Ebook - TEA e Funções Executivas Na Escola (FINAL)
Ebook - TEA e Funções Executivas Na Escola (FINAL)
Ebook - TEA e Funções Executivas Na Escola (FINAL)
Patricia Braun
TEA e
Funções
Executivas
na Escola
TEA e
Funções Executivas
na Escola
Linha de Pesquisa:
Alunos com necessidades educacionais especiais e seus
processos de ensino e aprendizagem.
Rio de Janeiro
2023
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CAP/A
CDU 376
Para Céia, que nunca me
permitiu desistir, exigindo
sempre o meu melhor. Que em
meio às suas 'pérolas' e
peculiaridades, me mostrou
que eu poderia sempre fazer
mais.
Minha gratidão será eterna!
INGRID CARLA ALDICÉIA OLIVEIRA DO NASCIMENTO
PATRICIA BRAUN
Algumas sugestões 33
Unidade 3 - Memória de Trabalho 41
Memória de Trabalho e a teoria
hitórico-cultural 49
Para Pensarmos 74
ÍNDICE
Referências Bibliográficas 75
Apresentação
Prezado(a) professor(a),
9
Os encontros ocorreram durante um curso de
formação continuada, desenvolvido como parte
essencial do projeto de pesquisa, onde foram
propostas reflexões conceituais sobre a
importância do desenvolvimento das funções
executivas, pela perspectiva da Neurociência
cognitiva, e também pela teoria histórico-cultural.
O curso de formação continuada denominado
“Funções executivas em estudantes com autismo”
propôs a elaboração de ações e recursos que
possam ser utilizados por professores com
estudantes com autismo e outras necessidades
educacionais especiais durante as aulas nas
turmas regulares.
O conteúdo aqui apresentado foi abordado
com as professoras participantes do curso de
formação continuada. E, seus apontamentos e
contribuições ajudaram a compor este material,
tanto em sua estrutura, quanto nas sugestões de
atividades que ajudam a estimular o
desenvolvimento das funções executivas.
Considerando que todo recurso e atividade
didática deve estar embricada ao compromisso
do(a) professor(a) atuar como mediador(a) nos
processos de ensino-aprendizagem, este material
10
tem como objetivo proporcionar aos educadores
reflexões teóricas e práticas sobre o
desenvolvimento das funções executivas de
estudantes com autismo.
Destacamos que, para isso, é necessário que
professores(as) que façam uso deste material
compreendam a importância da relação entre a
mediação docente, uso dos recursos necessários e
análise dos resultados (Figura 1).
12
FIGURA 2: Matrículas de estudantes de 2010 a 2021
Fonte: INEP
13
Isso porque estudantes
Banco de Imagens Canva: www.canva.com
com Transtorno do
Espectro do Autismo
(TEA), entre outras NEE,
apresentam demandas
que envolvem questões
.
comportamentais e emocionais, em grande parte
das vezes, ligadas aos déficits no desenvolvimento
da linguagem. (REGIER; KUHL; KUPFER, 2013)
14
alguma atividade desafiadora. Dificuldades essas
que se como caracterizam déficits no
desenvolvimento das funções executivas
(SIMPSON; CARROL, 2019).
Além disso, é importante salientarmos que a
maneira como o TEA influenciará a vida de cada
sujeito dependerá do nível de suporte necessário a
cada sujeito, bem como os contextos dos quais
participam, e dos estímulos recebidos.
O DSM-5 (APA, 2013), que descreve alguns
especificadores (critérios) que ajudam a
determinar as variações do espectro em três níveis
diferentes de suporte:
15
Nível 3 - "Exigindo apoio muito substancial" - nesse nível, os
prejuízos na comunicação, verbal e não verbal são graves. Além
dos prejuízos nas habilidades sociais. A inflexibilidade, restrição
e repetição comportamental são ainda mais acentuadas,
causando prejuízos substanciais em todas as esferas das vidas
desses sujeitos.
16
https://www.marxists.org/archive/vygotsky/images/index.
Para a teoria histórico-
cultural o sujeito se constitui
htm
https://www.marxists.org/archive/luria/images/index.htm
A Neurociência cognitiva
objetiva investigar a estrutura
e o funcionamento cerebral, de
maneira a contribuir com uma
prática pedagógica mais
assertiva, de modo a estimular
algumas capacidades humanas
como a memória e a
linguagem, por
exemplo.
17
Quadro 1: Funções Executivas de acordo com a Neurociência Cognitiva e Teoria histórico-
cultural
18
psicológicos estão conectados às suas influências e
interações sociais (DAMASCENO, 2020). E, mesmo
cada sujeito concebendo e vivenciando as
experiências de maneira individual, a mediação
pedagógica é imprescindível para que os
conhecimentos adquiridos possam ser
internalizados e ressignificados até que possam
fazer sentido, sobretudo no caso de estudantes com
NEE.
Nos espaços educacionais, é muito comum
encontrarmos professores com dificuldade em
elaborar e adaptar atividades, de maneira que essas
atendam as demandas de estudantes com NEE
(NUNES; SAIA; TAVARES, 2015).
Pensando nisso, este material tem como objetivo
fornecer aos professores elementos teóricos
envolvendo sugestões práticas sobre como, por
meio da ação pedagógica, as funções executivas de
base podem ser estimuladas em estudantes com
TEA e outras NEE.
19
Iniciando a conversa...
Hipossensível
incômoda, e por isso diretamente para luzes;
pode ser evitada; pode olha fixamente para
ter medo de objetos em objetos em movimento,
movimento e evita ou os segura bem
contato visual direto. próximo a si; procuram
estímulos visuais como
ventiladores, por
exemplo.
Hipossensível
podem engasgar com nos alimentos e pessoas;
algumas comidas devido não identificam cheiros
seu cheiro; evitam locais perigosos.
públicos ou pessoas.
Hipossensível
21
Sistema auditivo - Responsável por captar sons.
Hipersensível
Hipossensível
Não toleram sons altos Falam alto; fazem sons
ou inesperados. altos em lugares calmos;
gostam de barulhos de
diferentes aparelhos.
Hipossensível
de comidas; evitam comidas; mordem ou
comidas moles. frequência pessoas ou
objetos; preferem
comidas quentes ou
apimentadas.
Hipossensível
22
UNIDADE 1
TEA e Funções
Executivas
Atualmente o Transtorno do
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dificultar o desenvolvi-
mento acadêmico, pessoal
e profissional desses
sujeitos. O que pode gerar,
consequentemente, limi-
tações no desenvolvimento
da linguagem e das funções executivas (APA, 2013;
KANDEL et. al., 2014).
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UNIDADE 1 - TEA E FUNÇÕES EXECUTIVAS
MONITORAMENTO
ATENÇÃO
PLANEJAMENTO COMPARTILHADA
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FLEXIBILIDADE REGULAÇÃO
EMOCIONAL
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UNIDADE 1 - TEA E FUNÇÕES EXECUTIVAS
Córtex pré-frontal
FUNÇÕES EXECUTIVAS
Gerenciamento da vida
Sistema Límbico
Monitoramento de
metas
Controle Inibitório
É responsável pelo controle atencional e pela
inibição de comportamentos e respostas
impulsivas mediante a situações ou durante a
realização de uma tarefa. Para estudantes
com autismo, tem função primordial para
estimular o desenvolvimento cognitivo.
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Memória de Trabalho
A memória de trabalho é elaborada a partir de
um conjunto de experiências , cujas
informações podem ser evocadas e
manipuladas de acordo com a necessidade de
cada sujeito. Estudantes com autismo podem
apresentar prejuízos no desenvolvimento da
memória de trabalho, uma vez que estes
podem ter dificuldade em compreender
conceitos de maneira global.
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Flexibilidade Cognitiva
A flexibilidade cognitiva é a habilidade de
modificar estratégias e perspectivas diante
de situações difíceis. E também é responsável
pela elaboração do conhecimento, mediante
articulação de diferentes informações
adquiridas em momentos diferentes.
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UNIDADE 2
Controle
Inibitório
O controle inibitório é uma função executiva de
base que desempenha papéis de grande
importância, atuando como inibidor
comportamental, por suprimir comportamentos e
respostas inadequadas mediante diversas
situações; e também como controlador de
interferências, ou controlador atencional, por ser
responsável pelo foco atencional durante a
realização de tarefas (VERBRUGGEN; LOGAN, 2008;
PADMANABHAN et al., 2015). Sendo assim, quando
bem desenvolvido, consegue desempenhar suas
funções (Figura 7) ao suprimir comportamentos
e/ou interferências em prol de um objetivo.
27
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Controle Atencional
O controle atencional se divide em atenção
seletiva, atenção sustentada e atenção dividida
(Figura 8). Ou seja, quando os sujeitos conseguem
inibir as interferências ao realizar uma tarefa
(atenção seletiva), conseguindo sustentar o foco
naquilo que estão fazendo - atenção sustentada - e,
mesmo que seja necessário voltar sua atenção para
outra informação em algum momento,
conseguem retomar aquilo que estavam fazendo,
dando continuidade a tarefa - atenção dividida
(MOURÃO JR; MELO, 2011; TIEGO et. al., 2018).
A atenção tem como principal função direcionar
o processamento básico das informações que são
captadas pelos estímulos sensoriais .
28
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Autorregulação
Ao desenvolver o controle atencional, os sujeitos
passam a controlar as interferências internas e/ou
externas durante a realização de uma tarefa,
podendo também controlar o próprio
comportamento. Isso acontece porque, a
autorregulação permite a supressão de estímulos
internos, através da memória (ao lembrar de regras
ou tarefas), e os externos, pela funcionalidade dos
órgãos sensoriais (MOURÃO JR; MELO, 2011; TIEGO
et. al., 2018)..
Inibição Cognitiva
29
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
https://www.marxists.org/archive/luria/images/index.htm
aprimoram com o desenvolvimento
da linguagem.
30
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
31
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Controlar respostas e
comportamentos inadequa-
dos geralmente significa
desafiar comportamentos
dominantes de grande parte
dos sujeitos com TEA, pois seu autocontrole, seja
ele atencional, emocional ou comportamental,
nem sempre acontece de maneira espontânea
(KELLY et. al., 2021) .
É importante destacar que uma das principais
causas para a dificuldade de autocontrole para
pessoas com TEA é o comprometimento no
processamento das informações sensoriais, que
pode dificultar o desenvolvimento/aprimoramento
de sua percepção e atenção; gerar
comportamentos considerados inadequados, e
prejuízos na comunicação e interação social.
32
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
33
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Algumas sugestões:
34
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
35
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
36
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
37
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
38
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Quebra-cabeças - inicialmente,
podem ser oferecidos aos
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39
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
Quebra-cabeças - inicialmente,
podem ser oferecidos aos
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40
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
41
UNIDADE 3
Memória de
Trabalho
A memória de trabalho, conhecida também
como memória operacional é um processador ativo
que permite aos sujeitos manipular informações
armazenadas na memória de curto e longo prazo
(DIAMOND, 2013; DIAMOND; LING, 2016).
É formada por alguns componentes: alça
fonológica, retentor episódico e esboço
visuoespacial, que são coordenados pelo executivo
central (Figura 9).
42
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
EXECUTIVO CENTRAL
RETENTOR ALÇA
execução de planos, EPISÓDICO FONOLÓGICA
elaboração de estratégias,
além de evocar
informações armazenadas
na memória de longo- ESBOÇO
VISUOESPACIAL
prazo (BADDELEY; HITCH,
2019).
43
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
ALÇA FONOLÓGICA
44
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
ESBOÇO VISUOESPACIAL
VISUO | ESPACIAL
Por permitir aos Por permitir aos
sujeitos perceber as sujeitos perceber as
caracteríticas (cor, trajetórias, posições,
textura, tamanho, movimentos realiza-
forma etc) de um dos de um local ao
objeto ou cenário outro.
45
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
RETENTOR EPISÓDICO
O retentor episódio é um
componente responsável pela
conexão entre vários subsistema da
memória de trabalho. E, por articular
várias informações entre a memória
de longo prazo e a nossa percepção,
ele ajuda os sujeitos a comparar
informações mais antigas,
armazenadas na memória de longo
prazo, às informações novas que vão
sendo armazenadas temporaria-
mente (BADDELEY, 2012; BADDELEY;
HITCH, 2019). Banco de Imagens Canva: www.canva.com
Percepção e Memória
46
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
47
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
48
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
https://www.marxists.org/archive/luria/images/index.htm
constructo pode fazer parte de
operações mediadas.
50
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
FUNÇÕES
PERCEPÇÃO COGNITIVAS
LINGUAGEM COMPLEXAS
51
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
em algumas situações,
detalhes que passam
desapercebidas para a maioria
das pessoas a sua volta. Pois
eles tendem a processar as
informações de maneira diferente.
Por exemplo, nos espaços escolares alguns
estudantes com TEA conseguem fazer atividades
de classificação de imagens ou de localização de
figuras sem dificuldade. Entretanto, pode haver
situações em que esses mesmos sujeitos não
consigam realizar a tarefa proposta, por se aterem
a detalhes diferentes daqueles solicitados.
52
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
53
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
Algumas sugestões:
54
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
55
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
56
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
57
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
58
UNIDADE 2 - CONTROLE INIBITÓRIO
59
UNIDADE 4
Flexibilidade
Cognitiva
Até aqui falamos sobre o controle inibitório, que
é responsável pelo controle atencional e controle
comportamental. E, tendo suas capacidades
atencionais e de autorregulação bem
desenvolvidas, os sujeitos começam a captar
melhor as informações que serão levadas para a
memória.
Por esse motivo, considerando os espaços
educacionais, o diálogo entre a Neurociência
Cognitiva e a teoria histórico-cultural é tão
importante. Pois, durante uma atividade escolar,
por exemplo, se o estudante perceber as
informações/estímulos, ele vai se atentar, captar e
processar melhor as informações que comporão o
conteúdo curricular.
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60
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
62
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
Flexibilidade e Criatividade
63
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
Flexibilidade Cognitiva e a
Teoria histórico-cultural
https://www.marxists.org/archive/vygotsky/images/index.
htm
https://www.marxists.org/archive/luria/images/index.htm
vida, e pelo desenvolvimento e uso
da linguagem.
(recursos/materiais
proximal é a que
Instrumentos
psicológicos
concretos)
merece especial
(signos)
atenção, pois se
trata do período
mais dinâmico da
Mediação
aprendizagem dos
estudante.
Isso porque é onde nós docentes temos que
evocar o que nossos estudantes aprenderam
anteriormente e, com uso de instrumentos
materiais e psicológicos podemos mediar a
aprendizagem para trabalhar aquilo que está
ainda em processo de desenvolvimento e
compreensão.
65
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
66
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
A flexibilidade
cognitiva depende
diretamente do
desenvolvimento do
67
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
68
UNIDADE 3 - MEMÓRIA DE TRABALHO
Algumas sugestões:
69
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
70
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
71
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
72
UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
https://novaescola.org.br/planos-de-aula/educacao-
infantil/pre-escola/o-que-mais-tem-na-rua-uma-
historia-contada-com-massinha/3890
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UNIDADE 4 - FLEXIBILIDADE COGNITIVA
74
Para pensarmos...
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Referências Bibliográficas
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REGIER, Darrel A.; KUHL, Emily A.; KUPFER, David J. The DSM-5:
Classification and criteria changes. World Psychiatry. 2013
Jun;12(2):92-8. doi: 10.1002/wps.20050. PMID: 23737408; PMCID:
PMC3683251.
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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