Adoecimento Do Trabalhador de Saúde - Uma Revisão Narrativa.

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Adoecimento do trabalhador de saúde: uma revisão narrativa

Worker health impairment: a narrative review


DOI: 10.55905/revconv.17n.1-206

Recebimento dos originais: 15/12/2023


Aceitação para publicação: 17/01/2024

Priscila Castro Cordeiro Fernandes


Doutoranda em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Kênya Costa Rodrigues da Silva


Doutoranda em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Andrea Nascimento
Doutoranda em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Priscila Rocha Santos


Doutoranda em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Eduardo Rodrigues Jorge


Doutorando em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay 1401, C1061 CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Anderson Grimminger Ramos


Doutorando em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3470
Alessandra Ferreira Mendes Jiticovski
Doutora em Ciências da Saúde
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Endereço: Uberlândia - Minas Gerais, Brasil
E-mail: [email protected]

Milierne Nascimento Evangelista Souza


Doutoranda em Saúde Pública
Instituição: Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES)
Endereço: Paraguay - CABA, Argentina
E-mail: [email protected]

RESUMO
O processo saúde-doença é uma construção complexa que envolve aspectos físicos, mentais,
sociais e ambientais na vida de um indivíduo, sendo crucial para estratégias eficazes na promoção
da saúde. Este estudo explora a relação entre o trabalhador e o processo saúde-doença,
reconhecendo o papel significativo do ambiente laboral. A saúde do trabalhador é influenciada
por condições laborais, exposição a riscos ocupacionais e equilíbrio entre vida profissional e
pessoal. Na metodologia, uma pesquisa narrativa qualitativa foi realizada, utilizando bases de
dados como Scielo e LILACS para coletar referências teóricas nacionais sobre o adoecimento do
trabalhador de saúde. Os resultados e discussão abordam a complexidade do processo saúde-
doença, considerando modelos teóricos como o biomédico, biopsicossocial e ecológico. Destaca-
se a influência de fatores genéticos, comportamentais, ambientais e sociais na probabilidade de
desenvolver doenças. No contexto da saúde do trabalhador, o estudo ressalta que o ambiente de
trabalho e as condições laborais podem impactar significativamente o processo saúde-doença. A
pandemia de COVID-19 agravou esses desafios, aumentando a carga de trabalho, exposição ao
vírus e impactando a saúde mental. O conceito de autocuidado é introduzido como fundamental
para promover a saúde do trabalhador. O estudo destaca que, apesar dos desafios, investir no
autocuidado contribui não apenas para o bem-estar individual, mas também para a eficácia dos
serviços de saúde. Destaca a necessidade de políticas de saúde e segurança no trabalho,
estratégias para equilibrar vida profissional e pessoal e a urgência de abordagens específicas para
proteger a saúde mental e física dos trabalhadores da saúde. A promoção do autocuidado é
apontada como crucial para um ambiente de trabalho saudável.

Palavras-chave: politica de saúde do trabalhador, saúde do trabalhador, processo saúde-doença,


COVID-19, autocuidado.

ABSTRACT
The Health-Disease Process and its Impact on Healthcare Workers The health-disease process is
a complex construct that involves physical, mental, social, and environmental aspects in an
individual's life, being crucial for effective strategies in health promotion. This study explores
the relationship between the worker and the health-disease process, recognizing the significant
role of the work environment. The health of the worker is influenced by working conditions,
exposure to occupational risks, and the balance between professional and personal life. In the
methodology, a qualitative narrative research was conducted, using databases such as Scielo and
LILACS to collect national theoretical references on the illness of healthcare workers. The results
and discussion address the complexity of the health-disease process, considering theoretical

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3471
models such as the biomedical, biopsychosocial, and ecological models. The influence of genetic,
behavioral, environmental, and social factors in the probability of developing diseases is
emphasized. In the context of worker health, the study highlights that the work environment and
working conditions can significantly impact the health-disease process. The COVID-19
pandemic exacerbated these challenges, increasing workload, exposure to the virus, and
impacting mental health. The concept of self-care is introduced as fundamental to promoting
worker health. The study emphasizes that, despite the challenges, investing in self-care
contributes not only to individual well-being but also to the effectiveness of healthcare services.
It underscores the need for health and safety policies at work, strategies to balance professional
and personal life, and the urgency of specific approaches to protect the mental and physical health
of healthcare workers. The promotion of self-care is pointed out as crucial for a healthy work
environment.

Keywords: worker health policy, worker health, health-disease process, COVID-19, self-care.

1 INTRODUÇÃO
O processo saúde-doença é uma construção complexa que abrange diversos aspectos
físicos, mentais, sociais e ambientais na vida de um indivíduo. A compreensão desse processo é
crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes na promoção da saúde e prevenção de
doenças. A interação dinâmica entre fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e
ambientais influencia diretamente na probabilidade de um indivíduo desenvolver uma doença
(JACKSON FILHO, 2020).
Nesse contexto, é fundamental considerar a relação entre o trabalhador e o processo
saúde-doença, uma vez que o ambiente laboral desempenha um papel significativo nesse
processo. A saúde do trabalhador é influenciada por diversos fatores, desde condições laborais e
exposição a riscos ocupacionais até a gestão adequada do equilíbrio entre vida profissional e
pessoal, evidenciando a necessidade de políticas e práticas que promovam a saúde no local de
trabalho (GUIMARAES JUNIOR, 2020). Os objetivos deste estudo são explorar a complexidade
do processo saúde-doença relacionado ao trabalhador, analisar os impactos das condições
laborais na saúde e bem-estar dos profissionais, destacar os desafios específicos enfrentados
pelos trabalhadores da saúde, especialmente durante a pandemia de COVID-19, e discutir a
importância do autocuidado como uma estratégia fundamental para promover a saúde no
ambiente de trabalho.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3472
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa narrativa com abordagem qualitativa, que possibilita sintetizar
o conhecimento, caracterizando as produções sobre determinado assunto (SANCHES, 2021).
Utilizou-se publicações amplas, apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento ou o
“estado da arte”. O presente estudo foi realizado no segundo semestre de 2023, e o levantamento
das referências teóricas se deu a partir da delimitação do problema a ser estudado, ou seja: o que
existe na literatura acerca do adoecimento do trabalhador de saúde?
A coleta de dados constou da seleção de referências teóricas nacionais relacionadas ao
tema. Utilizaram-se, como base de dados Scielo (Scientific electronic library online) e a base de
dados LILACS (Literatura Latino-Americana e BVS, contemplando os descritores devidamente
registrados nos DecS: Politica de Saúde do Trabalhador, Saúde do trabalhador, Processo saúde-
doença, COVID19. Os fatores de inclusão foram artigos publicados em periódicos em português,
disponíveis na íntegra online e de no máximo cinco anos. Os fatores de exclusão foram manuais,
livros e trabalhos que não se enquadravam no tema.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
O conceito de saúde é abrangente e bem discutido na literatura e fica claro que abrange
vários aspectos, como bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença
(ASSREUY, 2021), a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a visão holística da saúde,
que vai além da ausência de enfermidades e engloba aspectos emocionais, sociais, mentais e
espirituais, considerando doença como uma alteração ou perturbação nas funções normais do
corpo ou mente, manifestando-se por sintomas específicos. É importante destacar que se tratando
de doença, considera-se quadro agudo ou crônico, e o impacto pode variar, considerando também
o contexto individual, ocupacional e familiar (SILVA, 2019).
O processo saúde-doença é dinâmico e complexo, sendo importante se considerar além
dos conceitos de saúde e de doença, a relação entre indivíduo com ambos e o meio, envolvendo
fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais (BARROS, 2019). Para descrever
este processo, vários modelos teóricos são utilizados, como o modelo biomédico, que aborda
causas físicas e biológicas, um pouco anterior à proposta atual e vai contra o foco do sistema de
saúde atual (RAIMUNDO, 2020).

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3473
Outros modelos, como o modelo biopsicossocial são considerados para a construção do
conceito do processo saúde-doença, inteirando fatores biológicos, psicológicos e sociais na
determinação da saúde e doença; e o modelo ecológico, que avalia a influência do ambiente físico
e social na saúde (ALMEIDA, 2022). Para além de se avaliar de forma engessada, deve-se
abranger o processo saúde-doença de acordo com fatores determinantes da saúde, que incluem
fatores imutáveis, como genética, e fatores mutáveis e extrínsecos, como comportamentos
individuais, ambiente físico, acesso aos serviços de saúde e condições socioeconômicas (LIMA,
2022).
A interação complexa de todos os fatores influencia na probabilidade de um indivíduo
desenvolver uma doença, além disso, sabe-se que o equilíbrio entre todos os fatores é, de certo,
a melhor forma de se avaliar a influência da doença na qualidade de vida do indivíduo, e para
além, de sua família e do meio em que está inserido, incluindo o trabalho (JACKSON
FILHO,2020). Assim, a promoção da saúde visa melhorar os fatores que contribuem para uma
vida saudável, enquanto a prevenção busca evitar o surgimento de doenças. O tratamento e a
reabilitação são partes essenciais do processo saúde-doença quando a doença já está presente, o
entendimento do processo saúde-doença é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes
na promoção da saúde e na prevenção de doenças (MOLL, 2019).
No que tange ao processo saúde-doença relacionado ao trabalhador, é importante destacar
que o indivíduo influencia e é influenciado pelo meio de convivência, sendo assim, cabe destacar
que excluir o trabalho do processo saúde-doença torna este conceito inexato, assim como o meio
familiar e outros fatores (GONÇALVES, 2020).

3.2 O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA SAÚDE DO TRABALHADOR


O ambiente de trabalho e as condições laborais podem ter impactos significativos no
processo saúde-doença. Os trabalhadores podem ser expostos a diversos riscos no ambiente de
trabalho, como substâncias químicas, agentes biológicos, condições ergonômicas inadequadas,
riscos físicos e psicossociais, o que pode influenciar no desenvolvimento de doenças
ocupacionais, como as respiratórias devido a exposição a substâncias tóxicas, lesões
musculoesqueléticas devido a más condições ergonômicas, ou transtornos mentais relacionados
ao estresse no trabalho; e/ou acelerar aparecimento de doenças que poderiam ser retardadas com
devido cuidado (BARROS, 2019).

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3474
Os trabalhadores podem enfrentar problemas de saúde imediatos e de longo prazo devido
à exposição a riscos ocupacionais, afetando sua qualidade de vida e bem-estar, além de
influenciar na saúde familiar, como já exposto. Independente de piorar a condição preexistente
ou influenciar no desenvolvimento de casos crônicos ou agudos, deve-se pensar nas
consequências do quadro (BARRETO, 2020).
Doenças e lesões relacionadas ao trabalho podem resultar em períodos de afastamento,
levando a uma perda de produtividade e ao aumento do absenteísmo, além disso, doenças
ocupacionais e lesões relacionadas ao trabalho resultam em custos significativos para os sistemas
de saúde e para as empresas que precisam arcar com despesas médicas e de compensação
(MOREIRA, 2020). Outro ponto importante quanto à saúde do trabalhador é a terceirização das
relações de trabalho, que pode influenciar de forma significativa no índice de adoecimento.
Sendo uma estratégia que delega a execução de serviços anteriormente realizados por
funcionários da empresa principal a uma outra empresa, que assume as responsabilidades
trabalhistas associadas, a terceirização é uma abordagem amplamente empregada tanto no
cenário econômico nacional quanto internacional, especialmente após a promulgação da Lei
13.467/2017, conhecida como a Reforma Trabalhista, que legalizou a terceirização em todas as
atividades empresariais, incluindo a área da saúde. A proposta de vários trabalhos expostos na
literatura é que, devido às condições de trabalho mais precárias enfrentadas pelo trabalhador
terceirizado em comparação com o empregado diretamente contratado pela empresa principal, a
saúde do primeiro é mais afetada (ARAUJO, 2021).
A perda de produtividade devido ao absenteísmo e à redução da eficiência do trabalhador
afeta a produtividade global do país, além de influenciar custos sociais, como seguridade social
e benefícios por incapacidade, colocando pressão adicional nos sistemas econômicos e sociais.
Dessa forma, a implementação de políticas eficazes de saúde e segurança no trabalho para
minimizar os riscos e proteger a saúde dos trabalhadores são de importância para o trabalhador e
para empresas e Estado, porém, além de questões ocupacionais, é necessário que se desenvolva
programas que promovam estilos de vida saudáveis e bem-estar entre os trabalhadores
(GUIMARÃES JUNIOR, 2020). A atenção à saúde do trabalhador é crucial para garantir
ambientes de trabalho seguros, promover a saúde dos trabalhadores e reduzir os custos associados
a doenças e lesões ocupacionais. Além disso, políticas e práticas que visem a prevenção são
fundamentais para um impacto positivo a longo prazo (COSTA, 2023).

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3475
3.3 O ADOECIMENTO DO TRABALHADOR DE SAÚDE
A relação de fatores de risco em saúde do trabalhador explorada faz-se ainda mais
sensível quando se aborda a saúde do trabalhador em saúde, pois se trata de uma classe que
frequentemente enfrenta exposição a riscos ocupacionais, incluindo contato com pacientes
infectados, manuseio de substâncias perigosas, carga emocional intensa e condições de trabalho
desafiadoras (TEIXEIRA, 2020). Autores como Campos, 2020, também destacam que tanto a
etnia quanto o gênero são elementos amplamente reconhecidos como indicadores sociais e a
investigação do papel desempenhado por essas disparidades é crucial para a compreensão
aprimorada das vulnerabilidades presentes nos ambientes de trabalho, proporcionando insights
que podem contribuir para a orientação e promoção de políticas de saúde.
O estresse emocional é comum entre os trabalhadores da saúde devido à natureza do
trabalho, incluindo lidar com situações de vida ou morte, carga de trabalho intensa e pressão
constante, além da exposição a patógenos e infecções ser uma preocupação significativa. A
ergonomia inadequada pode contribuir para lesões musculoesqueléticas entre estes profissionais
de saúde, mas, dentre os principais problemas encontrados na literatura, destaca-se que as altas
taxas de estresse, que podem levar a problemas de saúde mental, como burnout, ansiedade e
depressão ainda é a questão mais desafiadora da classe (BORGES, 2021).
A sobrecarga de trabalho devido à falta de pessoal e recursos adequados contribui para o
estresse e a exaustão, problemas enfrentados diariamente na maioria dos ambientes de saúde,
além da falta de programas de apoio psicológico e de gerenciamento do estresse, assim, a criação
de ambientes de trabalho que promovam a saúde, prevenção de riscos e apoio ao bem-estar dos
profissionais de saúde é imprescindível, que foi amplamente abordada no período de pandemia
do COVID19, entre 2020 a 2022 (SOUSA JUNIOR, 2020).

3.4 A PANDEMIA DO COVID19 E O TRABALHADOR DE SAÚDE


A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na saúde dos trabalhadores da
saúde em todo o mundo. Vários trabalhos na literatura trabalharam as consequências para os
trabalhadores de saúde durante e após o período. Além da exposição direta ao vírus ao lidar com
pacientes infectados durante a pandemia, com o risco considerável de contrair a doença, essa
classe esteve exposta a uma demanda por serviços de saúde que aumentou drasticamente, levando

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3476
a uma carga de trabalho intensificada para os trabalhadores da saúde, com jornadas mais longas,
turnos adicionais e alta pressão (GUIMARÃES-TEIXEIRA, 2023).
Logo no início do período pandêmico estimava-se que 7% de todos os casos de COVID19
internacionalmente eram entre os profissionais de saúde, o que representava 450 mil casos, com
a morte de 600 enfermeiros à época (SOARES, 2020). Por fim, apesar de não se haver dados
oficiais sobre quantas pessoas trabalharam na linha de frente no combate à pandemia de
COVID19, sabe-se que mais de de 4,5 mil profissionais de saúde morreram no Brasil entre março
de 2020 e dezembro de 2021 (XAVIER, 2023).
Em algumas regiões, houve uma escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs),
expondo os profissionais de saúde a um maior risco de infecção devido à falta de recursos
adequados, além disso, foi evidente que a incerteza e o medo associados à COVID-19, contribuiu
para níveis elevados de estresse psicológico e emocional entre os trabalhadores da saúde. Alguns
trabalhadores desenvolveram complicações significativas, tanto física quanto mentais, um dos
maiores exemplos é a incidência de casos de esgotamento mental, com desenvolvimento de
Burnout, que aumentou muito no período pos-pandemia, apesar disso, Pedroso, 2023 afirma que
apesar da pandemia influenciar positivamente na incidência de Burnout e outros problemas, a
precariedade e dificuldades de gerenciamento encontradas relacionam-se ao desenvolvimento
do trabalho em saúde e foram agudizadas pelas demandas apresentadas pelo COVID19.

3.5 O AUTOCUIDADO PARA O TRABALHADOR DE SAÚDE


Define-se autocuidado como as práticas e ações que uma pessoa realiza para promover,
manter ou melhorar sua própria saúde e bem-estar, o que inclui atividade física, mental e
emocional que visam prevenir doenças, gerenciar o estresse, melhorar a qualidade de vida e
promover a saúde geral do indivíduo (BARBOSA, 2023).
O autocuidado envolve tomar responsabilidade por aspectos importantes da própria
saúde, adotando hábitos saudáveis e tomando medidas para prevenir problemas de saúde, assim,
de acordo com o conceito amplo de qualidade de vida, que abrange aspectos biopsicossociais, é
ideal que todos os indivíduos tenham a prática do autocuidado para manter um equilíbrio entre
os fatores que podem levar ao adoecimento (PINHO, 2023).
O trabalho em si pode ser fator estressor para todos os indivíduos, porém, quando se fala
em trabalhar na área da saúde no período pos-pandemia do COVID19, percebe-se que manter

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3477
bons habitos e melhorar a qualidade de vida é desafiador. O que se percebe é uma mão de obra
cansada, que ainda não conseguiu recuperar a qualidade no equilibrio entre saúde mental e física,
principalmente. São profissionais cansados, que infelizmente ainda passam por situações que
pode se tornar comuns em alguns ambientes, como assedio moral, desmotivação, falta de mão de
obra e apoio. (SOUZA, 2023)
Todos esses fatores influenciam para que cada vez mais os trabalhadores de saúde
adoeçam,. tendo em vista que o processo saúde-doença pode ser lento, trata-se de uma classe
trabalhadora que dificilmente consegue afastar das atividades para melhorar os habitos, muitos
tendo dois ou tres vinculos para manter o ganho financeiro suficiente (FARIAS, 2023).
O problema maior é que sendo o autocuidado e a qualidade de vida fundamentais para o
bem-estar dos trabalhadores da saúde e, por extensão, para a qualidade dos serviços de saúde
oferecidos, ao investir na própria saúde e equilíbrio, os profissionais contribuem não apenas para
seu próprio benefício, mas também para a eficácia e a excelência dos cuidados prestados aos
pacientes. Isso destaca a importância de políticas e práticas organizacionais que promovam o
autocuidado e a qualidade de vida no ambiente de trabalho da saúde.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise realizada, torna-se evidente que o processo saúde-doença do
trabalhador, especialmente na área da saúde, é influenciado por uma interação complexa de
fatores. Os resultados destacam a necessidade premente de políticas eficazes de saúde e
segurança no trabalho, bem como a importância de estratégias que promovam o equilíbrio entre
vida profissional e pessoal. Além disso, a pandemia de COVID-19 trouxe à tona desafios
adicionais, enfatizando a urgência de abordagens específicas para proteger a saúde mental e física
dos trabalhadores da saúde. A promoção do autocuidado emerge como uma peça-chave na busca
por um ambiente de trabalho saudável e na prevenção de doenças ocupacionais. Ao investir no
bem-estar dos profissionais, não apenas beneficia-se individualmente, mas também contribui
para a eficácia e qualidade dos serviços de saúde oferecidos, ressaltando a importância de
abordagens integradas que considerem tanto as condições laborais quanto o autocuidado como
componentes essenciais na promoção da saúde no ambiente de trabalho.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3478
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Patrique Jardel Rocha; CALDEIRA, Francois Isnaldo Dias; GOMES, Claudia. DO
MODELO BIOMÉDICO AO MODELO BIOPSICOSSOCIAL: A FORMAÇÃO DE
PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO BRASIL. Revista Brasileira de Educação Física, Saúde e
Desempenho-REBESDE, v. 3, n. 2, 2022.

ARAÚJO, Júlian Marcelino. A terceirização e seus impactos no direito fundamental à saúde do


trabalhador terceirizado. 2021

ASSREUY, Ana Maria S. et al. One Health: conceito, história e questões relacionadas–revisão e
reflexão. Pesquisa em Saúde & Ambiente na Amazônia: perspectivas para sustentabilidade
humana e ambiental na região, v. 1, n. 1, p. 219-240, 2021.

BARBOSA, Nanielle Silva et al. PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO EM SAÚDE MENTAL DE


ENFERMEIROS NA PANDEMIA DA COVID-19. Revista Enfermagem Atual In Derme, v.
97, n. 2, p. e023116-e023116, 2023.

BARRETO, Daniella Jandy de Souza. Expectativa de vida e gastos com saúde no Brasil. 2020.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.

BARROS, Sônia et al. Saúde mental na atenção primária: processo saúde-doença, segundo
profissionais de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, p. 1609-1617, 2019.

BORGES, Francisca Edinária de Sousa et al. Fatores de risco para a Síndrome de Burnout em
profissionais da saúde durante a pandemia de COVID-19. Revista Enfermagem Atual In
Derme, v. 95, n. 33, 2021.

CAMPOS, Françoise Magalhães et al. Estresse ocupacional e saúde mental no trabalho em saúde:
desigualdades de gênero e raça. Cadernos saude coletiva, v. 28, p. 579-589, 2020.

COSTA, Etiene de Jesus Lobato et al. A aplicação das normas regulamentadoras e capacitação,
treinamento aos trabalhadores do ambiente hospitalar. GeSec: Revista de Gestao e
Secretariado, v. 14, n. 10, 2023.

FARIAS, Enzo Pessoa; VÉRAS, Leiz Maria Costa; ARAÚJO, Thiago de Souza Lopes.
ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS DE ALTERAÇÕES EMOCIONAIS VIVENCIADAS PELOS
PROFISSIONAIS DA SAÚDE QUE ESTÃO NA LINHA DE FRENTE DA PANDEMIA
COVID-19. Facit Business and Technology Journal, v. 1, n. 43, 2023.

GONÇALVES, Romário de Sousa et al. Educação em saúde como estratégia de prevenção e


promoção da saúde de uma unidade básica de saúde. Brazilian Journal of Health Review, v. 3,
n. 3, p. 5811-5817, 2020.

GUIMARÃES JUNIOR, Sergio Dias; EBERHARDT, Leonardo Dresch. Terceirização, saúde e


resistências: uma revisão da literatura científica do campo da saúde do trabalhador. Trabalho
(En) Cena, v. 5, n. 1, p. 05-27, 2020.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3479
GUIMARÃES-TEIXEIRA, Eleny et al. Comorbidades e saúde mental dos trabalhadores da
saúde no Brasil. O impacto da pandemia da COVID-19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, p.
2823-2832, 2023.

JACKSON FILHO, José Marçal et al. A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID-19.


Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 45, p. e14, 2020.

LIMA, ERIVALDO SANTOS DE. IMERSÃO EM SAÚDE DE POPULAÇÕES


TRADICIONAIS: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. 2022. Dissertação de Mestrado.

MOLL, Marciana Fernandes et al. O enfermeiro na saúde da família e a promoção de saúde e


prevenção de doenças. Enfermagem em Foco, v. 10, n. 3, 2019.

MOREIRA, Cristina Mendonça Queiroz. DISTÚRBIO DE VOZ COMO DOENÇA DO


TRABALHO: IMPACTOS JURÍDICOS TRABALHISTAS E PREVIDÊNCIÁRIOS. 2020.

PEDROSO, Gabriela Santos et al. ESTADO DA ARTE DA SÍNDROME DE BURNOUT EM


HOSPITAIS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19. REVISTA FOCO, v. 16, n. 6, p.
e2290-e2290, 2023.

PINHO, André Carvalho Caribé de Araujo et al. MEDICINA SAÚDE MENTAL E


AUTOCUIDADO IV Plano de Ensino 2023.1. 2023.

RAIMUNDO, Juliana Soares; DA SILVA, Roberta Barbosa. Reflexões acerca do predomínio do


modelo biomédico, no contexto da Atenção Primária em Saúde, no Brasil. Revista Mosaico, v.
11, n. 2, p. 109-116, 2020.

SANCHES, Fabricio Abreu. Atuação do enfermeiro frente a realização dos testes rápidos para
IST: uma revisão narrativa. 2021.

SILVA, Marcelo José de Souza; SCHRAIBER, Lilia Blima; MOTA, André. O conceito de saúde
na Saúde Coletiva: contribuições a partir da crítica social e histórica da produção científica.
Physis: revista de saúde coletiva, v. 29, 2019.

SOARES, Cassia Baldini; PEDUZZI, Marina; COSTA, Marcelo Viana da. Os trabalhadores de
enfermagem na pandemia Covid-19 e as desigualdades sociais. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v. 54, 2020.

SOUSA JÚNIOR, Belarmino Santos et al. Pandemia do coronavírus: estratégias amenizadoras


do estresse ocupacional em trabalhadores da saúde. Enfermagem em foco, v. 11, n. 1. ESP,
2020.

SOUZA, Sheyla Cristina Mota; DE LEÃO RAMÔA, Marise. A PANDEMIA POR COVID-19:
RELAÇÃO ENTRE SAUDE MENTAL E ATUAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
(CURSO DE PSICOLOGIA). Repositório Institucional, v. 1, n. 1, 2023.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3480
TEIXEIRA, Carmen Fontes de Souza et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento
da pandemia de Covid-19. Ciencia & saude coletiva, v. 25, p. 3465-3474, 2020.

XAVIER, Pedro Bezerra et al. Impactos da COVID-19 no trabalho colaborativo na atenção


primária à saúde. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 15, n. 44, p. 166-181, 2023.

Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.1, p. 3470-3481, 2024 3481

Você também pode gostar