Direito e Legislação Ambiental.

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DIREITO E LEGISLAÇÃO

AMBIENTAL
Direito e Legislação Ambiental

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO - NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO ... .............................................. 1

1. MEIO AMBIENTE - CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO ... ..................................... 4

2. DIREITO DIFUSO E COLETIVO ... ......................................................................... 7

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ........................................................... 10


3.1. PRINCÍPIO DO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL ... ............... 10

3.2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE


OS INTERESSES PRIVADOS... ........................................................... 11

3.3. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO


NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE ... ......................................... 11

3.4. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL OBRIGATÓRIA NA


DEFESA DO MEIO AMBIENTE ... .................................................. ... 12
3.5. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA PROTEÇÃO DO
MEIO AMBIENTE
. 13
3.6. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO... ............... 13
3.7. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (PRUDÊNCIA OU CAUTELA) ... ..... . 14
3.8. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO... .......................................................... 15
3.9. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR............................................. 15
3.10. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL... ....................... 15

4. HISTÓRICO DA POLÍTICA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL


17

5. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE: OBJETIVOS, PRINCÍ-


PIOS E INSTRUMENTOS... ................................................................................... 22
5.1. OBJETIVOS... .......................................................................................... 23
5.2. PRINCÍPIOS ... ......................................................................................... 25
5.3. INSTRUMENTOS ... ............................................................................... 26
Direito e Legislação Ambiental

6. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - SISNAMA... ......................... 27

7. DA RESPONSABILIZAÇÃO PELA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ... ............ 31


7.1. DA RESPONSABILIDADE CIVIL... ................................................... 31
7.2. DA RESPONSABILIDADE PENAL... .................................................... 34
7.3. DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA ... ............................. 40

8. LICENCIAMENTO AMBIENTAL ... ..................................................................... 41

9. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI Nº 9.605/98... ........................................... 50


9.1. ESTRUTURAÇÃO DA LEI... .............................................................. 50
9.2. COMENTÁRIOS SOBRE A LEI Nº 9.605/98... ...................................... 51

10. PERÍCIA AMBIENTAL... .................................................................................... 60


11. RELAÇÃO DE ALGUNS DISPOSITIVOS LEGAIS EM NÍVEL FEDERAL
E ESTADUAL (PARANÁ) COM ÊNFASE EM QUÍMICA AMBIENTAL... .......... 72

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA... ........................................................................... 82


Direito e Legislação Ambiental

INTRODUÇÃO
NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO

1 - Princípio da Legalidade - artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 (CF),


inciso II.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei”.

2 - Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 - Lei de Introdução ao Código


Civil - LICC
“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.

3 - Artigo nº 225, da CF/88:


“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Todos - a CF/88 indica a titularidade do bem ambiental, demonstrando a sua posição


democrática prevista no caput e parágrafo único do art. 1º1.
Trata-se de um direito que não pode ser objeto de apropriação. Fica assim consagrado o
princípio da universalidade que acolhe não só os brasileiros como também os
estrangeiros aqui residentes e as futuras gerações.

Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - a Constituição prevê um


ambiente qualificado. Ou seja, não é meramente um ambiente qualquer. Ele tem que ser
ecologicamente equilibrado. Além disso, fica implícito que não basta tão somente um
ambiente equilibrado, mas aquele que não o seja deve ser conduzido para que atinja
este estado de equilíbrio.

1
CF/88 - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: [ ... ] § único. Todo
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
Direito e Legislação Ambiental
2

Bem de uso comum do povo - Aqui fica expressamente consolidado o caráter “difuso” do
bem ambiental. Encerra-se o conflito existente entre a classificação deste bem como
particular ou público.

Essencial à sadia qualidade de vida - Conforme D‟lsep (2004), esta expressão deve ser
entendida como vida saudável. Levando assim o entendimento que o ambiente
ecologicamente equilibrado seria “... aquela hábil a proporcionar ao homem condições
necessárias para a melhoria contínua da sua qualidade de vida” (D‟LSEP, 2004, p.66).
Além disso, na vida saudável está embutida a dignidade humana traduzida na sua
incolumidade2 físico-psíquico-social-econômico.

Poder Público e a coletividade - O ônus criado por força deste artigo atinge o Poder
Público e a coletividade. Isto corrobora3 a afirmativa de que o bem ambiental não é
público e nem privado, e sim de interesse público (difuso), desta forma ambos
podendo ser responsabilizados pela ausência de sua tutela.
Alguns exemplos de instrumentos passíveis de uso:
Pelo Poder Público - Estudo de Impacto Ambiental, vigilância, desapropriação,
educação ambiental (Lei nº 9.795/99 - Institui a Política Nacional de Educação
Ambiental), entre outros.
Pela Coletividade - Ação Civil Pública, mandado de segurança coletivo,
mandado de injunção, ação popular, entre outros.

Dever de defender e preservar o meio ambiente - Conforme orientação dos tratados


internacionais, o princípio da prevenção deve ser observado na proteção ambiental.
Uma vez que a mensuração e a reparação do dano na esfera ambiental é muito difícil, a
prevenção é o melhor “remédio” para se evitar estes malefícios. Contudo, uma vez
ocorrendo a agressão, cabe ao infrator a rápida reparação do dano ao status quo ante
ao dano.

2
Livre de perigo; são e salvo; intato; ileso.
3
Reforça
Direito e Legislação Ambiental
3

Presentes e futuras gerações - Esta expressão enfatiza a responsabilidade em sede de


preservação e amplia a noção da palavra todos. Traz o conceito de direito
transgeracional. O direito atinge não somente os que estão vivos e o nascituros, mas
aquele que ainda estão por vir.

4 - Artigo 14, da Lei nº 8.078/1990 - Código de Defesa do Consumidor (CDC)


“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência da culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.”
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1. MEIO AMBIENTE - CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

CONCEITO

O art. 3º, inciso I, da Lei nº 6938/81, define meio ambiente como: “É o


conjunto de condições, leis influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Já na esfera doutrinária, José Afonso da Silva citado por D‟lsep (2004,
p.60), diz que o meio ambiente é: “ ... a interação do conjunto de elementos naturais,
artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as
suas formas”. Como pode-se depreender, tanto pela legislação como pela doutrina, o
conceito de meio ambiente tem o sentido de conjunto.

CLASSIFICAÇÃO

No ambiente jurídico, apesar da característica una e complexa - do


conceito de ambiente - que inevitavelmente fragmenta a sua normatização, a doutrina
achou por bem classificar o meio ambiente para o seu melhor entendimento. Assim tem-
se que o meio ambiente pode ser natural, artificial, cultural e do trabalho.

1. Meio Ambiente Natural ou Físico

É constituído pelos recursos naturais tais como a água, o solo, o ar


atmosférico, a fauna, a flora e suas interações existentes. A sua proteção legal está
prevista no caput do art. 225, da CF e incisos I e VII do § 1º4.

4
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [ ... ] § 1º para assegurar a efetividade deste direito incumbe ao
Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas. [ ... ] VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam animais a crueldade.
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5

2. Meio Ambiente Artificial

Não foi somente a natureza que teve a sua proteção prevista. A noção
ampla de qualidade de vida faz com que o meio urbano e rural (habitável) tenha
reconhecida a sua tutela. São abrangidas por este conceito as edificações (espaço
urbano fechado) e os equipamentos públicos (ruas, praças, espaços livres em geral,
áreas verdes; espaço urbano aberto). A previsão constitucional está implícita no art.
225, e, explicitamente nos arts. 1825, 21, XX6, 5º XXIII7 e no atual Estatuto da Cidade
- Lei nº 10.257/20018.

3. Meio Ambiente Cultural

D‟lsep (2004) citando José Afonso da Silva afirma que o patrimônio


cultural é constituído pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico,
turístico, que embora artificial, normalmente tido como criação do homem, difere do
meio ambiente artificial (este também considerado como cultural) pelo valor que
adquiriu ou que se impregnou. Como se vê, são os traços característicos da identidade
de um povo que vem se desenvolvendo durante o tempo, abrangendo valores materiais
(edifícios, obras de arte) e imateriais (conhecimentos técnicos). Além da proteção
implicitamente definida no art. 225 da CF/88, no que diz respeito à vida,
explicitamente os arts. 2159 e 21610 não deixam dúvidas sobre a tutela do meio
ambiente cultural.

5
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
6
Art. 21. Compete à União: [ ... ] XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos.
7
Art. 5 º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [ ... ] XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
8
Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da
propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes: I - garantia do direito às cidades sustentáveis, entendido
como o direito à terra urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e
futuras gerações; [ ... ]”
9
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura
nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Direito e Legislação Ambiental
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4. Meio Ambiente do Trabalho

Esta classificação é adotada por Fiorillo (2004) e D‟lsep (2004).


Não obstante incluso no meio ambiente artificial, o meio ambiente do
trabalho merece destaque porque é dentro desse universo que o trabalhador passa a maior
parte do seu tempo exercendo as suas atividades. A referência não diz respeito à relação
obrigacional regulada pelo direito do trabalho. E segundo José Afonso da Silva citado por
D‟lsep, este ambiente é formado por: “... um complexo de bens imóveis e móveis de uma
empresa e de uma sociedade, objeto de direitos subjetivos privados, e de direitos
invioláveis da saúde e da integridade física dos trabalhadores, que o freqüentam”
(D‟LSEP, 2004, p.63).
Como pode-se notar, tanto a doutrina como a legislação conceitua o
“meio ambiente” de forma abrange tentando abarcar todas as interações ligadas à vida e sua
sadia qualidade.

§ 1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos
étnicos nacionais.
10
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira nas quais incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitarem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores
culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.
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2. DIREITO DIFUSO E COLETIVO

INTRODUÇÃO

Historicamente, desde a época da Roma antiga (por volta de 450 anos


a.C.), o direito positivo sempre foi observado pela ótica dos conflitos individuais.
Passado os tempos, esta visão foi mais acentuada no século XIX, por conta da
Revolução Francesa. Após a segunda grande guerra mundial, a visão dos embates
passou a ultrapassar o limite dos interesses individuais para atingir o campo da
coletividade.
Com a evolução da sociedade, o binômio privado-público (dentro do
mundo jurídico) não mais satisfazia as necessidades das relações humanas. A partir daí
surgiu o que conhecemos hoje como direitos coletivos - lato sensu, onde se encontram
o direito difuso, o direito coletivo strictu sensu e o direito individual homogêneo.

DIREITO DIFUSO

O conceito legal desse direito está previsto expressamente no


parágrafo único, inciso I, art. 81, da Lei nº 8.078/90 - CDC, que define:
“Art. 81 A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos para efeito deste
Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”.
Observe-se as características do direito difuso: transindividualidade,
indivisibilidade, com titularidade indeterminada e interligada por circunstâncias de
fato.
A transidividualidade está relacionada à questão de que o direito em
questão não se concentra no indivíduo e sim ultrapassa a limite da pessoa atingindo a
coletividade.
Direito e Legislação Ambiental
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O objeto do direito difuso não é passível de divisão. Ou seja,


indivisível. Nas palavras de Fiorillo (2004, p. 6): “Trata-se de um objeto que, ao
mesmo tempo, a todos pertence, mas ninguém em específico o possui”. Um exemplo bem
elucidativo é o ar atmosférico.
Tomando-se o exemplo acima, tem-se que as vítimas (titulares) do ar
atmosférico poluído dificilmente poderiam ser individualizados. Talvez seria possível
fazer uma delimitação do espaço físico onde se pudesse dizer que as pessoas
abrangidas naquela área foram afetadas, mas isto não seria algo viável e preciso. Nota-
se que um mesmo fato atinge um número indeterminado de pessoas simultaneamente.

DIREITO COLETIVO STRICTU SENSU

É no parágrafo único, inciso II, do art. 81, da Lei nº 8.078/90, que está
definida o conceito do direito coletivo:
“Art. 81 A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
[ ... ]
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos
deste Código, os transidividuais de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base”.
A transindividualidade e indivisibilidade do objeto são características em
comum com o direito difuso. Contudo, a determinabilidade dos titulares é o traço
característico diferenciador do direito coletivo. Neste caso, os titulares são aquelas
pessoas fazem parte de um grupo categoria ou classe de pessoas. Além disso, existe uma
relação jurídica entre as partes envolvidas.
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DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

A definição legal deste direito está prevista no inciso III, do parágrafo


único, do art. 81, da Lei nº 8.078/90:
“Art. 81 A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
[ ... ]
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum”.
Como pode-se notar, o legislador não descreveu elementos definidores dos
direitos individuais homogêneos. Somente coloca que são direitos individuais
decorrentes de origem comum.
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3. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS

Em termos jurídicos, os princípios são idéias centrais de um sistema que


servem para dar um sentido lógico, harmônico, racional e coerente a um todo. Por
conseqüência deste conceito é que se costuma dizer que “conhecer os princípios do
Direito é condição essencial para aplicá-lo corretamente” (MIRRA, 1996, p. 51). Ou
conforme Reale (1995), o princípio é o alicerce que dá validade às demais afirmações que
formam um dado campo do saber.
A finalidade prática do estudo dos princípios consiste na “visualização
global do sistema para melhor aplicação concreta de suas normas” (MIRRA, 1996, p. 51),
mais especificamente, formando e orientando a geração e a implementação do Direito
ambiental (MACHADO, 2006).
Assim, como é o caso do nosso sistema legal, em que as normas sobre
os assuntos correlacionados ao meio ambiente encontram-se em leis esparsas,
elaboradas sem um critério preciso e um método definido, o conhecimento dos
princípios é de suma importância. Deste modo, conforme Carlos Ari Sundfeld11, citado
por Mirra (1996, p.51), “... é exatamente por intermédio dos princípios que se
consegue organizar mentalmente as regras existentes e, com isso, extrair soluções
coerentes com o ordenamento globalmente considerado”.

OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

3.1. Princípio do Direito Humano Fundamental

É deste princípio basilar que decorrem todos os outros princípios que


norteiam o Direito Ambiental. Conforme o princípio 1 da Conferência da Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92 , nele está entendido que os
seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o

11
Carlos Ari SUNDFELD, Fundamentos de Direito público. São Paulo: Malheiros, 1992, p. 137-144.
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desenvolvimento sustentável. Ou seja, o ser humano tem o direito de ter uma vida
saudável e produtiva e em harmonia com o ambiente.

3.2. Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre os Interesses Privados

É um princípio geral do direito público, também citado como


princípio da natureza pública da proteção ambiental por Milaré (2000), que preceitua
que os “interesses da coletividade devem prevalecer sobre os interesses dos
particulares, de índole privada” (MIRRA, 1996, p.54). Este princípio tem estreita
relação com o da primazia do interesse público. Tal fato enseja que os direitos
individuais, mesmo que legítimos, devem sempre sucumbir aos interesses da proteção
do ambiente e, dessa forma, quando existir dúvida quanto à aplicação da norma in
concreto o privilégio sempre será dos interesses da sociedade, a dizer: in dubio pro
ambiente (MILARÉ, 2000). Ou seja, na dúvida decida a favor do ambiente.
Além disso, atualmente, frisa-se que a própria conservação do meio
ambiente é tida como condição sine qua non12 para a própria existência da vida social e
mesmo “para a manutenção e o exercício pleno dos direitos individuais dos
particulares” (MIRRA, 1996, p.54).

3.3. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público na Proteção do Meio


Ambiente

A Carta Magna de 1988 prescreve que o meio ambiente


ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo; assim, ela deixa claro que
o meio ambiente pertence à coletividade e não é passível de disponibilidade nem pelo
Estado, tanto menos pelos particulares (MIRRA, 1996; MILARÉ, 2000). A
indisponibilidade é reforçada pelo comando do art. 225 da CF que impõe que o meio
ambiente deve ser preservado para as gerações futuras. Ou seja, segundo Gomes
(1999) e Machado (2006), a atual geração deve transferir para as futuras gerações o

12
Sine qua non: Expressão que indica uma cláusula ou condição sem a qual não se fará certa coisa.
Direito e Legislação Ambiental
12

atual “patrimônio” ambiental. Ele não pertence somente a esta (nossa) geração,
portanto, não devendo ser deixado à mercê dos interesses individuais tão-somente dos
cidadãos agora presentes. Assim, se conclui que o ambiente é insusceptível de
apropriação (MIRRA, 1996).

3.4. Princípio da Intervenção Estatal Obrigatória na Defesa do Meio Ambiente

Nas palavras de Gomes (1999, p.175), “trata-se de corolário do


princípio da indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente”.
Segundo Mirra (1996), a previsão legal para este princípio está no item 17 da
Declaração de Estocolmo, de 1972, e no caput do art. 225 da CF. Podem-se também
encontrar referências na lei infraconstitucional (Lei nº 7.347/86, art. 5º, § 6º). Estes
dispositivos:

[...] consignam expressamente o dever de o Poder Público atuar na


defesa do meio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto no
âmbito legislativo e até no âmbito jurisdicional, cabendo ao Estado
adotar as políticas públicas e os programas de ação necessários para
cumprir esse dever (MIRRA, 1996, p.56).

Este princípio é fruto das intervenções feitas pelo Poder Público,


necessárias à manutenção, conservação e restauração dos recursos ambientais, tendo em
vista o uso racional do meio ambiente. A ação do Poder Público não se limita
somente ao alcance do seu poder de polícia. Tendo em vista a conservação do
ambiente, o Poder Público pode exercitar procedimentos de características
pedagógicas, como estabelecer ajustamentos de conduta, que venham a cessar as
atividades nocivas ao ambiente (MILARÉ, 2000).
Apesar da compulsoriedade da intervenção estatal, a responsabilidade
da conservação do ambiente não é exclusiva do Estado e sim participativa deste com a
sociedade.
Direito e Legislação Ambiental
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3.5. Princípio da Participação Popular na Proteção do Meio Ambiente

É no princípio nº 10 da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e


Desenvolvimento de 1992 que este princípio está expressamente previsto. Na esfera
constitucional, especificamente no caput do art. 225 também está prevista a
participação da coletividade na preservação do ambiente.
Conforme Mirra (1996), os meios para esta participação podem
ocorrer de três formas:
- pela participação no processo de criação do Direito ambiental;
- na formulação e execução de políticas ambientais;
- pela participação via poder judiciário.
Como demonstra Machado (2006), é de suma importância a
participação popular nos processos decisórios; contudo, o binômio
„informação/participação‟ é indissociável. Desta forma, neste contexto destacam-se
dois pressupostos fundamentais: educação e informação (MIRRA, 1996). Ou seja,
deve-se sempre ter em vista processos que primem pela educação ambiental e o acesso às
informações dos fatores que afetem o ambiente.

3.6. Princípio do Desenvolvimento Sustentado

Este princípio delineia a atual visão política no que tange à


problemática ambiental e, na ECO 92, ele foi consagrado tendo a expressão
“desenvolvimento sustentável” consolidada. Neste princípio estão materializados dois
tipos de direito: o direito natural e o positivo. Ou seja, o direito do ser humano
desenvolver-se e desempenhar todas as suas potencialidades, e, por outro lado, o de
assegurar aos seus descendentes estas mesmas condições (MILARÉ, 2000). Neste
contexto, fica clara a incumbência do ser humano atual de um direito e de um dever: o
de usufruir os recursos e o dever de deixá-los em boas condições às futuras gerações
(GOMES, 1999).
Sob o ponto de vista de confronto de valores e interesses, a idéia
básica é ter a proteção do ambiente, não somente como um aspecto isolado das
Direito e Legislação Ambiental
14

políticas públicas, mas como “parte integrante do processo global de desenvolvimento dos
países” (MIRRA, 1996, p. 58). A partir daí, a proteção do ambiente equiparar-se-ia ao
mesmo nível de importância com os valores econômicos e sociais. Assim, é o fruto desse
conceito que se busca na conciliação de diversos valores, como:

[...] o exercício das atividades produtivas e do direito de propriedade; o


crescimento econômico; a exploração dos recursos naturais; a
garantia do pleno emprego; a preservação e a restauração dos
ecossistemas e dos processos ecológicos essenciais; a utilização
racional dos recursos ambientais; o controle das atividades poluidoras e a
preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético
dos países (MIRRA, 1996, p.58-59).
Acrescente-se ainda que o desenvolvimento sustentável requer, nas
palavras de Silva (1997, p. 8),

[...] o crescimento econômico que envolva eqüitativa redistribuição dos


resultados do processo produtivo e a erradicação da pobreza de forma a
reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atendimento
da maioria da população.
Deste modo, no confronto destes valores e interesses, a proteção do
meio ambiente não pode ser colocada como uma questão secundária. Ou seja, mesmo
sob a argumentação de se buscar satisfazer necessidades de mesma importância - no
entanto, mais imediatas -, a proteção do ambiente não deve ser relegada a segundo
plano.

3.7. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO (Prudência ou Cautela)

A idéia de precaução teve o seu auge na Rio-Eco 92, que adotou em


sua declaração de princípios o denominado princípio da precaução. Esta declaração foi
ratificada pelo Congresso Nacional via Decreto Legislativo nº 01, de 03 de fevereiro
de 1994.
Este princípio preceitua que diante de uma incerteza científica, a
prudência é o melhor caminho para se evitar danos muitas vezes irreversíveis. Sendo
assim, cabe deixar claro que este princípio não pode ser aplicado de forma simplista,
pois existe uma complexa relação entre progresso científico, inovação tecnológica e
Direito e Legislação Ambiental
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risco. Isto demonstra a interdisciplinariedade do Direito Ambiental com outras


ciências.

3.8. Princípio da Prevenção

O princípio da prevenção, embora muito próximo do princípio da


precaução, aplica-se onde exista um conhecimento consolidado sobre o impacto
ambiental passível de ocorrência. Mediante o conhecimento prévio do dano, é possível
tomar medidas que minimizem ou anulem os riscos - caso eles existam - de sua
ocorrência. Este princípio orienta tanto o Estudo de Impacto Ambiental como o
licenciamento ambiental.

3.9. Princípio do Poluidor Pagador

Apesar de todos os instrumentos de prevenção dos danos ambientais, é


preciso reconhecer que as medidas estritamente preventivas não têm se mostrado
eficazes para manter o equilíbrio ecológico. Isso tem como fonte a tolerância
administrativa, as falhas da própria legislação, a negligência e a imprudência do
homem no exercício de suas atividades (MIRRA, 1996).
Este princípio não vem para tentar tolerar a degradação mediante
pagamento - paguei, posso poluir - e nem compensar os danos causados, e sim evitar o
dano ao ambiente (MILARÉ, 2000). Este princípio tem por objetivo cobrar do
poluidor o custo social da poluição abrangendo não somente bens e pessoas como
também toda a natureza.

3.10. Princípio da Cooperação Internacional

Entende-se que as questões ambientais, principalmente aquelas


relacionadas ao ambiente natural, nem sempre estão delimitadas pelas linhas divisórias
Direito e Legislação Ambiental
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criadas pelo homem entre os países. Sendo assim, a degradação de um ambiente num
país pode causar conseqüências que extrapolam o seu limite territorial chegando ter
dimensões transfronteiriças e global (Ex: acidente com material radioativo).
É dessa característica específica do problema ambiental que surge o
princípio da cooperação internacional. Entre os ideais deste princípio estão:
- o dever de informação a outros Estados sobre conseqüências
transfronteiriças de situação crítica de alguma atividade interna;
- o dever de informação e consulta sobre projeto que possam causar
conseqüências aos Estados vizinhos;
- o dever de assistência e auxílio em caso de degradações importantes e
catástrofes ecológicas;
- o dever de impedir a transferência de empresas que exercem
atividades altamente degradadoras do ambiente para outros países.

Registre-se que a cooperação internacional não implica no abandono da


soberania de cada Estado.
Direito e Legislação Ambiental
17

4. HISTÓRICO DA POLÍTICA E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO


BRASIL

ORIGEM DA PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

A degradação ambiental não é marca exclusiva de nossos dias. A


existência humana13 por si já é um fato que gera degradação.
Mas para não se ter apenas uma visão pessimista da destruição
causada pelo homem, a idéia de conservação também advém de tempos bem remotos.
O Código de Hamurabi, na Média Mesopotâmia, entre 2067 e 2025 a.C. e o Código de
Manu, na Índia, entre 1300 e 800 a.C. impunham o bom uso dos elementos da
natureza. Na Bíblia Sagrada também têm-se referências no Gênisis e no
Deuteronômio.
Gênisis14: sobre a arca de Noé e a conservação das espécies.
Deuteronômio15: sobre a proibição do corte de árvores frutíferas
mesmo em caso de guerra.

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

Conforme Milaré (2000) citando An Helen Wainer, tem-se que a


primeira formulação legislativa disciplinadora do meio ambiente são encontradas na
legislação portuguesa que aqui vigorou até o advento do Código Civil de 1916.
Por ocasião do descobrimento do Brasil a legislação aplicável à época
foram as Ordenações Afonsinas de 1446 (D. Afonso IV). Neste código já se
encontravam algumas referências que denotavam a preocupação com o ambiente. Por
exemplo: tipificava o corte de árvores de frutos como crime de injúria ao rei.
Em 1521, em nova compilação denominada Ordenações do Senhor
Rey Dom Manoel, mais conhecida como Ordenações Manuelinas, houve avanço nas
questões ambientais acrescentando-se por exemplo que era proibida a caça de certos
13
Leitura complementar: “O poema imperfeito”, de Fernando Fernandez
14
Gênisis - capítulos VI e VII
Direito e Legislação Ambiental
18

animais (perdizes, lebres e coelhos) com instrumentos capazes de causar-lhes a morte com
dor e sofrimento; coibia-se a comercialização de colméias sem a preservação da vida das
abelhas e ainda mantinha tipificando o crime de corte de árvores de frutos, agora punindo
o infrator com o degrado para o Brasil quando a árvore abatida tivesse valor superior a
“trinta cruzeiros”.
Em 1580, com a Espanha invadindo Portugal, o Brasil passa para o
domínio Espanhol sob o reinado de Felipe II. Governando Portugal sob o nome de
Felipe I, ele ordena que fosse feito outra compilação das leis lusitanas. Com sua morte
em 1603 seu filho, com o mesmo nome de seu pai (Felipe I), edita a lei denominada
Ordenações Filipinas que gera efeitos no seu reino e nas colônias portuguesas.
Neste instrumento legal, avançado para a época, já se podia encontrar
o conceito de poluição. Além disso, vedava que qualquer pessoa jogasse material que
pudesse matar os peixes e sua criação ou sujar as águas de rios e lagoas. A tipificação
quanto ao corte de árvores de fruto é reiterada e acrescida de uma pena de degrado,
agora em definitivo, para o Brasil. Ou seja, sem volta. Esta mesma pena também era
aplicada às pessoas que “por malícia” matassem animais. Além disso, as Ordenações
Filipinas proibiam a pesca com determinados instrumentos e em certos locais e épocas
estipuladas.
Esta legislação antiga, complexa e esparsa ressentia de uma aplicação
prática necessitando de uma atualização que fora recomendada pela Constituição do
Império de 1824, no seu artigo nº 179, inciso nº 18. Porém, somente em 1º de janeiro
de 1916 foi promulgado o Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor em 1º de
janeiro de 1917, e constituiu-se no primeiro diploma legal genuinamente brasileiro
com preocupação ecológica mais destacada. No Código foram introduzidas várias
normas de cunho ambiental destinadas à proteção de direitos privados na composição
de conflitos de vizinhança.
Nas décadas seguintes à promulgação do Código Civil começaram
surgir a legislação tutelar do ambiente no Brasil. Em seus conteúdos já se começavam
evidenciar regras específicas atinentes a fatores ambientais como:
- Decreto 16.300, de 31.12.1923 (Regulamento de Saúde Pública);

15
Deuteronômio - capítulo XX : 19
Direito e Legislação Ambiental
19

- Decreto 23.793, de 23.1.1934 (Código Florestal), depois


substituído pela Lei 4.771/65;
- Decreto 24.114, de 12.4.1934 (Regulamento de Defesa Sanitária
Vegetal);
- Decreto 24.643, de 10.7.1934 (Código de Águas);
- Decreto-Lei 25, de 30.11.1937 (Patrimônio Cultural: organiza a
proteção do patrimônio histórico e artístico nacional);
- Decreto-Lei 794, de 19.10.1938 (Código de Pesca), depois
substituído pelo Decreto 221/67;
- Decreto-Lei 1.985, de 29.1.1940 (Código de Minas), depois
substituído pelo Decreto-Lei 227/67;
- Decreto-Lei 2.848, de 7.12.1940 (Código Penal).
Em 1960, por influência dos movimentos ambientalistas em evidência, outros
diplomas legais foram editados, agora, com conteúdos mais específicos e diretamente
dirigidos à prevenção e controle da degradação ambiental. Entre os mais importantes,
destacam-se:
- Lei 4.504, de 30.11.1964 (Estatuto da Terra);
- Lei 4.771, de 15.9.1965 (Código Florestal);
- Lei 5.197, de 3.1.1967 (Proteção à Fauna);
- Decreto-Lei 221, de 28.2.1967 (Código de Pesca);
- Decreto-Lei 227, de 28.2.1967 (Código de Mineração);
- Decreto-Lei 248, de 28.2.1967 (Política Nacional de Saneamento
Básico);
- Decreto-Lei 303, de 28.2.1967 (Criação do Conselho Nacional de
Controle da Poluição Ambiental);
- Lei 5.318, de 29.9.1967 (Política Nacional de Saneamento), que
revogou os Decretos-Leis 248/67 e 303/67;
- Lei 5.357, de 17.11.1967 (Estabelece penalidades para
embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lançarem
detritos ou óleo em águas brasileiras);
Direito e Legislação Ambiental
20

- Decreto-Lei 1.413, de 14.8.1975 (Controle da poluição do meio


ambiente provocada por atividades industriais);
- Lei 6.453, de 17.10.1977 (Responsabilidade civil por danos
nucleares e responsabilidade criminal por atos relacionados com
atividades nucleares);
- Lei 6.513 de 20.12.1977 (Criação de áreas especiais e locais de
interesse turístico);
- Lei 6.766, de 19.12.1978 (Parcelamento do solo urbano).
Apesar do grande número de dispositivos legais sobre questões
ambientais, conforme Milaré (2000, p.81): “podemos afirmar, sem medo de errar, que
somente a partir da década de 1980 é que a legislação sobre a matéria passou a
desenvolver-se com maior consistência e celeridade16”. Até então, a legislação não era
específica e integrada a uma consciência ambiental maior. Ela possuía um caráter
diluído e casual que dificultava sua aplicação. O Estado, omisso às suas
responsabilidades, deixava para o cidadão comum o ônus de litigar e lutar contra os
efeitos produzidos pelos degradadores do ambiente, que na maioria das vezes eram
constituídos por poderosos grupos econômicos, quando não o próprio Estado.
Por influência da onda conscientizadora emanada da Conferência de
Estocolmo/72, passou-se proliferar, em todos os níveis de poder público e da
hierarquia normativa, diplomas legais mais ambiciosos, voltados à proteção do
patrimônio ambiental do país, segundo uma visão global mais sistêmica.
Quatro marcos são destaques desta nova conjuntura ambiental que
influenciaram e influenciam a tutela do ambiente nos dias de hoje.

Lei nº 6.938, de 31/8/1981 - Política Nacional do Meio Ambiente


Trouxe o conceito de “meio” ambiente.
Instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) que veio
propiciar o planejamento e a ação integrada dos diversos órgãos governamentais
mediante uma política nacional para o setor.

16
Rapidez
Direito e Legislação Ambiental
21

Previu que o poluidor tem obrigação de reparar os danos causados por


sua pessoa.
Institui a responsabilização objetiva (ou sem culpa) em ação movida
pelo Ministério Público.

Lei nº 7.347, de 24/7/1985 - Ação Civil Pública


Instituiu a ação civil pública como instrumento processual específico para
a defesa do ambiente e de outros direitos difusos e coletivos.
Foi por meio desta lei que a agressão ambiental pôde “virar caso” de
justiça. As associações civis foram instrumentalizadas para, junto com o Ministério
Público, freassem as agressões ambientais.
Vale destacar que Alemanha, França, Bélgica, Portugal e Espanha
ainda não dispõem de um sistema de acesso coletivo à justiça como o nosso.

Constituição Federal de 1988


Dedicou ao ambiente um capítulo próprio (Capítulo VI do título VIII),
conforme Milaré (2000,p.82): “... um dos textos mais avançados em todo mundo”.

Lei nº 9.605 de 12/2/1998


Dispôs sobre as sanções penais e administrativas aplicáveis às
condutas e atividades lesivas ao ambiente (Lei dos Crimes Ambientais).
Sistematizou as sanções administrativas.
Tipificou organicamente os crimes ecológicos.
Previu a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo de crimes
ecológicos, e logo sua penalização.
Direito e Legislação Ambiental
22

5. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE: PRINCÍPIOS, OBJETI-


VOS E INSTRUMENTOS

Em 1972, na Convenção de Estocolmo, o Brasil posicionou-se contra as


recomendações daquele encontro que pregava o desenvolvimento sustentado. Nosso país,
de certa forma liderando o grupo opositor, insurgia contra estes preceitos sob a alegação
de que os países ricos (hemisfério norte), uma vez já tendo explorado de forma
predatória os recursos naturais para acumularem riquezas, desejavam condenar os países
pobres (hemisfério sul) a permanecerem sob esta condição impondo-lhes restrições
quanto ao uso dos referidos bens. O lema destes países “rebeldes” era que o
desenvolvimento econômico deveria ser obtido a qualquer preço.
No início da década de 80, mais precisamente em 31 de agosto de
1981, a Lei nº 6.938, dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA),
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Essa lei incorporou e aperfeiçoou
normas estaduais já vigentes, instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) e atribuiu ao Estado maior responsabilidade na execução das normas
ambientais.
Dessa forma, relata-se que por força da “pressão” legal, foi constatada uma
evasão de indústrias nos estados onde a implementação desta lei vinha se
consolidando. Ou seja, dentro do nosso país, alguns estados não cumpridores da lei
acolhiam as empresas que viam nesta legislação um custo extra no desenvolvimento de
suas atividades econômicas.
Diante disso nota-se a dificuldade da formulação de uma política
ambiental de caráter nacional. Naquele momento, o CONAMA - Conselho Nacional
do Meio Ambiente, órgão superior do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio
Ambiente) vinha editando inúmeras normas importantes de caráter estritamente
técnico para a proteção ambiental. Era o esboço do início da política ambiental.
Contudo, isto não se fez suficiente para o efetivo traçado de um plano de ação
governamental que envolvesse União, Estado e Municípios.
Como muito bem coloca Milaré (2000, p.267) “o planejamento
ambiental, isolado do planejamento econômico e social, é irreal”. Dentro da
Direito e Legislação Ambiental
23

consciência do desenvolvimento sustentável é importante a consideração dos aspectos


econômicos, sociais e ambientais. Este mesmo autor ainda afirma que o

“... planejamento integrado de políticas públicas ainda não existia no


Brasil, mercê da excessiva setorização e verticalização dos diferentes
ministérios. A isto acresce a inexistência de efetivas disposições
políticas por parte dos partidos políticos e dos governos em geral”.

5.2. OBJETIVOS

Tendo em vista o panorama histórico (período de forte autoritarismo


político-administrativo), a lei que instituiu o PNMA sofreu delimitações impostas por
fatores políticos e geopolíticos predominantes da época. Nem por isto esta lei teve o seu
valor reduzido para a história da política ambiental brasileira.
Ela foi o marco inicial que balizou as intervenções do governo e da
iniciativa privada sobre o ambiente. A partir da sua vigência e enriquecido por
dispositivos legais editados posteriormente, os benefícios ambientais auferidos foram
incontestáveis. Além disso, destaca-se ainda a sua influência sobre políticas públicas e na
estruturação de sistemas de gestão ambiental.
O objetivo geral da PNMA vem expresso no caput do art. 2º, da Lei nº
6.938/81:
“... a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios ...”
A preservação, melhoria e a recuperação são os fins almejados pelos
procedimentos a serem tomados para a proteção do ambiente.
A palavra preservação tem o sentido de perenizar, de perpetuar, de
salvaguardar, deixar intacto os recursos naturais. A melhoria quer que a qualidade
ambiental seja progressivamente superior aos níveis atuais. E, a recuperação visa a busca
do status quo17 ante das áreas degradadas.

17
Status quo: signfifica o estado em que se achava anteriormente certa questão.
Direito e Legislação Ambiental
24

Além desse escopo, o ambiente foi tomado meramente como um


instrumento para se obter o desenvolvimento e não como um fim para assegurar a
qualidade ambiental.
Não retirando o seu mérito, a segurança nacional defluiu do panorama
político do momento histórico do Brasil.
Por fim a proteção da dignidade da vida humana não é um fator
excludente do respeito ético à existência da vida sobre a Terra.
Além dos objetivos gerais traçados no caput do art. 2º, da Lei nº
6.938/81, o art. 4º, da mesma lei, enumera objetivos específicos:
I - a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III - o estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e
de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - o estabelecimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional dos recursos ambientais;
V - a difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, a
divulgação de dados e informações ambientais e a formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI - a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do
equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - a imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização dos
recursos ambientais com fins econômicos.
5.3. PRINCÍPIOS
Direito e Legislação Ambiental
25

O art. 2º da Lei nº 6.938/81, em seus incisos I e X, elencam os


princípios legais que devem reger a Política Nacional do Meio Ambiente. Pode-se
notar que nem todos os princípios ali enumerados coincidem com os norteadores do
direito ambiental. Antunes (2004, p. 95) muito bem esclarece os casos de conflito de
princípios dizendo:
“Na eventual contradição entre um princípio estabelecido para uma
atividade ambiental setorizada e um princípio geral do direito
ambiental, deverá prevalecer o princípio que seja dotado de um
conteúdo mais favorável à proteção do meio ambiente”.
Mesmo não sendo genuinamente princípios do Direito Ambiental, eles
descrevem uma orientação prática para ação governamental
Os princípios elencados pela lei são os seguintes:
- ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
- racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
- planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
- proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas
representativas;
- controle e zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente
poluidoras;
- incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
- acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
- recuperação de áreas degradadas;
- proteção de áreas ameaçadas de degradação; e
- educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio
ambiente.
Direito e Legislação Ambiental
26

5.4. INSTRUMENTOS

É no art. 9º da Lei nº 6.938/81 que estão elencados os instrumentos


para a PNMA, sendo eles:
- o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
- o zoneamento ambiental;
- a avaliação de impactos ambientais;
- o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
- os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade
ambiental;
- criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público Federal, Estadual e Municipal, tais como áreas de proteção
ambiental, de relevantes interesses ecológicos e extrativistas;
- o Sistema Nacional de Informações sobre o meio ambiente;
- o Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa
ambiental;
- as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental;
- a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
- a garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
- o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
Direito e Legislação Ambiental
27

6. SISTEMA18 NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - SISNAMA

Conforme preceito do artigo 6º, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de


1981, o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA - é formado pelos
seguintes órgãos:
1. Órgão superior: o Conselho de Governo;
2. Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA;
3. Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente;
4. Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
5. Órgãos seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis por
programas ambientais ou pela fiscalização de atividades
utilizadoras de recursos ambientais; e,
6. Órgãos locais: as entidades municipais responsáveis por programas
ambientais ou responsáveis pela fiscalização de atividades
utilizadoras de recursos ambientais.

ÓRGÃO SUPERIOR

É materializado pelo Conselho de Governo e tem por objetivo


assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e das
diretrizes governamentais para o ambiente e seus recursos.

ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO

É o órgão maior do Sistema representado pelo Conselho Nacional do


Meio Ambiente - CONAMA. Tem por finalidade assessorar, estudar e propor ao

18
Sistema: Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam com
Direito e Legislação Ambiental
28

Conselho de Governo diretrizes e políticas governamentais para o ambiente e seus


recursos e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o ambiente ecologicamente equilibrado. O CONAMA é dotado de
poder regulamentar em nível federal. Estas normas devem ser tidas como gerais e
observadas pelos Estados e Municípios dentro das suas competências legislativas e
administrativas. Conforme Antunes (2004, p. 100), “... os padrões locais e regionais não
poderão ser mais permissivos que o padrão fixado em âmbito federal. Os
patamares e padrões máximos de poluição tolerada são os federais”.
O Ministro de Estado do Meio Ambiente que é também o Presidente do
CONAMA.

Competência do CONAMA

Segundo o artigo 8º, da Lei nº 6.938/81, compete ao CONAMA:


I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos
Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou
privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de
impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de
significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio
nacional.

III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso,


mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;

estrutura organizada.
Direito e Legislação Ambiental
29

IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades


pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental;
(VETADO);

V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou


restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou
condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de


controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à


manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos
ambientais, principalmente os hídricos.

ÓRGÃO CENTRAL

É o Ministério do Meio Ambiente que constitui este órgão que é o


responsável pelo planejamento, coordenação, supervisão e o controle da Política
Nacional e suas diretrizes governamentais fixadas para o ambiente.

ÓRGÃO EXECUTOR

O IBAMA é a entidade autárquica federal vinculada ao Ministério do


Meio Ambiente que tem por finalidade executar a política de preservação, conservação
e uso sustentável dos recursos naturais. O IBAMA suporta a Secretaria Executiva do
CONAMA e é o principal responsável pelo cumprimento das suas deliberações.
Direito e Legislação Ambiental
30

ÓRGÃOS SECCIONAIS

São os órgãos ou entidades estaduais, constituídos na forma da lei e


por ela incumbidos de preservar o meio ambiente, assegurar e melhorar a qualidade
ambiental, controlar e fiscalizar ações potencial ou efetivamente lesivas aos recursos
naturais e à qualidade do meio.

ÓRGÃOS LOCAIS

São os órgãos ou entidades municipais incumbidos legalmente de


exercer a gestão ambiental no respectivo território da sua competência, na forma da lei.
Conforme informa Milaré (2000, p.274): “Poucos são os municípios brasileiros
equipados para tais funções e atribuições, mas é desejável que essa capacitação
institucional aumente e se propague19”.

19
A ANAMA - Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente - vem atuando crescentemente neste
sentido, principalmente após a edição da Resolução Conama 237/97 e da Lei 9.605/98, que abriram novos
espaços para inserção do Município na gestão do ambiente.
Direito e Legislação Ambiental
31

7. DA RESPONSABILIZAÇÃO PELA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

INTRODUÇÃO

Estas responsabilidades têm sua fundamentação legal no art. 225, § 3º, da


CF/88, que preceitua: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano”.
Sendo assim as atividades lesivas ao ambiente têm uma repercussão
jurídica tripla, já que o agressor (pessoa física ou jurídica), por um mesmo ato, pode ser
responsabilizado, alternativamente ou cumulativamente, nas esferas penal,
administrativa e civil.

7.1. DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Definições

Segundo Machado (2006):

“A responsabilidade no campo civil é concretizada em cumprimento da


obrigação de fazer ou de não fazer e no pagamento de condenação em
dinheiro. Em geral, essa responsabilidade manifesta-se na
aplicação desse dinheiro em atividade ou obra de prevenção ou de
reparação do prejuízo.” (p.331).

Dano ambiental, conforme Milaré (2000, p.334): “... é a lesão aos


recursos ambientais20, com conseqüente degradação - alteração adversa ou in pejus -
do equilíbrio ecológico”.

20
São recursos ambientais: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna, e a flora”. (Lei nº 6.938/81, art. 3º, V)
Direito e Legislação Ambiental
32

Responsabilidade Objetiva

Conforme previsto no art. 4º, VII, da Lei nº 6.938/81, mesmo antes da


promulgação da CF/88, o poluidor já tinha a obrigação de recuperar ou indenizar os
danos causados. Ademais, esta responsabilização será independentemente da
existência de culpa (latu sensu)21 e não afastando a sua responsabilização
administrativa e penal (art. 225, § 3º, da CF/88 e § 1º, do art. 14, da Lei nº 6.938/81).
Para a reparação dos danos ambientais, o Brasil adota a teoria da
responsabilidade objetiva, na modalidade do risco integral 22. Nesta modalidade de
responsabilização não se aprecia a subjetividade da conduta do poluidor. Basta a
existência do resultado prejudicial ao homem e seu ambiente mais a relação de
causalidade para que se possa responsabilizá-lo. No ato poluidor está a noção de que
este está se apropriando do direito de outrem. Ou seja, o dano ambiental representa um
confisco do direito do terceiro em respirar ar puro, beber água saudável e viver com
tranqüilidade. Assim, não basta somente indenizar ou fazer cessar a causa do mal, pois
não há dinheiro que substitui o sono recuperador, a saúde dos brônquios ou a boa
formação do feto.
Na responsabilização objetiva quem causou o dano ao ambiente tem o
dever jurídico de repará-lo. Fica bem caracterizado o binômio dano/reparação. Neste
caso não se pergunta a razão da degradação para que haja a reparação. Caberá ao
acusado provar que a degradação era necessária, natural ou impossível de ser evitado.

Relação de Causalidade

No direito ambiental, além da prova da existência do dano faz-se


necessário estabelecer a ligação entre a ocorrência e a fonte poluidora. Assim, no caso
de somente uma fonte é fácil enfrentar a questão. Contudo, quando um dano ecológico

21
A culpa consiste na reprovabilidade da conduta ilícita de quem tem capacidade genérica de entender e querer e
podia, nas circunstâncias em que o fato ocorreu, conhecer a sua ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento que se
ajuste ao direito (FRAGOSO, 1995, p.196).
22
Existem outras espécies de teorias que orientam a responsabilização civil na reparação do dano ambiental,
quais sejam: a Teoria do Risco Proveito e a Teoria do Risco Criado.
Direito e Legislação Ambiental
33

envolve uma pluralidade de autores, o estabelecimento do vínculo causal se torna algo


mais difícil, mas não impossível de ser resolvido.
Segundo Machado (2006), num distrito industrial ou num
conglomerado de indústrias é difícil de indicar qual é ou são os estabelecimentos que são
responsáveis por um determinado dano. Porém, conforme ensinamentos deste autor,
a vítima não precisará processar conjuntamente todos os poluidores. Ele poderá escolher a
empresa que mais lhe convier.

Dano Residual, Licença e Co-responsabilidade

Diante de uma situação em que um empreendimento opera dentro dos


limites estabelecidos pelo órgão ambiental mas acabe causando prejuízo à
coletividade, é possível a indenização por estes danos? Quem deve reparar?
É sabido que a intervenção estatal no domínio ambiental visa
preservar a saúde pública e ordenar as atividades econômicas que possam causar
algum dando ao ambiente. Frise-se que o Poder Público ao baixar normas e estabelecer
padrões de qualidade também é sujeito destes dispositivos, pois as atividades estatais
muitas vezes também operam em setores da iniciativa privada - não obstante a onda de
privatizações.
Ademais, os parâmetros ambientais são valores indicadores da
fronteira o qual não deve ser ultrapassado. Contudo, isto não exonera o empreendedor de
verificar por si mesmo se sua atividade está ou não sendo prejudicial ao homem e ao
ambiente. Além disso, estes parâmetros estão sujeitos às variações do imperativo
tecnológico e econômico. Ou seja, norteados pela melhor tecnologia existente e
economicamente aceitável. Assim corre-se o risco destes valores serem insuficientes à
proteção do ambiente de forma efetiva podendo causar lhe danos.
Diante desta realidade resta concluir que, na hipótese acima levantada,
o Poder Público deve responder solidariamente com o particular para reparar o dano
causado.
Direito e Legislação Ambiental
34

Em outra hipótese levantada é o caso da ação - permitindo o exercício da


atividade poluente, em desacordo com a legislação em vigor - ou a omissão
(negligência do policiamento das atividades poluentes). Neste caso Machado (2006),
citando outros autores, entende que é plenamente cabível a responsabilização Estatal nos
danos causados pela sua ação ou omissão.

7.2. DA RESPONSABILIDADE PENAL

O ambiente ecologicamente equilibrado é um dos direitos


fundamentais da pessoa humana, justificando-se assim o sancionamento penal das
agressões contra ele perpetradas. Como já visto acima, tal orientação constitucional
tem fundamento no art. 225, §3º.
Na esfera civil, o sancionamento das condutas anti-ambientais era
prevista na Lei nº 6.938/81. Contudo, na esfera penal e administrativa foi somente com a Lei
nº 9.605/98 que se teve um tratamento adequado para da responsabilização penal e
administrativa das condutas e atividades lesivas ao ambiente. Como diz Milaré (2000,
p.346): “Fechou-se, então, o cerco contra o poluidor”.

Bem Jurídico Protegido

Como já visto acima, a Assembléia Nacional Constituinte já


recomendou a proteção penal do ambiente na CF/88. Isto por si elimina qualquer
discussão quanto à pertinência de sua seleção para a categoria de bem jurídico
autônomo. Ademais, o Direito Penal é a última instância na proteção dos bens
individuais.
Nos crimes ambientais o bem jurídico precipuamente protegido é o
ambiente (natural, artificial, cultural e do trabalho) que garantirá a vida saudável do
homem.
Direito e Legislação Ambiental
35

Tipicidade23

Como já conceituado, o ambiente tem característica una e complexa.


Desta forma inevitavelmente dificulta sobremaneira o delineamento dos tipos 24
penais25 destinados a tutelá-lo.
Dentro desta estrutura a indeterminação da conduta incriminadora faz
com que não se apareça por completo a norma que o agente transgride com o seu
comportamento.
Diante desta realidade nota-se que na maioria das infrações penais
ambientais o fato é ilícito porque o agente atuou sem autorização legal, sem licença ou
em desacordo com as determinações legais. O agente é punido porque não obteve a
autorização ou licença para tal, ou ainda, mesmo quando devidamente habilitado com
autorização ou licença, não observou as condicionantes e/ou determinações legais ou
regulamentares.
Como exemplo: caçar animais silvestres tanto pode ser ilícito penal
como fato atípico. Isto porque a caça tanto pode ser proibida como permitida. Nesta
última hipótese dependente de autorização. O agente será processado não por ter
praticado o fato, mas sim porque não tinha em mãos a necessária autorização.
Quanto à formulação legislativa destes dispositivos penais, o
elaborador das normas não pode se esquecer da perspectiva eminentemente preventiva do
direito ambiental. Isto decorre do fato que os prejuízos ambientais serem de difícil
mensuração e reparação.
Nesta linha o legislador de 1998 procurou delinear também as
infrações penais chamadas de tipos de perigo, especialmente os de perigo abstrato 26,
para os quais é suficiente a mera probabilidade de dano. Cita-se como exemplo o caso

23
“Diz-se que há tipicidade quando o fato se ajusta ao tipo, ou seja, quando corresponde às características
objetivas e subjetivas do modelo legal, abstratamente formulado pelo legislador”. (FRAGOSO, 1995, p. 155) 24
Tipo: descrição da conduta humana feita pela lei e correspondente ao crime.
25
Tipo penal é a norma incriminadora.
26
Conforme Milaré (2000, p.352): “Os crimes de perigo podem ser: crimes de perigo concreto e crimes de
perigo abstrato. “Nos crimes de perigo concreto, a existência do perigo deve ser averiguada caso a caso,
enquanto nos crimes de perigo abstrato, prescinde-se dessa verificação, pois o mesmo é deduzido dos próprios
termos em que a conduta é definida” (Ivette Senise Ferreira, Tutela penal do patrimônio cultural, cit., p.98)
Direito e Legislação Ambiental
36

de crime de poluição previsto no art. 54: “Causar poluição de qualquer natureza em


níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana ...”.

Elemento Subjetivo

Num crime a regra é a punibilidade a título de dolo e a exceção é a


punibilidade a título de culpa (strictu sensu)27.
O art. 18, do Código Penal, inciso I, define que o crime doloso ocorre
quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. Já o crime culposo é
conceituado pela doutrina moderna como: “a conduta voluntária (ação ou omissão) que
produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto,
que poderia, com a devida atenção, ser evitado”.
Até a chegada da Lei nº 9.605, basicamente puniam-se somente os
crimes dolosos. Conforme informa Milaré (2000), apenas as Leis nº 7.802/89
(Agrotóxicos) e a nº 8.974/95 (Biossegurança) previam algumas modalidade de crimes
culposos. Desta forma, muitos casos graves, na forma culposa, deixavam de ser
punidos pela atipicidade. Ex: embarcações mal conservadas onde ocorriam
derramamentos de óleo no mar. Neste caso era difícil de provar a intenção do armador em
deteriorar o ambiente marinho.
Assim, os legisladores da Lei nº 9.605/98 fizeram bem em descrever
vários tipos penais na modalidade culposa28, cassando em boa medida a impunidade que
até então era regra.

27
Modalidades da culpa: imprudência, imperícia e negligência. Imprudência: é o comportamento positivo, sendo a
forma ativa de culpa. É o agir sem as cautelas necessárias onde faltam os poderes inibitórios. Ex: dirigir em
excesso de velocidade e atravessar o sinal vermelho; Imperícia: consiste na incapacidade, na falta de
conhecimento ou de habilitação para o exercício de determinado mister. Pode provir da falta de prática ou da
ausência de conhecimentos técnicos de arte, ofício ou profissão. Ex: uma parteira que realiza parto e causa dano;
Negligência: é o comportamento menos caracterizado pela inação, pela inércia, pela passividade. O agente não usa os
poderes de atividade. Ex: dirigir veículo com freios danificados ou pneus carecas.
28
Exs: arts. 38, 40, 41, 49, 54 ,56, 62, 67 e 68.
Direito e Legislação Ambiental
37

Sujeito Ativo

O sujeito ativo nos crimes ambientais pode ser qualquer pessoa física
ou jurídica.

Responsabilidade penal individual

No sistema brasileiro, até pouco tempo, sustentava-se que somente o


ser humano, pessoa física, era capaz de ser sujeito ativo de um crime. Pois a
imputabilidade estava definida como o conjunto de condições pessoais que dão ao
agente capacidade para lhe ser juridicamente atribuir a responsabilidade pela prática de
um fato punível. Nisto se sustentava a resistência em admitir a responsabilidade da
pessoa jurídica.

Responsabilidade penal da pessoa jurídica

Seguindo a tendência do Direito Penal moderno e a previsão


constitucional do art. 225, § 3º, da CF/88, os legisladores colocaram a pessoa jurídica
como sujeito ativo na relação processual penal, dispondo no art. 3º, da Lei nº 9.605/98,
que:

“as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e


penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração
penal seja cometida por decisão do seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade”.

Como está descrito no parágrafo único do artigo acima referido, esta


imputação não exclui a responsabilidade das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou
partícipes do mesmo fato, na medida em que a empresa, por si mesma não comete
crimes.
Direito e Legislação Ambiental
38

Ao omisso (diretor, administrador, membro do conselho e de órgão


técnico, auditor, regente, preposto ou mandatário de pessoa jurídica) também lhe é
atribuída a responsabilidade penal, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Condicionantes para a responsabilização

Conforme o art. 3º, da Lei nº 9.605/98, a responsabilidade penal da


pessoa jurídica fica condicionada: (i) a que a infração tenha sido cometida em seu
interesse ou benefício, (ii) por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de
seu colegiado.
Assim, na análise de um delito cometido por uma pessoa jurídica,
dever-se-á levar em consideração se o crime foi cometido em benefício ou visando
satisfazer os interesses da pessoa jurídica. Numa segunda fase, analisar o elemento
subjetivo, dolo ou culpa, quando da execução ou da determinação do ato gerador do
delito, transferindo num ato de ficção a vontade do dirigente à pessoa jurídica.

Abrangência da responsabilidade

A responsabilização quanto às pessoas jurídicas de direito privado é


pacífica.
Na doutrina pátria a abrangência da responsabilização das pessoas
jurídicas de direito público é controversa.
Contudo, ambas as partes convergem num entendimento quanto à
responsabilização do agente público que tenha concorrido para o ato lesivo ao
ambiente, impondo-se:
- a identificação e a responsabilização dos agentes públicos e pessoas
físicas que o cometeram.
Direito e Legislação Ambiental
39

- Busque-se simultaneamente a reparação do dano na esfera cível, pela


pessoa jurídica de direito público, com base no art. 37, § 6º, da CF/88,
e a recomposição do patrimônio público com ajuizamento de ação
regressiva em face dos agentes públicos responsáveis pelo ato lesivo
ao ambiente.

Desconsideração da personalidade jurídica

O art. 4º, da Lei nº 9.605/98, prevê a desconsideração da pessoa


jurídica sempre que sua personalidade seja empecilho ao ressarcimento de prejuízos
causados ao ambiente. Assim o patrimônio das pessoas físicas com intenções
fraudulentas que se escondem atrás das pessoas jurídicas poderão ser atingidas pela sua
desconsideração.

Sujeito Passivo

Segundo Milaré (2000, p.359) citando Mirabete, sujeito passivo de um


crime “é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa”. Isto não
impede que existam mais de um sujeito passivo em um crime.
Nos delitos ambientais o sujeito passivo direto sempre será a
coletividade. A própria Carta Magna previu que o ambiente equilibrado é bem de uso
comum do povo. Contudo, indiretamente o delito pode atingir um objeto material
público ou particular. Um exemplo é o caso de incêndio provocado intencionalmente
por terceiro em mata ou floresta pertencente ao patrimônio público ou particular,
dando causa a um dano ambiental. Neste caso existirá um crime previsto no art. 41, da
Lei nº 9.605/98 e um crime de dano contra o patrimônio particular, previsto no art.
163, IV, do Código Penal.
Direito e Legislação Ambiental
40

7.3. DA RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Foi com base na competência constitucional (art. 24, incisos VI , VII e §


1º, da CF/88) que a Lei nº 9.605/98, em seu capítulo VI, prescreveu norma geral sobre
as infrações administrativas. Conforme previsão do §2º do art. 24, da CF/88, ela pode ser
suplementada pelos Estados e Municípios. O uso do poder suplementar somente
pode ser realizado em modificações que não alterem a finalidade da norma geral
federal. Destaque-se neste ponto que quanto ao Direito Penal não há
possibilidade de suplementação por parte dos outros entes, pois a competência é
privativa da União (art. 22, I, da CF/88).
Conforme o art. 70, da Lei nº 9.605/98: “... infração administrativa
ambiental é toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas do uso, gozo,
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. As regras jurídicas devem estar
expressas em algum texto, devidamente publicado.
As infrações administrativas são apuradas em processo administrativo
próprio, tendo em vista as disposições da Lei nº 9.605/98 e da Lei nº 9.784/99, e
garantido o critério de ampla defesa e contraditório. Ou seja, o infrator terá o direito a sua
defesa prévia, direito de interpor recurso administrativo, a defesa técnica
(acompanhamento por advogado), direito de informação geral sobre o processo e
direito de requerer a produção de provas.
A Lei nº 9.605/98 estabeleceu prazos para apuração da infração
ambiental:
- 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra
auto de infração;
- 30 (trinta) dias para a autoridade julgar o auto de infração;
- 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à
instância superior; e,
- 5 (cinco) dias para o pagamento da multa.
Direito e Legislação Ambiental
41

8. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A palavra licença e autorização são adotadas pelo direito brasileiro


sem levar em consideração um rigor técnico.
A CF/88, em seu artigo 170, § único, prevê que o exercício de
qualquer atividade econômica é livre, independentemente de autorização, salvo os
casos previstos em lei. Assim pode-se concluir que o sistema de licenciamento passa a ser
feito pelo sistema de autorizações.
Diante dessa consideração, a expressão “licenciamento ambiental”
será adotada como equivalente a “autorização ambiental”.
Frise-se que o instituto do licenciamento tem a sua origem no direito
administrativo, onde um dos seus traços marcantes é o seu caráter definitivo.
Analisando-se o art. 9º da Lei nº 6.938/81, que prevê os instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente, observa-se que o inciso IV preceitua que: “o
licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras”. Ou seja,
o “licenciamento” é passível de revisão, caracterizando dessa forma o instituto da
autorização.

CONCEITUAÇÃO

Conforme a definição legal do art. 1º, inciso I, da Resolução


CONAMA nº 237/97:

“Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o


órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.”
Direito e Legislação Ambiental
42

CLASSIFICAÇÃO DO LICENCIAMENTO

Conforme instrução do art. 8º, da Lei nº 6.938/81: “Incluir-se-ão entre


as competências do CONAMA: I - estabelecer, mediante proposta ao IBAMA, normas
e critérios para o licenciamento de atividades de efetiva ou potencialmente poluidoras,
a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”. Assim, ficou
determinado que as normas e critérios gerais para o licenciamento seriam estabelecidas
pelo CONAMA - órgão colegiado federal no qual estão representados os estados.
Desta forma a lei pretende evitar que os Estados permitam a instalação de
empreendimentos com padrões mais permissivos que um teto máximo fixado em nível
federal.
O entendimento da expressão “licenciamento ... supervisionado pelo
IBAMA”, segundo Machado (2006, p.277) é que:

“... merece ser entendida como um tipo de fiscalização, em que órgão


federal ambiental poderá comunicar aos Estados ou ao Ministério
Público a ocorrência de desvios no cumprimento das diretrizes e
critérios sobre o licenciamento, mas o termo supervisão não deve ser
entendido como grau de revisão por parte dele, pois a autonomia
constitucional dos Estados não lhe permitiria essa atuação”.

A classificação das licenças foi expressamente previstas no Decreto


Federal nº 99.274/90, no seu artigo 19; e, na Resolução CONAMA 237/97, art. 8º.
Sendo assim, estes dispositivos legais prevêem que serão expedidas as seguintes
licenças:
I - Licença prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da
atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de
localização, instalação e operação, observados os planos municipais,
estaduais ou federais de uso do solo;
II - Licença de instalação (LI), autorizando o início da implantação,
de acordo com as especificações constantes do projeto executivo
aprovado;
III - Licença de operação (LO), autorizando, após as verificações
necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus
Direito e Legislação Ambiental
43

equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas


Licenças Prévias e de Instalação.
Como em outras situações da competência ambiental, aqui também
foram estabelecidas normas gerais que deverão ser seguidas pelos estados e
municípios. Outrossim, estes entes poderão prever nas suas legislações outras
modalidades e adicionar outras exigências para a concessão da licença.
Destaque-se que na Resolução CONAMA 237/97, ao tratar dos três
tipos de licença, estabeleceu que a “Licença Prévia (LP) concedida na fase preliminar
do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e
concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação”. Está
implícito neste dispositivo que para a concessão da LP, o projeto deverá ser avaliado.
Assim, caso o empreendimento tiver potencialidade de causar dano significativo ao
ambiente, deverá ser elaborado o Estudo Prévio de Impacto Ambiental, antes da
outorga da LP.

O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Conforme Machado (2006, p.269), analisando o art. 170, § único,


conclui que “... as licenças, as autorizações, aprovações prévias e permissões só
possam ser criadas por lei ou a lei deverá prever sua instituição por outro meio
infralegal”. O decreto do presidente da república, do governador ou do prefeito
somente poderá criar o licenciamento ambiental caso uma lei anterior expressamente
cometer-lhe tal tarefa.
Para ilustrar, traz-se casos em que o Poder Público (federal)
condicionou a livre atividade econômica:
1 - licença para uso da configuração de veículos ou de motor (Lei nº
8.723/93);
2 - autorização para entrada no país de qualquer produto contendo
OGM - Organismo Geneticamente Modificado ou dele derivado (Lei nº 8.974/95);
Direito e Legislação Ambiental
44

3 - autorização para funcionamento de empresas que desenvolvam


atividades ligadas a OGM (Lei nº 8974/95);
4 - registro de produtos contendo OGM (Lei nº 8.974/95); e,
5 - registro de agrotóxico e seus componentes (Lei nº 7.802/89).
As licenças acima mencionadas não são privativas ou exclusivas do
IBAMA. Cada estado ou município poderá criar o seu próprio sistema de autorização, de
licenças e de registros.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL SUPLETIVO PELO IBAMA

Está previsto no art. 10, caput, da Lei nº 6.938/81, que o IBAMA,


licenciará em caráter supletivo, em relação ao órgão estadual ambiental.
Conforme Machado (2006, p.271), o caráter supletivo deve ocorrer em
duas situações: “se o órgão estadual ambiental for inepto ou se o órgão permanecer
inerte ou omisso”.
A ação supletiva prevista pela Lei nº 6.938/81, ao tempo de sua
elaboração, é motivada pela inexistência de quadros funcionais e na possibilidade dos
Estados tomassem frente à gestão ambiental.
A Lei nº 7.804/89 que introduziu o § 4º no artigo 10 da Lei nº
6.938/81 prescreve que: “Compete ao Instituto do Meio Ambiente e de Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA - o licenciamento previsto no caput deste artigo, no
caso de atividade e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional e
regional”.
No caso concreto poderá ocorrer a existência de obras e atividades que
tenham importância tanto nacional como para os Estados. Nesta situação é totalmente
cabível a duplicidade de licenciamento. O deferimento ou não será de acordo com as
respectivas legislações das diferentes esferas. Não se pode esquecer aqui a
possibilidade da exigência de medidas mais restritivas do que os padrões norteadores da
legislação federal pelas normas estaduais e municipais.
Direito e Legislação Ambiental
45

Interesse nacional é entendido como aquelas áreas do patrimônio


nacional enumeradas no § 4º, do art. 225, da CF/88 (a floresta Amazônica brasileira, a
Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira).
O interesse regional é aquele onde o impacto possa atingir mais de um
Estado.
Além destas áreas, os impactos transfronteiriços também deveriam
estar sob análise do IBAMA, contudo não existe uma previsão legal para esta situação.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL ESTADUAL E LEGISLAÇÃO FEDERAL

A intervenção do Poder Público estadual nas atividades dentro do seu


limite territorial está integrada na matéria da administração estadual. Contudo, a
legislação federal - no que diz respeito às normas gerais - deverão ser observadas
pelos Estados no procedimento do licenciamento. Sendo assim, desconhecer, não
aplicar ou mesmo aplicar parcialmente a legislação federal implica na anulação da
autorização concedida. Ou num caso extremo a manifestação judicial: a decretação da
anulação. Nesta situação não se trata de revogação, pois a mesma já nasceu viciada.
Na hipótese acima não há invasão de competência. A legislação
federal - genérica - não poderá dizer qual o funcionário de qual órgão que deverá
autorizar (matéria típica da organização autônoma dos Estados), mas poderá dizer
validamente quais os critérios a serem observados com relação à proteção ambiental.
Registre-se aqui a necessidade da observância no que diz respeito ao
zoneamento ambiental previsto no art. 9º, da Lei nº 6.938/81. Uma vez existindo este
documento, faz-se necessário a sua consideração na concessão da autorização por
todos os órgãos ambientais (dos diversos níveis) envolvidos.
Direito e Legislação Ambiental
46

LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PADRÕES DE QUALIDADE

No caso do encaminhamento dos projetos para a obtenção da licença, um


item que merece atenção especial é o que diz respeito aos padrões de qualidade previsto
para o meio receptor - água, ar e solo. Os valores constatados no meio receptor in
loco deverão ser amplamente confrontados com o sistema de emissão de efluentes do
empreendimento. Caso a atividade por si só não ultrapasse o limite estabelecido pela
normatização correlata, isto não quer dizer que vai ser concedida a autorização. O que
deverá ser observado é se o meio receptor suportará o “plus” de poluição sem exceder o
limite dos padrões normativos. De acordo com esta resposta, o órgão ambiental deverá
conceder ou não a licença.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL E NORMAS DE EMISSÃO

A observação das normas de emissão condiciona a concessão da


licença. Sendo assim o Poder Público tem o dever de analisar o projeto encaminhado,
verificando se as técnicas para controle da poluição são eficazes e se as limites de
emissão serão respeitadas. Deixa-se claro que em matéria ambiental não existe
possibilidade nenhuma em transigir. O interesse do particular deverá sucumbir-se ao
interesse coletivo.
Caso o requerente, que pode ser pessoa jurídica de direito público ou
privado, informar falsamente à administração pública sobre os valores emitidos, este
responderá por crime de falsidade ideológica.
Inexistindo uma norma de emissão para um determinado efluente, o
órgão ambiental não fica livre para deferir a sua liberação no ambiente. Conforme
princípios constitucionais da precaução/prevenção e da Lei nº 6.938/81, o órgão
ambiental deverá analisar o pedido sempre com o intuito de se evitar o dano ambiental.
Direito e Legislação Ambiental
47

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: PRAZO DE VALIDADE, SUSPENSÃO E


CANCELAMENTO

Conforme pode-se notar indiretamente pela leitura do art. 9º, inciso


IV, da Lei nº 6.938/81, a licença para o exercício de uma atividade efetiva ou
potencialmente poluidora terá um prazo de validade. Sendo assim o empreendedor que
obter o deferimento do seu pedido não estará obrigado - somente em caso excepcional
- a fazer as alterações no seu empreendimento, por motivo de alteração nos padrões
ambientais, durante o prazo de vigência da sua autorização. A alteração somente lhe
será exigida somente no momento da renovação.
A Resolução 237/97 - CONAMA (art. 18) estabelece os prazos
máximos para cada uma das licenças concedidas:
Licença prévia: prazo máximo de 5 anos;
Licença de instalação: prazo máximo de 6 anos; e,
Licença de operação: prazo máximo de 10 anos.
Sobre esta matéria, os estados e municípios poderão legislar de forma
diversa, dentro dos limites acima referidos.
Quanto à suspensão e o cancelamento da licença expedida, o art. 19,
da Resolução CONAMA nº 237/97, prescreve os seguintes fundamentos: violação ou
inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa descrição
de informações relevantes e superveniência de graves riscos para a saúde e para o meio
ambiente.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CONTROLE DA POLUIÇÃO. TECNOLOGIA


APROPRIADA

Para a operação de empreendimentos que utilizem recursos ambientais


consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, o Poder Público pode exigir o
emprego de tecnologias que previnam a poluição. A previsão legal está no art 225,
caput29, e no art. 170, caput30 e inciso VI31, todos da CF/88.

29
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ...”
Direito e Legislação Ambiental
48

Nestes casos, entende-se que não cabe ao Poder Publico indicar este ou
aquele equipamento antipoluidor.

ITINERÁRIO PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Conforme previsão do art. 10, da Resolução CONAMA nº 237/97, o


roteiro para o licenciamento ambiental seguem 8 etapas, quais sejam:
I - Definição pelo órgão ambiental, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários para o
começo do processo de licenciamento.
II - Requerimento da licença ambiental, acompanhado da
documentação definida no Item I - deve ser dada publicidade 32 ao requerimento de
licença.
III - Análise pelo órgão ambiental.
IV - Possibilidade de formulação de pedidos de esclarecimentos pelo
órgão ambiental - uma única vez, podendo haver renovação caso os esclarecimentos
não sejam satisfatórios.
V - Audiência pública, se for o caso.
VI - Novos esclarecimentos ao órgão ambiental se, da audiência
pública, surgir a necessidade.
VII - Deferimento ou indeferimento do pedido, com a devida
publicidade33.

Para melhor ilustrar os procedimentos iniciais do licenciamento


ambiental, transcreve-se as orientações de Cunha & Guerra (2004).
Empreendedor procura o órgão ambiental licenciador nos seguintes
casos:

30
“Art. 170. A ordem econômica [ ... ] tem por fim assegurar a todos existência digna [ ... ] observados os
seguintes princípios:”
31
“Art. 170. [ ... ] VI - defesa do meio ambiente
32
Art. 10, § 1º, da Lei nº 6938/81.
33
Art. 10, § 1º, da Lei nº 6938/81.
Direito e Legislação Ambiental
49

- por exigência de órgãos financeiros de projetos (Banco da Amazônia


- BASA, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, Banco
Interamericano de Desenvolvimento - BID) e/ou agências estatais subsidiadoras de
infra-estrutura para objetos (SUDAM, SUFRAMA e outros);
- por exigências de órgãos da administração pública responsáveis pelo
licenciamento global da atividade a ser implantada, tais como: Prefeitura Municipal,
no caso de loteamentos urbanos e construção civil em geral; INCRA, para implantação
de atividades rurais; Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER) e
Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), no caso de construção de
rodovias; DNPM, no caso de atividades de lavra e/ou beneficiamento mineral; por
exigência do IBAMA e/ou órgão estadual competente, no caso de desmatamentos; em
resposta a denúncias da sociedade (pressão social), no caso de projetos implantados ou
em implantação sem o devido licenciamento ambiental; em cumprimento à penalidade
disciplinar ou compensatória imposta pelo órgão de meio ambiente pela não-adoção
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
No primeiro contato com o órgão ambiental licenciador, o
empreendedor deve fornecer ao órgão de meio ambiente todas as informações sobre o
empreendimento e natureza das atividades a serem implantadas e preencher, caso não
tenha feito, a ficha do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.
O órgão examina a documentação apresentada, consulta a legislação e
os dados disponíveis sobre o local do empreendimento e avalia a necessidade de
elaboração de estudo de impacto ambiental ou documento semelhante. Se julgar
necessário, realiza vistoria para avaliar a situação ambiental no local proposto para o
empreendimento, decidindo quanto à necessidade de apresentação de EIA/RIMA e/ou
de outros documentos técnicos semelhantes (Plano de Controle Ambiental - PCA,
Relatório de Controle Ambiental - RCA, Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
- PRAD). Pode também fazer outras exigências, tais como a apresentação de projetos,
relatórios e pareceres específicos. O pedido de licenciamento pode ser negado, e se
permanecer o interesse do empreendedor, este deverá providenciar as alterações
necessárias no projeto inicial para, então, entrar com o novo pedido.
Direito e Legislação Ambiental
50

9. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS


(LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998)

9.1. ESTRUTURAÇÃO DA LEI

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.


CAPÍTULO I - Disposições gerais
CAPÍTULO II - Da aplicação da pena
CAPÍTULO III - Da aplicação do produto e do instrumento de infração administrativa
ou de crime
CAPÍTULO IV - Da ação e do processo penal
CAPÍTULO V - Dos crimes contra o meio ambiente
Seção I - Dos crimes contra a fauna
Seção II - Dos crimes contra a flora
Seção III - Da poluição e outros crimes ambientais
Seção IV - Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio
cultural
Seção V - Dos crimes contra a administração ambiental
CAPÍTULO VI - Da infração administrativa
CAPÍTULO VII - Da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente
CAPÍTULO VIII - Disposições finais
Direito e Legislação Ambiental
51

9.2. COMENTÁRIOS SOBRE A LEI Nº 9.605/98

CAPÍTULO I - Disposições Gerais

Artigos abrangidos: 2º34 ao 4º35


Como diz a descrição do capítulo, nestes artigos estão feitas as
considerações gerais da Lei em questão.
São nestes artigos que estão a previsão legal da aplicação das penas às
pessoas físicas e, de forma inovadora, a possibilidade de responsabilização da pessoa
jurídica (privada ou pública). Ademais destaca-se a possibilidade da desconsideração da
pessoa jurídica.

CAPÍTULO II - Da Aplicação da Pena

Artigos abrangidos: 6º ao 24.


Estes artigos dizem respeito à aplicação da pena pelo juiz numa ação
penal ambiental.
Destaca-se alguns artigos deste capítulo para a atuação do Químico
Ambiental. O conhecimento da forma como o juiz aplicará a sanção é importante para
um trabalho de informação/educação (princípio da participação popular na proteção do
meio ambiente) das pessoas físicas ou jurídicas que trabalham com recursos
ambientais.

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:


I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde
pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III
- a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade


quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a 4 (quatro) anos;

34
Art. 1º - vetado.
35
Art. 5º - vetado.
Direito e Legislação Ambiental
52

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como


os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de
reprovação e prevenção do crime.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:


I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.

A descrição de cada uma das penas estão nos arts. 9º ao 13.


Nos arts. 14 e 15 estão descritos as circunstâncias que atenuam e
agravam a pena aplicada. Ou seja, a pena pode ser aumentada ou diminuída de acordo
com as circunstâncias descritas.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação


significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I -

reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;


Direito e Legislação Ambiental
53

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

O art. 21 prevê as penas aplicáveis, e destaque-se, isolada, cumulativa


ou alternativamente às pessoas jurídicas. E no art. 22 e 23 estão as descrições destas
penas.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo
com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

CAPÍTULO III - Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração


Administrativa ou de Crime

Artigo Abrangido: 25
Neste capítulo estão previstos os procedimentos adotados para o
encaminhamento do produto apreendido e os instrumentos utilizados na infração
administrativa e/ou penal.

CAPÍTULO IV - Da Ação e do Processo penal

Artigos abrangidos: 26 ao 28
O que vale destacar neste capítulo é o art. 26. Nele está previsto que
uma vez ocorrendo uma infração penal prevista na Lei nº 9.605/98, a ação penal
deverá ter iniciativa do Ministério Público.
Direito e Legislação Ambiental
54

CAPÍTULO V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente


Seção I - Dos crimes contra a fauna

Artigos abrangidos: 29 ao 37
Nesta seção o legislador buscou proteger a fauna como um bem
ambiental o qual é necessário para a vida digna do homem. Note-se que hoje a carne que
comemos é de um animal que levou anos para ser domesticado, mas no passado ele era
selvagem. Não se pode esquecer também a importância da fauna na cadeia alimentar
da natureza.
O destaca-se o art. 33:
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de
espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
brasileiras:

Seção II - Dos crimes contra a flora

Artigos abrangidos: 38 ao 53.


Da mesma forma que a seção anterior, o que se busca aqui é satisfação das
necessidades humanas pela proteção da flora.

Seção III - Da poluição e outros crimes ambientais

Artigos abrangidos: 54 ao 61.


Para melhor entendimento dos crimes descritos nestes artigos, traz-se a
definição de poluição dada pelo art. 3º, caput e inciso III, da Lei nº 6.938/81:

Art. 3º Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:


[ ... ]
III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
Direito e Legislação Ambiental
55

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;


e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Conforme pode-se notar, a definição é bem abrangente atingindo


todos os ambientes (naturais, artificiais, culturais e do trabalho). Sendo assim, uma vez
existindo a poluição, o sujeito ativo poderá ser penalizado pelo seu ato.
Destaque é feito para os arts. 54, 55, 56 e 60, que dizem respeito a
crimes de interesse do profissional Químico Ambiental.

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. §

2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de
uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias
oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o
exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou
irreversível.

Note-se que neste artigo existe a previsão expressa do crime na


modalidade culposa.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão
competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
Direito e Legislação Ambiental
56

saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos
seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os
utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um


terço.

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Seção IV - Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural

Artigos abrangidos: 62 ao 65
Nesta seção a proteção ambiental visa os ambientes artificial e
cultural.

Seção V - Dos crimes contra a administração ambiental

Artigos abrangidos: 66 ao 69.


Nesta seção estão descritos os crimes praticados especificamente por
funcionários públicos (art. 66 e 67) e por qualquer pessoa em razão da atuação pública
(art. 68 e 69).
Registre-se aqui, conforme Milaré (2000) a crítica ao art 68, pela sua
imprecisão quanto à expressão “relevante interesse ambiental”. Existe um caráter
subjetivo muito grande que dificulta e enquadramento da conduta lesiva ao ambiente.

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento
ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


Direito e Legislação Ambiental
57

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as
normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do
Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da
multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de
relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Destaque-se também a modalidade culposa dos arts. 67 e 68.

CAPÍTULO VI - Da Infração Administrativa

Artigos abrangidos: 70 ao 76.


Este capítulo vem instrumentalizar o comando constitucional do Poder
Público em defender e preservar os bens ambientais pela via administrativa.
Os destaques ficam para o art. 70 (define o que é infração
administrativa), art. 71 (define os prazos para o processo administrativo), art. 72
(define as sanções para as infrações administrativas) e o art. 75 (define os valores das
multas administrativas).

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades


relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.
Direito e Legislação Ambiental
58

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a


sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de


ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes
prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da
data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua
lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha,
de acordo com o tipo de autuação;

IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no
art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,


equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII

- embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X - (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,


cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em
vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por
órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do


Ministério da Marinha.
Direito e Legislação Ambiental
59

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da


qualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25


desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a
atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de


crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo (Das infrações administrativas - [incluiu-se]) será
fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na
legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00
(cinqüenta milhões de reais).

CAPÍTULO VII - Da Cooperação Internacional para a Preservação do Meio Ambiente

Artigos abrangidos: art.77 e 78


Aqui estão descritas as orientações quanto à cooperação internacional na
proteção ambiental. O art. 77, no caput, deixa expresso que existe somente a
cooperação, não permitindo a inobservância da soberania nacional, da ordem pública e dos
bons costumes.

CAPÍTULO VIII - Disposições Finais

Artigos abrangidos: 79 ao 92.


Como o próprio nome já diz, são as colocações finais da Lei para o seu
“funcionamento”.
Direito e Legislação Ambiental
60

12. PERÍCIA AMBIENTAL

INTRODUÇÃO

No atual contexto histórico onde uma nova descoberta no campo do


conhecimento técnico-científico é fato do dia-a-dia, nota-se que as relações geradas
por ele se tornam cada vez mais complexas. Desta forma a atuação profissional fica
bastante difícil devida à complexidade e volume de informações necessárias para a
solução dos problemas. Isto também ocorre na seara jurídica. O juiz não tem
conhecimento técnico sobre todos os assuntos que chegam até à sua apreciação. Assim
a busca da verdade tanto pelo poder judiciário como pelas partes necessita do auxílio
de profissionais especializados para que haja a decisão mais justa. Aí está a esfera de
atuação do perito que tem a sua fundamentação legal prevista no Código de Processo
Civil (CPC).

PERÍCIA AMBIENTAL

O universo da perícia comporta várias modalidades decorrentes da


especificidade dos objetos em análise e a área de conhecimento envolvido. Existem as
perícias contábeis, grafotécnicas, médicas, entre inúmeras outras. E a perícia ambiental
também entra no rol destas perícias que são regulamentadas pelo CPC de forma
genérica sem considerar as suas especificidades. Isto justifica o estudo do CPC para
que o perito ambiental possa entender os detalhes sobre a perícia prevista neste código.
O objeto da perícia ambiental é o dano ocorrido aos recursos
ambientais ou o mero risco de sua ocorrência. Sendo assim a sua vinculação estará
adstrita à legislação ambiental (Lei nº 6.938/81, Lei nº 7.347/85 - ação civil pública,
Constituição Federal/88, entre outras).
E, além disso, como afirma Araújo (2004), a ação civil pública é o “...
principal meio processual de defesa do meio ambiente e principal fonte de demanda por
perícias ambientais”.
Direito e Legislação Ambiental
61

PERÍCIA JUDICIAL

Tendo o CPC regulamentado os procedimentos comuns da atuação dos


peritos, faz-se necessário entender os seus preceitos ditados por esta norma legal.
A perícia surge normalmente em decorrência de uma demanda, por
iniciativa de uma das partes interessadas na busca de provas de atos e fatos por ela
levantados para fundamentar um direito pleiteado. Além desta possibilidade a perícia
pode surgir por iniciativa do juiz para o conhecimento e esclarecimento de atos e fatos.
Numa ação o juiz nomeia o seu perito de confiança e as partes os seus
respectivos assistentes técnicos. Todos eles têm que ser profissionais legalmente
habilitados pelos seus conselhos profissionais.
Em dia, hora e local certo, os três profissionais são intimados a
comparecer a um cartório para prestar compromisso solene de exercer leal e
honradamente a sua função. Estes profissionais acompanharão todas as fases da perícia
e expressarão sua opinião técnica com absoluta independência, objetivando sempre a
busca da verdade.

ADMISSIBILIDADE DA PERÍCIA

Conforme Almeida, Panno e Oliveira (2003, p. 27): “O juiz admitirá a


perícia em função da necessidade de conhecimentos técnicos ou específicos do fato
probando. A requisição desta perícia pode se dever ao requerimento das partes ou por sua
própria deliberação, devido à conveniência ou necessidade”.
Nestes casos o conhecimento do juiz não alcança os limites
técnicoscientíficos para a decisão das ações judiciais. Um exemplo seria o pH ideal da
água para consumo humano.
Contudo, o juiz também pode indeferir (art. 420, § único, CPC) a
realização da perícia. Isto ocorre naqueles casos em que o fato não depender do
parecer especial de um técnico, quando existirem provas suficientes para a decisão da ação
ou a sua verificação for impraticável.
Direito e Legislação Ambiental
62

Na atuação processual da perícia estarão figurando o perito e os


assistentes técnicos. Sem a elaboração de um laudo, o perito e assistentes técnicos das
partes poderão ser ouvidos em audiência pelo juiz para que expressem suas conclusões a
respeito do objeto de perícia.
O campo de atuação do perito é pertinente aos meios de prova
definidos na prova pericial e inspeção judicial.
Conforme o art. 420, caput, do CPC: “a prova pericial consiste em
exame, vistoria e avaliação”. Exame é a inspeção de circunstâncias relevantes à
demanda. Vistoria consiste na inspeção técnica no local, que permite a total
identificação do objeto da perícia e a complementação de elementos informativos. É a
visita ao local com um objetivo de identificar in locus todos os elementos físicos que
servirão para formar uma idéia sobre o valor de um bem, as causas de laudo e o estado
de conservação de um bem. Avaliação é a estimativa do valor pecuniário de coisas e
obrigações.
Na inspeção judicial (art.440, do CPC) o juiz poderá, mediante a
assistência de um ou mais peritos (art. 441), em qualquer fase do processo, inspecionar
pessoas ou coisas para esclarecimento dos fatos que interessem à solução da ação. A
inspeção termina com a elaboração do auto circunstanciado.

PERITO E ASSISTENTE TÉCNICO

A atuação do perito é exercida verificando os fatos relativos à matéria em


questão, certificando-os, apreciando-os ou interpretando-os. Seu parecer técnico
resultante da perícia será apresentado conforme determinação do juiz. Esta poderá ser
mediante inquirição em audiência ou por escrito (laudo).
Uma vez nomeado, o perito deverá cumprir o encargo dentro do prazo
previamente fixado pelo juiz. Contudo, existindo um motivo legítimo para a recusa do
mister, o profissional poderá alegá-lo no prazo de 5 (cinco) dias, contados da
intimação ou do impedimento que venha ocorrer logo após a sua nomeação. Como
motivo legítimo para sua atuação tem-se como exemplo: não se considerar conhecedor
Direito e Legislação Ambiental
63

da matéria para a qual foi designada a perícia; ocorrência de força maior; a perícia ser
relacionada com assunto em que já interveio de alguma forma como interessado. Por
outro lado, o perito pode ser recusado por impedimento ou suspeição (arts. 134 e 135,
ambos do CPC). Aceitando a recusa da nomeação ou a impugnação, o juiz nomeará
novo perito.
Na hipótese em que o perito for substituído porque, sem motivo
legítimo, deixou de cumprir o encargo no prazo fixado, o juiz comunicará a ocorrência
à corporação profissional respectiva e poderá impor-lhe multa, que será fixada levando
em consideração o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso do
processo.
Independentemente de termo de compromisso no exercício do seu
trabalho o perito sempre deverá atuar com zelo e estar atento com o prazo de entrega
do resultado. Mas, se por dolo ou culpa o perito prestar informações inverídicas, este
responderá pelos prejuízos causados à parte, ficará inabilitado pelo prazo de 2 (dois)
anos para novas perícias e ainda incorrerá em sanção que a lei penal estabelecer.
Neste ponto ainda cabe ressaltar a importância do perito em fazer uma
análise minuciosa dos autos, principalmente no tocante aos quesitos. Considerando a
natureza, complexidade e extensão da perícia, o perito estimará seus honorários e os
postulará em petição própria, onde fará também sua identificação profissional. Este será
a sua primeira intervenção nos autos. Conforme orientação de Almeida, Panno e Oliveira
(2003) vale destacar: “Se, por ventura, houver necessidade do concurso de serviços de
terceiros como, por exemplo, nas questões de terra, onde se utiliza o levantamento
topográfico, estes deverão ser orçados e apresentados independentemente
dos honorários do perito” (p.34).
Dentro do prazo de 5 (cinco) dias contados do despacho de nomeação
do perito, a partes indicarão seus assistentes técnicos e formularão quesitos. Os
assistentes técnicos são pessoas de confiança das partes e não estão sujeitos a
impedimento e suspeição. Ao contrário do que se entende na maioria das vezes, o
assistente técnico não é um fiscal do perito. O técnico assemelha-se ao perito atuando
junto com este na busca da verdade. Isto se confirma pela leitura do art. 429, do CPC,
onde para o desempenho de sua função, faculta ao perito e assistentes técnicos
Direito e Legislação Ambiental
64

utilizarem de todos os meios necessários, solicitando documentos às partes ou


repartições públicas, obtendo informações, ouvindo testemunhas, assim como instruir o
laudo com plantas, fotografias, etc.

QUESITOS

“Quesitos são questionamentos dirigidos aos peritos e assistentes


técnicos pelos quais se dará o balizamento da perícia” (ALMEIDA, PANNO e
OLIVEIRA, 2003, p.37). Estas argüições sempre deverão manter-se dentro do campo de
delimitação do assunto e dependente de conhecimento técnico e ou científico.
O juiz indeferirá quesito não circunscrito ou irrelevante à matéria em
controvérsia ou que extrapole a competência do perito. Ademais, compete-lhe ainda
formular outros quesitos que reputar convenientes. Contudo, se no transcorrer do
trabalho o perito encontrar algum quesito que entenda excedente à sua área de atuação, ele
deverá abster-se em respondê-lo de forma fundamentada.
Ainda durante a diligência poderão as partes e o juiz apresentar
quesitos suplementares objetivando ampliar o campo das investigações do trabalho do
perito.
Além destes quesitos existem os “quesitos de esclarecimento” que
poderão ser apresentados após a apresentação do laudo oficial. O objetivo deles é de
esclarecer ou dirimir dúvidas sobre os pontos porventura pouco abordados ou omissos no
laudo pericial. A intimação para o conhecimento pelo perito e assistentes destes quesitos
far-se-ão 5 (cinco) dias antes da audiência. O esclarecimento poderá ser solicitado
pelas partes e pelo juiz. Com as suas explicações o perito retifica, completa, ratifica ou
fundamenta o laudo conforme o caso.
Para se obter um laudo satisfatório, a formulação dos quesitos deverá ser
apresentada sob forma seqüencial, clara e objetiva. Desta forma justificando a
importância da participação do assistente técnico junto com o advogado na elaboração dos
quesitos. Situação esta longe de ser observada na prática.
Direito e Legislação Ambiental
65

LAUDO

É o resultado final da perícia em conclusões escritas e fundamentadas,


onde serão apresentados os fatos, circunstâncias, princípios e parecer sobre a matéria
submetida a exame do especialista, adotando-se respostas objetivas aos quesitos.
Apesar de não existir nenhuma orientação no CPC quanto à forma de
apresentação do laudo pericial, transcreve-se aqui as orientações de Almeida, Panno e
Oliveira (2003):

“Um laudo completo deve conter três fases: A primeira fase,


geralmente denominada “histórico”, consiste na síntese das alegações
e posições conflitantes das partes. Segue-se a ela uma fase expositiva,
de modo a restaurar a coisa sujeita a exame, com todos os dados
pertinentes, as operações realizadas, fatos e circunstâncias ocorridos
no curso das diligências. A última fase deverá ser conclusiva
(parecer), apresentando as respostas às indagações” (p.41).

O laudo deverá ser elaborado sempre de forma simples, clara e


objetiva. O qual poderá ser instruído com fotos, resultados laboratoriais e outros
documentos. Recomenda-se que estes venham em anexo ao laudo. Ademais deve-se
evitar a linguagem técnica, pois os juízes e advogados presumidamente desconhecem a
matéria da perícia.
Além disso, o perito deverá manter-se circunscrito ao objeto da
perícia, sem ultrapassar os seus limites aumentado-os ou diminuindo-os.
Para a eficácia do laudo, este deverá ser bem fundamentado face aos
fatos observados, pesquisas, análises de amostras, informações colhidas, princípios e
normas técnicas pertinentes, operações, etc. Uma vez sem fundamentação o laudo
perderá o seu motivo de elaboração. A mera consideração subjetiva do perito em nada
acrescenta na resolução do processo.
Na elaboração do laudo, uma fonte primária de grande importância são
os próprios autos. Nele o perito poderá encontrar elementos conectivos que possam
subsidiar a resposta aos quesitos formulados. Sendo assim a leitura exaustiva dos autos é
de suma importância para os trabalhos iniciais do perito.
O encadeamento lógico do laudo é fruto de quesitos bem elaborados.
Caso estes elementos não possibilitem a formulação neste sentido, cabe ao perito
Direito e Legislação Ambiental
66

formar o corpo do laudo, demonstrando o que se pretende alcançar com a perícia e


depois então responder aos quesitos, sem nunca deixar de fazê-lo.
O perito deverá apresentar o laudo no cartório dentro do prazo fixado
pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. No
entanto, se por motivo justificado, o perito não puder apresentar o laudo no prazo que
lhe foi estipulado, o juiz poderá conceder, por única vez, prorrogação de acordo com o
seu arbítrio. Por motivos justificados entende-se: impossibilidade de concluir o
trabalho devido à sua complexidade e/ou extensão, doença ou enfermidade em pessoa
de sua família, viagem urgente.
Aos assistentes técnicos ficam a obrigação de protocolarem seus
pareceres no prazo comum 36 de 10 (dez) dias após a apresentação do laudo,
independentemente de intimação.
Uma vez entregue o laudo o juiz determinará a manifestação das partes
sobre ele. Neste ponto três situações poderão ocorrer.
a) o laudo satisfaz os objetivos;
b) o laudo necessita de esclarecimentos, complementação, etc; e,
c) o laudo não satisfaz os objetivos.
Destas 3 situações têm-se respectivamente as seguintes conseqüências:
a) o processo segue o seu curso normal;
b) o perito faz o saneamento dos itens incompletos para prosseguimento
regular do processo; e,
c) determinação de nova perícia.
Esta nova perícia deverá obedecer às mesmas disposições da primeira, tendo
como objetivo os mesmos fatos. Acrescente-se ainda que a segunda perícia não
substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciá-la livremente.
Para concluir registra-se que mesmo após o árduo trabalho do perito e dos
assistentes técnicos, o juiz não fica adstrito ao laudo pericial. Na formação da sua
convicção ele pode apreciar outros elementos ou fatos provados nos autos.

36
Prazo contado tanto para o autor como para o réu.
Direito e Legislação Ambiental
67

LINHAS GERAIS DOS PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS RELACIONADOS À


PERÍCIA

Araújo (2004) citando Barros (1995) traça as linhas gerais dos


procedimentos processuais relacionados à perícia. Transcreve-se aqui a parte referente
especificamente ao perito.

DOS PERITOS
Toma conhecimento:
- da nomeação do juiz;
- do tipo de ação proposta;
- da vara em curso do processo;
- do escrevente;
- do nome das partes;
- do número do processo.

Análise dos autos do processo:


- lê os autos para ver do que se trata a ação;
- analisa os quesitos formulados pelas partes;
- formula pedido de honorários;
- acompanha a efetivação ou não do depósito de honorários.

Procedimento técnico:
- retira os autos para a realização da perícia;
- comunica os assistentes técnicos do dia e hora da vistoria ao
objeto da lide;
- vistoria o local - descreve, fotografa, etc.;
- elabora minuta do laudo pericial;
- envia a minuta do laudo aos assistentes técnicos;
- elabora o laudo pericial;
- recolhe o Imposto de renda e ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica).

Requer:
- Juntada do laudo pericial aos autos;
- Levantamento dos honorários depositados.

Esclarecimentos:
Direito e Legislação Ambiental
68

- Presta, se necessário, os esclarecimentos solicitados pelas partes


ou pelo próprio juiz.

PRINCIPAIS DISPOSITIVOS LEGAIS NA ATUAÇÃO DO PERITO

Neste tópico foram transcritos os artigos do Código de Processo Civil


pertinentes à prova pericial importantes na atuação do perito.

Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos
atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até
sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. § 1º
O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual.
§ 2º Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de
ofício ou a requerimento do Ministério Público.

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do perito
será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as
partes ou determinado de ofício pelo juiz.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do
perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em
depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a
apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à
instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição (arts. 134 37 e 13538, do
CPC):
[...]
37
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério
Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o
terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o
patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. 38Art.
135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na
colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Direito e Legislação Ambiental
69

III - ao perito;

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será
assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a
sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo (vide arts. 138, III, 423
CPC.
Parágrafo único. A escusa será apresentada, dentro de cinco (5) dias, contados da intimação ou do
impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423).

Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos
que causar à parte, ficará inabilitado, por dois (2) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na
sanção que a lei penal estabelecer.

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.


Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II -
for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.

Art. 421. O juiz nomeará o perito (vide art. 145 e 425).


§ 1º Incumbe às partes, dentro em cinco (5) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do
perito:
I - indicar o assistente técnico;
lI - apresentar quesitos.
§ 2º Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do
perito e dos assistentes técnicos, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das
coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.

Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente do
termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a
impedimentos ou suspeição.

Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art.
138, III); ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.

Art. 424. O perito pode ser substituído quando:


I - carecer de conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.
Parágrafo único. No caso previsto no número II, o juiz comunicará à corporação profissional
respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível
prejuízo decorrente do atraso no processo.

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos
quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Art. 426. Compete ao juiz:


I - indeferir quesitos impertinentes;
II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
considerar suficientes.

Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e
indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.

Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de
todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
Direito e Legislação Ambiental
70

estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas,
desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter
início a produção da prova.

Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente
técnico.

Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz
conceder-lhe-á, por uma única vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.

Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte (20)
dias antes da audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de dez dias
após a apresentação do laudo, independentemente de intimação.

Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos
estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do
material sujeito a exame, ao estabelecimento, perante cujo diretor o perito prestará o compromisso.
Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá
requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta
destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em
folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.

Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que
mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de
quesitos (vide art. 452).
Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a
que se refere este artigo, quando intimados cinco (5) dias antes da audiência.

Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos.

Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia,
quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida (vide parágrafo único do art. 439).

Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a
corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira (vide art. 437).
Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o
valor de uma e outra.

Artigos referentes à inspeção judicial.

Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa.

Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos.

Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;
Il - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; III -
determinar a reconstituição dos fatos.
Direito e Legislação Ambiental
71

Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo
quanto for útil à decisão da causa.
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.
Direito e Legislação Ambiental
72

11. RELAÇÃO DE ALGUNS39 DISPOSITIVOS LEGAIS EM NÍVEL


FEDERAL E ESTADUAL (PARANÁ) COM ÊNFASE EM QUÍMICA
AMBIENTAL40

ATENÇÃO: antes da aplicação dos dispositivos legais verificar se estas já não foram
totalmente ou parcialmente revogadas e/ou alteradas, e se não existe novas normas
sobre o assunto em questão.

Legislação Geral do Ambiente

FEDERAL
1. Decreto-lei nº 1.413/1975 Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por
atividades industriais.
2. Lei nº 6.938, de 31.08.1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
3. Constituição Federal - 1988 Art. 225 e outros.
4. Decreto Federal no 99.274/1990 Regulamenta a Lei nº 6.902/81, e a Lei nº 6.938/81, que dispõe
respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de
Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá
outras providências
5. Lei nº 9.605/1998 Lei dos crimes ambientais.
6. Decreto nº 3.179/1999 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Altera
7. Lei nº 10.165/2000 a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação
e aplicação, e dá outras providências.
8. Resolução Conama nº Estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização
306/2002 de auditorias ambientais.

ESTADUAL
1. Lei no. 7.109/1979 Institui o Sistema de Proteção do Meio Ambiente
2. Constituição do Estado Art. 146, 207 e outros.
do Paraná, de 5 de outubro
1989
3. Lei nº 10.182, de 14 de Dispõe sobre aplicação de selo-símbolo para reciclagem de materiais e
dezembro de 1992 produtos, conforme especifica.
4. Lei nº 13.039/2001 Dispõe que é de responsabilidade das indústrias farmacêuticas e das
empresas de distribuição de medicamentos, dar destinação adequada a
medicamentos com prazos de validade vencidos.
5. Resolução SEMA nº 27/2003 Estabelece requisitos e condições técnicas para a implantação de
cemitérios destinados ao sepultamento, no que tange à proteção e à
preservação do ambiente, em particular do solo e das águas subterrâneas.

39
Não necessariamente todos.
40
Aulas ministradas no curso de especialização em meio ambiente com ênfase em química ambiental.
Direito e Legislação Ambiental
73

Legislação sobre Licenciamento Ambiental

FEDERAL
1. Resolução Conama nº 2/1985 Dispõe sobre licenciamento de atividades potencialmente poluidoras,
pelos órgãos estaduais competentes.
2. Resolução Conama nº 5/1985 Dispõe sobre o licenciamento das atividades de transporte, estocagem e
uso do pentaclorofenol e pentaclorofenato de sódio.
3. Resolução Conama nº 1/1986 Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de
impacto ambiental.
4. Resolução Conama nº 6/1986 Dispõe sobre a aprovação de modelos para publicação de pedidos de
licenciamento.
5. Resolução Conama nº 11/1986 Dispõe sobre alterações na Resolução nº 1/86.
6. Resolução Conama nº 24/1986 Dispõe sobre apresentação de licenciamento de projetos de hidrelétricas
pela ELETROBRÁS.
7. Resolução Conama nº 6/1987 Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor de geração de
energia elétrica.
8. Resolução Conama nº 9/1987 Dispõe sobre a realização de Audiências Públicas no processo de
licenciamento ambiental.
9. Resolução Conama nº 05/1988 Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento
10. Decreto nº 97.507/1989 Dispõe sobre licenciamento de atividade mineral, o uso do mercúrio
metálico e do cianeto em áreas de extração de ouro, e dá outras
providências.
11. Resolução Conama nº 9/1990 Dispõe sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de
extração mineral, classes I, III a IX.
12. Resolução Conama nº 10/1990 Dispõe sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de
extração mineral, classe II.
13. Resolução Conama nº 11/1990 Dispõe sobre a revisão e elaboração de planos de manejo e licenciamento
ambiental na Mata Atlântica.
14. Resolução Conama nº 13/1990 Estabelece licenciamento obrigatório para atividades que possam afetar a
biota de unidades de conservação.
15. Resolução Conama nº 4/1993 Dispõe sobre a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para as
atividades, obras, planos e projetos a serem instalados nas áreas de
restinga
16. Resolução Conama nº 15/1993 Autoriza o IBAMA a retomar o processo de licenciamento para instalação
e operação do poço 3-PIA-23-Al da Petrobrás, na APA de Piaçabuçu -
Alagoas.
17. Resolução Conama nº 16/1993 Dispõe sobre a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para as
especificações, fabricação, comercialização e distribuição de novos
combustíveis, e dá outras providências.
18. Resolução Conama nº 1/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro, inicial,
médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de exploração da vegetação nativa em
São Paulo.
19. Resolução Conama nº 2/1994 Define formações vegetais primárias e estágios sucessionais de vegetação
secundária, com finalidade de orientar os procedimentos de licenciamento
de exploração da vegetação nativa no Paraná.
20. Resolução Conama nº 3/1994 Constitui Comissão Interdisciplinar para elaborar parecer conclusivo
sobre normas específicas para o licenciamento de atividades relacionadas
à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural.
21. Resolução Conama nº 4/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais em Santa
Catarina.
22. Resolução Conama nº 5/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais na Bahia. Cria
23. Resolução Conama nº 11/1994 Grupo de Trabalho para analisar a avaliação e revisão do Sistema de
Licenciamento Ambiental, realizadas pela ABEMA.
Direito e Legislação Ambiental
74

24. Resolução Conama nº 23/1994 Institui procedimentos específicos para o licenciamento de atividades
relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e
gás natural.
25. Resolução Conama nº 25/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Ceará.
26. Resolução Conama nº 26/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Piauí.
27. Resolução Conama nº 28/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Alagoas.
28. Resolução Conama nº 30/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Mato Grosso
do Sul.
29. Resolução Conama nº 31/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Pernambuco.
30. Resolução Conama nº 32/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Rio Grande
do Norte.
31. Resolução Conama nº 34/1994 Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fi m de orientar os
procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Sergipe.
32. Resolução Conama nº 10/1996 Regulamenta o licenciamento ambiental em praias onde ocorre a desova de
tartarugas marinhas.
33. Resolução Conama nº Dispõe sobre a revisão e complementação dos
237/1997 procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento
ambiental.
34. Resolução Conama nº Determina o Manejo florestal sustentável, Licenciamento Ambiental e
248/1999 Controle e Monitoramento dos empreendimentos de base florestal, na
Mata Atlântica no Sul da Bahia.
35. Resolução Conama nº Dispõe sobre a responsabilidade dos órgãos estaduais e municipais de
256/1999 meio ambiente na inspeção de emissões de poluentes e ruídos, como
exigência para o licenciamento de veículos automotores nos municípios
abrangidos pelo Plano de Controle da Poluição por Veículos em Uso -
PCPV.
36. Resolução Conama nº Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para
264/1999 atividades de co-processamento de resíduos.
37. Resolução Conama nº Estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental de postos de
273/2000 combustíveis e serviços e dispõe sobre a prevenção e controle da
poluição.
38. Resolução Conama nº Prorroga o prazo da Resolução no 273/00 sobre postos de combustíveis e
276/2001 serviços por mais 90 dias.
39. Resolução Conama nº Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de
279/2001 empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental.
40. Resolução Conama nº Dispõe sobre modelos de publicação de pedidos de licenciamento.
281/2001
41. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos de irrigação.
284/2001
42. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos nas regiões
286/2001 endêmicas de malária.
43. Resolução Conama nº Estabelece diretrizes para o Licenciamento Ambiental de Projetos de
289/2001 Assentamentos de Reforma Agrária.
44. Resolução Conama nº Estabelece critérios e procedimentos para o Licenciamento Ambiental de
308/2002 sistemas de disposição final dos resíduos urbanos gerados em municípios
de pequeno porte.
Direito e Legislação Ambiental
75

45. Resolução Conama nº Dispõe sobre Licenciamento Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e
305/2002 Relatório de Impacto no Meio Ambiente de atividades e
empreendimentos com Organismos Geneticamente Modificados e seus
derivados.
46. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento ambiental dos empreendimentos de
312/2002 carcinicultura na zona costeira.
47. Resolução Conama nº Prorroga o prazo estabelecido no art. 15 da Resolução CONAMA nº 289, de
318/2002 25 de outubro de 2001, que estabelece diretrizes para o Licenciamento
Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária.

48. Resolução Conama nº Dá nova redação a dispositivos da Resolução no 273/00, que estabelece
319/2002 diretrizes para o licenciamento ambiental de postos de combustíveis e
serviços e dispõe sobre a prevenção e controle da poluição.
49. Resolução Conama nº Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de
334/2003 estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de
agrotóxicos.
50. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios.
335/2003
51. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos ferroviários de
349/2004 pequeno potencial de impacto ambiental e a regularização dos
empreendimentos em operação.
52. Resolução Conama nº Dispõe sobre o licenciamento ambiental específico das atividades de
350/2004 aquisição de dados sísmicos marítimos e em zonas de transição.

53. Resolução Conama nº Prorroga o prazo estabelecido no art. 15 da Resolução CONAMA nº 289, de
356/2004 25 de outubro de 2001, que estabelece diretrizes para o Licenciamento
Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária.
54. Resolução Conama nº Altera dispositivos da Resolução nº 335, de 3 de abril de 2003, que dispõe
368/2006 sobre o licenciamento ambiental de cemitérios.

ESTADUAL
1. Resolução Sema nº 8/1994 2. Dispõe sobre o licenciamento ambiental.
Instrução Normativa IAP/diram Diretrizes para licenciamento ambiental de atividades poluidoras, degradantes e ou
nº 100.002/1998 modificadoras do meio ambiente.
3. Instrução Normativa Para o licenciamento de empreendimentos de saneamento, de drenagem, de
IAP/Diram - nº 105.003 e 005 tratamento e disposição final de resíduos urbanos e hospitalares. Dispõe
4. Resolução Sema nº 31/1998 sobre o licenciamento ambiental, autorização ambiental,
autorização florestal e anuência prévia para desmembramento e
parcelamento de gleba rural.
Direito e Legislação Ambiental
76

Legislação sobre Proteção das Águas

FEDERAL
1. Decreto nº 24.643/1934 Código das águas.
2. Decreto-lei nº 852/1938 Modifica o código das águas.
3. Decreto no 50.877/1961 Dispõe sobre lançamento de resíduos tóxicos ou oleosos nas águas
interiores ou litorâneas do País
4. Lei nº 5.318/1967 Política Nacional do Saneamento
5. Portaria Sema nº 3/1975 Estabelece níveis de mercúrio em águas marinhas e em mananciais de
abastecimento público.
6. Lei nº 6.360/1976 Vigilância Sanitária
7. Portaria GM/Minter nº 13 de Estabelece a classificação dos cursos d‟água interiores.
15.01.76
8. Decreto nº 79.367/1977 Dispõe sobre normas e o padrão de potabilidade de água e dá outras
providências.
9. Resolução Conama nº 3/1984 Dispõe sobre a reformulação da Portaria/GM/Minter nº 13, de 15 de
janeiro de 1976.
10. Lei nº 7.365/1985 Dispõe sobre a fabricação de detergentes não biodegradáveis
11. Lei nº 8.080/1990 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências.
12. Portaria nº 36, do Ministério Aprova normas e o padrão de potabilidade de água destinada ao consumo
da Saúde 19/01/1990 humano.
13. Lei nº 9.433/1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art.
21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de
1989.
14. Decreto nº 2.612/1998 Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras
providências.
15. Decreto nº 3.179, de 21 de Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e
setembro de 1999 atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências
(regulamenta a Lei de Crimes Ambientais).
16. Lei nº 9.966/2000 Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.
17. Lei nº 9.984/2000 Dispõe sobre a criação da Agência nacional de Águas - ANA, entidade
federal de implementação da Política Nacional de Recursos hídricos e de
coordenação do Sistema Nacional de Águas - ANA, e dá outras
providências.
18. Decreto nº 3.692/2000 Dispõe sobre a instalação, aprova a estrutura regimental e o quadro
demonstrativo dos cargos comissionados e dos cargos comissionados
técnicos da Agência Nacional de Águas - ANA, e dá outras providências.
19. Resolução Conama nº Regulamenta o uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no
269/2000 mar.
20. Resolução Conama nº Estabelece critérios para a balneabilidade em águas brasileiras.
274/2000
21. Resolução Conama nº Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para
293/2001 incidentes de poluição por óleo originados em portos organizados,
instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem como suas
respectivas instalações de apoio, e orienta a sua elaboração
22. Decreto nº 4.136/2002 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras
de prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento
de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição
nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000, e dá outras
providências.
23. Resolução Conama nº Dispõe sobre o registro de produtos destinados à remediação e dá outras
314/2002 providências.
Direito e Legislação Ambiental
77

24. Decreto nº 4.871/2003 Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para o combate à poluição
por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.
25. Decreto nº 4.895/2003 Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d‟água de
domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências.
26. Lei nº 10.881/2004 Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e
entidades delegatárias das funções de Agências de Águas relativas à
gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências.
27. Decreto nº 5.440/2005 Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da
água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos
para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água
para consumo humano.
28. Resolução Conama nº Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
357/2005 para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
29. Resolução Conama nº Dispõe sobre a regulamentação do teor de fósforo em detergentes em pó
359/2005 para uso em todo o território nacional e dá outras providências
30. Resolução Conama nº Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação fi nal de óleo lubrifi
362/2005 cante usado ou contaminado.
31. Resolução Conama nº Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de
370/2006 lançamento de efluentes, previsto no art. 44 da Resolução n o 357, de 17
de março de 2005

ESTADUAL
1. Lei nº 6.513/1973 Dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos contra agentes poluidores.
2. Decreto nº 5.316/1974 Regulamenta a Lei Estadual nº 6.513/73.
3. Lei nº 8.935/1989 Dispõe sobre requisitos mínimos para as águas provenientes de bacias
mananciais destinadas ao abastecimento público e adota outras
providências.
4. Lei nº 12.726/1999 Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual
de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.
5. Decreto nº 2.314/2000 Regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
6. Decreto nº 2.315/2000 Regulamenta o processo de instituição de Comitês de Bacias
Hidrográficas.
7. Decreto nº 2.316/2000 Regulamenta a participação de Organizações Civis de Recursos Hídricos no
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Atribuições da
8. Decreto nº 2.317/2000 SEMA e da SUDERHSA.
9. Decreto nº 4.646/2001 Outorga de direitos de uso de recursos hídricos.
10. Decreto nº 4.647/2001 Fundo Estadual de Recursos Hídricos
11. Decreto nº 5.361/2002 Instrumento da Cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos.
12. Decreto nº 1.651/2003 Atribui a SUDERHSA a função de Agência de Bacia Hidrográfica.
Direito e Legislação Ambiental
78

Legislação sobre Proteção do Solo (“resíduos sólidos”)

FEDERAL
1. Portaria nº 53, de 01.03.1979 Trata de resíduos sólidos.
- Ministério do Interior
2. Resolução Conama nº 1- Estabelece normas gerais relativas ao transporte de produtos perigosos
A/1986
3. Resolução Conama nº 7/1987 Estabelece normas para regulamentação do uso do amianto (asbesto)
4. Resolução Conama nº 9/1988 Dispõe sobre a alteração da Resolução nº 7/87 que dispõe sobre a
regulamentação do uso de amianto/asbesto no Brasil
5. Resolução Conama nº 2/1991 Dispõe sobre as cargas deterioradas, contaminadas ou fora das especificações.
6. Resolução Conama nº 06/1991 Desobriga a incineração ou qualquer outro processo de queima dos
resíduos sólidos dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.
7. Resolução Conama nº 5/1993 Define os procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos
sólidos, provenientes de serviços de saúde, portos e aeroportos
8. Resolução Conama nº 19/1996 Dispõe sobre advertência nas peças que contenham amianto.
9. Resolução Conama nº 23/1996 Dispõe sobre as definições e o tratamento a ser dado aos resíduos
perigosos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia
sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos
e seu Depósito.
10. Resolução Conama nº Modifica o anexo 10 da resolução Conama nº 23 de 12/12/96.
235/1998
11. Resolução Conama nº Dispõe sobre a importação de desperdícios e resíduos de acumuladores
228/1997 elétricos de chumbo.
12. Resolução Conama nº Estabelece a obrigatoriedade de procedimentos de reutilização,
257/1999 reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada para
pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio,
mercúrio e seus compostos
13. Resolução Conama nº Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
307/2002 da construção civil.
14. Resolução Conama nº Licenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos
308/2002 sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte.
15. Resolução Conama nº Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas
316/2002 de tratamento térmico de resíduos.
16. Resolução Conama nº Dispõe sobre o inventário nacional de resíduos sólidos industriais.
313/2002
17. Resolução Conama nº Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas
316/2002 de tratamento térmico de resíduos.
18. Resolução Conama nº Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a
344/2004 avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras, e
dá outras providências.
19. Resolução Conama nº Altera a Resolução Conama nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o
348/2004 amianto na classe de resíduos perigosos.
20. Resolução da Diretoria Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de
Colegiada (RDC) - Anvisa nº serviços de saúde.
3006/2004
21. Resolução Conama nº Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo
362/2005 lubrificante usado ou contaminado.
22. Resolução Conama nº Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços
385/2005 de saúde e dá outras providências.

ESTADUAL
1. Lei nº 10.435, de 3 de agosto Dispõe que os adesivos químicos de contato à base de borracha sintética e
de 1993 natural e solventes aromáticos somente poderão ser comercializados, no Estado do
Paraná, após aditivados com agente repulsivo e adota outras providências.
2. Lei nº 12.493, de 22 de janeiro Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios referentes à geração,
de 1999 acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e
Direito e Legislação Ambiental
79

destinação final dos resíduos sólidos no Estado do Paraná, visando controle da


poluição, da contaminação e a minimização de seus impactos ambientais e adota outras
providências.
3. Resolução Cema nº 6/2001 Dispõe sobre a importação e exportação de resíduos no território do
Estado do Paraná.
Direito e Legislação Ambiental
80

Legislação sobre Agrotóxicos


FEDERAL
1. Lei nº 7.802, de 11 de julho de Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e
1989 rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino
final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá
outras providências.
2. Lei 9.974, de 06 de junho de Altera a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a
2000 pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o
transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial,
a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras
providências.
3. Decreto nº 4.074, de 4 de Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a
janeiro de 2002 pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o
transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial,
a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras
providências.
4. Portaria Ministério da Reconhece para os óleos minerais e vegetais registrados no Ministério da
Agricultura nº 01, de 30 de Agricultura e Reforma Agrária, a característica adjuvante, quando
novembro de 1990 adicionados às caldas dos agrotóxicos.
5. Portaria nº 03, de 16 de janeiro Ratifica os termos das "Diretrizes e orientações referentes à autorização
de 1992 de registros, renovação de registro e extensão de uso de produtos
agrotóxicos e afins - nº 1, de 9 de dezembro de 1991", publicadas no
D.O.U. em 13/12/91.
6. Portaria nº 14, de 24 de janeiro Estabelece os critérios para a avaliação toxicológica preliminar para os
de 1992 agrotóxicos e afins destinados à pesquisa e experimentação.
7. Portaria Ministério da Estabelece critérios para efeito de obtenção de registro, renovação de
Agricultura nº 45, de 10 de registro e extensão de uso de agrotóxicos seus componentes e afins.
dezembro de 1990
8. Portaria Secretaria de Defesa Estabelece critérios para avaliar inclusões e exclusões de indicações de
Agropecuária nº 84, de 9 de usos nos registros dos agrotóxicos.
maio de 1994
9. Portaria Normativa Ibama nº Estabelece procedimentos a serem adotados junto ao Instituto Brasileiro
139, de 21 de dezembro de do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, para
1994 efeito de avaliação do potencial de periculosidade ambiental de produtos
químicos considerados como agrotóxicos, seus componentes e afins,
segundo definições estabelecidas nos incisos XX, XXI e XXII, do artigo
2o, do Decreto no 98.816.
10. Portaria Ministério da Proíbe, em todo o território nacional, a comercialização, o uso e a
Agricultura nº 329, de 02 de distribuição dos produtos agrotóxicos organoclorados, destinados à
setembro de 1985 agropecuária e admite a comercialização, o uso e a distribuição de
produtos do princípio ativo PARAQUAT somente sob a forma de venda
aplicada.
11. Instrução Normativa Determinar às empresas titulares de registros de agrotóxicos a retirada das
(Ministério da Agricultura) nº indicações de misturas em tanque dos rótulos e bulas de seus agrotóxicos,
46, de 24/4/2002 no prazo de 30 (trinta) dias.

ESTADUAL
1. Lei nº 7827, de 29 de dezembro Dispõe que a distribuição e comercialização no território do Estado do
de 1983 Paraná, de produtos agrotóxicos e outros biocidas, ficam condicionados ao
prévio cadastramento perante a Secretaria de Agricultura e Secretaria do
Interior e adota outras providências.
Direito e Legislação Ambiental
81

2. Decreto nº 3.876, de 20 de Aprova o Regulamento da Lei nº 7.827, de 29 de Dezembro de 1983, que


setembro de 1984 dispõe sobre a distribuição e comercialização, no território do Estado do
Paraná, de produtos agrotóxicos e outros biocidas, na forma do Anexo que
faz parte integrante do presente Decreto.
3. Resolução nº 24, de 23 de Estabelece critérios para os testes de eficácia agronômica apresentados
março de 1990 por ocasião do cadastramento dos agrotóxicos no Paraná. Altera a
4. Resolução nº 97, de 11 de redação do Artigo 4º da Resolução 024/90 de 23/03/90.
setembro de 1990
5. Resolução nº 97, de 03 de Estabelece prazo para que os agrotóxicos com pedido de cadastramento na
agosto de 1992 Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná atendam às
exigências da Lei Estadual de agrotóxicos, no que se refere a
apresentação de Boletim de Análise de Resíduo.
6. Decreto nº 2.419, de 25 de Estabelece as incumbências da execução da Lei nº 7.802/89 e do Decreto
junho de 1993 98.816/90, no âmbito estadual.
7. Resolução nº 129, de 30 de Obriga ao sistema de venda controlada os agrotóxicos que contenham na
junho de 1994 formulação o ingrediente ativo ABAMECTIN. Define venda aplicada.
8. Resolução nº 139, de 11 de Resolve que para o cadastramento de Adjuvantes, as Empresas
julho de 1994 cadastrantes deverão apresentar dois Testes de Eficácia Agronômica.
9. Resolução nº 148, de 28 de Resolve que para o cadastramento de agrotóxicos contendo ingredientes
julho de 1994 ativos novos, a empresa cadastrante deverá apresentar informações sobre o
registro em outros países, inclusive o de origem.
10. Resolução nº 221, de 09 de Define prazo máximo para a apresentação dos Boletins de Análise de
dezembro de 1994 Resíduos.
11. Resolução nº 20, de 08 de Determina que os agrotóxicos que apresentem ingrediente ativo novo em sua
janeiro de 1996 formulação, sejam acompanhados de no mínimo um Teste de Eficácia e
Praticabilidade Agronômica feito pelo IAPAR.
12. Resolução n° 22/85-SEIN Regula a poluição do meio ambiente por agrotóxicos e biocidas e dá
(Secretaria do Interior) outras providências
13. Portaria nº 057, de 10 de junho Disciplina o Cadastro Estadual Ambiental de Agrotóxicos e outros
de 1996 Biocidas.

Relação de sites para busca legislativa:


http://www.presidencia.gov.br/legislacao/ Casa Civil - legislação federal
Instituto Ambiental do Paraná - legislação
http://www.pr.gov.br/meioambiente/iap/index.shtml estadual e normatização ABNT
Ministério do Meio Ambiente - resoluções
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3 CONAMA
Direito e Legislação Ambiental
82

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; PANNO, Márcia e OLIVEIRA, Simone Gomes de.
Perícia Ambiental. 1. reimp. Rio de Janeiro: Thex Ed., 2003.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito do ambiente. 7. ed. rev. ampl. e ampl. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2004. 1160 p.

ARAÚJO, Lilian Alves de. Perícia Ambiental em Ações Civis Públicas, In: CUNHA,
Sandra Baptista da, GUERRA, Antonio José Teixeira (organizadores). Avaliação e
perícia ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2004.

CUNHA, Sandra Baptista da, GUERRA, Antonio José Teixeira (organizadores).


Avaliação e perícia ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2004.

D‟LSEP, Clarissa Ferreira Macedo. Direito Ambiental Econômico e a ISO 14000 :


análise jurídica do modelo de gestão ambiental e certificação ISO 14001. São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2004. 186 p.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5. ed.


ampl. São Paulo : Saraiva, 2004.

FRAGOSO, Cláudio Heleno. Lições de direito penal: parte geral. Rio de Janeiro:
Forense, 1995.

GOMES, Luís Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio ambiente.


Revista de Direito Ambiental, São Paulo: RT, v. 4, n. 16, p.164-191, out./dez. 1999.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 12. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Malheiros, 2006.

MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. São


Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. 687 p.

MILARÉ, Édis e COSTA Jr., Paulo José da. Direito Penal Ambiental: Comentários à Lei
9.605/98. Campinas: Millenium, 2002.

MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Princípios Fundamentais do Direito Ambiental. Revista


de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 1, n. 2, 50-56, abr./maio
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REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.

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2002.

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