Educação Inclusiva 1
Educação Inclusiva 1
Educação Inclusiva 1
RESUMO: A educação inclusiva pode ser definida como uma prática para todos? A
construção de uma sociedade inclusiva vai além da teoria. A importância da inclusão está
relacionada com o respeito à diferença; somos diferentes uns dos outros, eis o ponto que
nos torna iguais. A inclusão escolar é uma realidade e vai além de uma simples matrícula,
existe toda uma complexidade, exige um novo olhar dos nossos legisladores, um novo
modelo organizacional, professores comprometidos, valorizando as diferenças, visando
uma educação voltada para a igualdade. Vários documentos foram criados, mas os direitos
ainda não são efetivos, várias barreiras impedem a concretização da inclusão. Desta forma
o objetivo deste artigo é discutir a construção de uma escola inclusiva, e para fundamentar
nossas reflexões sobre inclusão serão estabelecidos diálogos teóricos com os seguintes
autores: Sassaki (1997), Stainback e Stainback (1999), Libâneo (2001), Mittler (2003),
Mantoan (2003,2004,2006). Sob a iluminação desse referencial, e outros que poderão ser
acrescentados nos possibilitará discutir o processo de inclusão, visando à igualdade na
diferença.
Palavras-chave: Inclusão; escola; educador; diferença; igualdade.
1
Eldinea Gonçalves de Souza: Pedagoga formada pela Faculdade Reunida Instituto de Ensino Superior
de São Paulo.
2
Elza Barbosa Guimarães: Formada em Letras na FECLU – Faculdade de Educação, Ciência e Letras
de Urubupungá.
3
Maiara Soares Porto: Formada em Educação Física pela Fundação Educacional de Andradina.
4
Maria Cristina Zecchinel Urbano: Formada em Pedagogia pela UNIP – Universidade Paulista.
5
Maria Socorro da Silva Santos: Formada em Pedagogia na FECLU – Faculdade de Educação, Ciência
e Letras de Urubupungá.
6
Luciene de Souza Vanin: Formada em Pedagogia pela Faculdade reunida Instituto de Ensino Superior
de São Paulo.
48
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
PRIMEIRAS PALAVRAS
INTRODUÇÃO
Em consonância com Mittler (2003) quando diz que a educação inclusiva deve ser
um ambiente que aceite as minorias sociais, independente de sua cor, classe, gênero, etnia
ou limitações individuais, e deve atender ao princípio de aceitação das diferenças.
O aluno com necessidades especiais tem o direito de ser igual, mas quando
manifesta suas necessidades, ele tem direito de ser ouvido, tem direito à educação,
destinada a todos.
A escola regular, de maneira geral, não foi nem é planejada para acolher a
diversidade de indivíduos, mas para a padronização, para atingir os objetivos educativos
daqueles que são considerados dentro dos padrões de “normalidade” (IMBERNÓN, 2000
apud MARTINS, 2006, p. 17).
Muitas escolas estão apenas recebendo alunos com necessidades especiais,
obedecendo à Lei n°. 9.394/96 (LDB, art. 4º, III) que estabelece que o atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência deve ser realizado,
preferencialmente, na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996).
Segundo Fontes (2005), a história da educação no Brasil foi marcada pela
exclusão. Desde a colonização, os alunos eram diferenciados de acordo com a classe
social. As oportunidades eram para poucos e somente a elite tinha acesso a uma escola de
qualidade. Hoje, século XXI, diante da realidade, a escola não pode continuar excluindo,
negando o que acontece ao seu redor, anulando as diferenças. A escola
50
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
inclusiva não escolhe ou diferencia, ela valoriza o ser e aprende a conviver, livre de
preconceitos.
Como diz Mantoan (2006, p. 16), “Se o que pretendemos é que a escola seja
inclusiva, é urgente que seus planos se redefinam para uma educação voltada para a
cidadania global, plena, livre de preconceitos, que reconheça e valorize as diferenças”.
Para Libâneo (2001), a escola precisa assumir que também é seu papel ensinar
valores e atitudes, sob o ponto de vista de um comportamento ético, no que se refere à
vida, ao ambiente e às relações humanas. Assim, o professor precisa apresentar um
esforço contínuo no exercício da docência sem preconceitos.
Sendo assim Martins (2006, p.20) estabelece que:
51
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
mas tem seus pontos fortes. Cabe à escola assegurar um processo educativo coerente às
necessidades educacionais de todos os seus alunos.
Segundo Mantoan (2006), a inclusão questiona não apenas políticas e organização
da educação, mas também o conceito de integração. A autora diz que a inclusão é
incompatível com a integração, pois prevê a inserção escolar de forma radical, completa
e sistemática.
A escola, em sua tradição, tem sido apontada como uma organização que
estabelece critérios seletivos, em conseqüência de um enfoque homogêneo de aluno.
Consequentemente, o aluno que não se adapta ao sistema fica à margem do processo
educativo.
52
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
Entendemos que existe uma resistência por parte dos professores quanto ao novo,
pois a maioria dos professores tem uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça
romper a tradição causa rejeição e questionamentos.
Mittler (2003) afirma que o ato de educar depende do trabalho diário dos
professores em sala de aula, ou seja, professores conscientes de suas ações, escolas
planejadas de acordo com linhas inclusivas e que sejam apoiadas pelos governantes, pela
comunidade local, pelas autoridades educacionais locais e, acima de tudo, pelos pais.
53
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
um problema, devemos proporcionar sucesso escolar. Por fim, em vez de pressupor que
o aluno deve ajustar-se a padrões de “normalidade” para aprender, aponta para a escola
o desafio de ajustar-se para atender à diversidade de seus alunos.
Para Mantoan (2003), falar de inclusão, em nossa sociedade, é um desafio, pois a
inclusão deve romper com os estereótipos que sustentam o tradicionalismo das escolas,
superando o sistema tradicional de ensinar, questionando “modelos ideais” e a
normalização de perfis específicos de alunos.
A escola inclusiva direciona sua metodologia de ensino para a quebra de
preconceitos, não diferenciando o saber pedagógico, mas reforçando os mecanismos de
interação e integração.
De acordo com Mittler (2003), a inclusão vai além de simplesmente colocar uma
criança na escola. É preciso criar um ambiente onde todos possam desfrutar o acesso e o
sucesso no currículo e tornarem-se membros totais da comunidade escolar e local, sendo,
desse modo, valorizados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão escolar é tema para várias discussões e reflexões, sendo que a maior
dificuldade está na conscientização de que a inclusão é uma realidade e precisa ser
reconhecida como direito do outro. As escolas precisam parar de querer padronizar o
aluno. Precisamos trazer o “diferente” para o convívio social, trabalhar conceitos, valores
morais, enfim, resgatar a cultura do ser, restabelecendo as relações.
A nosso ver, a inclusão é um processo que se encontra em constante construção,
as barreiras estão diminuindo, pois padrões tradicionais estão sendo rompidos.
Acreditamos que o sistema escolar deve atender às diferenças sem discriminar,
assegurando ao aluno especial a participação no processo ensino aprendizagem.
A diversidade enriquece pelo simples motivo de se aprender com o diferente.
Repensar o papel da escola e da sociedade para construir uma sociedade inclusiva é dever
de todos. Educação inclusiva implica em mudança, possibilitando maior equidade e
abrindo novos horizontes, para que ocorra o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.
A inclusão denuncia o distanciamento entre a escola que temos e a escola ideal,
revela-nos que ações precisam ser revistas. A escola do futuro depende de toda a
comunidade escolar em formar gerações livres de preconceitos, propostas pedagógicas
54
REUNI (2012), Edição V, 48-56
2012, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925
http://reuni2.unijales.edu.br/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna, 2003.
MARTINS, Lúcia Araújo Ramos, PIRES, Gláucia Nascimento da Luz, MELO, Francisco
Ricardo Lins Vieira de. (Org.) Inclusão: compartilhando Saberes. 2. ed. Petrópolis. R.J.:
Vozes, 2006.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3.ed. Rio
de Janeiro: WVA, 1999.
56