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A Maçonaria na Revolução Farroupilha
A Revolução Farroupilha é um marco importante na história
brasileira, ocorrendo no estado do Rio Grande do Sul de 1835 a 1840, a mais longa da história brasileira. Sua principal motivação é a economia. Naquela época, a economia do Rio Grande do Sul era baseada na pecuária, centrada principalmente na carne seca. O governo central cobrava impostos exorbitantes sobre os produtos pecuários do Rio Grande do Sul, enquanto o Uruguai e a Argentina os impostos eram mais baixos sobre o charque. Esse absurdo fiscal existe desde 1821, aumentava sistematicamente os impostos sobre carne seca, trigo, erva-mate, couro, sebo, graxa e muito mais. Como se não bastasse, para deslocar os produtos gaúchos do mercado interno, o Império baixou os impostos de importação dos produtos do país platina, ao mesmo tempo que aumentou os impostos sobre o sal, insumo essencial para as charqueadas. No dia 9 de setembro de 1836 – os farroupilhas conquistam uma retumbante vitória, vencendo o exército imperial na batalha do Seival. Desta batalha resultou a fundação da República Rio-Grandense, que separou o estado do Rio Grande do Sul do resto do Brasil.......................................... 3 de outubro de 1836 – Farroupilhas são derrotados pelas forças Imperiais na Batalha de Fanfa; Bento Gonçalves e outros líderes revolucionários são presos. Bento Gonçalves foi enviado para o Rio de Janeiro, onde conheceu o italiano "Giuseppi Garibaldi" que aderi ao movimento . 1838 – Os Farroupilhas sofrem pesadas perdas e não conseguem reconquistar Porto Alegre e o Rio Grande. 1839 - Giuseppi Garibaldi e Davi Canabarro conquistam Lages e Laguna em Santa Catarina e proclamam a "República Catarinense". Em 15 de novembro do mesmo ano, os Farrapos foram derrotados e Laguna foi reconquistada pelas forças Imperiais. 01 de março de 1845 - Assinado pelo Exército Imperial liderado pelo Faropilhas Republicano Duque de Caxias Paz do "Ponche Verde", pondo fim ao conflito. Envolvimento da Maçonaria Existem vários indícios de que a Maçonaria esteve envolvida neste conflito, entre eles vale a pena mencionar: • Bento Gonçalves escapou de uma prisão em Salvador, planejada e executada pela Maçonaria; • Os esforços de Bento Gonçalves para construir lojas maçônicas nas áreas de fronteira por onde ele e suas tropas passavam; • A presença da terminologia maçônica nos documentos dos revolucionários; • O Brasão das Armas dos Farroupilhas continha em sua confecção símbolos maçônicos. A existência de um determinado documento, que comprova consistentemente a presença da maçonaria naquele conflito, além de demonstrar a importância de sua participação. Ata de Reunião da Loja Maçônica Philantropia e Liberdade, datada de 18/Set/1835, cujos trechos mais relevantes são reproduzidos a seguir: - No dia 18 de setembro de 1835, reunidos na sede da Rua da Igreja, n° 67, em vez de Claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do Zenith, aos 30° sul e 5° de latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, nas dependências do Gabinete de Leituras onde funciona a Loj:.Mac:. Philantropia e Liberdade, com o fim de, especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e dignidade do povo Rio-grandense. A sessão foi aberta pelo Ven:. Mestre, Ir:.Bento Gonçalves da Silva.” Logo de início, o Ven:. Mestre depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião, de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado. - A data escolhida é o dia vinte de setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no país. -Foi realizada poderosa Cadeia de União, que pela justiça e grandeza da causa, pois, em nome do povo Rio-grandense, lutariam pela Liberdade, Igualdade e Humanidade, pediam a força e a proteção do G:.A:.D:.U:. para todos os Ir:. e seus companheiros que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven:. Mestre que todos deveriam confiar no Livro da Lei do G:. A:. D:. U:. e, como ninguém mais quisesse fazer uso à palavra, foram encerrados os trabalhos, do que eu, Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens livres e de bons costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria. Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 da Era:. Vulgar:. 18° dia do sexto mês. Irmão Domingos José de Almeida. Os termos da Ata supracitada falam por si. Ricardo Brecher Moura, especialista em história”
É público e notório que a maçonaria sempre funcionou como
uma oficina de idéias. Os problemas que incomodavam eram discutidos exaustivamente até que uma solução fosse encontrada. Muitas vezes, ocorriam divisões que ensejavam posicionamentos e lutas em campos opostos. No exemplo da Revolução Farroupilha, em particular, do lado do governo central ficaram os Ir:. João Daniel Hillebrand, médico e Presidente da Câmara dos Vereadores de São Leopoldo e Manuel Luis Osório o (Marquês do Herval). O primeiro, filiado à Loja União Geral da cidade de Rio Grande e o segundo à Loja União e Fraternidade de São Leopoldo. Do lado dos farrapos, ficaram Bento Gonçalves, Onofre Pires, Pedro Boticário e outros. Desta forma, torna-se evidente que os maçons das Lojas Rio-Grandenses lutaram dos dois lados, participaram da conspiração, dos combates e da Pacificação. Cabe ressaltar, por fim, que o grande pacificador da Revolução foi o General Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, que também era maçom. FIM