Delimitação Das Bacias Carboníferas Na Região Oriental Da Província de Tete, Moçambique, Com Base em Critérios Geológicos, Tectónicos E Estruturais

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

Proceedings CLME2022/VICEM - 9º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia / VI Congresso de

Engenharia de Moçambique, Maputo, 4-8 Setembro 2017; Ed: J.F. Silva Gomes et al.
Publ: INEGI/FEUP (2022), https://paginas.fe.up.pt/clme/proceedings_clme2022/

ARTIGO Nº 17416

DELIMITAÇÃO DAS BACIAS CARBONÍFERAS NA REGIÃO


ORIENTAL DA PROVÍNCIA DE TETE, MOÇAMBIQUE, COM BASE
EM CRITÉRIOS GEOLÓGICOS, TECTÓNICOS E ESTRUTURAIS
Denise Hele1, Lopo Vasconcelos2, Aristides Langa2, João M. Marques1(*)
1
Gondwana Empreendimentos e Consultorias, Limitada, Maputo, Moçambique
2
Departamento de Geologia, Faculdade de Ciências, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique
(*)
Email: [email protected]

RESUMO
As bacias carboníferas nesta região de Moçambique apresentam uma geologia muito
diversificada face a factores tais como a sua localização geográfica, diferentes ambientes
geológicos e tectónicos, resultando em histórias evolutivas e ambientes de sedimentação
distintos, o que faz com que cada bacia apresente características geológicas, tectónicas e
estruturais únicas (Vasconcelos & Achimo, 2010).
As bacias sedimentares são compreendidas como se tratando de áreas onde os sedimentos se
podem acumular atingindo espessuras consideráveis e se podem conservar por longos períodos
de tempo geológico (Einsele, 1992).
As formações sedimentares do Supergrupo do Karoo (SGK) em Moçambique, incluídas nas
bacias carboníferas, ocorrem em bacias intracratónicas, em estruturas do tipo graben e semi-
graben, nas regiões central e setentrional do país (Vasconcelos, 2009; Paulino, 2009). Os
terrenos do SGK consistem de espessas formações sedimentares e vulcânicas com idades
compreendidas entre o Carbonífero Superior e o Jurássico Superior (Figura 1).

Fig. 1 − Formações do Supergrupo do Karoo ao longo do vale do Rio Zambeze (in Paulino, 2009).

As formações sedimentares do vale do Médio Zambeze estão divididas num soco cristalino de
idade precâmbrica e rochas de cobertura de idade fanerozóica. As formações do Fanerozóico
compreendem todas as litologias depositadas depois do Orógeno Pan-Africano. Geralmente são

- 497 -
Proceedings CLME2022/VICEM, Maputo/Moçambique 28 Ago - 1 Set 2022
Simpósio-4: Recursos Geológicos

constituídas por sedimentos terrestres (sub-)horizontais e rochas (sub-)vulcânicas associadas


que não foram afectadas por deformação penetrativa, mas que podem mostrar vastas estruturas
de deformação tectónica.
Nos estudos que têm sido apresentados verifica-se uma confusão no uso dos nomes das bacias
carboníferas e respectivas sub-bacias, seus limites, sobretudo no que diz respeito à distribuição
geográfica e ambiente geológico. É neste sentido que o presente trabalho procura clarificar
alguns destes aspectos, focalizando a região de Moatize-Minjova-N’Condédzi, localizada na
porção oriental da Província de Tete, noroeste de Moçambique. O trabalho baseia-se na
integração de imagens de satélite, aeromagnéticas e da Shuttle Radar Topography Mission
(SRTM), com vista a se definirem os limites da bacia, se definirem sub-bacias e sectores,
através das informações geológico-tectónico-estruturais.
A área de estudo consiste de uma única bacia que se encontra subdividida em três sub-bacias
com respostas magnéticas distintas, ou seja, uma com anomalias magnéticas baixas na porção
ocidental da região de estudo, uma segunda com predominância de anomalias médias a elevadas
na porção central-oriental da área de estudo e uma última com anomalias magnéticas muito
elevadas na porção nordeste da área estudada. As sub-bacias apresentam uma série de falhas no
seu interior, dividindo-as em sectores controlados estruturalmente que, por sua vez, se
subdividem em partes menores formando secções.
As fronteiras da bacia na região leste são marcadas pela ocorrência de falhas ou por contactos
discordantes. As falhas apresentam uma direcção preferencial NW-SE na região ocidental da
bacia e quase E-W, desviando para SE junto ao Monte Salambídua, de natureza carbonatítica,
na região setentrional da bacia (zona de N’Condédzi). A presença deste corpo intrusivo
influenciou extremamente esta porção do território, o que dificulta a compreensão do
comportamento magnético das formações do SGK na região.
O presente trabalho propõe a definição dos limites das bacias carboníferas na região oriental da
Província administrativa de Tete baseada na informação geológico-tectónico-estrutural,
focando a região de Moatize-Minjova-N’Condédzi, identificando os critérios que permitam o
agrupamento das formações do SGK na região em bacias, sub-bacias e sectores.

REFERÊNCIAS
[1] Paulino F, Proposta duma estratigrafia do Supergrupo do Karoo em Moçambique, à luz da
nova cartografia geológica à escala 1:250.000, Projecto Científico, Departamento de Geologia,
Faculdade de Ciências, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique, 2009.
[2] Vasconcelos L, Coal in Mozambique, Key note to the 3rd Symposium on Gondwana Coals,
Porto Alegre, Brasil, 2009.
[3] Vasconcelos L, Achimo M, Carvão em Moçambique. In: J.M. Cotelo Neiva, António
Ribeiro, Mendes Victor, Fernando Noronha, Magalhães Ramalho (Eds.): Ciências Geológicas:
Ensino, Investigação e sua História. Volume III, Associação Portuguesa de
Geólogos,Sociedade Geológica de Portugal, Lisboa, Portugal, 2010.

- 498 -

Você também pode gostar