Apontamentos Do Presidente Roberto Campos Neto para A Abertura Da 2 Conferência Anual Do Banco Central Do Brasil
Apontamentos Do Presidente Roberto Campos Neto para A Abertura Da 2 Conferência Anual Do Banco Central Do Brasil
Apontamentos Do Presidente Roberto Campos Neto para A Abertura Da 2 Conferência Anual Do Banco Central Do Brasil
• É um prazer dar início à 2ª Conferência Anual do Banco Central do Brasil (BC), que passa a se
constituir em importante fórum de troca de experiências e conhecimentos, de divulgação de
estudos e de relevantes debates de interesse na área de atuação de bancos centrais.
• Antes de comentar a programação desta edição de nossa Conferência, gostaria de fazer alguns
comentários sobre o ambiente macroeconômico.
Panorama global
• A conjuntura atual é marcada por um ambiente externo mais adverso, em função da incerteza
elevada e persistente quanto:
• Até o momento, o processo de desinflação global avançou com grandes contribuições dos
preços de energia e alimentos.
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o Mas essas contribuições benignas estão se diluindo, e existem dúvidas sobre como
esses fatores poderão impactar o processo de desinflação daqui para frente.
o Além disso, o risco de uma maior resiliência na inflação de serviços e nos núcleos de
inflação ainda demanda cautela.
• Especialmente nos EUA, alguns fatores que poderiam ter efeitos desinflacionários não tiveram
o impacto esperado, tais como:
• Ao mesmo tempo, ainda há riscos altistas, tanto estruturais quanto conjunturais, para a
continuidade do processo de desinflação global. Dentre esses riscos vale mencionar:
o É importante também destacar os eventos climáticos extremos, que estão cada vez
mais frequentes e podem gerar, além de grandes impactos humanitários, efeitos em
toda a cadeia produtiva.
o Por outro lado, a tão necessária transição energética demanda investimentos e gera
novos custos para a produção.
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o Por fim, também é importante mencionar que os mercados de trabalho globais
atualmente apresentam pouco ou nenhum afrouxamento, o que dificulta a
desinflação.
• Para além do cenário mais aberto, também houve uma reprecificação do ciclo de cortes pelo
Fed, com redução de sua extensão e postergação de seu início.
• Reiteramos, no entanto, que não há relação mecânica entre a condução da política monetária
norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica, e que o BC focará nos
mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária doméstica.
• Outro importante ponto de preocupação que tenho destacado relaciona-se à política fiscal,
especialmente em países avançados, que adiciona riscos à economia global.
o Isso porque, em um ambiente com dívidas mais altas e taxas de juros ainda elevadas,
o custo de serviço da dívida de países avançados absorve cada vez mais recursos.
o De fato, o maior risco para esses países vem da possibilidade de que uma incerteza
prolongada leve a uma forte reprecificação de ativos.
• Esse cenário incerto continua a exigir cautela, especialmente por parte de economias
emergentes.
o Embora esses países estejam mais bem preparados para enfrentar choques externos,
o impacto de uma reprecificação global mais acentuada poderia ser significativo.
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o Esse cenário fortalece a importância de maior cautela na condução da política
monetária doméstica, devido à possível ocorrência de movimentos mais abruptos no
cenário prospectivo.
Economia Brasileira
Atividade econômica
o Para 2024, as projeções do BC foram revisadas de 1,7% para 1,9% no último Relatório
de Inflação.
• Ao longo dos últimos trimestres, os dados de atividade econômica surpreenderam, com maior
crescimento em diferentes componentes da demanda.
o Os dados na margem, com suas revisões altistas, revelam de fato uma atividade mais
forte ao longo do ano.
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Inflação
o A inflação acumulada em 12 meses caiu de 12,1% em abril de 2022 para 3,7% em abril
de 2024.
• Os dados referentes à inflação corrente se mostraram benignos, tanto na inflação cheia quanto
nos núcleos de inflação.
o Apesar disso, há preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo e com o papel
da inflação de serviços.
• Nossa avaliação é que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o
aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de
juros mais elevada.
o Por exemplo, as expectativas para 2024, 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus
encontram-se em torno de 3,8%, 3,7% e 3,5%, respectivamente.
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o Vale ressaltar, ainda, o fato de as expectativas para 2024 e para 2025, assim como as
inflações implícitas, terem mostrado piora nas últimas leituras.
• Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) debateu possíveis motivos da
recente desancoragem das expectativas de inflação, tendo elencado como principais fatores:
• De forma mais relevante, o Copom unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem
das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da
desancoragem ora observada.
o O Copom avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da
autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da
reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que
compõem a política econômica brasileira.
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• Tento em vista todos esses fatores, o Copom conclui unanimemente pela necessidade de uma
política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica
desinflacionária.
Conclusão
• Essa Conferência traz uma oportunidade para aprofundamento dos debates sobre tópicos que
tangenciam os desenvolvimentos recentes na economia global e doméstica.
o De “Inflação” a “Sustentabilidade”.
• Com esse evento, mantemos nossa tradição de dialogar com a academia, e com outros bancos
centrais e organismos multilaterais, para a construção de uma política pública pautada nas
melhores práticas, na teoria econômica mais atualizada e nas evidências empíricas recentes.
• Será uma honra contar com as palestras magnas de Gianluca Violante, da Princeton University,
e de Xavier Vives, da IESE Business School.
• No último dia, teremos uma sessão especial em comemoração aos 30 anos do Plano Real com
a presença dos ex-presidentes do BC Gustavo Franco, Gustavo Loyola, Pedro Malan e Pérsio
Arida.
• Para concluir, em nome do BC, gostaria de agradecer a todos os presentes e, em especial, aos
expositores, debatedores e moderadores que aceitaram nosso convite e são condição
indispensável para o sucesso do evento.
• Tenho certeza de que teremos uma conferência muito produtiva, com excelentes discussões
sobre temas relacionados à área de atuação de bancos centrais.
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