Código Penal (28-03-24) 22-22

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 49

Código Penal

O QUE SIGNIFICA AS CORES DOS GRIFOS?

Azul → prazos e datas.

Verde → títulos de determinados assuntos relevantes.

Amarelo → atençã o + palavras importantes as quais sã o alvo de pegadinhas.

Cinza → artigos que já caíram e caem bastante em concursos policiais militares.

Vermelho → pegadinhas com troca de palavras

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Anterioridade da Lei (Princípio da Reserva legal)

Art. 1º - Nã o há crime sem lei anterior que o defina. Nã o há pena sem prévia
cominaçã o legal;

Lei penal no tempo (Abolitio Criminis)

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei POSTERIOR deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execuçã o e os efeitos PENAIS da
sentença condenató ria.

Parágrafo único - A lei POSTERIOR, que de qualquer modo favorecer o agente,


aplica-se aos fatos ANTERIORES, ainda que decididos por sentença condenató ria
transitada em julgado;

Lei excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA, embora decorrido o período de


sua duraçã o ou cessadas as circunstâ ncias que a determinaram, APLICA-SE ao fato
praticado durante sua vigência.

Excepcional: NÃO há tempo determinado (Pandemia COVID-19);

Temporária: HÁ tempo determinado (Lei da Copa – 12.663/12);


Tempo do crime (Teoria da Atividade)

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no MOMENTO da açã o ou omissã o, ainda


que outro seja o momento do resultado.

Influi nos seguintes casos:

a) Maioridade penal;
b) Circunstâ ncias do crime ligadas à idade da vítima;
c) Superveniência da lei penal mais gravosa;

Lugar do crime (Teoria da Ubiquidade)

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no LUGAR em que ocorreu a açã o ou


omissã o, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado;

Territorialidade

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras


de direito internacional, ao crime cometido no territó rio nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensã o do territó rio nacional


as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcaçõ es brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicá vel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Relação de causalidade

Art. 13 - O RESULTADO, de que depende a existência do crime, somente é


imputá vel a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado nã o teria ocorrido.

Superveniência de causa independente

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputaçã o


quando, por si só , produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.

As absolutamente independentes não possuem qualquer vínculo com a


conduta do agente, ou seja, possuem uma origem totalmente divorciada da
conduta delitiva e ocorreriam ainda que o agente jamais tivesse agido. Por isso,
trazem uma soluçã o mais simples e nã o podem, jamais, ser confundidas, até
porque seus exemplos sã o clá ssicos e trazidos pela mais ampla doutrina. Possuem
três modalidades, a saber:
a) Preexistente: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex:
"A" deseja matar a vítima "B" e para tanto a espanca, atingindo-a em
diversas regiõ es vitais. A vítima é socorrida, mas vem a falecer. O laudo
necroscó pico, no entanto, evidencia como causa mortis envenenamento
anterior, causado por "C", cujo veneno ministrado demorou mais de 10’.
b) Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente
realiza a conduta. Ex: "A" efetua disparos de arma de fogo contra "B", que
vem a falecer em razã o de um sú bito colapso cardíaco (cuidado, nã o se trata
de doença cardíaca preexistente, mas sim de um colapso ocorrido no
mesmo instante da conduta do agente!);

c) Superveniente: é a causa que atua apó s a conduta do agente. Ex: "A"


administra dose letal de veneno para "B". Enquanto este ú ltimo ainda está
vivo, desprende-se um lustre da casa, que acaba por acertar qualquer regiã o
vital de "B" e vem a ser sua causa mortis.

Relevância da omissão

§ 2º - A omissã o é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir


para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigaçã o de cuidado, proteçã o ou vigilâ ncia;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Art. 14. Diz-se o crime:

Crime consumado

I – Consumado, quando nele se reú nem TODOS os elementos de sua definiçã o


legal;

Tentativa
II – Tentado, quando, iniciada a execução, nã o se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

Pena de tentativa

Pará grafo ú nico. Salvo disposiçã o em contrá rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuçã o ou


impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntá rio do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

A restituiçã o/reparaçã o deve ser feita pelo agente de modo voluntá rio, mesmo que
ele nã o esteja realmente arrependido de seus atos (ex.: reparaçã o por receio de
condenaçã o, ou até mesmo visando apenas essa diminuiçã o de pena, ou
convencido por terceiros a restituir a coisa). Assim, a devoluçã o da coisa ou
reparaçã o deve ser feita pessoalmente pelo agente, ou por outra pessoa, em caso
de extrema necessidade comprovada, pois um dos requisitos para a concessã o do
benefício é que o ato seja voluntá rio;

Crime impossível

Art. 17 - Nã o se pune a tentativa quando, por ineficá cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso

I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Crime culposo

II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,


negligência ou imperícia.

Pará grafo ú nico - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senã o quando o pratica dolosamente.
Agravação pelo resultado

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que
o houver causado ao menos culposamente.

Erro sobre elementos do tipo

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâ ncias,
supõ e situaçã o de fato que, se existisse, tornaria a açã o legítima. Nã o há isençã o de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Erro determinado por terceiro

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Erro sobre a pessoa

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado nã o isenta de pena.


Nã o se consideram, neste caso, as condiçõ es ou qualidades da vítima, senã o as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusá vel. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.

Parágrafo único - Considera-se evitá vel o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâ ncias, ter ou
atingir essa consciência.

Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coaçã o irresistível ou em estrita obediência a


ordem, nã o manifestamente ilegal, de superior hierá rquico, só é punível o autor da
coaçã o ou da ordem.

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Nã o há crime quando o agente pratica o fato:

I - Em estado de necessidade;

II - Em legítima defesa;
III - Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível

Pará grafo ú nico - O agente, em qualquer das hipó teses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de


perigo atual, que nã o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pró prio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâ ncias, nã o era razoá vel
exigir-se.

§ 1º - Nã o pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar


o perigo.

§ 2º - Embora seja razoá vel exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços.

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessá rios, repele injusta agressã o, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Pará grafo ú nico. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,


considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pú blica que repele
agressã o ou risco de agressã o a vítima mantida refém durante a prá tica de crimes.

DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participaçã o for de menor importâ ncia, a pena pode ser diminuída de


um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipó tese de ter
sido previsível o resultado mais grave.

Art. 30 - Nã o se comunicam as circunstâ ncias e as condiçõ es de cará ter pessoal,


salvo quando elementares do crime.

Art. 31 - O ajuste, a determinaçã o ou instigaçã o e o auxílio, salvo disposiçã o


expressa em contrá rio, nã o sã o puníveis, se o crime nã o chega, pelo menos, a ser
tentado

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusã o, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral, ou sob o domínio de violenta emoçã o, logo em seguida a injusta provocaçã o
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - Por motivo fú til;

III - Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - À traiçã o, de emboscada, ou mediante dissimulaçã o ou outro recurso que


dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V - Para assegurar a execuçã o, a ocultaçã o, a impunidade ou vantagem de outro


crime:

Pena - reclusã o, de doze a trinta anos.

Feminicídio

VI - Contra a mulher por razõ es da condiçã o de sexo feminino:

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituiçã o
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú blica,
no exercício da funçã o ou em decorrência dela, ou contra seu cô njuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razã o dessa
condiçã o:

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos

IX - Contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusã o, de doze a trinta anos.

§ 2o-A Considera-se que há razõ es de condiçã o de sexo feminino quando o crime


envolve:

I - Violência doméstica e familiar;


II - Menosprezo ou discriminaçã o à condiçã o de mulher.

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada


de:

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença
que implique o aumento de sua vulnerabilidade;

II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmã o,


cô njuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

III - 2/3 (dois terços) se o crime for praticado em instituiçã o de educaçã o bá sica
pú blica ou privada.

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime


resulta de inobservâ ncia de regra técnica de profissã o, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, nã o procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisã o em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º - Na hipó tese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se


as consequências da infraçã o atingirem o pró prio agente de forma tã o grave que a
sançã o penal se torne desnecessá ria.

§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestaçã o de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime
for praticado:

I - Durante a gestaçã o ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças


degenerativas que acarretem condiçã o limitante ou de vulnerabilidade física ou
mental;

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos


I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122. Induzir (significa dar a ideia a quem nã o a possui, inspirar, incutir, fazer
nascer) ou instigar (fomentar uma ideia já existente) alguém a suicidar-se ou a
praticar automutilaçã o ou prestar-lhe auxílio (forma mais concreta, trata-se de
apoio material) material para que o faça:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

§ 1º Se da automutilaçã o ou da tentativa de suicídio resulta lesã o corporal de


natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Có digo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilaçã o resulta morte:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

-é a morte voluntá ria resultado de um ato realizado pela pró pria vítima, a qual
sabia dever produzir este resultado. No Brasil nã o se pune o autor da tentativa de
suicídio, por motivos humanitá rios. Pune-se a outra pessoa que levou outra ao
suicídio.
-Se a vítima, mesmo que induzida, instigada ou auxiliada materialmente pelo
agente, nã o conseguir produzir qualquer dano à sua saú de ou integridade física, ou
produzir apenas lesõ es corporais de natureza leve, o agente nã o será
responsabilizado- indiferente penal.

§ 3º A pena é duplicada:

I - Se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fú til; (motivo mesquinho,


torpe, que cause certa repugnâ ncia. Ex.: agente induz seu irmã o a suicidar para
herdar o patrimô nio de seus pais sozinho.)

II - Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência. (maior que 14 e menor de 18 anos – menor de 14 indica
presumidamente que a vítima tinha incapacidade de discernimento levando a
hipó tese para o homicídio) (ex.: vítima embriagada ou sob o efeito de substâ ncia
entorpecente, deprimida, angustiada, com algum tipo de enfermidade grave),

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de


computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.

§ 5º Aplica-se a pena em dobro se o autor é líder, coordenador ou administrador de


grupo, de comunidade ou de rede virtual, ou por estes é responsá vel.

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesã o corporal de


natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, nã o tem o necessá rio discernimento
para a prá tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, nã o pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Có digo.

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14


(quatorze) anos ou contra quem nã o tem o necessá rio discernimento para a prá tica
do ato, ou que, por qualquer outra causa, nã o pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Có digo.

Infanticídio (trata-se do homicídio cometido pela mã e contra seu filho, nascente


ou recém-nascido, sob a influência do estado puerperal. E uma modalidade de
homicídio que se leva em consideraçã o determinadas condiçõ es particulares do
sujeito ativo)

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal (Parturiente sofre abalos de
natureza psicoló gica que a influenciam para que decida causar a morte do pró prio
filho. Sofre um colapso de senso moral), o próprio filho, durante o parto (inicio
do parto – nã o podemos falar mais em aborto) ou logo apó s (O tempo do estado
puerperal é o perito que dirá . A fase de quietaçã o cessa o estado puerperal, pois,
perpetua o instinto materno. A medicina indica o período de 6 a 8 semanas como
tempo de duraçã o normal do puerpério. A doutrina pugna por uma relaçã o de
proximidade entre o parto e o crime, já que a lei fala em logo apó s e nã o apó s, ou
seja, pede uma relaçã o mais imediata)

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Conceito de aborto: e a cessaçã o da gravidez, cujo início se da com a nidaçã o, antes


do termo normal, causando a morte do feto ou embriã o. Aborto provocado pela
gestante ou com seu consentimento

Aborto

Art. 124 - Provocar (dar causa ou determinar, contribuir diretamente fazendo uma
causa ter um efeito) aborto em si mesma ou consentir (permitir, autorizar) que
outrem lho provoque: (aborto provocado por outra pessoa que nã o a mã e, com
seu consentimento, autorizaçã o).

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: (sem a permissã o,


tolerâ ncia, autorizaçã o da gestante).

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Dissentimento real: quando o agente emprega violência, grave ameaça ou mesmo


fraude, é natural supor que extraiu o consentimento da vítima à forca - figura do
art. 125. Dissentimento presumido: quando a vítima nã o é maior de 14 anos ou e
alienada ou débil mental, nã o possui consentimento vá lido, levando a consideraçã o
de que o aborto deu-se contra a sua vontade.

Pará grafo ú nico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante nã o é maior de


quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência.

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores sã o aumentadas de um


terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá -lo, a
gestante sofre lesã o corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por
qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

* Crime qualificado pelo resultado: Trata-se de hipó tese em que o resultado mais
grave qualifica o originalmente desejado. O agente quer matar o feto, embora
termine causando lesõ es graves ou mesmo a morte da gestante. Ocorrendo tal
hipó tese, conforme posiçã o predominante, costuma-se dividir a infraçã o em duas
distintas: aborto + lesõ es corporais graves ou aborto + homicídio doloso, conforme
o caso;

Aplicaçã o restrita: Somente se aplica a figura qualificada à s hipó teses dos arts. 125
e 126;

-Se fosse empregado o art. 127 também ao tipo previsto no art. 124 (autoaborto),
estar-se-ia punindo a autolesã o, o que nã o ocorre no direito brasileiro.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)

Aborto necessário
I - Se nã o há outro meio de salvar a vida da gestante; aborto terapêutico ou
necessá rio: é a interrupçã o da gravidez realizada por recomendaçã o médica, a fim
de salvar a vida da gestante. Trata-se de uma hipó tese especifica de estado de
necessidade; nada mais é do que uma modalidade de "estado de necessidade"

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II- Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da


gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. aborto sentimental ou
humanitá rio: é a autorizaçã o legal para interromper a gravidez quando a mulher
foi vítima de estupro. Dentro da proteçã o a dignidade da pessoa humana em
confronto com o direito à vida (nesse caso, do feto), optou o legislador por
proteger a dignidade da mã e, que, vítima de um crime hediondo, nã o quer manter
o produto da concepçã o em seu ventre, o que lhe poderá trazer sérios entraves de
ordem psicoló gica e na sua qualidade de vida futura; nada mais é do quer uma
modalidade de "exercício regular de direito (por isso a gestante tem que
autorizar).

CAPÍTULO II

DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal

Art. 129. Ofender (significa lesar ou fazer mal a alguém, ou ferir, atacar) a
integridade corporal (inteireza do corpo humano) ou a saú de (normalidade das
funçõ es orgâ nicas, físicas e mentais do ser humano) de outrem:

Compreende-se no tipo qualquer ofensa ocasionada à normalidade funcional do


corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista anatô mico, seja do ponto de
vista fisioló gico ou psíquico.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: é possível, desde que haja lesõ es corporais de


natureza LEVE. É considerada causa de exclusã o de ilicitude supralegal.

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave – “PIDA”


§ 1º Se resulta:

I.- Incapacidade para as ocupaçõ es habituais, por mais de trinta dias; (entende-se
aqui toda e qualquer atividade desempenhada pela vítima, e nã o apenas a sua
ocupaçã o laborativa (até o lazer a ú nica exigência é que seja lícita. Ex.
estelionatá rio que se lesiona e nã o pode dar golpes – nã o enquadra) E o termo
habitual? Atividade frequente. É INDISPENSÁ VEL a realizaçã o de laudo pericial
para comprovar o comprometimento da vítima para suas atividades habituais por
mais de 30 dias.

II.- Perigo de vida; (é a concreta possibilidade de a vítima morrer em face das


lesõ es sofridas. Nã o basta hipó teses, mas um fator real de risco. Trata-se de um
diagnó stico e nã o um prognó stico)

III.- Debilidade permanente de membro, sentido ou funçã o; (Debilidade significa


enfraquecimento ou reduçã o da capacidade. Nã o se exige que se seja uma
debilidade perpétua, bastando ser de longa duraçã o. Ex.: aquele que sofre lesã o no
braço e o tem enfraquecido, nã o podendo carregar peso. OS MEMBROS DO CORPO
humano sã o: braços, mã os, penas e pés. Os dedos sã o partes dos membros, de
modo que a perda de um dedo leva a uma debilidade permanente na mã o ou no pé.
O ser humano possui 5 SENTIDOS: visã o, olfato, audiçã o, paladar e tato. Assim, ex.
se perder a visã o de um dos olhos é debilidade permanente. FUNÇÃ O é a açã o
pró pria de um ó rgã o do corpo humano ex. funçã o respirató ria, excretó ria,
circulató ria, entã o, se uma pessoa perder um dos rins será debilidade permanente
e nã o perda da funçã o)

IV.- Aceleraçã o de parto: (Ocorre com a antecipaçã o do nascimento da criança


antes do prazo normal previsto pela medicina. Nesse caso é INDISPENSÁ VEL o
conhecimento da gravidez pelo agente).

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta: “GRAVÍSSIMA” – “PEIDA”


I - Incapacidade permanente para o trabalho; (trata-se de inaptidã o duradoura nã o
perpétua - para exercer qualquer atividade laborativa lícita)

II.- Enfermidade incurá vel; (trata-se de doença irremediá vel, de acordo com os
recursos da medicina na época do resultado. Atualmente a medicina aponta como
incurá veis a lepra, tuberculose, sífilis, epilepsia, etc. Discussã o doutriná ria:
transmissã o do HIV. Como a Aids já foi considerada uma doença mortal, hoje ela é
controlada pelos coquetéis de medicamentos. A transmissã o dolosa do vírus já foi
entendida como homicídio consumado ou tentado)

III. Perda ou inutilizaçã o do membro, sentido ou funçã o; (PERDA implica em


destruiçã o ou privaçã o de algum membro (ex. corte de um braço), sentido (ex.
aniquilamento dos olhos) ou funçã o (ex. ablaçã o da bolsa escrotal, impedindo a
funçã o reprodutora); INUTILIZAÇÃO quer dizer falta de utilidade, ainda que
fisicamente esteja presente o membro ou o ó rgã o humano, ex. a perda de
movimento da mã o ou impotência).

IV.- deformidade permanente; (DEFORMAR significa alterar a forma original. A


ideia é estética. É posiçã o majoritá ria a exigência de ser a lesã o visível, causadora
de constrangimento ou vexame à vítima, e irrepará vel. Ex. cicatrizes de larga
extensã o visíveis, perda de orelhas, mutilaçã o grave do nariz)

V.- aborto: (interrupçã o da gravidez com morte do feto. A ideia aqui é que o aborto
tenha ocorrido de forma culposa. Crime preterdoloso. Gravidez deve ser
conhecida pelo agente)

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâ ncias evidenciam que o agente nã o quis o


resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


CRIME PRETERDOLOSO: o legislador deixou nítida a exigência de dolo no
antecedente (lesã o corporal) e somente a forma culposa no evento subsequente
(morte da vítima).

Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesõ es (ou seja, tem que ser de natureza leve),
pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:

I.- se ocorre qualquer das hipó teses do pará grafo anterior;

II.- se as lesõ es sã o recíprocas. (parte do pressuposto que ambas as lesõ es foram


injustas – caso contrá rio existirá legitima defesa para uma das partes). Na hipó tese
de violência doméstica e familiar contra mulher, ficará impossibilitado a
substituiçã o da pena Privativa de liberdade pela pena de multa aplicada
isoladamente – art. 17 da lei 11.340.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesã o é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Lesã o for cometida por imprudência, negligência ou imperícia.

Não se faz distinção na gravidade da lesão.

Lesõ es corporais de natureza culposa na direçã o de veículo automotor é abrangido


pelo art. 303 do CTB.

Pena: detenção de 6 meses a 2 anos.


Aumento de pena

§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipó teses
dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Có digo.

Inobservâ ncia de regra técnica de profissã o, arte ou ofício, ou se o agente deixa de


prestar socorro imediato a vítima ou nã o procura diminuir as consequências do
ato, ou foge para evitar prisã o em flagrante, ou é praticado contra pessoa menor de
14 anos e maior de 60 anos.

Crime for praticado por milícia privada, sob pretexto de prestaçã o de serviço de
segurança ou grupo de extermínio.

§ 8º - Aplica-se à lesã o culposa o disposto no § 5º do art. 121. (aplica-se o perdã o


judicial).

§ 9º Se a lesã o for praticada contra ascendente, descendente, irmã o, cô njuge ou


companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relaçõ es domésticas, de coabitaçã o ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos

Deve ser aplicado nã o somente aos casos em que a mulher for vítima de violência
doméstica e familiar, mas a todas as pessoas, sejam do sexo masculino ou feminino.
- Quando a mulher for vítima de violência doméstica e familiar, restando lesõ es
corporais, o autor terá tratamento mais severo imposto no art. 41 da lei 11.340,
proibindo a aplicaçã o da lei 9.099.

DOMÉ STICO é termo que diz respeito à vida em família, usualmente na mesma casa
podendo ter ou nã o laços de parentesco. Haverá violência doméstica se a agressã o
se voltar contra ascendente, descendente, irmã o, cô njuge ou companheiro em
qualquer lugar, nã o necessitando ser no lar, onde todos eventualmente vivam. açã o
pú blica incondicionada por ser uma forma qualificada de lesã o.

Coabitaçã o ex.: empregada que morou com os patrõ es; hospitalidade ex.: anfitriã o
contra a visita.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâ ncias sã o as
indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Tem que se verificar a natureza da lesã o. Sendo leves, desde que praticadas contra
as pessoas indicadas no §9º, será qualificada, mas sem o aumento de pena; sendo
graves ou gravíssimas, ou se for seguida de morte, ainda deverá ser aplicada ao
agente o aumento de um terço.

§ 11. Na hipó tese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o


crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

§ 12. Se a lesã o for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituiçã o Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pú blica, no exercício da funçã o ou em decorrência dela, ou contra seu
cô njuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razã o dessa
condiçã o, a pena é aumentada de um a dois terços.

Aumento de pena aplicado a todas as naturezas de lesões, leves, graves, e


gravíssimas, não sendo compatível com lesões culposas.

§ 13. Se a lesã o for praticada contra a mulher, por razõ es da condiçã o do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Có digo:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relaçõ es sexuais ou qualquer ato libidinoso, a
contá gio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se é intençã o do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 2º - Somente se procede mediante representaçã o.


A caracterizaçã o do delito se dá pela prá tica de qualquer ato sexual — có pula
vagínica, anal, sexo oral etc. — desde que apta à transmissã o da moléstia venérea,
como sífilis, blenorragia (gonorreia), cancro mole, papilomavírus (HPV) etc. É claro
que o fato nã o constitui crime se o agente nã o expõ e a vítima a perigo de contá gio
fazendo uso, por exemplo, de preservativo.

Perigo de contágio de moléstia grave

Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Configura-se pela prá tica de qualquer ato capaz de transmitir a doença (beijo,
espirro intencional pró ximo à vítima, lamber o garfo com o qual ela irá comer etc.).
Trata-se, portanto, de crime de açã o livre que admite qualquer meio de execuçã o,
desde que apto a transmitir a doença. Como se exige prova de que o ato praticado
era capaz de provocar o contá gio, conclui-se que se trata de crime de perigo
concreto. O tipo penal exige que se trate de moléstia grave — que provoca séria
perturbaçã o da saú de — e contagiosa (tuberculose ou “gripe suína”, por exemplo).
As doenças venéreas, sendo elas graves, tipificam o crime, desde que o perigo de
contá gio nã o decorra de ato sexual, já que, nesse caso, aplica-se o art. 130 do
Có digo.

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saú de de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.

Pará grafo ú nico. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposiçã o da


vida ou da saú de de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestaçã o de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais.

Consiste em “expor alguém a perigo”, que significa criar ou colocar a vítima em


situaçã o de risco. Trata-se de crime de açã o livre, pois admite qualquer forma de
execuçã o: “fechar” o carro de outra pessoa de forma intencional; abalroar
dolosamente seu carro contra o da vítima com ela dentro; desferir golpe com
instrumento contundente pró ximo à vítima; tirar uma “fina” de um pedestre para
assustá -lo; nã o fazer os exames exigidos no sangue do doador antes de efetuar a
transfusã o etc. O crime em tela pode também ser praticado por omissã o, como no
caso do patrã o que nã o fornece equipamentos de segurança para seus
funcioná rios, desde que disso resulte situaçã o concreta de perigo.

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilâ ncia ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

§ 1º - Se do abandono resulta lesã o corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena

§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

I - Se o abandono ocorre em lugar ermo;

II - Se o agente é ascendente ou descendente, cô njuge, irmã o, tutor ou curador da


vítima.

III – Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Abandonar o incapaz significa deixá -lo sem assistência afastando-se dele, de modo
que seja exposto a risco. O crime pode ser praticado mediante um deslocamento no
espaço, por meio de açã o (levar a vítima a um determinado lugar e dela se afastar)
ou por omissã o (deixar a vítima no lugar onde se encontra). Nã o há crime quando é
o pró prio assistido quem se afasta sem que o agente perceba o ocorrido. Há
omissã o se o agente (o pai, por exemplo) deve buscar uma criança em certo local e,
intencionalmente, nã o vai apanhá -la. Pode-se dizer que o crime pode ser cometido
com ou sem deslocamento espacial da vítima, desde que ela fique desamparada e,
com isso, seja exposta a risco.

Exemplo: quando uma babá deixa criança de pouca idade sozinha em casa e sai
para namorar, uma vez que a criança, por nã o ter ainda exata noçã o do perigo,
pode subir em um sofá e cair, mexer em produtos tó xicos, sufocar-se com um saco
plá stico etc.

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra pró pria:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

§ 1º - Se do fato resulta lesã o corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

As condutas típicas sã o expor e abandonar o recém-nascido. Na primeira figura, o


agente remove o recém-nascido do local em que se encontra, deixando-o em local
onde nã o terá assistência. Na segunda, o agente deixa o bebê no local em que já
estava, dele se afastando.

A doutrina costuma dizer que só há crime se, em razã o do abandono, o recém-


nascido for exposto a situaçã o de risco concreto, na medida em que, embora o
neonato seja indefeso, caso a mã e o abandone no berçá rio de uma maternidade,
continuará ele a ter toda a assistência de que necessita, recebendo até mesmo o
leite de outras mulheres.

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa invá lida ou ferida, ao desamparo
ou em grave e iminente perigo; ou nã o pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pú blica:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Pará grafo ú nico - A pena é aumentada de metade, se da omissã o resulta lesã o


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

O crime pode ocorrer de duas maneiras:

a) Falta de assistência imediata, que se verifica quando o agente pode prestar o


socorro pessoalmente à pessoa que dele necessita, e nã o o faz. Ex.: uma pessoa vê
outra se afogando e, sabendo nadar, nada faz para salvá -la. Esse exemplo só
configura quando a prestaçã o do socorro nã o põ e em risco a vida. Nã o precisa
realizar atos heroicos.
Convém lembrar, contudo, que certas profissõ es, como a dos bombeiros, trazem o
dever de enfrentar o perigo, e os seus agentes somente nã o responderã o pela
omissã o de socorro quando o risco for efetivamente consistente. Se a prestaçã o de
socorro implicar produçã o de risco à terceira pessoa, a omissã o nã o constituirá
crime.

b) Falta de assistência mediata, que se dá quando o agente, nã o podendo prestar o


socorro pessoalmente, deixa de solicitar auxílio à s autoridades pú blicas quando
havia meios para tanto. No exemplo anterior, se a pessoa nã o soubesse nadar,
deveria noticiar o afogamento a qualquer agente da autoridade para que esta
providenciasse o salvamento. Nã o o fazendo, incorre na figura prevista na parte
final do art. 135. Para se livrar da responsabilizaçã o penal, o agente deve acionar
de imediato as autoridades.
1. CRIANÇA ABANDONADA: É aquela que, propositadamente, foi deixada por seus
responsá veis e que, assim, está entregue a si mesma, sem poder prover a pró pria
subsistência. Distingue-se do crime de abandono de incapaz porque, na omissã o, o
sujeito encontra a vítima em abandono e nã o lhe presta assistência, enquanto no
abandono de incapaz é o pró prio agente, responsá vel pelo menor, quem o
abandona. Considera-se criança quem tem menos de 12 anos.
2. CRIANÇA EXTRAVIADA: É aquela que se perdeu, ou seja, que nã o sabe retornar
ao local onde estã o seus responsá veis.
3. PESSOA INVÁLIDA, AO DESAMPARO Invá lida é a pessoa que nã o pode valer de
si pró pria para a prá tica dos atos normais dos seres humanos. Pode decorrer de
defeito físico, de idade avançada, de doença etc. A pessoa deve, ainda, estar ao
desamparo, ou seja, impossibilitada de se afastar de situaçõ es de perigo por suas
pró prias forças e sem contar com a assistência de outra pessoa. Caso se trate de
pessoa idosa que esteja necessitando de tratamento de saú de, haverá crime
específico previsto no art. 97 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), por parte
de quem recusar, retardar ou dificultar sua assistência, hipó tese em que a pena
será de seis meses a um ano de detençã o, e multa.
4. PESSOA FERIDA, AO DESAMPARO: É aquela que está lesionada, de forma
acidental ou por provocaçã o de terceiro, e que está também desamparada. Se foi o
pró prio agente quem, culposamente, lesionou a vítima e depois nã o a socorreu,
responde por crime específico de lesõ es corporais culposas com apena aumentada
de um terço pela omissã o de socorro (art. 129, §§ 6º e 7º). Se o agente feriu
intencionalmente a vítima, a fim de lhe causar lesõ es corporais ou a morte, e,
posteriormente, nã o a socorreu, responde tã o somente por lesã o corporal ou
homicídio, nã o agravando sua pena a falta de assistência à vítima. Ao contrá rio,
caso a socorra com sucesso, poderá ser beneficiado pelo instituto do
arrependimento eficaz (art. 15 do CP).
5. PESSOA EM GRAVE E IMINENTE PERIGO: Nos termos do texto legal, o perigo a
que a vítima está submetida deve ser de grandes proporçõ es e estar prestes a
desencadear o dano. Ex.: pendurada em um abismo ou isolada em uma grande
enchente, no interior de uma casa na encosta de um morro prestes a desabar etc.
Mesmo que a vítima nã o queira ser socorrida, haverá o crime se o agente nã o lhe
prestar socorro o nã o acionar as autoridades, já que a vida e a incolumidade física
sã o bens indisponíveis. Assim, se alguém percebe que outra está prestes a se atirar
de um prédio e cometer suicídio, deve acionar as autoridades para que tentem
evitá -lo. Se nada fizer, incorrerá em omissã o de socorro.
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial
Art. 135-A. Exigir cheque-cauçã o, nota promissó ria ou qualquer garantia, bem
como o preenchimento prévio de formulá rios administrativos, como condiçã o para
o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Pará grafo ú nico. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento
resulta lesã o corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Infelizmente, é comum pessoas que se encontram gravemente enfermas ou
acidentadas verem protelado o atendimento médico de emergência em hospitais
ou
clínicas da rede privada, caso nã o assinem documento se comprometendo a pagar
pelo atendimento. A falta de socorro nesses casos já configuraria o crime de
omissã o de socorro.
O delito, portanto, configura-se no exato instante em que feita a exigência pelo
funcioná rio do hospital ou posto de atendimento, ainda que posteriormente a
vítima
venha a ser socorrida por médicos que trabalham no local ou por terceiros. A pena
é maior do que a do crime de omissã o de socorro.
Configura-se também a infraçã o penal se o agente condiciona o atendimento ao
prévio preenchimento de formulá rios administrativos, pretendendo o legislador
que primeiro atenda-se o paciente para depois serem tomadas as providências
burocrá ticas.

Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saú de de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilâ ncia, para fim de educaçã o, ensino, tratamento ou custó dia, quer privando-a
de alimentaçã o ou cuidados indispensá veis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo
ou inadequado, quer abusando de meios de correçã o ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesã o corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (catorze) anos.
O crime consiste em expor a risco a vida ou a saú de da vítima por uma das formas
enumeradas no tipo penal. Assim, como o texto legal expressamente elenca as
formas de execuçã o trata-se de delito de açã o vinculada. As formas de execuçã o do
crime de maus-tratos sã o:
a) Privação de alimentos. A lei se refere a vítimas que nã o têm condiçõ es de obter
o pró prio alimento, de modo que o agente comete o crime deixando de alimentar a
pessoa que está sob sua guarda, autoridade ou vigilâ ncia. A privaçã o pode ser
relativa (diminuiçã o no volume de alimentos fornecidos) ou absoluta (total). Para a
configuraçã o do crime, basta a privaçã o relativa, desde que seja suficiente para
gerar perigo para a vida ou para a saú de da vítima. Em caso de privaçã o total de
alimentos, somente poderá ser cogitado o crime de maus-tratos se ocorrer apenas
por um curto espaço de tempo. Se o agente deixa totalmente de alimentar uma
pessoa que está sob sua guarda, autoridade ou vigilâ ncia, fazendo-o por um longo
período, responderá por tentativa de homicídio ou por delito consumado, caso a
vítima venha a falecer.
b) Privação de cuidados indispensáveis. A lei se refere a cuidados médicos,
fornecimento de agasalho, de higiene etc. O fato de nã o higienizar pessoa que está
sob sua guarda pode, por exemplo, provocar-lhe doenças, assaduras, brotoejas na
pele etc.
c) Sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados. Trabalho excessivo é aquele
que provoca fadiga acima do normal, quer pelo grande volume de tarefas, quer
pelo grande nú mero de horas de serviço. Trabalho inadequado é aquele impró prio
ou inconveniente à s condiçõ es de idade, sexo, desenvolvimento físico da vítima etc.
É o que ocorre quando o agente exige que a vítima carregue peso acima do que ela
suporta, ou em local muito quente ou frio, ou quando um adolescente é obrigado a
trabalhar à noite etc.
d) Abuso dos meios de disciplina e correção. O texto legal se refere aos castigos
corporais imoderados. Apesar de estarem cada vez mais em desuso, a lei nã o
considera crime a aplicaçã o de leves palmadas ou chineladas em criança, embora
possam justificar a aplicaçã o de medidas educativas e protetivas, ou de
advertência, por parte do Conselho Tutelar (art. 18-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente, com a redaçã o dada pela Lei n. 13.010/2014 — conhecida como Lei
da Palmada.

Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Pará grafo ú nico - Se ocorre morte ou lesã o corporal de natureza grave, aplica-se,
pelo fato da participaçã o na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
CAPÍTULOV
DOS CRIMES CONTRA AHONRA
CONCEITO DE HONRA: e a faculdade de apreciaçã o ou o senso que se faz acerca da
autoridade moral de uma pessoa, sua respeitabilidade no seio social; sua postura
calcada nos bons costumes. A Constituição Federal, em seu art. 5. °, X, menciona,
expressamente, serem inviolá veis a honra e a imagem das pessoas. Honra é,
portanto, um direito fundamental do ser humano.

HONRA OBJETIVA: é o julgamento que a sociedade faz do indivíduo.


HONRA SUBJETIVA: é o julgamento que a pessoa faz de si mesma.

Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
MOMENTO CONSUMATIVO: ocorre no momento que a imputaçã o falsa chega ao
conhecimento de terceiros.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputaçã o, a propala
(espalhar, dar publicidade) ou divulga (tornar conhecido de mais alguém).
§ 2º - É punível a calú nia contra os mortos.
Exceção da verdade
Trata-se de um incidente processual, sendo uma forma de defesa indireta, na qual
o acusado de ter praticado calú nia pretende provar a veracidade do que alegou.
Com essa comprovaçã o o acusado afasta a infraçã o penal a ele atribuída. Há aí um
interesse pú blico em apurar quem é o verdadeiro autor do crime.

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:


I.- se, constituindo o fato imputado crime de açã o privada, o ofendido nã o foi
condenado por sentença irrecorrível;
Se a açã o é privada um terceiro nã o é legítimo para provar que o crime ocorreu.
Ex.: Joã o é acusado de atirar uma pedra contra o carro de Antô nio por Pedro. Joã o
se sentindo caluniado entra na justiça. Pedro quer alegar exceçã o da verdade, mas
como a açã o penal é de açã o privada e nã o foi proposta pela vítima, nã o é possível
verificar se o fato é verdadeiro ou falso.
II.- se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
pretende-se proteger o cargo e a funçã o do mais alto mandatá rio da Naçã o e dos
chefes de governos estrangeiros. A importâ ncia e a dignidade da funçã o
assegurariam uma espécie de imunidade.
III.- se do crime imputado, embora de açã o pú blica, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Se o assunto já foi debatido é ó bvio que nã o caberá nova discussã o se já julgado em
definitivo.
Difamação
Art. 139 –Difamar (desacreditar publicamente uma pessoa, maculando-lhe a
reputaçã o (sejam eles verdadeiros ou falsos) alguém, imputando-lhe fato ofensivo
à sua reputaçã o:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Na difamaçã o pune-se aquilo definido popularmente por fofoca.
MOMENTO CONSUMATIVO: ocorre no momento em que a imputaçã o chega ao
conhecimento de terceiros.
Exceção da verdade
Pará grafo ú nico - A exceçã o da verdade somente se admite se o ofendido é
funcioná rio pú blico e a ofensa é relativa ao exercício de suas funçõ es.
Regra geral nã o se aceita pois é indiferente que o fato infamante seja verdadeiro
ou falso.
Ao tratar de FUNCIONÁ RIO PÚ BLICO, dizendo respeito à suas funçõ es é interesse
do Estado apurar a veracidade do que está sendo alegado e se for o caso punir. Se o
sujeito atribui ao funcioná rio pú blico a prá tica de atos indecorosos quando em
serviço, é admissível a demonstraçã o da veracidade de seu comportamento. Se a
atribuiçã o de atos indecorosos nã o guardar relaçã o com a funçã o pú blica, nã o cabe
aprova da verdade.
Injúria
Art. 140 - Injuriar (ofender ou insultar, vulgarmente xingar) alguém, ofendendo-
lhe a dignidade (respeitabilidade ou amor-pró prio ex.: trapaceiro) ou o decoro
(correçã o moral ou compostura ex.:burro):
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
- Na injú ria nã o existe imputaçã o de fatos e sim de atributos pejorativos à pessoa
da
vítima.
MOMENTO CONSUMATIVO: ocorre no momento em que a imputaçã o chega ao
conhecimento do ofendido
EXCEÇÃO DA VERDADE: não se admite.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: (perdã o judicial)
I.- quando o ofendido, de forma reprová vel, provocou diretamente a injú ria;
II.- no caso de retorsã o (forma anô mala de legítima defesa) imediata, que consista
em outra injú ria.
§ 2º - Se a injú ria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes: (injú ria real)
A violência implica ofensa à integridade corporal de outrem enquanto a via de fato
representa uma forma de violência que nã o chega a lesionar a integridade física ou
a saú de de uma pessoa. Ex. uma bofetada pode produzir um corte no lá bio da
vítima, configurando violência, mas pode também nã o deixar ferimento,
representando a via de fato. Se houver violência há concurso da injú ria com o
delito de lesõ es corporais (as vias de fato ficam absorvidas pela injú ria real).
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3º Se a injú ria consiste na utilizaçã o de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religiã o, origem ou a condiçã o de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (injú ria
preconceituosa)
-Insultos com argumentos ou palavras de conteú do pejorativo ex. “todo judeu é
corrupto”, “negros sã o desonestos”
-Gracejos inoportunos, humilhantes e degradantes contra idosos e deficientes (ex.:
“nã o atendemos mú mias neste estabelecimento”, “aleijado só dá trabalho”) devem
ser mais severamente punidos.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se


a pena em dobro.
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes
sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - Contra o Presidente da Repú blica, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - Contra funcioná rio pú blico, em razã o de suas funçõ es, ou contra os Presidentes
do Senado Federal, da Câ mara dos Deputados ou do Supremo Tribunal
Federal;
III - Na presença de vá rias pessoas, ou por meio que facilite a divulgaçã o da
calú nia, da difamaçã o ou da injú ria.
IV - Contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa
com deficiência, exceto na hipó tese prevista no § 3º do art. 140 deste Có digo.

CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a nã o
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela nã o manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execuçã o do crime, se reú nem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Nã o se compreendem na disposiçã o deste artigo:
I - A intervençã o médica ou cirú rgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - A coaçã o exercida para impedir suicídio.

Intimidação sistemática (bullying)

Art. 146-A. Intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante


violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e
repetitivo, sem motivaçã o evidente, por meio de atos de intimidaçã o, de
humilhaçã o ou de discriminaçã o ou de açõ es verbais, morais, sexuais, sociais,
psicoló gicas, físicas, materiais ou virtuais:
Pena - multa, se a conduta não constituir crime mais grave.

Intimidação sistemática virtual (cyberbullying)


Pará grafo ú nico. Se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de
rede social, de aplicativos, de jogos on-line ou por qualquer outro meio ou
ambiente digital, ou transmitida em tempo real:
Pena - reclusão, de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, e multa, se a conduta não
constituir crime mais grave
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbó lico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pará grafo ú nico - Somente se procede mediante representaçã o.
Perseguição
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-
lhe a integridade física ou psicoló gica, restringindo-lhe a capacidade de locomoçã o
ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:

I – Contra criança, adolescente ou idoso;

II – Contra mulher por razõ es da condiçã o de sexo feminino, nos termos do § 2º-A
do art. 121 deste Có digo;

III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma.

§ 2º As penas deste artigo sã o aplicá veis sem prejuízo das correspondentes à


violência.

§ 3º Somente se procede mediante representação.

Violência psicológica contra a mulher


Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu
pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas açõ es,
comportamentos, crenças e decisõ es, mediante ameaça, constrangimento,
humilhaçã o, manipulaçã o, isolamento, chantagem, ridicularizaçã o, limitaçã o do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saú de
psicoló gica e autodeterminaçã o:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não
constitui crime mais grave.

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cá rcere
privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – Se a vítima é ascendente, descendente, cô njuge ou companheiro do agente ou
maior de 60 (sessenta) anos;
II - Se o crime é praticado mediante internaçã o da vítima em casa de saú de ou
hospital;
III - Se a privaçã o da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – Se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – Se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razã o de maus-tratos ou da natureza da detençã o,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tá cita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego
de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I - Durante o dia, com observâ ncia das formalidades legais, para efetuar prisã o ou
outra diligência;
II - A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.
§ 4º - A expressã o "casa" compreende:
II - Aposento ocupado de habitaçã o coletiva;
III - Compartimento nã o aberto ao pú blico, onde alguém exerce profissã o ou
atividade;
§ 5º - Não se compreendem na expressã o "casa":
I - Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitaçã o coletiva, enquanto aberta,
salvo a restriçã o do n.º II do pará grafo anterior;
II - Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mó vel:
Pena - reclusã o, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primá rio, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusã o pela de detençã o, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa mó vel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econô mico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - Com destruiçã o ou rompimento de obstá culo à subtraçã o da coisa;
II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - Com emprego de chave falsa;
IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato aná logo que cause perigo comum.
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto
mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrô nico ou informá tico,
conectado ou nã o à rede de computadores, com ou sem a violaçã o de mecanismo
de segurança ou a utilizaçã o de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento aná logo.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevâ ncia do
resultado gravoso:
I – Aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado
mediante a utilizaçã o de servidor mantido fora do territó rio nacional;
II – Aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso
ou vulnerá vel.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtraçã o for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior.
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtraçã o for de
semovente domesticá vel de produçã o, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtraçã o.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtraçã o
for de substâ ncias explosivas ou de acessó rios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricaçã o, montagem ou emprego.
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condô mino, co-herdeiro ou só cio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representaçã o.
§ 2º - Não é punível a subtraçã o de coisa comum fungível, cujo valor nã o excede a
quota a que tem direito o agente.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa mó vel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detençã o da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstâ ncia.
IV - Se a subtraçã o for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V- Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade.
VI – Se a subtraçã o for de substâ ncias explosivas ou de acessó rios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricaçã o, montagem ou emprego.
VII - Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços);
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – Se há destruiçã o ou rompimento de obstá culo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato aná logo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – Lesã o corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econô mica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsã o praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.
3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condiçã o é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de
dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos

Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir (ordenar, reclamar) ou receber (aceitar, acolher), como garantia
de dívida, abusando (exagerar, usar de modo inconveniente) da situaçã o de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal (ex.: cheque sem
fundos, duplicata fria, confissã o da prá tica de um delito) contra a vítima ou contra
terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Ex.: Vítima necessitando muito de um empréstimo e pretendendo convencer a
pessoa que lhe emprestará a quantia de que irá pagar, entrega, voluntariamente,
nas mã os do credor um cheque sem suficiente provisã o de fundos – o devedor
poderá ser enquadrado na figura do estelionato. -Sujeito ativo é o credor de uma
dívida, enquanto o sujeito passivo é o devedor, que entrega o documento ao agente
ou terceira pessoa.
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito pró prio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depó sito, desmontar,
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito pró prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará grafo anterior,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporçã o entre
o valor e o preço, ou pela condiçã o de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§ 4º -A receptaçã o é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do
crime de que proveio a coisa.
§ 5º - Na hipó tese do § 3º, se o criminoso é primá rio, pode o juiz, tendo em
consideraçã o as circunstâ ncias, deixar de aplicar a pena (perdão judicial dirigido
apenas à receptação na forma culposa).
Na receptaçã o dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
§ 6º - Tratando-se de bens do patrimô nio da Uniã o, de Estado, do Distrito Federal,
de Município ou de autarquia, fundaçã o pú blica, empresa pú blica, sociedade de
economia mista ou empresa concessioná ria de serviços pú blicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo.
Receptação de animal Art. 180-A.
Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depó sito ou vender, com a
finalidade de produçã o ou de comercializaçã o, semovente domesticá vel de
produçã o, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

TÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL


CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro Art. 213.
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunçã o carnal
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesã o corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

As lesõ es corporais de natureza leve sã o absorvidas pelo crime de estupro.


- Podem ser vítimas de estupro tanto a mulher quanto o homem.
- a expressã o “outro ato libidinoso” contém todos os atos de natureza sexual que
nã o a conjunçã o carnal e que tenham a finalidade de satisfazer a libido do agente.
Ex.: atos de masturbaçã o. - existe ainda a possibilidade de terceira pessoa sendo
assistida pelo agente.
Sujeito ativo e sujeito passivo: crime pró prio quando houver conjunçã o carnal
(presume relaçã o heterosexual);
Crime comum: qualquer pessoa poderá ser sujeito
Violação sexual mediante fraude
Ter conjunçã o carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestaçã o de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Pará grafo ú nico. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econô mica,
aplica-se também multa. -
A fraude, neste delito, é um dos meios utilizados pelo agente para conseguir seu
intuito. É o chamado estelionato sexual.
-Há ainda a possibilidade de emprego de “outro meio que impeça ou dificulte” a
defesa da vítima.
- Crime pró prio: tanto homem quanto mulher podem ser sujeitos ativos e passivos,
desde que haja conjunçã o carnal;
- Crime comum: atos diversos da conjunçã o carnal: qualquer homem ou mulher
podem ser sujeitos ativos ou passivos.
Ex.: indivíduo se faz passar por seu irmã o gêmeo para ter relaçõ es sexuais com sua
cunhada.
Importunação sexual
Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a pró pria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.

Assédio sexual
Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condiçã o de superior hierá rquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou funçã o.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos.
No crime de Assédio Sexual o verbo “constranger” possui significado diferente dos
demais até entã o entendidos – grave ameaça e violência: CONSTRANGER, aqui,
deverá ser entendido no sentido de perseguir com propostas,insistir, importunar a
vítima, para que com ela obtenha vantagem ou favorecimento sexual, devendo
existir sempre uma Ameaça expressa ou implícita de prejuízo na relaçã o de
trabalho, caso o agente nã o tenha o sucesso sexual pretendido. Crime pró prio: o
crime exige que o sujeito ativo esteja na condiçã o de superior hierá rquico da
vítima (ou ascendência inerente ao cargo, emprego ou funçã o). Pode ser homem ou
mulher.
O sujeito passivo será a pessoa que estiver ocupando o outro polo da relaçã o
hierá rquica, nã o importando seu sexo.
Tendo em vista a natureza de ser crime formal, o crime se consuma no momento
em que ocorrem os atos que importem no constrangimento para a vítima, nã o
havendo necessidade que esta venha efetivamente a praticar os atos que
impliquem vantagem ou favorecimento sexual exigidos pelo agente (se vierem a
ocorrer, o crime estará meramente exaurido).

DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL

Registro não autorizado da intimidade sexual.


Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteú do com cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de cará ter íntimo e privado sem autorizaçã o dos
participantes:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Pará grafo ú nico. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, á udio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de cará ter íntimo.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Estupro de vulnerável
Ter conjunçã o carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as açõ es descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, nã o tem o necessá rio discernimento
para a prá tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, nã o pode oferecer
resistência.
§ 3º Se da conduta resulta lesã o corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4ºSe da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relaçõ es sexuais anteriormente ao crime.
Corrupção de menores
Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a
presenciar, conjunçã o carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
pró pria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável.
Submeter, induzir ou atrair à prostituiçã o ou outra forma de exploraçã o sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, nã o tem o necessá rio discernimento para a prá tica do ato, facilitá -la,
impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econô mica, aplica-se
também multa.
§2º Incorre nas mesmas penas:
I - Quem pratica conjunçã o carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situaçã o descrita no caput deste
artigo;
II - o proprietá rio, o gerente ou o responsá vel pelo local em que se verifiquem as
prá ticas referidas no caput deste artigo.
§3º Na hipó tese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigató rio da condenaçã o a
cassaçã o da licença de localizaçã o e de funcionamento do estabelecimento.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena
de sexo ou de pornografia
Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicaçã o de
massa ou sistema de informá tica ou telemá tica - fotografia, vídeo ou outro registro
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerá vel ou que faça
apologia ou induza a sua prá tica, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Aumento de pena
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relaçã o íntima de afeto com a
vítima ou com o fim de vingança ou humilhaçã o.
Exclusão de ilicitude
§ 2º Nã o há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste
artigo em publicaçã o de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
a adoçã o de recurso que impossibilite a identificaçã o da vítima, ressalvada sua
prévia autorizaçã o, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante açã o penal pú blica incondicionada.
Aumento de pena
Art. 226. A pena é aumentada:
I – De quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas;
II - De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmã o, cô njuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer
outro título tiver autoridade sobre ela;
IV - De 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
Estupro coletivo
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
Estupro corretivo
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Resistência
Art. 329 - Opor-se à execuçã o de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcioná rio competente para executá -lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razã o da resistência, nã o se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo sã o aplicá veis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
Para que o delito seja levado a efeito, tal resistência deve ser “ativa”, e nã o
“passiva”. Ou seja, na resistência ativa, o agente efetivamente utiliza de violência ou
ameaça contra o funcioná rio competente. Para o Có digo Penal Brasileiro, existe o
direito de resistência desde que o ato praticado seja manifestamente ilegal.
Consuma-se o delito com a simples oposiçã o à execuçã o de ato legal, valendo-se o
agente de violência ou ameaça a funcioná rio competente para executá -lo ou a
quem lhe esteja prestando auxílio. Nã o há necessidade de que o funcioná rio deixe
de praticar o ato que sofre oposiçã o. Caso o ato do funcioná rio nã o se concretize
em virtude da resistência do agente, o delito será qualificado na forma do § 1º do
Art 329.

Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcioná rio pú blico:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
O nú cleo do tipo é o verbo desobedecer, que significa deixar de atender, nã o
cumprir ordem legal de funcioná rio pú blico, seja fazendo ou deixando de fazer
alguma coisa que a lei imponha.
Para que possa existir tal delito, a ordem emanada pelo funcioná rio pú blico deve
ser legal.
De igual modo por crime de resistência, a ordem deve ser emanada por funcioná rio
pú blico que tenha atribuiçõ es legais para tal, pois caso contrá rio nã o se
configurará este delito.
O delito se consuma quando o agente faz ou deixa de fazer alguma coisa
contrariamente à ordem legal de funcioná rio pú blico.

Desacato
Art. 331 - Desacatar funcioná rio pú blico no exercício da funçã o ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
O nú cleo desacatar deve ser entendido no sentido de faltar com o devido respeito,
afrontar, menosprezar, desprezar, etc.
Faz-se necessá rio que o delito ocorra na presença do funcioná rio pú blico, nã o se
exigindo, contudo, que a ofensa seja “face a face”, bastando presenciá -la, ouvi-la
Nã o haverá o desacato por via telefô nica, imprensa ou outro meio em que o
funcioná rio pú blico nã o esteja presente (nesses casos poderã o ser configurados
crimes de injú ria, difamaçã o ou calú nia).
É fundamental que as ofensas sejam contra funcioná rio pú blico no exercício da
funçã o ou em razã o dela (questõ es relativas a problemas pessoais do funcioná rio,
por exemplo, poderã o configurar outro crime). É preciso fazer um “nexo-
funcional” em relaçã o a ofensa. Desse, mesmo se estiver de folga, um funcioná rio
pú blico pode ser vítima, nas condiçõ es acima.
O crime se consuma no momento em que o agente pratica o comportamento que
importe em desprezo, desprestigioso para com a Administraçã o Pú blica,
representada pelo funcioná rio, independentemente deste ú ltimo ter se sentido
desacatado.
Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcioná rio
pú blico no exercício da funçã o:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pará grafo ú nico - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua
que a vantagem é também destinada ao funcioná rio.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcioná rio pú blico, para
determiná -lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pará grafo ú nico - A pena é aumentada de um terço, se, em razã o da vantagem ou
promessa, o funcioná rio retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.
O nú cleo oferecer deve ser entendido no sentido de “propor”, “apresentar uma
proposta para entrega imediata”.
O verbo oferecer, também presente no tipo, leva transmite entendimento no
sentido que esse oferecimento seja para o futuro.
A finalidade do agente é fazer, com o oferecimento ou promessa da vantagem
indevida, com que o funcioná rio pú blico pratique, omita ou retarde ato de ofício.
Assim, nã o há necessidade que o funcioná rio venha a praticar, omitir, ou retardar
ato de ofício.
O delito ainda estará consumado quando o funcioná rio recusar a ofertar ou
promessa. Caso venha a aceitá -la, cometerá o crime de corrupçã o passiva (art. 317
CP).
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
O Art. 334 foi alterado em 2014 pela lei 13.008/2014, a qual retirou os crimes de
descaminho e contrabando do mesmo artigo: aquele permaneceu no art 334 e este
no art. 334-A.
Descaminho seria uma como espécie de “crime de sonegaçã o fiscal”. Isso porque
há , no descaminho, fraude no pagamento dos tributos aduaneiros. Ilícito de
natureza tributá ria. Ou seja, atenta contra o erá rio pú blico.
O descaminho consuma-se quando o agente atravessa a fronteira de posse da coisa
sem pagar os tributos ou direitos respectivos, uma vez que iludiu as autoridades
alfendegá rias.
Ocorre tanto na importaçã o quanto na exportaçã o; ocorre tanto quando o agente
atravessa a fronteira clandestinamente, como quando passa pela barreira
alfandegá ria e ilude o pagamento dos encargos respectivos.
Nã o é necessá rio realizar apuraçã o sobre “quantum” que deixou de ser recolhido
para a configuraçã o do delito: este já estará configurado independentemente do
montante.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - Pratica navegaçã o de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - Pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - Vende, expõ e à venda, mantém em depó sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pró prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introduçã o clandestina
no territó rio nacional ou de importaçã o fraudulenta por parte de outrem;
IV - Adquire, recebe ou oculta, em proveito pró prio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentaçã o legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos.
§ 2º Equipara-se à s atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I.- Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II.- Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro,
aná lise ou autorizaçã o de ó rgã o pú blico competente;
III.- Reinsere no territó rio nacional mercadoria brasileira destinada à exportaçã o;
IV.- Vende, expõ e à venda, mantém em depó sito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito pró prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira;
V.- Adquire, recebe ou oculta, em proveito pró prio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
§ 2º - Equipara-se à s atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Você também pode gostar