Ação Coletiva

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AO JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DO RIO GRANDE DO

NORTE/RN

SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS


BANCÁRIOS DO RIO GRANDE DO NORTE, inscrito no CNPJ n.º
08.344.822/0001-00, com sede na Av. Deodoro da Fonseca, 419, Petrópolis,
Natal/RN, CEP.: 59.020-025, neste ato representado por seu Coordenador Geral
o Sr. Evandro Eduardo, inscrito no CPF de nº 338.398.274-15, bancário, casado,
brasileiro, residente e domiciliado na Av. Maria Montebranco, 15, Bl. a, Ap. 101
- Condomínio Nova Friburgo - Nova Parnamirim, Parnamirim/RN, CEP: 69.152-
600, endereço eletrônico desconhecido, por meio de seu advogado, com fulcro no
artigo 129, III da Constituição Federal e da Lei da Ação Civil Pública nº
7.347/85, vem respeitosamente à presença de Vossa. Excelência.,
tempestivamente, ajuizar a presente:

AÇÃO COLETIVA

em face de BANCO SANTANDER S/A, inscrito no CNPJ nº 80.500.888/2377-


46, situado na Av. Governador Valadares, n° 320, Lagoa Seca -Natal/RN, CEP.:
59022- 305, com endereço eletrônico desconhecido.
I – LEGITIMIDADE ATIVA

A entidade Sindical atua na presente ação na qualidade de autor, como


substituto das trabalhadoras da reclamada com fulcro no inciso III do artigo 8º da
Constituição Federal e artigos 511 e 513 da Consolidação das Leis do Trabalho.

O Sindicato autor referido neste caso, possui legitimidade para ajuizar


ações judiciais na proteção de direitos individuais homogêneos dos integrantes da
categoria profissional por ele representada, ocupando a posição de substituto
processual.

Vale ressaltar que o sindicato poderá agir em nome tanto de seus


associados quanto dos não associados com o objetivo de buscar a reparação de
seus direitos violados.

Além disso, a Súmula nº 286 do Tribunal Superior do Trabalho ratifica a


extensão da capacidade dos sindicatos de atuarem como substitutos processuais à
propositura de ação para cumprimento de convenções coletivas. O argumento do
fato pode ser observado no trecho a seguir:

SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.


CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS (mantida) -
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A legitimidade do
sindicato para propor ação de cumprimento estende-se
também à observância de acordo ou de convenção
coletivos. (TST, Súmula nº 286)

Diante do exposto, conclui-se pela legitimidade ativa do Sindicato


autor.
II – SÍNTESE DOS FATOS

A presente ação coletiva tem como objetivo a proteção dos direitos


pleiteados, em decorrência da supressão habitual do intervalo de 15 minutos
antes do início da jornada de trabalho para mulheres, estabelecido no art. 384 da
CLT.
Ocorre que o Banco Santander S/A não permite a concessão do intervalo,
utilizando o fato da revogação do artigo em 2017, com o advento da Lei
13.467/2017. No entanto, o TST reconheceu o direito da concessão do intervalo
para as mulheres, mesmo o STF ter declarado inconstitucional o artigo
supracitado.

III – DO MÉRITO
III.1 – DA INOBSERVÂNCIA DO DIREITO ADQUIRIDO E DA
APLICABILIDADE DO ART. 384 CLT
O direito adquirido é a prerrogativa já incorporada e consolidada no
rol de direitos de um indivíduo. Sua origem deriva de um evento legalmente
reconhecido e não pode ser suprimido, mesmo diante da promulgação de uma
nova lei com disposições contrárias.

Nos termos do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988,


estabelece-se que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada".

Desse modo, o direito adquirido é aquele já integrado ao patrimônio


jurídico da pessoa, de forma definitiva. Portanto, o indivíduo que teve
determinado direito garantido não poderá tê-lo prejudicado, independente dos
fatos expostos.
A jurisprudência do TST já se fixou no sentido de preservação do
direito adquirido e do ato jurídico perfeito, conforme bem ilustra o seguinte
julgado:
II - RECURSO DE REVISTA. AUTORIZAÇÃO PARA
VALIDADE RETROATIVA DO REGIME
COMPENSATÓRIO NA MODALIDADE DE BANCO
DE HORAS. (...) Não se pode admitir que os
instrumentos normativos tenham efeito retroativo para
contemplar situações consolidadas antes de sua
formalização, sob pena de violação do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido, nos termos do artigo 5º,
XXXVI, da Constituição da República. Por fim, deve-se
ressaltar o entendimento do TST, aplicável
analogicamente ao caso dos autos, de que é inaplicável a
norma coletiva que tenha eficácia retroativa, nos termos
da Orientação Jurisprudencial nº 420 da SBDI-1. (...).
Recurso de revista conhecido por contrariedade à
Orientação Jurisprudencial nº 420 da SBDI-1 do TST e
provido. (ARR-20791-51.2014.5.04.0781, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte,
DEJT 30/05/2019).

Com o advento da reforma trabalhista, promoveu grandes mudanças nas


relações de trabalho no Brasil. Uma das alterações realizadas foi a revogação
expressa do art. 384 da CLT, que garantia às mulheres trabalhadoras um intervalo
de 15 minutos antes de começar a jornada extraordinária.

No entanto, é importante observar que essa revogação não pode impactar


os contratos de trabalho celebrados antes da entrada em vigor da referida lei, fato
ocorre em relação às trabalhadoras do Banco do Bradesco, conforme previsto na
jurisprudência predominante:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMADA (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL).
DECISÃO REGIONAL PUBLICADA NA VIGÊNCIA
DAS LEIS Nº 13.015/2014 E 13.467/2017. 1. DIREITO
INTERTEMPORAL. PROTEÇÃO DO TRABALHO DA
MULHER. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT.
NORMAS DE DIREITO MATERIAL. VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.467/17. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO.
(...) Portanto, o pagamento do intervalo de 15 minutos
da mulher, que era previsto no art. 384 da CLT, mas foi
revogado pela Lei nº 13.467/2017, fica restrito ao
período em que a referida norma esteve vigente no
ordenamento jurídico. Precedentes. III. Ao manter a
condenação da Reclamada ao pagamento de horas extras
em função da não fruição do intervalo previsto no art. 384
da CLT no período posterior a sua revogação, o Tribunal
Regional decidiu em dissonância com as normas de direito
material introduzidas pela Lei nº 13.467/2017 e com o
entendimento prevalecente nesta Corte Superior, bem como
violou o art. 2º, da LINDB. Transcendência política
reconhecida. IV. Recurso de revista de que se conhece, por
violação ao art. 2º, da LINDB, e a que se dá provimento."
(RR-11964-67.2018.5.15.0017, 4ª Turma, Relator Ministro
Alexandre Luiz Ramos, DEJT 05/05/2023). ”
Diante dos fatos expostos, a reclamada está lesando as trabalhadoras, uma
vez que a falta de observância do intervalo mínimo de 15 minutos estabelecido
na CLT resulta na compensação das horas extras pelo período total do intervalo.
Esse entendimento é consolidado em súmulas de diferentes Tribunais Regionais
do Trabalho, como veremos a seguir:

TRT da 2ª região, a súmula 28

Intervalo previsto no artigo 384 da CLT. Recepção pela


Constituição Federal. Aplicação somente às mulheres.
Inobservância. Horas extras. (Res.TP nº 02/2015 - Do
Eletrônico 26/05/15). O artigo 384 da CLT foi recepcionado
pela Constituição Federal consoante decisão do E. Supremo
Tribunal Federal e beneficia somente mulheres, sendo que a
inobservância do intervalo mínimo de 15 (quinze) minutos
nele previsto resulta no pagamento de horas extras pelo
período total do intervalo.

TRT da 15ª região, a súmula 80


80. INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT. RECEPÇÃO
PELA CF/88. A não concessão à trabalhadora do intervalo
previsto no art. 384 da CLT implica pagamento de horas
extras correspondentes àquele período, nos moldes do art.
71, § 4º da CLT, uma vez que se trata de medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho (art. 7º, XXII, da Constituição
Federal). (RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA 18/16, de 25
de outubro de 2016 - Divulgada no D.E.J.T. de 27/10/16,
pág. 02; D.E.J.T. de 28/10/16, págs. 01-02; no D.E.J.T. de
03/11/16, pág. 02)

Conforme o art. 384 da CLT, as trabalhadoras têm direito a um intervalo


de 15 minutos antes de iniciar a jornada extraordinária. É importante ressaltar
que, caso o empregador não conceda esse intervalo adequado entre a jornada
normal e a extraordinária, as trabalhadoras têm direito ao pagamento
correspondente a 15 minutos diários nos dias com jornada extraordinária, com
acréscimo de 50%.

Desse modo, a reclamada comete uma falta grave ao negar às


trabalhadoras o direito de usufruir do intervalo de 15 minutos ou serem
indenizadas, conforme previsto no art. 384 da CLT e na jurisprudência
predominante.

III.2 - HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS

Diante do disposto na Súmula nº 219, item III e V do TST, havendo a


procedência da pretensão condenatória, requer-se que a reclamada seja
condenada ao pagamento dos honorários assistenciais, no percentual de 20%
sobre o valor total da condenação, conforme determinado pela Lei 5.584/70 e OJ
348 da SDI-1 do TST.

III.3 - JUSTIÇA GRATUITA

Conforme estabelece o artigo 18 da Lei 7.347/85, as ações de que se trata


a lei supracitada, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais, condenação da autora em honorários advocatício, custas e despesas
processuais, salvo quando comprovada a má-fé, o que não ocorre na presente
demanda.

Diante do exposto, verifica-se que a conservação e manutenção


financeiras das entidades sindicais estão somente ao encargo dos associados e
com devida representação de todos os integrantes da categoria profissional, tem-
se o grande impacto financeiro da entidade sindical.
Ademais, o Egrégio tribunal manifestou-se de forma favorável, conforme
demonstrado abaixo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO


SINDICATO SINDICATO.SUBSTITUTO PROCESSUAL.
Ante a possível divergência jurisprudencial, dá- se
provimento ao Agravo de Instrumento para determinar o
amplo julgamento do Recurso de Revista. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO PELO SINDICATO DOS EM
ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE PATO
BRANCO E REGIÃO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.
SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. O
Sindicato, ao atuar como substituto processual e declarar
a hipossuficiência dos substituídos,tem direito aos
benefícios da assistência judiciária gratuita. Dessa
forma, havendo requerimento de isenção do pagamento
das despesas processuais e tendo o Sindicato declarado
tanto a sua hipossuficiência quanto a dos substituídos,
deferem-se os benefícios da assistência judiciária, que
abrange a isenção de todas as custas e despesas judiciais,
incluídos os honorários periciais, a teor do art. 3º, inc. V,
da Lei 1.060/50.(Processo: RR - 272600- 60.2009.5.09.0643
Data de Julgamento: 28/11/2012, Relator Ministro: João
Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
14/12/2012).
Por fim requer a concessão da justiça gratuita à entidade sindical, a
aplicação subsidiária do artigo 98 do CPC, conforme preconiza o artigo 769 da
CLT.
IV – DOS PEDIDOS

1. A citação da Reclamada para, apresentar contestação a presente ação, bem


como a sua notificação para comparecer na audiência a ser designada;

2. A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, para a condenação da reclamada ao


IMEDIATO CUMPRIMENTO do art. 384, CLT nos contratos vigentes
antes da Lei nº 13.467/2017;

3. Requer a condenação da reclamada ao pagamento correspondente a 15


minutos diários, nos dias com jornada extraordinária, com acréscimo de
50% as trabalhadoras que tiveram seus direitos suprimidos até a presente
ação;

4. Diante da procedência dos pedidos, a condenação da reclamada também


na incidência de juros e correção monetária sobre os valores devidos;

5. Por fim, requer a condenação da Reclamada ao pagamento das custas e


despesas processuais, além dos honorários assistenciais em 20%, sobre o
valor total da condenação, conforme súmula 219 do TST.

V - DOS REQUERIMENTOS

Requer a gratuidade de justiça, a notificação da reclamada para a


apresentação da resposta da presente ação, sob pena de Revelia.

A produção de todas as provas de direito admitido, pela juntada de


documentos e testemunhal.
Por fim, requer a procedência dos pedidos para o pagamento das horas
extras devidas, acrescidas de juros e correção monetária.

Atribui o valor da causa R$....

Nestes termos, pede deferimento.

Local e Data.

ADVOGADO/OAB

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