Como Gerar Energia Eólica em Casa

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Como gerar energia eólica

em casa?
Gerar energia eólica em casa, injetar na rede pública e até ganhar
créditos na conta de luz já é possível. Conheça os detalhese o custo
dos aerogeradores domésticos
Por Por Giuliana Capello (texto) e Marcelo Garcia (ilustrações)
access_time20 dez 2016, 18h28 - Publicado em 17 jul 2013, 20h09

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Até o ano passado, uma família brasileira tinha apenas duas motivações para
produzir energia com a força do vento: a falta de abastecimento público (ou as
falhas crônicas no serviço) e o desejo de trilhar caminhos mais sustentáveis.
Desde abril, porém, uma mudança na legislação – a Resolução nº 482 da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – dá um incentivo a mais ao
permitir a micro e a minigeração distribuída. Traduzindo: dá sinal verde para
que sistemas alternativos de geração de energia limpa injetem sua produção na
rede da distribuidora local. Com isso, além de suprir parte da demanda da casa
e pagar menos pela conta mensal, o cliente ganha créditos para descontar nas
próximas faturas toda vez que a geração de energia for maior do que o
consumo. “É um primeiro passo importantíssimo”, diz Elbia Melo, presidente
da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Cinco sistemas domésticos de geração de energia eólica


Como funciona
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Para ter acesso à microgeração distribuída, é preciso apresentar um projeto à


distribuidora. Se aprovado, o cliente arcará com os custos de todos os
equipamentos e do novo medidor, que registrará a entrada e a saída de
energia. Veja, abaixo, os componentes do sistema:

1. Pás: sistemas eólicos funcionam apenas em locais com ventos fortes e


constantes, capazes de tirar as pás da inércia e mantê-las em movimento. O
design do aerogerador influencia seu desempenho. Alguns modelos contam
com um dispositivo especial que posiciona as pás na direção do vento.
2. Rotor: é a parte da turbina que gira em torno de seu próprio eixo,
convertendo a energia cinética do vento na energia mecânica que, em seguida,
movimenta um gerador elétrico.
3. Baterias: em sistemas desconectados da rede pública (off grid), é
necessário contar com um banco de baterias para armazenar a energia gerada.
Já na microgeração distribuída (grid tie), como a energia produzida é injetada
na rede pública, as baterias viram uma opção para oferecer alguma autonomia
contra apagões.
4. Rede pública: para garantir a proteção, a segurança e a operação do
sistema de distribuição, a concessionária estabelece padrões técnicos a serem
cumpridos pelo cliente interessado no grid tie – que também pode combinar
energia eólica com solar, por exemplo, para compensar períodos de menor
incidência de ventos.
5. Consumo: a energia gerada é contabilizada (em kWh) no medidor. A fatura
representará a diferença entre a geração e o consumo familiar. Saldos
positivos viram créditos que podem ser usados por 36 meses (inclusive em
outros endereços, desde que sejam do mesmo titular e na mesma área de
concessão).

Sob medida para um casal

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Diversos estudos comprovam o enorme potencial do Brasil para explorar a


energia do vento, especialmente na faixa litorânea e no Sul do país. Fazer o
setor crescer e disseminar o acesso aos equipamentos, no entanto, requer um
conjunto de incentivos. “O governo é o principal agente, porque pode criar
benefícios fiscais e ainda se tornar o melhor cliente, instalando sistemas
eólicos em prédios públicos, por exemplo”, afirma Luiz Henrique Ferreira,
diretor da Inovatech Engenharia, consultoria em projetos sustentáveis. “Nos
Estados Unidos, quando o governo ofereceu 30% de desconto no imposto de
renda para quem investisse em energia eólica, houve um crescimento de 78%
em um ano”, lembra Luiz Cesar Pereira, diretor da Enersud, fabricante
nacional de aerogeradores. Aqui, a novidade quanto à micro e à minigeração
distribuída segue a mesma tendência. “Ainda não é como na Europa, onde se
ganha dinheiro vendendo energia limpa. Por enquanto, trata-se de uma
maneira de economizar na conta e impulsionar o segmento”, diz Elbia Melo.

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Na prática, a mudança favorece quem consome mais energia, como prédios


comerciais, condomínios residenciais e indústrias, que têm a chance de obter o
retorno do investimento em prazos mais razoáveis. Mas há quem enxergue
além, como o aposentado Ari Lund, dono da casa ao lado, no litoral
catarinense. “Os ventos em Garopaba são abundantes e temos que aproveitar
essa energia limpa. É preciso baratear os custos, incentivando outras pessoas a
apostar nisso”, defende. Ele desembolsou R$ 50 mil na instalação de um
sistema eólico doméstico, poucos meses antes de a rede de distribuição passar
a atender sua região. “Apesar do preço alto, fiquei satisfeito com o resultado
porque consegui suprir boa parte do abastecimento de energia”, completa ele,
que agora prepara projeto para se conectar à rede pública. Situação semelhante
viveu Edison Eduardo Weissinger, aposentado, morador de Itaipuaçu, RJ.
“Aqui o fornecimento não era confiável, faltava luz com frequência, e resolvi
gastar R$ 4 mil na compra de um pequeno sistema com aerogerador, torre,
baterias e outros equipamentos”, justifica. “Hoje tenho autonomia e pago
menos pela conta sem agredir o meio ambiente.”
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Incentivos à energia eólica vêm também de grandes bancos: a Caixa


Econômica Federal incluiu recentemente os aerogeradores na lista de produtos
que podem ser adquiridos pelo Construcard, linha de financiamento para
materiais de construção (com até 96 meses para pagar, com taxas de juros de
0,90% a 1,85% ao mês). No Banco do Brasil, o BB Consórcio lançou em
janeiro planos especiais para a compra de sistemas de energia renovável e a
contratação de serviços técnicos por prestadores especializados. Os selos de
construção sustentável têm sua parcela de contribuição. O AQUA, coordenado
pela Fundação Vanzolini, obriga os empreendimentos candidatos à
certificação a elaborar um estudo de viabilidade de energias alternativas. “É
uma maneira de estimular a adoção de sistemas eólicos e fotovoltaicos,
principalmente”, afirma Felipe Coelho, assistente técnico da entidade. Nesse
cenário favorável, os primeiros condomínios residenciais já começam a aderir
à causa. Em Praia Grande, SP, a força do vento fez o diretor da construtora
Concreplan, Eliude Rodrigues de Souza, investir R$ 70 mil para incorporar
duas turbinas eólicas no Ecovila Resort, um residencial de 56 casas com
várias soluções sustentáveis, que contou com consultoria especializada da
empresa Energia Pura.

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