Aula 1-2 O Novo Ensino Médio Como o Esperançar Dos Sonhos

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Formação para

Educadores em
Liderança e Cidadania
Módulo 1
As Juventudes e o Novo Ensino
Médio
O Novo Ensino Médio

O Novo Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trouxeram


mudanças significativas para a estrutura do Ensino Médio. São novas diretrizes voltadas para
experiências mais próximas das realidades das juventudes, com foco no desenvolvimento de
competências e habilidades voltadas para o cotidiano em sociedade. A proposta é a de
possibilitar que os(as) estudantes tenham maior autonomia em suas escolhas e sejam
protagonistas de suas trajetórias pelo Ensino Médio.
Nesse sentido, ganha destaque o aspecto da transdisciplinaridade, muito marcante nessa
nova estrutura. É cada vez mais urgente reconhecer que a tentativa de se compreender a
realidade dividida por disciplinas tende a não fazer sentido, uma vez que o contexto social
dos(as) estudantes não se apresenta de forma fragmentada. O Novo Ensino Médio vem, então,
manifestando o intuito de fazer com que os processos de ensino-aprendizagem se dêem de
forma mais integrada e dando conta, de fato, da resolução de problemas complexos da vida
cotidiana. A ideia é que, por meio de práticas transdisciplinares, os(as) estudantes compreendam
os objetos de estudo e conteúdos de maneira ampla e contextualizada.
Assim, a reformulação do Ensino Médio pretende trazer ainda mais contexto para os
processos educativos, alcançando os anseiose as necessidades das juventudes, assim como
considerando as suas múltiplas identidades.

Como essas mudanças estão ocorrendo?


As competências e habilidades

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê um conjunto de aprendizagens


essenciais que deve ser assegurado aos(às) estudantes durante as suas trajetórias escolares, ou
seja, desde o começo do Ensino Infantil até o fim do Ensino Médio. O seu caráter é, portanto,
normativo e visa a garantia do direito de acesso a uma educação de qualidade a todos(as)
estudantes brasileiros(as). Entre esses direitos de aprendizagem, a BNCC define as
competências gerais e específicas da formação básica, assim como as habilidades.
É importante, então, entendermos bem o que são competências e habilidades. Segundo o
Ministério da Educação:
O Novo Ensino Médio

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e


procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do
mundo do trabalho. (BRASIL, 2018, p. 8)

Em outras palavras, desenvolvendo as competências previstas na BNCC, estudantes


poderão dar vida, em seus cotidianos, aos conhecimentos, habilidades e valores desenvolvidos
ao longo da formação do ensino básico. Para ilustrar e deixar ainda mais compreensível de que
forma as competências aparecem na vida prática, vejamos os exemplos que Philippe Perrenoud
traz em seu livro “Construir as competências desde a escola”:
Embora conhecedor do Direito, a competência do advogado ultrapassa essa erudição, pois
não lhe basta conhecer todos os textos para levar a bom termo o assunto do momento.
Sua competência consiste em pôr em relação seu conhecimento do direito, da
jurisprudência, dos processos e de uma representação do problema a resolver, fazendo
uso de um raciocínio e de uma intuição propriamente jurídicos. Da mesma maneira, (...) As
competências clínicas de um médico vão muito além de uma memorização precisa e de
uma lembrança oportuna de teorias pertinentes. Nos casos em que a situação sair da
rotina, o médico é exigido a fazer relacionamentos, interpretações, interpolações,
inferências, invenções, em suma, complexas operações mentais cuja orquestração só pode
construir-se ao vivo, em função tanto de seu saber e de sua perícia quanto de sua visão da
situação. (PERRENOUD, 1999, p. 7-8)

Por outro lado, as habilidades estão sempre associadas a verbos de ação, tais como
“identificar”, “analisar”, “apontar”, dentre outros, indicando o que estudantes devem aprender ou
se tornar aptos a fazer. De acordo com a definição adotada pela BNCC, “As habilidades expressam
as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.”
(BRASIL, 2018, p. 29).
Trazendo outro paralelo e pensando no cotidiano dos esportes, um exemplo da relação entre
competência e habilidade é que para um atleta competir, são necessárias habilidades e treino
para alcançar o pódio. Em outras palavras, tais atletas precisam desenvolver habilidades e as
vivenciar na prática, para alcançarem as competências desejadas.
É, desse modo, um grande marco da BNCC a orientação para um conjunto de 10
Competências Gerais a serem desenvolvidas ao longo de toda a educação básica e de forma
integrada aos componentes curriculares, sendo elas:
O Novo Ensino Médio

Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Repertório cultural
Comunicação
Cultura digital
Trabalho e projeto de vida
Argumentação
Autoconhecimento e autocuidado
Empatia e cooperação
Responsabilidade e cidadania

Para compreender melhor sobre as 10 Competências Gerais a serem densenvolvidas,


indicamos acessao o Infográfico Competências Gerais, produzido pelo Porvir.

Competências específicas para o Ensino Médio

As competências gerais, como visto acima, deverão orientar o trabalho pedagógico, em


essência, durante todas as etapas do ensino básico, incluindo a do Ensino Médio. Nesta última
etapa, então, as competências gerais continuarão sendo basilares.
No entanto, para além delas, também deve-se observar as competências específicas de
cada uma das quatro áreas do conhecimento (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas
Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). E,
relacionadas a cada uma dessas competências específicas, estão associadas habilidades que
deverão ser desenvolvidas durante os três anos de Ensino Médio.
O Novo Ensino Médio

Fonte: BRASIL, 2018, p. 468.

Desse modo, houve a organização do trabalho das disciplinas por meio da articulação em
grandes áreas do conhecimento, de forma a tornar transdisciplinar e integrado o processo
educativo, pautando-se sempre na intenção de se proporcionar uma educação integral para as
juventudes brasileiras. A definição de competências gerais, específicas, habilidades e a
distribuição de disciplinas por área de conhecimento visa orientar a formação de estudantes
para o desenvolvimento dos pilares cognitivo, social, emocional e ético. Cada um desses quatro
pilares devem estar inter-relacionados com as dez competências da BNCC. Outros aspectos do
currículo do Ensino Médio - formação geral básica e itinerários formativos
A carga horária do Novo Ensino Médio é composta por um total de 1800 horas
destinadas à formação geral básica, associado a 1200 horas que devem ser voltadas para os
itinerários formativos. A formação geral básica compreende as disciplinas distribuídas entre as
quatro grandes Áreas do Conhecimento, tendo como fundamento orientador as competências e
habilidades descritas pela BNCC, conforme elucidado anteriormente.
Os itinerários formativos, por sua vez, representam uma das principais mudanças para
essa etapa de ensino e caracterizam um conjunto de arranjos curriculares que estudantes
poderão cursar nas escolas. Dentre os itinerários formativos já previstos, encontramos (1)
O Novo Ensino Médio

Linguagem e suas Tecnologias; (2) Matemática e suas Tecnologias; (3) Ciências da Natureza e
suas tecnologias; (4) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e; (5) Formação técnica e
profissional.
Estudantes serão responsáveis por escolher qual itinerário formativo deseja cursar. Por
isso, é importante que os(as) jovens tenham o máximo de informação possível para orientar suas
escolhas.Além disso, os itinerários formativos são compostos por três vertentes organizacionais,
sendo elas: Projeto de Vida; Eletivas e Aprofundamento.
O Projeto de vida se apresenta como estratégia de reflexão do(a) estudante sobre sua
trajetória escolar e na construção das dimensões pessoal, cidadã e profissional, ampliando a
percepção das possibilidades para o seu presente e futuro.
Quanto às eletivas, serão oferecidas de acordo com o critério dos Sistemas de Ensino, de
acordo com o que entenderem adequado e com o levantamento de disciplinas eletivas e
projetos pedagógicos já desenvolvidos pelos professores nas escolas da rede, já que a nova
estrutura do Ensino Médio tem como princípio de organização curricular a flexibilidade. Nesse
sentido, as eletivas poderão ser ofertadas de maneira associada ao itinerário do(a) estudante,
como forma de aprofundamento da sua Área de Conhecimento; à formação geral básica,
fazendo relação com as competências gerais da BNCC; ou a algum outro itinerário que seja
diferente daquele escolhido pelo(a) estudante.
Já o Aprofundamento visa expandir os aprendizados para além da Formação Geral
Básica, articulando essa ampliação em Áreas do Conhecimento com temáticas contemporâneas
sintonizadas com o contexto e os interesses dos(as) estudantes.
Durante a jornada por esta Formação, por exemplo, você terá a oportunidade de
conhecer melhor o nosso Aprofundamento em “Liderança e Cidadania”, que está inserido dentro
do Itinerário Formativo de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Um ponto importante sobre os Aprofundamentos é que são os(as) estudantes quem os
escolhem, como forma de atender ao princípio da flexibilização da organização curricular. Outro
aspecto a ser ressaltado é que podem variar conforme os estados. Isso é justificado pelo fato de
que o aprendizado do(a) estudante, nessa parte do currículo, deve estar voltado para questões
próximas da sua realidade.
Todos os Aprofundamentos são pautados por habilidades distribuídas entre quatro Eixos
Estruturantes, sendo que a recomendação é a de que eles sejam trabalhados de maneira
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articulada, de modo a expandir os aprendizados dos(as) estudantes. São eles: (1) investigação
científica; (2) processos criativos; (3) mediação e intervenção sociocultural e; (4)
empreendedorismo.
Outro elemento marcante do Novo Ensino Médio é relativo à Educação a Distância
(EaD). Trata-se de um formato opcional e que, para o turno diurno pode representar até 20% das
horas de formação. Para quem cursa o Ensino Médio no turno noturno, esse tempo pode ser de
até 30%. E, finalmente, para a Educação de Jovens e Adultos esse tempo pode representar até
80%. É importante destacar que essa formação à distância é realizada de maneira coordenada
pelas instituições de ensino e igualmente acompanhada por docentes.
Bom, fizemos aqui um apanhado geral das principais propostas apresentadas para o novo
Ensino Médio. Esperamos que este material tenha ajudado você a encontrar algumas respostas
e a compreender um pouco melhor as mudanças que essas propostas provocam. Mas foi só um
primeiro passo, ainda vamos explorar mais aspectos ao longo da Formação. Entendemos que a
implementação de reformulações na arquitetura educacional exige muita reflexão e envolve
uma série de desafios. Saiba, Professor(a), que você é peça-chave nesse processo e que estamos
aqui para lhe ajudar a encontrar o seu melhor caminho.

Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
PERRENOUD, Philippe. MAGNE, B. C. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre:
Artmed, 1999

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