Artigo Publicado - Gabriela Rocha
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Resumo
Introdução: O aleitamento materno é o meio de alimentação mais adequado para proporcionar o crescimento e
desenvolvimento das estruturas e funções da criança, como respiração, sucção, deglutição, mastigação e fala.
Atualmente, existem diversas campanhas com incentivo ao aleitamento materno exclusivo, que buscam apoiar as
mães durante todo esse processo. Porém, os números ainda apontam para uma grande quantidade de crianças que
sofrem o desmame precoce. Este estudo tem o objetivo de descrever a atuação fonoaudiológica nas maternidades e
como a Fonoaudiologia pode ser mais valorizada no âmbito da amamentação. Metodologia: Por meio de uma revisão
integrativa da literatura, esse estudo analisou a produção científica sobre a atuação fonoaudiológica durante a
amamentação nas maternidades, de artigos em português, publicados entre 2018 e 2023. Resultados e Discussão: Dos
9 artigos incluídos nesta pesquisa, foi abordado, em unanimidade: aleitamento materno e atuação fonoaudiológica.
Além disso, fatores que influenciam na amamentação também foram apresentados em todos os trabalhos. Estudos
ressaltam o quanto puérperas e neonatos tendem a ganhar com o olhar de um profissional habilitado, frente às
questões dos distúrbios orofaciais e de comunicação humana, tornando as abordagens mais especializadas e
humanizadas. Conclusão: O presente estudo descreveu a atuação fonoaudiológica nas maternidades, sendo o
profissional capacitado a disseminar informações quanto aos benefícios do aleitamento materno, promover maior
vínculo entre a díade mãe-recém-nascido, avaliar a mamada e padrão de sucção e evitar o desmame precoce. A
respeito da valorização do trabalho da fonoaudiologia no âmbito da amamentação, observou-se a falta de exposição de
maneira clara e relevante da atuação fonoaudiológica, fortalecendo e reforçando a necessidade de ações que
promovam um ambiente e momento individual para se tratar das questões sobre aleitamento materno e como o
profissional fonoaudiólogo deve estar inserido neste cenário.
Palavras-chave: Aleitamento materno; Fonoaudiologia; Maternidades.
Abstract
Introduction: Breastfeeding is the most appropriate means of feeding to provide the growth and development of the
child's structures and functions, such as breathing, sucking, swallowing, chewing and speaking. Currently, there are
several campaigns encouraging exclusive breastfeeding, which seek to support mothers throughout this process.
However, the numbers still point to a large number of children who suffer from early weaning. This study aims to
describe speech therapy in maternity wards and how speech therapy can be more valued in the context of
breastfeeding. Methods: Through an integrative review of the literature, this study analyzed the scientific production
on speech therapy during breastfeeding in maternity hospitals, of articles in Portuguese, published between 2018 and
2023. Results and Discussion: Of the 9 articles included in this research, it was unanimously addressed: breastfeeding
and speech therapy. Furthermore, factors that influence breastfeeding were also presented in all works. Studies
highlight how much postpartum women and newborns tend to gain from the perspective of a qualified professional,
when faced with issues of orofacial disorders and human communication, making approaches more specialized and
humanized. Conclusion: The present study described speech therapy work in maternity hospitals, with the
professional being trained to disseminate information regarding the benefits of breastfeeding, promote greater bonding
between the mother-newborn dyad, evaluate breastfeeding and sucking pattern and avoid early weaning . Regarding
the valorization of speech therapy work in the context of breastfeeding, a lack of clear and relevant exposure to speech
therapy work was observed, strengthening and reinforcing the need for actions that promote an environment and
individual moment to address issues about breastfeeding mother and how the speech therapist should be inserted in
this scenario.
Keywords: Breast feeding; Speech, language and hearing sciences; Hospitals, maternity.
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(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i14.44539
Resumen
Introducción: La lactancia materna es el medio de alimentación más adecuado para propiciar el crecimiento y
desarrollo de las estructuras y funciones del niño, como respirar, chupar, tragar, masticar y hablar. Actualmente
existen varias campañas que fomentan la lactancia materna exclusiva, que buscan apoyar a las madres en todo este
proceso. Sin embargo, las cifras todavía apuntan a que un gran número de niños sufren un destete prematuro. Este
estudio tiene como objetivo describir la logopedia en las maternidades y cómo la logopedia puede ser más valorada en
el contexto de la lactancia materna. Metodología: A través de una revisión integradora de la literatura, este estudio
analizó la producción científica sobre logopedia durante la lactancia materna en maternidades, de artículos en
portugués, publicados entre 2018 y 2023. Resultados y Discusión: De los 9 artículos incluidos en esta investigación,
Se abordó por unanimidad: lactancia materna y logopedia. Además, en todos los trabajos también se presentaron los
factores que influyen en la lactancia materna. Estudios destacan cuánto tienden a ganar las puérperas y los recién
nacidos, desde la perspectiva de un profesional calificado, frente a cuestiones de trastornos orofaciales y de
comunicación humana, haciendo que los abordajes sean más especializados y humanizados. Conclusión: El presente
estudio describió el trabajo de logopedia en maternidades, pudiendo el profesional difundir información sobre los
beneficios de la lactancia materna, promover mayor vínculo entre la pareja madre-recién nacido, evaluar el patrón de
lactancia y succión y evitar el destete precoz. En cuanto a la valorización del trabajo logopédico en el contexto de la
lactancia materna, se observó una falta de exposición clara y relevante al trabajo logopédico, fortaleciendo y
reforzando la necesidad de acciones que promuevan un ambiente y momento individual para abordar cuestiones sobre
la madre lactante y cómo el El logopeda debe insertarse en este escenario.
Palabras clave: Lactancia materna; Fonoaudiología; Maternidades.
1. Introdução
O momento da amamentação é a junção de diversos colaboradores e agentes envolvidos na garantia da vida. Agindo
de forma síncrona e complexa, exige uma organização entre todos os participantes como, hipotálamo, hipófise, mama, leite,
além da díade mãe-bebê; se tornando difícil a compreensão e estudo em sua totalidade (Carvalho & Gomes, 2019).
Estudos afirmam que o aleitamento materno (AM) pode reduzir em até 13% as taxas de mortalidade até os cincos
anos de idade, além de evitar comorbidades no pós-parto, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido (RN), como doenças
respiratórias, alergias, diabetes, hipertensão e obesidade para as crianças e câncer de mama, ovário, endometriose, depressão
pós-parto e hemorragias para a mãe. A amamentação também é importante para o desenvolvimento dos músculos da face, das
funções estomatognáticas como sucção, respiração, deglutição, mastigação e fala e alinhamento craniofacial, através dos
movimentos adequados da musculatura orofacial. Sobretudo, ela promove o vínculo entre mãe e recém-nascido, o
desenvolvimento cognitivo e emocional. Durante as mamadas, o RN recebe diversos estímulos que o ajudarão a desenvolver
seus sentidos, como troca de calor, cheiros, sons e olhares, estabelecendo seus primeiros laços afetivos (Ministério da Saúde,
2022). As evidências afirmam que a melhor forma de alimentação é através do aleitamento materno exclusivo (AME) até os
seis meses de vida da criança e deve ser mantido até seus dois anos de idade ou mais, de maneira complementar (Oliveira et
al., 2019).
A alta hospitalar nas maternidades depende, entre outros fatores, da habilidade na função alimentar segura. Técnicas
de avaliação de prontidão dos RNs e lactentes foram desenvolvidas e aperfeiçoadas através do estudo da anatomofisiologia da
sucção e deglutição. A sucção, posição dos lábios, apreensão do mamilo são alguns aspectos levados em consideração durante
a avaliação da amamentação (Levy & Almeida, 2018). Os reflexos de sucção e deglutição se apresentam a partir da 17ª semana
de gestação, e a coordenação entre sucção, deglutição e respiração pode ser observada a partir da 32ª - 34ª semana de gestação
(Caetano et al., 2003)
A respiração e a deglutição seguem em sequência rítmica durante a sucção nutritiva, de modo que a expiração e a
inspiração estão interpostas entre as deglutições. Os lábios fornecem o vedamento para a captação do mamilo. A língua
participa da criação da pressão negativa intraoral, além de alongar o bico, lhe dá forma e o estabilizar. A mandíbula fornece
uma base estável para a movimentação das outras estruturas associadas à sucção, contribuindo na pressão negativa intraoral ao
se mover para baixo e alargando a cavidade oral. Além disso, ela também realiza a compressão dos ductos lactíferos. As
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bochechas garantem um limite lateral, visando a centralização do leite materno e age juntamente à mandíbula fornecendo
estabilidade. O palato comprime e mantém o bico numa posição estável e impede o escape para a rinofaringe (Zimmermann,
2023).
Recém-nascidos pré-termos que se encontram em unidades de terapia intensiva (UTI) tendem a apresentar
imaturidade fisiológica e neurológica que podem interferir nas habilidades motoras, respiratórias, musculares e de reflexos
orais (Lima et al., 2015). A fonoaudiologia capacita o profissional para atuar nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
neonatal, dando-lhe conhecimento sobre a anatomofisiologia do sistema estomatognático, a fim de identificar alterações no
sistema sensório-motor-orofacial, principalmente na coordenação da sucção, deglutição e respiração (SxDxR) (Amorim &
Lira, 2021).
A fim de evitar um desmame precoce, é necessário reforçar a importância da atuação fonoaudiológica dentro das
equipes multidisciplinares nas maternidades. O papel do fonoaudiólogo está em avaliar, orientar e incentivar o AME, visando o
fortalecimento dos órgãos fonoarticulatórios e o desenvolvimento das funções estomatognáticas (Oliveira et al., 2019). O
fonoaudiólogo atua de diversas maneiras dentro das maternidades, tanto na UTI-Neonatal, com os procedimentos necessários,
como sendo o profissional capacitado a desenvolver o papel de educador, orientando e visando estimular a continuidade da
lactação, desde o período pré-natal, durante o parto e no puerpério, podendo interferir na função de deglutição em casos de
neonatos com dificuldades.
A literatura afirma como principais causas do desmame precoce, a falta de experiência e a dificuldade durante o ato da
amamentação, acarretando pega incorreta, desde a primeira pega e, consequentemente, fissuras mamilares e baixo ganho de
peso do RN. Além disso, estudos informam que a maioria das mães desconhecem a Fonoaudiologia como uma área atuante da
saúde materno-infantil. A atuação fonoaudiológica pode ser realizada desde o período pré-natal, através de orientações que
possam auxiliar na prevenção de problemas futuros, como má postura e pega inadequada, ou alterações miofuncionais
orofaciais. Com isso, evidencia-se a importância de uma avaliação criteriosa da mamada e do padrão de sucção, além de todas
as orientações necessárias, podendo prevenir o desmame precoce e o sofrimento da mãe e do bebê (Leite et al., 2009).
Diversas práticas de promoção ao aleitamento têm sido realizadas, como a Iniciativa Hospital Amigo da Criança
(IHAC), que possui os “Dez passos para o sucesso do Aleitamento Materno”, a fim de promover práticas e orientar durante o
período pré-natal, perinatal e pós-natal. Além de estar de acordo com a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos
para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) (Medeiros, et al., 2015). Ademais, a
Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) é uma ação de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, na qual
engloba ações de coleta, processamento e distribuição de leite para recém-nascidos pré-termos ou de baixo peso. Além da
orientação e apoio às mães. O Brasil tem a maior rede de bancos de leite humano do mundo (Ministério da Saúde, 2022).
Diante do exposto, torna-se evidente a necessidade de aprofundar os estudos e disseminar informações para as mães,
gestantes e outros profissionais sobre a atuação fonoaudiológica durante a amamentação dentro das maternidades, a fim de
evitar o desmame precoce e o estresse familiar.
Este estudo tem o objetivo de descrever a atuação fonoaudiológica nas maternidades e como a Fonoaudiologia pode
ser mais valorizada no âmbito da amamentação.
2. Metodologia
Essa revisão integrativa de literatura (Pereira et al., 2018) foi norteada pela seguinte pergunta de pesquisa: Qual a
atuação fonoaudiológica nas maternidades e como o trabalho fonoaudiológico pode ser mais valorizado no âmbito da
amamentação pela equipe multiprofissional? Para este estudo foram utilizadas as seguintes bases de dados: Periódicos CAPES,
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PUBMED (National Library of Medicine), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SCIELO (Scientific Electronic Library
Online).
Para a realização da busca nas bases citadas foram utilizados como primeira estratégia os descritores (*Aleitamento
Materno*) AND (*Maternidades*) AND (*Fonoaudiologia*) de artigos em português e (“Breast Feeding”, “Hospitals,
Maternity”, “Speech, Language and Hearing Sciences”) de artigos em inglês. Para segunda estratégia de busca foram utilizados
os descritores (*Aleitamento Materno*) AND (*Fonoaudiologia*) de artigos em português e (“Breast Feeding”, “Speech,
Language and Hearing Sciences”) de artigos em inglês.
Para a seleção dos estudos utilizados nesta revisão, além do idioma português, foi adotado como critério de inclusão, a
delimitação do período de publicação dos trabalhos, de 2018 a 2023; além da temática dos trabalhos relativa ao aleitamento
materno e as funções de um fonoaudiólogo dentro das maternidades, conforme delimitado no objetivo desta revisão.
Efetuou-se, ainda, de forma manual, a exclusão dos artigos repetidos, sem possibilidade de acesso direto, fontes com
links quebrados, além de trabalhos sem relação direta com a temática, recuperados na busca apenas em virtude da incidência
do termo aleitamento materno, em apenas uma vez no texto, ou de forma superficial, por exemplo.
A busca da literatura gerou um total de 57 artigos selecionados inicialmente nas bases de dados científicas citadas
previamente em métodos, alinhados à abordagem do tema proposto. Após a omissão de duplicatas, 09 estudos foram excluídos.
Foi feita a triagem de título e resumo: 36 estudos foram excluídos por não terem relação direta com a temática e 03 estudos
foram excluídos por se encontrarem sem acesso direto. Por fim, 09 estudos atenderam aos critérios de inclusão e foram
inseridos na síntese qualitativa e quantitativa da revisão proposta.
A Figura 1 apresenta o fluxograma de informações dos processos realizados na revisão de literatura.
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BVS
Nº = 20 (5
CAPES excluídos por serem
Nº = 32 (23 excluídos por artigos repetidos, SCIELO
não estarem dentro do 10 por não estarem N-º = 5 (3 excluídos por
assunto, 2 por serem dentro do assunto e não estarem dentro do
repetidos e 1 por não ter 2 por não ter assunto e 2 por serem
acesso) PUBMED acesso) repetidos)
Restando 6 artigos Nº = 0 Restando 3 artigos Restando 0 artigos
9 artigos repetidos
Descritores utilizados:
Aleitamento Materno
Maternidades
Fonoaudiologia 3 sem acesso direto
Critérios de inclusão:
- Entre os anos de 2018 e 2023
- Idioma português De 57 artigos, 9 foram selecionados sob
- Relativos ao aleitamento critérios de revisão de literatura.
materno e fonoaudiologia
3. Resultados e Discussão
Dos 9 artigos incluídos nesta pesquisa, foi abordado, em unanimidade: aleitamento materno e atuação
fonoaudiológica. Além disso, fatores que influenciam na amamentação também foram apresentados em todos os estudos.
A Tabela 1 apresenta como ocorreu a atuação fonoaudiológica nos artigos encontrados na revisão de literatura.
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MUNIZ, L; PEIXOTO, Descrever as estratégias utilizadas • Consultas de As estratégias foram implementadas com
M. em uma Unidade Básica de Saúde amamentação; aceitação pela população e possibilitou a
2021 durante a experiência da Residência • Teste da linguinha. prevenção, diagnóstico e reabilitação de
Multiprofissional em Saúde da alterações no processo de amamentação.
Família para o incentivo e apoio ao
aleitamento materno.
MADRUGA, T; Caracterizar as orientações sobre • Orientação de Há carência de orientações no pós-natal tardio
MILIONS, F; FURLAN, aleitamento materno, recebidas por puérperas. e necessidade de se rever as estratégias de
R; FRICHE, A; MOTTA, gestantes e puérperas na cidade de orientação, visto que as práticas educativas
A. Belo Horizonte, e investigar fatores não influenciaram a realização do aleitamento
2020 que influenciam o aleitamento materno exclusivo e o uso de mamadeira e
materno exclusivo, o uso da chupeta chupeta.
e da mamadeira.
Santos et al. (2020) destaca que mesmo a amamentação tendo características instintivas, ela deve ser encarada como
um processo que requer aprendizagem e orientações específicas. O estudo afirma que diversos fatores maternos como: tipo de
parto, idade, escolaridade e experiências anteriores com a amamentação, influenciam no desempenho da mamada. O avançar
da idade e as experiências vividas anteriormente pela mãe, contribuem para um maior domínio sobre aspectos de
desenvolvimento da criança, porém também pode colaborar para a repetição de alguns erros. Mães jovens, tendem a desmamar
de forma precoce, podendo ser devido à fatores estéticos, retorno aos estudos ou trabalho. As dificuldades também podem estar
relacionadas às características anatômicas da mama e bico ou até mesmo aos familiares que desestimulam a lactação. Além
disso, a falta de conhecimento das mães, se torna um obstáculo no processo da amamentação.
A disseminação de conhecimentos para a população e o apoio às gestantes e lactantes é de suma importância para a
estratégia de educação em saúde. O acesso à informação sobre aleitamento materno e saúde fonoaudiológica deve estar
inserido em políticas públicas de divulgação e reconhecimento da profissão. Santos et al. (2020) afirma que a literatura é
bastante restrita sobre a interação entre fonoaudiologia e amamentação no período pós-natal imediato, ainda no ambiente
hospitalar. Algumas ações grupais são utilizadas como ferramentas que possibilitam a disseminação das informações quanto
aos benefícios do aleitamento materno nos períodos pré, durante e pós-natal.
A realidade social está diretamente ligada à falta de informação sobre a atuação fonoaudiológica durante o
aleitamento materno. Estudos afirmam, que a maioria dos pais associam a fonoaudiologia às dificuldades ligadas apenas à fala
e audição. A falta de domínio em relação às atuações fonoaudiológicas, aponta uma necessidade de maior disseminação do
assunto, através de campanhas específicas na área da fonoaudiologia e amamentação, políticas públicas que levem esses
conhecimentos para a população, a fim de efetivar a educação em saúde e garantir o sucesso do aleitamento materno (Santos et
al., 2020).
Em concordância com Santos et al. (2020), Medeiros et al. (2018a) afirma que a escolaridade e a realidade social da
puérpera e de sua rede de apoio são consideradas extremamente importantes para entender o contexto sociodemográfico em
que a díade está inserida, a fim de adaptar a linguagem utilizada durante a intervenção. A autora ressalta que o grau de
instrução materno mais elevado, é apontado como um bom indicativo de sucesso durante a amamentação exclusiva, pois mães
com baixa escolaridade, tendem a introduzir alimentos de forma errônea, acarretando no desmame precoce.
O estudo retificou a necessidade da atuação do fonoaudiólogo em maternidades. Promovendo o bem-estar da díade e a
efetividade do aleitamento materno, fornecendo informações às lactantes, como o impacto da sucção no desenvolvimento
orofacial, além de estimular a linguagem, audição e o vínculo entre mãe e bebê (Medeiros et al., 2018a).
Com a finalidade de registar e acompanhar o binômio, durante sua permanência hospitalar, são desenvolvidos
protocolos de acompanhamento fonoaudiológico. Nos quais contemplam observações da mãe, recém-nascido e o andamento
do aleitamento materno (Medeiros et al., 2018a).
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Para Frois e Mangili (2021) a utilização desses protocolos clínicos está inserida na necessidade de uma padronização
das ações assistenciais, facilitando o trabalho da equipe. Sua aplicação permitirá a promoção, manutenção e recuperação da
saúde do binômio mãe-bebê. Sendo o fonoaudiólogo, o profissional capacitado a estar inserido no alojamento conjunto,
orientando às mães sobre o AME e os aspectos fonoaudiológicos. Além disso, espera-se que com a atuação fonoaudiológica, a
dupla possa receber uma alta precoce e reduzir os gastos hospitalares. Sendo responsabilidade do hospital capacitar os
profissionais diante de tais protocolos.
Santos et al. (2020) citou a importância da implementação de políticas públicas que incentivem o AME como: IHAC,
Rede Cegonha, Método Canguru, Unidade Básica Amiga da Amamentação, Rede alimenta Brasil e Estratégia Nacional para
Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Tendo elas, o papel de capacitar profissionais da saúde para
a atuação na promoção do aleitamento materno.
Os impactos do aleitamento materno no desenvolvimento de hábitos deletérios e como as mães receberam as
instruções necessárias sobre o assunto foram observados por Dal Santo et al. (2020). O autor afirmou que crianças que
receberam o aleitamento materno exclusivo por mais de 12 meses tendem a não desenvolver hábitos deletérios como o uso de
chupetas.
Porém, observou que a maioria das mães que referiu ter conhecimento sobre o assunto informou que tinha adquirido
através de vizinhos e familiares. Além disso, nenhuma mãe afirmou saber os impactos do aleitamento materno para o
desenvolvimento motor oral e suas funções estomatognáticas. Em relação às mães que confirmaram ter recebido orientação
dentro dos hospitais, a maioria delas referiu ser informada por enfermeiros, médicos e nutricionistas (Dal Santo et al., 2020).
Já Madruga et al. (2020) observou que o maior número de orientações, a respeito do aleitamento materno, foi
realizado pelo médico ginecologista no período pré-natal, pelo enfermeiro no pós-natal e pelo pediatra no pós natal tardio.
Além disso, ressaltou que em vários momentos as mães tiveram dificuldade em informar qual profissional as orientou,
demonstrando a falta de uma apresentação mais clara e de um maior contato entre o profissional e a paciente. O estudo afirmou
que o fonoaudiólogo esteve pouco presente nas atividades de orientação, e que os principais pontos mencionados durante as
orientações foram a pega do bebê na mama, os benefícios da amamentação e cuidados com as mamas. Excluindo a utilização
de mamadeiras e chupetas e o desenvolvimento global do bebê.
Ficando evidente a necessidade do fonoaudiólogo se dedicar cada vez mais para ganhar espaço nesta área e mostrar
para as autoridades de saúde e para a sociedade o quanto a orientação fonoaudiológica é benéfica para a mãe e para o bebê,
podendo contribuir para a diminuição do desmame precoce e prevenir alterações nas estruturas orofaciais e suas respectivas
funções (Madruga et al., 2020).
Muniz da Silva e da Silva Peixoto (2021) detalharam a atuação fonoaudiológica dentro do SUS e da atenção básica.
Evidenciando um “caminhar constante cada vez mais comprometido com as questões sociais, coletivas e necessidades de saúde
da população”. Sendo o fonoaudiólogo capacitado a favorecer o desenvolvimento infantil, promover atividades de educação
em saúde e comunicação, através de temas como a saúde materno infantil e realizar consultas compartilhadas com a equipe de
saúde da família.
Dentro das experiências relatadas neste estudo, destaca-se a atuação do fonoaudiólogo concomitantemente à
enfermagem durante as consultas de puericultura, puerpério ou pré-natal. O que evidenciou uma necessidade de um ambiente e
momento específico para se tratar das questões sobre amamentação. Tal assessoria visava solucionar demandas na atenção
secundária e atenuar as filas de espera, além de promover o cuidado contínuo e o vínculo entre a equipe e a família (Muniz da
Silva & da Silva Peixoto, 2021).
Ademais, foi observado que a oferta do Teste da Linguinha na Unidade Básica de Saúde, tanto pela proximidade
geográfica das famílias, quanto pelo maior vínculo entre usuária-profissional, possibilitou intervenções em situações na
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amamentação, como uma alteração do frênulo lingual. A implantação de tais estratégias facilitou o diagnóstico, prevenção e
reabilitação das principais causas de desmame precoce (Muniz da Silva & da Silva Peixoto, 2021).
Medeiros et al. (2018b) buscou evidenciar atuação fonoaudiológica junto ao RN de risco. Na qual se baseia em
promover uma alimentação segura e eficiente, através da coordenação sucção-deglutição-respiração. A autora afirma que,
atualmente, há um grande esforço para que essa população consiga ser alimentada através do AME e a transição da
alimentação por gavagem se mostra uma alternativa segura e eficaz, pois se tratando de RNs com intercorrências clínicas, o
uso da sonda-peito teve um tempo de transição menor do que copo/mamadeira.
Além disso, ressalta que diversas intercorrências médicas podem estar relacionadas ao atraso na estimulação
fonoaudiológica, podendo até comprometer o desenvolvimento da criança. Torna-se evidente, a importância da intervenção
fonoaudiológica no acompanhamento do padrão alimentar dos RNs e a eficácia da sonda-peito em Neonatologia como meio de
incentivar o AME (Medeiros et al., 2018b).
Para Feitosa e da Silva (2022) o Banco de Leite Humano (BLH) deve ser tratado como um espaço de atuação
multidisciplinar na promoção e incentivo do aleitamento materno. Porém, tal prática ainda se encontra pouco discutida no que
tange a atuação do fonoaudiólogo. Suas ações, no âmbito do BLH, podem ocorrer no cenário técnico, no qual realiza todo o
recebimento, processamento e armazenamento do leite humano ordenhado e no cenário assistencial, relacionado com as
intervenções diretas com o binômio, como técnicas de ordenha manual, pega, posição e manejo da amamentação.
Nesse contexto, estudos ressaltam o quanto puérperas e neonatos tendem a ganhar com o olhar de um profissional
habilitado, frente às questões dos distúrbios orofaciais e de comunicação humana, tornando as abordagens mais especializadas
e humanizadas.
4. Conclusão
O presente estudo descreveu a atuação fonoaudiológica nas maternidades, sendo o profissional capacitado por
disseminar informações quanto aos benefícios do aleitamento materno, promover maior vínculo entre a díade mãe-recém-
nascido, avaliar a mamada e o padrão de sucção e evitar o desmame precoce.
Ficaram evidentes que os aspectos maternos e sua realidade social, além da falta de informação, de protocolos de
avaliação específicos, políticas públicas e de um olhar especializado para as intercorrências no momento da amamentação,
culminaram em diversos casos de desmame precoce e desenvolvimento de hábitos deletérios.
A respeito da valorização do trabalho da fonoaudiologia no âmbito da amamentação, observou-se a falta de exposição
de maneira clara e relevante da atuação fonoaudiológica, fortalecendo e reforçando a necessidade de ações que promovam um
ambiente e momento individual para se tratar das questões sobre aleitamento materno e como o profissional fonoaudiólogo
deve estar inserido neste cenário. Através de um olhar mais comprometido com as questões sociais, individuais e coletivas da
população estudada.
Sugiro a elaboração de trabalhos futuros que retratem a atuação fonoaudiológica dentro das UTIs Neonatais, além da
criação e divulgação de métodos que possam inserir o profissional fonoaudiólogo, ainda mais, na área da amamentação.
Agradecimentos
Agradecemos a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização e sucesso deste artigo.
Referências
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Research, Society and Development, v. 12, n. 14, e73121444539, 2023
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