certo? Não! pais e com a comida vão querer fazer o
O acto de comer não é apenas ali- mesmo. Quando estão prontos vão que-
mentar-se, implica também desenvolvi- rer “roubar” comida do prato dos pais. A
mento físico e neurológico e socialização. maioria dos bebés aceita melhor a comi-
Há sinais que mostram que o bebé está da que vê os pais comerem.
pronto para a introdução de alimentação Quando vê estes sinais no seu bebé,
complementar. então chegou a altura de começar! Sem
Que sinais observar no bebé? (de grandes expectativas no início, manten-
acordo com a Academia de Pediatria do a amamentação como base da ali-
Americana) mentação do bebé e respeitando sem-
1 - Perda do reflexo de protusão - pre o apetite e vontade do bebé.
este reflexo serve para protecção das
vias aéreas do bebé e está presente até Dicas que ajudam: Ainda tem dúvidas? Contacte-me em:
por volta dos 4-6 meses. Quando o bebé * Sentar o bebé à mesa da/com a fa-
deixa de empurrar a colher com a língua, mília Ana Custódio
mostra que perdeu este reflexo. * Deixar o bebé explorar a comida Site: algarve.amamenta.net
2 - Sentar-se bem - quando o bebé com as mãos Facebook: Amamenta Algarve
já consegue segurar a cabeça e o tronco * Dar uma colher para a mão do bebé e-mail: [email protected]
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 21
Lembranças / Memória

Lembras-te, ó Zé?

Hélio Xavier, lacobrigense, militar as, profundo, contínuo e distante que per- do-alto vindas de Sagres, os quinhões de
de carreira, colaborou com a revista passava as ruas, enchia as casas, dan- condelipas, o peixe-rei, o alfaquete, os
Nova Costa de Oiro desde o início. do-nos a estranha sensação de peque- carapaus francês e negrão, as corvinas
O seu primeito texto foi um conto nez e mau estar. Nesses dias ninguém gigantes que o Zé Batalim transportava
inédito, mais tarde editado no livro “ia ao mar”; parava a pesca e as nossas em zig-zag, duas de cada vez, tomba-
«Barlavento entre amor e mar». mães decidiam que o bacalhau também das para fora do carro de mão, os maris-
O Zé, o interlocutor dos textos, era era peixe. cos com casca trazidos pelos alvoreiros,
o José Patrício, amigo, colega de infân- Passado o mau tempo, os galeões de correndo ao longo da Meia-Praia com
cia e camarada de armas, já falecido. altas chaminés fumegavam para se fa- passinho travado e cesta à cabeça.
zerem ao largo, arrastando um cordão de Era o cheirinho a maresia mesclado
Lembras-te ó Zé, como se vivia o mar chalupas com as velas enroladas. No dia com o dos juncos da Meia-Praia que nos
em Lagos, nos nossos tempos de garo- seguinte voltavam pesadas, um palmo de envolvia nas tardes de levante ameno.
tos? Não obstante os interesses da cida- borda acima de água, a caminho da lota. Lembras-te ó Zé, como esse ambiente
de se dividirem entre a agricultura e o mar, Começava a sinfonia dos apitos das fá- era propício aos namoricos na avenida?
era a omnipresença deste a impor-nos bricas de conservas. Era o odor picante do alcatrão das
hábitos e regras, que nos marcaram para Os botes para a pesca mais chegada redes estendidas, o dos fogareiros a car-
sempre. a terra desciam o rio com a vela de espi- vão, o dos limos na maré vazia; era o grito
Era a alimentação à base de peixe e cha alçada se a brisa era fraca, ou com das gaivotas; eram os sons ritmados, vi-
marisco que nos fez eternos dependen- os paneiros levantados se a nortada era ris, do “ai-leva-ai-lé”, que o vento trazia
tes da sardinhomania, da rascassoma- rija. dos lados da ribeira.
nia, da robalomania, da lulomania e nos Todas as manhãs, Lagos convergia Que saudades, ó Zé!
fez fiéis seguidores do culto do carapau para a “praça do peixe”. As bancas de
e dos percebes. pedra com as balanças reluzentes, pei- Hélio Xavier
Era o rugido do vendaval das inverni- xe de toda a variedade. Eram as liças- Maio 1996
22 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Reflexões / Memória
para revistas técnicas e em traduções.
Em 1975, mudou-se para Paris por
motivos profissionais, embora tenha
passado a maior parte do tempo em
viagens pelo continente Americano.
Foi nesta altura que começou a
escrever romances, tendo colabo-
rado igualmente numa revista sul-
americana.
Fixou-se em Lagos em 1986, tendo
começado pouco depois a participar
no jornal Farol do Sul. Nesta altura,
também principiou a sua participação
no Congresso do Algarve, e a realizar
João Carlos de Abreu Pimenta comunicações em congressos e en-
contros sobre a temática dos Desco-
Nasceu na cidade de Lagos, a 10 Engenharia do Porto, tendo-se forma- brimentos portugueses. Também co-
de Agosto de 1926. do em engenharia mecânica. laborou na revista Nova Costa de Oiro
Depois de concluir os seus primei- Exerceu principalmente como en- e no Jornal de Lagos.
ros estudos em Lagos, frequentou o genheiro, tendo realizado vários está-
Colégio Infante de Sagres, em Lisboa. gios na Europa e África. Faleceu no Hospital de Lagos, em
Em seguida, foi aluno na Escola Poli- Residiu em Lisboa entre 1957 e 20 de Outubro de 1999, após doença
técnica de Lisboa e da Faculdade de 1975, período durante o qual escreveu prolongada.

Em Fremantle, Perth
A proximidade do mar abre o desejo urna viagem perigosa por mares encape- mos pelos corredores do hotel, que tinha
de partir, por isso os lacobrigenses sem- lados e grandes dificuldades no regresso. pouca gente, e viemos meter o nariz cá
pre partiram, não só por necessidades Em tempos recentes, já em rápidos e fora.
puramente materiais, como as popula- confortáveis aviões de jacto; o autor des- Na proximidade do hotel, havia só
ções rurais do norte, mas pelo cheiro do tas linhas teve oportunidade de viajar uma garagem, na qual vimos um anún-
mar, que é o cheiro do perigo e da aven- profissionalmente por países muito dis- cio de aluguer de automóveis. Alugámos
tura. tantes, tendo encontrado em todos eles um grande carro americano e fomos até
Partiram para Ceuta e para os Des- pessoas de Lagos, que tinham urna gran- Perth, cidade fácil de ruas em esquadria.
cobrimentos. Mesmo antes de serem ali- de alegria quando encontravam um Como bons lacobrigenses, procurámos
ciados pelo Infante, já tinham andado conterrâneo. Quando fomos urna vez a o mar e conseguimos chegar à única ci-
pela costa de África, em acções de cor- Nacala, por volta dos anos 70, fomos dade de subúrbio, chamada Fremantle,
so e pirataria e possivelmente embarca- homenageados pelos lacobrigenses que que se tornou célebre mais tarde quan-
do nas galés de Veneza. Depois, ao ser- lá estavam, que eram cinco, com um jan- do aí se disputou a American Cup, gran-
viço do Infante ou por iniciativa própria, tar de lagosta. de regata de iates. Estacionámos o car-
exploraram a costa de África, onde ha- Mas o caso mais interessante que se ro numa grande avenida junto do mar e
via muitos perigos, o maior dos quais, de- passou connosco foi em Perth, na Aus- fomos passeando por ali fora, felizes com
vido a mitos e lendas, era o Cabo Boja- trália. Estávamos em Lourenço Marques aquele cheiro a maresia. Passámos, sem
dor, que foi virado pela primeira vez por e devíamos ir a Macau. O percurso acon- olhar para eles, por um grupo de homens,
um homem de Lagos. Supõe-se logica- selhado pelas agências ‘de viagens era junto de redes. Uns passos adiante, ou-
mente que, nesse tempo, as tripulações ir a Joanesburgo tomar um voo para Per- vimos nitidamente esta frase:
dos barinéis e caravelas eram formadas, th, na costa ocidental da Austrália, onde - Aquele gajo é parecido com um
na sua maior parte, por lacobrigenses, já teríamos dois dias depois uma ligação gajo de Lagos.
porque tinham grande experiência de para Hong Kong. Voltámos atrás e acabámos o dia co-
navegação e porque ali tinham nascido Em Perth, a companhia de aviação mendo camarões e bebendo cerveja com
ou ali residiam os capitães e os pilotos. colocou-nos num hotel junto do aeropor- um grupo de pescadores portugueses, na
Muitos foram povoar as ilhas dos Aço- to, mas afastado da cidade. Era já noite, maior parte algarvios, tripulantes de bar-
res que, com os seus vulcões e as suas fomos para o quarto e dormimos muitas cos australianos de pesca de camarão.
caldeiras, deviam obrigar a grande cora- horas. Na manhã do dia seguinte, depois Carlos Abreu
gem, até porque exigiam, logo à partida, dum opíparo pequeno almoço, vagueá- Dezembro de 1995
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 23
Destaque / Memória

Joaquim Paleta Marreiros


Na primeira edição da revista mas que em português, entalado entre
«Nova Costa de Oiro» (Outubro 1995), dois idiomas provavelmente dominan-
o nosso colaborador e amigo Joaquim tes, assumia a forma envergonhada de
Marreiros escreveu o texto que se re- “verdadeiro Algarve”.
produz abaixo: «Mesmo à entrada da Hoje, quase 24 anos depois, repu-
“cidade da Costa D’Oiro”, a cidade que blicamos o artigo original de Joaquim
amo e onde vivo desde sempre, apa- Marreiros, realçando a sua actualidade:
receu antes do Verão este cartaz pu- «Manter a nossa própria identidade
blicitário de grandes dimensões […]». é o factor fundamental para o verdadei-
De todas as vezes o cartaz fazia-me, ro desenvolvimento da comunidade. É
com a teimosia própria dos cartazes, a que “ser culto é ser do sítio”, ou, como
mesma pergunta em inglês: “Onde é diz Eduardo Lourenço, “quem vê o seu
que está o Algarve não deteriorado?”, povo, vê o seu mundo”».

Mesmo à entrada da “cidade da Cos- Passo por cima também do mau gos- promocional dela própria ?
ta D’Oiro”, a cidade que amo e onde vivo to do promotor em ter escolhido uma ex- Quando me pediram um texto para
desde sempre, apareceu antes do Verão pressão idiomática de dúbia interpreta- este primeiro número da nova Costa
este cartaz• publicitário de grandes di- ção que a mim, sinceramente, fere a mi- D’Oiro, imediatamente deu-me vontade
mensões, a receber tanto o nosso resi- nha sensibilidade e orgulho de algarvio. de partilhar de forma mais alargada es-
dente corrupio do dia-a-dia como todos Tenho de passar por cima destes as- tas obsessivas questões. Ao referi-las
aqueles que elegeram Lagos para pas- pectos porque acabei por convencer-me aqui penso adiantar já alguns elementos
sar as suas férias. que só eu é que tinha reparado neles e de resposta e pretendo, ao mesmo tem-
De todas as vezes o cartaz fazia-me, lido desta torpe maneira. Porque o que é po, mostrar a falta que faz um espaço,
com a teimosia própria dos cartazes, a facto é que o cartaz lá está, em Lagos e como pode vira ser esta revista cujo nome
mesma pergunta em inglês: “Onde é que por todo o Algarve, continuando a cum- tanto a responsabiliza, onde se possam
está o Algarve não deteriorado?”, mas prir a sua missão (?) até ao fim, antes de expor e discutir com vivacidade, ineren-
que em português, entalado entre dois dar lugar a qualquer outro, poluidor da te às pessoas vivas, os problemas da
idiomas provavelmente dominantes, as- nossa paisagem e quiçá também do nos- nossa cultura regional e local.
sumia a forma envergonhada e mentiro- so espírito. Manter a nossa própria identidade é
sa de “verdadeiro Algarve”... Passados todos estes meses ainda o factor fundamental para o verdadeiro
Passo por cima do desrespeito à(s) não me habituei à frase, bem pelo contrá- desenvolvimento da comunidade. É que
lei(s) que manda(m), nestes casos, que rio, só que a verdadeira raiva que senti ao “ser culto é ser do sítio”, ou, como diz
o português tenha a primazia e esteja em vê-la pela primeira vez, devo confessá-lo, Eduardo Lourenço, “quem vê o seu povo,
destaque, seguido das respectivas tradu- conduziu-me à seguinte reflexão: como é vê o seu mundo”.
ções (correctas, já agora) nas línguas que se chega ao ponto de se utilizara des- Joaquim Marreiros
pretendidas. caracterização duma região como imagem Outubro 95
24 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Ruas da Nossa Terra / Memória

Silvestre Marchão Ferro


Nasceu em 28 de Maio de 1938, na tivo Portalegrense e o Clube de Fute-
Freguesia da Sé, concelho de Portale- bol Esperança de Lagos.
gre. Órfão, ainda, criança foi educado Agraciado com a “Medalha de ser-
no Asilo Escola de Santo António, em viços Distintos” Grau Prata, da Liga
Portalegre, onde fez a Instrução Primá- dos Bombeiros Portugueses é sócio
ria e aprendeu o ofício de Alfaiate. Honorário do Aero Clube de Lagos.
Em 1957 veio para Lagos, para Faleceu em Lagos, a 09-12-2018.
exercer a profissão como Contra Mes-
tre e em 1964 estabeleceu-se como Nunca esquecendo este nosso co-
Alfaiate por conta própria. laborador e amigo de longa data, a
Desportista desde jovem represen- Nova Costa de Oiro irá retomar a ru-
tou como futebolista o Grupo Despor- brica «Ruas da Nossa Terra».

De Praça Ribeira dos Touros


a Praça Infante D. Henrique

Conforme prometi no número anteri- Touros (Séc. XIV), diz-se que por ali pas- Estas duas últimas denominações de-
or, começo hoje a falar um poucos dos sava um curso de água desaguando no veram-se ao facto de ali ter sido coloca-
Topónimos das ruas e Praças da nossa Rio de Lagos (hoje Ribeira de Bensa- do um pelourinho com as Armas de D.
cidade. frim) onde alguns animais, nomeadamen- Manuel I. Este pelourinho esteve coloca-
Escolhi começar pela actual Praça do te touros se refrescavam. Neste século do (julga-se mais ou menos) junto ao
Infante, não só pela sua história, mas ainda, chamou-se Mercado e Rocio. No Casão Regimental. O dito pelourinho
também por ser uma das nossas salas século XV passou a chamar-se Praça de encontra-se hoje no pátio do Museu Mu-
de visitas mais importantes e com uma Touros. De 1490 até 1798 foi Praça do nicipal.
história muito curiosa. Esta praça come- Pelourinho e ainda Praça dos Paços do O nome Praça dos Paços do Con-
çou por ser denominada por Ribeira dos Concelho. celho deve-se, ao facto de ali terem exis-
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 25
Ruas da Nossa Terra / Memória

tido as chamadas Casas da Câmara, isto está a Igreja da Misericórdia (hoje de de Deus/Paços do Concelho/Torre do
é, o edifício municipal, onde hoje é a Mes- Santa Maria) edificada em 1498. Amplia- Relógio - destruidos em 1755 e Hospital
se Militar. Foi ainda esta Praça chamada da em 1556. Reparada em fins do século Militar a partir de 1804. Nesta Praça se
de Santa Maria (In Monog. de Lagos). XVII . Em 1755 é transferida para esta encontra , perto do Cais Velho (soterra-
Já no século XIX, mais precisamente Igreja a Matriz de Santa Maria da Graça. do), ou Portas do Mar, a janela Manueli-
a 23 de Novembro de 1882, por delibe- O Casão Regimental/Igreja de São na onde, segundo a tradição, D. Sebas-
ração do executivo municipal, então pre- Brás (?). Edificada antes de 1553. Depó- tião se despediu de Lagos, quando par-
sidido por Silva Lopes, foi aprovado pas- sito Regimental em 1665. O Mercado tiu para o “desastre” de Alcácer Quibir.
sar esta Praça a chamar-se Praça da dos Escravos (actualmente Galeria de Falar das transformações desta Pra-
Constituição. Depois da implantação da arte). Edificado no século XV. A Casa da ça desde a Ribeira dos Touros até aos
República (5-10-1910) passou a ser cha- Vedoria (Alfândega, 2° piso). Foi edifi- dias de hoje significa relembrar um pou-
mada por Praça da República em total cada em 1691. A Alfândega, 1820. Casa co do passado, e o mesmo quer dizer,
apoio ao novo Regime Republicano a que da Guarda e Prisão Militar. O Edifício da da história de Lagos que, estou certo, por
Lagos aderiu com entusiasmo. Messe Militar que foi: Ermida de S. Pe- outros melhor será contada.
Em 1960, mais concretamente a 6 de dro, 1490 - Convento Hospital de S. João Novembro de 1995
Agosto, quando das comemorações em
Lagos do 5° Centenário da Morte do In-
fante D. Henrique, passou a ser chamada
pelo actual nome Praça Infante D. Hen-
rique. Por vontade oficial, esta Praça pas-
sou, ao longo dos tempos, por alterações
toponímicas, mas uma designação é, con-
tudo, ainda hoje, por muitos recordada e
usada com alguma saudade: Praça da
Música. A razão desta atitude vem de, ali
ter existido até finais dos anos 50 um co-
reto (muito recordado) onde Bandas Re-
gimentais e Civis realizavam os seus con-
certos. Falar-vos da importância desta
Praça será um pouco difícil! Mas citarei
alguns pormenores que a evidenciam: ali
26 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Esta Cidade que eu amo / Memória

Era uma vez...


Uma Visita Real a Lagos

A última visita do Rei D. Carlos I, a Lagos - Cais da Solaria - 12 de Agosto de 1905


Meus caros, como se aproxima o dia e inglesas. Entre tais festejos houve con- o Rei D. Carlos também participou, e...
12 de Agosto, atrevo-me a recordar a úl- certo na Praça da Constituição (depois curiosamente foi o nosso Rei quem ga-
tima visita, à nossa cidade, do penúltimo Praça da República -para nós Praça da nhou a corrida!... Teria sido favor?... Du-
Rei de Portugal - D. Carlos (filho primo- Música); houve também caçada, de bar- vidamos pois D. Carlos era uma pessoa
génito de D. Luís I e de D. Maria Pia de co, a pombos bravos nos rochedos da muito dotada, além de cientista oceano-
Sabóia), nascido em Lisboa no dia 28 de Ponta da Piedade, tendo D. Carlos tam- gráfico, era pintor de mérito, e bom des-
Setembro de 1863 e falecido (regicídio) bém participado -até porque era muito portista.
no dia 1 de Fevereiro de 1908. bom caçador. Antes de terminar esta simples evo-
O Rei veio acompanhado de sua es- Houve ainda uma corrida de barcos, cação não posso deixar de mencionar
posa a Rainha D. Amélia de Bourbon utilizando os escaleres dos navios de três factos curiosos relacionados com
Orléans e Bragança, com quem casara guerra (portugueses e ingleses), no qual esta visita real:
a 22 de Maio de 1886. O casal deslocou-
se no iate denominado “D. Amélia” (iate
que também servia para as pesquisas
oceanográficas de que o Rei D. Carlos
era perito) para, além de visitar Lagos,
assistir às manobras de uma grande es-
quadra inglesa ancorada na nossa mag-
nífica baía.
Naturalmente que tanto a população
da cidade como os seus governantes os
receberam com as maiores honrarias.
Esta visita aconteceu a 12 de Agosto
de 1905 tendo havido diversos festejos
(além da sessão solene) em que colabo-
raram altas individualidades portuguesas Iate Amélia IV - Ao serviço entre 1901 e 1937
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 27
Esta Cidade que eu amo / Memória

Era uma vez...


Uma Visita Real a Lagos

D. Carlos I - Rei de Portugal (1902)

1) Como o Cais da Solaria estaria em


construção (terá sido inaugurado em 1906
ou 1908?) houve necessidade de montar
sobre uns rails uma zorra para ser colo-
cado o cadeirão real onde Sua Alteza se
sentaria logo que saísse do escaler para
ser puxado para terra;

2) Um notável cidadão de Lagos de


nome Salazar Moscozo (bacharel em Di-
reito) e homem de muita cultura fez a pro-
pósito a seguinte quadra:

“Terra que recebe


o Rei de zorra
ou é terra de m_ _ _ _
ou é terra de p_ _ _ _”. Amélia e Carlos (1886)

3) Quando o Rei desceu do escaler mãos do Fonseca de Lagos”. Prometendo voltar a recordar outras
para se sentar no cadeirão real ter-se-á Claro que tanto a “quadra” como a visitas do Rei D. Carlos à nossa cidade,
desequilibrado, tendo então um pesca- “frase” ficaram na “história” dessa visita despeço-me com amizade.
dor que estava perto da zorra o agarrado real.
evitando assim que o Rei, eventualmen- Antes de terminar não quero, nem Julho/Agosto 1996
te caísse. Em face de se sentir agarrado posso, deixar de agradecer ao meu ami-
o Rei mostrou-se, naturalmente, assus- go José Carlos Vasques (que ama tanto José Paula Borba
tado pelo que o pescador lhe disse para Lagos como nós) o favor de nos ter fa- Fotografias:
o tranquilizar: “saiba Vossa Real Majes- cultado o original (1905) da fotografia cuja José Carlos Vasques
tade que está em boas mãos, está nas reprodução legenda esta evocação. Wikipédia
28 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Clube das Comisquices

Mário Helder Silva


O arquitecto Mário Helder Silva nas- de Lagos) e de sua esposa, Maria Hele-
ceu e faleceu em Lagos. na, recordamos a bonomia, a simpatia,
Tal como escrevemos na nossa edi- a afabilidade na arte de bem receber,
ção anterior, infelizmente, não temos não só à mesa (no Forte da Ponta da

Fotografia cedida por Francisco Castelo


como aceder, neste momento, aos seus Bandeira), mas também no convívio
dados biográficos, para os partilhar. muito periódico do tempo em que pri-
Daí, que deixemos, mais uma vez, vámos, quando nos cruzávamos cir-
a sugestão que a Câmara Municipal de cunstancialmente nas ruas da nossa
Lagos possa, um dia, vir a disponibili- cidade.
zar no seu site de internet a biografia Estas são razões mais do suficien-
dos presidente e dos vereadores que tes para a Nova Costa de Oiro vir a re-
exerceram funções nesse órgão do tomar esta rubrica, visitando no futuro
Poder Local. próximo restaurantes locais para dar a
De Mário Helder (que exerceu o Pe- conhecer as suas aventuras e experi-
louro da Cultura na Câmara Municipal ências gastronómicas.

Clube das
Comisquices e Gulodices
O Clube vai apurando, em lume bran-
do. Ou seja, o grupo de Sócios vai en-
grossando, em caldo saboroso e espes-
so, em aromas profundos, desafiando
algumas desconfianças na transmissão
de pequenos segredos familiares ou in-
dividuais.
O desafio continua e a confiança vai-
se instalando.
De dois novos sócios que nos envia-
ram várias receitas vamos publicar uma
de carne e outra de sobremesa.
Do nosso amigo Joaquim dos San-
tos Hespanha temos muitas e variadas
receitas, apontamentos, truques, etc.
Hoje vamos dar a conhecer uma receita Deixa-se refogar e, finalmente serve- Num recipiente coloca-se o leite e a
de: se com puré de batata. fatia de pão previamente esfarelada.
COSTELETAS DE CARNEIRO O outro Sócio é uma senhora (meni- Batem-se os ovos com o açúcar, jun-
À ESPANHOLA: na ainda) que nos envia várias sobreme- ta-se o café e bate-se novamente; de
Separam-se as costeletas umas das sas. seguida junta-se o leite com o pão de-
outras, temperam-se com sal, pimenta, Aqui vai um dos pudins fornecidos por molhado, os pingos de limão e a raspa.
alho e colorau doce. Dulce Gamboa, com certificado de ga- Vai a cozer em banho-maria numa
Acamam-se numa terrina e deitam- rantia... forma caramelizada cerca de 45 minu-
se-lhe 2 ou 3 cálices de vinho branco. PUDIM DE CAFÉ tos.
Deixam-se marinar durante 5 ou 6 ho- 8 ovos Desenformar depois de frio.
ras. 3/4 lt ou 750 gr de leite gordo Ficamos a aguardar mais contributos,
Depois faz-se um bom estrugido com fatia de miolo de pão quer de sócios já registados, quer de no-
cebola picada, azeite e uns ramos de 16 colheres de (sopa) de açúcar ra- vos elementos, amadores ou profissio-
salsa, e juntam-se-lhe as costeletas e a sas 3 colheres de (café) de café solúvel nais.
marinada, 2 ou 3 pimentos vermelhos, to gotas de sumo de limão e raspa de Mário Helder Silva
partidos às tiras. limão Maio de 1996
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 29
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30 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
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Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 31
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32 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Ficção / Humor

Nos primeiros anos do século XX


publicou-se, no extinto jornal «Notíci-
as de Lagos», um conjunto de cróni-
cas humorísticas e de ficção, intitula-
das «O Cantinho do Poder».
Assinadas pelos Comendadores
Madame Perpétua, Pépinho Palmeira,
Henriqúinho Francês, Xico Setúbal e
Viva a Rússia, foram compiladas em
livro editado pela Associação dos Jor-
nalistas e Escritores do Algarve.
Cerca de 17 anos após a sua pu-
blicação original, a «Nova Costa de
Oiro» envidou os mais altos esforços
para contactar os autores dos textos,
o que finalmente se conseguiu após
aturadas pesquisas rocambolescas e
detectivescas.
Assim, estamos em condições de
garantir que a partir de 1 de Outubro
deste ano, a «Nova Costa de Oiro» irá
dar à estampa novos textos dos acla-
mados cinco autores lacobrigenses.
Até lá, iremos recordar alguns dos
escritos publicados no «Notícias de
Lagos».
«Não há nada que marque de uma
maneira mais exacta o nível moral e
intelectual de um povo, que aquelas
coisas que esse mesmo povo ridicu-
lariza (...)».

Para cada protagonista, uma história


É Verão e as temperaturas altas tra- Toni Falas Santas deu uma gargalha- Vinte não se tenha candidatado a Presi-
zem uma certa acalmia às diversas hos- da e comentou: dente do nosso Fórum Municipal. Com a
tes políticas, já por si com tendência para - Sempre que o oiço, faz-me lembrar série de contactos ao mais alto desnível
poucos esforços suplementares. a história da Raposa e a Serpente: que ele tem, estaríamos certamente mais
No café do Gil encontraram-se os «Debaixo de uma figueira, à beira de bem servidos!
Cronistas do Burgo para fazer uma aná- um caminho, dormia uma serpente. Pas- E de novo, Toni Falas Santas, na sua
lise da situação. O tópico da discussão sou por ali uma raposa que, invejando o imensa sabedoria, voltou a gargalhar e a
era sobre figuras do Burgo mal aprovei- corpo alongado do réptil, se deitou ao seu contar mais uma história (estava deve-
tadas, tendo em conta a crise de valores lado para tentar igualá-lo. Esticou-se o ras inspirado):
que se ia vivendo. mais que pôde, tendo sido tão grande o «Durante uma longa viagem, um ca-
O Aranha Negra comentou a certa al- esforço que fez que acabou por se ras- melo muito carregado exclamou, já can-
tura: gar». sado:
- Um fulano que é seguramente um - E que conclusões tiras daí, disse o - Oh que carga tão pesada!
“valor acrescentado” para a nossa clas- Aranha Negra? Dona Pulga, montada que ia nele, no
se política é o Jó Rico Mecânico, que nas - É muito simples: «Não te esforces mesmo instante se apeia e diz, arrogan-
suas intervenções demonstra ser possui- para imitar aquilo para que não estás ca- te:
dor de uma inteligência brilhante e de pacitado». - Do peso te livro eu! O camelo res-
raciocínios bem elaborados. Nem perce- Foi então a vez do Cronista Xato in- pondeu: - Obrigado, senhor elefante!
bo porque é que o Partido do Diálogo não tervir. - E quais são as conclusões desta
o aproveita melhor! - Pena foi que o Eu Rico Pascoais Vai vez, questionou o Cronista Xato?
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 33
Ficção / Humor

O Cantinho do Poder

- É muito simples e só não percebeu ceber o tema que se estava a discutir e se agitavam, pensaram que sob esta se
porque estava com pouca atenção. atreveu-se mesmo a dar a sua opinião: escondia algum animal e dispararam as
«Não é aconselhável darmo-nos mais - Um fulano que eu julgo que tem armas, matando a gazela. Foram estas
importância do que temos na realidade». muito potencial é o Edi Santana, mas ain- as sua últimas palavras:
Foi então o momento do Ká Ká das da não percebi aquelas amizades com o - Tive o que merecia, pois não devia
Crónicas se fazer ouvir e defender que Paulo Doce D’Amêndoa! ter feito mal a quem me estava a salvar
Nuno Mamarrachos era um jovem talen- Embora cansado, o sorriso perma- de uma morte certa»!
toso e que lhe augurava um futuro políti- nente e tipicamente malicioso de Toni - Mas o que é que isso tem a ver com
co repleto de vitórias. Falas Santas, acentuou-se no seu rosto o Edi Santana?
E Toni Falas Santas, argumentou de e atreveu-se a mais uma história: - Vê-se mesmo que você está ausen-
novo, fruto do seu treino de seminarista: «Uma gazela, perseguida por caça- te há muito tempo, mas apenas lhe vou
- Vocês hoje, não acertam uma e eu, dores, refugiou-se debaixo duma videi- dizer a mensagem que se extrai deste
embora também cansado, não quero, ra. Quando os homens começaram a conto:
relativamente a essa personagem, dei- afastar-se, a gazela, julgando-se bem «Sê reconhecido para com quem te
xar de lhes contar mais outra pequena escondida, começou a comer as folhas ajuda»!
história: da videira que a abrigava.
«Um dia, dois caracóis tiveram uma Os caçadores, vendo que as folhas Madame Perpétua (Comendadora)
disputa sobre quem daria uma maior cor-
rida em menos tempo.
Disse-lhes uma rã:
- Parece-me bem que têm ambos di-
ficuldade em se mover. Antes de come-
çarem a correr vejam se são capazes de
andar.
- Não estou a ver onde está a men-
sagem! disse o Ká Ká.
- Oh homem, então não se está mes-
mo a ver!:
«Vê se as qualidades que pensas ter
não serão defeitos para os outros».
João Apaga Fogos vinha a passar
(pois tinha uma reunião magna da As-
sembleia do Fórum), pediu licença e jun-
tou-se ao grupo, ainda a tempo de per-
34 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
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Avaliações dos alunos das


classes de natação
da Escola de
Actividades Aquáticas
Informamos que as avaliações
dos alunos das classes de natação
da época 2018/19 já se encontram
disponíveis e foram enviadas para os
emails dos respectivos encarregados
de educação. Quem não recebeu po-
derá dirigir-se à recepção do Com-
plexo Desportivo e solicitar a avalia-
ção do seu educando. Nestes casos
recomenda-se a actualização dos
dados de email para envio das avali-
ações e outras informações da Es-
cola de Actividades Aquáticas das
Piscina Municipais de Lagos.

ImpossibleRunChallenge
Queres entrar na 5ª edição da contra em frente do complexo desportivo do o desafio e cumprido com as regras
Impossible Run sem pagar nada? O de lagos. de participação ganham uma entrada
#ImpossibleRunChallenge consiste num Podes tentar quantas vezes quiseres Impossible Run ou Impossible Kids.
desafio aberto a todos. Quem concluir o Não são aceites pegas cruzadas/mis- Para usufruir do prémio deverão ins-
desafio ganhará entrada gratuita directa tas. crever-se na plataforma (sem efectuar
para a Impossible Run ou Impossible Kids Manter a posição pendurado na bar- pagamento):
a decorrer a 13 de Outubro de 2019! ra durante 60 segundos (homens) 45 https://www.prozis.com/pt/pt/events/
Quem não superar o desafio fica ha- segundos (mulheres) default/evt/q/id/5931/n/Impossible+Run
bilitado a ganhar uma das 10 entradas A tentativa deve ser filmada e colo- e enviar um email para
que temos para dar! cada no instagram e facebook com a [email protected]
O desafio consiste em ficar pendura- hashtag #ImpossibleRunChallenge solicitando a validação gratuita da sua
do na barra que se situa na frente do com- com permissões para ser vista por todos, inscrição.
plexo desportivo de lagos, durante um para que seja validada pela organização Caso o participante já tenha uma ins-
período igual ou superior a 60 segundos O participante é responsável por qual- crição paga na Impossible Run poderá
(homens) e 45 segundos (mulheres). A quer acidente que decorra na sua tenta- atribuir este prémio a um amigo(a).
execução deverá ser filmada e inserida tiva! Os participantes que não superaram
nas redes sociais com a hashtag Apenas será oferecida uma entrada o desafio continuam habilitados às 10
#ImpossibleRunChallenge por cada participante entradas que temos para oferecer e se-
Regras de Participação: Prémios: rão contactados pela organização atra-
Tens que utilizar a barra que se en- Os participantes que tenham supera- vés das redes sociais.
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 35
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36 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Músicas

Damos-lhe música no Spotify

A playlist da Nova Costa de Oiro - Agosto 2019


Diz o calendário que o Verão come- 01 – 1º de Agosto – Xutos & Pontapés
çou em 21 de Junho último, embora as- 02 – Cidade Fantasma – Rádio Macau
sim não pareça... 03 – La Dolce Vita – Jáfu’Mega
Não obstante os dias menos estivais 04 – Festa – Fiesta – Despe e Siga
que nos têm acompanhado, na playlist de 05 – A Salsa das Amoreiras – Afonsinhos do Condado
Agosto da Nova Costa de Oiro, celebra- 06 – My Ever Changing Moods – The Style Council
mos musicalmente este mês com a recor- 07 – I’m A Wonderful Thing, Baby – Kid Creole And The Coconuts
dação de uma música dos Xutos (1º de 08 – Master Blaster (Jammin’) – Stevie Wonder
Agosto - não esquecendo a expressão 09 – One Love / People Get Ready – Bob Marley
muitas vezes ouvida aos mais velhos «que 10 – Reggae Night – Jimmy Cliff
o 1º dia de Agosto é o 1º dia de Inverno»). 11 – Mama Africa – Peter Tosh
Com uma refrescante Piña Collada 12 – Sexual Healing – Marvin Gaye
por companhia, a nossa escolha musical 13 – Red, Red Wine – UB40
também nos leva até à Jamaica e ao es- 14– The Tide Is High – Blondie
tilo musical chamado Reggae. 15 – Message In A Bottle – The Police
Se hoje estivéssemos na saudosa 16 – Brain Damage – Pink Floyd
discoteca Phoenix, com o Zé Maria como 17 – The Killing Monn – Echo And The Bunnymen
DJ, muito provavelmente poderíamos es- 18 – Walking On The Moon – The Police
cutar o celebrado Marvin Gaye e «Sexu- 19 – Man On The Moon – REM
al Healing». Ou, quem sabe, os Beach 20 – Shiny Happy People – REM
Boys? Ou muito disco sound? E no Za- 21 – The Weather With You – Crowded House
pata (o «Zapa», para os «da casa»), a 22 – Kokomo – Beach Boys
Grace Jones e o «La Vie en Rose»? 23 – La Vie En Rose – Grace Jones
Celebrando o 50º aniversário da alu- 24 – Can’t Take My Eyes From You – Gloria Gaynor
nagem do homem no satélite natural da 25 – Let’s Stay Together – Al Green
Terra (que teve lugar em 20 de Julho de 26 – Dancing In The Moonlight – King Harvest
1969), a nossa playlist não deixa de re- 27 – Upside Down - Diana Ross
cordar tão importante acontecimento. 28 – Let’s Groove – Earth, Wind & Fire
Dos Echo and the Bunnymen, aos Police, 29 – Get Down On It – Kool & The Gang
passando pelos REM, a Lua também está 30 – Good Times – Chic
no nosso horizonte. O dos sonhadores. 31 – Body Talk – Imagination
Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 37
A não perder...

Imperdível, em Agosto...
«O Banho de 29»
Não é conhecida com rigor histórico
a origem do «Banho de 29», que actual-
mente se celebra um pouco por todo o
Litoral Algarvio.
O «Banho de 29» (do dia 29 de Agos-
to em algumas zonas e de Setembro nou-
tras, como é exemplo Monchique) pode-
rá estar, eventualmente, relacionado com

Fotografia: Francisco Castelo/CML


a celebração do fim das colheitas e com
a «descida» à praia de homens «de ca-
misa e ceroulas» e as mulheres com a
«saia de baixo e a “bata” para não se lhes
ver os braços».
Assim, e através do contacto com a
água salgada, poderiam –pensa-se– «li-
vrar-se» não só da sujidade da activida-
de resultante do seu trabalho rural, como
também de eventuais incómodos parasi-
tas, tais como carraças. E conviver!
Após os banhos, que supostamente
valeriam por 29 e teriam lugar ao entar-
decer e pela noite fora, os convivas jun-
tar-se-iam à volta de uma fogueira, co-
mendo o farnel trazido de casa e beben-
do vinho e a «água-benta» que é extraí-
da do fruto do medronheiro.

Fotografia: Francisco Castelo/CML


Dançariam ao som de um acordeão
ou harmónica («gaita-de-bêces»), em
alegre convívio, festejando dessa forma
o seu único e anual dia de praia.
Claro que para os algarvios da «bor-
da-de-água» desses tempos idos, esta
ocasião deveria proporcionar também um
«agradável» vislumbre da beleza das
moças das serras, com as suas roupas
encharcadas e, por essa razão, justas ao
corpo… (muito antes dos espectáculos noite para assar chouriço e contar his- banho antigos. A tradição também se
Miss T-shirt molhada, portanto)… tórias à volta de uma fogueira. cumpre na Meia Praia, com os entusi-
Hoje e segundo publicação da Câma- À meia-noite o momento do banho astas agrupados em torno das foguei-
ra Municipal de Lagos, que se transcre- leva muitos ao mergulho nas águas fu- ras alinhadas ao longo do areal. Ali se
ve, «As gentes dos campos já não vêm gazmente iluminadas pelos clarões do bebe, come, conta e canta antes e de-
em grupos animados, com os seus fogo-de-artifício. Em Lagos, é na So- pois do tradicional mergulho no mar».
burrinhos e carroças, mas os locais laria e na Praia da Batata que se junta Seja como for, seja qual for a sua ori-
continuam a cumprir a tradição. Hoje, maior número de entusiastas, reuni- gem, 29 de Agosto é dia de Tradição im-
são grupos de jovens, mais foliões e dos pela proximidade da animação perdível, cá por Lagos, e um pouco por
menos rituais, que aproveitam essa musical e do concurso de trajes de todo o Litoral Algarvio.
38 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019
Na próxima edição...

Em Setembro, na Nova Costa de Oiro


Na próxima edição da Nova Costa de
Oiro, que será publicada em 1 de Setem-
bro, iremos apresentar duas foto-repor-
tagens: uma, do regresso à antiga Esco-
la Secundária Gil Eanes (anteriormente
Escola Industrial e Comercial de Lagos
e Escola Industrial Vitorino Damásio) e
outra da «arte de xávega», de José San-
tos, na Meia-Praia.
Na antiga escola, contígua à Igreja
das Freiras, iremos percorrer e fotogra-
far os espaços que se encontram aces-
síveis ao público e, muito provavelmen-
te, recordar e partilhar fotografias antigas
de professores e de alunos.
Será, certamente, uma «viagem no
tempo», a um passado não muito remoto,
num espaço que hoje mais não é do que
uma longíqua recordação para muitos, e
que actualmente se encontra aparente-
mente sub-aproveitado.
Também contamos acompanhar, na
Meia-Praia, a «arte de xávega», o nosso
amigo José Santos, seu proprietário, e
as muitas pessoas que com ele se em-
penham na luta para que esta tradição
não desapareça.
Iremos recordar, igualmente, uma re-
portagem publicada na revista Nova Cos-
ta de Oiro, em Maio/Junho de 1999, so-
bre esta forma tradicional de pescar.

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Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019 - 39
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40 - Nova Costa de Oiro - Agosto de 2019

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