CPC ESPECIAL Parte 1 - 2024

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DECRETO-LEI No 2.

848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – CÓDIGO PENAL

PARTE ESPECIAL
TÍTULO I - DOSCRIMES CONTRAAPESSOA
CAPÍTULO I - DOS CRIMES CONTRA AVIDA

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
- O crime consiste em tirar criminosamente a vida de alguém. O tipo penal refere-se à vida extra-
uterina. Se for vida intra-uterina, ocorrerá o crime de aborto. O início do parto encerra a
possibilidade da prática do delito e aborto e dá início ao raciocínio dos crimes de homicídio ou
infanticídio
Caso de diminuição de pena (homicídio privilegiado)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor (algo importante ou de
elevada qualidade) social (interesse de ordem geral ou coletiva (matar o traidor da pátria, político
corrupto) ou moral (interesse particular ou específico (matar o traficante que viciou seu filho,
estuprador da filha)., ou sob o domínio de violenta (forte ou intensa) emoção (é a excitação de um
sentimento (amor, ódio, rancor), logo em seguida a injusta (sem razão plausível) provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – CÓDIGO PENAL

Homicídio qualificado

§ 2° Seo homicídio é cometido:

I.- mediante paga ou promessa de recompensa (No homicídio mercenário nós temos o
mandante, o executor e as vítimas. Mandante dependendo do caso não responderá pelo
delito qualificado. Essa qualificadora é para o executor), ou por outro motivo torpe (motivo
vil, ignóbil, repugnante e abjeto; é quase sempre ligado à ganância. Ex.: Ex.: apressar
recebimento de herança; matar o marido para a esposa ficar liberta para outro
relacionamento)

II.- por motivo fútil (Real desproporção entre o delito e sua causa moral (pequeneza do
motivo). Ex.: briga de trânsito; matar o garçom porque entregou o troco errado. A motivação
do crime é insignificante).
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Homicídio qualificado

§ 2° Seo homicídio é cometido:

III - com emprego de veneno (substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal,
capaz de perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano), fogo, explosivo,
asfixia, tortura (não se confunde com o crime de tortura (na tortura a morte é culposa, no
homicídio ela é meio) ou outro meio insidioso (armadilha ou fraude (sabotagem) ou cruel
(causa sofrimento excessivo, desnecessário à vítima enquanto viva. Ex. esquartejamento.), ou
de que possa resultar perigo comum (ex. metralhar alguém em meio a uma multidão);

IV - à traição (enganar, ser infiel. Ex. matar a vítima por trás, desprevenida, sem visualizar o
ataque), de emboscada (tocaia, agente permanece escondido aguardando a vítima passar),
ou mediante dissimulação (ocultar a intenção homicida, fazendo-se passar por amigo,
conselheiro para facilitar o delito. Engano (material ou moral) – fotógrafo do parque) ou
outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
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V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Sempre terá
relação com outro crime. Ex.: o agente mata para assegurar a execução de outro crime futuro – Ex.:
matar o segurança da Gisele Bünchen para estuprá-la; Ex.: o agente mata para assegurar a impunidade,
vantagem ou ocultação de outro crime pretérito. Ex.: matar a testemunha ou perito.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio
VI.- contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Não é pelo fato de uma mulher figurar
como sujeito passivo do homicídio que está caracterizado o feminicídio. Ex.: diretora de uma empresa
demite alguém e este não concordando mata a diretora. Ex.: marido chega em casa após o trabalho e não
achando o jantar servido, se irrita e mata a esposa. – apesar do motivo ser fútil, como foi praticada numa
relação de violência doméstica e familiar, reconhece-se o feminicídio. Obs.: problemática relacionada a
definição de mulher (que pode ser vítima do feminicídio) – critério jurídico – ver o que consta no RG –
sexo masculino ou feminino? – muita polêmica devido a questão da cirurgia para mudança de sexo.
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VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau
(pai, mãe e filhos – primeiro grau; irmãos, avós e netos – segundo grau; tios, sobrinhos, bisavós e
bisnetos – terceiro grau), em razão dessa condição:
-Estão abrangidos aqui aqueles que exercem função policial. Autoridades está no sentido daqueles
que exercem o poder de mando nas instituições, como é o caso do delegado.
- Para incidir a qualificadora é preciso que o homicídio tenha sido praticado enquanto algumas
das autoridades ou agentes estavam no exercício da função ou em decorrência delas.
-Se o agente já estiver aposentado mas o homicídio tiver relação com a função exercida
a qualificadora estará presente.

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:


Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
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§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime


envolve:
I.- violência doméstica e familiar; Observar o art. 5º da lei 11.340.
II.– menosprezo (desprezo, sentimento de aversão, repulsa a uma pessoa do sexo
feminino) ou discriminação (distinguir) à condição de mulher.

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada


de: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com
doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; (Incluído pela Lei
nº 14.344, de 2022) Vigência
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II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,


cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou
por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. (Incluído pela Lei nº
14.344, de 2022) Vigência

III - 2/3 (dois terços) se o crime for praticado em instituição de educação básica
pública ou privada. (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024)
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Homicídio culposo
§ 3º Seo homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
- Manifesta pela imprudência, negligencia ou imperícia (agente deixa de observar o dever
objetivo de cuidado que lhe competia);
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (Aqui o agente conhece as
técnicas exigidas no exercício de sua profissão, arte ou ofício e não as utiliza por
leviandade, sendo maior portanto o juízo de reprovação. ex. erro médico (erro
profissional), ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima (Insensibilidade
pra com o sofrimento alheio), não procura diminuir as conseqüências do seu ato (É
cabível para o caso do agente não podendo prestar socorro por medo de ser linchado
não aciona as autoridades), ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
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§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as


consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
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§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com


doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada


pela Lei nº 13.771, de 2018)

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do


caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de
2018)
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Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela
Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122. Induzir (significa dar a ideia a quem não a possui, inspirar, incutir, fazer nascer) ou instigar
(fomentar uma ideia já existente) alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-
lhe auxílio (forma mais concreta, trata-se de apoio material) material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza


grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2
(dois) a 6 (seis) anos.

-é a morte voluntária resultado de um ato realizado pela própria vítima, a qual sabia dever produzir
este resultado. No Brasil não se pune o autor da tentativa de suicídio, por motivos humanitários.
Pune-se a outra pessoa que levou outra ao suicídio.
-Se a vítima, mesmo que induzida, instigada ou auxiliada materialmente pelo agente, não conseguir
produzir qualquer dano à sua saúde ou integridade física, ou produzir apenas lesões corporais de
natureza leve, o agente não será responsabilizado- indiferente penal.
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§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)


I.I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (motivo mesquinho,
torpe, que cause certa repugnância. Ex.: agente induz seu irmão a suicidar para herdar o
patrimônio de seus pais sozinho.)

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência. (maior que 14 e menor de 18 anos – menor de 14 indica presumidamente
que a vítima tinha incapacidade de discernimento levando a hipótese para o homicídio)
(ex.: vítima embriagada ou sob o efeito de substância entorpecente, deprimida,
angustiada, com algum tipo de enfermidade grave),

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de


computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.

§ 5º Aplica-se a pena em dobro se o autor é líder, coordenador ou administrador de


grupo, de comunidade ou de rede virtual, ou por estes é responsável. (Redação dada
pela Lei nº 14.811, de 2024)
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§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de


natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14


(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
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Infanticídio (trata-se do homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou
recém-nascido, sob a influencia do estado puerperal. E uma modalidade de homicídio que
se leva em consideração determinadas condições particulares do sujeito ativo)

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal (Parturiente sofre abalos de
natureza psicológica que a influenciam para que decida causar a morte do próprio filho.
Sofre um colapso de senso moral), o próprio filho, durante o parto (inicio do parto – não
podemos falar mais em aborto) ou logo após (O tempo do estado puerperal é o perito
que dirá. A fase de quietação cessa o estado puerperal, pois, perpetua o instinto
materno. A medicina indica o período de 6 a 8 semanas como tempo de duração normal
do puerpério. A doutrina pugna por uma relação de proximidade entre o parto e o crime,
já que a lei fala em logo após e não após, ou seja, pede uma relação mais imediata)

Pena - detenção, de dois a seis anos.


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Conceito de aborto: e a cessação da gravidez, cujo inicio se da com a nidação, antes do


termo normal, causando a morte do feto ou embrião.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar (dar causa ou determinar, contribuir diretamente fazendo uma causa
ter um efeito) aborto em si mesma ou consentir (permitir, autorizar) que outrem lho
provoque: (aborto provocado por outra pessoa que não a mãe, com seu
consentimento, autorização).
Pena - detenção, de um a três anos.
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Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: (sem a permissão,
tolerância, autorização da gestante).
Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da


gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Dissentimento real: quando o agente emprega violência, grave ameaça ou mesmo fraude,
é natural supor que extraiu o consentimento da vitima a forca - figura do art. 125.
Dissentimento presumido: quando a vitima não e maior de 14 anos ou e alienada ou débil
mental, não possui consentimento válido, levando a consideração de que o aborto deu-se
contra a sua vontade.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze
anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude,
grave ameaça ou violência
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Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.

* Crime qualificado pelo resultado: Trata-se de hipótese em que o resultado mais grave
qualifica o originalmente desejado. O agente quer matar o feto, embora termine
causando lesões graves ou mesmo a morte da gestante. Ocorrendo tal hipótese,
conforme posição predominante, costuma-se dividir a infração em duas distintas: aborto
+ lesões corporais graves ou aborto + homicídio doloso, conforme o caso.
- Aplicação restrita: Somente se aplica a figura qualificada às hipóteses dos arts. 125 e 126
- Se fosse empregado o art. 127 também ao tipo previsto no art. 124 (auto-aborto), estar-
se-ia punindo a autolesão, o que não ocorre no direito brasileiro.
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Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)

Aborto necessário
I.- se não há outro meio de salvar a vida da gestante; aborto terapêutico ou necessário: é a
interrupção da gravidez realizada por recomendação médica, a fim de salvar a vida da
gestante. Trata-se de uma hipótese especifica de estado de necessidade; nada mais é do
que uma modalidade de "estado de necessidade"
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II.- se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal. aborto sentimental ou humanitário: é a
autorização legal para interromper a gravidez quando a mulher foi vítima de estupro.
Dentro da proteção a dignidade da pessoa humana em confronto com o direito a vida
(nesse caso, do feto), optou o legislador por proteger a dignidade da mãe, que, vitima de
um crime hediondo, não quer manter o produto da concepção em seu ventre, o que lhe
poderá trazer sérios entraves de ordem psicológica e na sua qualidade de vida futura;
nada mais é do quer uma modalidade de "exercício regular de direito (por isso a gestante
tem que autorizar)
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CAPÍTULO II
DAS LESÕESCORPORAIS
Lesão corporal

Art. 129. Ofender (significa lesar ou fazer mal a alguém, ou ferir, atacar) a integridade
corporal (inteireza do corpo humano) ou a saúde (normalidade das funções orgânicas,
físicas e mentais do ser humano)de outrem:

- Compreende-se no tipo qualquer ofensa ocasionada à normalidade funcional do corpo


ou organismo humano, seja do ponto de vista anatômico, seja do ponto de vista
fisiológico ou psíquico.

- CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: é possível, desde que haja lesões corporais de


natureza LEVE.Éconsiderada causa de exclusão de ilicitude supralegal.

Pena - detenção, de três meses a um ano.


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Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I.- Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; (entende-se aqui toda e qualquer
atividade desempenhada pela vítima, e não apenas a sua ocupação laborativa (até o lazer a única exigência é
que seja lícita. Ex. estelionatário que se lesiona e não pode dar golpes – não enquadra) E o termo habitual?
Atividade frequente. É INDISPENSÁVEL a realização de laudo pericial para comprovar o comprometimento da
vítima para suas atividades habituais por mais de 30 dias.
II.- perigo de vida; (é a concreta possibilidade de a vítima morrer em face das lesões sofridas. Não basta
hipóteses mas um fator real de risco. Trata-se de um diagnóstico e não um prognóstico)
III.- debilidade permanente de membro, sentido ou função; (Debilidade significa enfraquecimento ou redução
da capacidade. Na se exige que se seja uma debilidade perpétua, bastando ser de longa duração. Ex.: aquele
que sofre lesão no braço e o tem enfraquecido, não podendo carregar peso. OS MEMBROS DO CORPO humano
são: braços, mãos, penas e pés. Os dedos são partes dos membros, de modo que a perda de um dedo leva a
uma debilidade permanente na mão ou no pé. O ser humano possui 5 SENTIDOS: visão, olfato, audição, paladar
e tato. Assim, ex. se perder a visão de um dos olhos é debilidade permanente. FUNÇÃO é a ação própria de um
órgão do corpo humano ex. função respiratória, excretória, circulatória, então, se uma pessoa perder um dos
rins será debilidade permanente e não perda da função)
IV.- aceleração de parto: (Ocorre com a antecipação do nascimento da criança antes do prazo normal previsto
pela medicina. Nesse caso é INDISPENSÁVEL o conhecimento da gravidez pelo agente)
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
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§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; (trata-se de inaptidão duradoura –
não perpétua - para exercer qualquer atividade laborativa lícita)
II.- enfermidade incuravel; (trata-se de doença irremediável, de acordo com os recursos da
medicina na época do resultado. Atualmente a medicina aponta como incuráveis a lepra,
tuberculose, sífilis, epilepsia, etc. Discussão doutrinária: transmissão do HIV. Como a Aids já
foi considerada uma doença mortal, hoje ela é controlada pelos coquetéis de
medicamentos. A transmissão dolosa do vírus já foi entendida como homicídio
consumado ou tentado)
III.perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (PERDA implica em destruição ou
privação de algum membro (ex. corte de um braço), sentido (ex. aniquilamento dos olhos)
ou função (ex. ablação da bolsa escrotal, impedindo a função reprodutora); INUTILIZAÇÃO
quer dizer falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja presente o membro ou o órgão
humano, ex.. a perda de movimento da mão ou impotência).
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IV.- deformidade permanente; (DEFORMAR significa alterar a forma original. A ideia é


estética. É posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, causadora de
constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável. Ex. cicatrizes de larga extensão
visíveis, perda de orelhas, mutilação grave do nariz)
V.- aborto: (interrupção da gravidez com morte do feto. A ideia aqui é que o aborto
tenha ocorrido de forma culposa. Crime preterdosolo. Gravidez deve ser conhecida pelo
agente)
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado,
nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
CRIME PRETERDOLOSO: o legislador deixou nítida a exigência de dolo no antecedente
(lesão corporal) e somente a forma culposa no evento subsequente (morte da vítima).
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões (ou seja, tem que ser de natureza leve), pode ainda substituir
a pena de detenção pela de multa:
I.- se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II.- se as lesões são recíprocas.(parte do pressuposto que ambas as lesões foram injustas – caso
contrário existirá legitima defesa para uma das partes). Na hipótese de violência doméstica e familiar
contra mulher, ficará impossibilitado a substituição da pena Privativa de liberdade pela pena de multa
aplicada isoladamente – art. 17 da lei 11.340.
Lesão corporal culposa
§ 6° Sea lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
- lesão for cometida por imprudência, negligência ou imperícia.
- Não se faz distinção na gravidade da lesão.
- Lesões corporais de natureza culposa na direção de veículo automotor é abrangido pelo art. 303 do
CTB.
- Pena: detenção de 6 meses a 2 anos.
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Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e
6o do art. 121 deste Código.

-inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de


prestar socorro imediato a vítima ou não procura diminuir as consequências do ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante, ou é praticado contra pessoa menor de 14 anos e
maior de 60 anos.

-Crime for praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de
segurança ou grupo de extermínio.

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. (aplica-se o perdão


judicial)
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§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou


companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

- Deve ser aplicado não somente aos casos em que a mulher for vítima de violência
doméstica e familiar, mas a todas as pessoas, sejam do sexo masculino ou feminino.
- Quando a mulher for vítima de violência doméstica e familiar, restando lesões corporais, o
autor terá tratamento mais severo imposto no art. 41 da lei 11.340, proibindo a aplicação da
lei 9.099.
- DOMÉSTICO é termo que diz respeito à vida em família, usualmente na mesma casa
podendo ter ou não laços de parentesco. Haverá violência doméstica se a agressão se
voltar contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro em qualquer lugar,
não necessitando ser no lar, onde todos eventualmente vivam.
ação pública incondicionada por ser uma forma qualificada de lesão.
- Coabitação ex.: empregada que morou com os patrões; hospitalidade ex.: anfitrião contra
a visita.
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§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as


indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Tem que se verificar a natureza da lesão. Sendo leves, desde que praticadas contra as
pessoas indicadas no §9º, será qualificada mas sem o aumento de pena; sendo graves
ou gravíssimas, ou se for seguida de morte, ainda deverá ser aplicada ao agente o
aumento de um terço.

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime


for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
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§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
aumento de pena aplicado a todas as naturezas de lesões, leves, graves, e gravíssimas,
não sendo compatível com lesões culposas.

§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de


2021)

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