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Capítulo 1

Dispositivos de Ligação

01
Uma ligação deve ser dimensionada de forma que a sua resistência de cálculo seja igual ou superior à
solicitação de cálculo ou uma porcentagem especificada da resistênciade cálculo da barra.
Resistencia de Cálculo (Rd) > Solicitação de cálculo (Sd)

 Independentemente do valor da solicitação, a ligação deve pelo menos apresentar uma resistência de
cálculo igual à metade da resistência de cálculo da barra. Em algumas situações específicas, o di-
mensionamento também pode ter como base um estado-limite de serviço (NBR 8800:2008, 6.1.1.2).

Parafusos de baixo carbono

Desconsidera a resistência ao deslizamento entre as partesconectadas.

Tipo contato: Parafusos são solicitados ao cisalhamento, à tração ou


ambos os esforços simultaneamente.

Esforços de tração: tração no corpo do parafuso.


Esforços de cisalhamento: corpo do parafuso e o contato de sua
superfície lateral com a face do furo.

Parafusos de Alta Resistência

Evitando o deslizamento entre as partes conectadas, pois as superfícies de contato das chapas ficam
firmemente pressionadas umas contra as outras.

 Quanto maior o torque - maior a pressão de contato imposta - maior a


força de atrito mobilizada - maior a resistência ao deslizamento.

Ligações por atrito: esforços de cisalhamento nas ligações com parafusos de alta
resistência são transmitidos por atrito, devido à pressão entre as partes ligadas.
Indicada para carregamentos dinâmicos e para os casos em que qualquer deslizamento
entre as partes ligadaspossa afetar o comportamento previsto para a estrutura.

Ligações por contato: contato do corpo do parafuso com as paredes do furo, com cisalhamento do corpo do parafuso.
Indicada para carregamentos predominantemente estáticos, onde o eventual deslizamento entre as partesligadas não afeta a
vida útil dos parafusos e da própria ligação e nem o comportamento global da estrutura.

*As duas formas de transmissão de esforços não podem ser superpostas, sendo a resistência última do parafuso independente do atrito
entre as partes. O projeto de ligações por atrito precisa também levar em conta se o deslizamento éum estado-limite de serviço ou um estado-
limiteúltimo (ver item 3.2.2 à frent)

*Para desenvolver as forças de atrito, as partes parafusadas da estrutura não podem ser separadas por quais quer materiais, inclusive
pintura, que não sejam aços estruturais, devendo ficar totalmente em contato quando montadas. Devem ainda, estar isentas de
escamas de laminação, rebarbas, sujeiras ouqualquer outra matéria estranha que impeça operfeito contato entre as partes.

*A protensão aplicada quando da montagem dos parafusos é a mesma para ligações por atrito e por contato. A diferença entre elas
está no acabamento exigido para as superfícies de deslizamento das chapas e no desempenho, em função do carregamento, ao longo
da vida útil:

Parafusos A325: arruelas sob o elemento que gira (de preferência a porca) - As porcas para os parafusos A325 são
fabrica- das com o mesmo material (A325)

Parafusos A490: sob a cabeçae a porca. São utilizadas as porcas em aço A194 com tratamento térmico especia

02
Material base: apresentar limite de escoamento inferior a 280 Mpa.

(As arruelas devem estar em conformidade com as últimas especificações


ASTMF-436 para serem empregadas com ambos os tipos de parafusos.)

A cabeça e a porca desses parafusos são hexagonais e bem mais


robustas que as correspondentes aos parafusos de baixo carbono.

Métodos para aplicação da força de protensão

Segundo a NBR 8800:2008, o controle do aperto dos parafusos pode ser feito mediante três processos:

1 - Aperto pelo método da rotação da porca:


Neste método, para aplicar a força de protensão mínima
deve haver número suficiente de parafusos na condição de
pré-torque, de forma a garantir que as partes estejam em pleno
contato.
Após essa operação inicial, devem ser colocados parafusos
nos furos restantes e em seguida também levados à condição
de pré-torque. A seguir, todos os parafusos recebem um
aperto adicional por meio da rotação aplicável da porca, como
indicado na Tabela.

Protensão mínima: especificada na Tabela 15 da NBR8800:2008 e


reproduzida no item 3.2.2 adiante.
Pré-torque: aperto obtido após poucos impactos aplicados por uma chavede impacto ou pelo esforço máximo aplicado por uma
pessoa usando uma chave norma.

2 - Aperto com chave calibrada ou chave manual com torquímetro:


Tais chaves devem ser reguladas para fornecer uma protensão mínima 5% superior à protensão dada
na Tabela 11 adiante. As chaves devem ser calibra-das pelo menos uma vez por dia de trabalho, para
cada diâmetro de parafuso a instalar e devem ser recalibradas quando forem feitas mudanças
significativas no equipamento ou quando for notada uma diferença significativanas condições de cada
superfície dos parafu-sos, porcas e arruelas. Para demais condiçõesvide item 6.7.4.4.2 da NBR
8800:2008.

3 - Aperto pelo uso de um indicador direto de tração: é permitido apertar parafusos pelo uso de
um indicador direto de tração, desde que fique demonstrado, por um método precisode medida direta,
que o parafuso ficou sujeitoà força mínima de protensão estabelecida na Tabela 11 adiante.

Parafusos com controle de tração: é permitido o uso de parafusos com controle diretode tração
desde que sejam obedecidos os requisitos da Specification for Structural jointsusing ASTM A325 or
A490 do AISC (AmericanInstitute os Steel Construction).

02
Soldas

A união de componentes metálicos podeser feita por meio da fusão de eletrodos metáli-cos.
Devido à alta temperatura produzida por um arco voltaico, processa-se também a fusãoparcial dos
componentes a serem ligados. Apóso resfriamento, metal base e metal do eletrodopassam a
constituir um corpo único.

 Essa operação necessita de uma fonte de energia elétrica de baixa voltagem e alta amperagem a fim de
gerar o calor necessárioe os aços devem ter soldabilidade.

SMAW: Eletrodo revestido – Shiel Metal Arc Welding
GMAW: Proteção gasosa – Gás Metal Arc Welding
FCAW: Fluxo no Núcleo – Flux Cored Arc Welding
SAW: Arco Submerso – Submerg Arc Welding

1 - Soldagem com eletrodo revestido ou Processo “SMAW”

Aquecimento entre um eletrodo revestido (consumível) e o metal base. Possui grande flexibilidade e
solda a maioria dos metais numa ampla faixa de espessuras

 O eletrodo consiste de uma vareta metálica (alma do eletrodo),


com um revestimento não metálico.
 Para manter suas características elétricas, físicas, mecânicas
e metalúrgicas, os eletrodos devem ser adquiridos em
embalagens hermeticamente fechadas e após a abertura da
embalagem,mantidos em estufas com temperatura de no
mínimo 120°C. Não podem ser reaquecidos mais deuma vez e
devem ser descartados se forem molhados.

Na especificação AWS, os eletrodos são designados pela letra “E” e um


conjunto de algarismos.

2 - Soldagem com proteção gasosa ou processo “GMAW”

Os processos mais utilizados com pro- teção gasosa são os sistemas:

 MIG (Metal Inert Gas): proteção é realizada


principalmente com gases inertes como Hélio ou Argônio;

 MAG (Metal Active Gas): proteção é realizada


principalmente com gases ativos como o Dióxido de
Carbono, Oxigênio e Ni- trogênio.

A soldagem MIG/MAG usa o calor deum arco elétrico entre um


eletrodo nu, que éo próprio arame sólido alimentado com uma
velocidade constante a partir do aperto de umgatilho, e o metal
base.
Em função da proteção gasosa, esseprocesso não é recomendado para serviços de campo.
As maiores vantagens do processo MIG/MAG são: a alta velocidade de soldagem, versatilidade, a
larga capacidade de aplicação,a alta taxa de deposição, mínimo respingo, a baixa liberação de
gás e fumaça, a ampla faixademateriais e de espessuras que podem ser soldados e a boa
aparência do cordão.
É um processo muito utilizado na soldagem de chapas finas.
23
3 - Soldagem com fluxo no núcleo ou Processo “FCAW”

O processo FCAW é similar ao GMAW exceto pelo fato de que o eletrodo é tubular eapresenta fluxo no
seu interior. Porém, possuicaracterísticas operacionais totalmente distin-tas do GMAW e tem
especificações próprias.

4 - Soldagem a Arco Submerso ou Processo “SAW”

A soldagem a arco submerso une metais pelo aquecimento com um arco elétrico entre um eletrodo nu e
o metal base. O arco e o eletrodo são protegidos por uma camada de fluxo granular fusível depositado
sobre a peçade trabalho.

 O eletrodo é utilizado como metal deadição, sem


qualquer aplicação de pressão.
 É utilizado em soldas planas e particularmente
indicado parasoldas automáticas e semi-
automáticas. Chapas espessas de aço, como por
exemplo, em perfis soldados e dentre as
vantagens deste processo, pode-se citar a alta
qualidade da solda e resistência mecânica, taxade
deposição e alta velocidade de deslocamen-to,
além da pouca fumaça.

Compatibilidade entre Metais para Soldagem

Muitos aços destinados à construção deedifícios podem ser soldados sem cuidados ou
procedimentos especiais.

ER F

24
Simbologia da Soldagem

Símbolos Básicos de Solda

LOCALIZAÇÃO DE SOLDAS

25
Tabela 5 – Exemplos da simbologia de soldagem (continuação)

26
Tabela 6 – Controle de qualidade das soldas

27
Capítulo 2
Classificação das Ligações

35
Classificação das Ligações

Como visto, as ligações podem ser classificadas em soldadas ou parafusadas e, segundo o item
6.1.9.1 da NBR 8800:2008, parafusos não podem ser considerados trabalhando em conjunto com
soldas, exceto em ligações a cisalhamento, nas quais parafusos instalados em furos-padrão ou furos
pouco alongados com a maior dimensão transversal à direção da força podem ser considerados
trabalhando conjuntamente a filetes longitudinais de solda, desde que considerada menos de 50% da
força resistente de cálculo do grupo de parafusos.
Assim, quando classificamos as ligações sem parafusadas ou soldadas, na maioria das vezes, o cálculo
da ligação implica na verificação de grupos de parafusos ou de linhas de solda.
Pelas próprias características dos meiosde ligação, nas ligações de fábrica é preferível ouso da solda,
enquanto nas ligações de campoutilizam-se preferencialmente os parafusos.
Na análise e dimensionamento de estruturas metálicas sabe-se que não é suficiente classificar a
ligação como indicado acima. Também devem ser consideradas outras clas-sificações.

Segundo os Esforços Solicitantes


Os parafusos devem resistir a esforços de tração, cisalhamento ou ambos, ao passo que as soldas
devem resistir a tensões de tração,compressão, cisalhamento ou a combinação detensões tangenciais e
normais. Dependendo dos esforços solicitantes e das posições relativas desses esforços e dos grupos
de parafu-sos ou linhas de solda resistentes, as ligações podem ser dos seguintes tipos básicos:
- cisalhamento centrado (fig. 11a);
- cisalhamento excêntrico (fig. 11b);
- tração ou compressão (fig. 11c);
- tração ou compressão com cisalhamento (fig. 11d).

 Os esforços solicitantes podem ainda ser constantes ao longo da vida útil da


ligação (estaticamente aplicados) ou variáveis aolongo dela (dinamicamente
aplicados).

 Para ligações submetidas a esforços variáveis ao longo da vida útil, a NBR


8800:2008,anexo K, deverá ser consultada para as verificações adicionais.

Segundo a Rigidez

É fato que o comportamento mecânico das ligações influi sensivelmente na distribuiçãodos


esforços e deslocamentos das estruturas,tornando-se essencial o conhecimento da rigidez
e da capacidade de rotação da ligação.
A análise de esforços na estrutura metálica deve incluir a influência do comportamentodas
ligações entre os elementos estruturais. Como nesta fase, em geral, as ligações não
estão dimensionadas, a análise pode ser feitabaseada no comportamento estimado.

36

36
Fig. 11 - Esforços Solicitantes na Ligação

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Nas estruturas reticuladas, o comportamento das ligações pode ser traduzido pela curva
momento fletor-rotação (Mi-Φi), como simplificadamente ilustrado na figura 12. Com base
nesta curva obtêm-se as três propriedades fundamentais de uma ligação:

- a rigidez (Si);
- o momento resistente (Mi,Rd);
- a capacidade de rotação (Φd).

A rotação de uma ligação Φi é definida como a variação do ângulo formado pela tangente
aos eixos dos elementos conectados, após a deformação, como ilustrado na figura 13.a
para umaligação viga-pilar.

Fig. 12- Comportamento das Ligações

Fig. 13- Ligações Rígida e Flexível

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Além das barras que compõe uma estrutura, também as ligações deverão ser convenientemente
concebidas e dimensionadas, sob pena da estrutura não se comportar conforme desejado

Dessa forma as ligações deverão ser projetadas conforme as hipóteses feitas para os nós das barras
na análise estrutural:
 Nos locais onde foram previstas ligações rígidas, deverão ser previstos detalhes que
efetivamente impeçam a rotação relativa das partes;
 Nos locais onde a ligação deve permitir a rotação relativa das partes, os detalhes de- verão
ser tais que propiciem essa rotação com o mínimo de restrição.

De acordo com o grau de impedimento darotação relativa de suas partes, as ligações sãoclassificadas nos três tipos a
seguir descritos.

Ligação Rígida

A ligação é tal que o ângulo entre os elementos estruturais que se interceptam permanece
essencialmente o mesmo após o carregamento da estrutura.

A partir dos limites estabelecidos pelo item 6.1.2 da NBR 8800:2008 uma ligação
viga-pilar pode ser considerada rígida se:

Essa condição é válida somente para estruturas nas quais, em cada andar, a
seguinte condição é satisfeita:

Si é a rigidez da ligação, correspondente a 2/3 do momento resistente de cálculo da ligação,


denominada rigidez inicial
Iv é o momento de inércia da seção transversal da viga conectada no plano da estrutura;
Lv é o comprimento da viga conectada;
Kv é o valor médio de (F1) para todas as vigas no topo do andar
Kp é o valor médio de (F2) para todos os pilares do andar
Ip é o momento de inércia da seção transversal do pilar conectada no plano da estrutura;
Lp é a altura do andar para um pilar.

F2 F1

(Caso a primeira condição seja satisfeita,mas a segunda não, a ligação deve ser consi-derada semi-rígida.)

 A rigidez de uma ligação na análise estrutural, ou seja, sua capacidade de impedir arotação relativa local
das peças ligadas, é uma forma de obter-se indicações da importância do seu comportamento na
resposta global da estrutura e indica se a consideração dada às ligações (rígida, semi-rígida ou
rotulada), em termos de rotações e deslocamentos, condiz com o comportamento real da ligação.
 Os valores de Si podem ser determinadosde acordo com o Eurocode 3 Part 1-8 ou combase em
resultados experimentais.

Ligação Flexível

Neste caso a restrição à rotação relativa entre os elementos estruturais deve ser tão pequena
quanto se consiga obter na prática.

 No caso de vigas, sujeitas à flexão simples, por exemplo, a ligação flexível transmite
apenas a força cortante.

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 A partir dos limites estabelecidos pelo item 6.1.2 da NBR 8800:2008 uma ligação viga-pilar pode
ser considerada rotulada se:

Onde: Si é a rigidez da ligação, correspondentea 2/3 do momento


resistente de cálculo da ligação, denominada rigidez inicial;
Iv é o momento de inércia da seção transversal da viga conectada no
plano da estrutura;
o comprimento da viga conectada;

Ligação Semi-Rígida

Nesse caso o momento transmitido através da ligação não é nem zero (ou próximode zero) como no caso de
ligações flexíveise nem o momento máximo (ou próximo dele) como no caso de conexões rígidas.

 Para que se possa utilizar a ligação semi-rígida, deverá ser conhecido primeiro a relação de dependência entre o
momento resistente ea rotação.

As ligações semi-rígidas são raramente utilizadas,devido à


dificuldade de se estabelecer esta relação.
A figura 12 representa graficamente o comportamento dos
três tipos de ligação em relação ao diagrama
Momento/Rotação para diversas ligações
Nela estão indicadas as curvas relativasàs ligações
rígidas, semi-rígidas e flexíveis e também a reta que
relaciona momentos e ro- tações nos apoios para uma
viga submetida acarga uniforme.

Para a viga com carga uniforme temos:

 Considerando as conexões nas extremi-dades teoricamente


rígidas, o momento nos apoios e será (fig. 12b):

 Considerando que a ligação não é teori-camente


rígida e permite alguma rotação dasseções dos
apoios (), o alívio de momento nos apoios será
(fig. 12b):

 O momento real nos apoios será a soma


tensorial dos dois valores:

 para  = 0 (ligação teoricamente rígida):

 para M = 0 (ligação teoricamente fle- xível), que é a rotação nos


apoios da viga biapoiada:

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Capítulo 3
Resistência de parafusos

42
Generalidades
Uma ligação deve ser dimensionada de forma que a sua resistência de cálculo seja igual ou superior à:
Resistencia de Cálculo (Rd) > Solicitação de cálculo (Sd)

 solicitação de cálculo;
 uma porcentagem especificada da resistência de cálculo da barra, conforme co- mentado no item 1.

Em barras comprimidas que não sejam pilares com extremidades usinadas, todas as partes das
ligações devem ser dimensionadas para também resistir ao momento fletor e força cortante resultantes
de uma força transversal igual a 2% da força axial resistente de cálculo da barra conectada, aplicada na
posição da emenda.
𝑀 = 𝐹 = 2%𝑁

A barra deve ser considerada birrotulada para determinação do momento fletor e da força cortante na emenda.
Pilares com extremidades usinadas com transmissão de forças de compressão porcontato, as ligações devem garantir a estabili-
dade estrutural e manter em posição todas aspartes ligadas, com segurança.

Parafusos
As conexões parafusadas podem ser de dois tipos:
Ligação do tipo contato (bearing-type): Podem ser utilizados parafusos comuns ou de alta resistência, já que os parafusos são
instalados sem aperto controlado (protensão).

Ligação do tipo atrito (friction-type): Apenas os parafusos de alta resistência podem ser utilizados, uma vez que a resistência
ao deslizamento está diretamente ligada à protensão aplicada aos parafusos.

O gráfico da figura 14 apresenta, de maneira simplificada, o comportamen to força-deslocamento relativo de uma


ligação constituída por parafusos de alta resistência protendidos, onde nota-se a ocorrência de quatro fases:

 Fase (a): a força aplicada (F) é menor que a resistência ao deslizamento, ocorrendoapenas deslocamentos
provenientes da defor-mação elástica das chapas.
 Fase (b): a força aplicada (F) supera a resistência ao deslizamento e há um deslocamento brusco
proveniente da acomodação dos parafusos nos respectivos furos.
 Fase (c): ocorre deformação do conjunto em fase elástica.
 Fase (d): ocorre deformação do conjunto em fase inelástica, culminando com a falha da ligação.
Há quatro modos de falha possíveis nas conexões parafusadas:
 Modo de falha (1): cisalhamento do corpo do parafuso.
 Modo de falha (2): deformação exces- siva da parede do furo (esmagamento).
 Modo de falha (3): cisalhamento da chapa
(rasgamento).
 Modo de falha (4): ruptura da chapa por tração na seção
líquida.
É importante observar que a fase (a)corresponde à ligação do tipo
atrito, ou seja, aresistência ao deslizamento ainda não foi superada. A
partir da fase (b), a ligação passa a se comportar como uma ligação
por contato

42
Conexões do Tipo Contato

Nas conexões por contato, os parafusospodem resultar solicitados à tração (figura 15a),ao
cisalhamento (figura 15b) ou à tração e cisal-hamento simultaneamente (figura 15c).

Tração

A força de tração resistente de cálculo para um parafuso ou barra rosqueada é dada por:

No caso de barras redondas rosqueadas,a força resistente de cálculo também não deveser
superior a:
Onde:
fub é a resistência à ruptura do material doparafuso ou barra rosqueada à tração, especi-
ficada na tabela 7;

fyb é a resistência ao escoamento do mate-rial do parafuso ou barra rosqueada, especifi-cada na tabela 7;

Ab é a área bruta, baseada no diâmetro do parafuso ou no diâmetro externo da rosca da barra redonda rosqueada;

db é o diâmetro do parafuso;

Ya1 é o coeficiente de ponderação das resistências para o estado limite último de es-coamento da seção bruta dado
na Tabela 8;

Ya2 é o coeficiente de ponderação das re-sistências para o estado limite último de rupturada seção líquida dado na
Tabela 8.
Tabela 7 – Limite de escoamento e resistência à tração. Tabela 8 – Valores dos coeficientes de ponderação
das resistências

43
Força Cortante

A força cortante resistente de cálculo de um parafuso ou barra rosqueada, por plano de corte,
deve ser calculada considerando os doisestados limites últimos a seguir.

Cisalhamento do Corpo do Parafuso

A resistência de cálculo é dada por:

Onde:

 = 0,4 para parafusos de alta resistência e barras rosqueadas,


v
quando o plano de corte
passa pela rosca e demais parafusos de baixo carbono para qualquer posição do plano de
corte;
 = 0,5 para parafusos de alta resistência e barras rosqueadas,
v
quando o plano de corte não
passa pela rosca .

Pressão de Contato no Furo

A resistência de cálculo é dada por:

Onde:

= 1,2 para furos-padrão, furos alar- gados, furos pouco alongados em qualquer direção e furos muito alongados na direção
da força quando a deformação no furo para forçasde serviço for uma limitação de projeto;
ᵠv= 1,5 para furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em
qualquer direção e furos muito alongados na direção da força quando a
deformação no furo para forçasde serviço não for uma limitação de projeto;

ᵠv=1,0 no caso de furos muito alongados na direção perpendicular à da força;


lf é a distância, na direção da força, entre as bordas de furos adjacentes ou
de furo a borda livre;
t é a espessura da parte ligada;
fu é a resistência à ruptura do aço da parede do furo. Figura 16 - Dimensões lf e db em uma chapa de espessura “ t”.

Tabela 9 – Resistência de cálculo


dos parafusos em ligações por
contato para γa2=1,25 (kN)

44
Tração e Cisalhamento Combinados

Com base em análise experimental de parafusos


solicitados simultaneamente à traçãoe
cisalhamento, é razoável a utilização de uma
curva circular de interação, cuja expressão é
dada por:

Onde:
Ft,Sd é a força de tração de cálculo;
Fv,Sd é a força de cisalhamento de cálculo por plano de corte;
Ft,Rd é a resistência de cálculo à tração, conforme 3.2.1.1;
Fv,Rd é a resistência de cálculo ao cisal- hamento, por plano de corte, conforme 3.2.1.2.1.

 Buscando uma simplificação, o modelo matemático adotado pela norma norte-americana (AISC) e pela norma
brasileira NBR 8800:2008 substitui a curva circular por três trechos lineares, conforme figura 17.
 Nesse caso, além das verificações para osdois esforços isolados, conforme apresentadoanteriormente, deverão ser
atendidas tambémas exigências apresentadas na tabela 10.

Figura 17 - Curvas de interação tração/cisalhamento para

Trecho AB - reta horizontal: despreza-se a influência


do cisalhamento
Trecho CD - reta vertical: despreza-se a influência da
tração
Trecho BC - interação linear, cuja expressão é dada
por:

Onde C é uma constante admitida comosendo igual a 4/3. Isolando Ft,Sd , obtém-se:

Substituindo os valores de Ft,Rd e Fv,Sd para cada caso, obtém-se a máxima tração de cálculo
Ft,Sd que pode atuar simultaneamente com a força cortante Fv,Sd . Com os valores deFv,Sd , a
NBR 8800:2008 apresenta as expres-sões da tabela 10, as quais limitam o valor daresistência de
cálculo à tração Ft,Rd .

46
Tabela 10 - Tração e cortante combinadas

Resistência de Cálculo em Conexões do Tipo Atrito

A condição básica para uma ligação atuar por atrito é a de que não ocorra deslizamento entre seus componentes. Para
isso, a força de cisalhamento no parafuso, produzida pelas combinações últimas de ações não pode ultrapassar a
resistência ao deslizamento e não pode ultrapassar suas respectivas resistências de cálculo dadas no item 3.2.1.

Deslizamento é um estado limite último, ou seja, nas ligações com furos alargados e furos pouco alongados ou muito
alongados com alongamentos paralelos à direção da força
aplicada, a força resistente de cálculo de um parafuso ao
deslizamento é dada por:

Deslizamento é um estado limite de serviço, ou seja, nas ligações com furos-padrão e furos pouco alongados ou muito
alongados com alongamentos transversais à direção da força aplicada e está relacionado ao desempenho da estrutura e não à
segurança, a força resistente nominal de um
parafuso ao deslizamento é dada por:

Ftb é a força de protensão mínima por


parafuso considerada como sendo 70% da resistência mínima à tração do parafuso, ou seja: Ftb = 0,70Ar f ub . Para valores
das forças de protensão mínimas na montagem de para fusos ASTM, a tabela 15 da NBR 8800:2008 é reproduzida na Tabela
11 a seguir

Ae área efetiva à tração ou área resistente dada na tabela 14, a seguir


Ft,Sdcaso exista, é a força de tração solicitante de cálculo no parafuso que reduz a força de protensão, calculada com as
combinações últimas de ações;

Ns é o número de planos de desliza-mento;


e é o coeficiente de ponderação da re-sistência, dado na tabela 8;
 é o coeficiente médio de atrito dado natabela 12;
Ch é um fator de furo dado na tabela 13.

47
Tabela 11 – Força de protensão mínima em parafusos de alta resistência.

Tabela 12 – Coeficientes médios de atrito.

Tabela 13 – Fatores de furo.

48
Nas ligações por atrito permite-se apenas a utilização de parafusos de alta resistência, pois nesse caso é
necessário aplicar um torque elevado.

A área efetiva à tração ou área resistente de um parafuso é


um valor compreendido entrea área bruta e a área da raiz
da rosca. Essa área pode ser determinada pela seguinte
expressão:

Onde:

P = passo da rosca
K = 0,9743 para roscas UNC (parafusos ASTM)e 0,9382 para rosca métrica ISO grossa.

A tabela 14 apresenta os valores da áreaefetiva à tração (Ae) e da área


bruta (Ab) dos parafusos com rosca UNC e ISO.

A protensão Ftb é determinada levando- se em consideração o estado de tensões no parafuso, ou seja,


a atuação simultânea de tensões normais  devida à tração e tensões de cisalhamento  provenientes
do momento de torção.

Na fase final de aperto, o corpo do para-fuso fica solicitado pela


força de tração To dadapor:

Onde:

Mo = momento de torção aplicado na porca.

k = coeficiente adimensional determinadoexperimentalmente admitido como 0,2.

Nesse coeficiente já está consideradoo atrito da porca sobre a superfície da roscae sobre a superfície de
apoio. O momentode torção resultante no corpo do parafuso é proveniente somente do atrito entre porca e rosca,
perfazendo aproximadamente 60% do momento total apli\cado Mo (figura 4).

Adotando-se o critério de resistência de von Mises, a superposição das tensões normais e de cisalhamento deve
obedecer a seguinte condição:
49
onde

Observando a tabela 14 nota-se que a relação entre a área efetiva e a área bruta doparafuso (Ae/Ab)
tem como valor mínimo 0,73,o que leva a uma relação entre o diâmetro nominal e o diâmetro efetivo (db
/de ) ao valor 1,17. Retornando à expressão anterior, obtém-se em função de 






Finalmente, igualando-se i a fub :

Dessa forma, entende-se o valor recomendado para a protensão nos parafusos.

Dimensões e uso de Furos

A NBR 8800:2008 prevê quatro tipos de furos para parafusos:


 Padrão;
 Alargado;
 Pouco alongado;
 Muito alongado.

As dimensões máximas de furos devem obedecer ao indicado na tabela 12 da NBR 8800:2008


reproduzidos na tabela 15 a seguir.O tipo mais usual, e que será abordado aqui, é o furo-padrão, com
diâmetro igual ao diâmetrodo parafuso mais 1,5mm, no caso de parafusomilimétrico, ou o diâmetro do
parafuso mais 1/16”, no caso de parafuso em polegada. Furosde maiores diâmetros podem ser usados
nas placas de base para levar em consideração as tolerâncias de chumbadores em bases de concreto,
desde que se utilize arruelas espe- cialmente dimensionadas soldadas às placasde base.

50
Tabela 15 - Dimensões máximas de furos para parafusos e barras rosqueadas.

Nota: nas ligações parafusadas entre barras devem ser usados furos padrão, a não ser que seja aprovado pelo
responsável pelo projeto o uso de furos alargados ou alongados.

A distância entre centros de furos, prefe-rencialmente, não deve ser inferior a 3db e a distância
máxima não deve exceder a:

 300 mm ou 24 vezes a menor espessuradas partes ligadas em elementos pintados ou


não sujeitos a corrosão;

 180 mm ou 14 vezes a menor espessu-ra das partes ligadas em elementos sujeitosà


corrosão atmosférica executados com açospatináveis não pintados.

 Recomenda-se que a distância entre centro de furos padrão e qualquer borda de uma
parte ligada, não seja inferior a 1,8db para db 1 1/4” e inferior a 1,75db para db  1
1/4”. Recomendações menos conservadoras são apresentadas na tabela 14 da NBR
8800:2008.

 Para qualquer borda de uma parte ligada, a distância do centro do furo mais próximo atéa
borda não pode exceder 150mm ou 12 vezesa menor espessura das partes ligadas.
São permitidas distâncias inferiores às apresentadas desde que seja possível a co- locação de porca e arruela na
ligação, haja distância suficiente para a rotação da chave eaperto do parafuso e as condições apresenta-das no item
3.2.1.2.2 sejam satisfeitas.

Pega Longa e Ligações de Grande Comprimento

 Quando o comprimento de pega excede 5db , a força de cisalhamento resistente de cálculo


dos parafusos deve ser reduzida em 1% para cada 1,5mm adicionais de pega, exceto nos
casos dos parafusos de alta resistência montados com protensão inicial.

 Em ligações por contato nas emendas de barras tracionadas, com comprimento superiora
1.270mm na direção da força externa, a forçade cisalhamento solicitante de cálculo (Fv,Sd)e a
força solicitante de cálculo à pressão de contato(Fc,Sd) devem ser multiplicadas por 1,25 para
considerar a não-uniformidade da força externanos parafusos.
51
Efeito Alavanca

O efeito alavanca nos parafusos (prying action) ocorre devido à excentricidade entre a força externa
aplicada e a linha de ação do parafuso, provocando o aumento da força de tração no parafuso. A
intensidade desse efeito está diretamente relacionada com a rigidez à flexão das partes envolvidas, ou
seja, o efeito alavanca é mais significativo quanto menora rigidez à flexão dos elementos conectados
(fig. 18).

- Caso não se faça análises mais rigorosas,segundo a NBR 8800:2008, pode-se consideraratendido
o efeito alavanca se a dimensão “a” não for inferior à dimensão “b” da figura 18 e pelo menos uma das
duas exigências a seguirforem satisfeitas:

 Na determinação das espessuras das chapas das partes ligadas (t1 e t2 – ver figu- ra 18),
for empregado o momento resistente plástico (Zfy) e a força de tração resistente decálculo
dos parafusos for reduzida em 33%;
 Na determinação das espessuras das partes ligadas (t1 e t2), for empregado o mo-
mento resistente elástico (Wfy) e a força de tração resistente de cálculo dos
parafusos forreduzida em 25%.
 Na determinação das espessuras daschapas das partes ligadas deve-se tomar a
força atuante em um parafuso e a sua largurade influência na chapa “p”.

52
Determinação do Efeito Alavanca

Chapa espessa: praticamente não apresenta de-formação por flexão sob a ação da carga (fig.19a)
Chapas menos espessas: tendem a se deformar sob a ação daquela carga, conformea fig. 19b.

A outra parte da ligação impede a deformação das extremidades da chapa, originandoo aparecimento da
força adicional Q de tração nos parafusos, que induz flexão na chapa de ligação, conforme fig. 19c.

São definidas as seguintes grandezas para análise do efeito de alavanca:

a) Largura tributária “p” para cada para-fuso: soma das duas larguras efetivas de re- sistência da
chapa, de cada lado do parafuso,conforme definido na figura 18:

Largura efetiva entre dois parafusos: menor valor entre:

Largura efetiva entre o parafuso externoe a extremidade da


chapa: menor valor entre:

b) Resistência de cálculo à flexão da chapa na seção  (fig. 20):

De acordo com a NBR 8800:2008, item


5.4.2.2 a resistência nominal à flexão da
chapa será dada por

Por hipótese, o momento fletor na seção  é igualado ao momento resistente de cálculo:

c) Distância da linha de centro do para-fuso à extremidade da chapa, dimensão “a”e


distância à alma do T da ligação, dimensão “b”. (fig. 20)

 Caso tenhamos a > 1,25b, deve ser usadoa = 1,25 b nos cálculos.

53
d) Momento na seção ββ da chapa (fig.20): a seção ββ é considerada
deslocada de db/2 a partir do centro do furo na direção daseção ,
onde db é o diâmetro do parafuso. Então:

e) Enquanto o momento fletor M age na largura p de chapa, o


momento M2 age nalargura p-d’ resultando:

Essa expressão refere-se à uma condição de resistência, pois se não


for satisfeita, significa que o momento é maior que o momento
resistente de cálculo (plastificação total daseção). É interessante
observar que  é um parâmetro puramente geométrico:

 d’ é a dimensão do furo paralela a “p”.

f) Condição de resistência. Das condições de equilíbrio, tem-se:

De onde se define a grandeza α como arelação entre o momento


fletor de cálculo e aresistência ao momento fletor na seção β β:

Figura 19 – Variação do efeito alavanca.

54
Analisando os valores de , conclui-se que:

 se  > 1     , ou seja, a espessura da chapa não é suficiente e a


condição de resistência não é verificada;

 se  < 0  não há efeito alavanca, ou seja, a hipótese adotada não se verificou


e o dimen-sionamento será governado pelos parafusos, havendo folga na
espessura da chapa. Essa situaçãoé recomendável para parafusos tracionados
dimensionados à fadiga;

 se 0 <  < 1  a hipótese adotada se verifica, a espessura da chapa é adequada e a


força Q é dada por:

Fig. 20 - Consideração do Efeito de Alavanca

55
Capítulo 4
Resistência de soldas

54
Resistência de Soldas

Neste capítulo serão apresentadas as resistências de cálculo de soldas conforme a norma brasileira
NBR 8800:2008.

Generalidades

A resistência de cálculo de soldas é determinada com base em dois estados limites últimos:

 ruptura da solda na seção efetiva;


 ruptura do metal base na face de fusão.

Em nenhuma situação a resistência da solda poderá ser tomada maior do que a resistência do metal
base na ligação.

Nas soldas de filete ou de entalhe, a solicitação considerada pode ser tomada como sendo o
cisalhamento na seção efetiva, provo- cado pela resultante vetorial de todas as forças na junta que
produzam tensões normais ou de cisalhamento na superfície de contato daspartes ligadas.

Solda de Filete

A resistência de cálculo ao cisalhamento é dada pelo menor valor calculado pelos dois estados limites
últimos aplicáveis:

1. ruptura da solda na seção efetiva:

2. escoamento do metal base na face


de fusão:

O fator 0,60 é proveniente do critério de resistência de von Mises aplicado


ao caso decisalhamento puro.

Aw = lw.a é a área efetiva da solda de filetecalculada, como o produto do comprimento totalda solda e
a espessura da garganta efetiva, conforme figura 21;

AMB = lw.dw é a área líquida do elemento sujeita a cisalhamento, como o produto do


comprimento total da solda e o lado menos espesso da perna do filete;

fw é a resistência mínima à tração do metal da solda dada na


tabela 16;

dw é a perna do filete ou dimensão nominalsegundo a AWS. Raiz


da solda é a interseçãodas faces de fusão, conforme figura 21.

a é a garganta efetiva da solda.

lw é o comprimento do filete.

55
Tabela 16 – Resistência à tração do metal da solda

 Para tração ou compressão paralelas ao eixo da solda a resistência de cálculo da solda é


admitida como sendo a mesma do metal base.
 solda de filete não precisa serverificada desde que seja usado metal de soldacompatível com o
metal base.

Disposições Construtivas para Solda de Filete

Além da verificação dos estados limites últimos, a NBR 8800:2008 estabelece algumas disposições
construtivas relativas à solda de filete.

O tamanho mínimo da perna de uma solda de filete em função da parte menos espessa soldada é
apresentado na tabela 17.

Tabela 17 - Dimensão nominal mínima da pernade uma solda de filete (dw).

(mm)

A dimensão nominal máxima da perna de uma solda de filete que pode ser executado ao longo de bordas
de partes soldadas é dada na tabela 18.

Tabela 18 - Dimensão nominal máxima da perna de uma solda de filete (dw)

(mm)

56
 O comprimento efetivo das soldas defilete dimensionadas para uma solicitação de cálculo qualquer, não
pode ser inferior a 4 vezes seu tamanho da perna e nem inferior a 40 mm ou então, esse tamanho não
pode serconsiderado maior que 25% do comprimento efetivo da solda.

 Em chapas planas tracionadas, se forem usadas apenas filetes longitudinais nas liga- ções extremas, o
comprimento de cada filete não pode ser inferior à distância transversal entre eles.

 As soldas intermitentes podem ser executadas desde que cuidados especiais com flambagens locais e
corrosão sejam tomados. Devem ser dimensionadas para transmitir as solicitações de cálculo, quando a
resistência de cálculo exigida for inferior à de uma solda contínua do menor tamanho de perna per-
mitido. Também podem ser empregadas nas ligações de elementos de barras compostas. O comprimento
efetivo de qualquer segmento de solda intermitente de filete não pode ser inferior a 4 vezes o tamanho da
perna, nem menor doque 40mm.

 As soldas de filete com faces de fusão não ortogonais são permitidas para ângulos entre faces de fusão
compreendidos entre 60º e 120º, desde que haja contato entre as partes soldadas através de superfície
plana e não apenas uma aresta. Para outros ângulos não se pode considerar tal solda como estrutural,
pois esta não é adequada para transmissão de esforços.

 Em ligações por superposição, o cobrimento mínimo deve ser igual a 5 vezes a espes-sura da parte ligada menos
espessa e nunca inferior a 25mm. Em chapas ou barras ligadaspor superposição apenas com filetes transver-sais
e sujeitas a solicitação axial, as soldas defilete devem ser executadas ao longo de ambasas extremidades, exceto
quando a deformação das partes sobrepostas for convenientementecontidas evitando a abertura da ligação pelo
efeito das solicitações de cálculo.

As terminações de soldas de filete podem se estender até a extremidade, até as bordas das partes ligadas, ser interrompidas
próximodesses locais ou formar um contorno fechado,exceto como limitado a seguir:

- Para juntas por superposição nas quais uma das partes se estende além de uma borda sujeita a tensões de
tração longitudinais, os filetes devem ser interrompidos a uma distância dessa borda não inferior ao tamanho da perna do
filete dw, como indicado na figura 22, na qualtambém está indicado o sentido recomendadode execução da solda;

- Para ligações de elementos estruturais com forças cíclicas normais a elementos em projeção, de freqüência
e magnitude que ten- deriam a causar fadiga progressiva a partir de um ponto na extremidade da solda, os filetes de solda
devem contornar os cantos, estendendo- se por uma distância não inferior a duas vezes a dimensão da perna ou à
largura da parte ligada, a que for menor;

- Para ligações cujo projeto requer flexi- bilidade de elementos em projeção, se forem usados retornos nas
extremidades dos filetes, ocomprimento dos retornos não devem exceder4 vezes a dimensão da perna;

- Soldas de filete em lados opostos de um plano comum devem ser interrompidas nocanto comum a ambas as
soldas.

57
Solda de Entalhe

Ligações com soldas de entalhe são mais eficientes quando comparadas a soldas de filete, pois
requerem menos metal de solda de- positado e eliminam a necessidade de elemen- tos adicionais na
conexão, como por exemplo, as cobre juntas. Além disso, devido à sua maior resistência a tensões
cíclicas e ao impacto, sãopreferíveis em casos de elementos solicitadosdinamicamente.

Penetração Parcial

Solda de penetração parcial é a solda executada em um lado da junta ou em ambos, com


penetração inferior à espessura das chapas (figura 23). Essas soldas requerem maior cautela.
Devido à perda de ductilidade, algumas normas impedem o seu uso no caso de solicitação à
tração.

A resistência de cálculo em soldas de pe-netração parcial para cisalhamento paralelo aoeixo da solda
é dada pelo menor valor calculadopelos dois estados limites últimos aplicáveis:

1. ruptura da solda na seção efetiva:

2. escoamento do metal base na face de


fusão:

A resistência de cálculo em soldas de penetração parcial para tração ou compressão normal à seção
efetiva da solda é dada pelo menor valor calculado pelos dois estados limi-tes últimos aplicáveis:

I. ruptura da solda na seção efetiva:

II. escoamento do metal base na face de fusão:

Onde:
Aw = lw.a é área efetiva da solda de en- talhe, dada pelo produto do
comprimento da solda pela garganta efetiva. A garganta efetivaé tomada como:

a = c para chanfro em J ou U, chanfro em bisel ou em V, com ângulo de


abertura 60º(figura 23):

c é a profundidade do chanfro

a = c - 3mm para chanfro em bisel ou chanfro em V, com ângulo entre 45º e


60º

=
58
Penetração Total

Solda de penetração total é a solda de topo em um lado ou em ambos os lados da junta com
penetração completa e fusão do metal da junta e do metal base em toda a profundidade da junta
(figura 24)

A resistência de cálculo para escoamento do metal base na face de


fusão em soldas de penetração total para a resultante da soma
vetorial de cisalhamento é dada pelo valor:

A resistência de cálculo para escoamentodo metal base na face de


fusão em soldas depenetração total (figura 24) para esforços de
tração ou compressão normal à seção efetivada solda é dada pelo
valor:

Onde:
AMB=lw.dw é a área líquida do elemento sujeita a cisalhamento, como o produto do
comprimento total da solda e a menor espes- sura das partes soldadas, ou seja:

dw= t (menor espessura das partes soldadas)

Tração ou compressão paralelas ao eixoda solda não precisam ser verificadas.

a
a

59
Disposições Construtivas para Soldas de Entalhe

Além da verificação dos estados limites últimos, a NBR 8800:2008 estabelece algumas disposições
construtivas relativas à solda de entalhe.

Para soldas de entalhe de penetração total, a garganta efetiva é dada sempre pela menor espessura
das partes conectadas. Nas soldas de entalhe de penetração parcial, a garganta efetiva mínima (amin)
deve ser estabe- lecida em função da parte mais espessa, sendo que tal dimensão não necessita
ultrapassar a espessura da parte menos espessa, desde que seja obtida a força resistente de cálculo
necessária. A tabela 19 apresenta estes valoresmínimos.

Tabela 19 – Espessura mínima da garganta efetiva de soldas de entalhe de penetração parcial

(mm)

Solda de Tampão

Solda de tampão é a solda feita preenchen- do furos ou rasgos para transmitir forças parale- las às superfícies de contato em
ligações por superposição ou o que é mais frequente, para evitar flambagem ou a separação das partes superpostas e
para ligar componentes de bar-ras de seção composta.

A resistência de cálculo é igual ao menorvalor calculado pelos dois estados limites úl- timos aplicáveis às soldas de filete,
adotando como área efetiva de cisalhamento a área da seção nominal do furo ou rasgo no plano das superfícies de
contato.

Disposições Construtivas para Soldas de Tampão


 O diâmetro dos furos e a largura dos rasgos não pode ser inferior à espessura da parte que os contém
acrescida de 8 mm, nem maior do que 2,25 vezes a espessura da solda.

 A distância de centro a centro de soldas em furos deve ser igual ou superior a 4 vezes o diâmetro do furo.

 O comprimento do rasgo para soldas não pode ser superior a 10 vezes a espessura da solda. As
extremidades desses rasgos devem ter a forma semicircular ou cantos arredonda- dos de raio não inferior
à espessura da parte que os contém, exceto aquelas extremidades que se estendem até a borda do
elemento soldado.

 O espaçamento entre as linhas de centro a centro de rasgos, medido na direção transver- sal ao
comprimento dos rasgos deve ser igual ou superior a 4 vezes a largura do rasgo. A distância de centro a
centro de rasgos situados na mesma linha longitudinal ao comprimento deles, medida sobre essa linha,
deve ser igual a 2 vezes o comprimento dos rasgos.

 A espessura de soldas de tampão em furos ou rasgos situados em material de espes- sura igual ou
superior a 16 mm deve ser igual à espessura desse material. Quando a espessura do material for superior
a 16 mm, a espessura da solda deve ser no mínimo igual à metade da espessura do mesmo material,
porém não inferior a 16 mm.

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