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Escola Estadual Professor Arlindo Pereira

Introdução à
Gerontologia

Prof: Enfa Larissa Campos


“Envelhecer é um processo sequencial,
individual, acumulativo, irreversível,
universal, não patológico, de
deterioração de um organismo maduro,
próprio a todos os membros de uma
espécie de maneira que o tempo o torne
menos capaz de fazer frente ao estresse
do meio-ambiente e portanto aumente
sua possibilidade de morte”.
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
O envelhecimento, antes considerado um
fenômeno, hoje, faz parte da realidade
da maioria das sociedades. O mundo
está envelhecendo.

Tanto isso é verdade que estima-se para


o ano de 2050 que existam cerca de dois
bilhões de pessoas com sessenta anos e
mais no mundo, a maioria delas vivendo
em países em desenvolvimento.
No Brasil, estima-se que existam, atualmente, cerca de 17,6 milhões de
idosos. O retrato e o crescimento da população idosa brasileira em um
período de 50 anos podem ser observados na figura 1:
O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indicadores
de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento
da esperança de vida.
Compreendendo o envelhecimento...

O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de


diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência -
o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema.

No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças,


acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica
que requeira assistência - senilidade.

Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de


senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um
estilo de vida mais ativo.
Dois grandes erros devem ser continuamente
evitados

O primeiro é considerar que todas O segundo é tratar o envelhecimento


as alterações que ocorrem com a natural como doença a partir da
pessoa idosa sejam decorrentes realização de exames e tratamentos
de seu envelhecimento natural, o desnecessários, originários de sinais
que pode impedir a detecção e sintomas que podem ser facilmente
precoce e o tratamento de certas explicados pela senescência.
doenças.
O maior desafio na atenção à pessoa idosa é
conseguir contribuir para que, apesar das
progressivas limitações que possam ocorrer,
elas possam redescobrir possibilidades de viver
sua própria vida com a máxima qualidade
possível.

Essa possibilidade aumenta na medida em que a


sociedade considera o contexto familiar e social e
reconhece as potencialidades e o valor das
pessoas idosas. Portanto, parte das dificuldades
das pessoas idosas está mais relacionada a uma
cultura que as desvaloriza e limita.
O grupo das pessoas idosas vêm aumentando proporcionalmente e
de forma muito mais acelerada, constituindo o segmento
populacional que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da
população idosa e 1,1% da população total.

Esta figura mostra a projeção de


crescimento dessa população em um
período de 70 anos, permitindo estimar
o impacto dessas modificações
demográficas e epidemiológicas
É nesse contexto que a denominada “avaliação funcional”
torna-se essencial para o estabelecimento de um
diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico
adequados, que servirão de base para as decisões sobre os
tratamentos e cuidados necessários às pessoas idosas.

A avaliação funcional busca verificar, de forma sistematizada,


em que nível as doenças ou agravos impedem o desempenho,
de forma autônoma e independente, das atividades cotidianas
ou atividades de vida diária (AVD) das pessoas idosas,
permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial
mais adequado.

A dependência é o maior temor nessa faixa etária e evitá-la ou postergá-la


passa a ser uma função dos profissionais de saúde. O cuidado à pessoa idosa
deve ser um trabalho conjunto entre os profissionais, o idoso e a família.
Geriatria
e
Gerontologia
Geriatria
É a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia com o
instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da
prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos
cuidados paliativos.

Abrange desde a promoção de um envelhecer saudável até o tratamento e a


reabilitação do idoso.

Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas: Ramo da


ciência que estuda os aspectos curativos e preventivos da atenção à saúde
do idoso, tendo relação estreita com as disciplinas da área médica.
Geriatria
O geriatra é um médico que utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica,
incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes; por isso, a consulta geriátrica é, em geral,
mais demorada.

Além de lidar com doenças como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a


osteoporose, o geriatra também trata de problemas com múltiplas causas, como tonturas,
incontinência urinária e tendência a quedas. Ele também fornece cuidados paliativos aos
pacientes portadores de doenças sem possibilidade de cura.

Frequentemente, atua em conjunto com equipe multidisciplinar, como na avaliação de


tratamentos adequados e daqueles que trazem riscos e/ou interações indesejadas.

A Medicina Geriátrica é uma ciência que avança a cada dia, propiciando longevidade com
melhor qualidade de vida para a população idosa.
Gerontologia
É o estudo do envelhecimento nos aspectos – biológicos, psicológicos, sociais e
outros: ramo da ciência que estuda o processo de envelhecimento e os múltiplos
problemas que envolvem a pessoa idosa.

Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada, interagem entre si e


com os geriatras.

Campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do


envelhecimento e da velhice, tendo por objetivo a descrição e a explicação do
processo de envelhecimento nos seus mais variados aspectos. É, por esta natureza,
multi e interdisciplinar.

Na área profissional, visa a prevenção e a intervenção para garantir a melhor


qualidade de vida possível dos idosos até o momento final da sua vida.
Como atua o especialista em gerontologia?
● Na prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos problemas mais comuns
que afetam os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um
envelhecimento com qualidade.
● Na ambientação: orienta a criação de condições ambientais para uma vida com
qualidade na velhice, focando os mais variados espaços por onde circulam ou vivem
pessoas idosas.
● Na reabilitação: propõe intervenções quando ocorreram perdas que são
resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e
ambientais para uma vida digna.
● Nos cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem doenças
progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos, sociais e
espirituais, com atenção estendida aos familiares, visando o maior bem-estar
possível e a dignidade do idoso até a sua morte.
Modificações Físicas
do
Envelhecimento
Sistema Nervoso
● Estrutura do SN se modificam;

● Redução das células nervosas geram uma diminuição progressiva na síntese e


no metabolismo dos principais neurotransmissores;

● Condução entre os neurônios de uma forma mais lenta levando uma demora
nas respostas e reações;

● Redução do fluxo sanguíneo acarretando em isquemia cerebral, alterações no


equilíbrio, mobilidade e segurança;

● A dor e a consciência de traumas não são sempre percebidas com a mesma


intensidade. Por causa disso situações graves podem ser ignoradas.
Sistema Sensorial

● Afetam todos os órgãos sensoriais e podem levar ao aborrecimento, confusão,


irritabilidade, desorientação e ansiedade, pois podem impedir a pessoa de
enxergar, de participar de uma conversa ou de perceber o paladar de um
alimento.

● A perda da audição associada à idade é atribuída as alterações do ouvido


interno fazendo com que a pessoa idosa participe menos das conversações,
responda as perguntas de forma imprópria, compreenda erroneamente alguns
diálogos e desta forma evite a interação social. Esse comportamento pode,
muitas vezes, ser interpretado como confusão.
Sistema Cardiovascular

● As doenças cardiovasculares são as causas mais importantes de morte no


idoso.

● Diminuição da elasticidade do músculo cardíaco ou das válvulas cardíacas.

● Resposta menos eficiente ao estresse.

● Hipertensão Arterial apresenta-se como fator de risco mais grave nos idosos
por ser mais frequente e por levar ao AVC, ou às disfunções cardiovasculares
como arritmias, ICC, arteriosclerose e IAM
Sistema Resporatório

● Geram incapacidade e disfunções pulmonares, aumento do diâmetro


torácico antero-posterior, colapso das vértebras por osteoporose,
calcificação das cartilagens costais, mobilidade reduzida das costelas,
músculos respiratórios insuficientes, aumento da rigidez pulmonar e
diminuição da áreas de superfície dos alvéolos.

● Todos esses fatores levam a ineficácia da troca gasosa, capacidade vital


diminuída e maior predisposição às infecções respiratórias.
Sistema Gastrointestinal

● Queixas mais comuns: perdas dos dentes e diminuição do fluxo salivar;

● Peristalse e esvaziamento gástrico diminuídos o que leva a sensação de


queimação e indigestão;

● Redução na absorção de ferro, cálcio e vitamina B12 com o reflexo da


menor secreção de algumas enzimas do processo digestivo;

● Outras queixas: constipação e flatulência devido ao efeito colateral de


alguns medicamentos, inatividade, ingestão hídrica insuficiente e
alimentação pobre em fibras.
Sistema Musculo-Esquelético
● Diminuição gradual e progressiva da massa óssea principalmente pela
predisposição à osteoporose após a menopausa, pela inatividade, pela ingestão
inadequada de cálcio e à perda de estrogênios.
● Fraturas ocorrem principalmente nas vértebras dorsais, úmero, fêmur e tíbia.
● As alterações osteoporóticas na coluna, a cifose e a flexão dos quadris e joelhos
levam à diminuição da estatura nas idades mais avançadas afetando a
mobilidade e o equilíbrio, além de ter articulações menos flexíveis.
● Os músculos diminuem de tamanho, flexibilidade e resistência (menor atividade).
● Fraqueza das paredes musculares, levando à formação de hérnias ou saída de
órgãos de áreas enfraquecidas das paredes.
● Uma consequência das hérnias é tornar mais difícil a evacuação
Sistema Geniturinário
● Sem alterações funcionais;

● Existe perda primária de alguns néfrons;

● Ureteres, bexiga e a uretra perdem o tônus muscular;

● Incapacidade de esvaziamento completo da bexiga durante a micção e a


retenção urinária pode predispor à infecções, na mulher ocorre principalmente
pela diminuição do tônus muscular perineal;

● A hiperplasia prostática benigna é comum entre os idosos, o que complica o


problema de retenção urinária.
Sistema Tegumentar
● Perda de gordura e água, causando enrugamento e flacidez;
● Palidez cutânea, pela insuficiência capilar;
● Unhas espessas e quebradiças;
● Regiões com excesso de pigmentação, formando placas elevadas amareladas
ou marrons;
● Aparecimento de lesões ásperas e descamativas, semelhantes à verrugas as
quais podem levar ao câncer;
● Cabelos mais finos, que usualmente ficam descorados;
● Diminuição da secreção sebácea, fazendo com que a pele e os cabelos se
tornem secos;
Sistema Reprodutor
● Sofre mudanças estreitamente ligadas aos níveis hormonais;

● A capacidade de ter intercurso sexual com sucesso e satisfação diminui, mas


ainda está presente;

● É necessária alguma acomodação (ajuste) para a resposta de ereção mais


lenta;

● Há adelgaçamento dos tecidos vaginais e menos lubrificação;

● Com assistência adequada, as respostas sexuais podem continuar.


A
fragilidade
do idoso
O envelhecimento está intimamente associado ao processo
de fragilização.

Contudo, a idade, por si só, é um preditor de fragilidade inadequado, uma


vez que o processo de envelhecimento segue padrão heterogêneo. A idade
cronológica é apenas uma aproximação precária da idade biológica.

Assim, a heterogeneidade entre os indivíduos idosos é marcante e progressiva ao


longo do processo de envelhecimento.

Com isso, conhecer apenas a idade dos indivíduos e o número de doenças


crônicas não agrega possibilidades de maior compreensão da situação de saúde e
capacidade do indivíduo idoso.

Dessa forma, saúde no idoso pode ser compreendida como a capacidade


individual de satisfação das necessidades biopsicossociais,
independentemente da idade ou da presença de doenças.
O termo fragilidade é comumente utilizado para representar o grau de
vulnerabilidade do idoso a desfechos adversos, como declínio funcional,
quedas, internação hospitalar, institucionalização e óbito.

Moraes et al., em estudo recente,


consideram como fragilidade
multidimensional a “redução da
reserva homeostática ou da
capacidade de adaptação às
agressões biopsicossociais e,
consequentemente, aumento da
vulnerabilidade ao declínio
funcional e suas consequências”.
A funcionalidade global do idoso
A funcionalidade global é um conceito abrangente que compreende a
capacidade de o indivíduo gerir a própria vida e cuidar de si mesmo.

Trata-se da base do conceito de saúde do idoso e é ancorada aos principais


sistemas funcionais de cognição, comunicação, humor e mobilidade.

Principais fatores associados ao declínio da capacidade funcional:


• não ser alfabetizado;
• ter maior idade (acima de 70 anos);
• possuir doenças crônicas;
• déficit cognitivo;
• não ter suporte social.

Fatores multidimensionais relacionada com a funcionalidade.


A funcionalidade global do idoso
O idoso é considerado saudável quando é capaz de funcionar sozinho, de forma
independente e autônoma, mesmo que tenha doenças.

Desta forma, resgata-se o conceito de saúde estabelecido pela Organização


Mundial de Saúde como sendo o mais completo bem-estar biopsicossocial-
cultural-espiritual, e não simplesmente a ausência de doenças.

Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por meio da análise das


atividades de vida diária (AVDs), que são tarefas do cotidiano realizadas
pelo paciente. As AVDs avaliam o grau de autonomia e independência do
indivíduo.
Autonomia x Independência

A autonomia é a capacidade individual de decisão e comando sobre as suas


ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras.
Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor.

A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios.


Significa execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação.

Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de


quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Tais
domínios devem ser rotineiramente avaliados
A Cognição
A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do
cotidiano.

É constituída por:
• Funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de
informações);
• Função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento
e monitoramento de tarefas complexas);
• Linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e
escrita);
• Praxia (capacidade de executar um ato motor);
• Gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e
táteis);
• Função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das
relações dos objetos entre si).
A Cognição
A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do
cotidiano.

É constituída por:
• Funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de
informações);
• Função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento
e monitoramento de tarefas complexas);
• Linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e
escrita);
• Praxia (capacidade de executar um ato motor);
• Gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e
táteis);
• Função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das
relações dos objetos entre si).
O humor, a mobilidade e a comunicação
O humor é a motivação necessária para os processos mentais.

A mobilidade é a capacidade de deslocamento do indivíduo. Depende da


postura/marcha, da capacidade aeróbica e da continência esfincteriana. E,
finalmente.

A comunicação é a capacidade de
estabelecer relacionamento produtivo com
o meio (habilidade de se comunicar).
Depende de visão, audição e fala.
Cognição, humor, mobilidade e comunicação
A perda dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas:
incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incontinência
urinária e incapacidade comunicativa.

O desconhecimento das particularidades do processo de envelhecimento pode


gerar intervenções capazes de piorar o estado de saúde da pessoa idosa - a
iatrogenia, que representa todo o malefício causado pelos profissionais da área
de saúde.

IATROGENIA: qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica.


É fundamental evitar iatrogenia em idosos devido à sua natural vulnerabilidade
mais acentuada às reações adversas associadas às drogas, às intervenções
não-medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e
de polifarmácia, além de incapacidades.
Principais efeitos colaterais das drogas nos idosos:
Incontinência urinária
A incontinência urinária (IU) é definida como a queixa de qualquer perda
involuntária de urina e sua prevalência aumenta com a idade.

A IU pode ser:
1. de estresse: caracterizada pela perda involuntária de urina sincrônica
ao esforço, espirro ou tosse.
2. de urgência: caracterizada pela perda involuntária de urina, associada
ou imediatamente precedida de urgência miccional. Há, em geral, queixa associada
de polaciúria e noctúria.
3. mista: caracterizada pela perda involuntária de urina concomitante à
urgência miccional e ao esforço;
4. por transbordamento (bexiga hiperativa): caracterizada pelo
gotejamento e/ou perda contínua de urina associados ao esvaziamento vesical
incompleto, devido à contração deficiente do detrusor.
Instabilidade Postural
A mobilidade é uma das principais funções corporais e o seu comprometimento,
além de afetar diretamente a independência do indivíduo, pode acarretar
consequências gravíssimas, principalmente nos idosos.

A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à queda, o que representa um


dos maiores temores em geriatria.

É fundamental conhecer as condições que a predispuseram, como ocorreu, quais os


sinais e sintomas que a antecederam, a existência de comorbidades, se o idoso
conseguiu se levantar sozinho e se houve fraturas.

As quedas constituem a sexta causa mortis de idosos e


são responsáveis por 40% das suas internações.
Instabilidade Postural
As quedas provocam, em 40 a 60% das vezes, algum tipo de lesão, sendo de 30 a
50% relacionadas com escoriações e contusões menores, 5 a 6% com hematoma
subdural e contusões maiores e aproximadamente 5% dos casos com fraturas.

A fratura de fêmur destaca-se pela elevada morbimortalidade entre os idosos,


ocorrendo em 1% dos casos.

A complicação mais frequente da queda é o medo de cair novamente, o que,


muitas vezes, impede o idoso de deambular normalmente, deixando-o restrito ao
leito ou à cadeira, aumentando o seu descondicionamento físico.

A responsabilização pelas quedas nos idosos decorre,


especialmente, da falta de condições clínicas ou de
ambiente inseguro.
Imobilidade
O conceito de imobilidade é variável, associando-se intrinsecamente ao movimento
ou deslocamento no espaço, possibilitando a independência do indivíduo. Por
imobilidade entende-se qualquer limitação do movimento.

Representa causa importante de comprometimento da qualidade de vida. O


espectro de gravidade é variável e, frequentemente, progressivo.

As principais consequências da
imobilidade podem afetar o sistema
cardiovascular, respiratório, digestório,
entre outros.
Incapacidade cognitiva
Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de
prejudicar a funcionalidade da pessoa.

As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na


funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade
cognitiva. Essas alterações constituem o transtorno cognitivo leve.

Para o estabelecimento do diagnóstico de incapacidade cognitiva. é fundamental a


constatação do prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs.
Incapacidade cognitiva
A incapacidade cognitiva é a Síndrome mais conhecida da geriatria e o motivo
mais comum de encaminhamento à especialidade. Configura a perda de funções
superiores do encéfalo (memória, função executiva, linguagem, função
visuoespacial, gnosia e apraxia).

As principais etiologias da incapacidade cognitiva são: demência,


depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia.

O diagnóstico etiológico nem sempre é fácil, já que as causas de incapacidade


podem coexistir no mesmo paciente. O delirium (estado confusional agudo)
também pode simular ou associar-se à demência ou depressão.

O diagnóstico é realizado através da aplicação de escalas.


Incapacidade comunicativa
A comunicação é a atividade primordial do ser humano. A possibilidade de
estabelecer relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar
desejos, ideias, sentimentos está intimamente relacionada à habilidade de se
comunicar. É a partir dela que o indivíduo compreende e expressa seu mundo.

Problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e


sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos
dos problemas causados pela idade.

A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou


restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de
execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do
indivíduo.
Insuficiência Familiar
A dimensão sociofamiliar é fundamental na avaliação multidimensional do idoso. A família
constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis, devendo ser privilegiada
nessa sua função.

A transição demográfica, entretanto, atinge diretamente essa "entidade", reduzindo


drasticamente a sua capacidade de prestar apoio a seus membros idosos. O número de filhos
está cada vez menor e as demandas familiares são crescentes, limitando a disponibilidade
dos pais de cuidarem de seus filhos quanto dos filhos de cuidarem de seus pais.

Essas mudanças sociodemográficas e culturais têm repercussões importantes na capacidade


de acolhimento às pessoas com incapacidades, que historicamente dependiam de apoio e
cuidado familiar. A própria modificação nas dimensões das habitações limita as
possibilidades de cuidado adequado às pessoas com grandes síndromes geriátricas, como a
incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incontinência esfincteriana.

Essa fragilização do suporte familiar deu origem a outra grande síndrome geriátrica, a
insuficiência familiar, cuja abordagem é extremamente complexa.
Referências
Moraes EN, Marino MCA, Santos RR. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais 2010;
20(1): 54-66

Pereira EEB, Souza ABF de, Carneiro SR, Sarges E do SNF. Funcionalidade global de idosos
hospitalizados. Rev bras geriatr gerontol [Internet]. 2014Jan;17(Rev. bras. geriatr. gerontol., 2014
17(1)).

Moraes EN de, Carmo JA do, Moraes FL de, Azevedo RS, Machado CJ, Montilla DER. Clinical-Functional
Vulnerability Index-20 (IVCF-20): rapid recognition of frail older adults. Rev Saúde Pública [Internet].
2016;50

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG - https://www.sbgg-sp.com.br/

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.


Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 192 p. il. – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19)

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