Apostila+Completa+Direito+Do+Trabalho 1
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APOSTILA DE DIREITO DO
TRABALHO
PROFESSOR GILBERTO FROTA
(atualizada até dezembro/2020
de acordo com a reforma
trabalhista – Lei nº 13.467/17)
(atualizada até DEZ/2023)
Introdução
Os princípios representam o alicerce do ordenamento jurídico, servem de base e inspiração
para os operadores do direito, tanto no momento da elaboração da norma jurídica quanto, e
mais efetivamente, após a sua criação.
Sabendo que o trabalhador estaria em real desvantagem para negociar, exigir e cobrar seus
direitos, o princípio da proteção criou mecanismos com a finalidade de assegurar os direitos
mínimos impressos na legislação trabalhista vigente.
OBS. Este princípio representa uma adaptação á regra existente no direito penal “in dúbio pro
réu”.
sobre o mesmo direito previsto na Constituição Federal desde que seja mais favorável ao
empregado.
Exemplo: Horas extras. A CF/88 estabelece que o valor da hora extraordinária será de no
mínimo 50%, já em uma negociação coletiva, uma categoria consegue estabelecer um
percentual mínimo de 60%, prevalece a negociação.
Art. 7º CF São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
REFORMA TRABALHISTA
Quanto ao princípio em comento devemos ficar atentos ao artigo 611-A da CLT, já que lista uma
série de situações em que prevalecerão as negociações coletivas frente às previsões legais,
mesmo que desfavoráveis ao trabalhador.
Nesse sentido, fica claro que o princípio da proteção será flexibilizado quando as negociações
coletivas tiverem, conforme previsão do artigo 611-A da CLT, prevalência sobre norma legal mais
favorável ao trabalhador.
Art. 611-A. CLT A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre
a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
REFORMA TRABALHISTA
Art. 444 CLT- As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação
das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao
trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das
autoridades competentes.
Art. 468 CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.
REFORMA TRABALHISTA
O princípio da inalterabilidade contratual lesiva também será alcançado pelo artigo 611-A da
CLT, que arrola situações em que poderão haver alterações contratuais lesivas.
Primeiramente, cabe observar que o salário tem natureza alimentar, deve prover o sustento
tanto do trabalhador como de sua família.
O trabalhador tem o direito de receber o seu salário, de forma integral, no momento oportuno e
sem nenhum desconto abusivo. O salário é sagrado, é irredutível.
Todavia, como acabamos de ver, nenhum princípio é absoluto, podem ocorrer descontos nos
salários (sem a vontade do trabalhador), como os resultantes de Lei (exemplo: contribuição
previdenciária, imposto de renda) ou de negociação coletiva, ou, ainda, decorrentes de
adiantamentos, bem como descontos oriundos de ordem judicial (exemplo: pensão
alimentícia)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
Art. 462 CLT - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que
esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
A regra é que os contratos sejam pactuados por prazo indeterminado, em caráter permanente.
Somente por exceção se admite os contratos a termo, ou seja, por tempo determinado. Em
decorrência do princípio da continuidade da relação de emprego, o ônus de provar o término do
contrato de trabalho recai sobre o empregador.
Art. 10 CLT Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos
adquiridos por seus empregados.
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O princípio em estudo também se relaciona com o art. 448 da CLT, que trata da sucessão de
empregadores, estabelecendo que a mudança na propriedade ou estrutura jurídica da empresa
não afetará os contratos de trabalho.
A verdade real, a realidade dos fatos devem prevalecer sobre a verdade meramente formal,
sobre a verdade documental.
Exemplo 01: Uma típica relação de emprego mascarada por contrato de estágio (veremos que
estagiário não é empregado), por aplicação deste princípio a relação empregatícia deverá ser
reconhecida.
Exemplo 02: O empregado que registra sua jornada de trabalho em folha de freqüência, por
imposição do empregador e com receio de ser despedido no caso de recusa, enquanto que no
dia-a-dia (realidade) se submete a uma jornada de trabalho diversa e superior daquela que ele
próprio consignou nos controles de jornada. Nesse caso, pelo princípio da primazia da
realidade deve prevalecer a realidade dos fatos sendo desconsiderado como meio de prova o
documento subscrito pelo empregado.
* Materiais
Na atual conjuntura, podemos citar como fontes materiais do direito do trabalho, as greves
realizadas pelos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho e,
principalmente, no campo empresarial, os movimentos de grupos empresarias, que tem
o real propósito de flexionar direitos dos trabalhadores em “prol da economia”, o que
culminou com, por exemplo, a aprovação da reforma trabalhista no Brasil.
As fontes formais podem ser criadas pelo Estado ou, ainda, sem a sua participação,
elaboradas pelos próprios destinatários da norma.
São aquelas que provêm do Estado, normalmente são impostas. No processo de criação das
fontes formais heterônomas há participação de um terceiro, geralmente o Estado, na
elaboração e na divulgação da norma. Entretanto, os reais destinatários da norma não
participam diretamente de sua elaboração. São fontes formais heterônomas: A
Constituição Federal, a CLT.
As fontes formais autônomas são feitas pelos próprios destinatários da norma, sem que haja a
intervenção estatal. Consistem nas negociações coletivas de trabalho - Convenção Coletiva
de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho, acordo feito entre empregado e empregador.
Art. 611, CLT - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo
qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais
estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações,
às relações individuais de trabalho.
Relação de trabalho é gênero que engloba os mais diversos tipos de labor que podem ser
realizados pelo ser humano. A relação de trabalho abrange, então, a relação de emprego, a
relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho avulso, eventual, doméstico, rural, além de
outros, como por exemplo, o estágio.
Por outro lado, a relação de emprego é uma modalidade do gênero relação de trabalho, não se
confundindo com ela. Podemos falar que toda relação de emprego corresponde a uma
relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho corresponde a uma relação de
emprego.
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* Pessoa Física;
* Pessoalidade;
* Subordinação;
* Onerosidade;
* Não eventualidade;
* Alteridade.
Art. 3º, CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Vamos ficar atentos pois, estando presentes os pressupostos da relação de emprego, não há
distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no
domicílio do empregado e o realizado a distância.
a) Pessoa Física
Assim, para que caracterize-se a relação de emprego, o serviço deverá ser prestado por
pessoa física ou natural, não podendo o empregado ser pessoa jurídica.
b) Pessoalidade
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Dito isso, temos que a pessoalidade é encontrada naquela pessoa física que trabalha para
o empregador e não pode se fazer substituir por terceiros, ou seja, aquela pessoa natural
contratada terá, ela mesma, que prestar o serviço. Dessa forma, temos que a prestação do
serviço será intuitu personae.
Sendo assim, é importante ressaltar que a relação jurídica pactuada deve ser intuitu personae
com relação ao trabalhador, ou seja, não poderá fazer-se substituir no decorrer do contrato de
trabalho. Vamos dar um exemplo, contratei Marcelino para trabalhar em minha loja, no entanto,
ele ficou doente e para “se garantir” no emprego mandou seu filho trabalhar no seu lugar
durante tal período. Isso não pode ocorrer, tal substituição descaracteriza a relação de
emprego, por ausência do elemento pessoalidade.
c) Não Eventualidade
A pessoa física deve trabalhar de forma permanente, mesmo que por um pequeno espaço de
tempo, não podendo trabalhar de forma eventual, na hora que desejar, deve ter dias certos,
hora certa de prestação de serviço.
Dessa forma, vamos ficar atentos, pois NÃO se exige exclusividade na prestação dos
serviços para que se configure a relação de emprego, o empregado pode ter mais de um
empregador e, conseqüentemente, mais de uma relação de emprego.
Cabe aqui uma pequena observação, a não eventualidade é diferente de trabalho prestado
diariamente. No caso, por exemplo, de bares, restaurantes que não costumam abrir todos os
dias (por vezes abrem apenas nos finais de semana), apesar de não haver uma prestação
diária de serviço, há uma prestação de caráter permanente, ou seja, que se prolonga no tempo
para o mesmo empregador, com hora e dia para que o serviço seja prestado.
d) Subordinação
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Essa subordinação não se trata de uma subordinação econômica, pois algumas vezes o
empregado ostenta uma situação econômica melhor do que a do próprio empregador.
Também não se refere à subordinação técnica, porque o empregado, em certas ocasiões,
possui a técnica de trabalho que seu empregador não detém.
Nesse cenário, a subordinação pode ser dividida em três: técnica, econômica e jurídica.
Atualmente, a jurisprudência trabalhista estabelece que apenas a subordinação jurídica se
aplica na relação de emprego.
Jurisprudência do TST
Uber fecha acordo com motorista que pedia vínculo de emprego (TST
08/03/22)
O motorista ajuizou ação trabalhista contra a Uber em abril de 2020, pedindo o reconhecimento
de vínculo empregatício com a empresa no período de dois anos. Também na ação, o
motorista pediu verbas decorrentes do contrato, como horas extras, adicional noturno e
restituição dos gastos com combustível. O valor proposto à causa ficou em R$ 100 mil.
Subordinação
O vínculo não foi reconhecido pela 46ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que se apoiou em
declaração do próprio motorista de que não tinha horário fixo para trabalhar e que “se não
quisesse trabalhar determinado dia, não precisava avisar para Uber”. As informações, segunda
a sentença, retiravam um dos requisitos para a caracterizar o vínculo – a subordinação.
Autonomia
Mesmo entendimento teve o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), ao declarar que
“não é empregado o trabalhador que presta serviços com autonomia para decidir os dias de
labor, sem sofrer punição em caso de ausências”. Para o TRT-3, ficou comprovada que a
empresa não tinha controle da atividade do motorista.
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Petição
Jurisprudência do TST
Manicure não consegue reconhecimento de vínculo com salão de beleza
(TST 03/03/22)
Na reclamação trabalhista, a manicure disse que havia trabalhado para o salão por mais de
cinco anos sem carteira assinada e, ao ser demitida, não recebera as verbas rescisórias.
Segundo seu relato, sempre havia cumprido horários e se submetido às diretrizes do salão, que
determinava o lugar, a forma e os horários da semana para execução de seu trabalho.
Liberdade
A relatora do agravo pelo qual a manicure pretendia rediscutir o caso no TST, ministra Maria
Helena Mallmann, observou que a pretensão do recurso se volta contra as premissas fáticas
fixadas pelo TRT, que não trazem elementos que comprovem a existência de vínculo de
emprego. Dessa forma, o exame do recurso não é possível, pois a jurisprudência do TST
(Súmula 126) veda o reexame de fatos e provas.
Por fim, vamos ficar atentos ao parágrafo único do art. 6º da CLT que foi inserido em 2011 com
a finalidade de equiparar os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e
supervisão aos meios pessoais.
e) Onerosidade
Deve-se ter em mente que a relação de emprego é uma relação de cunho essencialmente
econômico, ou seja, a pessoa se submete as regras da relação de emprego, emprega grande
parte de seu dia, de sua força para poder receber a contraprestação pelo serviço.
A legislação pátria prevê várias formas de contraprestação ao serviço prestado, como, por
exemplo: pagamento em dinheiro, utilidades, parcelas fixas ou variáveis, etc.
f) Alteridade
Art. 7º CF São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
Jurisprudência do TST
a) Policial Militar
Primeiramente, devemos ficar atentos a condição do Policial Militar que, por vezes, trabalha
fazendo a segurança de empresas privadas. O TST decidiu que é legal o reconhecimento da
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relação de emprego, quando presentes os requisitos fático-jurídicos, mesmo que tal atividade
seja infração disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.
Jurisprudência do TST
13/09/21 - Para a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho, a atividade de fiscal de loja,
desempenhada por um policial militar da reserva nos Supermercados Mundial Ltda., no Rio de
Janeiro (RJ), é de risco. Com esse entendimento, o colegiado concluiu ser devida a
indenização à família do fiscal, que foi atingido por tiros e faleceu durante uma tentativa de
assalto em 2010. (LT/CF) Processo: RR-228-64.2012.5.01.0013
Ele trabalhava para a empresa de acordo com a escala de serviço da Polícia Militar.
Na reclamação trabalhista, o policial disse que, entre 2008 e 2015, havia prestado serviços de
segurança para a clínica e era responsável por acompanhar a abertura (por volta das 8h30) e o
fechamento (por volta das 20h) da loja. Ele pretendia a anotação do contrato na carteira de
trabalho e o pagamento de todas as parcelas decorrentes.
Estatuto
O TST entende que não há possibilidade de vínculo de emprego entre o apontador do jogo do
bicho e o bicheiro, em virtude da ilicitude do objeto.
Jurisprudência do TST
Ficou demonstrado que ela exercia também atividades lícitas, como recarga de celulares
A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o recurso da Sonho Real Loterias
Ltda., de Campina Grande (PB), contra o reconhecimento do vínculo de emprego de uma
vendedora. A empresa alegava que a ilicitude de sua atividade - apostas do jogo do bicho -
resultaria na nulidade do contrato. Mas, segundo o colegiado, a vendedora exercia outras
atividades lícitas, como recarga de celulares e venda de bilhetes de loterias legais.
Ilicitude do objeto
No recurso ao TST, a loja argumentou que, para a validade de qualquer negócio jurídico, é
imprescindível que se constate a licitude do objeto, inclusive o trabalhista. “Se a atividade
prestada é ilícita e o empregado tem consciência da sua ilicitude, como no caso, pode-se
afirmar que não existiu contrato de trabalho, e, consequentemente, nenhum efeito jurídico dele
decorrerá”, sustentou.
O recurso foi fundamentado na Orientação Jurisprudencial (OJ) 199, que considera nulo o
contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade relacionada à prática do jogo
do bicho, em razão da ilicitude de seu objeto.
Validade do contrato
O relator do recurso, ministro Breno Medeiros, explicou que a jurisprudência do TST vem se
posicionando no sentido de reconhecer a validade do contrato de trabalho de pessoas
que, ainda que prestem serviço em local destinado a atividade ilícita, não atuem
exclusivamente nela. Nesse caso, afasta-se a aplicação da OJ 199.
O ministro citou diversos precedentes nesse sentido e, ainda, decisões em que o TST
reconhece a validade do contrato com estabelecimentos como bingos, mas em que o serviço
prestado não diz respeito diretamente às atividades ilícitas - seguranças, pessoal de limpeza,
etc. A decisão foi unânime. (Carmem Feijó) Processo: Ag-AIRR-113-10.2021.5.13.0008
Torpeza
O relator do recurso do bingo, ministro Agra Belmonte, observou que, de acordo com a
jurisprudência do TST, quando a atividade do empregador é ilícita, não há contrato de trabalho.
É o caso, por exemplo, de apontadores do jogo do bicho, cujo serviço é inerente à atividade
ilegal. No entanto, ele explicou que existem casos em que, apesar da ilicitude do negócio, o
serviço prestado não diz respeito diretamente ao seu desenvolvimento. “ É o caso de
seguranças, faxineiros ou garçons que, casualmente, estão trabalhando em
estabelecimento ilegal, mas que poderiam perfeitamente executar o mesmo
trabalho em locais lícitos”, assinalou. Para o relator, negar a proteção do direito a esses
trabalhadores seria injusto perante a ordem jurídica, porque corresponderia a beneficiar o
empresário que atua ilegalmente, sonegando a pessoas honestas seus direitos trabalhistas. “O
empregador não pode se favorecer da própria torpeza para não arcar com as
obrigações trabalhistas”, concluiu.
Por unanimidade, a Turma deu provimento ao recurso e determinou a remessa dos autos à
Vara de Execução Penal competente.
Art. 3º, CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
• Pessoa Física- A relação de emprego só se caracteriza quando existe relação entre pessoa
física e empregador. O serviço deverá ser prestado por pessoa física ou natural, não podendo
o empregado ser pessoa jurídica.
A pessoa física deve trabalhar de forma permanente, mesmo que por um pequeno espaço de
tempo, não podendo trabalhar de forma eventual, na hora que desejar, deve ter dias certos,
hora certa de prestação de serviço.
Dessa forma, vamos ficar atentos, pois NÃO se exige exclusividade na prestação dos serviços
para que se configure a relação de emprego, o empregado pode ter mais de um empregador e,
consequentemente, mais de uma relação de emprego.
REFORMA TRABALHISTA
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá́ ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação
de trabalho intermitente.
• Onerosidade - Deve-se ter em mente que a relação de emprego é uma relação de cunho
essencialmente econômico, ou seja, a pessoa se submete as regras da relação de emprego,
emprega grande parte de seu dia, de sua força para poder receber a contraprestação pelo
serviço.
• Alteridade
Apesar do empregador não ter um controle quanto à jornada de trabalho do empregado, isso
não desconfigura a subordinação jurídica, pois de outras formas poderá ser realizada a
fiscalização. Voltando ao exemplo das costureiras, o empregador poderá controlar a produção,
a quantidade de peças, o prazo para entrega, a qualidade do produto.
Dessa forma, mesmo que o empregado não esteja nas dependências da empresa (escritor,
redator, jornalista), existem outros meios de comprovar a subordinação jurídica.
Antes da Constituição Federal de 1988 os empregados rurais não tinham os mesmos direitos
dos urbanos. Depois da promulgação ocorreu a equiparação de direitos.
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social.
Art. 7º, CLT - Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em
cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam:
Mesmo estando fora dos ditames da CLT, para que o trabalhador rural seja considerado
empregado deverá preencher os requisitos da relação de emprego (pessoa física,
pessoalidade, não eventualidade, onerosidade, subordinação e alteridade).
São considerados trabalhadores rurais aqueles que exercem funções diretamente ligadas à
agricultura e à pecuária, prestando serviço a empregador rural, em propriedade rural ou prédio
rústico.
Art. 2º, Lei 5.889/73 - Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou
prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário.
São exemplos de trabalhadores rurais, o ordenhador, o boiadeiro, o peão, tratorista, aquele que
trabalha na lavoura, etc.
O empregado doméstico desde quando a CLT foi redigida é tratado de forma diferenciada, o
legislador na década de 40, quando da elaboração da CLT, entendeu que a família não tinha
condições de arcar com todos os encargos trabalhistas tal qual as empresas. Dessa forma, o
trabalhador doméstico foi excluído da CLT.
Art. 7º, CLT - Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em
cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam:
Tendo em vista que as relações domésticas não eram regulamentadas pela CLT, foi criada
uma lei somente para os empregados domésticos, a Lei no 5.859/72, a qual foi posteriormente
revogada pela Lei Complementar 150/2015.
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Essa situação atípica do empregado doméstico durou até a Constituição Federal de 1988, o
legislador constituinte reunido chegou ao consenso que ainda não era hora de equiparar o
empregado doméstico aos demais trabalhadores.
De 1988 até hoje houve uma forte tendência de proteção e concessão ao trabalhador
doméstico, houve a promulgação da lei que estabelece o FGTS facultativo, o seguro-
desemprego, garantia de emprego à gestante, mas ainda assim buscava-se mais, até que em
2013 foi editada a Emenda Complementar no 72/2013.
Art. 1º, LC 150/2015 - Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa
à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por
semana, aplica-se o disposto nesta Lei.
Cabe observar que o empregado doméstico não pode prestar serviços para pessoa jurídica,
pois, nesse caso, seria considerado empregado regido pela CLT. Assim, não poderá estar
inserido na atividade lucrativa da família. É o caso de uma família que em sua residência
prepara e vende marmitas, eles contratam uma pessoa para ajudar a cozinhar. Esse
trabalhador será empregado normal e não doméstico.
A Lei dos domésticos prevê que o serviço seja prestado de forma contínua para a
caracterização da relação de emprego, isso quer dizer, no mínimo, 3 vezes por semana.
Até a promulgação da EC 72/2013 a legislação não previa um limite para a jornada de trabalho
do empregado doméstico. Com o advento da referida Emenda, a jornada de trabalho dos
domésticos passou a ser como de todos os demais trabalhadores urbanos e rurais: de, no
máximo, 8h diárias e 44h semanais. Sendo obrigatório o registro de horário.
EMPREGADO DOMÉSTICO
Art. 7º, Parágrafo único, CF/88 - São assegurados à categoria dos trabalhadores
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
a) Salário mínimo;
b) Irredutibilidade do salário;
g) Licença-paternidade de 5 dias;
h) Aviso-prévio;
i) Aposentadoria.
Novos direitos do empregado doméstico previstos no art. 7o, parágrafo único da CF/88
e) Redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de higiene, saúde e
segurança;
exemplo, o adicional noturno, intervalos para descanso e alimentação etc. Outros direitos
só passaram a ser usufruídos pelos empregados domésticos a partir de outubro de
2015: FGTS, seguro-desemprego, salário-família.
Jurisprudência do TST
Horas extras
Controle de jornada
Presunção de veracidade
Na sentença, o juízo da 7ª Vara do Trabalho de Aracaju destacou que “uma vez alegado o
trabalho extraordinário e não apresentado os controles de ponto, é de se presumir
verdadeira a jornada declinada na petição inicial” e determinou o pagamento de parte
das horas extras reivindicadas pela trabalhadora, após análise de documentos
apresentados no processo e de depoimentos de testemunhas.
§ 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento
do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a
freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino
fundamental. (Incluído pela Lei nº 11.788, de 2008)
Art. 7º, XXXIII, CF/88 - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos.
Aprendiz e Estagiário
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Vamos ter cuidado para não confundir aprendiz com estagiário, o estagiário não é empregado,
é bolsista, não tem direito nenhum. A Lei que regulamenta o estagiário é a Lei no 11.788/08.
Para ser estagiário tem que preencher alguns requisitos, tem que ter convênio com a instituição
de ensino, avaliações periódicas de desempenho e, ainda, estar a serviço exatamente na área
de formação.
Por fim, o aprendiz tem direito ao FGTS, mas no montante de 2% sobre a remuneração.
Diferente do que ocorre com o empregado que tem direito a 8% sobre a remuneração.
APRENDIZ
FGTS 2%
O trabalhador estatutário não é objeto de estudo das aulas de Direito do Trabalho, pois ele não
é regido pela CLT e, sim, por um estatuto próprio dos servidores públicos (Lei no 8.112/1991 no
âmbito Federal), tendo um contrato administrativo com a Administração Pública.
1.1.3.6. Teletrabalho
O teletrabalho, sem dúvidas, é uma das maiores novidades da Reforma Trabalhista, pois veio
preencher uma lacuna na CLT. O teletrabalho é uma forma de trabalho realizado à distância
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(em casa ou fora do local de trabalho), através dos mais diversos meios de interação
tecnológica como, por exemplo, computadores tablets, celulares etc.
REFORMA TRABALHISTA
Art. 75-B. Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das
dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de
tecnologias de informação e de comunicação, que, por sua natureza, não configure
trabalho externo. (Redação dada pela Lei nº 14.442, de 2022)
...............................
........................
§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que
haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.
Art. 75-F. Os empregadores deverão dar prioridade aos empregados com deficiência e
aos empregados com filhos ou criança sob guarda judicial até 4 (quatro) anos de idade
na alocação em vagas para atividades que possam ser efetuadas por meio do
teletrabalho ou trabalho remoto. (Incluído pela Lei nº 14.442, de 2022)
1.2. EMPREGADOR
Como a CLT é muito antiga, quando ela falar empresa individual lemos pessoa física e quando
tratar de empresa coletiva entendemos pessoa jurídica.
A CLT traz, ainda, o conceito de empregador por equiparação. Dessa forma, os profissionais
liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas e outras instituições sem
finalidade lucrativa, também são considerados empregadores para os efeitos da relação de
emprego.
Cabe ao empregador gerir os seus negócios da melhor forma possível. Observa-se que se o
empregador não está obrigado a dividir os lucros com seus trabalhadores, também não poderá
descontar neles um eventual prejuízo. Já estudamos essa situação, é o chamado princípio da
alteridade.
O poder de direção do empregador representa a forma como ele administra seus negócios,
comandando a prestação dos serviços, controlando seus empregados, e até punindo-os se
necessário. O poder diretivo do empregador é dividido pela doutrina em três aspectos:
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O empregador, dentro do poder de organização, poderá expedir normas gerais, por meio do
regulamento da empresa. É o que chamamos de poder regulamentar. Vale ressaltar que dentro
do poder regulamentar, o empregador deverá respeitar as normas mínimas do Direito do
Trabalho.
Sendo assim, o regulamento da empresa será a “lei interna”, devendo ser respeitado por todos
os funcionários. Entretanto, se o empregador quiser modificar esse regulamento, não poderá
causar prejuízo aos empregados, do contrário essa alteração será considerada nula, sem
efeitos. A alteração somente valerá para os novos empregados contratados depois da
alteração.
O poder de controle consiste na fiscalização pelo empregador das atividades dos seus
empregados, ou seja, verificar se as tarefas estão sendo cumpridas, a execução da jornada de
trabalho, a prestação de contas, o controle de produção, de estoque, etc.
Jurisprudência do TST
O caso tem origem em reclamação trabalhista ajuizada por um vigilante que prestara serviço
por cinco meses na UFU e fora demitido depois de, notificado, se recusar a retirar o
cavanhaque. A informação chegou ao MPT, que decidiu instaurar inquérito para apurar a
existência de discriminação estética.
Para o relator do recurso de revista do MPT, ministro Mauricio Godinho Delgado, essa
disposição regimental indica condição discriminatória quanto à imagem pessoal dos
empregados e representa conduta inconstitucional da empresa e da universidade. O
ministro observou que o fato de apenas um empregado ter se insurgido contra a exigência não
retira o caráter de discriminação da norma interna. Para Godinho, a indenização é cabível,
como medida punitiva e pedagógica, diante da ilegalidade praticada.
1) Advertência
A advertência não está prevista em lei, mas é amplamente aceita pela doutrina e
jurisprudência. É a penalidade mais leve, representa um alerta ao empregado. Vale observar
que ela não pode constar na CTPS (Carteira de Trabalho), pois caracteriza anotação
desabonadora.
2) Suspensão disciplinar
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O empregado ficará afastado pelo tempo previsto, sem que receba a contraprestação (salário),
pois não houve prestação de serviços durante aquele tempo. É importante ressaltar que a
suspensão não poderá ser superior a 30 dias.
O empregador deverá aplicar a penalidade no momento que ela ocorreu ou no momento que
ficar ciente, pois passado um longo período ocorrerá o perdão tácito.
Ainda, não pode o empregador aplicar duas penalidades para o mesmo fato, se foi aplicada
uma suspensão não pode o empregador ao final aplicar a justa causa.
REFORMA TRABALHISTA
Art. 2º, § 2o, CLT - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação
de emprego.
Grupo econômico: A empresa “A” existe, tendo seu contrato social, sua sede, CNPJ e seus
empregados. A empresa “B” existe, tendo seu contrato social, sua sede, CNPJ e seus
empregados. A empresa “C” existe, tendo seu contrato social, sua sede, CNPJ e seus
empregados. A empresa “D” existe, tendo seu contrato social, sua sede, CNPJ e seus
empregados.
Assim, todas as empresas que formam o grupo econômico serão solidariamente responsáveis
pelo adimplemento das obrigações decorrentes do contrato de trabalho celebrado pelo
empregado com qualquer uma delas. O trabalhador que tenha algum crédito trabalhista com
seu empregador direto, poderá exigir tanto dele quanto das demais empresas do grupo
econômico.
Sempre que uma empresa sucede a outra no mesmo local, em regra, desenvolvendo a mesma
atividade, sem solução de continuidade, utilizando os mesmos maquinários, os mesmos
equipamentos, a mesma clientela e os mesmos empregados, a isso dar-se o nome de
sucessão de empregadores, que nada mais é do que a transferência da titularidade de uma
pessoa para outra.
Art. 10, CLT - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos
adquiridos por seus empregados.
Para que seja configurada a sucessão de empregadores devem ser preenchidos dois
requisitos, quais sejam:
REFORMA TRABALHISTA
Art. 448-A, Parágrafo único, CLT - A empresa sucedida responderá solidariamente com a
sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência.
Jurisprudência do TST
Para o ministro Alexandre Ramos, relator do recurso de revista do Boticário, as relações entre
a empresa e a franqueada são regulares. Ele explicou que, pelas características específicas
previstas em lei, o contrato regular de franquia não se confunde com o contrato de
terceirização de serviços, em que o tomador se beneficia diretamente dos empregados
da prestadora. Segundo ele, o objeto da relação de franquia não é a simples arregimentação
de mão de obra, mas a cessão de direito do uso da marca ou da patente. O ministro ressaltou
que, de acordo com a jurisprudência do TST, a existência de contrato de franquia não
transfere à empresa franqueadora a responsabilidade subsidiária pelas obrigações
29
trabalhistas descumpridas pela franqueada, a não ser que haja desvirtuamento do contrato
ou seja evidenciada fraude ou terceirização típica.
REFORMA TRABALHISTA
I - a empresa devedora;
II - os sócios atuais; e
Parágrafo único.
É um contrato de direito privado o qual empregado e empregador são livres para estabelecer
as cláusulas contratuais, desde que respeitem as normas mínimas de proteção ao trabalhador.
b) Informal
A informalidade prevalece no contrato de trabalho (pode ser até verbal), essa é a regra, mas
tem exceções: existem contratos em que a forma escrita é essencial. Exemplo: contrato por
tempo determinado, de jogadores de futebol, contratos de aprendizagem.
c) Bilateral e Sinalagmático
É bilateral, pois gera direitos e obrigações para ambas as partes. É sinalagmático, pois as
partes se obrigam a prestações recíprocas e antagônicas. O direito de uma parte é a obrigação
da outra e vice-versa.
O empregado deve prestar os serviços pessoalmente, não pode mandar outra pessoa trabalhar
em seu lugar. Com relação ao empregador rege a impessoalidade.
e) Consensual
30
CRÍTICA
Com a reforma trabalhista, o contrato de trabalho está cada vez mais parecido com o contrato
de adesão.
f) De Trato Sucessivo
g) Oneroso
Os elementos essenciais ao contrato de trabalho são aqueles previstos no Código Civil, quais
sejam: capacidade das partes; licitude do objeto e forma prescrita ou não defesa em lei.
I - agente capaz;
a) Agente capaz
Art. 402, CLT - Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de
quatorze até dezoito anos.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
A prestação de serviços não poderá envolver atividade ilícita. Dessa forma, para que o contrato
de trabalho se desenvolva de forma válida a prestação de serviços deve ser lícita. O trabalho
proibido é aquele que prejudica a saúde e a segurança do obreiro, desrespeitando normas de
segurança e medicina do trabalho. É o caso dos menores que trabalham em carvoaria, por
exemplo. Nesses casos, reconhece-se o vínculo de emprego e são devidas as verbas
rescisórias. No que tange ao trabalho ilícito, é considerado como tal, a prestação de serviços
31
que afronta a lei penal. Na hipótese de trabalho ilícito não se configura a relação de emprego,
assim, não há o que se falar em pagamento das verbas rescisórias. Exemplo: o cambista no
jogo do bicho.
Art. 443, CLT - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado,
ou para prestação de trabalho intermitente.
O contrato de trabalho tanto pode ser formal como informal, escrito ou verbal.
CONTRATO DE TRABALHO
COMO ERA:
A não assinatura da CTPS é uma mera irregularidade, não quer dizer que não exista o contrato
verbal. O contrato de trabalho pode ser verbal, mas a CLT entende que o empregador deverá
assinar a carteira de trabalho no prazo de 48 horas.
COMO FICOU:
Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em
relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as
condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da
Economia. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
32
Os contratos por prazo indeterminado são aqueles que não têm um termo final prefixado, se
prolongam com decorrer do tempo.
Presume-se que os contratos de trabalho, como já dito, sejam fixados por prazo indeterminado,
somente em certas ocasiões que a Lei autoriza a pactuação de contratos por prazo
determinado.
Nos contratos por prazo determinado autorizados pela CLT, a própria empresa contrata
diretamente o trabalhador. Todo contrato por prazo determinado tem um termo final prefixado,
se não for um termo exato, há uma previsão aproximada de quando esse contrato vai terminar.
Art. 443, § 2º, CLT - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
c) de contrato de experiência.
No caso da alínea “b”, a própria empresa que tem caráter transitório. Exemplo: empresas que
só funcionam no verão, em alta temporada.
No caso da alínea “c”, trata-se do contrato de experiência, que nada mais é do que uma
modalidade de contrato por prazo determinado.
Comprovação de Experiência
Art. 442-A, CLT. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a
emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no
mesmo tipo de atividade.
33
O empregador na hora de contratar o empregado não pode exigir que ele tenha experiência
superior a SEIS meses.
O prazo máximo de validade do contrato de trabalho por prazo determinado é de 2 anos, se for
contrato de experiência o prazo máximo é de 90 dias.
Art. 445, CLT - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado
por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451.
Tendo o contrato de trabalho por prazo determinado vigorado por 2 anos NÃO será possível a
prorrogação. A mesma coisa ocorre com o contrato de experiência, passado os 90 dias não
tem como prorrogá-lo.
Assim, para que prorrogação seja lícita tem que estar dentro do prazo máximo de validade do
contrato.
Dentro do prazo máximo de validade, o contrato por prazo determinado, só admite UMA
PRORROGAÇÃO, da segunda prorrogação em diante já se considera contrato com prazo
indeterminado.
Art. 451, CLT - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou
expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de
prazo.
Entre o final de um contrato por prazo determinado e o início de um outro contrato por
prazo determinado com o mesmo empregador TEM QUE DECORRER MAIS DE SEIS
MESES, sob pena do segundo contrato ser considerado um contrato com prazo
indeterminado.
Prazo para contratação pro prazo determinado após o término de contrato anterior que
também era por prazo determinado
Art. 452, CLT - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro
de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, SALVO se a expiração deste
dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos
acontecimentos.
Exceção: um empregado foi contratado com prazo determinado primeiramente para as festas
de final de ano (1o acontecimento), depois foi contratado novamente para a semana santa (2o
acontecimento), depois, ainda, foi contratado para as festas juninas (3o acontecimento).
No que se refere ao aviso prévio, é um instituto decorrente dos contratos por prazo
indeterminado. Aquele que desejar romper um contrato de trabalho por prazo indeterminado
terá que conceder aviso prévio à parte contrária.
Nos contratos por prazo determinado, se ele foi cumprido regularmente NÃO HÁ que se falar
em AVISO PRÉVIO, pois as partes já sabiam desde o início quando o contrato iria terminar.
Por outro lado, imaginemos uma situação hipotética em que existia um contrato por prazo
determinado de dois anos, mas com 1 ano e 6 meses o empregador decide rescindir o
contrato sem um motivo justo. Nesse caso, a título de indenização aplica-se o art. 479 da
CLT, a multa rescisória será de metade dos salários devidos até o final do contrato.
Art. 479, CLT - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa
causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de indenização, e por
metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato.
Agora, imaginemos um contrato por prazo determinado de dois anos, só que com 1 ano e 6
meses o empregado decide rescindir o contrato sem um motivo justo. Nesse caso, aplica-
se o art. 480 da CLT que estabelece que, se houver rompimento sem justa causa do
empregado, ele deverá indenizar o empregador dos prejuízos porventura causados.
Art. 480, CLT - Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do
contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos
prejuízos que desse fato lhe resultarem.
§ 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado
em idênticas condições.
Se porventura nos contratos por prazo determinado existir a cláusula assecuratória do direito
recíproco de rescisão ou vulgarmente conhecida cláusula do aviso prévio, devemos esquecer
os arts. 479 e 480 e aplicaremos as regras dos contratos por prazo indeterminado.
Sendo o empregador a romper, deverá pagar o aviso prévio e multa de 40% do FGTS. Sendo o
empregado a romper não pagará multa, mas deverá conceder o aviso prévio ao empregador.
No fundo essa cláusula só assegura o aviso prévio.
Cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão ou cláusula do aviso prévio (art. 481 da
CLT):
Art. 481, CLT - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem CLÁUSULA
ASSECURATÓRIA DO DIREITO RECÍPROCO DE RESCISÃO antes de expirado o termo
ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios
que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
Muitas pessoas acham que seu surgimento ocorreu com a CF/88, na verdade foi através da
Carta magna que o dano moral passou a ter grande notoriedade, senão vejamos:
Art. 5º X "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação".
Na verdade o dano moral é bem mais antigo e vem com a CLT que é de 1943:
35
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador
e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
Despedida Indireta
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato
lesivo da honra e boa fama;
A CLT já trazia a previsão de despedida com justa causa a ofensa moral, acontece que a
mesma não era indenizável.
Trata-se de uma infração de uma obrigação acessaria do contrato de trabalho, sendo assim, a
competência para julgamento é da justiça do trabalho.
Art. 114 CF/88 Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Um irmão, empresário, contrata o outro irmão para trabalhar em sua empresa. Acontece que há
um desentendimento entre ambos e o irmão empresário despede o outro e diz que ele sempre
foi a “ovelha negra da família” e que sua contratação ocorrerá em virtude de um pedido de sua
mãe. Neste caso a origem do dano moral não foi a relação trabalhista e sim a relação familiar.
Neste caso a competência seria da justiça comum.
Embora a situação seja bem menos comum, é possível que o empregador acione a Justiça do
Trabalho em busca da reparação por dano moral causado pelo empregado no âmbito da
relação de trabalho. Isso é possível, por exemplo, em casos em que o trabalhador divulgue
informações sigilosas ou desabonadoras sobre a empresa, ou é responsável pelo
vazamento de segredo industrial, ou, de alguma forma, afete a reputação do empregador.
36
Em abril de 2010, o TST julgou um caso desse tipo: um veterinário foi condenado a indenizar
uma empresa agropecuária em R$ 1 mil pela cobrança indevida de valores a clientes que
não estavam inadimplentes, causando prejuízo à imagem da empresa. Em Minas Gerais, o
Santander ganhou ação contra um caixa demitido por efetuar saques de benefícios
previdenciários de terceiros, e foi indenizado em R$ 1 mil.
Jurisprudência do TST
Por sua vez, o hospital alegou que não tinha a obrigação de fornecer ambiente para os
funcionários dormirem e negou que eles fossem impedidos de deixar o hospital.
Segurança
Ao TST, a Pronil insistiu que não havia impedimento à saída dos empregados, mas apenas
uma orientação nesse sentido por questão de segurança - já que a região em que o hospital
está localizado é área de risco, “uma localidade altamente perigosa e tomada pela
criminalidade”.
Para o relator do agravo pelo qual a Pronil pretendia rediscutir o caso, ministro José Roberto
Pimenta, a conduta de proibir os empregados de sair do local de trabalho durante o intervalo
intrajornada “indubitavelmente fere seu direito à liberdade de locomoção”, além de extrapolar
seu poder diretivo.
Aprovado em seleção interna, ele teve promessa de que emprego seria preservado
mesmo se novo setor não tivesse demanda
Na ação, o profissional relatou que fora aprovado em processo seletivo interno para
implantação de um novo setor da empresa em Campinas (SP), com desempenho de
outra função. Contudo, sua expectativa de crescimento profissional foi frustrada com a
dispensa dois meses depois da promoção. Ao pedir a indenização, ele sustentou que
fora incentivado a participar do processo, com a promessa de que teria muito trabalho
por dois anos e que, caso o setor novo não prosperasse, seria remanejado ou retornaria
à função originária.
Conduta abusiva
Para o relator, a conduta da empresa foi abusiva, entre outros motivos, causou sofrimento ao
trabalhador relacionado à expectativa criada no âmbito familiar. Além disso, acarretou
sentimento de frustração diante da ausência da fonte de sustento financeiro e da saúde mental
que o trabalho propicia.
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Queda
A empregada era contratada pela Top Service para prestar serviços à Eletropaulo
Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. De acordo com relato da trabalhadora, ela
estava em cima de escada, limpando porta de aço com vidro, quando a escada
escorregou. Com a queda brusca, ela deslocou o ombro direito e precisou ficar afastada
pelo INSS por dois meses.
Segundo a auxiliar, a escada não tinha borrachas antiderrapantes nos pés e ela não foi
treinada para limpar locais altos com escadas. No dia do acidente, a trabalhadora disse
que havia questionado seu supervisor sobre o risco de acidente, mas ele disse que “era
para fazer mesmo assim”.
Negligência
Assim, a desembargadora disse que a tese da culpa exclusiva da vítima somente se aplica
quando ficar demonstrado que, apesar de a empresa ter cumprido todos os procedimentos de
segurança, a empregada, por conduta equivocada e imprevisível (ou seja, não passível de
prevenção e neutralização), escolhe realizar procedimento inseguro, dando causa ao acidente.
Escada desgastada
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No caso, porém, segundo a redatora, a decisão do TRT reproduz depoimentos que revelam
que a escada estava desgastada e que a empregada teria posto um pano molhado
embaixo, "para dar mais firmeza", e se acidentado. “Se a empresa não se desvencilhou da
obrigação de oferecer equipamento necessário ao trabalho em condições adequadas e tornar
indisponíveis equipamentos danificados, evitando seu uso, não pode imputar à empregada a
culpa pelo acidente”, afirmou.
O dono de um lava-jato de Campo Grande (MS) terá de pagar indenização por danos morais
coletivos no valor de R$ 100 mil em razão da morte de um empregado de 17 anos causada
pela manipulação indevida do compressor de ar. A decisão é da Primeira Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, para quem a tragédia ocorrida com o jovem representou lesão
aos interesses e aos direitos de toda a coletividade.
“Brincadeira”
Segundo a imprensa local, a causa da morte seria uma hemorragia interna no esôfago,
que teria rompido com a entrada do ar comprimido.
Homicídio
Contratada como auxiliar de loja em 2010, a empregada passou a ser assediada a partir
de 2015 com a chegada de um novo gerente. Segundo seu relato, ele se aproveitava da
situação para dar investidas, como convidá-la para festas e bares, oferecer caronas,
persegui-la no local de trabalho e forçar contatos físicos sem consentimento (abraços,
passar a mão no cabelo, na cintura, etc).
41
Na petição inicial, ela ainda destaca que, mesmo pedindo para que o gerente parasse, ele
continuava a importuná-la. Também disse ter registrado denúncias na ouvidoria da
empresa, sem, no entanto, observar nenhuma providência para cessar o assédio.
Extensão do dano
O valor arbitrado, então, foi questionado pela empresa ao TST. O relator do recurso, ministro
Mauricio Godinho Delgado, defendeu que, em se tratando de assédio sexual no trabalho, é
ainda mais relevante a responsabilização pela afronta moral sofrida.
A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou o Banco Santander (Brasil) S.A.
a pagar indenização de R$ 100 mil a um gerente vítima de assaltos nas proximidades de
agência em que trabalhava em São Paulo (SP). Num dos episódios, ele chegou a ser
sequestrado e mantido sob a mira de arma de fogo, com constantes ameaças a ele e à família.
Para o colegiado, o dano decorreu exclusivamente da sua condição de responsável pela
agência.
Assaltos
Na reclamação trabalhista, o bancário disse ter sido vítima de dois assaltos. O primeiro ocorreu
em 2016, quando estava lotado numa agência em local cercado de favelas, onde já havia
ocorrido explosão de caixas eletrônicos e trocas de tiros. Nesse episódio, ele ficou 30 minutos
sob a mira de armas no interior de seu carro.
Ainda de acordo com seu relato, uma semana depois sua casa foi invadida, e seu computador
e alguns objetos pessoais foram furtados. Segundo ele, a invasão se dera para cumprimento
das ameaças de morte, porque ele se recusara a colaborar com os criminosos no assalto à
agência.
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Casa nova
Na ocasião, ele e a família já estavam num hotel, onde permaneceram por cerca de seis
meses. Depois disso, disse que teve de contrair dívida para comprar outro imóvel e não teve
mais coragem de voltar à casa antiga, que ficou abandonada e teve seu valor depreciado.
Além da reparação por danos morais, ele requereu, a título de danos materiais, indenização
pela compra do imóvel e pelas despesas decorrentes.
A Seara Alimentos Ltda. foi condenada pela Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho
ao pagamento de indenização, no valor de R$ 5 mil, a um empregado que, durante revista
pessoal e corporal, teve o corpo apalpado por segurança da empresa. A decisão segue o
entendimento do TST de que a revista realizada mediante contato físico extrapola os
limites do poder diretivo do empregador.
Alarme
O profissional iniciou suas atividades na empresa em 2003, e, quando foi dispensado em 2014,
era operador de produção. Na reclamação trabalhista, ele disse que, caso soasse o alarme do
detector de metais, era obrigado a passar por revista física e nas sacolas ou mochilas.
Segundo ele, diversas vezes teve de erguer a camiseta e mostrar a barriga na frente das
pessoas que estivessem no local. A situação, a seu ver, gerava humilhação e externava
discriminação.
Em depoimento, uma testemunha afirmou que a revista era feita na saída pela segurança e
pelos encarregados, que apalpavam o corpo dos empregados na busca de desvio de
mercadorias. Por outro lado, a testemunha da empresa relatou que nunca fora revistada.
Limites
A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Via Varejo S.A. (que reúne as
redes Casas Bahia e Ponto) a pagar reparação de R$ 5 mil a um técnico de montagem de
móveis que era cobrado pelo chefe de forma agressiva e ridicularizado em razão de sua
condição física. Para o colegiado, houve desrespeito a princípios como o da inviolabilidade
psíquica do empregado.
“Tá fraco”
O montador foi contratado em 2001 para trabalhar para uma loja das Casas Bahia em
Dourados (MS). Na reclamação trabalhista, ele disse que seu chefe praticava um tipo de
cobrança agressivo e o tornava alvo de chacota por ser muito magro, com frases como "e aí,
magrelo, tá fraco, não vai dar conta do recado". A situação, segundo ele, caracterizava assédio
moral, porque era recorrente.
O juízo de primeiro grau deferiu reparação por danos morais no valor de R$ 5 mil. Mas, para o
Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (MS), a expressão “magrelo”, utilizada “no
contexto de exercer pressão”, não poderia ser considerada como extrapolação dos limites do
poder do empregador. Embora reconhecendo que se tratava de uma forma inadequada de
liderança, o TRT entendeu que não se tratava de abuso individual e diferenciado nem de
pressão exagerada a ponto de caracterizar o assédio.
Apelido depreciativo
O relator do recurso de revista do montador, ministro Mauricio Godinho Delgado, observou que,
se as agressões morais eram corriqueiras, repetidas e generalizadas no estabelecimento de
trabalho, sem que tenha havido censura e punição, o empregador se torna responsável pela
indenização correspondente. No caso específico, o depoimento de uma testemunha detalhou
que a cobrança pela execução do serviço era feita com o uso de apelido depreciativo sobre
uma característica física do trabalhador, em forma de chacota e provocação.
Segundo o relator, não podem ser admitidas técnicas de motivação que submetam o ser
humano ao ridículo e à humilhação. A seu ver, as situações vivenciadas pelo montador
atentaram contra a sua dignidade, a sua integridade psíquica e o seu bem-estar individual -
“bens imateriais que compõem seu patrimônio moral protegido pela Constituição”, justificando a
reparação moral. A decisão foi unânime.
Por maioria de votos, a Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o exame do
recurso da Oi S.A. contra a condenação ao pagamento de indenização a um técnico de
manutenção dispensado por telefone. Um dos pontos considerados pelo colegiado foi
o fato de que o contrato já durava mais de sete anos, o que revela certa
estabilidade na relação e reforça a presunção de confiança entre as partes.
Humilhação
O juízo de primeiro grau julgou improcedente o pedido de indenização. Mas, para o Tribunal
Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), a comunicação fria da ruptura contratual é capaz de
gerar sentimentos de humilhação, dor e insegurança ao empregado. Assim, reformou a
sentença e condenou as empresas ao pagamento de R$ 10 mil de reparação.
Frieza
No julgamento do recurso de revista da Oi, prevaleceu o voto do ministro Cláudio Brandão, que
destacou que todo relacionamento rompido de forma unilateral envolve dissabores e
questionamentos. No caso especial do vínculo de emprego, há ainda a insegurança do
trabalhador de perder renda, a incerteza de conseguir nova colocação num mercado de
trabalho cada vez mais restrito e competitivo, além de todas as repercussões nas esferas
patrimonial, pessoal e familiar do trabalhador.
Dessa forma, ele considera razoável esperar que o empregador tome certos cuidados ao
comunicar a ruptura do contrato, a fim de minimizar os efeitos negativos da decisão na vida do
empregado. “Se não for possível, em razão das peculiaridades da situação, pode-se
suavizar a frieza do contato telemático com a escolha das melhores palavras, da melhor
oportunidade e até da ferramenta mais adequada”, assinalou.
Confiança
O ministro destacou, ainda, que o contrato já durava mais de sete anos, fato que revela certa
estabilidade na relação e reforça a presunção de confiança entre as partes. “A dispensa por
telefone, sem elementos que justifiquem sua necessidade ou demonstrem que, de
alguma outra forma, a empresa teve o cuidado de minimizar os impactos da notícia,
caracteriza o dano moral passível de reparação”, concluiu.
circunstâncias do caso configuraram a chamada perda de uma chance, pois a busca por novo
emprego para o mesmo período seria restrita.
Dispensa
O professor, que dava aulas no curso de Direito, foi contratado pela instituição de ensino em
2006 e dispensado em 17/1/2018. Na reclamação trabalhista, ele sustentou que a dispensa
ocorrera um mês antes do início das aulas e, com isso, teria perdido a chance de ser
contratado em outro centro universitário, pois as contratações de professores normalmente
ocorrem em dezembro. Segundo ele, seria difícil encontrar novo emprego em Blumenau,
pois não haveria muitas vagas para a docência em nível superior na cidade.
Perda de uma chance
O relator do recurso de revista do professor, ministro Cláudio Brandão, destacou alguns fatos
comprovados no processo: a vigência do contrato por 12 anos, a dispensa em data próxima ao
início do semestre letivo e o fato de, no fim de 2017, a empresa já ter confirmado as datas e as
matérias que o professor iria lecionar no primeiro semestre de 2018. “Isso evidencia a
frustração da expectativa de manutenção do vínculo de emprego, por ato da instituição de
ensino”, afirmou.
Instituição não terá de indenizar professora por uso de vídeo aulas após
fim do contrato ( TST 09/02/22)
A professora disse, na reclamação trabalhista, que ajustara com o Iesd contrato de cessão de
edição, de direitos autorais e de uso de imagem para a gravação de videoaulas da disciplina
Psicologia Educacional e a elaboração de uma apostila para um Curso Normal a Distância
(CND), composto de 100 aulas. Mas, segundo ela, o contrato acabara em dezembro de 2002, e
46
o material foi reutilizado em julho de 2008 sem sua autorização. Ela disse, ainda, que o uso de
conteúdo desatualizado causaria lesão à sua imagem e à sua honra.
Direitos autorais
No caso, o relator destacou que, segundo registrou o TRT, havia cláusula contratual expressa
por meio da qual a professora cedia, em caráter definitivo, todos os direitos patrimoniais
relativos ao material didático, com anuência de divulgação a qualquer tempo, sem depender de
pagamento.
Eletricista que sofreu queimaduras no corpo vai ser indenizado por danos
a projeto de vida Os graves danos comprometeram a vida pessoal e
profissional do empregado. TST/23/08/19
A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho fixou em R$ 240 mil a indenização a ser paga
pela Nova Palma Energia Ltda., do Rio Grande do Sul, a um eletricista que teve o corpo
gravemente queimado em decorrência de choque elétrico.
Segundo a Turma, o valor arbitrado nas instâncias anteriores, de R$ 120 mil, era
desproporcional ao dano sofrido pelo empregado, que teve 70% do corpo atingido pelas
queimaduras.
Aliás, entende-se de forma particular, que a Justiça do Trabalho caminha em passos largos
para admitir a competência em relação aos danos morais, até mesmo em fase pré-contratual,
contratual, e pós-contratual.
Pré contratual
* Candidato a emprego passa por todas as fases da seleção e sem um motivo plausível não é
contratado;
Pós-contratual
TÍTULO II-A
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham
colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da
omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do
ofendido; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
29/06/23 - O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o tabelamento das indenizações por
dano extrapatrimonial ou danos morais trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) deverá ser observado como critério orientador de fundamentação da decisão
judicial. Isso não impede, contudo, a fixação de condenação em quantia superior, desde que
devidamente motivada.
Tabelamento
O tema foi questionado no STF em três Ações Diretas de Inconstitucionalidade: ADI 6050, de
autoria da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), ADI 6069, do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e ADI 6082, da Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI).
O relator das ações, ministro Gilmar Mendes, observou que, de acordo com a jurisprudência do
STF e dos Tribunais Superiores, a lei não pode prever valores máximos de dano moral, seja no
âmbito das relações trabalhistas, seja no da responsabilidade civil em geral. Contudo, a seu
ver, a mudança legislativa não esvaziou, mas apenas restringiu a discricionariedade judicial a
partir da listagem de critérios interpretativos a serem considerados na quantificação do dano.
Livre convencimento
Na avaliação do relator, esses parâmetros legais objetivos podem balizar o livre convencimento
do juiz. Por outro lado, o tabelamento o impediria de traduzir, de forma plena, a dor e o
sofrimento da vítima em montante superior ao teto estabelecido na lei.
Ainda de acordo com o relator, o magistrado deverá fazer uma interpretação íntegra do
ordenamento jurídico brasileiro e aplicar supletivamente aos casos trabalhistas o Código Civil,
desde que não contrarie o regime da CLT.
Jurisprudência do TST
Ele sustentou a ilegalidade da sua demissão porque esse critério seria “indisfarçável
discriminação pela idade”. Pleiteou a reparação por danos morais e o pagamento em dobro da
remuneração devida de todo o período desde a data da sua demissão.
Fonte de renda
A empresa, por sua vez, sustentou que a política de dispensa levou em consideração o menor
impacto social da medida, uma vez que apenas foram desligados empregados que já tinham
direito adquirido à aposentadoria e, portanto, já teriam garantida uma fonte de renda
permanente.
Discriminação
O relator, ministro Mauricio Godinho Delgado, acolheu o recurso do trabalhador, por entender
que o critério de dispensa constituiu discriminação em razão da idade. Ele lembrou que a
Lei 9.029/1995 veda a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de
acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, e
idade, entre outros. No mesmo sentido, a CLT veda recusar emprego ou promoção ou motivar
a dispensa do trabalho por esses motivos. A decisão foi unânime. (Bruno Vilar/CF)
Processo: Ag-ARR-21064-63.2016.5.04.0812
14/03/22 - A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou o Banco Bradesco S.A.
e a Bradesco Vida e Previdência ao pagamento de indenização por danos existenciais de R$
50 mil a uma vendedora de seguros que, durante 17 anos de prestação de serviços, nunca
teve direito a usufruir férias. Na decisão, o colegiado destacou que a supressão integral das
férias durante todo esse período dispensa a demonstração dos danos dela decorrentes.
Pessoa jurídica
pessoa jurídica para continuar a prestação de serviço, com despesas pagas pelo banco.
Assim permaneceu até que, em novembro de 2017, foi dispensada por não ter aceitado assinar
um novo tipo de acordo.
24/05/22 - A Serede - Serviços de Rede S.A., de Curitiba (PR), foi condenada a pagar
indenização de R$ 10 mil a um instalador de linha telefônica por dano existencial. A
decisão é da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que considerou excessiva e
desarrazoada a jornada de 12 horas diárias de trabalho, agravada pelo exercício de
atividade perigosa em sistema elétrico de potência.
O ministro explicou que o dano existencial se configura pelo real comprometimento do tempo
útil de disponibilidade que todo indivíduo livre deve ter para suas atividades pessoais, familiares
e sociais.
Atividade perigosa
Ela teve de trabalhar desde os sete anos de idade sem ter tido a oportunidade de estudar.
8/7/2022 - A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por unanimidade, manter a
condenação de uma ex-professora e de suas duas filhas ao pagamento de indenização de R$
1 milhão a uma empregada doméstica que, durante 29 anos, foi submetida a condições
degradantes de trabalho, análogas à escravidão. Ela teve de trabalhar desde os sete anos de
idade sem ter tido a oportunidade de estudar. Ao negar o recurso de revista das empregadoras,
o colegiado determinou a expedição de ofício ao Ministério Público Federal para que investigue
o caso.
“Futuro promissor”
Na reclamação trabalhista, a trabalhadora disse que, aos sete anos de idade, foi levada de
Curitiba (PR) para morar na casa da patroa, em São Paulo (SP), sob a falsa promessa de ser
integrada à família, que daria a ela a oportunidade de um futuro promissor e de um lar.
Entretanto, ela foi privada de brincar e de estudar e obrigada a fazer faxina, lavar roupas,
preparar as refeições, cuidar dos animais de estimação, servir de babá das filhas e, mais tarde,
de cuidadora do casal, trocando fralda geriátrica, as roupas de cama e ministrando medicação.
Colchão no banheiro
Ainda de acordo com a ação, a trabalhadora dormia na área de serviço. Nos dias de chuva e
ventos, colocava o colchão no chão do banheiro localizado nos fundos da residência. Quando
passou a cuidar do esposo da patroa com Alzheimer, dormia no chão do escritório.
Descontos
Dos sete aos 11 anos, disse que trabalhou sem nenhum direito, e somente aos 18 anos teve a
carteira de trabalho anotada com um salário que não recebia integralmente, pois eram
descontados todos os produtos usados por ela e até mesmo o valor de multas por não ter ido
votar, sendo que nunca a deixaram exercer esse direito.
Trancafiada
Segundo sua descrição, ela só podia sair de casa para acompanhar a patroa ao supermercado
ou a consultas médicas. Fora dessas situações, as portas eram trancafiadas. Em 2016,
29 anos depois de ter sido levada para a família, conseguiu escapar e retomar a sua liberdade.
“Parte da família”
Privada de educação
O ministro Lelio Bentes Correa lembrou que a situação é muito comum: as famílias, a pretexto
de receber crianças e adolescentes em situação vulnerável, acabam as submetendo a
situações incompatíveis com os primados da dignidade do ser humano. “O que se vê é nada
mais do que a pura e simples exploração, com gravíssimas consequências sociais”, asseverou.
Na sua avaliação, a empregada teve limitada sua cidadania e “tolhido o seu direito de sonhar,
de esperar algo para o futuro”. Lelio Bentes lembrou que o trabalho doméstico é uma das mais
perversas formas de trabalho infantil, em razão dos danos psicológicos, da exposição a riscos
físicos, do assédio e do risco de acidentes. “O caso analisado trata justamente de trabalho
infantil e análogo a escravidão, o que contraria a Convenção 29 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT)”, concluiu. (DA/CF) Processo: RR-1002309-66.2016.5.02.0088
12/7/2022 - Um eletricitário de Porto Alegre (RS) deverá ser reintegrado à Companhia Estadual
de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE) após ser demitido porque estaria apto a se
aposentar por idade. Em crise financeira, a empresa afirmava que a dispensa atendia a
necessidade de redução da folha de pagamento. Mas, para a Oitava Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, ficou caracterizada a discriminação em razão da idade. A decisão foi
unânime. (RR/CF) Processo: RRAg-20665-84.2017.5.04.0008
MPT
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O caso tem origem em ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) que pediu a condenação
da empresa em R$ 600 mil por danos morais coletivos, uma vez que a exigência era
direcionada a todos os empregados. “Não estava limitada a cargos específicos que poderiam
justificar a apresentação de antecedentes criminais”.
Sem distinção
Caixas e açougueiros
A 2ª Vara do Trabalho de São Luís e o Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (MA)
entenderam que não ficou comprovado, na ação do MPT, o intuito discriminatório. A exigência,
segundo o TRT, foi irrestrita, para qualquer empregado interessado na contratação, e não
configurou lesão moral. O Regional ponderou ainda que existem funções na empresa (caixas e
açougueiros) que exigem grau elevado de confiança.
O engenheiro, que era diretor de obras, disse, na ação trabalhista, que o presidente da Engelux
sempre o tratara com desrespeito, chamando-o de incompetente e culpando-o por problemas.
Segundo ele, diante da desmoralização, passou a ser desrespeitado pelos mestres de obras.
Testemunhas no processo confirmaram o tratamento hostil e os constrangimentos, relatando
terem visto ele ser chamado de “lixo” e seu trabalho qualificado como “porco”.
Na reclamação trabalhista, o ajudante disse que sempre excedera sua jornada de trabalho.
Como não recebia estadias, era obrigado a pernoitar no caminhão, num colchão fornecido pela
empresa ou numa espécie de cama improvisada com as caixas de entrega e um cobertor
levado de casa, sem as mínimas condições adequadas para repouso, como leito ou sofá-
cama.
Condições inadequadas
De acordo com o TRT, as imagens do local onde o ajudante era obrigado a passar a noite
revelavam a inadequação das condições oferecidas, “quer se tome em apreço o descanso
sobre mercadorias ou apenas em um colchão dentro do baú do próprio caminhão”. Ainda
conforme a decisão, a mera constatação dessas circunstâncias já autoriza a condenação da
empresa ao pagamento das horas de espera e de indenização por dano moral, arbitrada em R$
3 mil, considerando a violação do direito à saúde do trabalhador.
Notas
O ministro destacou, em seu voto, que o TST, em situações semelhantes, reconheceu que o
pernoite no baú do caminhão, nessas condições, configura dano moral presumido. Ele
observou que, na prática, o pagamento de ajuda de custo muitas vezes em valor ínfimo acaba
levando o trabalhador a dormir em condições que atentam contra a sua saúde e sua dignidade.
Ela desenvolveu estresse pós-traumático que a tornou definitivamente inapta para o trabalho
O caso teve início em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em
julho de 2015. Segundo o a Energisa estaria utilizando prática
MPT,
discriminatória ao solicitar perante o Sistema Nacional de Emprego (Sine)
local candidatos para preenchimento de vagas de leiturista com faixa
etária entre 19 e 35 anos . Segundo o MPT, a Constituição Federal (artigo 7º,
inciso XXX) proíbe diferenças de salários, de exercícios de funções e de
critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
Ao retornar das férias, ele disse que foi impedido de ingressar na empresa, e seus objetos
pessoais foram recolhidos e entregues em sua residência em caixas de papelão. Ainda de
acordo com seu relato, outros três empregados que participaram da viagem também foram
dispensados.
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Vedação legal
O relator observou, ainda, que o artigo 1º da Lei 9.029/1995 veda a discriminação “por motivo
de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional,
idade, entre outros”. Trata-se, segundo ele, de um rol exemplificativo. “Cabe entender que a
discriminação pode ocorrer de várias formas, incumbindo apenas decifrar se a intenção do
empregador está vinculada ou não ao trabalho, já que nem sempre as razões efetivas são
enunciadas de forma tão explícita”, ressaltou.
Na reclamação trabalhista, a atendente disse que o PIV podia chegar a 70% do salário, de
acordo com a análise da produtividade. Entre as questões que influenciavam o valor
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estavam as pausas para banheiro. Como essa parcela também era recebida pelo supervisor,
cujo percentual dependia da produtividade da equipe, ele controlava as paradas.
Assédio
Segundo ela, no período do contrato (de julho de 2015 a janeiro de 2016), havia um limite de
cinco minutos para ir ao banheiro. Se o tempo fosse ultrapassado, haveria impacto no
cálculo do PIV dos empregados e do supervisor.
Ainda de acordo com seu relato, a empresa controlava os minutos por meio de sistema. O
“estouro das pausas” fazia o chefe assediar a equipe, com ameaças e advertências verbais.
“Ele ia até o banheiro buscar as pessoas, invadindo sua intimidade”, afirmou.
Ofensa à dignidade
O relator do recurso de revista da empregada, ministro Alberto Balazeiro, destacou que a NR-
17, ao tratar da organização do trabalho de teleatendimento/telemarketing, dispõe que, em
relação à satisfação das necessidades fisiológicas, “as empresas devem permitir que os
operadores saiam de seus postos de trabalho a qualquer momento da jornada, sem
repercussão sobre suas avaliações e remunerações".
Com base nessa norma, o TST entende que a vinculação das idas ao banheiro à remuneração
caracteriza controle indireto de seu uso. “A prática é sabidamente vedada, por ofender a
dignidade da trabalhadora”, disse.
De acordo com o relator, essa vinculação é considerada abuso do poder diretivo, passível de
indenização por danos morais, notadamente, porque a empregada não tem condições de
programar as idas ao banheiro. “Também, ao evitar a satisfação das necessidades
fisiológicas em razão da repercussão em sua remuneração, ela pode desenvolver
problemas de saúde”, concluiu.
A decisão foi unânime. (GS/CF) Processo: RR-1127-40.2017.5.09.0021
Na mensagem pelo aplicativo, ele escreveu: “Bom dia, você está demitida!”
assinar documentos”. Ele a teria acusado, ainda, de ter falsificado assinatura em documento de
rescisão.
Meio de comunicação atual
Para a ministra Kátia Arruda, relatora do recurso pelo qual o empregador pretendia rediscutir o
caso no TST, para se concluir se a mensagem fora ofensiva seria preciso saber o contexto, e
não apenas o texto. Sem essa análise, é difícil saber o que ocorreu para que a dispensa
tivesse esse desfecho. “O contexto é que dá sentido ao texto. Isso porque, no âmbito das
interações sociais, os fatos não falam por si – os interlocutores é que dão sentido aos fatos”,
observou. (RR/CF) Processo: AIRR-10405-64.2017.5.15.0032
O assistente de garçom trabalhou para a empresa de julho de 2013 a maio de 2015 e, para ser
contratado, o empregador exigiu a realização do teste de HIV. Segundo o trabalhador, a
medida foi abusiva e discriminatória.
A Pullmantur, em sua defesa, justificou que o teste era necessário para providenciar eventual
medicação à tripulação, pois os períodos a bordo eram longos.
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Crime de discriminação
Para a ministra, ficou caracterizado o dano moral, pois a exigência do teste como requisito para
admissão é conduta discriminatória vedada pela ordem jurídica e viola a intimidade e a
privacidade do trabalhador.
Uma empresa de serviços e mão de obra de São Paulo (SP) terá de indenizar em R$ 30 mil
um porteiro chamado de “negro safado” por um zelador. A decisão é da Segunda Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, que acolheu o recurso do empregado por considerar grave a
agressão à sua honra.
Ofensas
O empregador cometeu um ato ilícito ao não garantir local apropriado para necessidades
fisiológicas.
pertences ficavam no veículo da empresa que os levava até os locais de trabalho e lá ficava
estacionado. Segundo a juíza, os fatos constatados eram potencialmente lesivos aos direitos
de personalidade do empregado, “que teve que lidar com as condições precárias de trabalho”.
Indenização
O ministro salientou que, em caso análogo, o TST firmou entendimento de que o não
fornecimento de instalações sanitárias pelo empregador configura dano moral indenizável,
ainda que o empregado trabalhe em via pública. (MC/CF) Processo: RR-12172-
73.2017.5.15.0021
A empresa foi considerada negligente em relação aos cuidados para preservar a intimidade do
empregado
Na reclamação trabalhista, o auxiliar de produção disse que os vestiários tinha duas áreas
distintas (uma “suja” e outra “limpa”) e, entre uma e outra, precisava transitar por cerca de 10
metros em trajes íntimos. Além de gerar chacota de colegas, ele alegou que a situação violava
sua intimidade.
Eles se deitavam perto do meio-fio da rodovia para descansar durante o intervalo intrajornada.
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Por maioria, a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o recurso de uma ex-
empregada da AM-Pack Indústria e Comércio de Embalagens Ltda., de Manaus (AM), que
pretendia o pagamento de indenização por danos morais porque a empresa havia exigido a
realização de exame de gravidez no ato demissional. Segundo a tese vencedora, a conduta
não foi discriminatória nem violou a intimidade da trabalhadora, uma vez que visou dar
segurança jurídica ao término do contrato de trabalho.
O que diz a lei
A legislação trabalhista garante a estabilidade provisória da gestante até cinco meses após o
parto. Se nem a empresa nem a empregada souberem da gravidez, e se ela confirmar que
estava grávida durante o contrato ou no prazo do aviso prévio, a empresa deve reintegrá-la
espontaneamente ou indenizá-la pelo período correspondente. Ou seja, o fato de a empregada
não informar o empregador da sua gestação não é obstáculo para a estabilidade provisória.
Por sua vez, o artigo 2º da Lei 9.029/1995 proíbe a exigência de atestados de gravidez
para efeitos admissionais ou de permanência no emprego. Desde setembro de 2016,
tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 6074/2016, a fim de permitir a exigência
de teste ou exame de gravidez por ocasião da demissão, de forma a garantir o exercício
do direito à estabilidade de emprego à gestante.
Segurança jurídica
Proteção
Em reforço à tese vencedora, o ministro Alberto Bresciani acentuou que a medida ao mesmo
tempo resguarda a responsabilidade do empregador e representa uma defesa para a
trabalhadora. No entender do ministro, a conduta se adequa ao sistema jurídico. “A
decorrência legal é a proteção do trabalho e da empregada, que tem a garantia de que a
empresa sabia de sua gravidez”, concluiu. Processo: RR-61-04.2017.5.11.0010
Empresa é condenada por não informar a candidato a alto cargo sua não
aprovação em processo seletivo (TST/15/06/21 )
Para a Segunda Turma, a conduta caracteriza má-fé contratual, com violação dos deveres de
lealdade e informação
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Yazaki do Brasil, com sede
em São Paulo (SP), ao pagamento de indenização a um candidato de Curitiba (PR) que estava
em fase avançada de negociação para um alto cargo e não foi avisado da contratação de
outra pessoa. Para o colegiado, a conduta caracteriza má-fé contratual, com violação
dos deveres de lealdade e informação.
Contato
Na reclamação trabalhista, o candidato, que morava em Curitiba (PR), disse que, após ter sido
contatado por um headhunter com uma oferta de vaga de diretor de recursos humanos e fazer
uma primeira entrevista com a vice-presidente da empresa, foi a São Paulo, com passagens
emitidas pela empresa, para ser entrevistado pela presidente. Segundo ele, a proposta de
emprego foi formalizada e, ao recebê-la, tinha plena e inequívoca ciência de que era o
candidato escolhido. Por isso, desligou-se do emprego que ocupava e comunicou o fato à
Yazaki.
Três dias depois, recebeu ligação informando que a empresa havia desistido de contratá-lo.
Por isso, pleiteou indenização por danos morais e materiais.
A empresa, em sua defesa, negou que tivesse havido formalização da contratação e sustentou
que o candidato não havia aceitado as condições salariais do cargo, tanto que continuou em
seu emprego anterior.
Má-fé
candidato ter agradecido o fato de ‘ter sido escolhido’ é, no mínimo, antiético”, afirmou, senão
má-fé”, afirmou.
Por unanimidade, a Turma restabeleceu a sentença, em que fora deferida indenização por
danos materiais, no valor de R$ 32 mil, e por danos morais, no valor de R$ 50 mil.
Submetido a 17 cirurgias, ele teve várias partes do corpo atingidas, inclusive a face.
A Usina Santa Rita S.A. - Açúcar e Álcool, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), deverá pagar
R$ 400 mil a título de indenização por danos morais e estéticos a um ateador de fogo em
canaviais que sofreu queimaduras graves em acidente de trabalho. Os valores foram
fixados pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, no exame de recurso da usina.
Cercado pelo fogo
De acordo com o perito judicial, as queimaduras atingiram partes do tronco e dos membros,
com sequela funcional da mão direita, decorrente de perda quase total dos dedos. Quanto
aos danos estéticos, afirmou que há exposição permanente da lesão, “com pouca possibilidade
de cobertura na maioria das situações sociais”. Processo: RR-640-96.2012.5.15.0112
Ela não tinha a chave do local e era chamada de “leãozinho” pelos colegas.
A empregada fora contratada em março de 2015 como operadora de loja e, em julho de 2016,
disse que recebeu uma “promoção” forçada para conferente, dois meses antes de ser
dispensada sem justa causa. Depois de um curto treinamento de duas semanas, ela
passou a trabalhar em gaiolas, das quais não tinha as chaves.
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“Leãozinho”
Para usar o banheiro ou beber água, ela tinha de mandar mensagem de rádio aos
funcionários que estivessem por perto, para que avisassem a gerente para abrir a porta
da gaiola. Sua situação era motivo de chacota dos vendedores, que a chamavam de
"leãozinho" e cantavam uma música com o apelido quando a viam.
Conferência
A loja, em sua defesa, negou que a empregada ficasse trancada no local de trabalho e
sustentou que o setor de conferência exige “certo cuidado” na separação dos produtos, que, ao
chegarem, não devem ser misturados com os já existentes no depósito. Embora admitindo que
o local era separado por grades, a loja afirmou que os conferentes tinham as chaves.
Com 23 anos na época, ela sustentou que essa situação gerou problemas familiares e
depressão, levando-a a pedir demissão. Na ação, ela pedia uma “punição exemplar, com o fim
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de extinguir do ambiente de trabalho a falsa ideia de que a mulher tem que se sujeitar a tudo,
ouvir qualquer ‘piadinha’ ou sofrer assédios sem se revoltar e protestar”.
Todavia, para o ministro Augusto César, relator dos embargos da comerciária à SDI-1, esse
tipo de registro tem impacto negativo na imagem da empregada em contratações futuras.
Segundo ele, há a possibilidade de ela ser considerada menos saudável ou não assídua que os
demais candidatos à vaga. Processo: E-RR-8-22.2013.5.20.0007
O motorista disse, na reclamação trabalhista, que tinha de usar banheiros dos botequins ao
redor dos pontos finais, que, “além de pagos, não tinham condições de uso, devido à
falta de água para lavar as mãos e papel higiênico”. Relatou, ainda, que, muitas vezes,
era obrigado a fazer suas necessidades na rua, em postes e muros.
Situação degradante
No recurso de revista, a empresa sustentou que não há disposição legal que a obrigue a
instalar banheiros em local público fora de seu estabelecimento para os empregados que
prestem serviço externo. Mas a relatora, ministra Dora Maria da Costa, ressaltou que, segundo
a jurisprudência do TST, a ausência de instalações sanitárias ao longo da jornada, como
banheiros químicos ou equivalentes, ainda que de trabalhadores de transportes
coletivos, caracteriza ofensa à dignidade do empregado e dá direito ao pagamento de
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indenização pelo dano moral. A decisão foi unânime. (RR/CF) Processo: RR-11302-
93.2014.5.01.0224
Para a 2ª Turma do TST, a conduta tem efeito negativo sobre grupos de empregados.
Padronização
A decisão foi proferida na reclamação trabalhista ajuizada por uma operadora de atendimento.
Ela disse que, antes de exercer a função, havia passado por um treinamento treinamento de
capacitação técnica e de aspectos estéticos e visuais durante 40 dias. Na segunda etapa,
denominada Treinamento de Padronização Visual, em que era explicado o padrão adotado em
relação a cabelos, vestimenta e maquiagem, foi distribuído um material que lhe causara
estranheza, por não fazer referência à cútis ou ao cabelo da raça negra.
Um das exigências do guia de padronização era que os cabelos abaixo dos ombros deveriam
ficar sempre presos. Os cabelos mais curtos, desde que não tivessem franja, poderiam ser
usados soltos. Segundo a operadora, no entanto, embora seus cabelos se enquadrassem
nesse caso, foi orientada a mantêlos sempre presos porque, segundo a supervisora,
“chamavam muita atenção por conta do volume". Ainda conforme seu relato, seu pedido para
usá-los soltos, no estilo black power, foi negado, enquanto funcionárias de cabelos curtos lisos
podiam fazê-los. Pouco depois, foi demitida sem justa causa.
Proteção especial
Representatividade
Com fundamento nesses instrumentos legais, a ministra afirmou que qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada exclusivamente na cor da pele, raça, nacionalidade
ou origem étnica pode ser considerada discriminação racial. No caso do laboratório, a seu ver,
a falta de diversidade racial no guia de padronização visual é uma forma de discriminação que
pode ferir a dignidade humana e a integridade psíquica dos empregados da raça negra,
como no caso da operadora, que não se sentem representados em seu ambiente de trabalho.
Discriminação estrutural
Processo: RR-1170-75.2010.5.02.0066
A jurisprudência do TST admite a exigência nesse caso, em que o trabalho envolve o uso de
ferramentas cortantes
O ministro lembrou que, no julgamento de incidente de recurso repetitivo, o TST fixou a tese de
que a exigência da certidão de candidato a emprego é legítima e não caracteriza lesão moral
quando amparada em expressa previsão legal ou justificar-se em razão da natureza do ofício.
Processo: AIRR-976-88.2016.5.13.0024
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Tel Centro de Contatos Ltda., de
Palmas (TO), a pagar indenização de R$ 5 mil a uma operadora de telefonia em razão de
limitação ao uso do banheiro. Segundo o colegiado, a restrição imposta pelo empregador,
em detrimento da satisfação das necessidades fisiológicas do empregado, pode configurar
lesão a sua integridade.
Cinco minutos
Propagandistas vendedores tomavam pelo menos cinco remédios em uma única reunião.
A ação civil pública, que envolve 1.500 profissionais espalhados pelo país, foi ajuizada pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT) a partir da denúncia de três propagandistas de Teresina
(PI), que apresentaram e-mails da gerência distrital da divisão de prescrição médica da
Eurofarma, convocando colaboradores para reuniões. Em época de lançamento ou campanha
de divulgação de produtos, eles deviam obter amostras de remédios com colegas da
concorrência ou atendentes de consultórios para, na reunião, degustarem os
medicamentos da Eurofarma e dos concorrentes.
70
Degustação
Segundo as testemunhas, não havia como recusar a degustação, pois o gerente exigia que
fosse feito um rodízio de todos os produtos, e os propagandistas tinham medo de perder o
emprego. Os medicamentos eram provados sucessivamente, o que submetia os
representantes a dosagem muito superior às orientações da bula, sem acompanhamento
médico.
A prática da empresa teria ferido norma coletiva de trabalho e imposto condições precárias de
trabalho.
Na reclamação trabalhista, o gari (contratado como operador de máquina costal) disse que
fazia a roçagem das vias públicas e que a empresa não proporcionava local adequado para
refeições nem instalações sanitárias. Segundo ele, o banheiro do barracão somente podia ser
utilizado no começo e no fim da jornada. Durante o dia, os empregados eram orientados a
buscar algum estabelecimento público. (DA/CF) Processo : E-Ag-RR-1152-59.2017.5.09.0019
Prática constrangedora
Na reclamação trabalhista, a empregada relatou que, junto com seus colegas, tinha
diariamente de cantar o hino motivacional (cheers) e a rebolar diante de todos, antes do
início da jornada de trabalho. Segundo ela, a prática era vexatória e constrangedora.
Direitos de personalidade
O professor disse na ação trabalhista que tinha um bom relacionamento com todos na
instituição de ensino e que havia reduzido sua carga de atendimentos particulares para se
dedicar mais às atividades acadêmicas. Quando iniciou o ano de 2016, entendeu que iria
continuar na entidade ao longo de todo o ano, porém foi surpreendido com sua demissão no
mês de julho, dificultando sua recolocação no mercado de trabalho e trazendo para si prejuízo
financeiro e profissional.
O CESB argumentou, em defesa, que exerceu seu poder potestativo de dispensar o professor,
sem justa causa, já que ele não possuía estabilidade provisória.
Sem garantia
O relator destacou também que o TST, em diversos julgados e turmas, entende de forma
diversa da decisão Regional, no sentido de considerar abuso do poder diretivo do empregador
o ato de demitir imotivadamente o professor, logo após o início do semestre letivo, frustrando
expectativas em relação ao vínculo de emprego e também inviabilizando a recolocação do
profissional no mercado de trabalho. Processo: RR-1789-71.2016.5.10.0001
Na reclamação trabalhista, o empregado contou que havia uma meta de leituras a serem
realizadas no mês e que os colaboradores que não conseguiam atingi-la apareciam em
um quadro de avisos, com nome e foto, o que ocasionava brincadeiras de mau gosto.
Por isso, pleiteou indenização por danos morais.
Para a ministra, o dano moral ficou cabalmente demonstrado, em razão do tratamento ofensivo
dirigido deliberadamente ao empregado tendo em vista a cobrança de metas e sua exposição
no quadro de avisos. A decisão foi unânime. (VC/CF) Processo: RR-1000972-
34.2016.5.02.0026
A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por unanimidade, que um ex-caixa
do Bom Preço Bahia Supermercados Ltda., em Lauro de Freitas-BA, não tem direito
a indenização por danos morais por ter de usar camisetas contendo propaganda e
logomarcas de produtos comercializados pela empresa. A Turma considerou que o uso
do uniforme não fere o direito de imagem do empregado.
“Outdoor ambulante”
O empregado disse, na reclamação trabalhista, que, durante oito anos, foi obrigado a usar
camisetas promovendo outras empresas, parceiras do supermercado em uma espécie de
“outdoor ambulante”. Em seu pedido, o trabalhador assegurou que não havia cláusula de
contrato de trabalho que o obrigasse ao uso e que a conduta do empregador configurava abuso
de poder. Para o trabalhador, sua imagem foi explorada, facultando-lhe o direito a indenização
por danos morais.
Condições da empresa
Banco vai indenizar gerente que sofreu sequestro dentro de casa 03/06/20
TST
Ele, a esposa e a filha foram mantidos reféns sob a mira de arma de fogo.
O Banco Bradesco S.A. deverá pagar indenização a um gerente administrativo que, ao chegar
em casa, em Poço Redondo (SE), foi sequestrado. No exame de recurso de revista do
bancário, a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a responsabilidade
objetiva do banco pelo ocorrido.
Sequestro
O empregado relatou que, em agosto de 2013, ao entrar em casa, foi rendido pelos
bandidos e, junto com a esposa e a filha, feito refém sob a mira de revólveres e ameaças
verbais durante toda a madrugada. No dia seguinte, os sequestradores levaram os familiares
do bancário para outro local para garantir que ele e a gerente-geral da agência iriam obedecer
às instruções para efetuar a retirada do dinheiro do cofre do banco. Com a entrega do dinheiro,
o empregado e os familiares foram abandonados numa rodovia no município vizinho.
Após o episódio, o bancário foi diagnosticado com estresse pós-traumático e depressão e teve
de se afastar do trabalho por 14 dias. Terminado o período do atestado, voltou a trabalhar
normalmente, mas foi demitido seis meses depois.
Atividade de risco
O relator do recurso de revista, ministro José Roberto Pimenta, assinalou que a jurisprudência
do TST vem adotando o entendimento de que a atividade bancária se enquadra
perfeitamente como atividade de risco, de forma a atrair a aplicação da responsabilidade
objetiva da instituição bancária. “O sequestro ocorreu em razão da função exercida pelo
gerente, que permitia acesso a valores depositados no cofre da agência, criando uma
situação de risco”, afirmou.
Ainda de acordo com o ministro, embora a ausência de segurança pública resulte em risco para
o exercício de qualquer profissão, é inegável que os profissionais que desenvolvem atividades
bancárias estão mais expostos a assaltos e sequestros.
Responsabilidade objetiva
Por unanimidade, a Turma reconheceu a responsabilidade objetiva do Bradesco e determinou
o retorno dos autos ao TRT para a análise do valor da indenização por danos morais.
Processo: RR-523-59.2015.5.20.0016
Jurisprudência
Natal
Na reclamação trabalhista, o professor disse que foi comunicado da dispensa sete dias antes
do Natal de 2014. No telegrama, considerado “frio e trágico” pelo empregado, a fundação
informava que havia decidido rescindir o contrato a partir de 17/12 e agradecia a colaboração
do professor “no período de sua dedicação junto ao seu departamento”. Para ele, foi doloroso
tratar de questões rescisórias e realizar exame demissional justamente durante o período de
festas natalinas. Padrão Em contestação, a fundação afirmou que não houve qualquer
irregularidade no fato de a dispensa ter ocorrido às vésperas do Natal e justificou a data com o
fim do período letivo e com o agravamento da indisponibilidade de recursos orçamentários.
Ainda de acordo com a fundação, a comunicação por telegrama é procedimento padrão,
previsto em convenção coletiva de trabalho.
Função social
Para o relator do caso no TST, ministro Cláudio Brandão, ao rejeitar o exame do recurso contra
a condenação, a fundação “não deu ao seu direito potestativo a finalidade social que deveria
ser respeitada, cometendo verdadeiro abuso de direito”. O ministro lembrou que o exercício da
atividade econômica se condiciona à observância de princípios constitucionais, como a
valorização do trabalho humano, a existência digna e de acordo com a justiça social e a
função social da propriedade. Na avaliação do relator, o empregador, ao despedir o
empregado por meio de um simples telegrama, após uma vida dedicada à empresa, praticou
ato lesivo à sua dignidade. Segundo ele, o ato da fundação configurou tratamento que não
pode ser considerado meramente deselegante, mas sim despótico, “porque extrapolou os
limites de tolerância de qualquer ser humano”.
Em sua defesa, a empesa sustentou que a prova era ilícita e deveria ser desconsiderada.
Afirmou, ainda, que seu preposto não reconhecia como sua a voz na gravação, o que levou o
empregado a requerer a realização de perícia para confirmar sua alegação. A perícia foi
indeferida, e o juízo de primeiro grau rejeitou o pedido de indenização formulado pelo operador.
No mesmo sentido, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) concluiu que a
gravação não servia como prova, porque não havia sido utilizada em defesa do próprio
interlocutor que gravara a conversa. Direito de personalidade
O relator do recurso de revista do empregado, ministro José Roberto Pimenta, observou que o
diálogo entre a esposa e o responsável por prestar informações sobre ex-empregados
não se insere nas hipóteses de sigilo ou de reserva de conversação previstas em lei para
não ser admitido como prova. Ele lembrou que o operador defendia seu direito de
personalidade e pretendia comprovar a ilicitude da empresa ao prestar informações
desabonadoras a seu respeito. “Se ele solicitasse à empresa informações (como
possível empregador interessado na sua contratação), sua voz seria reconhecida pelos
colegas de trabalho”, afirmou. “Somente por meio de ligação telefônica feita por outra
pessoa seria possível obter a prova”. Por outro lado, o ministro destacou que o direito à
privacidade da empresa não é absoluto nem pode cercear a defesa do empregado, que
também busca a preservação de sua intimidade, privacidade, honra e imagem. A decisão
foi unânime.
A empregada ficava numa sala fechada, sem poder conversar com colegas ou acessar a
internet. A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Mercedes-Benz do
Brasil Ltda. a pagar indenização de R$ 50 mil a uma operadora de produção submetida a
ócio forçado. Segundo o processo, a empresa manteve a empregada por um ano numa sala
fechada, sem poder conversar com os colegas e sem contato com as demais unidades.
Uma técnica de edificações que prestava serviços para a Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras)
em Belém (PA) conseguiu restabelecer o valor de R$ 112 mil de indenização por ter sido
vítima de assédio sexual cometido pelo fiscal do contrato, empregado da estatal. A
decisão foi da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que considerou a indenização
de R$ 30 mil fixada anteriormente como insuficiente para coibir novos casos. Lingerie De
acordo com o processo, o fiscal havia presenteado a empregada com roupas íntimas
durante um “amigo oculto” e a convidou a passar um fim de semana em sua casa de
praia. O convite não foi aceito, o que o teria levado a persegui-la. A partir daí, ele passou a
implicar com o desenvolvimento do trabalho da subordinada e a desqualificá-la
profissionalmente. Estresse A técnica disse na reclamação trabalhista que o ambiente de
trabalho ficou insuportável e sua saúde ficou desestabilizada. Em dezembro de 2012, ela foi
afastada e passou a receber o benefício previdenciário acidentário depois de ter sido
diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático.
O Banco Santander (Brasil) S.A. deverá pagar R$ 30 mil de indenização a uma empregada
ofendida por uma gerente ao informar, em reunião, que estava grávida. A Segunda Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, ao manter o entendimento de que houve dano moral, aumentou
o valor da condenação de R$ 15 mil para R$ 30 mil. “Contrato de burrice” Coordenadora de
atendimento e depois gerente de relacionamento de pessoa física, a bancária trabalhava numa
agência do Santander em Varginha quando decidiu pedir demissão em 2012 e, em 2013,
ajuizar a reclamação trabalhista com o pedido de indenização.
De acordo com uma testemunha, numa reunião realizada em 2009, a gerente disse, diante de
todos os presentes, que a subordinada estava “assinando um contrato de burrice”, pois
a gravidez iria prejudicar sua ascensão profissional, e que ela “não tinha estrutura para
gerar um filho”. Ainda segundo o relato, a bancária saiu da reunião chorando.
Dress code
Para o ministro, a exigência é razoável, por ser comum o uso de terno por profissionais de
segurança, especialmente no ambiente de joalheria de luxo. “Por outro lado, ao contrário do
decidido pelo Tribunal Regional, ainda que o traje social seja composto de roupas de uso
comum, com grande variedade de oferta no mercado, não se trata de indumentária
indispensável, utilizada no dia a dia pela maioria dos trabalhadores”, observou.
“Ao contrário, hoje, constitui exceção à regra, restrito aos ambientes formais e de negócios, e
até mesmo nestes tem sido relativizado”. Desproporção No caso do segurança, o relator
considerou desproporcional o custo da vestimenta e o salário recebido por ele (R$ 1,6
mil), levando em conta, ainda, a necessidade de ter mais de um terno. “A exigência de
terno e gravata para advogados em escritórios de advocacia, ou para executivos em
grandes empresas, por exemplo, é diferente da mesma determinação para trabalhadores
de outros ramos”, ponderou.
A Turma seguiu a jurisprudência do TST de que, no caso de retenção do documento por prazo
superior ao previsto em lei, o dano moral é presumível. Anotações Segundo o auxiliar de
produção, logo após a dispensa, a Heringer (em recuperação judicial) requereu que ele
entregasse a carteira de trabalho para que fossem efetuadas as devidas anotações. Ele a
entregou em 3/4/2012, e a empresa somente a devolveu em 9/5/2012, data da rescisão
contratual. Confissão O pedido de indenização foi julgado improcedente pelo juízo da 6ª Vara
do Trabalho de Vitória e pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES). Segundo o
TRT, o auxiliar confessou que não havia precisado da carteira de trabalho no período em que
ela ficou retida e que as verbas rescisórias haviam sido depositadas no prazo da lei. Sobre a
entrega um mês depois, no momento da rescisão, afastou a culpa da empresa, por entender
que a data da homologação é agendada pelo Ministério do Trabalho ou pelo sindicato.
Obrigação O relator do recurso de revista do empregado, ministro Augusto César, explicou que
o artigo 53 da CLT sujeita a empresa que retiver a carteira de trabalho por mais de 48 horas a
multa. “Dessa forma, a anotação e a devolução do documento nesse prazo constitui obrigação
do empregador”, assinalou. Dano presumível Segundo o relator, a jurisprudência do TST é de
que a retenção da CTPS por prazo superior ao previsto em lei é motivo para o pagamento de
indenização por dano moral e que o dano, nesse caso, é presumível, ou seja, não tem de ser
comprovado. Por unanimidade, a Turma deu provimento ao recurso e condenou a Heringer a
pagar a indenização de R$ 2 mil.
que, no fim do expediente, tinha de retirar todos os pertences da mochila, levantar a barra
das calças e a camisa e dar uma volta de 360°.
De acordo com a sentença, a revista praticada pela empresa não envolvia ordem para que
os empregados se despissem nem toques nos órgãos genitais ou em qualquer parte do
corpo.
O relator do recurso de revista da Makro, ministro Walmir Oliveira da Costa, assinalou que,
conforme a jurisprudência do TST, a fiscalização em pertences de empregados sem
contato físico, realizada de forma moderada e impessoal, para fins de garantir a
segurança do patrimônio do empregador, não caracteriza, por si só, ato ilícito. Segundo
ele, a conduta da empresa está inserida no âmbito do seu poder diretivo e fiscalizatório e
não gera constrangimento ou dano moral indenizável.
A fazenda não conseguiu demonstrar o cumprimento das normas trabalhistas. Uma colhedora
de laranja de Jacarezinho (PR) deverá receber R$3 mil de indenização por danos morais por
ter trabalhado em condições precárias na Fazenda Santa Lúcia, em Santa Cruz do Rio Pardo
(SP).
O ministro ressaltou que a gravação telefônica ambiental, como no caso, não se confunde
com a interceptação telefônica nem se refere ao sigilo telefônico regulados pela
Constituição da República (artigo 5º, incisos X, XII e LVI). Lembrou, ainda, que a jurisprudência
prevalecente no TST reconhece a licitude da gravação de conversas telefônicas nessas
circunstâncias.
Segundo o TST, a prática invade a intimidade dos empregados. A Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho confirmou a existência de dano moral coletivo causado pela American
Airlines Inc. por submeter empregados e prestadores de serviços no Brasil ao detector
de mentiras.
O ministro Hugo Carlos Scheuermann, relator do recurso de revista, destacou que, de acordo
com a jurisprudência do TST, a utilização de polígrafo viola a intimidade do empregado e
não se justifica em razão da necessária segurança na atividade da aviação civil.
A IBM foi condenada por danos morais coletivos. A Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho condenou a IBM Brasil - Indústria de Máquinas e Equipamentos Ltda. ao pagamento
de R$ 25 mil de indenização por danos morais coletivos por condicionar a manutenção
do emprego à ausência de dívidas pessoais dos empregados.
Ela exerceu a atividade por 25 anos e chegou a ser vítima de assalto. A Primeira Turma do
Tribunal Superior do Trabalho reconheceu o direito à indenização por danos morais a uma
auxiliar de depósito que, durante 25 anos, transportou valores sem ter sido contratada e
capacitada para essa atividade, que exige cuidados especiais com segurança.
Para a fixação do valor da reparação, o relator considerou que a empregada trabalhou para a
empresa por 25 anos. “Levando-se em consideração a habitualidade da conduta, a capacidade
econômica do empregador e as condições pessoais da trabalhadora, entendo prudente a
fixação do valor indenizatório em R$ 30 mil”, concluiu.
A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu o dano moral sofrido por um
ajudante de produção que, para ser contratado pela M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio
de Alimentos, fábrica de biscoitos e massas do Ceará, teve de apresentar certidão de
80
Múltiplo S/A e depois pelo Bradesco. Na reclamação trabalhista, ele destacou que havia
trabalhado para a mesma instituição por mais de 31 anos, sempre recebendo elogios dos
superiores e dos demais colegas de trabalho, e enfatizou que nunca havia tido problemas com
ninguém no banco e que sempre cumprira com todas as suas obrigações. Assédio No entanto,
segundo seu relato, esse quadro mudou em março de 2010, quando um novo chefe foi
contratado. Nessa época, ele trabalhava no Setor de Arquivo de Documentos exercendo
atividade meramente operacional. Ele contou que o novo superior nunca havia trabalhado com
arquivos e não entendia como funcionava a dinâmica do setor. Ainda de acordo com seu relato,
com o passar dos meses, o chefe se tornou ríspido. Gritava com ele em várias situações e o
humilhava publicamente, deixando claro que estava insatisfeito com o trabalho prestado por
ele. Em uma situação específica, falou que o bancário seria o “próximo demitido” e que não
“o deixaria se aposentar”. Apelidou-o de “quebra-galho” e, em diversas vezes, chamou-o
de “imprestável”, além de gradualmente retirar todas as suas funções e tarefas.
Com isso, o banco foi condenado a pagar indenização de R$ 12 mil. Redução Por
unanimidade, a Terceira Turma deu provimento ao recurso e aumentou a indenização para R$
20 mil.
O uso comercial da imagem sem a devida autorização dá direito a indenização. O Colégio Dom
Bosco, de Curitiba (PR), e outras escolas do grupo foram condenados a pagar R$ 50 mil de
reparação a uma professora por manter no site institucional e no YouTube vídeos em que ela
fazia correção de questões de provas de vestibular mesmo após seu desligamento.
trabalhava como açougueira e prestava serviços gerais de limpeza. Ela relatou que, no
cotidiano de trabalho, era constantemente alvo de insultos, pressões psicológicas
desproporcionais e perseguição praticados por sua superiora hierárquica, uma nutricionista, por
estar acima do peso e pelas limitações geradas em decorrência de doenças que sofria.
Chamada de “gorda”, “burra”, “incompetente” e “irresponsável" aos gritos, diante dos
outros empregados, ela disse ainda que, após se submeter a cirurgia bariátrica, passou a sofrer
de depressão e teve de ficar afastada por cerca de três anos. Conduta abusiva
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho deu provimento ao recurso de revista de ex-
secretária da Associação Paranaense de Cultura – APC para lhe deferir indenização de R$ 5
83
mil, a título de danos de morais. A ex-empregada teve seu nome utilizado na página da
associação na Internet após a rescisão do contrato. Para os ministros, a conduta da ACP foi
ilegal pela inexistência de autorização expressa da secretária para a divulgação.
Processo: RR-917-14.2011.5.09.0016
Salário “por fora” não pago gera indenização por dano moral – TST (Qua,
12 Set 2012, 13:00)
Um empregado da empresa paulista Comercial Cerávolo Ltda. vai receber indenização por
danos morais, no valor de R$ 15 mil, em decorrência de a empresa ter retirado os salários que
lhe pagava por "por fora", após ele sofrer grave acidente rodoviário que o deixou paraplégico e
afastado pelo INSS. A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho entendeu devida a
indenização que havia sido indeferida pelo Tribunal Regional da 15ª Região (Campinas-SP).
A instituição de ensino cearense Educadora e Editora S/C Ltda. terá de indenizar, por dano
moral, um professor a quem havia prometido contratação para atuar como docente na
instituição. O valor da indenização fixado pela Terceira Turma do TST foi de R$ 60 mil.
Conforme pontuado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (CE) que, ao prover o
recurso ordinário do autor condenou a entidade ao pagamento de indenização no valor de R$
120 mil, não se tratou de simples pactuação de um contrato e, sim, de efetiva promessa de
emprego, em que ambas as partes previamente se comprometeram com o objetivo de alcançar
a aprovação do Curso de Direito a ser ministrado na instituição.
84
Um motorista de caminhão que foi impedido pela empresa onde trabalhava de acompanhar o
velório da própria mãe vai receber R$ 10 mil reais de indenização por danos morais. A decisão,
tomada pelo Tribunal Regional da 9ª Região (PR), não foi alterada pelos ministros da Sétima
Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que decidiram não conhecer recurso do
motorista, que pretendia aumentar o valor da indenização, por considerar o arbitrado irrisório.
Operário que caiu do telhado será indenizado – TST (Ter, 4 Set 2012,
06:35)
Um ajudante geral que ficou paraplégico após cair de uma altura de quatro metros durante a
limpeza de telhas no Shopping Center Norte em São Paulo (SP) receberá uma indenização de
R$ 200 mil por danos morais. O trabalhador era contratado da Duometal e fraturou a coluna
cervical ao cair sobre a tubulação de ar condicionado do shopping. O acidente ocorreu devido
ao rompimento do telhado no qual fazia manutenção. A decisão reduziu o valor fixado pelo
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) em R$ 700 mil.
Recurso da empresa foi analisado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) depois que o
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) determinou o pagamento de indenização no
85
A Quinta Turma do TST não conheceu do recurso, e não chegou, portanto, a julgá-lo. Assim, a
decisão que condenou a Ambev em R$ 50 mil foi mantida. Segundo relatos de testemunhas,
um dos gerentes de vendas tinha costume de se dirigir aos empregados de forma
desrespeitosa, valendo-se de palavrões. O mesmo gerente era responsável pela presença de
garotas de programa em reuniões, que apareciam nos encontros a seu convite.
Os fatos ocorreram mais de dez vezes entre os anos de 2003 e 2004. A empresa, inclusive, já
havia sido coibida de adotar práticas incompatíveis com o ambiente de trabalho e chegou a
firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC), junto ao Ministério Público do Trabalho. No TAC,
comprometeu-se "a orientar e enfatizar seus funcionários para evitar condutas que possam de
alguma forma promover desrespeito mútuo".
O autor, casado e evangélico, descreve na reclamação trabalhista que chegou a ser amarrado
e obrigado a assistir filmes pornôs, e houve situação na qual uma "stripper" foi levada à sua
sala para se despir. Também relata que os vendedores eram obrigados a participar de festas
em chácaras, com a presença de garotas de programa utilizadas como forma de incentivo para
o aumento de vendas. Afirmou que havia os funcionários que batiam as cotas de venda
recebiam "vales garota de programa".
O artigo 29 da Consolidação das Leis de Trabalho estabelece que a CTPS (carteira de trabalho
e Previdência Social) tem que ser restituída ao empregado em até 48 horas após a
contratação, com as devidas anotações. O empregador que retém o documento além desse
prazo comete ato ilícito e, portanto, tem o dever de indenizar. Esse foi o fundamento usado
pela Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho para dar provimento a recurso da viúva de
trabalhador desaparecido, que pleiteava receber indenização por danos morais em razão da
retenção imotivada da CTPS pela J.F. de Oliveira Navegação Ltda.
Na inicial a empregada narra que desde os primeiros dias de trabalho era assediada pelo
proprietário, principalmente nos dias de pagamento. Descreve que recebia tratamento
"insinuante e malicioso", e nos momentos em que entregava a documentação o patrão
aproveitava para pegar e tocar partes do seu corpo. Mesmo na frente de outras funcionárias e
clientes sussurrava em seu ouvido elogios quanto a sua aparência, manifestando intenção de
beijá-la.
A empregada ajuizou ação trabalhista, pois se sentia constrangida com os apelidos utilizados
por superior hierárquico, que a chamava de "delícia" e "gostosona". Com base em prova
testemunhal, que confirmou o uso dos apelidos também por parte de outros empregados, a
sentença concluiu que houve dano moral e condenou a empresa a pagar indenização de R$ 15
mil à empregada.
Alertar empresários do mesmo setor que ex-funcionário havia procurado o sindicato e ajuizado
reclamação trabalhista resultou na condenação do Centro de Formação de Condutores
Trentin&Trentin S/C Ltda. a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais a um instrutor
teórico de autoescola. A empresa recorreu contra a sentença da 4ª Vara do Trabalho de
Campinas (SP), mas a decisão se manteve inalterada, inclusive no Tribunal Superior do
Trabalho, pois a Sexta Turma não conheceu do seu recurso de revista.
Gari que queria banheiro em caminhão de lixo não receberá dano moral –
TST (27-07-2012)
Uma indenização de R$ 7 mil por assédio moral foi a condenação imposta à Teleperformance
CRM S.A., do Paraná, por ter perdido a carteira de trabalho de uma empregada e tê-la afastado
do serviço, sem pagar a remuneração. A empresa alegou que a funcionária não poderia
trabalhar sem que sua CTPS estivesse regularizada, e por isso deveria aguardar até a emissão
da segunda via da carteira. A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a
87
decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), ao não conhecer do
recurso de revista da empregadora.
A Ricardo Eletro Divinópolis Ltda. foi condenada a indenizar em R$ 30 mil por dano moral um
vendedor vítima de ofensas homofóbicas cometidas por um gerente de vendas de uma das
lojas da rede, em Vitória (ES). A decisão unânime da Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho de negar provimento a agravo da empresa confirmou a condenação imposta pela
Justiça do Trabalho da 17ª Região (ES): além da indenização, a loja deverá arcar, durante um
ano, com pagamentos mensais de R$ 250 para auxiliar o vendedor na compra de
medicamentos para tratamento de depressão.
Assédio moral
O vendedor relata na inicial de sua reclamatória trabalhista que foi contratado, em novembro de
2009, como terceirizado para trabalhar como vendedor na unidade da Ricardo Eletro no
Shopping Vitória (ES). Devido a seu desempenho satisfatório, em fevereiro de 2010 foi
efetivado pela rede na função de vendedor.
Segundo seu relato, desde o início foi tratado com rigor excessivo pelo gerente de vendas. Na
segunda semana de trabalho, durante treinamento da equipe, ele insinuou na frente de colegas
de trabalho que o vendedor era gay, e passou a tratá-lo com palavras grosseiras, a dizer que
"tinha voz de gay" e a fazer brincadeiras de mau gosto – como a de citar seu nome e dizer
que, à noite, ele se chamava "Alice no País das Maravilhas".
Os R$ 10 mil de indenização por danos morais estipulados pela 5ª Vara do Trabalho de Belém
(PA) não foram suficientes para um vendedor que teve a cabeça raspada sem seu
consentimento em uma comemoração de metas atingidas pela PR Distribuidora de Bebidas e
Alimentos Ltda. No entanto, em sua tentativa de elevar a indenização no Tribunal Superior do
Trabalho ele não obteve o resultado que desejava, pois a Terceira Turma não conheceu de seu
recurso de revista.
Itaú deve indenizar bancário que ficou fora de homenagem por 30 anos de
serviço – TST (Ter, 08 Mai 2012 11:29:00)
Mesmo tendo atingido o tempo de serviço exigido, um bancário deixou de ser convidado para
participar, em 2006, da homenagem que o Itaú Unibanco S.A. prestava a todos os empregados
que completavam trinta anos de trabalho na instituição. Pela conduta discriminatória do
empregador, que causou prejuízo à sua reputação, a Oitava Turma do Tribunal Superior do
Trabalho determinou que o banco pague R$ 5 mil por danos morais ao empregado.
Vigilante será indenizado por trabalhar em local sem banheiro – TST (Qui,
02 Fev 2012 07:45:00)
A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso da Protege S.A.
Proteção e Transporte de Valores por meio do qual buscava a reforma de decisão do Tribunal
89
Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) que a condenara a indenizar em R$ 15 mil por danos
morais um ex-vigilante que trabalhava em um local desprovido de sanitário.
O Unibanco – União de Bancos Brasileiros S/A foi condenado a pagar R$ 100 mil de
indenização por danos morais a uma gerente submetida a situação vexatória e degradante num
evento da empresa. No encontro, que reuniu 400 gerentes em Angra dos Reis (RJ), o
desempenho de sua agência foi considerado ruim, e ela e outros colegas foram obrigados a
fazer flexões "como soldados", sob as ordens de um ator caracterizado como sargento da
Aeronáutica. A condenação, fixada pela Justiça do Trabalho da 2ª Região (SP), foi mantida
pela Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, para quem a fixação do valor "pautou-se
pelo princípio da razoabilidade, obedecendo aos critérios de justiça e equidade".
O condomínio residencial responde pelos atos de condôminos que causem danos a seus
empregados. Com base nessa premissa, a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho
determinou o retorno de um processo à 2ª Vara do Trabalho de Aracaju (SE) para que proceda
à abertura da instrução processual e julgue o caso de um porteiro agredido por um condômino
e demitido posteriormente.
Colocado para fora do local de trabalho às 2h da manhã em Itaguaí, área industrial do Rio
de Janeiro (RJ), local ermo, perigoso, de difícil acesso e sem transporte público regular, um
mecânico conseguiu comprovar, na Justiça do Trabalho, os danos morais sofridos com a
atitude do supervisor da Sartori Serviços Ltda., que o expulsou do canteiro de obras. A
empresa foi condenada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) a pagar, em
fevereiro de 2011, indenização de R$ 5 mil, decisão mantida pela Segunda Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, que, em julgamento recente, negou provimento a agravo de instrumento
da empresa.
A Sadia S.A. foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 68.400 a um empregado que
teve o braço esquerdo amputado ao operar uma máquina de moer carne numa das instalações
da empresa, em Santa Catarina, e deverá ainda pagar pensão mensal vitalícia equivalente a
30% de seu salário. A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento ao
recurso de revista da empresa contra a condenação, imposta pelo Tribunal Regional do
Trabalho da 12ª Região (SC).
Quando um trabalhador é acusado injustamente pelo patrão de praticar ato ilícito, como, por
exemplo, furto, deve ser indenizado por danos morais, devido à gravidade do crime que lhe foi
imputado. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho
rejeitou (não conheceu) recurso de revista da empresa C.H. Murad & Cia Jaú Ltda. contra
condenação imposta pela Justiça do Trabalho a pagar indenização a ex-empregado no valor de
R$ 5 mil.
91
A Vivo S.A. foi condenada, juntamente com a Plano Marketing Promocional S/C Ltda., a pagar
R$ 15 mil de indenização a uma trabalhadora terceirizada humilhada por um gerente da
empresa de telefonia por não alcançar as metas estipuladas. Ao recorrer ao Tribunal Superior
do Trabalho, as duas empresas pretendiam a redução do valor da condenação, tendo a Plano
alegado, inclusive, que o dano moral não chegou a provocar na trabalhadora prejuízos
psicológicos definitivos. Os argumentos não convenceram a Segunda Turma do TST, que
rejeitou os recursos quanto ao tema.
Uma transportadora de valores de Minas Gerais foi condenada pela Sétima Turma do Tribunal
Superior do Trabalho a indenizar um auxiliar de tesouraria que era obrigado a ficar nu todos os
dias, perante um vigia. Para o ministro Pedro Paulo Manus, relator do recurso de revista do
trabalhador, “a nudez imposta aos empregados, como meio de inibir possíveis furtos,
caracteriza conduta abusiva do empregador”.
Ao adotar este entendimento, a Sétima Turma restabeleceu sentença que mandou pagar R$ 8
mil de indenização por danos morais, em agosto de 2005. A questão, segundo o relator, trata
de “violação de direitos da personalidade” e, nesse caso, não é necessária a comprovação da
existência de dano. Mais ainda, o ministro Manus considerou irrelevante que o empregado, ao
ser contratado, já soubesse do procedimento a que seria submetido, pois a necessidade do
emprego pressiona o trabalhador a aceitar “atos patronais que podem ser considerados
abusivos”.
dos medicamentos que divulgavam junto à classe médica. A política vigorou na empresa até
2001, quando houve mudança na gerência do laboratório.
Ser obrigado a usar um chapéu de burro, trabalhar nas festas de fim de semana como
garçom, dançar na boca da garrafa e ganhar rabinho de burro. Assim um empregado
terceirizado era tratado no Banco Bradesco S.A. quando não atingia as metas de vendas dos
produtos da empresa. Para a Justiça, esses foram motivos suficientes para condenar o banco a
indenizar o empregado por dano moral, por ter sofrido humilhações e constrangimentos no
ambiente de trabalho.
Ao defender o Banco do Brasil em ação trabalhista movida por um de seus empregados no Rio
Grande do Norte, o advogado da instituição qualificou o reclamante de desonesto, astuto e
blefador. Sentindo-se moralmente ofendido com as expressões utilizadas pelo advogado na
contestação de uma ação anterior, o funcionário pediu à Justiça reparação por dano moral, e o
banco foi condenado a pagar-lhe indenização no valor de mais de R$ 108 mil.
requerer reparo por dano moral: carregar uma âncora de 20 kg, cantar músicas
desmoralizantes, pendurar fantasmas na mesa da equipe de vendas de pior resultado, segurar
uma tartaruga e desfilar com um objeto de plástico na cabeça, semelhante a um monte de
fezes.
Colégio indenizará professora demitida por mudar filho para outra escola
– TST (Qui, 15 Mai 2008 07:27:00)
Supervisora terceirizada da Telemar Norte Leste S.A., obrigada a vestir-se de palhaço, caipira,
bruxa e baiana para incentivar os operadores a ela subordinados a cumprir metas estipuladas,
vem ganhando na Justiça do Trabalho o direito a receber indenização por dano moral. Uma das
empresas que a contratava para prestar serviços à Telemar, a TNL Contax S.A., recorreu ao
Tribunal Superior do Trabalho para tentar reverter a condenação. A Sétima Turma, no entanto,
entendeu que uma decisão diferente necessitaria o reexame de fatos e provas, o que é
expressamente impedido pela Súmula nº 126 do TST, e negou provimento ao agravo.
Impor candidato político aos empregados constitui assédio moral. Como consequência, o
assediado tem direito a receber, do empregador, indenização por dano moral. Assim julgou a
Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho em ação de trabalhador safrista contra a
Cooperativa Agropecuária dos Cafeicultores de Porecatu Ltda. – Cofercatu. A decisão do TST
manteve o valor da indenização, definido pela Vara do Trabalho de Porecatu, no Paraná, em
R$10 mil.
Paquera não enseja reparação por assédio sexual – TST (Sex, 01 Jun 2007
06:04:00)
Uma paquera insistente, mas discreta, com declarações de amor eterno em cartões enviados a
uma datilógrafa pelo seu superior hierárquico, secretário do Sindicato dos Estivadores do Porto
de Rio Grande (RS), não foi suficiente para caracterizar assédio sexual que merecesse
reparação pecuniária por dano moral na Justiça do Trabalho. Segundo a decisão do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região (Rio Grande do Sul), confirmada pela Quinta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, o assédio se caracteriza quando há constrangimento provocado
na vítima, na busca de favor sexual, mediante o uso de poderes concedidos por situação
hierárquica superior.
94
A ação trabalhista foi proposta por uma ex-empregada do Sindicato dos Estivadores,
contratada para trabalhar como datilógrafa, com salário de R$ 689,00. Segundo contou na
petição inicial, ela sofreu, durante vários anos, “molestamento verbal e por escrito reiterado de
caráter sexual” por parte do secretário, o que “acarretou conseqüências prejudiciais ao
ambiente de trabalho e atentou contra a sua integridade física, psicológica e a sua dignidade,
causando-lhe constrangimentos”.
“Cavalo paraguaio, burro e incompetente”, eram alguns dos adjetivos usados por uma
supervisora da empresa SoftwayContact Center Serviços de Teleatendimento S/A para
qualificar seu subordinado, quando este não alcançava a meta de vendas traçada pela
empresa. Pelo tratamento ofensivo, considerado assédio moral, a empresa foi condenada a
pagar ao ex-empregado humilhado R$ 6 mil a título de indenização por danos morais. A
decisão, proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina), foi
mantida pela Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho.
Patrão que jogou carimbo em empregada pagará dano moral – TST (Qua,
21 Mar 2007 06:04:00)
A estratégia de uma gerente para identificar a autora de uma brincadeira de mau gosto no
banheiro de uma loja custou à rede Marisa Lojas Varejistas Ltda. a condenação ao pagamento
de R$ 30 mil por dano moral a uma vendedora. A decisão foi mantida depois que a Primeira
Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento (rejeitou) a agravo de instrumento
da empresa. O ministro João OresteDalazen rejeitou a pretensão da defesa de adotar o tempo
de serviço e o salário da empregada como parâmetros para a fixação da indenização.
O episódio aconteceu numa das lojas Marisa em Porto Alegre (RS). De acordo com a petição
inicial da reclamação trabalhista, após encontrar um absorvente higiênico colado na
parede do banheiro da loja, uma das gerentes teria procedido a uma revista íntima das
funcionárias e em seus armários, a fim de identificar aquelas que estariam fazendo uso
de absorvente. Segundo os depoimentos colhidos pela Vara do Trabalho, cerca de 20
empregadas estavam no banheiro quando a gerente disse que faria as revistas.
A rede de supermercados catarinense Sonae Distribuição Brasil foi condenada por prática de
discriminação ao proibir que ex-empregados exercessem em suas dependências atividades de
demonstradores, degustadores ou promotores de vendas de outras empresas. A Terceira
Turma do Tribunal Superior do Trabalho, em voto relatado pelo ministro Alberto Bresciani,
negou provimento ao agravo de instrumento da empresa, mantendo assim a condenação
imposta pela Justiça do Trabalho catarinense. A rede terá de pagar indenização no valor de R$
50 mil a ser revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), além de multa de R$ 15 mil
por trabalhador discriminado, se a atitude se repetir.
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Demitido antes de doar órgão recebe indenização - TST (Sex, 30 Nov 2012,
11:46)
Promotor de vendas que teve carro furtado durante trabalho receberá por
danos materiais (Qua, 27 Abr 2016 09:40:00)
O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO) indeferiram
a indenização, apesar de o TRT ter reconhecido que o empregado não tinha como cumprir a
meta de visitas se utilizasse somente o transporte coletivo. O acórdão ainda concluiu que
a exigência de possuir veículo para trabalhar não obriga a Rumo Certo a contratar seguro, até
porque nada foi firmado nesse sentido.
TST
De acordo com Cilene Santos, cabe à Rumo Certo compensar o dano, uma vez que era
necessário o uso do veículo particular e o furto ocorreu durante a jornada de trabalho. A
decisão foi unânime, e o processo vai retornar à 7ª Vara do Trabalho de Brasília para se definir
o valor da indenização.
A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou recurso da Brasil Telecom Call
Center S.A. e da OI S.A. contra decisão que as condenou a indenizar em R$ 5 mil um
profissional que teve a carteira de trabalho carimbada com a expressão "sem efeito" nas
96
O argumento do trabalhador para pleitear a indenização por danos morais foi o de que sofrerá
constrangimento a cada nova tentativa de recolocação no mercado de trabalho, pois terá que
tecer explicações perante a desconfiança de potenciais empregadores e, principalmente,
porque não há nota explicativa para aquele tipo de lançamento. Afirmou que as rasuras "beiram
as raias de um ato de vandalismo por parte da empresa", que não zelou pela conservação do
documento de identidade profissional que estava sob sua posse e responsabilidade da
empresa.
TST
Relator no TST, o ministro Brito Pereira destacou a informação de que a situação "acarretou
constrangimento ao trabalhador e pode dificultar ou até obstar nova contratação, dada a
importância da CTPS como histórico profissional do empregado". ECT é condenada por
discriminar agente por causa de orientação sexual (Ter, 26 Abr 2016 07:16:00)
O TRT manteve, porém, a caracterização do dano moral. A decisão destacou que o superior
hierárquico do agente teria dito que ele deveria participar do concurso "Garota dos Correios",
e que o gerente de seu setor convocou uma reunião, sem a sua presença, na qual os colegas
de trabalho foram informados que ele era portador do HIV.
A postagem de fotos da empresa em perfil no Facebook levou à dispensa por justa causa de
um operador de máquina de corte da empresa gaúcha KLL Equipamentos para Transporte
Ltda. A Quinta Turma do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso
do trabalhador, que pretendia reverter a demissão por justa causa em dispensa imotivada para,
assim, receber verbas rescisórias.
Sigilo industrial
A empresa afirmou que, segundo seu código interno de conduta, esse tipo de prática é
expressamente vedado, e que o regulamento era do pleno e prévio conhecimento do
empregado. Em seu depoimento, o operário negou que tivesse conhecimento da norma
interna, e disse que as imagens se destinavam a um trabalho de seu curso de graduação em
Processos Gerenciais, parcialmente custeado pela empresa. Segundo ele, seu gerente o
auxiliou em diversos trabalhos acadêmicos e tinha conhecimento das fotos, o que foi negado
pelo gerente em audiência. O trabalhador admitiu que não havia recebido autorização expressa
para tirar as fotos, mas alegou que postou as fotos em abril ou maio de 2013, e que a demissão
só ocorreu em setembro .
97
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou o Posto Servsul 300 Ltda.,
localizado na Rodovia Fernão Dias (BR 381) na altura de Campanha (MG), a pagar
indenização por dano moral de R$ 20 mil a um frentista vítima de assalto. Para o relator do
recurso do trabalhador, ministro Walmir Oliveira da Costa, a jurisprudência do TST reconhece
como de "risco extremo" o trabalho de frentista, por ser sujeito a assaltos, enquadrando-
se na teoria da responsabilidade objetiva pelos perigos da atividade empresarial
(parágrafo primeiro do artigo 927 do Código Civil e artigo 2º da CLT).
O Ministério Público do Trabalho (MPT) constatou que, quando a CNC deixou de prestar
serviços à Celtins, a energética e algumas empresas terceirizadas se recusaram a contratar
trabalhadores com processos na Justiça. O emprego só era efetivado em caso de desistência
ou acordo extrajudicial. Como a responsável pela energia elétrica no Tocantins se recusou a
assinar Termo de Ajustamento de Conduta, o MPT apresentou a ação civil pública.
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso da Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia de São José dos Campos (SP) contra decisão que a condenou a ressarcir por
danos morais uma vendedora que teve o nome divulgado em lista de empregados demitidos
por baixa produtividade. A listagem com o nome de quatro demitidos foi exposta no quadro de
aviso do departamento comercial. Valor da condenação: R$ 4 mil.
A Construtora B. Santos Ltda. foi condenada pela Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho a indenizar por danos morais um servente de obras porque exigiu, para sua
contratação, a apresentação de atestado de antecedentes criminais.
Em decisão anterior, o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (PB) confirmou sentença
que indeferiu o pedido de indenização, entendendo que a exigência seria um direito que o
empregador tem de averiguar o histórico de comportamento do candidato ao emprego. O TRT
frisou que a empresa solicitava a certidão a todos os empregados,indistintamente, o que
afastaria a ocorrência de prática discriminatória, e que o servente não provou que a construtora
divulgou algum fato que ferisse sua honra perante a sociedade.
No julgamento do recurso no TST, o relator, ministro Augusto César Leite de Carvalho, explicou
que, para a concessão da indenização, se baseou em decisão da Subseção 1 Especializada
em Dissídios Individuais (SDI-1), que fixou o entendimento de que a exigência da certidão de
98
antecedentes criminais para a contratação não é, por si só, motivo para reparação, mas
registrou duas situações excepcionais que autorizariam o reconhecimento do dano
moral. Uma delas seria a demonstração de que o candidato não foi contratado devido a
uma certidão positiva de antecedente que não tenha relação com a função a ser
exercida. A segunda seria a demonstração de que a atividade a ser exercida não
justificaria a exigência da certidão.
Nesse contexto, a Turma considerou cabível o dano moral, e condenou a empresa a pagar
indenização de R$ 2 mil.
O episódio aconteceu em São João Del Rei (MG). A bancária foi abordada pelos assaltantes
junto com o marido quando entrava em casa. Junto com o filho e a empregada, eles foram
feitos reféns por quase dois dias. Os assaltantes queriam que ela abrisse o cofre do banco e
lhes entregasse o dinheiro. O filho e o marido chegaram e ser levados para um cativeiro
enquanto ela ia para a agência para sacar o dinheiro.
A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso das Lojas Renner
S.A. contra decisão que a condenou a pagar indenização de R$ 6 mil, por danos morais, a um
empregado submetido a constrangimento com cobranças indevidas, restrição ao uso do
banheiro e deslocado para o "cantinho da disciplina", local para onde iam os
empregados que não atingiam metas.
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou agravo da S.A. Fábrica de Produtos
Alimentícios Vigor contra condenação ao pagamento de indenização a um coordenador de
vendas submetido a tratamento humilhante por descumprimento de metas. Ele disse que, além
de ter sido chamado de incompetente, foi obrigado a pagar “prendas” vexatórias, como calçar
sapato de salto. O coordenador afirmou que durante anos sofreu cobranças diárias por telefone
e e-mail e que nas reuniões era exposto a situações constrangedoras pelo gerente nacional na
presença de outros empregados quando não atingia as metas de vendas. Após a demissão,
pediu indenização por dano moral. A indenização foi fixada em R$ 5 mil.
A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho desproveu agravo da Fred Mello Comércio
de Alimentos Ltda., razão social de uma franquia da rede de lanchonetes Giraffas, contra
condenação em R$ 10 mil pelo dano moral causado a uma atendente por agressões físicas e
raciais por parte de uma gerente. Na reclamação trabalhista, a atendente disse que, durante o
expediente, numa loja da rede no Norte Shopping, no Rio de Janeiro (RJ), pegou um pedaço
carne para comer e foi repreendida pela gerente, que pediu que levassem o produto à chapa e
o esquentasse ao máximo. Depois disso, a imobilizou com uma “chave de braço” e a forçou a
comer o alimento, chamando-a de “chita”. Da agressão restou uma queimadura de primeiro
grau nos lábios e na laringe, conforme atestado de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
que lhe prestou socorro.
A prática foi considerada humilhante e vexatória. A Café Três Corações S.A. terá de indenizar
um vendedor obrigado a cantar o Hino Nacional perante os colegas quando chegava atrasado
ao trabalho. A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso da empresa
contra decisão que reconheceu o dano moral na submissão do empregado a tratamento
vexatório, ao impor-lhe uma atividade alheia àquelas para as quais foi admitido e sequer
relevante para sua função. O auxiliar de vendedor considerava humilhante cantar o hino em
frente aos colegas, e disse que era motivo de chacota quando errava a letra. O Tribunal
Regional do Trabalho, com base na prova oral, confirmou a sua versão dos fatos. Uma das
testemunhas o viu cantar o hino junto com outro colega, também atrasado, e outra afirmou de
que a prática, já suspensa, foi instituída por um supervisor e admirador do hino, que escolhia os
mais atrasados ou com menor desempenho para “puxar” o canto. A indenização foi fixada em
R$ 3 mil.
A American Airlines Inc. e a Swissport Brasil Ltda. foram condenadas a indenizar um agente de
proteção da aviação civil que foi submetido ao poligrafo (conhecido como detector de mentiras)
durante sua seleção para a função. A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por
unanimidade, fixou em R$ 25 mil o valor a ser pago ao trabalhador, por considerar que o
procedimento adotado na entrevista violou o principio consagrado em normas internacionais
sobre direitos humanos de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) entendeu que a empresa deveria se abster
da prática. Não se tratando de exames médicos obrigatórios admissionais, periódicos ou
demissionais, previstos no artigo 168 da CLT, os exames violariam os direitos à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem dos trabalhadores, garantidos pela
Constituição no artigo 5º, inciso X. Para o juízo, a rede, em caso de desconfiança quanto ao
uso de entorpecentes, poderia comunicar o fato à autoridade policial para que esta apurasse
eventual conduta ilícita. “O que não se admite é que seja adotada conduta discriminatória e
constrangedora em face dos trabalhadores pela realização de exames toxicológicos aleatórios”,
observou o Regional
Art. 168 - Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições
estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
III - periodicamente.
O Banco Santander (Brasil) S.A. obteve em recurso para a Quinta Turma do Tribunal Superior
do Trabalho (TST) a redução de R$ 40 mil para R$ 18 mil do valor indenizatório a ser pago a
uma terceirizada vítima de assédio moral. Ela conta que foi submetida a situação humilhante ao
receber sugestões do chefe da empresa prestadora para utilizar trajes sensuais e maquiagem a
fim de captar clientes para o banco. Na ação trabalhista ela afirma que sofria constrangimentos
habituais por parte dos superiores, que insistiam para que ela usasse minissaia e roupas de
ginástica ao realizar visitas a clientes. Relatou que também era chamada a participar de festas
informais, onde se fazia questão da presença de meninas bonitas.
moral decorreu da permissão da empresa para que fosse divulgada notícia de que o
empregado foi conduzido à delegacia por suposto envolvimento no sumiço de produto
formicida. De acordo com o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (MS), depoimento de
testemunha revelou que o trabalhador passou a sofrer chacotas dos colegas em decorrência da
divulgação da suspeita. Para o TRT, a comunicação do caso a outros empregados causou
enorme constrangimento ao almoxarife, seja pela imputação de conduta criminosa, seja pelo
assédio moral decorrente da propagação da notícia. O Regional deferiu indenização de R$
4.307,97, mas o trabalhador recorreu ao TST, e conseguiu o aumento do valor. A relatora,
ministraDelaíde Miranda Arantes, votou no sentido de elevar a reparação para R$ 20 mil.
Considerando a gravidade do dano, a culpa da empresa, a capacidade econômica das partes e
o caráter pedagógico da condenação, a ministra julgou não ser razoável a quantia arbitrada
pelo TRT-MS.
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho não admitiu recurso de revista da empresa
de moda Inbrands S.A., pelo qual ela tentava reverter decisão que a condenou a indenizar um
vendedor dispensado após discussão em que foi ofendido publicamente com termo referente à
orientação sexual. Desse modo, manteve-se a indenização por danos morais no valor de R$ 5
mil, determinada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS). Na reclamação
trabalhista, o vendedor narrou que, durante discussão com a representante da empresa por
causa de uma venda não contabilizada em sua cota, foi ofendido pela subgerente da loja, que
começou a insultá-lo, “chamando-o de “bichinha afetada" e outros termos”. De acordo com o
trabalhador, a sua orientação sexual, seja ela qual for, não poderia ser utilizada como insulto,
ou exposta publicamente perante os colegas e clientes. No dia seguinte à confusão, ele e a
subgerente foram despedidos.
A Sétima Turma considerou perfeitamente compatível o exercício simultâneo das duas funções.
A Cencosud Brasil Comercial Ltda. (grupo chileno proprietário da rede de supermercados G
Barbosa, do Nordeste) conseguiu, em recurso para a Sétima Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, a exclusão da condenação ao pagamento a uma operadora de caixa de percentual
de 30% do salário base pelo acúmulo de funções. A Turma, por unanimidade, considerou
perfeitamente compatível o exercício simultâneo das duas funções. A empresa havia sido
condenada pelo juízo da 2ª Vara do Trabalho de Aracaju (SE) ao pagamento de percentual de
50% a título de adicional. A Cencosud recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 20ª
Região (SE) argumentando que a função de empacotar não exige habilidade técnica ou
responsabilidade como se exige do operador de caixa. Alegou, ainda, que o acúmulo não fez a
operadora trabalhar além da jornada normal.
A Oitava Turma entendeu que a indenização de R$ 5 mil foi compatível com o dano. A Oitava
Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou o pedido de aumento de indenização por danos
morais para um empregado que foi trocado de turno pela Berneck S.A. Painéis e Serrados, do
Paraná, porque namorava colega de trabalho. No recurso ao TST, ele afirmou que era
perseguido pelo superior e teve sua honra, moral e dignidade ofendidas gravemente, mas a
Turma entendeu que o valor de R$ 5 mil foi compatível com o dano, e não conheceu do
recurso. Na contestação apresentada na reclamação trabalhista, a empresa disse que tinha
conhecimento do relacionamento, mas que jamais houve perseguição. Segundo a defesa, é
normal que empregados que trabalham juntos e “que possuam um relacionamento amoroso
sério e em vias de contrair núpcias” sejam deslocados para setores e horários diversos, até
mesmo para preservação de ambos. O juízo da 2ª Vara de Araucária (PR) entendeu que não
havia embasamento legal para uma transferência de turno em razão do relacionamento
amoroso, já que não havia no processo prova de conduta inapropriada dos empregados. A
empresa foi condenada em R$ 5 mil, e o valor foi mantido pelo Tribunal Regional do Trabalho
da 9ª Região. O relator do recurso do trabalhador ao TST, ministro Márcio Eurico Vitral Amaro,
lembrou que a jurisprudência do TST vem adotando o entendimento de que os valores fixados
nas instâncias inferiores só podem ser revisados se transpuserem os limites do razoável, caso
sejam extremamente irrisórios ou exorbitantes, o que não se verifica no caso. O recurso do
empregado não foi conhecido por unanimidade, mas ainda cabe recurso.
105
Guilherme Caputo Bastos ressaltou que a jurisprudência tem mantido o entendimento de que a
revista realizada de modo impessoal, geral, sem contato físico ou exposição da intimidade, não
submete o trabalhador a situação vexatória ou caracteriza humilhação. “Não houve produção
probatória no sentido de demonstrar a ocorrência de situações humilhantes e vexatórias
durante as revistas, não se podendo, portanto, entender configurado algum tipo de
constrangimento ensejador de dano moral”, concluiu.
A CMI Brasil Serviços de Manutenção de Equipamentos Industriais Ltda. foi absolvida pela
Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho de pagar indenização por danos morais a um
eletricista submetido seis vezes a teste de bafômetro durante o período que prestou serviços à
Vale S.A. O teste faz parte de um programa de segurança no trabalho, desenvolvido pela CMI
por exigência da Vale, empresa tomadora de serviços. O Programa de Prevenção e
Tratamento de Dependência Química da Vale, destinado aos empregados da empresa e aos
terceirizados, tinha como objetivo prevenir a ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho,
reconhecidamente de risco. O teste de bafômetro era realizado uma vez por semana em dez
empregados sorteados de forma aleatória. Na reclamação trabalhista, o eletricista sustentou
que a submissão dos trabalhadores ao sorteio para o teste, visando à detecção do consumo de
álcool ou substâncias entorpecentes era “manifestamente ilegal” e ofensivo ao princípio da
dignidade da pessoa humana. Alegou ainda que haveria caráter intimidatório, pois a medida
serviria como parâmetro para a dispensa do trabalhador. O pedido de indenização foi julgado
improcedente na primeira instância, mas foi deferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região (MG), que condenou a CMI ao pagamento de indenização de R$ 5 mil. De acordo com
o TRT, embora o programa estivesse voltado para a prevenção de acidentes, a imposição do
teste extrapolaria os limites da relação de emprego, atingindo a esfera privada dos
trabalhadores. No recurso ao TST, a empresa argumentou que o programa de segurança no
trabalho incluía a verificação da saúde e da aptidão física dos trabalhadores, e que a realização
de teste tinha o intuito de conscientizá-los quanto ao consumo de bebidas alcoólicas.
Acrescentou que o exame não era obrigatório e era feito em laboratório móvel (container), de
forma discreta e individual, pois apenas o enfermeiro tinha acesso aos resultados. No caso do
eletricista, ressaltou que ele autorizou o procedimento nas seis vezes, obtendo resultados
sempre negativos. Segundo a relatora do processo, ministra Dora Maria da Costa, não houve,
no caso, abuso do poder diretivo do empregador, uma vez que era respeitado o caráter sigiloso
107
do resultado dos testes, e o sorteio era feito dentro de um contêiner. “Tampouco ficou
evidenciado que houve constrangimento do empregado ao ser selecionado para o teste nem
que fosse obrigatória a realização do exame”, frisou. A ministra salientou ainda que o TRT não
registrou que algum empregado tenha sido dispensado por causa do teste.
REGRA GERAL: A nossa CLT usou como regra geral a alteração bilateral (o mútuo
consentimento) e ausência de prejuízo do contrato de trabalho.
Art. 468, CLT - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.
Jus Variandi
A doutrina entende que o empregador pode fazer pequenas alterações (não significativas) no
contrato de trabalho de maneira unilateral, desde que não acarretem direta ou indiretamente
prejuízos ao empregado, é o que chamamos de jus variandi. Exemplo: alterar o horário do
trabalho, alterar o setor dentro da empresa.
§ 2o A alteração de que trata o § 1o deste artigo, com ou sem justo motivo, não
assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício
da respectiva função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Não se considera alteração ilícita a reversão do empregado para o cargo efetivo anteriormente
ocupado, pois ninguém tem direito adquirido a exercer eternamente cargo de confiança. Deixou
de ser da confiança do empregador ele pode reverter o empregado ao seu cargo de origem.
No entanto, devemos ficar bem atentos a alteração implementada pela Reforma Trabalhista.
Antes do advento da Lei no 13.467/2017, quando percebida a gratificação de função por dez ou
mais anos pelo empregado na função de confiança, ele poderia até perder o cargo, mas não a
gratificação, pois a gratificação se incorporava ao seu patrimônio, passando a ser direito
adquirido do empregado.
TST Enunciado nº 372 – I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo
empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá
retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. II - Mantido o
empregado no exercício da função comissionada, não pode o empregador reduzir o valor da
gratificação.
Art. 468, § 2º, CLT - A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo,
não assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação
correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de exercício
da respectiva função. (NR)
Jurisprudência do TST
Na reclamação trabalhista, a jornalista disse que, além das atribuições do cargo, ela fazia
desenvolvia atividades de cobertura fotográfica de eventos, elaboração de roteiros para vídeos
institucionais, filmagens e áudio de vídeos, desenvolvimento de identidade visual para projetos
fotojornalísticos, atribuições à função de fotógrafo. Segundo ela, o plano de cargos e salários
da Cebraspe delimitava expressamente as funções de fotógrafo e jornalista. Para a primeira,
exige-se curso superior completo na área ou curso de fotografia e, no mínimo, dois anos de
experiência, e, para a segunda, curso superior completo em jornalismo e, no mínimo, quatro
anos de experiência.
Também sustentou que assumia rotineiramente tarefas próprias de sua gestora, de maior
complexidade e responsabilidade, em acúmulo às suas próprias atribuições. Pediu, assim, o
deferimento do adicional de 30%.
Campo de atuação
O juízo de primeiro grau considerou que as tarefas elencadas por ela como próprias de
fotógrafo não estão necessariamente fora do campo de atuação de uma jornalista, sobretudo
quando se considera que o Cebraspe não é uma empresa de jornalismo, em que seria exigível
mais rigor na diferenciação de incumbências. Assim, o incontroverso trabalho com fotografia
não caracteriza acúmulo de função para uma Jornalista de uma associação civil.
Contudo, deferiu adicional de 15% do salário fixo da jornalista, tendo em vista a comprovação,
mediante testemunhas, de que ela exercia rotineiramente atribuições da chefia, e não apenas
de apoio eventual.
A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que uma técnica de enfermagem de
Taubaté (SP) não receberá adicional por acúmulo de função com a de motorista de
ambulância. De acordo com os ministros, as duas atividades são correlatas, o que afasta o
direito à parcela.
110
Ambulância
A técnica de enfermagem era empregada da Imtep GSI Clínica Médica Hospitalar Ltda. e
prestava serviços à Volkswagen do Brasil S. A. Na reclamação trabalhista, ela disse que, além
de suas funções, dirigia a ambulância para remover trabalhadores acidentados ou com
doenças graves para unidades de pronto atendimento.
Além de ser exposto ao risco, o empregado não estava qualificado para a função.
Insegurança
Por sua vez, a Embrast disse que a mercadoria transportada (embalagens plásticas e
derivados) não era visada por assaltantes e que o transporte de dinheiro se dava somente
quando algum cliente fazia o pagamento no ato da entrega, “o que não ocorria todos os dias.
Sustentou, ainda, que o empregado não percorria nem permanecia em áreas de risco e nunca
havia sofrido um assalto durante o contrato.
Ameaça hipotética
O juízo da Vara do Trabalho de Itajaí e o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC)
negaram o pedido de indenização. Quanto ao risco a que o empregado poderia estar
submetido, o TRT afirmou que a ameaça era apenas hipotética. “A situação real não enseja
direito à indenização, pois o trabalhador não foi vítima de assalto e nem sequer sofreu ameaça
concreta a sua vida ou a sua integridade física e moral”.
Função
Diante da decisão, o ajudante recorreu ao TST para reiterar que a exigência da empregadora
quanto às atribuições de cobrança e transporte de valores eram alheias à sua função. Ele
argumentou, ainda, que o fato de não ter sido vítima de nenhum dano concreto, como um
assalto ou uma ação contra sua incolumidade física, não exime a empresa de
responsabilidade.
Riscos indevidos
De acordo com a relatora do recurso, ministra Kátia Arruda, a jurisprudência reconhece que a
atividade de transporte de valores só pode ser desempenhada por empregado de empresa
especializada ou profissional devidamente treinado (artigo 3º da Lei 7.102/1983).
O empregado disse, na ação trabalhista, que, nos quatro anos em que havia trabalhado para a
Pégaso, dirigia e cobrava passagens do "frescão" (ônibus urbano com ar condicionado). Na
visão do motorista, quem dirige em uma grande cidade não é capaz de, ao mesmo tempo,
cobrar passagens, fazer contas e dar o troco sem colocar em risco a vida dos passageiros. “O
motorista que acumula funções tem muito mais chances de adquirir disfunções físico-mentais”,
argumentou.
Tarefas compatíveis
Todavia, a relatora do recurso da empresa ao TST, ministra Maria Helena Mallmann, entendeu
pela reforma da decisão do Regional. Ela lembrou que, de acordo com a jurisprudência do TST,
o motorista de ônibus que também é responsável pelo recolhimento do valor das passagens
não tem direito a receber diferenças salariais por acúmulo de funções. “Essas tarefas são
plenamente compatíveis com a sua condição pessoal”, observou.
Em seu voto, a ministra cita ainda o artigo 456, parágrafo único, da CLT, que diz que o
exercício de atividades diversas, compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, dentro
da jornada regular de trabalho, não dá direito ao pagamento de acréscimo salarial por acúmulo
de funções.
Para a 2ª Turma, a jurisprudência vem entendendo que as atividades são compatíveis entre si
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho acolheu o recurso da Expresso São Miguel
Ltda., de São Leopoldo (RS), para excluir sua condenação ao pagamento de adicional a um
motorista por acúmulo de funções. O empregado alegava que, além de motorista, trabalhava
como ajudante. Por unanimidade, porém, o colegiado entendeu que as tarefas são compatíveis
entre si.
Alteração de contrato
Na ação trabalhista, ajuizada em dezembro de 2015, o motorista disse que dirigia caminhão
truck realizando entrega e coleta de mercadorias, como eletrodomésticos, móveis e peças
automotivas, e ainda tinha de ajudar no descarregamento. Ele acusava a empresa de ter
alterado o contrato de forma unilateral, caracterizando desvio de função, pois essas tarefas não
eram desempenhadas anteriormente.
Ordem de serviço
Por sua vez, a empresa disse que o empregado fora contratado como motorista e sempre
exercera essa função. Segundo a Expresso, a tarefa de auxiliar o carregamento e o
descarregamento do caminhão está inserida na função de motorista e era de total
conhecimento do empregado quando da contratação.
Jurisprudência
A relatora do recurso de revista da Expresso, ministra Maria Helena Mallmann, acolheu a tese
da empresa de que as atividades de motorista e ajudante são complementares, e não
distintas. Segundo a ministra, a jurisprudência do TST vem entendendo que elas são
compatíveis entre si, o que afasta o direito ao plus salarial por acúmulo de funções.
Em seu voto, a relatora citou, também, o artigo 456, parágrafo único, da CLT, que diz que, na
falta de prova ou de cláusula expressa, se entende que “o empregado se obrigou a todo e
qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal".
Já na suspensão o empregado não trabalha, mas também não recebe, não conta tempo
de serviço, não recolhe FGTS, etc.
Art. 473, CLT - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do
salário:
OBS. Quem paga a licença paternidade é a empresa por não se tratar de um benefício
previdenciário como no caso da licença maternidade.
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da
lei respectiva.
ATENÇÃO Não podemos confundir com a hipótese de suspensão que é quando o homem fica
servindo as forças armadas por um ano.
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular
para ingresso em estabelecimento de ensino superior.
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
X - pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em até 6 (seis)
consultas médicas, ou em exames complementares, durante o período de gravidez;
(Redação dada pela Lei nº 14.457, de 2022)
XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta
médica. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de
exames preventivos de câncer devidamente comprovada. (Incluído pela Lei nº
13.767, de 2018)
Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput deste artigo será contado a
partir da data de nascimento do filho. (Incluído pela Lei nº 14.457, de 2022)
Na suspensão o empregado não trabalha, mas também não recebe, não conta tempo de
serviço, não recolhe FGTS, etc.
Art. 474 - A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa
na rescisão injusta do contrato de trabalho.
CASO 01
Acidente de trabalho ou doença após o 15º dia TST Enunciado nº 440 - Assegura-se o direito à
manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao
empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença
acidentário ou de aposentadoria por invalidez.
CASO 02
CASO 03
Greve Direito assegurado constitucionalmente pelo art. 9º, CF/88 e regulamentado pela Lei no
7.783/89 que em seu art. 7o estabelece que a greve suspende o contrato de trabalho.
Art. 7º, Lei 7.783/89. Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em
greve SUSPENDE o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o
período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do
Trabalho.
CASO 04
CASO 05
Faltas injustificadas O empregado perde a remuneração do dia em que ele faltou e perde
também a remuneração do repouso semanal remunerado.
CASO 06
CASO 07
Art. 475, CLT - O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu
contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a
efetivação do benefício.
116
Jurisprudência do TST
Art. 7º, XXI, CF/88 - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de
trinta dias, nos termos da lei.
Até a edição da lei 12.506/11 o aviso prévio era concedido com o prazo de 30 dias, sem
regulamentação do aviso proporcional, que, como estudado em direito constitucional, era
norma de eficácia limitada.
O aviso prévio é o instituto criado para avisar a outra parte sobre o termino do contrato de
trabalho, marcando um prazo para sua extinção, bem como o valor que deverá ser pago.
Assim, o aviso prévio corresponde à uma comunicação entre as partes para a conclusão do
contrato.
2 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017. p.
1336
Quanto ao cabimento, a regra é ser cabível em contratos por prazo indeterminado, entretanto
existem hipóteses em que o aviso prévio é cabível em contratos por prazo determinado.
117
Cabe informar que o aviso prévio pode ser um ônus para o empregador como para o
empregado.
Assim, o aviso prévio é cabível nas seguintes situações (com ônus para o empregador):
b) Extinção da empresa;
c) Rescisão indireta;
Art. 481, CLT - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula
asseguratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado,
aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que
regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
Agora, o aviso prévio é cabível nas seguintes situações (com ônus para o empregado):
a) Resilição unilateral;
No caso de culpa recíproca o empregado terá direito a metade do valor do aviso prévio.
2.2. Prazos
Art. 7o, XXI, CF/88 - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de
trinta dias, nos termos da lei.
A Lei nº 12.506/2011 regula o aviso prévio proporcional, sendo certo que a cada ano de
serviço serão acrescidos 3 dias de aviso prévio, perfazendo um total máximo de 90 dias de
aviso prévio (30 dias + 60 dias proporcionais, ou seja, para garantir 60 dias deve laborar por
pelo menos 20 anos).
É interessante tecer comentários quanto a contagem do prazo do aviso prévio, em que exclui-
se o dia do começa e inclui o dia do término
TST Enunciado nº 380 - Aplica-se a regra prevista no "caput" do art. 132 do Código Civil
de 2002 à contagem do prazo do aviso prévio, excluindo-se o dia do começo e incluindo
o do vencimento.
118
O aviso prévio só é concedido pelo período de 30 dias. Caso seja direito do empregado um
número maior de dias serão, esses indenizados. Exemplo: 30 dias (trabalhados) + 9 dias
(indenizados) = 3 anos de trabalho.
O aviso prévio que é para proteger não pode prejudicar. No caso do empregado arrumar outro
emprego no decorrer do aviso prévio é exceção a regra, eximindo o empregador do valor
correspondente ao aviso prévio.
a) Trabalhado
Art. 488, CLT - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e
se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas
diárias, sem prejuízo do salário integral. Parágrafo único - É facultado ao empregado
trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias previstas neste artigo, caso em que
poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do
inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na hipótese do inciso II do art. 487 desta
Consolidação.
1) Ocorre quando o trabalhador labora por mais 30 dias, com redução diária de 2 horas de
serviço; TST Enunciado nº 230 - É ilegal substituir o período que se reduz da Jornada de
trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas correspondentes.
2) Quando o trabalhador tem direito de não trabalhar nos últimos 7 dias do aviso prévio, mas
trabalha os outros dias sem a redução da jornada.
b) Indenizado:
Nesse caso não há trabalho, não há prestação de serviços. Apenas haverá contraprestação em
pecúnia.
Art. 487, CLT - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima
de: II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12
(doze) meses de serviço na empresa. § 1º - A falta do aviso prévio por parte do
empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso,
garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. § 2º - A falta de
aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os
salários correspondentes ao prazo respectivo.
No caso do empregado não cumprir com o aviso prévio, poderá o empregador descontar do
salário os dias não trabalhados:
119
Art. 487, CLT - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima
de:
Art. 487, CLT - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima
de: § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos
salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse
período no seu tempo de serviço.
O empregado que cometer falta grave, ou seja, der justa causa durante o aviso prévio poderá
ser dispensado. Só existe uma justa causa que não vigora no aviso prévio, é o abandono de
emprego.
Art. 490, CLT - O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado ao empregado,
praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato, sujeita-se ao pagamento da
remuneração correspondente ao prazo do referido aviso, sem prejuízo da indenização
que for devida.
Art. 491, CLT - O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer qualquer das
faltas consideradas pela lei como justas para a rescisão, perde o direito ao restante do
respectivo prazo.
O aviso prévio pode ser retratado, mas dependerá da anuência da outra parte.
Art. 489, CLT - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o
respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à
outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. Parágrafo único - Caso seja
aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o
contrato continuará a vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido dado.
O aviso prévio para todo brasileiro será concedido na proporção de 30 dias aos empregados
que contem menos de 1 ano completo de serviço na mesma empresa. Ao aviso prévio
proporcional, previsto na lei 12.506/2011, serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço
prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até
90 (noventa) dias.
Art. 1º, Lei 12.506/11 - O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de
maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que
contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio
previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na
mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90
(noventa) dias.
Jurisprudência do TST
Por unanimidade, a SDI-1 proveu os embargos e condenou a empresa ao pagamento dos três
dias de trabalho prestado indevidamente no período do aviso-prévio, com os reflexos cabíveis.
Segundo o relator, de acordo com a Súmula 244, item I, do TST, não é indispensável, para o
reconhecimento da garantia de emprego, que a confirmação da gravidez tenha ocorrido antes
da rescisão contratual. “É exigido somente que ela esteja grávida e que a dispensa não tenha
ocorrido por justo motivo, e é irrelevante que o empregador ou a empregada tenham
conhecimento do estado gravídico”, concluiu.
A decisão foi unânime. (LT/CF) Processo: RR-2670-29.2014.5.02.0005
Embora o salário mínimo regional apareça inúmeras vezes na CLT, devemos lembrar que ela é
antiga. Não temos mais salário mínimo diferente entre Estados, sendo vedado o salário mínimo
regional. Assim, toda vez que aparecer na CLT salário mínimo regional, devemos lembrar que
esses dispositivos não foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988.
Art. 7º, IV, CF/88 - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim.
NÃO é possível que os Estados criem um salário-mínimo estadual, o que pode acontecer é que
leis estaduais versem sobre o piso salarial de determinadas categorias, não podendo o piso ser
inferior ao salário mínimo nacionalmente unificado.
O salário mínimo é previsto em lei e nacionalmente unificado, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim, ou seja, não se
pode utilizar o salário mínimo como indexador.
Dessa forma, via regra, é vedada a formação de contratos tendo como base o salário mínimo.
O constituinte quis com isso elevar o real poder aquisitivo quando o salário mínimo tivesse um
aumento, pois se fosse aumentado o salário mínimo e se na mesma proporção todos os
contratos que orbitam a vida do trabalhador, ele nunca teria um ganho real em seu poder
aquisitivo. Assim, se eu aumento o salário mínimo em 6%, mas aumentou a escola em 6%,
aumentou o aluguel em 6%, aumentou a cesta básica em 6%, portanto, não adiantou aumentar
o salário mínimo. Concluindo, não posso vincular outras atividades ao salário mínimo.
O salário mínimo é o valor mais baixo que o empregador poderá pagar ao empregado que
trabalha 8 horas diárias e 44 horas semanais. Todavia, se o obreiro for contratado para
trabalhar em jornada inferior à duração normal, poderá receber menos, mas o valor da hora
será proporcional ao salário-mínimo.
OJ 358 SDI-1 TST - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior
à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o
pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado.
Piso Salarial
122
Por fim, vamos falar um pouquinho do piso salarial, que é o valor mínimo fixado em acordo ou
convenção coletiva de trabalho (negociação coletiva), para determinada categoria profissional,
dos metalúrgicos, por exemplo.
Art. 7º, VI, CF/88 - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo.
A regra é a irredutibilidade do salário, mas esse preceito também não é absoluto, mediante
convenção ou acordo coletivo de trabalho é possível a redução salarial temporária do
empregado, preservando o bem maior do empregado, o emprego.
Ocorre que o legislador preferiu, nesse caso, reduzir temporariamente os salários dos
empregados, para proteger a continuidade da relação de emprego.
O salário é intangível, intocável. Partimos de uma premissa de que o salário tem natureza
alimentar, por isso não é passível de descontos. Dívidas cíveis não penhoram o salário, a única
dívida que alcança o salário é a pensão alimentícia, a qual também tem natureza alimentar.
Art. 462, CLT - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que
esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Salário é tudo aquilo que empregado recebe do empregador por força de um contrato de
trabalho, ou seja, tudo aquilo que o empregado recebe como contraprestação pelo serviço
prestado ou pelo tempo à disposição tem natureza salarial.
O salário pode ser fixo ou variável. O salário fixo é aquela prestação certa, invariável, salvo
se o empregado faltar ou chegar atrasado, nesses casos o empregador poderá fazer os
devidos descontos. Já no que se refere ao salário variável, é aquele que vem atrelado a uma
condição, geralmente ligada à produção do obreiro.
A remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, é a soma do salário devido e pago
diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço (pagamento direto) mais a
contraprestação paga por terceiros (pagamento indireto).
As gorjetas são o melhor exemplo de pagamento indireto, aquele realizado por terceiro à
relação contratual, que a despeito de não ter natureza salarial compõem a remuneração do
empregado, integrando-se ao salário para todos os efeitos legais.
123
Conceito de Gorjeta
Dessa forma, a gorjeta representa a quantia paga por terceiros como forma agradecimento pelo
serviço prestado de forma eficiente ou diante da exigência da empresa.
Tendo em vista o conceito legal de gorjeta inserido na CLT por meio da Lei no 13.419/2017,
depreende-se que existem duas espécies de gorjeta:
Art. 457, § 3º, CLT - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada
pelo cliente empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou
adicional ao, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.
Art. 7º, XI, CF/88 – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração,
e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
O art. 3º da Lei no 10.101/2000 estabelece que a Participação nos Lucros e Resultados não
constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se aplicando o princípio da
habitualidade.
Art. 3º, Lei 10.101/00 - A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa
a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de
qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.
Não é possível distribuir PL todos os meses, caso o empregador queira distribuí-la deve ser ou
semestral ou anual. E, ainda, deverá ser ajustada mediante negociação coletiva.
mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre
civil.
Os empregados que contribuíram para a empresa na busca por lucros e resultados terão direito
a parcela, mesmo que o contrato de trabalho tenha terminado antes da data prevista para a
percepção da participação. No caso de rompimento antecipado, o pagamento será realizado de
forma proporcional aos meses trabalhados.
TST Enunciado nº 451 - Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo
coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos
lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para
a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o
pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-
empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.
Art. 611-A, CLT - A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
Jurisprudência do TST
Ainda que o contrato de trabalho não esteja mais em vigor, o ex-empregado contribuiu para os
resultados positivos da empresa.
Nos dois casos, os empregados haviam pedido demissão, e seus pedidos de recebimento da
participação nos lucros foram rejeitados pelos Tribunais Regionais do Trabalho da 1ª Região
(RJ) e da 2ª Região (SP). O fundamento foi a norma coletiva da categoria, que excluía os
demissionários do direito à parcela. “O que se encontra disposto na norma coletiva é uma
manifestação livre de vontade das partes pactuantes, não existindo lacunas para extrapolação
daquilo que foi acordado", observou o TRT-2.
125
Resultados da empresa
O relator dos recursos, ministro Alexandre Ramos, assinalou que o pagamento da PLR não é
condicionado à vigência do contrato de trabalho, mas ao fato de o empregado ter contribuído
para os resultados da empresa. Segundo o ministro, o entendimento do TST (Súmula 451) é de
que a exclusão do direito ao pagamento da parcela com relação ao empregado que pediu
demissão redunda em ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que mesmo o
empregado que teve a iniciativa de romper o contrato contribuiu para os resultados positivos da
empresa. (MC, RR/CF) Processos: RR-10338-55.2015.5.01.0066 e RR-1001560-
36.2017.5.02.0081
b) Ajuda de custo
Não é uma prestação sucessiva, fornecida mensalmente, é uma prestação única, é uma
indenização para cobrir despesas de mudança. Não é salário, tem natureza indenizatória.
As diárias são parcelas pagas ao empregado para cumprir despesas na rua. As diárias de
viagem são os valores pagos ao empregado que viaja a trabalho. O empregador poderá dar um
valor fixo ou ressarcir o obreiro das despesas efetuadas. Ambas diárias têm natureza
indenizatória.
d) Prêmios e Abonos
Segundo o Professor José Cairo Jr., “o prêmio consiste em uma verba salarial não prevista em
lei. Decorre, dessa forma, de ajuste particular (contrato individual de trabalho), regulamento
empresarial, sentença normativa, convenção ou acordo coletivo de trabalho”.
O prêmio possui natureza condicional e é devida quando o empregado atinge certas condições
previamente estabelecidas pelo empregador. Ocorre, por exemplo, quando o empregado é
assíduo, quando atinge um número determinado de vendas.
126
Art. 457, § 2o, CLT - As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem,
prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao
contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo
trabalhista e previdenciário.
Prêmios são definidos por Amauri Mascaro Nascimento2 da seguinte forma: “Prêmio é um
salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a produção, eficiência, etc.
[...] É uma forma de salário vinculado a um fator de ordem pessoal do empregado ou geral de
muitos empregados, via de regra, a sua produção. Daí falar-se, também, em salário por
rendimento ou salário por produção. Caracteriza-se, também, pelo seu aspecto condicional.
Uma vez verificada a condição de que resulta, deve ser pago.
Salário
Salário não é só a quantia paga em espécie paga ao empregado, todos os valores pagos ao
obreiro deverão ser anotados no contracheque para os devidos efeitos legais.
Art. 458, CLT - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos
os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura"
que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao
empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas.
A CLT autoriza que parte do salário do empregado seja pago em utilidades, contudo, ao menos
30% do pagamento tem que ser efetuado em dinheiro.
Art. 82, Parágrafo único, CLT - O salário mínimo pago em dinheiro não será inferior a
30% (trinta por cento) do salário mínimo fixado para a região, zona ou subzona.
Para facilitar a compreensão vamos estudar a regrinha do para e do pelo. Um macete para não
termos mais dúvidas quanto à natureza da parcela.
Aquilo que foi fornecido ao empregado pelo empregador como uma ferramenta
indispensável PARA o trabalho não é considerado salário. Agora, se o que foi fornecido
ao empregado é PELO trabalho, um luxo, é salário.
Art. 458, § 1º, CLT - Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e
razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas
componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82).
§ 2º. Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as
seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
VI – previdência privada;
Jurisprudência do TST
O Ministério Público do Trabalho (MPT), em ação civil pública, sustentou que a empresa exigia
de caixas, vendedores e gerentes que trabalhassem no atendimento ao público o uso de calça
e camisa social preta, sapato de salto para as mulheres e sapato social para os homens. Os
empregados que não seguissem o padrão de vestimentas eram advertidos pelo gerente. O
MPT pediu a condenação da empresa à obrigação de ressarcir os empregados e ao
pagamento de indenização por dano moral coletivo.
O juízo da 4ª Vara do Trabalho de Londrina (PR) rejeitou a pretensão do MPT, por entender
que as roupas exigidas pela empresa eram comuns e podiam ser utilizadas socialmente após o
horário de trabalho, diferentemente do uniforme típico. Segundo a sentença, mesmo que a
empresa não exigisse a utilização de roupa social nessa cor, é obrigação do empregado
apresentar-se ao trabalho devidamente trajado.
O relator dos embargos do MPT, ministro Hugo Scheuermann, explicou é poder do empregador
definir o padrão de vestimenta a ser adotado no ambiente de trabalho. Contudo, se exige a
utilização de vestuário específico, as roupas devem ser fornecidas gratuitamente, pois o
empregado não pode ser responsabilizado pelos custos do trabalho prestado.
A seu ver, a exigência de que o trabalhador disponha de parte de seu salário para a compra de
vestimenta específica, por obrigação do empregador, fere o princípio da irredutibilidade salarial.
Ele lembrou, ainda, que, de acordo com o Precedente Normativo 115 do TST, no caso de
exigência de uniforme pelo empregador, ele deve ser fornecido gratuitamente ao empregado.
Por maioria, vencidos a ministra Maria Cristina Peduzzi, presidente do TST, e o ministro Breno
Medeiros, a SDI-1 determinou o retorno do processo à Vara do Trabalho, para que prossiga no
exame da ação civil pública.
O relator do recurso de revista da empresa, ministro Brito Pereira, explicou que, nos termos do
artigo 458, parágrafo 2º, da CLT, a alimentação, a habitação, o vestuário e outras prestações
fornecidos habitualmente ao empregado, por força de contrato ou costume, são considerados
salário in natura, ou salário-utilidade. A exceção é quando as utilidades são concedidas para a
prestação do serviço.
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por unanimidade, que a SRX
Serviços Auxiliares de Portaria e Limpeza Ltda., de São Paulo (SP), não é obrigada a ressarcir
um porteiro pelas despesas com a lavagem do uniforme. A Turma conheceu e proveu o recurso
de revista da empresa, diante da inexistência de comprovação de que o uniforme usado se
tratava de traje especial.
130
Risco da atividade
Na reclamação trabalhista, o porteiro, que prestou serviços para a Calvin Klein em Itupeva
(SP), disse que, diariamente, tinha de levar o uniforme e lavá-lo em sua residência. No seu
entendimento, essa conduta visava transferir ao empregado o risco da atividade econômica e,
por isso, pleiteava o pagamento de R$ 100 pelas despesas com a lavagem e a integração do
valor ao salário.
Normas sociais
A SRX, em sua defesa, sustentou que a higienização das vestimentas usadas pelo porteiro,
independentemente de terem sido fornecidas pela empresa, é uma obrigação que decorre de
normas sociais e de saúde. Assim, as eventuais despesas com a lavagem da roupa decorrem
de sua utilização normal, sem gerar a necessidade de reparação.
Obrigatoriedade
A relatora do recurso de revista da SRX, ministra Delaíde Miranda Arantes, observou que, de
acordo com a jurisprudência do TST, o pagamento pela lavagem de uniforme só é justificado
quando se tratar de traje especial, a depender do tipo de atividade desenvolvida pelo
empregado, por gerar, em tese, uma despesa extra ao empregado. “No caso, todavia, não há
registro se o uniforme do porteiro se tratava de traje especial”, concluiu.
A VRG Linhas Aéreas (Gol) deverá ressarcir as despesas de uma comissária de bordo com
medidas necessárias a sua apresentação pessoal. Para a Segunda Turma do Tribunal Superior
do Trabalho, se a empresa determina especificamente como deve ser a apresentação de suas
empregadas e exige que elas se apresentem maquiadas e com unhas pintadas, a despesa
realizada com tais procedimentos deve ser ressarcida. Manual Na reclamação trabalhista, a
empregada disse que havia sido contratada como auxiliar de aeroporto e atuava nas tarefas de
anfitriã, serviço de atendimento especial, conexão, embarque, desembarque e serviço de
bagagem no Aeroporto de Florianópolis. Segundo ela, a Gol tem um manual de apresentação
pessoal, que disciplina o uso de maquiagem e o tratamento das unhas das mãos, cobrado das
empregadas como indispensável. O juízo da 3ª Vara do Trabalho de Florianópolis entendeu ser
devido o ressarcimento e arbitrou o valor de todos os gastos (manicure semanal, depilação de
sobrancelhas mensal e compras regulares de maquiagem) em R$ 100 por mês durante todo o
contrato de trabalho. O Tribunal Regional da 12ª Região (SC) manteve a condenação, por
entender que ficou demonstrado que a empresa tinha exigências especiais para a
131
apresentação de suas empregadas e fazia a verificação em todo início de jornada, para ver se
as mulheres estavam maquiadas e com as unhas arrumadas. Prova No recurso de revista, a
companhia aérea negou que exigisse que serviços de manicure e depilação fossem realizados
em salão de beleza e afirmou não haver prova de que a empregada utilizasse maquiagem de
valores elevados e unicamente para o trabalho, “quanto mais com validade de um mês”.
Segundo a Gol, a obrigação prevista em lei se resume ao uniforme de uso comum. Exigência A
relatora, ministra Delaíde Miranda Arantes, observou que os gastos da empregada beneficiam
o empregador, “que aumenta seu prestígio junto aos consumidores por meio da imagem
transmitida pelos funcionários”. Na avaliação da ministra, havendo exigência da empresa de
determinada forma de apresentação de seus empregados que demande o dispêndio de custos
próprios, tais valores devem ser ressarcidos.
Ela alegou que era obrigada a se apresentar excessivamente maquiada para o trabalho.
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso da Gol Linhas Aéreas S.A.
contra decisão que a condenou a pagar R$ 80 mensais a uma comissária de voo de Porto
Alegre (RS) a título de ressarcimento por gastos com maquiagem e manicure durante o período
do contrato de trabalho. Segundo o colegiado, a empresa não indicou corretamente o trecho da
decisão que pretendia rediscutir no TST.
“Sempre impecável”
Contratada pela Webjet Linhas Aéreas S.A. e dispensada em março de 2013 pela Gol, que
assumira a outra empresa aérea, a comissária sustentou, na reclamação trabalhista, que era
obrigada, em todas as jornadas de trabalho, a se apresentar “de forma impecável",
devidamente maquiada, com o cabelo cuidado e as unhas pintadas. Por isso, pediu
ressarcimento de, no mínimo, R$ 150 mensais.
Guia de padronização
O juízo de primeiro grau, ao deferir o pedido, frisou que o trabalhador não pode arcar com os
custos atinentes à execução de sua atividade, que seriam de responsabilidade do empregador.
De acordo com a sentença, ficou demonstrado, com base em documentos (entre eles um “guia
de padronização”), que a empresa aérea exigia unhas e maquiagem impecáveis de suas
comissárias de bordo, “inclusive determinando a compra de produtos importados, caso
necessário”. Ainda de acordo com o juízo, a apresentação, quando exigida em padrão
específico pelo empregador, caracteriza-se como meio para a execução do trabalho.
A condenação foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) quanto à
obrigação de ressarcimento, mas o valor foi reduzido para R$ 80, com base na média de
viagens e nos custos dos produtos e, também, no fato de que, em depoimento pessoal, a
empregada afirmou que não sabia quanto gastava por mês com maquiagem.
132
Escolha pessoal
Mas, segundo o relator, ministro Hugo Scheuermann, a empresa não cumpriu o requisito de
indicar o trecho da decisão contra a qual recorre que resume o prequestionamento da
controvérsia. No caso, o trecho da decisão do TRT reproduzido pela Gol trata do valor da
indenização, que não foi objeto do recurso de revista. Diante disso, a Turma negou provimento
ao agravo de instrumento.
Truck system
Não pode o empregador pagar salário com mercadorias da empresa. Isso é denominado truck
system.
Muitas vezes no meio rural, o empregador obriga o empregado a comprar no armazém dele,
fazendo com que o empregado tenha uma dívida eterna com o empregador.
Art. 462, § 2º, CLT - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de
mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações "in
natura" exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se
utilizem do armazém ou dos serviços.
Salário básico
Salário básico (ou base) é o valor fixo pago ao obreiro, não incluindo outras parcelas
porventura existentes (adicionais, gratificações, etc.).
Nem sempre o empregado receberá um salário fixo, a legislação brasileira oportuniza que o
empregado seja remunerado tão-somente por meio de comissões. Sendo assim, a nossa
Constituição Federal certifica que, mesmo não existindo valor fixo, o empregado comissionista
receba, ao menos, o salário mínimo.
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável.
Adicionais (Salário-condição)
133
Cabe frisar que os adicionais representam salário-condição, deixando de existir a condição que
viabiliza o pagamento do adicional o empregado não mais o receberá.
a) Adicional Noturno
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
Mais uma especificidade sobre o trabalho noturno é a redução da hora noturna, fictamente
considerada como de 52’30’’.
Art. 73, CLT. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno
terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um
acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
Art. 7º, Lei 5.889/73 - Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o
executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na
lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia seguinte, na atividade
pecuária.
Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento)
sobre a remuneração normal.
b) Adicional de Periculosidade
Art. 7º, XXIII, CF/88 - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;
Para facilitar a compreensão vamos lembrar que local perigoso é aquele que demanda perigo
iminente à integridade física, que pode levar a óbito de forma repentina.
Explosivos e Inflamáveis
Rede de energia elétrica
Vigilante (segurança pessoal ou patrimonial)
Trabalhador em motocicleta
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja
devido.
.............................................................................
O artigo 193 da CLT traz uma lista com as atividades consideradas perigosas. Importante
notar, que no ano de 2014 foi introduzido o § 4º no aludido artigo que inseriu como atividade
perigosa o trabalho em motocicletas.
Jurisprudência do TST
22/08/22 - A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Via Varejo S.A,
administradora das Casas Bahia, ao pagamento de adicional de periculosidade a um montador
que utilizava motocicleta como meio de transporte para realizar as suas tarefas nas residências
dos clientes. O colegiado proveu recurso do trabalhador sob o fundamento de que a atividade é
considerada perigosa.
Veículo próprio
Um vigia da Associação das Pioneiras Sociais em Belo Horizonte não conseguiu, em recurso
para o Tribunal Superior do Trabalho, o reconhecimento do direito ao adicional de
periculosidade pretendido. Seu recurso não foi conhecido pela Segunda Turma do Tribunal,
seguindo entendimento da Subseção I Especializada de Dissídios Individuais (SDI-1) de que,
ao contrário do vigilante, o vigia, que não porta arma de fogo, não está exposto a risco de
roubo ou violência física. O trabalhador pediu o adicional de periculosidade
argumentando que exercia a atividade de vigilância patrimonial e pessoal, mas o
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) julgou o pedido improcedente
por considerar que, como auxiliar de segurança patrimonial de hospital, a
atividade do vigia não se enquadrava no Anexo 3 da Norma Regulamentadora 16
do Ministério do Trabalho, que define esses profissionais . O vigia atuava no setor de
segurança patrimonial da associação, desempenhando funções relacionadas a guarda de
valores, rondas, guaritas da portaria e do pátio de serviços, entrada e estacionamento de
funcionários. Em depoimento pessoal, afirmou não possuir curso de vigilante nem
usar qualquer tipo de arma para o trabalho, e disse que já tinha sido policial e
que não transportava valores. Explicando que a discussão no caso é saber se
trabalhadores que atuam como vigia têm ou não direito ao adicional de periculosidade previsto
no inciso II do artigo 193 da CLT, o relator do recurso, ministro José Roberto Freire Pimenta,
enfatizou que o empregado não realizava vigilância armada, e, no entendimento da
SDI-1, o vigia, ao contrário do vigilante, não está exposto a risco de roubo ou
violência física, não se enquadrando, portanto, na norma do Ministério do
Trabalho. Segundo o ministro, a atividade do vigilante demanda o uso de arma
de fogo e treinamento específico e demais requisitos previstos em lei, enquanto
que o vigia desenvolve suas funções sem o risco acentuado aludido na CLT, não
havendo, portanto, previsão legal de pagamento do adicional de periculosidade.
Na reclamação trabalhista, o vendedor relatou que havia sido contratado pela Bom Dia para
fazer a promoção do café em supermercados e mercearias e que um dos requisitos para a
admissão era possuir motocicleta e estar devidamente habilitado. Segundo o promotor, ele
fazia o trajeto determinado pela empresa e era controlado pelo GPS de seu celular. Entre
outras parcelas, pedia o adicional de periculosidade em razão do risco a que fora submetido
durante o contrato de trabalho.
A empresa sustentou, em sua defesa, que o tempo total de uso da motocicleta nos
deslocamentos correspondia a 10% da jornada. Esse fator levou o Tribunal Regional do
Trabalho da 3ª Região (MG) a indeferir o adicional.
137
Exposição a risco
O relator do recurso de revista do promotor de vendas, ministro Agra Belmonte, assinalou que
o item I da Súmula 364 do TST garante o adicional de periculosidade ao empregado “exposto
permanentemente ou que, de forma intermitente, se sujeita a condições de risco”. Segundo ele,
a parcela só não é devida quando a exposição se dá de forma eventual ou extremamente
reduzida.
No caso, porém, ficou comprovado que a exposição do empregado ao risco era habitual. Para
o relator, “10% da jornada é tempo suficiente para afastar o conceito de eventualidade e de
tempo reduzido”, concluiu.
c) Adicional de Insalubridade
Art. 189, CLT - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Para que haja uma compensação do trabalho realizado em condições nocivas, o empregador
deverá pagar para o empregado o respectivo adicional, independentemente do tempo que o
empregado ficar exposto ao agente nocivo, e é calculado com base no salário mínimo.
Art. 192, CLT - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional
respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por
cento) do SALÁRIO-MÍNIMO da região, segundo se classifiquem nos graus máximo,
médio e mínimo.
Ainda que o empregado trabalhe em um local perigoso e insalubre, ele não receberá os dois
adicionais concomitantemente. O empregado optará ou pelo adicional de insalubridade ou pelo
adicional de periculosidade.
Vamos ter muito cuidado com o teor da supramencionada, cuja eficácia está suspensa por
decisão liminar do STF.
O STF editou a Súmula Vinculante no 4 que proíbe que o salário mínimo sirva de base de
cálculo (indexador) de vantagem de empregado, logo, veta a incidência sobre o adicional de
insalubridade.
Todavia, em decisão liminar o STF defendeu a aplicação temporária do art. 192 da CLT até que
a lei modifique a CLT para determinar outra base para o cálculo do adicional de insalubridade.
Assim, a incidência do adicional de insalubridade ainda deve recair sobre o salário mínimo.
TST Enunciado nº 448 - I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo
pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a
classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do
Trabalho. II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de
grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau
máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78
quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.
Para que o empregador não precise mais pagar o adicional de insalubridade ele deverá
fornecer os equipamentos de segurança, mas não é apenas isso, esses equipamentos terão
que eliminar a condição insalubre.
Vejamos que, nesse caso, somente a eliminação da insalubridade poderá excluir a percepção
do adicional, a simples redução fará diminuir o quantum a ser pago.
Art. 483, CLT - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando:
OJ 173 SDI-1 TST. Adicional de insalubridade. Atividade a céu aberto. Exposição ao sol e
ao calor. I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de insalubridade ao
trabalhador em atividade a céu aberto, por sujeição à radiação solar. II – Tem direito ao
adicional de insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima
dos limites de tolerância, inclusive em ambiente externo com carga solar, nas condições
previstas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE.
Para que não haja confusão entre os adicionais vamos lembrar que a periculosidade
mata de uma vez só, a insalubridade vai matando aos poucos.
Jurisprudência do TST
As duas parcelas podem ser pagas conjuntamente, pois têm naturezas distintas
Na ação, ele disse que sempre recebera o Adicional de Atividade de Distribuição e Coleta
(AADC), previsto no plano de cargos da empresa de 2008, até que a parcela foi substituída, em
2014, pelo adicional de periculosidade, quando houve a alteração na legislação em vigor, e a
atividade em motocicleta passou a ser considerada perigosa.
Para o trabalhador, ele tinha direito de receber as duas parcelas, simultaneamente, uma vez
que o adicional de distribuição e coleta é concedido a todos os que exercem atividade postal,
“seja para os carteiros que usam carros, furgões, bicicletas ou andam a pé”. Logo, “não haveria
motivo para excluir o benefício aos profissionais que realizam as entregas por meio de
motocicleta”.
Trabalho nas ruas
O Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES) manteve a sentença do juízo da 9ª Vara
do Trabalho de Vitória (ES) em que a ECT foi condenada ao pagamento cumulativo das duas
141
O TRT destacou, ainda, que o adicional de distribuição continua a ser pago aos trabalhadores
que, mesmo não utilizando motocicletas, exercem atividades em vias públicas, o que
demonstra a natureza diversa das duas parcelas.
Norma interna
A decisão foi mantida pela Quinta Turma do TST, levando a ECT a interpor embargos à SDI-1,
insistindo na tese de que os adicionais têm a mesma natureza jurídica, pois visam compensar a
exposição ao risco acentuado da atividade. Segundo a empresa, norma interna autoriza a
supressão do adicional de distribuição no caso de concessão de verba com o mesmo
propósito, como o adicional de periculosidade.
Matéria pacificada
O ministro Renato de Lacerda Paiva, relator do caso, ponderou que o adicional de atividade de
distribuição e coleta está previsto no Plano de Cargos e Salários dos Correios de 2008, criado
com o objetivo de valorizar os profissionais que prestam serviço em vias públicas, motorizados
ou não. Já o adicional de periculosidade, disposto na CLT, tem por finalidade proteger o
trabalhador dos riscos à saúde e à integridade física.
Ainda de acordo com o ministro, essa questão foi discutida no julgamento de incidente de
recurso repetitivo (Tema 15, IRR-1757-68.2015.5.06.0371), quando a SDI-1 pacificou a
matéria, ao definir que os carteiros motorizados que fazem uso de motocicleta e se enquadram
nas hipóteses de pagamento do AADC e do adicional de periculosidade têm direito ao
recebimento cumulativo dos dois adicionais.
índices apurados estiverem compreendidos na categoria A a que se refere a norma ISO 2631,
traduzindo efeitos que ainda não foram objetivamente documentados”. Como o motorista
trabalhava submetido a vibração de 0,79m/s2, que se situa na região "B" do gráfico constante
da ISO 2.631, o relator considerou devido o pagamento de adicional em grau médio. A decisão
foi unânime.
Uma camareira de motel em Belo Horizonte conseguiu em recurso para o Tribunal Superior do
Trabalho (TST) restabelecer sentença condenatória contra o ex-empregador que negou a
concessão de adicional de insalubridade para a empregada. Ela havia ganhado a causa na 1ª
instância, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) reformou a sentença,
entendendo que as tarefas da camareira, limpeza de quartos, banheiros, recolhimento e
separação de roupas de cama de motel estavam fora da hipótese normativa. Segunda decisão,
a empregada recebeu EPIs e treinamento para usá-los. Ainda segundo a tese jurídica, as
atividades da camareira só seriam insalubres se houvesse uso de drogas injetáveis pelos
frequentadores do estabelecimento. “Só assim o trabalho em motel poderia se equiparar a lixo
hospitalar”, conclui o TRT. No recurso para o TST, a trabalhadora insistiu no direito ao
adicional. Segundo ela, o TRT contrariou a Súmula nº 448, II, do TST, que diz que a
higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, como é
o caso de motéis e hotéis, e a respectiva coleta de lixo enseja o pagamento de adicional de
Insalubridade em grau máximo.
A Raia Drogasil S.A., de São Paulo, foi condenada pela Oitava Turma do Tribunal Superior do
Trabalho ao pagamento do adicional de insalubridade a um farmacêutico que aplicava cerca de
cinco injeções por dia numa das lojas da rede em São Paulo (SP). Segundo a Turma, apesar
de o empregado usar luvas, não há registro de que o equipamento de proteção pudesse
eliminar os efeitos nocivos do agente insalubre.
Farmácia
A empresa havia sido condenada pelo juízo de primeiro grau, mas o Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região (SP) excluiu da condenação o pagamento do adicional. Para o TRT,
não era possível afirmar que o farmacêutico mantivesse contato habitual ou mesmo
intermitente com os agentes insalubres, pois não trabalhava em um hospital, mas num
estabelecimento comercial.
Agulhas e seringas
Agentes biológicos
A relatora, ministra Dora Maria da Costa, observou que o Anexo XIV da Norma
Regulamentadora (NR) 15 do extinto Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho), que trata do risco por contato com agentes biológicos, prevê o
pagamento do adicional de insalubridade em grau médio para o trabalho e as operações em
contato permanente com pacientes ou com material infectocontagioso, realizados em "outros
estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana". Ao interpretar essa norma, o
TST firmou o entendimento de que ela se aplica ao empregado que habitualmente aplica
injeções em drogarias. Apesar de o TRT ter registrado que o farmacêutico usava equipamentos
de proteção individual (EPIs) durante as aplicações, não ficou demonstrado que isso
neutralizaria os riscos do contato com os agentes biológicos.
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Green Line Sistema de Saúde,
de São Paulo (SP), ao pagamento do adicional de insalubridade a uma recepcionista do
Hospital São Gabriel. O colegiado considerou que, embora exerça função meramente
administrativa, a trabalhadora fica permanentemente exposta a agentes insalubres, ao manter
contato com pessoas portadoras de doenças infectocontagiosas.
Contato eventual
Horas extras não são aquelas que ultrapassam da 8a diária e 44a semanais, hora extra é
aquela que extrapola a jornada fixada no contrato de trabalho. Por exemplo, se no meu
contrato de trabalho foi acordado uma jornada de 5 horas diárias, as que ultrapassem são
remuneradas como extraordinárias.
Art. 59, CLT - A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em
número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo
coletivo de trabalho.
§ 1o - A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior
à da hora normal.
e) Adicional de Transferência
Art. 469, CLT - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,
para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a
que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
• Mudança de localidade
• Mudança de domicílio
Para que o empregado faça jus ao adicional não pode ter sido ele o responsável pela mudança
de domicílio, se foi a pedido do próprio empregado, será um caso de remoção, não sendo
devido o adicional.
Jurisprudência TST
Transferências de cidades
O gerente disse, na ação trabalhista, que fora contratado para o cargo de carreira de apoio do
Banco do Brasil em dezembro de 1982, para atuar em Divinolândia (SP) e, 25 anos depois, foi
transferido para Duartina. Dois anos depois, houve nova mudança, para Borborema, e, em
2013, teve de se mudar para São Manoel, também em São Paulo, onde permaneceu até a
aposentadoria.
Gerente-geral de agência
O relator do recurso de revista do gerente, ministro Dezena da Silva, reforçou que o exercício
de função de confiança, por si só, não é fundamento suficiente para afastar o recebimento do
adicional de transferência. Ele lembrou que, de acordo com a Orientação Jurisprudencial (OJ)
113 da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do TST, essa circunstância
ou a previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional quando
se tratar de transferência provisória.
Como o TRT não havia analisado a matéria sob o ponto de vista da provisoriedade das
transferências ou das mudanças de domicílios decorrentes, o processo retornará ao TRT para
que esses aspectos sejam avaliados.
Não existe nenhum só artigo na CLT que trata do instituto, devemos então recorrer às
leis que disciplinam a matéria. É importante dar uma lida na Lei no 4.090/62 e na Lei no
4.749/65, bem como no Decreto 57.155/65.
Art. 1º, Lei 4.090/62 - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga,
pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que
fizer jus.
§ 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês
integral para os efeitos do parágrafo anterior.
147
Cabe ressaltar que em caso de dispensa com justa causa, o empregado perde o direito à
gratificação natalina proporcional e correspondente ao ano da demissão.
TST Enunciado nº 157 - A gratificação instituída pela Lei nº 4.090, de 13.07.1962, é devida
na resilição contratual de iniciativa do empregado.
Segundo o que estabelece o art. 1o da Lei 4.749/65 a gratificação natalina deve ser paga até o
dia 20 de dezembro de cada ano, compensado o que já foi recebido a título de adiantamento.
Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o patrão pagará, como adiantamento da
gratificação metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior.
Art. 1º, Lei 4.749/65 - A gratificação salarial instituída pela Lei número 4.090, de 13 de
julho de 1962, será paga pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano,
compensada a importância que, a título de adiantamento, o empregado houver recebido
na forma do artigo seguinte.
Art. 2º, Lei 4.749/65 - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o
empregador pagará, como adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de
uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior.
§ 2º - O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o
requerer no mês de janeiro do correspondente ano.
Comissões
Na CLT existem peculiaridade acerca das comissões a serem recebidas pelos empregados em
geral, enfatizando as seguintes:
Jurisprudência do TST
A vendedora, que trabalhou numa das lojas da Magazine Luiza de 2007 a 2016, em Belo
Horizonte (MG), relatou que, constantemente, sem nenhuma justificativa, sofria estornos de
vendas por ela realizadas e concretizadas, causando-lhe prejuízo de cerca de R$ 300 por mês.
Ela argumentou que, consolidada a transação, com o expresso aval da empresa ao registrar a
venda em seu sistema, os ônus decorrentes de eventuais e futuros cancelamentos do negócio
por fatos alheios ao trabalhador não devem ser repassados a ele.
Sem lucro
Para o relator do recurso de revista da Magazine Luiza, ministro Alberto Bresciani, o princípio
do risco da atividade econômica foi corretamente aplicado ao caso. “O direito à comissão surge
após ultimada a transação pelo empregado, sendo indevido o cancelamento ou o desconto no
pagamento pela inadimplência do comprador”, concluiu.
O Kirton Bank S.A. - Banco Múltiplo, de Manaus (AM), não terá de pagar acréscimo
salarial a uma bancária referente a comissões pela venda de cartões de crédito, seguros,
capitalização e planos de previdência. Para a Terceira Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, a ausência de previsão contratual afasta a obrigação do pagamento.
149
Metas
Ao julgar o caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM) concluiu serem
devidas as comissões sob a rubrica de acúmulo de função. Para o TRT, produtos como
seguro de vida e cartões de crédito não são tipicamente bancários. Dessa forma, se a
trabalhadora tinha incorporado atribuições estranhas àquelas para as quais foi contratada,
deveria receber comissão pela venda desses produtos.
No recurso de revista, o Kirton sustentou que não existiu acordo entre as partes para o
pagamento de comissões e que, na ausência de cláusula contratual expressa, o
empregado se obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.
Serviço compatível
O relator, ministro Alberto Bresciani, lembrou que é entendimento pacífico no TST que o
exercício de atividades diversas, compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, não
enseja o pagamento de acréscimo salarial por acúmulo de função, pois o salário já
remunera todas as tarefas desempenhadas dentro da jornada de trabalho.
GARANTIAS SALARIAIS
Irredutibilidade salarial
Irredutibilidade significa dizer que o salário não poderá ser arbitrariamente reduzido.
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
A própria Carta Magna estabelece que a redução do salário somente será lícita quando
realizada mediante negociação coletiva.
Integralidade do salário
Integralidade quer dizer que o empregado tem o direito de não sofrer descontos em seu salário.
Art. 462, CLT - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.
São exemplos de salário por unidade de tempo: salário fixado por hora (horista); salário fixado
por dia (diarista); salário fixado por semana (semanalista), por quinzena (quinzenalista) e por
mês (mensalista).
O salário por unidade de obra ou por produção tem como base de cálculo a quantidade de
peças (unidades) produzidas pelo empregado. O valor do salário varia de acordo com a
quantidade de serviço.
O empregador estipula um valor (chamado de tarifa) por unidade produzida e o salário será o
produto da multiplicação entre a tarifa e a quantidade de unidades produzidas pelo empregado
no período de tempo determinado (mês, quinzena, semana). Remunera-se a produção,
estimulando o trabalhador, pois quanto mais produz mais ganha.
O Professor Mauricio Godinho Delgado10 nos ensina: “O salário-tarefa é aquele que se afere
através de fórmula combinatória do critério de unidade de obra com o critério da unidade de
tempo. Acopla-se a um certo parâmetro temporal (hora, dia, semana ou mês) um certo
montante mínimo de produção a ser alcançado pelo trabalhador. Por este sistema, caso o
trabalhador atinja a meta de produção em menor número de dias da semana, por exemplo, dois
efeitos podem ocorrer, a juízo do empregador: libera- se o empregado do trabalho nos dias
restantes, garantido o salário padrão fixado; ou, alternativamente, determina-se a realização de
uma produção adicional, no tempo disponível restante (pagando-se, claro, um plus salarial por
esse acréscimo de produção)”. 10 Delgado, Mauricio Godinho.
Curso de Direito do Trabalho. 16a ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 826.
151
Pode ser livremente ajustada entre as partes, contudo, não pode ultrapassar um mês. A CLT
determina que o salário seja pago em dias úteis e no local de trabalho.
Art. 459, CLT - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não
deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a
comissões, percentagens e gratificações.
§ 1º - Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais
tardar, até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido.
Art. 465, CLT. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho,
dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo
quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo
anterior.
O salário deve ser pago pessoalmente ao empregado, mediante recibo e até o 5º dia útil do
mês subseqüente ao trabalhado.
Art. 464, CLT - O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo
empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não
sendo esta possível, a seu rogo.
Acerca do pagamento bancário Sérgio Pinto Martins 12 entende que: “Em primeiro lugar, a
abertura de conta bancária em nome do trabalhador deve ter o consentimento do empregado,
para que possa haver o depósito do salário nessa conta. Em segundo lugar, não poderá ser em
qualquer estabelecimento de crédito, mas sim próximo ao local de trabalho.
Art. 463, CLT - A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do
País.
Art. 7º, XVII, CF/88 - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal.
Período Aquisitivo
152
Para o trabalhador gozar das férias terá que cumprir o chamado período aquisitivo. O período
aquisitivo é o lapso temporal de 12 meses que o empregado tem que trabalhar para ter direito
às férias.
Art. 129, CLT - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias,
sem prejuízo da remuneração.
A duração das férias do empregado irá depender no número de faltas injustificadas cometidas
no período aquisitivo.
Para que o empregador possa descontar das férias do empregado as faltas injustificadas tem
que respeitar o que estabelece o art. 130 da CLT.
Art. 130, CLT - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de
trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco)
vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.
§ 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de
serviço.
Se o trabalhador tiver mais de 32 faltas injustificadas no período aquisitivo NÃO terá direito as
férias.
Art. 473, CLT - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do
salário:
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da
lei respectiva.
153
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular
para ingresso em estabelecimento de ensino superior.
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta
médica.
XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de
exames preventivos de câncer devidamente comprovada. (Incluído pela Lei nº
13.767, de 2018)
Período concessivo
As férias serão concedidas por ato do empregador, quando melhor lhe convir, via de regra, em
um só período de 30 dias corridos, transcorridos os doze meses subsequentes ao período
aquisitivo.
Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três
períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não
poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.
O empregado estudante, menor de 18 anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as
férias escolares.
O empregado deve ser comunicado que gozará das férias individuais com, no mínimo, 30 dias
de antecedência, momento em que ele dará recibo.
Como o objetivo das férias é o descanso do trabalhador, logo, durante esse período o
empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo
em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele.
REFORMA TRABALHISTA
Antes da Reforma Trabalhista a CLT era omissa no que diz respeito ao início do período de
férias. Atualmente, as férias não podem iniciar no período de dois dias que antecede um
feriado ou o dia do repouso semanal remunerado. Art. 134, § 3º, CLT - É vedado o início das
férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.
Art. 134, CLT - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período,
nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito.
154
§ 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de
repouso semanal remunerado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 135, CLT - A concessão das férias será participada, por escrito, ao empregado, com
antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participação o interessado dará
recibo.
§ 1º - O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem que apresente ao
empregador sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, para que nela seja anotada a
respectiva concessão.
§ 2º - A concessão das férias será, igualmente, anotada no livro ou nas fichas de registro
dos empregados.
Art. 136, CLT - A época da concessão das férias será a que melhor consulte os
interesses do empregador.
Art. 138, CLT - Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro
empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho
regularmente mantido com aquele.
Jurisprudência do TST
A empresa deve pagar todo o período em dobro, e não apenas os dias de serviço.
A NR Sistemas de Gerenciamento de Riscos Ltda., de Porto Alegre (RS), foi condenada pela
Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho a pagar, em dobro, as férias de um supervisor
de inspetoria que trabalhou durante vários períodos destinados ao descanso. A decisão segue
a concessão irregular das férias acarreta o
a jurisprudência do TST de que
pagamento de todo o seu período em dobro, e não apenas dos dias em
que tenha havido prestação de serviços.
“Problemas técnicos”
Contratado em 1997 em Porto Alegre, o profissional foi transferido para Passo Fundo em julho
de 2006, como supervisor de inspetoria, com a finalidade de montar uma unidade local. Ele
155
sustentou, na reclamação trabalhista, que o excesso de trabalho não lhe permitia gozar o
período de descanso na sua totalidade.
Segundo seu relato, nos meses em que iria tirar férias sempre ocorriam "problemas técnicos" e
pressões dos superiores para que retornasse antes do fim do período, embora, “no papel”, ele
fosse mantido.
Viagens e vistorias
O relator do recurso de revista do trabalhador, ministro Renato de Lacerda Paiva, destacou que
a jurisprudência do TST, ao interpretar o artigo 137 da CLT, tem entendido que a concessão
irregular das férias acarreta o pagamento de todo o seu período em dobro, em razão da
frustração da finalidade do descanso.
Mundo real
Segundo a gerente, as férias eram anotadas pela empregadora nos registros funcionais, mas
“não aconteciam no mundo real”. Os três dias em que havia trabalhado quando deveria estar
usufruindo férias foram comprovados pelas trocas de e-mails com fornecedores. A empregada
argumentou ainda que a Renner, em nenhum momento, havia mencionado a ocorrência de
caso excepcional capaz de justificar o fracionamento das férias.
Três dias
Férias
Mas, para a relatora do recurso de revista da gerente, ministra Delaíde Miranda Arantes, a
ocorrência de trabalho, ainda que em alguns dias, durante as férias, acarreta a obrigação de
pagar todo o período em dobro, e não apenas dos dias de interrupção (artigo 137 da CLT). A
156
ministra observou que o trabalho durante as férias torna irregular a sua concessão, “uma vez
que frustra a finalidade do instituto”.
Abono pecuniário
O direito às férias é irrenunciável pelo trabalhador, ele não tem o direito de converter em abono
pecuniário a totalidade de suas férias. O empregado tem a faculdade que de converter 1/3 das
férias em abono pecuniário, ou seja, o trabalhador tem o direito de “vender” 1/3 de suas férias.
Para que o empregado tenha o direito da conversão das férias em pecúnia é necessário que o
abono de férias seja requerido até 15 dias antes do término do período aquisitivo. Dessa forma,
o empregador não poderá se escusar de conceder.
Art. 143, CLT - É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a
que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos
dias correspondentes.
§ 1º - O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do término do
período aquisitivo.
§ 2º - Tratando-se de férias coletivas, a conversão a que se refere este artigo deverá ser
objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato representativo da respectiva
categoria profissional, independendo de requerimento individual a concessão do abono.
Art. 137, CLT - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art.
134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono serão efetuados até 2
dias antes do início do respectivo período.
Férias coletivas
As férias coletivas poderão ser concedidas em dois períodos, desde que nenhum deles seja
inferior a 10 dias corridos.
O empregador terá que dar ampla publicidade das férias coletivas, informando ao Ministério do
Trabalho e ao sindicato profissional com, no mínimo, 15 dias de antecedência.
Art. 139, CLT - Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma
empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa.
§ 1º - As férias poderão ser gozadas em 2 (dois) períodos anuais desde que nenhum
deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos.
157
Fracionamento da Férias
Férias individuais
Art. 134, § 1º, CLT - Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser
usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze
dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.
Férias Coletivas
Art. 139, § 1º, CLT - As férias poderão ser gozadas em 2 (dois) períodos anuais desde
que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos.
Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido
no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período.
Férias Integrais
Férias proporcionais
O trabalhador não perde nunca, não importa se o trabalhador foi mandado embora por justa
causa, se ele pediu demissão. Se o trabalhador não gozou ele sempre receberá a remuneração
das férias integrais + 1/3. O trabalhador só vai perder se for dispensado por justa causa.
Mesmo que o empregado peça demissão é garantido a ele as férias proporcionais.
TST Enunciado no 171 - Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a
extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração
158
das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses
(art. 147 da CLT).
TST Enunciado no 261 - O empregado que se demite antes de completar 12 (doze) meses
de serviço tem direito a férias proporcionais.
A Constituição Federal de 1988 traz duas regras tendentes a frear a dispensa imotivada
dos trabalhadores, a proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa e o aviso
prévio.
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
1) Pedido de demissão
2) Dispensa sem justa causa
1.2.1. Resilição
A resilição pode ocorrer com o pedido de demissão do empregado ou pela dispensa sem justa
causa pelo empregador.
a) Pedido de demissão
No pedido de demissão o empregado decide não mais continuar com a relação laboral, como já
dissemos, independe da anuência do empregador. O empregado que pedir demissão deverá
cumprir integralmente o aviso prévio, não cumprindo ou cumprindo de forma parcial, caberá ao
empregador efetuar o desconto desses dias não trabalhados nas verbas rescisórias as quais o
empregado teria direito de receber.
Art. 487, § 2º, CLT - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o
direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.
OBS. Cabe observar que quando o empregado pede demissão não tem direito de sacar
os depósitos do FGTS.
TST Enunciado nº 171 - Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a
extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração
das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses
(art. 147 da CLT).
▪ Saldo de salário;
1.2.2. Resolução
Quando a falta é praticada pelo empregado teremos a dispensa por justa causa, quando
é praticada pelo empregador se dá a rescisão indireta do contrato de trabalho, quando
ambas as partes incorrem faltosamente teremos a culpa recíproca.
Devemos ressaltar que para que o ato cometido seja considerado uma falta deverá estar
previsto em lei como hipótese de justa causa.
Na dispensa por justa causa o ato faltoso foi praticado pelo empregado. Em decorrência
da falta cometida, o empregador poderá aplicar, a depender da gravidade do ato, as
seguintes sanções:
1) advertência;
2) suspensão disciplinar e
3) dispensa por justa causa.
• Gravidade da falta: a falta deve ser grave e a culpa do empregado deve ser verificada.
• Proporcionalidade da pena: a pena a ser aplicada deve ser proporcional ao ato faltoso
cometido.
• Non bis in idem: só é possível uma punição para cada ato faltoso. Não pode punir o
empregado duas vezes pelo mesmo motivo, seria bis in idem.
• Imediatidade: quando o empregador for punir o empregado essa punição deve ser feita logo
após o conhecimento do ato faltoso. O simples fato do empregador não fazer nada configura o
perdão tácito.
Estudaremos a partir de agora as hipóteses legais que constituem justa causa para
rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
Art. 482, CLT - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
Jurisprudência do TST
Na ação, o eletricista afirmou que fora contratado pela Comau em fevereiro de 2015, para
trabalhar na Braskem, e demitido em janeiro de 2016, acusado de praticar ato de improbidade
(artigo 482, alínea “a”, da CLT). Contou que ele e dois colegas foram revistados na portaria da
fábrica da Braskem e presos em flagrante pela Polícia Militar por carregarem fios de cobre
descartados. Argumentou que os empregados nunca foram proibidos de levar esse material de
descarte ou advertidos dessa proibição.
Entre outros pedidos, ele requereu a reversão da justa causa, com o pagamento das verbas
rescisórias correspondentes, e indenização por dano moral, em razão da situação vergonhosa
pela qual teria passado na frente dos colegas.
Gradação das penas
O Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL) reverteu a justa, com a tese de que
deveria ter sido observada a gradação da penalidade, ou seja, ter aplicado as penas de
advertência ou de suspensão antes da demissão. Na avaliação do TRT, não ocorrera furto, e
sim um deslize do trabalhador, que não tinha ciência de que a empresa iria reaproveitar os fios
de cobre e de que não poderia retirá-los do local.
Quebra de confiança
No apelo ao TST, a Comau sustentou que os fios foram furtados das dependências da
tomadora de serviços e que seus empregados nunca foram autorizados a levar esse material.
Para a empresa, a conduta do eletricista havia rompido a confiança que deve existir na relação
de trabalho.
Ato de improbidade
autorização para se apropriar dos fios ou de qualquer outro material da empresa, e sabia que
era necessário obter uma ordem de saída para a retirada de materiais.
Insubordinação
O fato que motivou a justa causa ocorreu em fevereiro de 2012, quando o vigilante se recusou
a ser substituído no posto de trabalho. Segundo depoimento, o vigilante, “muito estressado e
nervoso” se trancou na guarita para impedir a substituição e ainda alardeou que estava
armado. Fiscais e a polícia foram chamados, mas não conseguiram convencer o empregado,
que somente consentiu com a troca após a chegada do advogado do sindicato.
Dezoito meses
Cinco dias após o ocorrido, o empregado resolveu procurar ajuda médica por acreditar que
estaria com sua saúde mental abalada. Atestado transtorno afetivo bipolar, o vigilante ficou
afastado dezoito meses do trabalho. Considerado apto para o serviço, a empresa resolveu
conceder um mês de férias ao empregado. Todavia, na volta, o empregado foi punido com a
justa causa - insubordinação no serviço ao desacatar seus superiores durante uma tentativa
de troca de guarda.
Férias
Ao julgar o caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) entendeu que o tempo
decorrido entre a falta cometida e a dispensa do empregado impediam a aplicação da justa
causa. Conforme a decisão, depois de tanto tempo, ficou configurado perdão tácito pela
empresa. O TRT-4 observou ainda que após a alta previdenciária e atestada a aptidão para o
trabalho, a empresa não se manifestou sobre a insubordinação do empregado, tendo inclusive
concedido férias ao trabalhador.
Fatos e provas
No TST, a decisão, sob a relatoria do ministro Renato de Lacerda Paiva, foi de manter a
decisão do TRT-4, de que, diante do tempo decorrido, ficou configurado o perdão tácito pelo
empregador. O relator seguiu o entendimento de que incide para análise do recurso a Súmula
126 do TST, que veda o reexame de fatos e provas em instância extraordinária.
163
A instituição ajuizou inquérito judicial em agosto de 2018 para apurar falta grave da escriturária,
que teria lavado seu carro nas dependências da instituição “no auge da seca” no município. A
cena foi filmada por uma pessoa que passava, e a filmagem encaminhada à redação de uma
televisão goiana. O motivo alegado para a dispensa foi que “o ato praticado repercutiu de forma
negativa e danosa, maculando o nome da instituição perante a sociedade”.
Factoide
No recurso de revista, a instituição de ensino insistiu na validade da justa causa, mas, segundo
a relatora, ministra Maria Helena Malmann, todas as questões apresentadas foram
solucionadas pelo TRT. Diante desse cenário, a verificação dos argumentos da empregadora,
com eventual reforma da decisão, demandaria o reexame da prova dos autos, o que é vedado
pela Súmula 126 do TST.
164
Mantida justa causa para bancária que enviou dados sigilosos de clientes
para seu e-mail 29/6/2020 TST
A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho confirmou a demissão por justa causa
de uma ex-bancária do Itaú-Unibanco, em São Paulo-SP, por improbidade. Segundo
apurado, ela enviou arquivos para seu e-mail pessoal que continham dados sigilosos de
clientes. A funcionária pedia a reanálise do caso pelo TST, mas a Turma entendeu que o
ato de improbidade ficou devidamente demonstrado.
A funcionária trabalhou durante 25 anos para a instituição até ser demitida, em outubro de
2014, por falta grave. Na época, ao banco ela justificou ter enviado os arquivos para fazer
de casa atualizações cadastrais. A bancária garantiu que não houve prova de falta grave e
que o Unibanco agiu com rigor excessivo quanto à penalidade.
A justa causa foi confirmada em primeira e segunda instâncias. Para o Tribunal Regional
do Trabalho da 2ª Região, o comportamento irregular foi confirmado pela prova
testemunhal e documental. "Havia norma expressa no sentido de que o e-mail pessoal dos
empregados não pode ser utilizado para armazenamento de informações dos clientes”, diz
a decisão, que lembrou ainda que a empregada assinou termo de segurança e privacidade
das informações dos clientes do banco.
O ministro Alexandre Luiz Ramos, relator do recurso (agravo) da funcionária, lembrou que,
uma vez demonstrado ato de improbidade praticado pela trabalhadora, fragiliza-se a
relação de confiança entre empregador e empregado, em decorrência do descumprimento
das normas internas do banco. O relator ressaltou ainda que decisão em sentido contrário
depende do revolvimento de matéria fático-probatória, hipótese vedada nesta fase
recursal, nos termos da Súmula nº 126 do TST.
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
Jurisprudência do TST
especialmente em relação aos direitos das mulheres, não mais se admitem desculpas vazias
de que não teria havido a intenção ofensiva para descaracterizar o assédio”, afirmou o relator,
ministro Cláudio Brandão. Transtornos mentais Na reclamação trabalhista, o plataformista
considerou a atitude da empresa desproporcional. Disse que tinha trabalhado por quase 30
anos para a Petrobras e, ao ser dispensado, exercia o cargo de vicepresidente da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). Sustentou, no entanto, que sofria de transtornos
mentais e de alcoolismo. “O empregado precisava de tratamento, não podia ser, simplesmente,
descartado”, argumentou seu advogado, que pediu a realização de perícia médica psiquiátrica.
Comportamento agressivo A Petrobras, em sua defesa, disse que o plataformista sempre havia
apresentado comportamento agressivo com colegas de trabalho, com ameaças, agressões,
ofensas e discriminação a terceirizados e que, por isso, chegou a ser suspenso por dez dias.
No episódio que resultou na justa causa, ele teria entrado na sala da colega, abraçado-a por
trás e tentado beijá-la na boca e sido apartado por outro empregado. Assédio sexual O juízo da
16ª Vara do Trabalho de Belém (PA) classificou como assédio sexual o fato de o empregado
ter tentado beijar a colega de serviço sem o seu consentimento. Sobre a alegação de doença
mental, registrou que, de acordo com o laudo pericial, ele apresentava alterações de
comportamento, mas isso não constituía doença ou transtorno mental. Todavia, o Tribunal
Regional do Trabalho da 8ª Região (PA) reformou a sentença. Segundo o TRT, as provas
indicavam que o empregado tinha seu estado psíquico comprometido, e a manifestação do
médico que havia feito exame particular e a do perito revelavam substanciais contradições em
relação ao seu quadro patológico. Considerou, assim, desproporcional a dispensa por justa
causa, por entender que o empregado não deveria ter sido tratado como um trabalhador em
situação de saúde normal. Ofensa à dignidade Para o relator do recurso de revista da
Petrobras, ministro Cláudio Brandão, o Tribunal Regional errou ao reavaliar as informações da
perícia e chegar a conclusão oposta a respeito do comprometimento do estado psíquico do
empregado sem precisar de que tipo seria e sem indicar, de forma segura, as causas e as
consequências do distúrbio. “O juiz não tem formação técnica para avaliar a saúde mental ou
emocional de quem quer que seja. Depende, para isso, da prova pericial, conduzida por
profissionais habilitados”, afirmou. Brandão observou ainda que a empresa havia oferecido
assistência social para encaminhamento médico e psicológico, mas o empregado se recusou a
aceitá-la, o que culminou em ofensa grave à dignidade de uma colega. Para o relator, não se
pode alegar que a pena tenha sido desproporcional. “O ato de assédio, por si só, é suficiente
para ensejar a punição aplicada”, concluiu.
Nessa hipótese são dois atos faltosos: a negociação habitual que traz perturbação ao
ambiente de trabalho, é o caso dos empregados que vendem produtos diversos dentro da
empresa e no horário do expediente. E a concorrência desleal, que verifica-se quando o
empregado que comete um ato de concorrência se aproveitando de sua atividade laboral para
explorar o próprio negócio, “atender por fora”, roubando o cliente do empregador.
O que gera a justa causa é o fato do empregado não poder ir trabalhar porque está preso e não
a condenação por si só. É a impossibilidade física do obreiro prestar seus serviços. Se houve a
suspensão da pena ou se ele for condenado a penas alternativas, como por exemplo, cesta
básica, não há que se falar em rescisão por justa causa.
166
Devemos ficar atentos à essa hipótese de justa causa. Primeiramente cabe observar que a
embriaguez pode decorrer do uso de álcool ou de outras drogas nocivas. Segundo, a
embriaguez habitual ocorre fora do local de serviço. A doutrina e a jurisprudência entendem
que houve a revogação tácita da embriaguez habitual. A OMS já declinou que o alcoolismo é
uma doença. Como doente ele não pode ser dispensado nem punido, deverá ser mandado
para o INSS a fim de que receba tratamento médico. A embriaguez em serviço ocorre dentro
do local de trabalho, no horário do expediente do empregado, colocando em risco a saúde
tanto do empregado quanto dos demais colegas de trabalho. A embriaguez habitual necessita
da repetição para se caracterizar, já a embriaguez em serviço pode ocorrer apenas uma vez
que já caracteriza a justa causa.
Jurisprudência do TST
Sob os efeitos da dependência, ele tinha alterado atestados para justificar faltas.
Progressão no tratamento
A relatora do agravo pelo qual a ECT pretendia rediscutir o caso, ministra Delaíde
Miranda Arantes, assinalou que, de acordo com a jurisprudência do TST, o
trabalhador que sofre de transtorno mental e comportamental por uso de álcool,
cocaína e outras substâncias psicoativas não pode ser penalizado com a dispensa
por justa causa. “A dependência química, catalogada no Código Internacional de
Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS), gera compulsão e retira
do indivíduo a capacidade de discernimento sobre seus atos”, ressaltou. Não se
trata, segundo ela, de desvio de conduta justificador da rescisão motivada do
contrato de trabalho.
A ministra ainda observou que, para chegar a conclusão diversa, seria necessário
reanalisar as provas do processo, procedimento inviável nesse tipo de recurso
(Súmula 126 do TST). A decisão foi unânime.
(GS/CF)
g) violação de segredo da empresa;
Na violação de segredo da empresa existe uma quebra na lealdade, o empregador não tem
mais confiança no empregado. Nessa hipótese o empregado tem acesso a informações
confidenciais em decorrência do serviço prestado.
168
i) abandono de emprego;
Devemos ficar atentos, pois se o empregado faltar mais de trinta dias mas intercalados não é
abandono de emprego e sim desídia. Nesse caso, se o empregado faltar menos tempo, mas
comprovar-se que ele ingressou em outra atividade, o empregador poderá resolver o contrato
de trabalho.
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
O ato lesivo da honra ou da boa fama refere-se aos casos de calúnia, injúria ou difamação.
Nesse caso, a justa causa vale tanto para agressão física quanto para agressão verbal contra
outros empregados ou terceiros, no âmbito da empresa. Devemos ficar atentos, pois a legítima
defesa própria ou de outrem quando exercida de forma moderada exclui a justa causa.
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador
e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
O ato lesivo da honra ou da boa fama também refere-se aos casos de calúnia, injúria ou
difamação. Nessa hipótese, a justa causa vale tanto para agressão física quanto para agressão
verbal contra o empregador ou superiores hierárquicos, tanto no âmbito da empresa quanto
fora dela. Devemos ficar atentos, pois a legítima defesa própria ou de outrem quando exercida
de forma moderada exclui a justa causa. Atenção, configura-se a justa causa mesmo se a
agressão for fora do local de trabalho.
É a prática contínua de jogos de azar, como dominó, cartas, bingo etc. Para que se caracterize
a justa causa o jogo tem que perturbar a ordem na empresa.
Algumas profissões dependem de inscrição em órgão de classe para que o profissional esteja
apto a exercer a atividade. Sem o cumprimento deste requisito o trabalhador não é considerado
habilitado para o exercício da profissão. Se o empregado perder a habilitação para o exercício
profissional por conduta dolosa poderá ter o contrato de trabalho rescindido por justa causa. O
novo dispositivo é claro ao determinar que apenas a conduta dolosa do empregado pode lhe
gerar a dispensa por justa causa. Assim, se o empregado não agiu dolosamente para a perda
169
de sua habilitação, a justa causa não pode ser aplicada. Exemplos: engenheiro que não paga
o CREA, motorista que perde a habilitação em virtude de multas de trânsito.
Jurisprudência do TST
Na reclamação trabalhista, o zelador disse que a justa causa fora aplicada apenas para que o
empregador não tivesse de pagar os valores corretos da rescisão. Segundo ele, a justificativa
seria a extrapolação do tempo destinado a descanso e refeição, mas alegou que todos os
empregados do turno da noite também estendiam o intervalo em mais de duas horas, com o
conhecimento do supervisor e do encarregado. As testemunhas confirmaram que o descanso
por mais de duas horas ocorria em todos os plantões. Outro argumento foi o de que havia
trabalhado no condomínio por 16 anos sem ter sofrido nenhuma penalidade anterior.
O condomínio, em sua defesa, alegou que a dispensa ocorrera por desídia e que o zelador
havia confessado que chegou a dormir até cinco horas durante o turno.
Discriminação
O juízo de primeiro grau manteve a justa causa, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região (RJ) reformou a sentença, por entender que o condomínio havia violado a regra da não
discriminação, na medida em que outros funcionários do período noturno haviam cometido a
mesma falta, mas sofreram apenas penalidades de suspensão.
Art. 235-B. São deveres do motorista profissional empregado: (Redação dada pela
Lei nº 13.103, de 2015)
Art. 158 CLT - Cabe aos empregados: (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
Quando o empregador dispensa o empregado por justa causa é ele que tem que provar,
pois o ônus da prova é de quem alega.
Assim como o empregado tem direitos e obrigações o empregador também as têm. A rescisão
indireta do contrato de trabalho é justa causa do empregado no empregador. Foi o empregador
que cometeu a falta grave ensejando a ruptura do contrato de trabalho.
Art. 483, CLT - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos
bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato
lesivo da honra e boa fama;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão de seu
contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou
não no serviço até final decisão do processo.
I. Forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons
costumes, ou alheios ao contrato. Nesse caso, são várias hipóteses. Existe um artigo na CLT
que dispõe sobre a quantidade máxima de quilos que uma mulher ou um homem poderão
carregar, continuamente ou não, se ultrapassados configura serviços superiores às forças do
empregado. Vamos ficar atentos, pois a jurisprudência está fazendo uma interpretação
ampliativa deste dispositivo, o estendendo às forças intelectuais, ou seja, quando o
empregador pressiona o empregado com prazos extremamente curtos. Quando o empregador
coloca o empregado menor de 18 anos para trabalhar em condição insalubre está exigindo um
serviço defeso por lei. Ainda, quando o empregador exige que a empregada seduza o cliente
está exigindo um serviço contrário aos bons costumes. Por fim, o serviço a ser prestado não
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pode ser estranho ao contrato, podemos citar como exemplo um empregado que foi contratado
para ser caixa de supermercado, mas ao final do expediente tem que limpar a empresa.
II. For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo
Utilizando um rigor desproporcional, o empregador pune demasiadamente o empregado, não
tem paciência, persegue. São exemplos o assédio moral, os atos de descriminação.
III. Correr perigo manifesto de mal considerável São hipóteses em que o empregador coloca
em risco a saúde e a integridade física do empregado. Um exemplo clássico é permitir que o
trabalhador labore em condições perigosas ou insalubres sem proteção apropriada.
IV. Não cumprir o empregador as obrigações do contratoOcorre quando o empregado não paga
o salário, as férias, 13o etc.
V. Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo
da honra e boa fama. O ato lesivo da honra ou da boa fama refere-se aos casos de calúnia,
injúria ou difamação. Nesse caso, a justa causa vale tanto para os atos praticados no âmbito da
empresa quanto fora dela. Devemos ficar atentos, pois não é necessário que haja condenação
criminal.
VII. O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários. Este dispositivo diz respeito aos empregados que
recebem remuneração variável, sendo pagos por peça, tarefa ou produção. Haverá uma queda
significativa no salário do empregado se o empregador reduzir seu trabalho.
Como já dito, o não fornecimento pelo empregador dos equipamentos de segurança (EPI) gera
a rescisão indireta do contrato de trabalho, isso pois, o empregado está correndo perigo
manifesto de mal considerável.
Devemos lembrá-los que a suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos
importa na rescisão injusta do contrato de trabalho.
A CLT traz duas hipóteses em que o empregado reclamará judicialmente pela rescisão indireta
do contrato de trabalho, mas poderá continuar trabalhando até o final do processo, são as
alíneas “d” e “g” do art. 483, observe: ▪ Não cumprir o empregador as obrigações do contrato; ▪
O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários.
Na grande maioria das vezes o empregado terá que acionar a Justiça do Trabalho para ter
declarada a rescisão indireta do contrato de trabalho, pois somente em raríssimas vezes o
empregador confessa ter cometido a falta grave.
No entanto, se o magistrado entender que o empregador não cometeu a falta grave imputada
pelo empregado, a doutrina majoritária entende que o ato será equiparado a um pedido de
demissão do trabalhador.
O ônus da prova nesse caso recai sobre o empregado, pois é ele quem alega a falta grave
cometida pelo empregador.
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Jurisprudência do TST
A empresa, em sua defesa, disse que o empregado fora demitido por justa causa, por
abandono de emprego, em 16/5/2019. Essa alegação, porém, foi descartada pelo juízo de
primeiro grau, que assinalou que sua caracterização exige a intenção do empregado de não
mais retornar ao trabalho e a ausência injustificada e prolongada por mais de 30 dias.
Telegrama
Relação insustentável
Para o TRT, a inadimplência dos depósitos do FGTS, único fundamento do pedido julgado
procedente, por si só, não justifica a rescisão indireta. “Trata-se de verba que se torna
disponível ao empregado apenas no momento da rescisão contratual, e não tem o condão de
tornar insuportável a relação de emprego”, concluiu, ao excluir da condenação o pagamento do
aviso prévio indenizado e da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e a liberação das guias para
levantamento do fundo, entre outros.
Rescisão indireta
A relatora do recurso de revista do motorista, ministra Kátia Arruda, observou que, de acordo
com a jurisprudência do TST, o descumprimento de obrigação essencial ao emprego, como
não depositar o FGTS, justifica a rescisão indireta. Essa posição foi demonstrada em diversos
precedentes citados em seu voto.
(MC/CF)
Processo: RR-1000629-30.2019.5.02.0609
c) Culpa Recíproca
Cabe ressaltar que a hipótese de culpa recíproca deverá ser reconhecida em juízo.
Nesse caso, de acordo com o art. 484 da CLT e a Súmula no 14 do TST, o empregado tem
direito a 50% do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.
Art. 484, CLT - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de
trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de
culpa exclusiva do empregador, por metade.
Sendo assim, na culpa recíproca paga-se a metade. Tendo o empregado direito também a
movimentação da conta vinculada do FGTS. Contudo, não tem direito a receber o seguro-
desemprego, que somente é devido nos casos de dispensa imotivada.
1.2.3. Rescisão
175
A rescisão ocorre quando há uma nulidade no contrato de trabalho, resultando na sua ruptura.
RESOLUÇÃO
RESCISÃO INDIRETA
CULPA RECÍPROCA
ATO FALTOSO
TST Enunciado nº 363 - A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente
lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao
número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos
valores referentes aos depósitos do FGTS.
Cabe, por fim, ressaltar que o contrato de trabalho também poderá ser rescindido em
caso de atividades ilegais.
O texto da Reforma Trabalhista, aprovada no dia 11 de julho pelo Senado Federal, prevê a
criação de uma nova categoria de dispensa de funcionário. É a denominada “demissão
consensual”, que até então não existia no Direito do Trabalho.
Agora, a empresa e o empregado podem decidir juntos encerrar o contrato de trabalho. Neste
novo cenário, a empresa paga mais direitos do que se o funcionário se demitisse, mas menos
do que se tomasse a iniciativa de demiti-lo.
Como é hoje?
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Hoje, na CLT, como acabamos de ver, existem três formas de demissão: o pedido de demissão
por parte do funcionário; a demissão sem justa causa e a demissão com justa causa. Em cada
uma delas, o funcionário recebe verbas rescisórias diferentes.
Quando a empresa demite o empregado sem justa causa, ele leva saldo de salário, décimo
terceiro proporcional, férias e aviso prévio. O trabalhador também tem direito de sacar o saldo
completo do FGTS, com 40% de multa, e o seguro desemprego. É o cenário em que o
trabalhador ganha mais verbas rescisórias.
Já na demissão por justa causa, o empregado recebe apenas o saldo de salário daquele mês e
eventuais férias vencidas. Todos os demais direitos descem pelo ralo.
Com a Reforma Trabalhista, nada disso muda. Os três tipos de demissão “tradicionais”
continuam existindo. Mas uma nova figura entra em cena.
Com o intuito de restringir essa prática, a Lei no 13.467/2017 acrescentou o art. 484-A na CLT,
criando a modalidade de demissão de comum acordo entre empregado e empregador.
Nessa modalidade, a multa de 40% do FGTS será reduzida para 20%, e o trabalhador deixa de
movimentar o valor total do montante do FGTS para ter direito a apenas 80% do mesmo.
Além do FGTS, o trabalhador que for demitido consensualmente receberá metade do aviso
prévio, mas na integralidade os demais direitos. Todavia, NÃO tem direito ao seguro-
desemprego.
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e
empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
I – por metade:
§ 2o - A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o
ingresso no Programa de Seguro-Desemprego.
Os Planos de Dispensa Incentivada (PDI) ou Voluntária (PDV) são mecanismos utilizados pelas
empresas, sejam públicas ou privadas, como forma de reduzir o número de funcionários e
reduzir seus custos com pessoal.
O empregado recebe diversas vantagens que não seriam devidas caso houvesse dispensa
imotivada, ou seja, caso fosse mandado embora. O empregador ao invés de fazer uso da
prerrogativa de extinguir o contrato de trabalho, cria estímulos econômicos contratuais para que
o empregado tome a iniciativa da extinção.
Observa-se que a adesão ao plano tem de partir do próprio empregado, sem que ele sofra
nenhum tipo de pressão ou influência por parte da empresa, que deverá arcar com todas as
verbas decorrentes da extinção do contrato de trabalho, por iniciativa do trabalhador.
Para que os empregados se sintam incentivados, as verbas legais serão complementadas por
um estímulo econômico. É necessário que o empregado fique muito atento na hora de aceitar e
assinar os termos do PDI/PDV, pois existe a possibilidade de fixação de cláusulas em que o
empregado, ao aderir ao plano, afirma terem sido quitadas todas as verbas decorrentes do
extinto contrato de trabalho.
REFORMA TRABALHISTA A Lei no 13.467/2017 inseriu o art. 477-B ao texto da CLT, o qual
prevê quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia quando da
aderência ao Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada. Art. 477-B, CLT - Plano de
Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos
direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as
partes.
Art. 502, CLT - Ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa,
ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, é assegurada a este,
quando despedido, uma indenização na forma seguinte: II - não tendo direito à
estabilidade, metade da que seria devida em caso de rescisão sem justa causa.
Dessa forma, entende-se que o ente público pagará o aviso prévio e a multa indenizatória de
40% do FGTS. As demais parcelas decorrentes da prestação laboral recairão sobre o
empregador.
Art. 486, CLT - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por
ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou
resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da
indenização, que ficará a cargo do governo responsável. § 1º - Sempre que o
empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o tribunal do trabalho
competente notificará a pessoa de direito público apontada como responsável pela
paralisação do trabalho, para que, no prazo de 30 (trinta) dias, alegue o que entender
devido, passando a figurar no processo como chamada à autoria.
Sendo assim, quando o contrato é rompido por força da Administração Pública caberá a ela
indenizar os empregados. É o caso do bingo, atividade que era lícita que se tornou ilícita;
desapropriação.
Quando o empregado era mandado embora depois de cumprir o aviso prévio, o empregador
teria que pagá-lo no primeiro dia útil subseqüente. Já quando o empregado era mandado
embora antes de cumprir o aviso prévio, o empregador teria 10 dias para pagá-lo, contado da
notificação da demissão.
179
A Lei no 13.467/2017 alterou o parágrafo 6o do art. 477 da CLT unificando esse prazo. Logo, o
pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá
ser efetuado até dez dias contados a partir do término do contrato.
Jurisprudência do TST
23/03/21 - A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho afastou a aplicação da multa por
atraso na quitação das verbas rescisórias em razão da extinção do contrato de trabalho de um
técnico de laboratório da Universidade de São Paulo (USP) decorrente do seu falecimento.
Segundo o colegiado, a lei não estabelece prazo para o pagamento dos valores não recebidos
em vida pelo empregado a seus dependentes.
Falecimento
Na reclamação trabalhista, a viúva e a filha do técnico disseram que a USP, após a morte do
empregado, em junho de 2016, pagou as verbas rescisórias em duas parcelas, em novembro
do mesmo ano e em janeiro de 2017. Por isso, pedia a aplicação da multa prevista no artigo
477 da CLT, que estabelece que o pagamento deve ser feito até 10 dias após a extinção do
contrato.
A USP, em sua defesa, sustentou que a Lei 6.858/1980, que dispõe sobre o pagamento dos
valores não recebidos em vida aos dependentes ou sucessores, exige a apresentação de
alvará judicial ou da escritura de inventário de partilha de bens para a liberação das parcelas,
sem determinar um prazo legal para o pagamento.
Atraso
O juízo da 3ª Vara do Trabalho de Piracicaba (SP) acolheu o pedido das herdeiras, por
constatar que a universidade havia feito o pagamento somente dois meses após elas
apresentarem a documentação solicitada e, ainda, de forma parcelada.
Previsão em lei
O relator do recurso de revista da USP, ministro Renato de Lacerda Paiva, assinalou que a
jurisprudência do TST já consolidou o entendimento de que não é cabível a aplicação da multa
do artigo 477, parágrafo 8º, da CLT, no caso de falecimento do empregado. Segundo ele, o
parágrafo 6º do artigo, que estabelece o prazo de 10 dias, não abrange essa hipótese e,
portanto, deve ser interpretado de forma restritiva.
Ainda de acordo com o ministro, a Lei 6.858/1980 não estabelece prazo para a quitação das
parcelas remanescentes do contrato aos dependentes habilitados perante a Previdência Social.
A seu ver, também, é incabível exigir do empregador o ajuizamento de ação de consignação
em pagamento para afastar a aplicação da multa, pois esse procedimento somente é cabível
nas hipóteses restritas do artigo 335 do Código Civil, o que não se verifica no caso.
(DA/CF)
Processo: RR-10923-30.2017.5.15.0137
O empregador tem um prazo para realizar o pagamento das verbas rescisórias, não honrando
esse prazo ficará sujeito à multa do art. 477, § 8º da CLT, equivalente a um salário, que será
revertida ao empregado, exceto quando foi o obreiro que deu causa ao atraso.
Art. 477, § 8º, CLT - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à
multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do
empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de
variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
Quando da rescisão do contrato de trabalho, pode ser que haja uma controvérsia sobre o
montante das verbas rescisórias que o empregador terá que pagar ao empregado.
Art. 467, CLT - Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre
o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à
data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas,
sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.
As verbas rescisórias que não são controvertidas deverão ser pagas na primeira audiência, sob
pena de MULTA DE 50%. Não se aplica para a Administração Pública.
Devemos ficar bem atentos para não confundir a multa do art. 477 com a multa do art. 467 da
CLT. O empregador não pode usar a Justiça do Trabalho para ganhar tempo na hora de pagar
as verbas rescisórias dos seus empregados.
A MASSA FALIDA não paga nem a multa do art. 467 nem a do art. 477 da CLT. Quanto à
Administração Pública, ela paga a multa do art. 477, mas não paga a multa do art. 467 da CLT.
181
O § 1º do art. 477 da CLT, que estabelecia que o recibo de quitação de rescisão do contrato de
trabalho, firmado por empregado com mais de 1 ano de serviço, só seria válido quando feito
com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho,
foi revogado pela citada lei.
O recibo de quitação de rescisão deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às
mesmas parcelas.
Art. 477, § 2º, CLT - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a
causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas,
relativamente às mesmas parcelas.
O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: em dinheiro, depósito bancário ou
cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o
pagamento somente poderá ser feito em dinheiro ou depósito bancário.
Art. 477, § 4º, CLT - O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado:
13.467/2017, o parágrafo 4o do art. 477 não traz mais a obrigatoriedade de o pagamento ser
efetuado no ato da rescisão do contrato de trabalho.
Como visto acima a prescrição pode ser dividida em aquisitiva (ex. usucapião, muito utilizado
no direito civil) e extintiva.
Apenas quero deixar claro que a prescrição que será estudada agora é a extintiva.
Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
• Dois anos a partir da ruptura do contrato (prescrição bienal), e• Cinco anos a contar de
forma retroativa da propositura da ação (prescrição quinquenal).
Exemplo: se um empregado foi mandado embora depois de 10 anos de serviço, ele tem dois
anos para entrar com a ação a partir do rompimento do contrato de trabalho e só poderá pedir
as verbas trabalhistas do período de cinco anos pretéritos.
Art. 11, CLT - A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho.
São aquelas hipóteses em que o prazo prescricional ainda não começou a correr, ou seja,
ainda não foi, como vemos nas partidas de futebol, dado o apito inicial. Analogia a parte, é o
impedimento do inicio do prazo prescricional.
Art. 440, CLT - Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de
prescrição.
ESTABILIDADE DA GESTANTE
Jurisprudência do TST
183
Vendedora que pediu demissão por WhatsApp sem saber de gravidez não
tem direito à estabilidade 26/11/20 TST
A garantia constitucional de emprego se aplica aos casos de dispensa arbitrária ou sem justa
causa.
O ministro Breno Medeiros, relator do agravo da vendedora, salientou que a decisão do TRT
está em harmonia com a jurisprudência do TST de que a garantia constitucional de estabilidade
provisória no emprego da gestante não abrange o pedido de demissão. A seu ver, é irrelevante
o fato de a empregada desconhecer o seu estado gravídico no momento do pedido, pois a
estabilidade, prevista no artigo 10, II, “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT), é para os casos de dispensa arbitrária ou sem justa causa.
Por unanimidade, a Turma negou provimento ao agravo e aplicou a multa prevista no artigo
1.021, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil (CPC), de R$ 1 mil, equivalente a 1% do valor
da causa (R$ 100 mil), em favor da empregadora.
Uma auxiliar de limpeza do The Hostel Paulista Ltda. conseguiu ter direito à estabilidade
assegurada à gestante mesmo com a perda da criança no segundo mês de gravidez. A
empresa argumentou que a estabilidade só caberia em caso de nascimento com vida, mas a
Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho explicou que a garantia provisória de
emprego prevista na Constituição da República não faz ressalva ao natimorto. Estabilidade –
gestante De acordo com o processo, a auxiliar trabalhou por dois meses com contrato de
experiência, sendo dispensada em dezembro de 2015. Embora ela tenha tido conhecimento da
gravidez um mês depois da rescisão, o fato, segundo a empresa, não lhe foi comunicado. Em
março de 2016, com dois meses de gestação, a auxiliar perdeu a criança em aborto
espontâneo. Em outubro do mesmo ano, ela entrou com reclamação trabalhista contra o ex-
empregador para pedir indenização correspondente aos salários do período de estabilidade,
desde o início da gravidez até cinco meses após o parto. O The Hostel questionou o direito à
estabilidade de cinco meses, por não ter havido parto do bebê, “que já se encontrava sem vida
antes do aborto”. Segundo a defesa, embora a estabilidade provisória seja assegurada a partir
da concepção, seria essencial que a gestação chegasse ao seu termo com o nascimento da
criança. O juízo da 23ª Vara do Trabalho de São Paulo (SP) e o Tribunal Regional do Trabalho
da 2ª Região indeferiram o pedido da auxiliar. Na interpretação do TRT, o direito à indenização
substitutiva do período de estabilidade só deveria ser concedido da data da dispensa da
auxiliar até a data do óbito do feto, e não até cinco meses após o aborto. TST A relatora do
recurso de revista da auxiliar, ministra Delaíde Miranda Arantes, adotou, no voto dela, o
disposto no artigo 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT), que impede a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Segundo a ministra, ao prever a
estabilidade desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, o artigo não faz
qualquer ressalva ao natimorto. “Logo, é forçoso concluir que a garantia provisória de emprego
prevista no referido dispositivo não está condicionada ao nascimento com vida”.