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GESTÃO DA

DISTRIBUIÇÃO
FÍSICA

Marcos Vinícius Isaias Mendes


Modais de transporte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os diferentes tipos de modais de transporte.


 Descrever os tipos de modais terrestres.
 Listar os tipos de modais aéreo, aquaviário e dutoviário.

Introdução
No contexto da gestão da distribuição física, é importante compreender
os diferentes tipos de modais de transporte, bem como suas especifici-
dades e usos. O transporte se dá por meio da condução de uma certa
carga de um ponto de origem até um local de destino. Cada modal é
apropriado para distintas necessidades da firma e para diversas condições
e constrangimentos impostos pelos ambientes natural, geográfico e
econômico da empresa. Assim, para que a gestão da distribuição física
ocorra de maneira ótima, são necessários sistemas de gestão de transporte
adequados a esse contexto sempre mutável. Além disso, profissionais bem
qualificados na área são essenciais na etapa de julgamento e tomada de
decisão sobre transportes e seleção de modais.
Em logística e gestão da cadeia de suprimentos, a compreensão de
quais modais são possíveis, bem como quais são as suas particularidades
e especificidades, é um ponto relevante por dois motivos. Primeiro, cada
empresa possui particularidades, e cada produto possui necessidades
que fazem a tomada de decisão sobre estratégias de distribuição física e
transporte não ser tão simples. Segundo, os distintos modais são suscetí-
veis a variações econômicas, ambientais e políticas, portanto, o trabalho
do analista é constante nesse processo de avaliação sobre quais modais
escolher e por quê.
Neste capítulo, você estudará sobre os diferentes tipos de modais
de transporte. Além disso, conhecerá os tipos de modais terrestres, bem
como os tipos de modais aéreo, aquaviário e dutoviário.
2 Modais de transporte

1 Diferentes tipos de modais de transporte


A literatura especializada aponta que existem cinco modais de transporte
em logística e cadeia de suprimentos, são eles: rodoviário, ferroviário, aé-
reo, aquaviário e dutoviário. O modal rodoviário refere-se ao transporte
realizado por meio de estradas e autopistas, mais conhecidas como rodovias.
Por exemplo, os transportes realizados por automóveis, ônibus, caminhões
e carretas enquadram-se nessa categoria. O modal ferroviário refere-se ao
transporte realizado via trens e locomotivas, mais utilizado no escoamento de
grãos e commodities correlatas. O modal aéreo, evidentemente, diz respeito
ao transporte via aeronaves, mais direcionado a produtos sensíveis (p. ex.,
flores) e que exigem entrega rápida, muitas vezes para longas distâncias. O
modal aquaviário, por sua vez, é aquele realizado via mares ou rios. Apesar
de ser relativamente lento, é indicado para o transporte de longa distância
de cargas pesadas e volumosas. Por fim, o modal dutoviário refere-se ao
transporte realizado pela passagem de líquidos (p. ex., petróleo e gás) por
dutos, geralmente subterrâneos ou subaquáticos.
Na dinâmica dos transportes logísticos, vários fatores devem ser levados em
consideração pelas empresas na determinação dos modais mais apropriados,
os quais devem ser indicados para cada tipo de mercadoria a ser transportada.
Alguns desses fatores são apresentados a seguir.

Velocidade
A velocidade é importante para o remetente que deseja comercializar seus bens
de modo a entregá-los no tempo mais curto possível, bem como para eliminar
os encargos bancários causados por cargas em longo período em trânsito. Para
tanto, deve-se selecionar o serviço mais rápido disponível, obtendo, assim, o
mínimo intervalo entre o momento em que os bens são pedidos/despachados
e a data de entrega no seu destino (BRANCH, 2008).

Frequência
A frequência do serviço é um fator-chave na operação logística global, sobre-
tudo na gestão da cadeia de suprimentos internacional. Ela é mais importante
quando as mercadorias só podem ser vendidas em pequenas quantidades em
intervalos frequentes. Isso pode ser observado em produtos “da moda”, como
roupas de alto valor agregado, a exemplo de vestidos de grife com estoque
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limitado. Em virtude da sua alta frequência de serviço e velocidade, o frete


aéreo favorece tais critérios (BALLOU, 2006).
Imagine a seguinte situação: uma grife de vestidos de inverno precisa
transportar e distribuir os lotes de sua última coleção para a Europa, América
e Ásia. A grife poderia efetuar o transporte por navio? Ou, com uma frequ-
ência diminuta, poderia primeiro enviar o lote para a Europa, depois para a
América e, por fim, para a Ásia? É evidente que não. Como se trata de uma
mercadoria de temporada, sazonal, se as entregas não forem feitas com alta
frequência e velocidade, os itens correm o risco de não serem vendidos, ou
de não chegarem a tempo.

Empacotamento
A embalagem é uma área-chave no que tange aos transportes internacionais.
Os bens enviados por via aérea, por meio de contêineres e via paletização,
exigem menos embalagem. Existe uma grande variedade de empacotamentos:
embalagem termoencolhível para paletes; carga presa ao palete; envolvimento
plano para móveis de cozinha e sala de jantar, como cadeiras de madeira;
recipientes de plástico, como caixas pesadas, que são empilháveis; bandejas
plásticas reutilizáveis de alta resistência para frutas; e caixas de papelão,
amplamente utilizadas. Contudo, uma série de fatores precisa ser considerada:
risco de avariar o produto; custo; valor da carga; modo de transporte; cobertura
do seguro e dimensão/configuração da carga; frequência de movimentação
da carga, entre outros (NOVAES, 2007).

Seguro
A embalagem e o seguro nem sempre são identificados como centrais na
gestão da cadeia de suprimentos, ou como áreas de melhoria potencial e de
redução de custos. Quando as mercadorias são transportadas de um país
para outro, elas passam por diferentes regimes legais que governam o con-
trato. Para reduzir as incertezas que podem surgir, por exemplo, em casos de
sistemas jurídicos conflitantes, foram criadas convenções internacionais que
regulamentam o transporte de mercadorias entre fronteiras, a fim de limitar
a responsabilidade das transportadoras. Essas convenções incluem: Regras
de Hague-Visby, para transporte marítimo; Convenção CMR, para transporte
rodoviário; Convenção COTIF, para transporte ferroviário; e Convenção de
Varsóvia, para transporte aéreo.
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Armazenamento
O armazenamento refere-se à disposição das cargas antes e após o transporte,
à sua alocação física e aos critérios de acondicionamento. Alguns dos fatores
importantes a serem analisados pelos analistas de logística são os seguintes:
quais são as condições adequadas de armazenamento para cada tipo de carga?
As cargas estão acondicionadas, seguras e livres de interferências externas
que poderiam avariá-las?
Com base nessa série de elementos e nas estratégias logísticas dos
distintos modais, pode-se estudar mais detalhadamente os principais
modelos de modais terrestres, aquáticos e aéreos, bem como outras va-
riações. A Figura 1, a seguir, apresenta diferentes modais de transporte
com uso de contêiner.

Figura 1. Diferentes modais de transporte e o uso do contêiner.


Fonte: Mascha Tace/shutterstock.com.
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2 Os modais terrestres
Os dois principais modais terrestres são o rodoviário e o ferroviário, analisados
mais detalhadamente a seguir.

Rodoviário
O modal rodoviário é mais utilizado em transportes logísticos locais, regionais
e nacionais, sobretudo no Brasil, uma vez que ele está restrito a países com
contiguidade geográfica ou àqueles que não estão muito distantes. De acordo
com dados do IBGE (GEOCIÊNCIAS, 2019), é o modal de transporte mais
utilizado no Brasil (61,1% de toda a carga transportada em 2015), devido,
principalmente, a uma característica estrutural da infraestrutura do país: a
malha rodoviária é mais desenvolvida e disponível do que os outros modais
de transporte.
Sendo assim, seria possível, por exemplo, realizar um transporte de cargas
entre a região Sul do Brasil e a região Norte da Argentina, em virtude da
proximidade geográfica relativa. No entanto, dificilmente poderíamos utilizar
esse modal para o transporte de cargas entre Brasil e Estados Unidos, não
apenas pela distância, mas também pelo longo prazo que isso acarretaria
(GAITHER, 2001).
Todavia, no Brasil, o modal rodoviário possui vários problemas, os quais
estão relacionados, sobretudo, a deficiências infraestruturais históricas do país.
De acordo com Dias e Ribeiro (2013), algumas dessas deficiências incluem:
problemas na legislação quanto à fiscalização e ao monitoramento; inefici-
ência no financiamento à melhoria da infraestrutura; baixos investimentos
governamentais e privados; e infraestrutura rodoviária com problemas no
pavimento e na sinalização. Assim, ainda que a infraestrutura das rodovias seja
melhor e mais disponível que a de modais como o ferroviário e o aquaviário,
a precariedade de muitas dessas rodovias — sobretudo nas regiões Norte e
Nordeste, menos privilegiadas — causa sérios problemas para o escoamento
de cargas e mercadorias que utilizam esse modal.
Um dos problemas ocasionados por essa relativa precariedade infraestrutu-
ral refere-se aos riscos de acidentes, além do fato de que há um grande nível de
desgaste dos veículos, o que acaba aumentando o tempo de deslocamento das
mercadorias transportadas. O risco de roubos e saques também afeta empresas
e trabalhadores da área. Outra consequência das deficiências infraestruturais
diz respeito ao valor dos fretes, que se tornam consideravelmente mais caros
6 Modais de transporte

devido a esses problemas. Logicamente, isso impacta de forma negativa a


competitividade de empresas transportadoras e, por consequência, diminui a
eficiência das cadeias de suprimentos de forma geral.
O modal rodoviário apresenta vantagens e desvantagens. Uma das vantagens
é a possibilidade de deslocar produtos de um ponto de origem a qualquer ponto
de destino de forma prática. Diz-se, portanto, que o rodoviário é um modal
porta a porta. No entanto, esse modal também possui muitas desvantagens,
como o limite de pesos e volumes de capacidade de carga e o alto índice de
poluição por gases causadores das mudanças climáticas, como o CO2. Ademais,
o transporte de longas distâncias não é recomendado pelo modal rodoviário,
visto que as vias aquaviárias, marítimas e aéreas são mais apropriadas nessas
situações (BALLOU, 2006).

Ferroviário
O modal ferroviário (Figura 2) caracteriza-se, principalmente, por sua
capacidade de transportar grandes volumes. Segundo Ferreira (2011),
esse modal tem como característica principal o atendimento a longas
distâncias e grandes quantidades de carga com menor custo de seguro e
frete. O autor aponta, ainda, que o Brasil possui aproximadamente 20.000
Km de ferrovias, o que ainda é considerado bem abaixo do ideal. Outras
características do modal ferroviário são baixo consumo energético por
unidade transportada e menor índice de roubos/furtos e acidentes em
relação ao transporte rodoviário.
Conforme Oliveira (2012, p. 132), analisando especificamente o modal
ferroviário no estado de São Paulo, observa-se que:

O modal ferroviário de longa distância foi praticamente todo concedido, e é


fiscalizado por órgãos federais como a ANTT e o Departamento Nacional de
Infraestruturas de Transportes Terrestres (DNIT). No Estado de São Paulo,
as principais empresas privadas que administram o transporte ferroviário são
a América Latina Logística (ALL) e a MRS.

Sendo assim, nesse estado, o modal ferroviário caracteriza-se por ser prati-
camente todo privatizado, de modo que é subutilizado, considerando-se o seu
potencial. Além disso, em sua dimensão federal, outros desafios enfrentados
pelo modal ferroviário são os seguintes: gargalos logísticos e operacionais;
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problemas em áreas urbanas; malhas dispersas e não integradas, com divisão de


áreas regionais e dificuldade de circulação entre concessionárias; e diversidade
de bitolas (OLIVEIRA, 2012).
Conforme Ornellas e Campos (2008, p. 71):

[...] os custos fixos do transporte ferroviário são considerados elevados, porém


seus custos variáveis são baixos. Serviços como carregamento, descarrega-
mento, manobras no pátio, faturamento e cobrança contribuem para os altos
custos fixos, mas um grande volume de carga serve para uma redução signi-
ficativa dos custos por unidade de peso, resultando na economia de escala.

Figura 2. Trem utilizado para carregamento de cargas.


Fonte: Vale (2017, documento on-line).

Em relação ao modal ferroviário no estado de São Paulo, o mais rico do Brasil, as ferrovias
são praticamente todas concedidas, isto é, o modal foi privatizado. Esse é um aspecto
interessante para o debate sobre investimentos públicos e privados na infraestrutura
de transportes. Nessa discussão, com difícil consenso entre os analistas, o que se sabe é
que a privatização — apesar de, em alguns casos, melhorar a qualidade da infraestrutura
—, com toda certeza, aumenta consideravelmente o custo final do modal ferroviário.
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3 Os modais aéreo, aquaviário e dutoviário


A seguir, são apresentados os modais aéreo, aquaviário e dutoviário em mais
detalhes.

Aquaviário
Segundo o IPEA (POMPERMAYER; CAMPOS NETO; PAULA, 2014, p. 22),
o modal aquaviário é considerado o meio de transporte mais eficiente e com
menor custo, visto que:

[...] o consumo de combustível e o custo associado aos veículos são em


geral menores que nos modos terrestre (rodoviário e ferroviário) e aéreo.
Essas características são mais importantes para o transporte de produ-
tos de baixo valor agregado e que envolvam grandes volumes, uma vez
que, neste caso, o transporte representa uma porcentagem significativa
do valor comercializado. Isso contrasta com os produtos de alto valor
agregado, caso em que o tempo passa a ter maior relevância. Além disso,
o transporte pelas águas costuma se valer de vias naturais preexistentes,
o que reduz o custo associado à implantação das vias, que é alto em
ferrovias e rodovias.

A seguir, são detalhados os modais hidroviário e marítimo.

Hidroviário

Em geral, os transportes hidroviários (marítimos, fluviais ou lacustres)


são utilizados para cargas pesadas e a largas distâncias. Apesar disso, os
prazos frequentemente são longos, ao passo que os preços pagos costumam
ser medianos. O transporte por rios e lagos deve ser priorizado sempre que
possível. No caso do Brasil, o transporte hidroviário deve ser utilizado para
o transporte de grãos, como milho e soja, e outras commodities agrícolas,
como cana-de-açúcar, cultivos predominantes em regiões como Sudeste,
Centro-Oeste e Sul.
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Para saber mais sobre o transporte hidroviário, leia o texto Hidrovias No Brasil: Perspectiva
Histórica, Custos E Institucionalidade, de Pompermayer, Campos Neto e Paula, disponível
no site Econstor, o qual fornece um excelente e atualizado panorama sobre os trans-
portes hidroviários no Brasil. A leitura é fundamental para entender a importância e a
relevância econômica desse modal para o desenvolvimento do país.

Marítimo

A vasta maioria dos transportes internacionais é realizada através do modal


marítimo, com o uso de navios de carga (Figura 3). No entanto, para o uso
desse modal em lagos e rios, faz-se necessário que haja contiguidade entre
os diferentes países, uma situação rara. O transporte marítimo apresenta três
características principais:

 Grande capacidade: grandes massas a granel ou contêineres podem ser


transportados. Por exemplo, os grandes navios petroleiros, chamados
de ULCC (do inglês ultra large crude carrier), têm capacidade para
mais de 500.000 TPM (toneladas de peso morto). Os maiores navios
porta-contêineres têm capacidade para até 23.756 contêineres de 20 pés.
 Nível internacional: o transporte marítimo o melhor meio de se mo-
vimentar grandes volumes de mercadorias entre dois pontos geografi-
camente distantes. Além disso, o desenvolvimento de “autoestradas”
marítimas e o transporte marítimo de curta distância permitem a
combinação do transporte marítimo com outros modais de transporte.
 Flexibilidade e versatilidade: a flexibilidade refere-se à possibilidade
de usar embarcações de tamanhos pequenos (100 TPM) até muito
grandes, incluindo aí os grandes navios petroleiros. Já a versatilidade
refere-se ao fato de que navios de vários tamanhos, adaptados a todos
os tipos de carga, estão disponíveis: além dos cargueiros tradicionais,
existem navios porta-contêineres, navios-tanque de metano, para carga
rolante, carga refrigerada e granel sólido, entre outros.
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Figura 3. Navio de carga em operação.


Fonte: Avigator Fortuner/Shutterstock.com.

Aéreo
O transporte internacional aéreo é, sem dúvidas, o mais caro, devido às grandes
distâncias e às especificidades dos produtos transportados por meio desse
modal (p. ex., bens de luxo, produtos muito sensíveis, produtos rapidamente
perecíveis, etc.). É utilizado no transporte de itens que necessitam de entrega
urgente e mercadorias com pouco peso e volume (NOVAES, 2007). Além
disso, o transporte aéreo tem se beneficiado, nos anos recentes, pelo crescente
número de frotas e rotas aeroviárias.
Segundo Ferreira (2011), o modal aéreo é adequado para mercadorias
de alto valor agregado, pequenos volumes e urgência de entrega. Ele possui
algumas vantagens sobre os demais modais, pois é mais rápido, além de ser mais
viável para remessas, como bagagem, peças de reposição, produtos eletrônicos,
mercadoria perecível, brindes, medicamentos, amostras laboratoriais, entre
outras. A cidade de São Paulo, no Brasil, é a cidade com melhor infraestrutura
logística, comparativamente ao restante do país, embora aeroportos como
Congonhas e Guarulhos estejam próximos da saturação (OLIVEIRA, 2012).
No entanto, “[...] as taxas de frete aéreo excedem as do rodoviário por mais
de duas vezes e as do ferroviário, por mais de dezesseis vezes” (ORNELLAS;
CAMPOS, 2008, p. 73). Portanto, esse modal excede consideravelmente os
valores dos demais modais. Em relação aos custos, tanto os fixos (compra ou
leasing de aeronaves, etc.) quanto os variáveis (combustível, manutenção e
mão de obra) são consideravelmente altos (ibidem).
Modais de transporte 11

Dutoviário
Como o nome já diz, o modal dutoviário refere-se ao transporte através de
dutos ou tubos. O transporte dutoviário é uma alternativa lenta, com custo de
frete muito baixo, porém permite a movimentação de carga sem interferência
de variáveis externas (p. ex., congestionamentos). Para viabilizar esse meio de
transporte, há necessidade de infraestrutura, pois dutos, pontos de recepção,
sistemas de suporte e estações de movimentação de carga são críticos para a
realização de transporte por esse modal.
Em virtude do grande volume de investimento necessário, o transporte
dutoviário é ainda incipiente no Brasil. Além disso, há a limitação de tipo de
carga: mercadorias em estado líquido ou gasoso são as indicadas para esse
tipo de transporte.
Conforme Souza Filho, Alves e Ferreira Filho (2006, p. 1874), o problema
de distribuição dutoviária pode ser dividido em algumas categorias:

 Quanto ao número de dutos utilizados: um único duto ou dois ou mais


dutos (rede de dutos).
 Quanto à quantidade de produtos escoados: um único produto ou dois
ou mais produtos (polidutos).
 Quanto à quantidade de destinações (recebem os produtos escoados):
um único destino ou dois ou mais destinos.
 Quanto à quantidade de fontes (produzem os produtos escoados): uma
única fonte ou duas ou mais fontes.

Desse modo, o transporte dutoviário é matematicamente complexo e um


grande desafio para engenheiros de produção e de transportes. Não é para
menos que, segundo Ornellas e Campos (2008, p. 74):

[...] os dutos apresentam o maior custo fixo e o menor custo variável entre
todos os tipos de transporte. O alto custo fixo é resultado do pagamento pelo
direito de passagem, da construção e da necessidade de controle das estações,
além da manutenção da capacidade de bombeamento e dos próprios dutos.
Como não há necessidade de mão de obra intensiva durante as operações
de transporte, o custo variável é extremamente baixo após sua construção.

Entretanto, em notas positivas, observa-se que esse modal transporta de forma


segura e para longas distâncias. Além disso, ele permite que se dispense arma-
zenamento, simplifica a carga e a descarga, reduz o custo de transporte (custo
variável) e proporciona um menor índice de perdas e roubos (FERREIRA, 2011).
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O capítulo “Transporte de Cargas no Brasil: Estudo Exploratório das Principais Variáveis


Relacionadas aos Diferentes Modais e às suas Estruturas de Custos”, de Peter Wanke
e Paulo Fleury, é uma excelente referência para entender melhor sobre os custos e as
especificidades dos transportes de cargas no Brasil contemporâneo.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto


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www.econstor.eu/bitstream/10419/121587/1/797027513.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
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VALE. Quer viajar de trem no carnaval? As passagens para o período já estão à venda! Rio de
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quer-viajar-de-trem-no-carnaval-as-passagens-para-o-periodo-ja-estao-a-venda.aspx.
Acesso em: 20 maio 2020.

Leitura recomendada
WANKE, P. F.; FLEURY, P. F. Transporte de cargas no Brasil: estudo exploratório das
principais variáveis relacionadas aos diferentes modais e às suas estruturas de custos.
In: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (org.). Estrutura e dinâmica do setor de serviços no Brasil.
Brasília, DF: IPEA, 2006. p. 409-464.

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