José Alencar Neto

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 35

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA – UNINTA

MEDICINA VETERINÁRIA

JOSÉ ALENCAR NETO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CLÍNICA


MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS E RELATO DE CASO:
DEFORMIDADES FLEXURAIS EM EQUINOS

SOBRAL-CE
2019
JOSÉ ALENCAR NETO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CLÍNICA


MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS E RELATO DE CASO:
DEFORMIDADES FLEXURAIS EM EQUINOS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial
para a obtenção do título de
Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Prof. Cahuê Francisco


Rosa Paz

SOBRAL-CE
2019
JOSÉ ALENCAR NETO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM CLÍNICA


MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS E RELATO DE CASO:
DEFORMIDADES FLEXURAIS EM EQUINOS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial
para a obtenção do título de
Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Prof. Cahuê Francisco


Rosa Paz

Aprovado em ___/___/____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________
Prof. Dr. Cahuê Francisco Rosa Paz – Orientador
Centro Universitário INTA - UNINTA

_________________________________________________________________
M. V. Raimundo Nonato de Aguiar Filho – 1º Examinador
Centro Universitário INTA - UNINTA

_________________________________________________________________
M. V. Esp. José Alexandre Sousa Carvalho – 2º Examinador
Profissional autônomo
DEDICATÓRIA

Primeiro quero dedicar essa monografia a Deus, por ter me dado forças e ter me
guiado em minhas dificuldades. Em meio a essas dificuldades consegui seguir sempre em
frente e chegar até aqui, ele vai continuar me guiando em minha caminhada.

Ao meu pai, Francisco Alencarino Alves, por me ajudar sempre nas horas mais
difíceis e que me ensinou e educou pra chegar ate aqui. À minha velha que tanto amo,
sempre esteve do meu lado quando mais precisei, sempre me aconselhou e sente
orgulho de mim por ter chegado até aqui. Não tenho nem palavras para expressar todo o
meu agradecimento a vocês, amo-os demais.

Dedicar aos meus irmãos, Ana Karine Alves e Savio André, que, mesmo estando
distantes quando nos falávamos, me davam forças para seguir. Dedicar à minha linda
Emily, pra quem o tio vai se fazer mais presente quando formar.

À minha namorada, Jaquiele Arcanjo, e meus filhos, Jamile Arcanjo e Luis Arthur,
que sempre me deram apoio e estiveram do meu lado, independente do momento que
estivéssemos passando, dando conselho, puxão de orelha e outras coisas. Ajudaram-me
demais a continuar e hoje são minha base.

Aos irmãos que Deus me deu, Júnior Mariano e Edmilson Vasconcelos, estiveram
comigo quando mais precisei. Eu os incentivei a entrar na medicina veterinária e
infelizmente trancaram, mas gostaria muito de vê-los formados. Gostaria muito que
voltassem a se falar para que possamos voltar a ser como era antes.

Queria dedicar esta monografia ao meu primo, irmão que Deus me deu, mas,
infelizmente, já o levou, Luis Danilton Rodrigues Marques, o qual me deu conselhos e
compartilhou dos meus sonhos. Gostaria que você estivesse aqui para compartilhar com
você meu sonho, mas, onde você estiver, sei que está sempre comigo e jamais vai sair da
minha memória.

Ao professor e orientador Cahuê Paz, que apesar de lhe conhecer a pouco tempo
já foi o bastante pra lhe agradecer por muitas coisas, primeiro por aceitar ser meu
orientador, por sua atenção e toda vez quando falei algo pessoal você sempre disse
“precisando estamos por aqui”, nunca vou esquecer isso, muito obrigado pro tudo.
Aqui gostaria de dedicar, em especial, ao meu professor, orientador e amigo,
Paulo Henrique Cavalcante, e retratar que quando eu estava passando pelo pior momento
da minha vida, uma fase muito turbulenta na qual iria trancar a faculdade, você não
deixou e fez com que eu passasse por estas dificuldades. Graças a você aqui hoje me
encontro. Só tenho a agradecer por tudo que o senhor fez por mim, pelos ensinamentos,
pela paciência, por chamar minha atenção e falar um dos maiores ensinamentos que vou
levar para minha vida profissional e pessoal, que é “prestar atenção”.
AGRADECIMENTOS

Aos meus professores, que, dentro ou fora de sala de aula, sempre repassaram
suas experiências. Gostaria de citar alguns nomes, como: Emmanuelle Figueirêdo,
Robério Fiuza, Wendell Goiana, Ana Karinne Leite, Monalysa, Marcel, Moises Freitas,
Alessandro.

À família do Hospital de Grandes Animais UNINTA, em nome do Thiago,


Cleverson, Careca, Rafael, Fabio. Obrigado por todo apoio de sempre.

Ao Dr. Alexandre carvalho, por ter me aceitado de braços abertos para estagiar
com ele. Obrigado pela experiência e ensinamento que me passou.

Ao pessoal que estagiou comigo no HOVET, ao Dr. Aguiar Filho que sempre
esteve comigo e sempre me ajudou. Ao pessoal que estagiei menos tempo: Sebastião,
Willam (esse cara me ajudou demais), Yago, Elvis, Diego, Lucas, Eric, Andressa, José,
Hermano, Walter, Ranieri, Davi, Geise, Wilson, Emanuel, Tayron, Matheus e outros.

Aos colegas de sala da turma oito do curso de medicina veterinária do UNINTA,


obrigado: Ramuelly Cavalcante, Romerio, Jefferson Freitas, Aurivian Sousa, Valcleides
Oriente, Silvana Mororó (que sempre esteve comigo, você tem um lugar especial em
minha memória), Thamara Cavalcante, Sara Caranha, Ana Luiza, Thaís Guedes, Kallide
Pereira, Pedro Fernandes, Ângela Valéria, Thiago, Tainã Fernandes e Priscila da Paz,
com quem tive o prazer de conviver e compartilhar momentos únicos da minha vida, cada
um de vocês terá um lugar especial na minha memória.

Ao Alessandro Magno, muito obrigado pela experiência passada, tanto em sala de


aula quanto fora dela. Obrigado por aceitar participar da banca de monografia.

A toda minha família, tias (especialmente Marieta), tios, primos, primas. Obrigado
por tudo que vocês fizeram por mim. Sempre irei lembrar e ser grato.
Assim como “In memoriam” à minha avó Socorro Alves, meu avô José Alencar e
minha tia Maisa, tenho vocês sempre no coração.

Por fim, gostaria de agradecer a todos e pedir desculpa a quem não foi citada,
mas me ajudou de alguma forma em minha formação. Deus abençoe a todos.
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso em Medicina Veterinária tem por objetivo


apresentar as atividades desenvolvidas durante o período de estágio curricular
supervisionado, o qual foi realizado no Hospital Veterinário do Centro Universitário
UNINTA, na cidade de Sobral - CE, o estágio obrigatório foi realizado no período de
18/03/2019 a 31/05/2019, sendo as atividades de estágio desenvolvidas tanto no Hospital
Veterinário de Grandes Animais Prof. Mestre José Almir Martins de Oliveira (HOVET-
UNINTA), quanto em atividades de atendimentos externos. Além disso, objetivou-se
realizar também a descrição e relato de um caso clínico envolvendo uma afecção do
sistema locomotor, denominada deformidade flexural em equinos.

Palavras chaves: Deformidade Flexural; Estágio; Equinos; Uninta.


ABSTRACT

The aim of this study was to present the activities developed during the period of
supervised curricular traineeship, which was carried out at the Veterinary Hospital of the
University Center UNINTA, in the city of Sobral - CE. The Traineeship start in 03/18/2019
to 05/31/2019, with the training activities being carried out both at the Veterinary Hospital
of Large Animals Prof. Master José Almir Martins de Oliveira (HOVET-UNINTA), and in
external assistance activities. In addition, the objective was also to describe and report a
clinical case involving a locomotor system disease, denominated flexural deformity in
horses.

Keyword: Traineeship; Flexural Deformity; Horses, Uninta.

.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vista aérea do Hospital Veterinário de Grandes


Animais.........................................................................................................................1

Figura 2 – Vista externa da entrada do HOVET-UNINTA Setor de Grandes


Animais.........................................................................................................................3

Figura 3 – Vista da entrada e estacionamento do HOVET-UNINTA Setor de Grandes


Animais.........................................................................................................................3

Figura 4 – Vista da área de realização dos exames físico com tronco de


contenção.....................................................................................................................4

Figura 5 – Vista das baias de internamento................................................................4

Figura 6 – Vista da área dos piquetes.........................................................................5

Figura 7 – Vista da sala de indução e recuperação anestésica. Ao fundo: centro


cirúrgico........................................................................................................................5

Figura 8 – Apresentação no Núcleo de Estudo em Clínica e Cirurgia de


Equinos...................................................................................................................... ...7

Figura 9 – Imagens do paciente. Esquerda: paciente com 60 dias de vida na


propriedade; Direita: paciente na sala de indução anestésica, no momento do pré-
cirúrgico......................................................................................................................17

Figura 10 – Vista radiológica látero-medial do membro acometido...........................19

Figura 11 – Imagem do transcirúrgico, demonstrando o momento de exposição do


TFDS..........................................................................................................................19

Figura 12 – Esquerda: 15 dias após cirurgia. Direita: Imagem radiográfica na


posição látero-medial realizada imediatamente após a cirurgia.................................20

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de atendimentos clínico e cirúrgico por espécie animal realizado


durante o estágio..........................................................................................................7

Tabela 2 – Número de procedimentos cirúrgicos realizados durante o período de


estágio..........................................................................................................................8

Tabela 3 – Número de procedimentos clínicos realizados durante o período de


estágio..........................................................................................................................8
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição (%) das enfermidades dos atendimentos realizados por


sistema afetado, durante o período de
estágio..........................................................................................................................9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UNINTA Centro Universitário INTA


AIAMIS Associação Igreja Adventista Missionária
HOVET Hospital Veterinário de Grandes Animais
PROF Professor
DR Doutor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
FOA Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
D.C. Depois de Cristo
M.V. Médico Veterinário
DOD Doença Ortopédica do Desenvolvimento
Kg Quilo Grama
MAD Membro Anterior Direito
IV Intravenoso
g Grama
FC Frequência Cardíaca
FR Frequência Respiratória
TPC Tempo de Preenchimento Capilar
ºC Graus Celsius
IM Intramuscular
Mg Miligrama
TFDS Tendão Flexor Digital Superficial
Cm Centímetro
U.I. Unidades Internacionais
Mcg Micrograma
SUMÁRIO

1. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO.................................. 13


1.1 Introdução ..................................................................................................... 13
1.2 Descrições do local de estágio .................................................................... 14
1.2.1 Hospital Veterinário de Grandes Animais – HOVET UNINTA Setor de Grandes Animais. .... 18
1.2.2 Descrição das Atividades do Estágio .................................................................................... 19
2. RELATO DE CASO: DEFORMIDADES FLEXURAIS EM EQUINOS ............................... 22
2.1 Introdução ..................................................................................................... 22
2.2 Revisão de literatura ..................................................................................... 23
2.2.1 Patogenia............................................................................................................................. 23
2.2.2 Sinais clínicos ....................................................................................................................... 24
2.2.3 Diagnóstico .......................................................................................................................... 26
2.3 Tratamento .................................................................................................... 26
3. CASO CLÍNICO ................................................................................................................... 28
3.1 Anamnese...................................................................................................... 28
4. RESULTADOS ..................................................................................................................... 29
4.1 Tratamento clínico ........................................................................................ 29
4.2 Exame físico .................................................................................................. 29
4.3 Exame complementar ................................................................................... 30
4.4 Tratamento cirúrgico .................................................................................... 30
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 33
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 34
7. ANEXOS ............................................................................................................................... 35
13

1. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO

1.1 Introdução

O Centro Universitário INTA – UNINTA, foi criado no dia 09 de agosto de 1999,


primeiramente como Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA, com sede à
Rua Cel. Antônio Rodrigues Magalhães, 700 – Bairro Dom Expedito, na cidade de
Sobral, no Estado do Ceará, mantido pela Associação Igreja Adventista Missionária
– AIAMIS, com sede em Sobral e CNPJ nº. 03.365.403/0001-22. É reconhecida pelo
Município, Estado e União, como Pessoa Jurídica de Utilidade Pública. Com a
constatação da necessidade de criação de novos Cursos Superiores Presenciais na
região, surgiu em 1999 em Sobral, o Instituto Superior de Teologia Aplicada. O qual
a princípio criou o Curso de Bacharelado em Teologia reconhecido pelo MEC em
2003, como determinação de sua mantenedora para depois dar início a criação de
uma série de cursos de graduação. Em 2005 foram submetidos ao MEC os Projetos
de História, Serviço Social, Medicina, Pedagogia e o Programa Especial de
Formação Docente Veterinária (Portaria MEC/SESu nº 136 de
09/02/2007), obtendo-se as respectivas Autorizações em 2007. Sendo inaugurado
em abril de 2011 o Hospital Veterinário de Grandes Animais, contando com área de
aproximadamente 4.000 m². E considerado o primeiro do Estado do Ceará.

Figura 1 – Vista aérea do Hospital Veterinário de Grandes Animais. Fonte: Google mapas.
14

1.2 Descrições do local de estágio

O estágio supervisionado obrigatório foi realizado no período de 18/03/2019 a 31/05/2019,


sendo as atividades de estágio desenvolvidas tanto no Hospital Veterinário de Grandes
Animais Prof. Mestre José Almir Martins de Oliveira (HOVET-UNINTA), quanto em
atividades de atendimentos externos.

Seu espaço físico é composto por:

 Recepção;

 Sala dos professores;

 Espaço para exame físico;

 Dez (10) baias individuais para grandes animais;

 Quatro (04) baias para pequenos ruminantes;

 Duas (02) baias de isolamento;

 Quatro (04) piquetes;

 Um (01) redondel;

 Uma descarregadeira;

 Sala dos estagiários;

 Uma sala de Aula;

 Uma sala de indução e recuperação anestésica;

 Uma sala de necropsia;

 Centro cirúrgico;

 Sala de paramentação;

 Farmácia;

 Copa;

 Dormitório;

 Banheiros;
15

Figura 2 – Vista externa da entrada do HOVET-UNINTA Setor de Grandes Animais. Fonte: Arquivo
pessoal.

Figura 3 – Vista da entrada e estacionamento do HOVET-UNINTA Setor de Grandes Animais. Fonte:


Arquivo pessoal.
16

Figura 4 – Vista da área de realização dos exames físico com tronco de contenção. Fonte: Arquivo
pessoal.

Figura 5 – Vista das baias de internamento. Fonte: Arquivo pessoal .


17

Figura 6 – Vista da área dos piquetes. Fonte: Arquivo pessoal .

Figura 7 – Vista da sala de indução e recuperação anestésica. Ao fundo: centro cirúrgico. Fonte:
Arquivo pessoal.
18

1.2.1 Hospital Veterinário de Grandes Animais – HOVET UNINTA Setor de Grandes


Animais.

O estágio obrigatório foi realizado no período de 18/03/2019 a 31/05/2019,


totalizando 392 horas. O HOVET está situado na Travessa Roma, 635 – Bairro Dom
Expedito – Sobral – CE. Seu horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira
das 8:00 às 12:00 horas e das 14:00 às 18:00 horas. O HOVET oferece atendimento
clínico e cirúrgico, ultrassonografia, radiografia, serviços odontológicos para equinos
e coleta de sangue para exames laboratoriais. Também possui pronto atendimento
em casos de emergências.

A equipe é composta por cinco veterinários, dois auxiliares gerais, dois porteiros e
equipe de estagiários. As atividades foram realizadas no HOVET durante o período
da manhã e da tarde, sob a orientação do Prof. Cahuê Paz e supervisão do Médico
Veterinário Aguiar Filho.

Os atendimentos ocorrem internamente e também são realizados atividades a


campo. Os atendimentos externos são realizados pelo Dr. Aguiar Filho. Enquanto
que os atendimentos internos prestados contam com o trabalho conjunto dos
professores Alessandro Magno (Anestesia e diagnóstico por imagem), Bruno
Leonardo (Clínica e Cirurgia de ruminantes), Cahuê Paz (Clínica e Cirurgia de
equinos), Cinthia Almeida (Patologia) e do Dr. Aguiar Filho. Em ambas as condições
de prestação de serviços, os profissionais contam com a participação dos
estagiários (estágio não obrigatório e do estágio supervisionado obrigatório).

Neste período de estágio, oportunamente participei de um minicurso em odontologia


equina ministrado pelo Dr. Aguiar Filho, no qual foram abordados os conceitos
básicos, odontograma e os principais problemas encontrados na rotina. Neste curso
foram desenvolvidas atividades teóricas e práticas, contabilizando carga horária total
de 8 horas.

Participei também ativamente das atividades desenvolvidas no grupo de ensino,


pesquisa e extensão denominado Núcleo de Estudo em Clínica e Cirurgia de
Equinos (NECCEQ-UNINTA). Onde ocorreram 8 encontros, com intervalos
quinzenais. No primeiro encontro foi realizada uma introdução sobre o grupo de
estudo e o cronograma com o tema dos próximos encontros. Nesta ocasião fui
19

incumbido de apresentar uma palestra com o tema “Deformidades flexurais em


equinos”. A qual foi uma excelente oportunidade recebida, pois tive que cumprir
exigências específicas relacionadas ao tempo de apresentação. O que contribui
fortemente para o meu aprendizado, de forma satisfatória (Figura 8).

Figura 8 – Apresentação no Núcleo de Estudo em Clínica e Cirurgia de Equinos. Fonte: Arquivo


pessoal

1.2.2 Descrição das Atividades do Estágio

Tabela 1 – Número de atendimentos clínico e cirúrgico por espécie animal realizado durante o estágio.

ESPÉCIE NÚMERO DE ANIMAIS


Equinos 38
Bovinos 03
Ovinos 01
TOTAL 42
20

Tabela 2 – Número de procedimentos cirúrgicos realizados durante o período de estágio.

Procedimentos EQUINOS OVINOS


TENOTOMIA TFDS 01 -
SUTURAS 01 01
VULVOPLASTIA 02 -
DEBRIDAMENTO 01 -
TOTAL 05 01
TFDS – Tendão do músculo flexor digital superficial

Tabela 3 – Número de procedimentos clínicos realizados durante o período de estágio.

Procedimentos BOVINOS EQUINOS OVINOS TOTAL

Exames radiográficos - 10 01 11

Artrite séptica - 01 - 01

Perfusão regional - 05 - 05

Infiltração articular - 01 - 01

Laminite - 02 - 02

Cólica - 03 - 03

Profilaxia dentária - 06 - 06

Parto Distócico 01 - - 01

Abcesso subsolear - 02 - 02

Luxação - - 01 01

Deformidade flexural - 02 - 02

Tenossinovite séptica - 01 - 01

Habronemose - 01 - 01

TOTAL GERAL 37
21

Sistema digestório Sistema locomotor


Outros sistemas

11%
24%

65%

Gráfico 1 – Distribuição (%) das enfermidades dos atendimentos realizados por sistema afetado, durante o
período de estágio.
22

2. RELATO DE CASO: DEFORMIDADES FLEXURAIS EM EQUINOS

2.1 Introdução

O sistema locomotor dos equinos é um dos sistemas de maior seriedade, compõe


toda a dinâmica de sustentação e locomoção, composto por estrutura óssea,
musculatura, ligamentos e tendões. As deformidades flexoras são alterações que o
animal adquire ou nasce exibindo dificuldades para estender ou flexionar o membro
(MOURA et al., 2017).

Os tendões são compostos de fibras de tecido conjuntivo fibroso denso e servem de


estrutura básica de ligação entre músculos e ossos. São compostos por unidades
longitudinais denominadas fascículos, compostos de fibrilas de colágeno Tipo I e
matriz de proteoglicanos, fibras elásticas, íons e água. O feixe tendíneo primário
caracteriza-se pela junção de feixes de fibrila colagenosa, entre fileiras de
fibroblastos e circunscritas por seus processos anastomóticos (McILWRAITH, 2002).

Os problemas de deformidades flexurais dos membros já foram descrito muitas


vezes na literatura. Formas de tratamento foram documentadas pela primeira vez já
no século 5 D.C. no “Mulomedicina Chironis” que foi descrito por vegetius (AUER,
2006).

O termo deformidade flexural ou tendões contraídos tem sido usado para denominar
muitas deformidades flexoras nos membros, sendo um termo efetivo de se descrever
a afecção (McILWRAITH, 2002). As deformidades flexurais dos membros em
equinos são descritas como incapacidade dos animais em estender os membros por
completo. Várias estruturas anatômicas podem estar envolvidas, como por exemplo:
os tendões flexores, o aparelho suspensor, a cápsula articular, a fáscia da região,
ossos e pele (HUNT, 2003).

As alterações flexoras são mais comuns nas regiões distais dos membros, tendo
como as principais articulações afetadas a interfalângica distal,
metacarpo/metatarsofalangeana e carpo. As deformidades flexurais podem ser
classificadas em leves, moderadas e severas. Sendo a forma de tratamento
específica, de acordo com cada grau de alteração. Além dos graus, as deformidades
flexurais são divididas em congênitas e adquiridas, nas congênitas os potros nascem
23

com a alteração, enquanto que nas adquiridas os animais nascem sem alteração,
mas ao longo do desenvolvimento acabam desenvolvendo a alteração (AUER,
2006).

O objetivo desse trabalho é relatar o caso de deformidade flexural que foi atendido
durante o período de estágio supervisionado obrigatório.

2.2 Revisão de literatura

2.2.1 Patogenia

Inúmeros fatores estão relacionados com as deformidades flexurais congênitas, o


mau posicionamento no interior do útero, por exemplo, contudo em potros com
tamanho normal isso é pouco provável; toxina teratogênica ingerida durante a
prenhez; agentes infecciosos (vírus da influenza) e fator genético indeterminado.
Trata-se de uma síndrome multifatorial e estudos maiores precisam ser
desenvolvidos para sabermos qual a causa verdadeiramente (HIGGINS, 2006;
McILWRAITH, 2002; AUER, 2006).

Uma hipótese etiológica da síndrome pode ser a instabilidade das articulações


envolvidas junto às más-formações ósseas que resultam em contração muscular
compensatória. As deformidades congênitas são identificadas ao nascimento do
animal e são de causa desconhecida. Segundo AUER (2006), ao avaliar 608 fetos e
potros recém-nascidos, 20% desses animais apresentavam algum tipo de
deformidade flexural ou angular.

As deformidades flexurais adquiridas desenvolvem-se até dois anos de idade. As


articulações que estão na maioria das vezes envolvidas são: interfalângica distal, a
articulação metacarpofalangeana e o carpo. A deformidade flexural da articulação
interfalangeana distal é observada geralmente entre 3 e 6 meses de idade, no carpo
é observada entre 1 e 6 meses e na articulação metacarpofalangeana ou
metatarsofalangeana mais tardiamente, entre 9 a 18 meses (HUNT, 2003).

Estes tipos de deformidades são as que apresentam maior incidência, manifestando-


se, em geral, a partir da desmama e acometendo os membros dos potros
(THOMASSIAN, 2005).
24

O desenvolvimento destas contraturas está muitas vezes atrelado à dor. Qualquer


aparecimento de dor em um membro irá começar com um reflexo de flexão para a
retirada do membro do solo, que faz a contração dos músculos flexores e posição
alterada da articulação. A dor pode se originar de fisite, osteocondrite dissecante,
artrite séptica, ferimentos nos tecidos moles ou infecções dos cascos. A dor
originária das fises ósseas resulta em distribuição imprópria da carga de peso sobre
o membro, podendo iniciar com contração muscular secundária e diminuição das
unidades musculotendíneas (HUNT, 2003; McILWRAITH, 2002).

O crescimento ósseo acelerado é determinado pela genética e nutrição. Os animais


podem ser suplementados a base de concentrado em excesso e pela égua na
amamentação. Tem se sugerido que as deformidades adquiridas fazem parte do
complexo de doença ortopédica do desenvolvimento (DOD). Em qualquer processo
inflamatório que provoque dor, com prolongada flexão do membro pode levar ao
surgimento desta afecção (AUER, 2006; HUNT, 2003).

2.2.2 Sinais clínicos

Muitos potros nascem com leve deformidade flexural, acarretando discreta flexão
que se resolve nas primeiras horas de vida. Nestes casos, a deformidade flexural é
bilateral, ou acomete os quatro membros. A alteração que acontece no tendão flexor
digital superficial resulta em posicionamento vertical das articulações; se os tendões
flexores profundos estiverem envolvidos os talões estarão em elevação. Em casos
graves, as articulações não poderão ser reposicionadas (WAGNER, 1994).

Em geral as articulações mais afetadas na deformidade congênita é a articulação


metacarpofalangeana e o carpo. Nas deformidades da articulação
metacarpofalangeana o potro é capaz de ficar em estação, mas “ajoelham-se” sobre
o membro. Em casos graves em que os potros apoiam a coroa do casco ao solo,
não só o tendão flexor digital superficial pode estar envolvido, mas também o tendão
flexor digital profundo e o ligamento suspensor do boleto (McILWRAITH, 2002).

A articulação do carpo é outro local onde a deformidade pode ser diagnosticada.


Alguns potros conseguem ficar em estação, mas se “dobram” para frente na região
do carpo, realizando hiperflexão desta articulação. Enquanto que em casos severos
os potros não são capazes de permanecer em estação. Em casos de deformidades
25

no carpo é difícil afirmar o envolvimento de apenas uma estrutura envolvida, mas


frequentemente parece ser uma contratura na fáscia cárpica do ligamento palmar
(AUER, 2006; McILWRAITH, 2002).

Deformidades nas articulações escápulo-umeral, coxofemoral ou femorotibial podem


ocorrer em combinação com outras anomalias esqueléticas congênitas (HUNT,
2003).

Clinicamente existem duas manifestações distintas, a deformidade flexural da


articulação interfalangeana distal ou contratura do tendão flexor digital profundo e a
deformidade flexural da articulação metacarpofalangeana ou contratura do tendão
flexor digital superficial (McILWRAITH, 2002).

A contratura do tendão flexor digital profundo resulta em um talão aumentado e


apoio em pinça. A alteração pode progredir e o ângulo entre a parede dorsal e o solo
passa de 90 graus, sendo que os talões e a ranilha não encostam mais no solo.
Essa deformidade é dividida em estágios, sendo o Estágio I quando a superfície
dorsal do casco não ultrapassa a linha vertical, e quando isso ocorre a deformidade
é classificada em Estágio II, chegando o animal, em alguns casos, apoiar por
completo sobre a superfície dorsal do casco (HIGGINS, 2006; McILWRAITH, 2002)

O Estágio I da contratura do tendão flexor digital profundo tem relação com o


encurtamento relativo da unidade musculotendínea flexora digital profunda. No
Estágio II há comprometimento da cápsula articular e outras estruturas
periarticulares, podendo gerar uma anquilose irreversível se não corrigida
imediatamente. Essas deformidades podem progredir rapidamente e o animal passa
a caminhar sobre a pinça. Em casos mais crônicos os talões mantêm contato com o
solo, porém crescem excessivamente em comprimento (McILWRAITH, 2002).

A deformidade flexural da articulação metacarpofalangeana é caracterizada pela


projeção dorsal do boleto e o casco permanece em sua posição normal. O ângulo
articular passa de 135 graus no animal normal para 180 graus ou mais em um
animal acometido. Em geral há contratura de ambos os tendões flexores, tanto o
profundo quanto o superficial e em casos crônicos há comprometimento do
ligamento suspensor do boleto pelas alterações na articulação e nos ossos. Essa
26

deformidade é mais frequente em animais de um a dois anos de idade


(McILWRAITH, 2002).

2.2.3 Diagnóstico

A avaliação radiográfica tem sido indicada para determinar a existência de


alterações ósseas associadas. Existem exceções, como em potros com contraturas
severas ou com deformidade nas articulações envolvidas, visto que com o passar do
tempo pode haver osteíte podal pelo inadequado suprimento sanguíneo devido à
falta apoio sobre o membro atingido (PROVOST, 2006).

As características demonstradas por potros com deformidades flexurais facilitam o


diagnóstico em muitos casos. Deve ser feita uma pressão manual na articulação
acometida, com intuito de voltá-la para a posição anatômica, voltando-a a sua
posição isto é um bom indicador do prognóstico e pode ajudar na decisão da
conduta terapêutica (SANTOS et al,2013).

A palpação cuidadosa dos membros afetados, com apoio de peso e flexionados


deve ser realizada, para se determinarem quais das estruturas estão envolvidas na
deformidade, em especial naquelas associadas às articulações acometidas,
tornando o exame de fundamental importância para a escolha do tratamento
(McILWRAITH, 2002).

Radiografias da articulação metacarpofalangeana se fazem necessárias antes de


iniciar o tratamento para detecção de alterações secundárias que possam alterar o
prognóstico. No caso da articulação interfalangeana distal, o diagnóstico é baseado
na observação e palpação do tendão flexor digital profundo com o membro em
extensão, no exame radiográfico podem-se identificar angulações articulares
anormais e em casos crônicos remodelação óssea da terceira falange e alterações
secundárias na articulação, interferindo desta maneira no prognóstico (HIGGINS,
2006).

2.3 Tratamento

O tratamento varia conforme o grau de comprometimento da articulação. O


casqueamento e a colocação de ferraduras corretivas com extensão de pinça são
utilizados quando o TFDP estiver envolvido. Com o objetivo de evitar o desgaste da
27

pinça e atrasando o momento da saída do casco do solo, além de induzirem o


reflexo miotático inverso e relaxamento dos músculos flexores causando menor
tensão sobre os tecidos moles da região falangeana (THOMASSIAN, 2005;
McILWRAITH, 2002).

A correção nutricional é de fundamental importância de modo que mantenha a


quantidade necessária de nutrientes para o desenvolvimento normal do esqueleto
e da ossificação endocondral, a alimentação deve ser regulada assim que for
diagnosticada a deformidade (CORRÊA et al., 2007).

A fisioterapia é importante no tratamento, no entanto deve se ter cuidado com a


carga de exercício (Caminhada) que vai aplicar, pois pode ter o desgaste
excessivo dos cascos e ou tecidos moles adjacentes, ocasionando um processo
séptico (AUER, 2006).

O tratamento para as deformidades flexurais moderadas é baseado em posicionar


a superfície palmar/plantar no solo, dessa maneira o peso do animal estende a
estrutura do flexor. O uso de talas é útil para reposicionar o membro corretamente,
porém requer atenção, pois podem exercer extrema tensão nos tecidos moles e
na pele causando assim pontos de isquemia e consequente necrose (REED et al.,
2004).

Os materiais utilizados para confeccionar as talas podem ser canos plásticos ou


de PVC, em geral com 10 cm de diâmetro. Junto as talas é feita uma bandagem
na qual é colocada algodão pra diminuir o atrito das talas com a pele e tecidos
moles adjacentes, a tala deve ficar posicionada na região palmar ou plantar.
(McILWRAITH, 2002; AUER, 2006).

O uso de analgésicos é de extrema importância, porém em relação ao uso de anti-


inflamatórios não esteroidais (AINEs) deve-se ter cuidado, pois seu uso excessivo
pode levar ao aparecimento de ulcera gástrico. Os AINEs mais utilizados são
fenilbutazona (1,1 mg/kg/IV) durante 3 ou 4 dias, cetoprofeno (2 mg/kg/IV) com
duração de 4 a 5 dias. A ranitidina tem sido associada ao tratamento como protetor
gástrico (HIGGINS, 2006; CORRÊA et al., 2007; AUER, 2006).

A oxitetraciclina intravenosa de 40 a 50 mg/kg ou 3g independente do peso, diluída


em um fluido de glicose 5%, ocasiona o relaxamento dos músculos e pode ser
28

utilizada no tratamento precoce das deformidades. O mecanismo de ação tem


relação com a quelação do cálcio. A oxitetraciclina tem a propriedade de bloqueador
neuromuscular, causando assim o relaxamento dos tendões flexores (McILWRAITH,
2002; REED et al., 2004).

O uso da droga se faz mais eficaz nos três primeiros dias de vida e a dose, embora
alta, é segura para potros saudáveis e pode ser repetida com intervalo de 24 a 48
horas. Caso o paciente apresente diarreia, o tratamento deve suspendido
imediatamente. Os membros não afetados devem ser monitorados, visto que todos
sofrem relaxamento com o uso da tetraciclina. A descontinuação da terapia com o
antimicrobiano antes do membro afetado estar normal, depois do potro conseguir
apoiar o peso sobre o membro é comum, devido à piora no relaxamento dos
membros normais (REED et al., 2004).

A decisão do clinico em utilizar a intervenção cirúrgica é indicado nos casos em que


já se foi utilizado os métodos conservativos e não se obteve resultados. Já a
indicação cirúrgica imediata quando é necessária evita o desenvolvimento de
alterações articulares em casos moderados e graves (McILWRAITH, 2002).

3. CASO CLÍNICO

Relato de caso de um animal com deformidade flexural congênita no membro


anterior esquerdo, com contratura do TFDS e alteração da articulação
metacarpofalangeana. Esses tipos de alterações estão se tornado cada vez mais
corriqueiro na rotina dos médicos veterinários de equinos, existem vários fatores que
podem vir a desenvolver esse tipo de afecção e uma das principais causas para
essa enfermidade são as alterações genéticas e dietas hipercalóricas.

3.1 Anamnese

O veterinário do hospital veterinário de grandes animais atendeu na propriedade


uma potra da raça Mangalarga Machador, fêmea, com um mês de idade, pesando
68 kg. O proprietário relatou que o paciente nasceu normal (com todos os membros
apoiados normalmente), mas após dois dias o membro anterior direito (MAD)
começou a ficar flexionado, deslocando-se dorsalmente. Ainda segundo o
proprietário a mãe da paciente já pariu três potros com o mesmo problema flexural
29

(contratura de tendão). O proprietário relatou também que os outros equinos da


propriedade estavam apresentando um corrimento nasal.

Figura 9 – Imagens do paciente. Esquerda: paciente com 60 dias de vida na propriedade; Direita:
paciente na sala de indução anestésica, no momento do pré-cirúrgico. Fonte: Arquivo pessoal

4. RESULTADOS

4.1 Tratamento clínico

Na propriedade o médico veterinário iniciou o tratamento conservador, fazendo a


utilização de tala com cano de PVC e bandagem a fim de relaxar o tendão. Foram
feitos 5 dias de bandagens e não foi observada melhora clínica, optou-se então por
fazer aplicação de oxitetraciclina IV lento, diluído em um fluido NaCl 0,9%, na dose
de 3g, com intervalos de 3 em 3 dias. Contudo, também não obteu-se sucesso
satisfatório, sendo o paciente encaminhado ao Hospital Veterinário do INTA-
UNINTA, Setor de Grandes Animais.

4.2 Exame físico

Ao chegar no hospital veterinária de grandes animais foi feito um exame físico onde
o paciente estava com FC: 86, FR: 42, TPC: 2 segundos, mucosas: róseas, pulso
digital: ausente, temperatura retal: 38.4 cº, movimentos intestinais normais em todos
os quadrantes.
30

4.3 Exame complementar

Logo após o exame físico foi feito a coleta de sangue para a realização de
hemograma completo, os valores encontrados no eritrograma estavam todos dentro
dos valores de referência, já no leucograma verificou-se uma leucocitose por
neutrofilía e linfocitose discreta, o que caracteriza uma possível infecção bacteriana,
que corrobora com o histórico de que na propriedade outros animais apresentavam
os sinais clínicos compatíveis com alterações no sistema respiratório.

4.4 Tratamento cirúrgico

Foi realizado uma tranquilização com o paciente ainda na baia, com acepromazina
(0,05 mg/kg/IM), após isso o paciente foi encaminhado para a sala de indução
anestésica, onde realizou-se sedação com detomidina (0,03 mcg/kg/IV), e indução
com cetamina (2 mg/kg/IV), associado a diazepam (0,1 mg/kg/IV). Com o paciente já
em decúbito lateral foi realizado a tricotomia do terço distal do carpo até a coroa do
casco em todas as faces. Após a tricotomia foi colocado em decúbito lateral
esquerdos na mesa operatória e realizado um bloqueio perineural com lidocaína (2
mg/kg) no plexo braquial. O procedimento de antissepsia foi feito com álcool 70%,
clorexidina 2% e clorexidina alcoólica.

Foi feito um torniquete desde a coroa do casco em sentido dorsal e fixado no terço
ventral do radio, a fim de retirar o sangue dos vasos para diminuir a quantidade de
sangue no campo operatório. A incisão de pele foi feita do lado lateral do terço
médio do metacarpo de aproximadamente 3-4 cm, depois foi feita a divulsão para
separação do tendão flexor digital profundo em relação ao tendão flexor digital
superficial. Na sequencia foi feito a exteriorização do TFDS, no qual este foi
seccionado. A sutura de subcutâneo foi feita com fio de poliglactina nº 0, com padrão
Cushing, enquanto que na pele a sutura foi feita com fio de náilon nº 0-1, com
padrão simples separado.
31

Figura 10 – Vista radiológica látero-medial do membro acometido. Fonte: Arquivo pessoal

Figura 11 – Imagem do transcirúrgico, demonstrando o momento de exposição do TFDS. Fonte:


Arquivo pessoal
32

No pós-cirúrgico realizou-se uma bandagem compressiva com a utilização de tala do


terço dorsal do metacarpo até a cora do casco, a mesma era trocada a cada dois
dias, a limpeza da ferida cirúrgica era feita apenas com solução NaCl 0,9%. A
antibioticoterapia foi feita com penicilina (pentabiótico reforçado) na dose 30.000
U.I./kg, IM de 24/24 horas, também foi administrado meloxicam (maxicam) na dose
de 0,6 mg/kg, IM de 24/24 horas e também soro anti-tetânico distribuído em duas
doses, a primeira no dia da cirurgia e outra dose 5 dias após. O paciente foi
submetido a fisioterapia, mediante caminhada duas vezes ao dia com duração de 10
minutos cada, durante 8 dias. O exame físico era feito duas vezes ao dia e o
paciente se manteve sempre dentro dos parâmetros fisiológicos.

Figura 12 – Esquerda: 15 dias após cirurgia. Direita: Imagem radiográfica na posição látero-medial
realizada imediatamente após a cirurgia. Fonte: Arquivo pessoal
33

5. CONCLUSÃO

As deformidades flexurais congênitas em equinos ainda não estão totalmente


elucidadas em sua etiologia, fazendo-se necessários maiores estudos na área.
Enquanto que nas deformidades flexurais adquiridas sabe-se que o principal fator
que pode levar o potro a desenvolver essa afecção é a administração de dietas
hipercalóricas, fazendo com que o potro ganhe muita massa muscular em pouco
tempo de vida.

Sabe-se ainda que a dor seja ela óssea, articular, tendínea ou ligamentar é o que
leva o potro a passar um período mais prolongado com o membro sem apoiá-lo
totalmente ao solo e isso provoca uma possível deformidade flexural adquirida.

Os meios de diagnóstico baseiam-se nas técnicas de semiologia, como: inspeção


para identificar qual articulação esta envolvida, graus de claudicação; palpação das
estruturas tendíneas, avaliar a tensão de cada tendão tanto com o animal em
estação e com o membro flexionado. Em contraturas com graus mais severos
devemos utilizar exame radiográfico com o intuito de identificarmos a presença da
estrutura óssea envolvida com a contratura. Sendo possível assim determinarmos o
prognóstico do caso.
34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUER, J.A. Equine Surgery. 3. ed. St Louis: Elsevier, 2006. (seção. XII).
CORRÊA, R. R.; ZOPPA, A. L. V.; Deformidades flexurais em equinos:
revisão bibliográfica. São Paulo, 2007.

HIGGINS, Andrew. The Equine Manual. 2. ed. St Louis: Elsevier, 2006.


HUNT, R. J. Flexural Limb Deformity in foals. In: ROSS, M. W.; DYSON, S. J.
Diagnosis and management of lameness in the horse. Philadelphia: Saunders, 2003.
p. 562-565.
MOURA, Raiany Resende et al. DEFORMIDADES FLEXORAS DOS MEMBROS
PÉLVICOS EM POTRO: RELATO DE CASO. Revista Científica Univiçosa:
Revista Científica Univiçosa, Viçosa-mg, v. 9, n. 1, p.741-746, 2017. Anual.
Disponível em:
<https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/downlo
ad/860/971>. Acesso em: 24 abr. 2019.
McILWRAITH, C. W. Doenças das Articulações, Tendões, Ligamentos e
Estruturas Relacionadas. In: STASHAK, Ted.Claudicação em Equinos segundo
Adams. 4. ed. São Paulo: Roca, 2002. p. 350-497.

PROVOST, Patricia. Noninfectious Musculoskeletal Problems. In: PARADIS, Mary.


Equine Neonatal Medicine. Filadélfia: Elsevier, 2006. p. 157-164.

REED, Stephen M.; BAYLY, Warwick M.; SELLON, Debra C. Equine Internal
Medicine. St Louis: Elsevier, 2004.

SANTOS, F. C. C.; NOGUEIRA, C. E. W; Estudo de casos sobre


d efo rmid ad e fl exu r al co ng ênita em po tro s. Pelot as: A Hora
Veterinária, 2013.

THOMASSIAN, A. Deformidades flexurais dos membros. In: _____. Enfermidades


dos cavalos. 4. ed. São Paulo: Varela, 2005. p. 139-157.

WAGNER, P. C. Deformidades flexurais dos membros (contraturas tendinosas).


In: SMITH, B. P. Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. São Paulo:
Manole, 1994. p.1172-1176.
35

7. ANEXOS

Você também pode gostar