Apostila - Modelo Vivo
Apostila - Modelo Vivo
Apostila - Modelo Vivo
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MODELO VIVO
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isso ele vai identificando que ângulo uma determinada parte da cor apresenta em relação à outra, em
que pontos determina partes do corpo coincide em relação à outra.
O quinto pré-requisito é saber identificar as áreas vazias que se apresentam em volta e
entre os membros do corpo, que seriam as áreas cheias. Essas áreas são chamadas de espaço
positivo e espaço negativo e é importantíssimo para quem deseja representar a figura humana de
uma forma mais natural. Esse processo deve ser feito primeiramente com imagens de revistas e
posteriormente com modelo vivo.
Quanto ao desenho do modelo vivo, é importante que o artista considere algumas
observações preliminares a respeito desta prática. Um dos grandes críticos de arte e filósofo do
século XVII, Denis Diderot, comenta em um de seus livros “Ensaios Sobre a Pintura”, que o desenho
da figura humana a partir de um modelo vivo é uma etapa importante dentro do processo de
aprendizagem, pois muitos artistas acabam estereotipando movimentos peculiares de algumas ações
humanas. Segundo Diderot, as posições que um modelo desempenha são falsas, frias e ridículas,
uma coisa é uma atitude outra é uma ação. Para ele a atitude de uma pessoa puxando água é
totalmente diferente da ação verdadeira, e que isso pode ser notado pela expressão do rosto e nas
tensões musculares do corpo. Diderot propõe como última etapa e que deve ser constantemente
praticada no aprendizado do desenho da figura humana, é a representação de pessoas de diferentes
condições sociais, idade, sexo e estados emocionais em atividades habituais, seja nas ruas, praças,
clubes, no lar, etc.
Há pessoas que preferem uma especialidade de desenho da figura humana, com o rosto,
pés, mãos, corpo, etc. e não se dedicam ao desenho integral da figura. Outros se dedicam ao estudo
dos movimentos e posições do corpo como um todo e só depois ir se dedicando as particularidades
de cada membro, como as mãos, pés e rosto. Este é o processo mais recomendado.
Para estudo do corpo humano, deve-se levar em conta que ele é uma estrutura, isto é, um
conjunto de elementos com diferentes funções. Estes elementos estão organizados de tal modo que o
deslocamento de um, em um determinado movimento implica no movimento de outros. Para que se
possa compreender melhor estes movimentos, deve-se observar e estudar as articulações ósseas, a
partir dos principais ossos. Para isto o aluno pode criar um esqueleto simplificado à sua maneira e
fazer esboços de pessoas nas mais diferentes situações. Podem ser usadas revistas, esculturas,
boneco de madeira e modelo vivo. Após exercitar bem esta parte, o aluno deve ir acrescentando
volume muscular de forma simplificada aos ossos e exercitar o sombreamento de cada parte.
Um outro aspecto importante do rosto humano é que as partes estão tão integradas entre si,
que se modificarmos alguma delas, conseqüentemente, estaríamos afetando todas as estruturas,
tornando a pessoa desenhada, totalmente despersonalizada. Deve-se, pois, caso o desenho pretenda
ser realista e não uma caricatura ou outra forma de expressão artística, ser o mais fiel possível à
pessoa retratada.
Um dos membros humanos que merece toda uma dedicação especial é as mãos, primeiro
por ser muito expressivo e segundo por ser a parte mais difícil de desenhar do corpo humano. Muitos
artistas por não saberem representá-la ou acharem demorado a sua criação a omitem ou camuflam
de seus personagens, tanto em desenhos, pinturas e até esculturas, o próprio Rodin deixava as mãos
de suas esculturas para serem feitas por sua assistente Camille Claudel.
Mas esse não deve ser um obstáculo para quem quer realmente aprender a desenhar a
figura humana, pois hoje o desenho, a pintura e a escultura não são vistas como um espelho, que
devolve ao homem sua própria imagem. Isto se deve e muito ao surgimento da fotografia no século
XIX. O artista desde então, adquiriu a liberdade de retratar a figura humana à sua maneira.
O modo mais fácil de imaginar a cabeça é imaginá-la de uma forma oval e traçar linhas
verticais e horizontais para demarcar a posição dos olhos, boca, nariz e orelhas. Esta medida tem
como objetivo, familiarizar-se com as posições de cada uma das partes do rosto do humano, e não
serem tidas como absolutas, pois nem toda pessoa tem, por exemplo, tem a medida de um olho entre
um olho e outro, e também nenhum lado do rosto é igual ao outro. Após definir posições das partes
do rosto, deve-se estudar cada parte exaustivamente, buscando exemplos de pessoas de diferentes
raças, sexo e idade.
Um problema muito comum entre aqueles que começam.
Por fim, ao retratar a figura humana o aluno deverá sempre ter um olho crítico, pois estará
observando uma obra de arte perfeita, em formas, expressões e movimentos. E por mais que ele a
estude e a retrate ele nunca irá chegar a perfeição do artista maior que é Deus.
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A FIGURA HUMANA
A Figura Humana tem sido objeto de
representação desde que o homem descobriu a
possibilidade de registrar imagens por meio de desenhos,
pinturas ou esculturas. Contudo o modo de ver e
representar esse tema tem se modificado ao longo do
tempo, como conseqüência da visão de mundo de cada
época e do desenvolvimento da ciência e das técnicas.
Estes diferentes modos de representação da figura
humana foram se desenvolvendo, enriquecendo-se,
proporcionando assim inúmeras possibilidades de
expressão.
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cânones do corpo humano. Contudo, para perfeita compreensão,
devem os estudos ser feitos diretamente do modelo-vivo, ao natural.
Geralmente, serve a cabeça de modulo para medir mais ou menos a
altura do individuo. A medida da altura corresponde a 7 cabeças e
meia. Isto é, a altura do individuo compreende a altura da cabeça 7½
vezes. O tronco abrange três alturas da cabeça. Os membros
inferiores, quatro alturas. Mas como se superpõem, tronco e
membros de uma altura de meia cabeça, segue-se que a altura total,
excluída a própria cabeça, é de 6 ½ alturas de cabeça. Em síntese:
com a soma da altura da própria cabeça, temos o total, geralmente
admitido, de 7 ½ cabeças (MEDEIROS, 1966, p. 47-49).
Os cânones de medida da figura humana que são utilizados com padrão, com
podemos perceber o texto do autor, não devem ser tomados como regras absolutas, ou
como as “medidas corretas”, ou como ideal de beleza. Por um lado, as pessoas são muito
diferentes umas das outras. Algumas são magras, outras são gordas, algumas baixas,
outras altas. Além dessas variações, os padrões de beleza mudam de uma época para
outra: atualmente as mulheres consideradas bonitas são altas e magras, mas no século XIX
elas deveriam ser mais cheias e como as banhistas pintadas por Renoir. Por outro lado, as
medidas utilizadas também dependem do estilo do artista, da imagem e do significado que
ele quer dar à sua obra.
Outro aspecto que
precisamos observar é que as
medidas variam de acordo com a
idade da pessoa. O cânone descrito
é apropriado para uma pessoa
adulta. As medidas de altura em
crianças e jovens, em geral, variam
pouco entre aqueles que têm a
mesma idade. Uma criança de 1
ano tem 4 cabeças de altura, de 3 a
4 anos tem 5 cabeças, de 5 a 8
anos tem 6 cabeças, mais ou
menos.
Além dos cânones de
medidas, também foram realizados
estudos sobre a perspectiva aplicada à figura humana. Segundo Parramón, “este
conhecimento pode resumir-se em quatro fatores:
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ARTICULAÇÕES
O corpo humano é uma estrutura, Isto é, um sistema de elementos com várias
funções.
Nossos ossos são cerca de duzentos, mas consideremos a pessoa como tendo só
seis partes rígidas, unidas por articulações. Essas seis partes são:
Cada uma dessas partes tem ossos e articulações proporcionais entre si.
1) Articulação da cabeça.
2) Articulação dos ombros.
3) Articulação da bacia.
4) Articulação do cotovelo e do joelho.
5) Articulação das mãos e dos pés.
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NORMAS PARA DESENHAR
COM MODELOS VIVOS OU DE CÓPIAS
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Lápis é um instrumento utilizado para escrita, desenho e pintura. É composto por um
bastão fino de grafite inserido num cilindro de madeira.
Duros Médio
• Lápis 8H - usado para litografia. • Lápis HB
• Lápis 7H
• Lápis 6H
• Lápis 5H
• Lápis 4H
• Lápis 3H
• Lápis 2H
• Lápis H
Macios
• Lápis 1B ou B
• Lápis 2B - é um tipo de lápis semi-macio usado para desenho.
• Lápis 3B - usado para definição de meio tom. Ideal para representação da textura da pele
• Lápis 4B
• Lápis 5B
• Lápis 6B - é um tipo de lápis (ou grafite) com ponta macia adequado para desenho. Ele tem
ponta mais macia que o 5B, que o 4B e assim por diante. É muito usado para taquigrafia.
• Lápis 7B
• Lápis 8B
• Lápis 9B
Legenda
• Por "H" entende-se "Hard" - uma mina dura.
• Por "B" entende-se "Brand" ou "Black" - uma mina macia ou preta.
• Por "HB" entende-se "Hard/Brand"- uma mina de dureza média.
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Um breve percurso pela história do Modelo Vivo no Século XIX
(Princípios do método, a importância de Viollet Le Duc e o uso da fotografia)
Ao longo de sua trajetória no século XIX, o modelo vivo. Há a curiosa anedota do jornal
curso de modelo vivo adquiriu valores carioca que relata que os alunos de Romano
elevados e diferenciados nas principais trocavam o magro modelo em pose por uma
academias européias. Na academia francesa, figura idealizada no papel. Partindo do
notamos que o estudo do nu a partir do princípio de que a nota é verdadeira, nota-se,
modelo, inteiramente baseado nos princípios em primeiro lugar, a ineficácia do modelo e,
da Antigüidade Clássica, mantém, em termos conseqüentemente, a ausência de modelos
gerais, uma consolidada doutrina desde sua adequados que possam realizar o exercício.
implantação, ainda nos tempos de Colbert, até Tentativas foram feitas até mesmo no sentido
a primeira metade do século XIX. Estes de empregar escravos negros ou libertos, em
princípios da academia francesa, entre os quais razão de suas “formas artísticas”:
a imitação e estudo das anatomias perfeitas, o
aperfeiçoamento do desenho e a recuperação O senhor director recommendou novamente
das poses anteriormente provenientes das aos senhores professores não se descuidassem
estátuas, serão repassados às academias de procurar algum homem que queira servir
européias e adaptados às academias como modelo vivo, ainda que fosse hum preto,
americanas, seguidoras, por sua vez, do visto haver entre estes, individuos dotados de
modelo francês de ensino. formas artísticas. (Ata de 1/3/1837)
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Del Médico, que se tornava titular da recém- ao aluno um leque restrito de possibilidades.
criada cátedra de anatomia da Accademia di Segundo Vitet, o aluno fixava aquela pose na
San Luca em 1812, por influência da academia memória e tratava de repeti-la, com alguma
francesa em Roma, publica no ano anterior sua variação, nos seus personagens, tratando o
Anatomia per uso dei pittori e scultori, obra modelo vivo como uma espécie de “manequim
dedicada à academia italiana que trazia em seu de carne humana”, vestido diferentemente a
conteúdo os modelos da Antigüidade e a teoria cada cena representada.
de Winckelmann. Também utilizava o tratado
anatômico do francês Lavater, Élements O modelo vivo masculino constituía, desde a
anatomiques d’osteologie et de myologie à época da Academia real, a base do ensino na
l’usage des peintres et sculpteurs, de 1797, instituição e nos ateliês privados e,
embora o tratado de Del Medico fosse o mais principalmente, dos concursos trimestrais,
estudado junto a seu mestre, autor da obra, que semestrais e anuais. O modelo nu feminino
também criava o prêmio de encorajamento aos passará a ser admitido nos ateliês da escola na
alunos da classe da anatomia nos anos de 1813 década de 1880 e só será admitido nos
e 1814, incentivando o estudo do corpo concursos anuais a partir de 1939. Neste
humano. período, diante do modelo nu masculino, havia
aulas separadas entre artistas homens e artistas
Juntamente aos estudos anatômicos, a classe de mulheres. Para as aulas de modelo nu
modelo vivo, chamada Scuola Del Nudo, feminino, consideravam que homens e
aparecia na academia italiana, a exemplo da mulheres poderiam freqüentar conjuntamente.
academia francesa, com grande valor, mas Vejamos como se deram os passos para as
numa ordem um pouco diversa. Tommaso modificações destas aulas.
Minardi, professor de desenho da Accademia
di San Luca em 1823 e futuro professor de Viollet-le-Duc e a Reforma do Ensino
Vitor Meirelles em Roma, evoca não somente
a recuperação das esculturas do Quattrocento, Viollet-le-Duc apresentava, em 1863, um
mas igualmente, em razão da importância do plano de reforma contra a teoria do desenho
estudo do nu, a extensão dos estudos do natural segundo a tradição clássica, vale dizer as
em detrimento da idealização proposta pelo cópias realizadas a partir do antigo e classe
antigo, que ainda neste período era colocado sistematizada do modelo vivo. Seu plano
em primeiro grau na academia francesa. atacava diretamente esta prática, as ditas
Lorenzo Bartolini, professor de escultura na academias, onde os modelos pagos por hora
Accademia di Firenze em 1839, que a exemplo posavam em salas fechadas, cansados e
de Minardi pregava o uso dos gessos do repetitivos. Os alunos passavam desta prática
Quattrocento italiano, também evocava a às cópias das telas no Museu do Louvre, dando
importância do estudo do natural apresentando, continuidade à metodologia de ensino. Viollet
em 1840, um modelo deformado aos alunos, le Duc defendia a livre observação da natureza
criando grande polêmica no meio acadêmico, e o desenho de memória como o melhor
em contraposição às belas estátuas do Colosso aprendizado do verdadeiro. Retoma, desta
di Montecavallo ou de Laocoonte, maneira, a idéia de Lecoq de Boisbaudran, que
normalmente utilizadas nas classes. defendia o aprendizado do aluno através de
escolhas feitas diretamente na natureza. Lecoq
Embora a academia italiana tenha implantado de Boisbaudran, professor de desenho da École
algumas mudanças em relação ao sólido Imperial et Spéciale du Dessin, dita Pétite
método difundido pela academia francesa, École, desde 1841, ensinava a disciplina
veremos que na França, berço do sistema, as através do método de “gradação das
transformações concretas em relação à didática dificuldades nos exercícios”, isto é, por meio
acadêmica só começaram a acontecer, do desenho de memória, colocando o modelo
efetivamente, após as reformas iniciadas por em movimento. Seu método ficou conhecido
Viollet-le-Duc, na década de 1860. Já em em Paris principalmente através da publicação
1861, Ludovic Vitet, que naquele ano de sua obra, Éducation de la mémoire
publicava sua obra sobre a Académie Royale pittoresque, editada em 1862, onde discute seu
de Peinture et Sculpture, relatava que o curso método inovador:
de modelo vivo era um mau serviço, pois dava
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Quelques modèles étant été engagés pour não deixando de revelar, contudo, e cada vez
l’expédition; ils devaient marcher, s’asseoir, mais, o lado já saturado da profissão e as
ocurrir, se livrer enfin librement et constantes humilhações sofridas pelos
spontanément à divers mouvements; tantôt nus modelos. As modificações surgem
comme des faunes antiques, tantôt vêtus de principalmente na década de 1880, com a
draperies de différents styles et de diverses inclusão do modelo feminino. No entanto,
couleurs...Nos pauvres mercenaires de la junto às mudanças surgem outras questões.
pose, livrés à eux-mêmes dans ce milieu
vivifiant et splendide, semblaient vraiment se Em 1867, Jules e Edmond de Goncourt,
transfigurer. conhecidos como os Irmãos Goncourt,
publicam o romance Manette Salomon,
O desenho, para Lecoq de Boisbaudran, seria a relatando a vida dos artistas na École des
tradução do pensamento a partir da observação Beaux-arts, dando especial ênfase à questão do
direta do natural, rompendo com o nu modelo vivo, suas atribuições e seu tratamento.
acadêmico estático de um modelo pago por Revela uma vida repleta de maus tratos,
hora, na fechada sala mal iluminada do atelier, humilhações, julgamentos físicos e raciais,
livrando os alunos do método mecânico e encarados cotidianamente com naturalidade.
levando-os ao método intelectual. Apresenta o Na década de 1880, a mesma cena era repetida
método aos professores da École des Beaux- todas as segundas-feiras na porta da École des
Arts, mas não consegue modificá-lo Beaux-Arts na busca do emprego de modelo
diretamente. Contudo, influencia Viollet le para aquela semana: “poucos parisienses,
Duc em sua proposta de reforma de Ensino. muitos italianos, alguns negros”. As mulheres,
Assim como Lecoq de Boisbaudran, Viollet que passavam a ser aceitas nos ateliês
alertava ainda para a cópia de modelos no presentes dentro da école no início da década
Louvre. O aluno não deveria aprender a ver a de 1880, eram de belos tipos, louras
natureza a partir do olhar dos mestres. Só o parisienses, jovens moças de Nápoles.
exercício do natural libertaria o aluno “das Segundo o jornal Le Figaro, em seção de 28 de
paredes da Escola ou do ateliê”: agosto de 1889, no relato sobre aqueles que
buscavam a profissão, há a informação de que
Le véritable dessinateur n’est pas un os italianos chegavam quase sempre em
photographe reproduisant un modèle posant família, os franceses chegavam sozinhos,
devant lui, mais un observateur étudiant ce “como se estivessem ali por acidente”. Todos
modèle, de façon à en connaître si bien la eram colocados nus e escolhidos. Os que
forme, la raison d’être, de se mouvoir, les tinham sorte, ganhavam por quatro jornadas
diverses apparences suivant les circonstances das 8 ao meio dia, com alguns intervalos.
extérieures, qu’il pourra en fermant les yeux, Normalmente eram escolhidos os profissionais,
se le représenter sous un aspect quelconque, pois os amadores acabavam por revelar a
non vaguement, mais nettement, avec ses ignorância das poses e a semelhança aos
plans, le jeu des ombres, les effets de la manequins, embora sempre com grandes
coloration, le mouvement que lui imprime un críticas. Os mais experientes, como o grande
sentiment, un besoin ou une passion. modelo Gélon, dito Aquiles, ou Charles
Dubosc, profissional de modelo vivo dos 7 aos
Entrava com todo o vigor na polêmica em 62 anos, que acumulou fortuna na profissão,
torno da metodologia que ganhava força nos mostravam o conhecimento histórico na
domínios do ensino artístico desde os anos de correta definição das poses, além do
1840. Entretanto, suas propostas só começam a conhecimento das poses da estatuária antiga
se concretizar em 1871, em alguns aspectos. para sua maior perfeição. Ao mesmo tempo,
Não se modificam ainda no que se refere ao alguns modelos apresentavam alguma
modelo vivo e muito menos à proposta baseada inquietação quanto à forma representada e a
na experiência de Lecoq de Boisbaudran, mas atitude do artista. Em Manette Salomon, e
são efetivamente criados, segundo sua mesmo em L’Oeuvre, de Émile Zola, ao
proposta, os ateliês internos à École, antes abordarem esta profissão, tema constante da
privados, e o exercício de desenho cotidiano é literatura do século XIX, há passagens em que
suprimido. Quando ao modelo vivo, o curso o modelo vivo sente ciúmes da própria imagem
seguia o rumo que fora tomado séculos antes, representada na tela, amada pelo artista, que vê
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o modelo com indiferença ao lado do resultado Em seu Journal, Delacroix declara o uso e a
final. A anedota parece, assim, perfeitamente admiração pela fotografia como recurso ao
verossímil ao final do século XIX. A fotografia artista. Em comparação às gravuras das
aparecerá, no entanto, como um aliado e um estátuas antigas, também extremamente
vilão nessa história, como notaremos adiante. utilizadas como método, a fotografia do
modelo, a partir da apropriação de luz e
O Estudo do Nu e a Fotografia sombras perfeitas, acaba revelando as
imperfeições dos cânones clássicos, admirados
A reivindicação de Viollet le Duc em torno do por Delacroix. No caso de Delacroix, o
modelo, com a busca pela permissão do nu daguerreótipo era comumente usado pelo
feminino, a mudança das poses, o movimento, artista, então em grande moda entre 1850 a
a substituição do modelo pago por hora de 1860. Jules Ziegles e Eugène Durieu eram os
trabalho, cansado das poses cotidianas, fotógrafos que vendiam a ele os
encontrava um outro recurso em meados do daguerreótipos, em sua maioria, de modelos
século XIX, embora com algumas restrições. nus femininos. Ao contrário das poses
Inicia-se o uso da fotografia do modelo. As masculinas realizadas na Academia, os nus
coleções presentes na Bibliothèque Nationale representados nos daguerreótipos eram
de France, no Musée d’Orsay e na École normalmente femininos, bem apresentados,
Nationale des Beaux-Arts, entre outros, compostos na cena fotográfica de maneira
oferece-nos instrumentos interessantes para o semelhante ao quadro terminado, com
entendimento desta questão. Ali, foram panejamento e acortinado adequados à cena.
expostas diversas fotografias e discutidas Os nus femininos dos daguerreótipos, no
algumas das novas noções que adentravam o entanto, vão adquirindo conotações eróticas,
mundo acadêmico e renovavam, de certo sofrendo proibições e provocando até mesmo a
modo, o clássico curso do modelo vivo. prisão de modelos e fotógrafos em 1851. Vale
ressaltar que artistas como Ingres, totalmente
O novo recurso indicava não só a mudança em oposto à pintura e às técnicas utilizadas por
relação ao próprio método, mas igualmente da Delacroix em 1862, também se coloca contra o
representação da imagem, gerando polêmicas uso da fotografia nas artes, assim como seus
diversas. Se, por um lado, ampliava o recurso alunos.
do artista e evitava as poses longas do modelo,
não resolviam a questão proposta por Viollet le Embora rejeitada por alguns artistas, veremos
Duc já levada adiante por Lecoq de que até o final do século XIX e início do
Boisbaudran, isto é, a questão do movimento. século XX, a fotografia do modelo nu se
Ao contrário, a fotografia viria mostrar a pose desenvolve cada vez mais. Revistas
duradoura e eternizada do modelo, agora especializadas de fotografias dos modelos
também representado em meio ao processo de surgem nesse período, como se fossem
produção do artista. Ao mesmo tempo, era catálogos de estudos de nus, com poses
questionado em seus próprios termos - modelo diversas, masculino e feminino, gordos e
vivo -, ao ser trocado pela impressão magros, à escolha do artista. Entre 1901 e
fotográfica depois de sua primeira pose. 1907, destacam-se três revistas que vão
Poderia causar, conseqüentemente, o declínio cumprir suas exigências. Le Nu Académique
de sua profissão. Charles Blanc, em sua apresenta edições entre 1905 e 1906. Surge por
Grammaire des arts du Dessin, publicada em uso exclusivo dos artistas, mas seus modelos
1867, questiona o uso da fotografia no estudo aparecem sempre escondendo o sexo ou
do desenho. Para ele, ela transmite o real e não cobrindo-o com uma folha de parreira. Mesmo
o verdadeiro, pois há a ausência de expressão e sendo uma revista voltada inteiramente aos
de “alma”, levantando toda uma polêmica que artistas, é, desta forma, a menos artística das
conduzirá o mundo da fotografia e das artes revistas que surgem nesse período, colocando
nos séculos XIX e XX. Mas os pintores ainda os modelos nus femininos cobertos com
avançam cada vez mais e continuam a acessórios. Ao contrário, a revista Le Nu
manipulá-la enquanto método para o estudo do Esthétique, editada entre 1902 e 1907, é uma
nu. das poucas a apresentar nus femininos
inteiramente despidos. Émile Bayard, seu
editor, apresenta nus fragmentados e inteiros
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de homens, mulheres e crianças, assim como levar adiante o estudo do natural,
modelos com poses de estátuas antigas, à reestruturando o modelo vivo. Utiliza, para
maneira clássica do profissional de modelo tanto, o modelo em movimento,
vivo nas academias de arte, fotografias de desvencilhando-se do aprendizado clássico,
modelos com poses diversas refletidas em associado ao recurso fotográfico, inovação
espelho e ainda modelos fotografados daquele século.
propositadamente com as marcas do espartilho,
algo incomum na profissão que será Analisamos, ainda que brevemente, como o
imensamente explorado por pintores realistas estudo a partir do modelo vivo se desenvolve,
como Courbet que, de resto, também usará o sobretudo, no século XIX francês. A clássica
recurso fotográfico para a realização de suas metodologia acadêmica, embora extremamente
obras. Também a revista Mes Modèles forte e valorizada em alguns momentos da
apresentava nus masculinos e femininos aos história, sofre suas alterações na segunda
pintores e escultores, mas igualmente modelos metade daquele século. Incorporará métodos
vestidos, semivestidos, com grande variedade diversos e, sobretudo, vinculados a uma certa
de poses e explicações sobre as vestimentas, modernidade, como o uso da fotografia. Do
incluindo aí também as descrições físicas. Uma modelo clássico à sua modernização, o
inovação oferecida pela revista é a aprendizado através do modelo vivo foi e
possibilidade de compra da fotografia isolada continuará sendo, porém e indiscutivelmente, o
pelo artista, funcionando como uma espécie de tradicional estudo de nu...
catálogo de venda de poses, sempre de acordo
com a vontade do artista. Fonte: DIAS, Elaine. “Um breve percurso pela
história do Modelo Vivo no Século XIX -
A fotografia do modelo nu constituir-se-á Princípios do método, a importância de Viollet
ainda um recurso fortemente utilizado pelos Le Duc e o uso da fotografia”. In: 19&20 - A
médicos anatomistas que trabalhavam como revista eletrônica de DezenoveVinte. Volume
professores nas escolas de arte ao final do II, n. 4, outubro de 2007. Texto publicado no
século XIX, como Mathias Duval e Paul site: http://www.dezenovevinte.net/19e20
Richer. Do cânone idealizado e antigo,
passava-se à simples observação do natural,
ajudada pelo recurso fotográfico. Paul Richer,
por exemplo, torna-se, ele próprio, fotógrafo.
Cria uma espécie de catálogo anatômico com
modelos nus e fichas descritivas, apresentando
informações sobre o sexo, idade, medidas do
corpo e suas proporções, criando tipologias.
Publica em 1921 a obra Nouvelle Anatomie
Artistique e prepara ainda a obra Atlas
Physiologique, trabalho composto por três
volumes (movimento, locomoção e exercícios
variados), que resta inédito. Professor da École
des Beaux-Arts desde 1903, Paul Richer
preferia ensinar anatomia com o modelo vivo,
assim como Giuseppe del Medico, além do
cadáver e do estudo isolado dos ossos e
músculos, embora usasse com grande
eficiência as suas próprias fotografias
anotadas, abrindo, desta maneira, o caminho
para a morfologia em razão de seus estudos
sobre os corpos vivos e não mortos: “Le nu n
´est dès lors plus simplement le modèle vivant
de l’atelier, mais bien l’incarnation d’une
vérité naturaliste”. Nesse sentido, vemos ainda
o quanto Paul Richer se aproxima de Lecoq de
Boisbaudran e Viollet le Duc, na tentativa de
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