Erica

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

FACULDADE FUTURA

ÉRICA SOBRAL DOS SANTOS VIEIRA

A PSICOPEDAGOGIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR

BURITI BRAVO/MA
2023
1
2
FACULDADE FUTURA

ÉRICA SOBRAL DOS SANTOS VIEIRA

A PSICOPEDAGOGIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em
Psicopedagogia.

BURITI BRAVO/MA
2023

3
A PSICOPEDAGOGIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR

Érica Sobral dos Santos Vieira1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- Este artigo teve como objetivo discutir quais as contribuições da Psicopedagogia para o
atendimento pedagógico na Classe Hospitalar. Para tanto, tem como objetivo geral compreender como
o trabalho psicopedagógico pode contribuir no atendimento pedagógico realizado na Classe Hospitalar
e como objetivos específicos apresentar concepções conceituais e históricas da Psicopedagogia e do
atendimento pedagógico na Classe Hospitalar e ainda refletir sobre a importância da intervenção
psicopedagógica em âmbito hospitalar. A pesquisa bibliográfica, realizou-se a partir de buscas em sites,
periódicos e livros para analisar de forma crítica e reflexiva a intervenção psicopedagógica na Classe
Hospitalar atuando em uma equipe multidisciplinar auxiliando o atendimento pedagógico realizado no
contexto hospitalar. Como resultados podemos perceber a importância desse atendimento para a
garantia do direito a educação, a saúde e a cidadania.

PALAVRAS-CHAVE: Atendimento Pedagógico. Classe Hospitalar. Psicopedagogia Hospitalar

1 INTRODUÇÃO

A psicopedagogia hospitalar tem como foco principal auxiliar os processos de


aprendizagens e também o desenvolvimento cognitivo, emocional e educacional,
favorecendo a recuperação do individuo. Por tanto o trabalho realizado tem como
tema à “A Psicopedagogia no atendimento hospitalar. Este tema foi escolhido para
que se possa discutir quais as contribuições da Psicopedagogia para o atendimento
pedagógico na Classe Hospitalar. Nesse sentido, o atendimento pedagógico
hospitalar busca fortalecer o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, físicos,
emocionais e sociais. Uma das formas de atendimento é a Classe Hospitalar que será
discutida neste trabalho.
Segundo o documento “Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico
Domiciliar: estratégias e orientações” (BRASIL, 2002) Classe Hospitalar é o

1
[email protected]
4
atendimento realizado através de hospital-dia, hospital-semana ou em serviços de
atenção integral a saúde mental e que tem como finalidade proporcionar o
acompanhamento pedagógico-educacional de crianças e adolescentes
hospitalizados.
Consoante a isso, esta pesquisa tem como questão problematizadora quais as
contribuições da Psicopedagogia para o atendimento pedagógico na Classe
hospitalar? Para tanto, tem como objetivo geral compreender como o trabalho
psicopedagógico pode contribuir no atendimento pedagógico realizado na Classe
Hospitalar.
Além disso, tem como objetivos específicos apresentar concepções conceituais
e históricas da Psicopedagogia e do atendimento pedagógico na Classe Hospitalar e
ainda refletir sobre a importância da intervenção psicopedagógica em âmbito
hospitalar. Esta pesquisa representa grande relevância pois discute áreas pouco
conhecidas e pesquisadas como a Psicopedagogia Hospitalar e a Pedagogia
Hospitalar permitindo então que este estudo contribua para pesquisas futuras e ainda
na definição da identidade e campo de atuação desses profissionais.
Para responder a estes questionamentos foi realizada uma pesquisa de
natureza básica, de cunho qualitativo que contou como método de pesquisa a
pesquisa bibliográfica e documental com a finalidade de discutir o impacto de
trabalhos já realizados na área. Foram realizadas leituras seletivas e crítico-reflexivas
de artigos, livros, sites e documentos oficiais que embasaram este estudo.
Enquanto a Pedagogia cuida dos processos de ensino-aprendizagem, a
Psicopedagogia busca auxiliar no processo de recuperação e no assessoramento aos
profissionais que compõem a equipe médico-psicopedagógica de caráter
multiprofissional.
O acompanhamento pedagógico hospitalar já é uma realidade em muitos
hospitais pelo Brasil. Pode-se entender que é uma das ferramentas da humanização
hospitalar existentes, além de propiciar a continuidade ao direito de escolaridade das
crianças, independente de sua situação.
A atuação de professores e demais profissionais da Educação deve levar em
conta o contexto da hospitalização infantil, com todo o impacto no cotidiano, na
convivência familiar e sentimentos de angústia e temor vivenciados pelas crianças a
serem acompanhadas. Estes fatores podem estar presentes em possíveis

5
dificuldades de aprendizagem já que, para ocorrer sucesso na aprendizagem, é
necessário haver um equilíbrio entre os fatores biológico, cognitivo, social e
emocional.
Uma vez que a Psicopedagogia trabalha de forma preventiva e interventiva no
tocante ao processo de aprendizagem e ao desenvolvimento do ser humano,
auxiliando no desenvolvimento cognitivo e emocional, trabalhando em equipe de
profissionais trocando experiências e em conjunto de forma multidisciplinar e
interdisciplinar, tendo como contribuição social levar além do conhecimento e
crescimento acadêmico que ainda é pouco explorado como também oferecer a esse
paciente-aluno cuidados que demostrem o processo de hospitalização como fonte de
solução, devolvendo aos mesmos a esperança e a vontade de viver e de aprender
vencendo assim obstáculos, e sendo autor de suas próprias experiências, sem muitos
danos na sua regressão à escola e vida social.

2 DESENVOLVIMENTO

O Conceito da Psicopedagogia ainda é muito discutido e não encontra uma


definição única por parte dos autores. Segundo Kiguel (1991, p. 24) “o objeto de
estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de
aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como
a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento”.
Segundo o seu código de Ética “A Psicopedagogia é de natureza
interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a
compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se
de métodos e técnicas próprios”.
Corroborando com o exposto, Scoz (1994, p. 2) diz que “a psicopedagogia
estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional
deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sistematizando-os”.
Assim, a Psicopedagogia se configura como um campo de atuação que articula a
educação e a saúde voltado para o processo de aprendizagem que é de natureza
clínica e institucional trabalhando de forma preventiva ou terapêutica.

6
De acordo com Bossa (2000, p. 12), a Psicopedagogia é “uma área do
conhecimento que se dedica exclusivamente ao estudo do processo de aprendizagem
e como os diversos elementos envolvidos nesse processo podem facilitar ou
prejudicar o seu desenvolvimento”. A psicopedagogia surge então como uma forma
de compreender o processo de aprendizagem humana em sua singularidade atuando
de maneira interdisciplinar apoiando-se de fundamentos e teorias de diferentes áreas,
mas buscando intervir e construir conceitos próprios.
A Psicopedagogia apoia-se em vários campos de conhecimento para realizar
uma prática própria que aborde os processos de aprendizagem. Dessa forma, é
preciso que saibamos diferenciar a psicopedagogia e os seus objetivos para resumi-
la como uma prática da psicologia ou da pedagogia, mas sim como um campo de
estudo que se ampara em vários campos de conhecimentos como a medicina,
fonoaudiologia, biologia, filosofia, sociologia, entre outras.

2.1 Processo histórico

A Psicopedagogia é uma área de conhecimento que surgiu para atender


crianças com dificuldades de aprendizagem. Os primeiros estudos sobre tais
dificuldades começaram a ser desenvolvidos em laboratórios e hospícios, onde os
pacientes eram tidos como anormais (ZUMPANO, 2013, p. 6).
Segundo estudos realizados por Bossa (2000) a Psicopedagogia é inicialmente
proposta com a finalidade médico-pedagógica por J. Boutonier e George Mauro na
Europa, em 1946. Eles foram os responsáveis por fundar os primeiros centros
psicopedagógicos que por meio de conhecimentos da Psicologia, Psicanálise e
Pedagogia buscavam atender crianças com dificuldades de aprendizagem.
Masini (2015, p. 34 apud Barroso, 2018, n.p) elenca os principais eventos que
ocorreram no Brasil durante o processo de desenvolvimento histórico da
Psicopedagogia no Brasil, dessa forma temos:
• Na década de 1950, a pedagoga Genni Colubi Moraes coordenou a formação
em psicopedagogia na PUC- SP, com influência da psicopedagogia francesa;
• A psicóloga Ana Maria Poppovic, na década de 1970 realizou pesquisas sobre
psicopedagogia, publicando livros e artigos sobre a realização escolar, crianças

7
culturalmente marginalizadas, escola, comunidade, currículo, orientação cognitiva e
ensino- aprendizagem;
• Em 1980, foi fundada a Associação Estadual de Psicopedagogia de São
Paulo;
• Em 1982, teve início a publicação do Boletim da Associação de
Psicopedagogia;
• No ano de 1985, na Universidade São Marcos em São Paulo, iniciou o primeiro
curso pós lato sensu em psicopedagogia;
• A Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo passa a ser em
1988, a Associação Brasileira de Psicopedagogia com núcleos em vários estados do
país.
Portanto, como vimos, a Psicopedagogia passa por grandes modificações ao
longo dos anos, e mesmo hoje, não podemos entendê-la como um campo muito bem
definido, mas sim em processo de maturação e construção, histórica, política, de
formação e de práticas.

2.2 A atuação do Pedagogo na Classe Hospitalar

A Psicopedagogia como área de atuação no campo hospitalar que é ainda


pouco vista, pode auxiliar, agindo de forma preventiva e interventiva, atuando
diretamente no desenvolvimento cognitivo e educacional o que favorece a
recuperação do individuo.
Podemos dizer que o conceito de Psicopedagogia hospitalar é um ramo da
educação que proporciona a criança e ou adolescente hospitalizado uma recuperação
mais aliviada através de atividades lúdicas, pedagógicas e recreativas, ou seja, uma
forma de humanizar, de tornando mais prazeroso aquele ambiente pesado que na
maioria das vezes traz infelicidade para as crianças.
Sabemos que a felicidade não é sempre as vinte e quatro horas do dia, mais
em contra-partida a importância de levar alguns momentos de felicidade para os
mesmos é grandiosa. Por isso a necessidade do pedagogo e do psicopedagogo é de
suma importância dentro dos parâmetros educacionais e sociais, no entanto o trabalho
destes profissionais ainda tem muito a ser estudado na unidade de saúde.

8
E necessário que o professor e o psicopedagogo da classe hospitalar possuam
qualificação, formação e habilidades adequadas para que possa atuar na classe
hospitalar com crianças e adolescentes. Para que aja um processo educativo no
ambiente hospitalar é preciso uma elaboração cuidadosa atendendo-se para as
circunstancias educacional do desenvolvimento no aluno paciente.
Desta forma, podemos entender a pedagogia como um campo de atuação para
além da escola. Entre os diferentes espaços de atuação do pedagogo temos os
hospitais que entre os diferentes tipos de atendimentos que envolvam o processo de
ensino aprendizagem, destacase a Classe Hospitalar.
Em 1994 foi instituída a PNEE na qual o termo “classes hospitalares” foi inserido
atribuindo assim importância e responsabilidade na execução deste direito. Esta
política define a classe hospitalar como “ambiente hospitalar que possibilita o
atendimento educacional de crianças e jovens internados que necessitam de
Educação Especial e que estejam em tratamento hospitalar” (BRASIL, 1994, p. 20).
Dito isto, a atuação do pedagogo neste espaço acontece por meio da
Pedagogia Hospitalar, assim,
a Pedagogia Hospitalar, é aquele ramo da Pedagogia,
cujo objeto de estudo, investigação e dedicação é a
situação do estudante hospitalizado, a fim de que
continue progredindo na aprendizagem cultural,
formativa e, muito especialmente, quanto ao modo de
enfrentar a sua enfermidade, com vistas ao
autocuidado e à prevenção de outras possíveis
alterações na sua saúde. (MATOS; MUGIATTI, 2012,
p. 79)
No ano de 2018 foi publicada a Lei nº 13.716 que modifica a Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) incluindo
o art. 4º - A que trata do atendimento pedagógico hospitalar e domiciliar, nele consta
que
É assegurado atendimento educacional, durante o
período de internação, ao aluno da educação básica
internado para tratamento de saúde em regime
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado,
conforme dispuser o Poder Público em regulamento,
na esfera de sua competência federativa (PLANALTO,
2018, on-line).

9
O documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar:
estratégias e orientações traz em seu texto orientações acerca da formação
necessária para a atuação no âmbito da Classe Hospitalar.
O professor deverá ter a formação pedagógica
preferencialmente em Educação Especial ou em
cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre
as doenças e condições psicossociais vivenciadas
pelos educandos e as características delas
decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do
ponto de vista afetivo. Compete ao professor adequar
e adaptar o ambiente às atividades e os materiais,
planejar o dia-a-dia da turma, registrar e avaliar o
trabalho pedagógico desenvolvido. (BRASIL, 2002, p.
22)
Como foi exposto, o pedagogo para atuar neste espaço além da formação
educacional precisa conhecer aspectos relacionados a saúde. Conforme Taam
(2004), a intervenção feita pelo Pedagogo contribui para a recuperação por acolher e
auxiliar com as implicações oriundas da doença e defende ainda que esse
acompanhamento seja realizado independentemente do tempo de internação no
hospital.

3 CONCLUSÃO

O percurso metodológico da pesquisa teve como marco a busca por


compreender as contribuições da intervenção psicopedagógica para o atendimento
pedagógico na Classe Hospitalar. Desta forma, pudemos entender que a atuação do
pedagogo se atualiza para atender a essas finalidades dentro da intencionalidade de
suas práxis.
Assim como a Psicopedagogia, área que vem ganhando cada vez mais espaço
e respaldo enquanto ciência com práticas próprias e com atuação em espaços clínicos
e institucionais como é o caso do hospital discutido nesta pesquisa.
A Classe Hospitalar, não busca utilizar o mesmo modelo educacional praticado
na escola, mas ser um espaço diferenciado, com um currículo flexibilizado e que

10
atenda às necessidades de acrianças e adolescentes hospitalizados permitindo o seu
desenvolvimento mesmo diante das limitações impostas pela doença.
Portanto, estar ciente do vasto leque de possibilidades destes campos de
atuação é de fundamental importância para o reconhecimento e desenvolvimento
destes profissionais, o qual atua em espaços escolares e não escolares
proporcionando a interação entre outros campos de conhecimento.

4 REFERÊNCIAS

BARROSO, Tais Gomes. A Psicopedagogia. Psicologando. Edição 09/2018.

BRASIL. LEI Nº 13.716, DE 24 DE SETEMBRO DE 2018. Altera a Lei nº 9.394, de 20


de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para
assegurar atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para
tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado.
Brasília, 24 de setembro de 2018. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13716.htm Acesso
em: 15 set 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional


de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico


domiciliar: estratégias e orientações. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC;
SEESP, p.35, 2002.

KIGUEL, Sônia Moojen. Reabilitação em neurologia e psiquiatria infantil - Aspectos


psicopedagógicos. Porto Alegre, Abenepe, vol. 2. 1991.

MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas.


Pedagogia hospitalar: A humanização integrando educação e saúde. 6 ed. Petrópolis:
Vozes, 2012.

11
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de
aprendizagem. Petrópolis/ RJ: Vozes, 1994.

ZUMPANO, Gabriela Psicopedagogia: processo histórico, ambientes e técnicas de


atuação. 38f – UNESP, Rio Claro, 2013.

12

Você também pode gostar