Universidade Federal Do Rio de Janeiro: Roberto Ferreira Júnior
Universidade Federal Do Rio de Janeiro: Roberto Ferreira Júnior
Universidade Federal Do Rio de Janeiro: Roberto Ferreira Júnior
RIO DE JANEIRO
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
INSTITUTO TÉRCIO PACITTI DE APLICAÇÕES E PESQUISAS
COMPUTACIONAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA
RIO DE JANEIRO
2016
CIP - Catalogação na Publicação
Ao meu amado Filho, Igor Pietro, por ter sido minha inspiração
durante os últimos nove anos.
Devo agradecer, antes de tudo, ao meu Coorientador, o Professor Dr. Paulo Victor
Rodrigues de Carvalho, pela confiança demonstrada ao acolher o meu Projeto, por
compreender minhas limitações, pelas oportunidades oferecidas e pela direção que me
permitiu seguir, incursionando no campo da Tomada de Decisão. Sua orientação objetiva e
segura, aliada ao profissionalismo e gentileza, despertou em mim a força para persistir e um
sentimento que poderia traduzir em duas palavras: respeito e admiração. Obrigado Professor
Paulo Victor!
Não poderia deixar de expressar, aqui, minha gratidão ao Ex.mo Sr. General-de-
Divisão Marcio Roland Heise, pela generosidade e compreensão que me foi desprendida
durante seu Comando.
Agradeço ao Sr. Coronel BM Júlio Cesar Rodrigues dos Santos, pela constante
disponibilidade e, principalmente, pela camaradagem militar.
Dedico meu mais afetuoso agradecimento ao meu Pai, Sr. Roberto, à minha mãe, Sra.
Rosinete, aos meus irmãos Renata, Rosiane e Rafael, e principalmente ao meu amado filho,
Igor Pietro, por terem compreendido o meu afastamento físico, porém não afetivo, do seio da
nossa família. Amo todos vocês!
Finalmente, agradeço a Deus por me permitir viver a vida que me tem tocado viver,
pela saúde que me tem dado e pelas pessoas que tem colocado em meu caminho. Foi
fantástico! Obrigado meu Pai!
"Educação é uma descoberta progressiva de nossa própria ignorância."
Voltaire
RESUMO
This research explored the potential opportunities offered by two scientific methodologies,
well-founded, to develop a method to measure team decision-making in emergency response
simulation exercises from data generated before and during simulated. The method consists of
various activities that were developed for preparation of the scenario of the simulation and
collection of data to be used for evaluation after exercise. The core of the method developed
in this study is composed of the combination of methodologies TARGETs (Fowlkes et al.,
1994) and AHP (Saaty, 1977). During the application of the methodology, some tools
available for free on the internet were used. This experiment provided subsidies to propose a
prototype for provide support for portion of use of the methodology. Experimentation was
performed in a control center in the city of Rio de Janeiro and after the analysis of the
collected data, it was possible to determine the degree to the team that participated in the
simulation, identify the limitations of the methodology used and perform other types of
analysis and assessments. For example, segmenting degrees of team for decision-making
criteria, enabling point out areas that the team achieved better or worse results. Finally, the
study showed that the combined use of methods can be an opportunity to fill gaps in
methodologies used to solve problems in complex environments. Also it was possible to
conclude that during the application of the methodology in experimentation, it was observed
that some implementation steps are adherent to the use of technologies, especially in regard to
collecting and analyzing data, reason why the prototype has been proposed.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 19
1.1 MOTIVAÇÃO ............................................................................................................... 20
1.2 PROBLEMA.................................................................................................................. 22
1.3 HIPÓTESE .................................................................................................................... 23
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................................ 23
1.4.1 Geral ................................................................................................................... 23
1.4.2 Específicos .......................................................................................................... 24
1.5 ENFOQUE DE SOLUÇÃO ........................................................................................... 24
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 25
2 A GESTÃO DE EMERGÊNCIAS: VISÃO GERAL .................................................... 26
2.1 GESTÃO DE EMERGÊNCIAS ............................................................................................. 26
2.2 GESTÃO DE EMERGÊNCIAS E TOMADA DE DECISÃO ............................................ 29
2.3 RELAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS ......................................................................... 30
2.3.1 Esfera estatal ...................................................................................................... 31
3 SISTEMAS SOCIOTÉCNICOS COMPLEXOS E MODELOS DE GESTÃO: VISÃO
GERAL ............................................................................................................................... 33
3.1 SISTEMAS SOCIOTÉCNICOS ..................................................................................... 33
3.1.1 Sócio versus técnico ............................................................................................ 33
3.1.2 Linearizando a complexidade ............................................................................ 34
3.2 COMPLEXIDADE E MODELOS DE GESTÃO ................................................................. 35
3.2.1 Sistema de comando de incidente ...................................................................... 36
3.2.1.1 Estrutura do ICS ................................................................................................ 36
3.2.2 Comando e controle - C2.................................................................................... 38
3.2.2.1 Modelos de comando e controle ........................................................................ 39
3.2.2.1.1 O modelo de Lawson ...................................................................................... 39
3.2.2.1.2 O modelo OODA ........................................................................................... 40
3.2.2.1.3 O modelo NEC em resposta ao modelo C2 clássico ........................................ 41
4 A TOMADA DE DECISÃO: VISÃO GERAL .............................................................. 44
4.1 A ABORDAGEM COGNITIVA PARA TOMADA DE DECISÃO ................................... 44
4.1.1 A retrospectiva ................................................................................................... 45
4.1.2 A heurística e a intuição ..................................................................................... 45
4.1.2.1 Estratégia heurística e a capacidade cognitiva .................................................... 46
4.1.3 A racionalidade .................................................................................................. 46
4.1.4 O consenso .......................................................................................................... 47
4.2 ARMADILHAS DA TOMADA DE DECISÃO ................................................................... 48
4.3 ABORDAGENS PARA A TOMADA DE DECISÃO ......................................................... 49
4.3.1 O modelo racional .............................................................................................. 49
4.3.2 O modelo de racionalidade limitada .................................................................. 49
4.3.3 O modelo de processo ......................................................................................... 50
4.3.4 O modelo de lata de lixo ..................................................................................... 50
4.3.5 O modelo político................................................................................................ 50
4.4 A TOMADA DE DECISÃO E OS FATORES ORGANIZACIONAIS .............................. 51
4.4.1 A liderança ......................................................................................................... 51
4.4.2 A interface multifuncional ................................................................................. 51
4.4.3 A estrutura organizacional ................................................................................ 52
4.4.4 A comunicação ................................................................................................... 52
4.5 O PROCESSO DUALÍSTICO ....................................................................................... 53
4.6 SIMULAÇÕES E A TOMADA DE DECISÃO.................................................................... 54
4.6.1 As vantagens da simulação ................................................................................ 55
4.7 A TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM MULTICRITÉRIOS ................................... 56
5 METODOLOGIAS PARA MENSURAR A TOMADA DE DECISÃO ....................... 57
5.1 O MÉTODO TARGETS ......................................................................................................... 57
5.1.1 Processo de observação, pontuação e análise .................................................... 58
5.1.2 Uso do método .................................................................................................... 59
5.1.3 Pontos fortes e fracos sobre o método ............................................................... 60
5.2 O MÉTODO AHP .......................................................................................................... 60
5.2.1 Descrição do método AHP ................................................................................. 62
5.2.2 Cálculo dos pesos aproximados por meio da técnica AHP ............................... 65
5.2.3 Considerações sobre o método AHP .................................................................. 68
6 MÉTODO PARA MENSURAR A TOMADA DE DECISÃO ...................................... 69
6.1 VISÃO GERAL DA METODOLOGIA ................................................................................ 69
6.2 PROCESSOS DO MÉTODO ......................................................................................... 70
6.2.1 O domínio de aplicação ...................................................................................... 70
6.2.1.1 Entrevistas com especialistas ............................................................................. 71
6.2.1.2 Análise de documentos ...................................................................................... 72
6.2.2 O cenário ............................................................................................................ 72
6.2.2.1 Escolhendo os participantes ............................................................................... 73
6.2.2.2 Definindo o objetivo do cenário......................................................................... 73
6.2.2.2.1 Metas e submetas ........................................................................................... 74
6.2.2.2.1.1 Eventos e comportamentos .......................................................................... 74
6.2.2.2.2 Alcançando metas com tomada de decisão...................................................... 75
6.2.2.2.3 Os critérios de tomada de decisão ................................................................... 75
6.2.2.2.3.1 Definindo os critérios .................................................................................. 75
6.2.2.2.3.1.1 Ponderando os critérios ............................................................................. 76
6.2.3 A simulação ........................................................................................................ 76
6.2.3.1 O briefing .......................................................................................................... 77
6.2.3.2 A observação ..................................................................................................... 77
6.3 JUNTANDO AS PEÇAS ........................................................................................................ 77
6.4 A ANÁLISE ............................................................................................................................. 79
7 APLICAÇÃO DO MÉTODO ......................................................................................... 80
7.1 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 80
7.1.1 O domínio de aplicação ...................................................................................... 80
7.1.1.1 Entrevistas com especialista .............................................................................. 80
7.1.1.2 Análise de documentos ...................................................................................... 81
7.1.2 O cenário ............................................................................................................ 81
7.1.2.1 Definindo o objetivo do cenário......................................................................... 81
7.1.2.1.1 Metas e submetas ........................................................................................... 81
7.1.2.1.1.1 Eventos e comportamentos .......................................................................... 82
7.1.2.1.2 Alcançando metas com tomada de decisão...................................................... 82
7.1.2.1.3 Os critérios de tomada de decisão ................................................................... 83
7.1.2.1.3.1 Definindo os critérios .................................................................................. 84
7.1.2.1.3.1.1 Ponderando os critérios ............................................................................. 85
7.1.3 A simulação ........................................................................................................ 88
7.1.3.1 O briefing .......................................................................................................... 89
7.1.3.2 A observação ..................................................................................................... 89
7.2 RESULTADOS.............................................................................................................. 90
7.3 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 93
8 PROTÓTIPO DE APOIO AO MÉTODO ..................................................................... 95
8.1 REQUISITOS COMPUTACIONAIS PARA A METODOLOGIA .................................... 95
8.1.1 Caso de uso ......................................................................................................... 96
8.1.2 Requisitos funcionais.......................................................................................... 98
8.1.3 Requisitos não funcionais................................................................................. 101
8.2 SUPORTE COMPUTACIONAL ................................................................................. 102
8.2.1 Etapas da metodologia ..................................................................................... 102
8.2.1.1 Definir objetivo do cenário .............................................................................. 102
8.2.1.2 Definir metas e eventos do cenário .................................................................. 102
8.2.1.3 Ligar metas à tomada de decisão ..................................................................... 102
8.2.1.4 Definir critérios ............................................................................................... 103
8.2.1.5 Ponderar critérios ............................................................................................ 103
8.2.1.6 Coletar e analisar dados ................................................................................... 103
8.2.1.7 Gerar pontuação .............................................................................................. 103
8.3 USO DA FERRAMENTA ........................................................................................... 104
8.3.1 Navegabilidade ................................................................................................. 104
8.3.2 Cadastrando o experimento ............................................................................. 105
8.3.3 Cadastrando macro decisão ............................................................................. 106
8.3.4 Cadastrando meta ............................................................................................ 106
8.3.5 Cadastrando observação desejável .................................................................. 107
8.3.6 Cadastrando critério ........................................................................................ 108
8.3.7 Cadastrando decisão ........................................................................................ 108
8.3.8 Ponderando matrizes ....................................................................................... 109
8.3.9 Cadastrando observável ................................................................................... 111
8.3.10 Cadastrando observação ................................................................................ 112
8.3.11 Exibindo resultados ........................................................................................ 112
8.4 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................................. 113
9 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 114
9.1 SÍNTESE ................................................................................................................................ 114
9.2 CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................................... 115
9.3 LIMITAÇÕES........................................................................................................................ 115
9.4 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................... 116
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 118
APÊNDICE A - INSTRUÇÕES ...................................................................................... 142
APÊNDICE B - CENÁRIO ...................................................................................................... 144
APÊNDICE C - EXERCÍCIO .................................................................................................. 146
APÊNDICE D - FORMULÁRIO DO EXERCÍCIO ............................................................ 148
APÊNDICE E - PÁGINA DE INSTRUÇÕES ....................................................................... 151
APÊNDICE F - PÁGINA DE CENÁRIO .............................................................................. 152
APÊNDICE G - PÁGINA DE EXERCÍCIO ......................................................................... 153
APÊNDICE H - ANÁLISE DE CRITÉRIOS ........................................................................ 154
APÊNDICE I - ENTREVISTA COM ESPECIALISTA SOBRE O DOMÍNIO ............. 156
APÊNDICE J - ENTREVISTA COM ESPECIALISTA SOBRE OS CRITÉRIOS ....... 158
ANEXO A - POP SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL ......... 160
ANEXO B - CENÁRIO TABLETOP 2015 ............................................................................ 176
ANEXO C - INJECTS TABLETOP 2015 .............................................................................. 181
ANEXO D - PLANTA DA SALA DE SIMULAÇÃO .......................................................... 194
ANEXO E - FICHA DE AVALIAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO TABLETOP 2015
....................................................................................................................................................... 195
19
1 INTRODUÇÃO
Situações de emergências como desastres naturais, ataque terrorista, emergência nuclear e
outros tipos de emergência são desafios para equipes em sistemas complexos e dinâmicos,
pois, os seres humanos são inerentemente flexíveis e capazes de lidar com situações
complexas a um nível limitado (NAZIR et al., 2013). Rubin (2012) apresenta situações de
emergência como o furacão Katrina e o ataque às duas torres do World Trade Center em 11 de
setembro e para cada uma destas situações, o autor destaca as suas características e
experiências adquiridas em situações semelhantes. As equipes precisam se comunicar de
modo que as soluções adequadas possam ser construídas e decididas em tempo. Ambientes
com alto potencial para situação de emergência exigem planejamento antecipado e controle de
riscos. No entanto, para fazer seu planejamento e controle é necessário conhecer as potenciais
características das situações de emergência, as ações de resposta detalhadas, os papéis das
pessoas envolvidas, bem como a infraestrutura necessária para responder de forma eficiente.
Klein (2001) afirma que é necessária uma orientação para situações críticas no plano de
trabalho e a mesma deve ser conhecida pelos participantes. Ele também diz que orientar a
equipe é uma tentativa positiva para alcançar o objetivo comum do grupo, com base no
acompanhamento do roteiro ou plano de ação que domina todos os envolvidos.
Então, como melhorar o desempenho das equipes que lidam com situações de risco em
ambientes complexos e dinâmicos, o tempo todo? Gomes et al. (2014) acreditam que o
desempenho do grupo de trabalho em situações de emergência está diretamente associado
com a colaboração entre os envolvidos. A boa coordenação da equipe é fundamental para uma
resposta adequada a emergências (MALAKIS; KONTOGIANNIS, 2008; VOSHELL et al,
2008). A melhoria nos níveis de coordenação e de colaboração pode ser alcançada através de
treinamentos e de simulados onde as equipes, em todos os níveis de gestão, são protagonistas.
De acordo com Malakis e Kontogiannis (2008) e Voshell et al. (2008), simulações oferecem
20
1.1 Motivação
Equipes tornaram-se a estratégia de escolha das organizações quando são confrontadas com
tarefas complexas e difíceis (SALAS; COOKE; ROSEN, 2008). Pois a complexidade dos
problemas está aumentando e para solucioná-los se faz necessário esforço conjunto e
combinação de diversas áreas do conhecimento. Salas et al. (2008) afirmam que o crescimento
de formas de organização baseadas em equipes apresenta oportunidades únicas e cria desafios
e as oportunidades através da utilização de equipes são abundantes. Podemos identificar
formações de equipes em vários ambientes específicos ou, simplesmente, no nosso cotidiano.
Em alguns ambientes, como hospitais, controle de trânsito, tráfego aéreo, segurança pública
ou em tantos outros, o trabalho em equipe se faz primordial para o sucesso da organização e
eficácia da atividade. Os benefícios do trabalho em equipe são inúmeros, tanto para a
21
1.2 Problema
O uso de ambientes simulados para treinamento de equipe continua sendo uma forma eficaz
de fornecer aprendizagem, a um baixo custo, para as equipes de resposta à emergência. De
acordo com Rosen et al. (2008), o treinamento é projetado para desenvolver um determinado
conjunto de competências em alunos, tais quais, conhecimentos, habilidade e atitude, ou seja,
os objetivos de aprendizagem. Treinamento baseado em simulação oferece oportunidades
únicas para treinar e avaliar as habilidades de trabalho em equipe (ROSEN et al., 2008). O uso
de simuladores para apoiar o aprendizado tem se tornado popular em organizações militares,
educacionais e no meio corporativo. Essas práticas vêm sendo inspiradas, principalmente,
pelo o uso de simuladores de aeronaves militares em todo o mundo. Muitos exemplos de
pesquisas podem ser encontrados na literatura sobre esse assunto. Dependendo do tipo de
treinamento e do fim a que se destina, as simulações podem variar muito no tocante ao custo e
à fidelidade do cenário reproduzido. Alguns desses simuladores, como por exemplo, os
baseados em jogos, podem imitar o ambiente em um nível de detalhamento muito alto, tais
como problemas com aeronaves em pleno voo, combates contra o inimigo, apoio e resgate,
entre outros.
23
1.3 Hipótese
Este projeto de pesquisa está apoiado na hipótese de que a utilização de um método de
avaliação da tomada de decisão, apoiado por software, que aplique pesos sobre os dados
qualitativos gerados durante a observação, reduza a subjetividade da avaliação do observador
durante a observação do processo de tomada de decisão em equipe de resposta à emergência,
propiciando um processo de avaliação do desempenho mais preciso, envolvendo tomada de
decisão em exercícios simulados.
1.4.1 Geral
O objetivo da pesquisa é desenvolver uma metodologia apoiada por uma ferramenta
computacional que, a partir das características da simulação e do registro das interações entre
os membros da equipe de emergência durante o treinamento, gere dados para análise e
avaliação da tomada de decisão.
1.4.2 Específicos
• Fornecer um método de apoio à observação e avaliação da tomada de decisão;
24
O método proposto nesta pesquisa visa apoiar a avaliação da tomada de decisão em equipe em
simulados e fornecer um Protótipo para automatizar a observação e avaliação da tomada de
decisão em equipe em simulados. Para tanto, será apresentado um conjunto de atividades
visando à preparação do exercício simulado, o planejamento para a observação do trabalho em
equipe e, finalmente, a coleta dos dados e a avaliação da equipe.
A ideia central desta solução é fornecer um meio estruturado para a preparação da observação
e avaliação do trabalho em equipe, particularmente sobre a tomada de decisão, e que ela possa
ser aplicada em outros cenários, utilizando-se de outras variáveis e ambientes. Finalmente, a
automação das etapas fornece um meio para armazenar todas às atividades realizadas e com
isso, fornece meios mais amplos de avaliação, à medida que aumentar o número de
observações realizadas com equipes diferentes.
O capítulo a seguir faz uma abordagem teórica sobre a gestão de emergências, fornecendo
uma visão geral do assunto. Também serão pontuados alguns aspectos sobre a tomada de
decisão nesse domínio e sobre a gestão de emergências sob a perspectiva das relações
intergovernamentais.
O capítulo 3 discorre sobre os modelos de apoio à gestão de emergências, tais como o Incident
Command System (ICS) e o Command and Control (C2) com algumas de suas variações.
O capítulo 4 traz uma revisão da literatura sobre a tomada de decisão, enfatizando suas várias
abordagens, os fatores organizacionais que influenciam a tomada de decisão, a tomada de
decisão em simulações e suas vantagens e introduz a tomada de decisão baseada em
multicritérios.
ao longo dos rios para ajudar a prevenir inundações (PHILLIPS; NEAL; WEBB, 2011). A
fase de mitigação difere das outras porque ela se concentra em medidas de longo prazo para
reduzir ou eliminar o risco. Atividades de mitigação ocorrerão antes de um desastre como um
elemento de preparação ou como parte de recuperação após a catástrofe. As ações de
mitigação podem ser estruturais, tais como estruturas para melhor resistir aos terremotos, ou
não estruturais, como a aprovação de legislações; (2) Preparação - medidas ou planos de ação
para a execução quando um desastre acontecer. Geralmente se refere a atividades realizadas
antes do início de um desastre para melhorar as capacidades de resposta dos indivíduos e das
famílias, organizações, comunidades, estados e nações (PHILLIPS; NEAL; WEBB, 2011).
São as ações gerais de preparação que incluem o desenvolvimento de planos de resposta à
emergência, ações para reduzir as vulnerabilidades encontradas em experiências passadas, a
formação de níveis departamentais, a realização de exercícios simulados de resposta à
emergência e a implementação das lições aprendidas com os incidentes anteriores; (3)
Resposta - tomar as ações apropriadas para salvar vidas e proteger propriedades. À luz do
envolvimento de tantas pessoas diferentes, grupos e agências e as necessidades prementes
provocadas por desastres, o período de resposta normalmente é embalado com atividade
(PHILLIPS; NEAL; WEBB, 2011). Isso inclui a evacuação, o planejamento de transporte e a
assistência médica, incluindo a identificação dos abrigos de emergência, despacho do material
de socorro e dos alimentos necessários; e (4) Recuperação - Quarantelli (1999) observa várias
maneiras de pensar sobre a recuperação. Isso significa coisas diferentes para pessoas
diferentes e devemos manter isso em mente quando se usa o termo (PHILLIPS; NEAL;
WEBB, 2011). É prestar assistência às vidas salvas e reconstruir, através de fundos de
doações ou de recursos do governo, propriedades danificadas e / ou construir imóveis para
acomodação dos sobreviventes.
Cada uma dessas diferenças requer estratégias de intervenção diferentes. Considerando que as
emergências tendem a ser de natureza súbita, a sua ocorrência, regularmente, permite a
preparação e previsibilidade de resposta através da prática de treinamentos (BOIN;
MCCONNELL, 2007). Desastres são eventos que sobrecarregam a sociedade (ver Figura 2),
na sua capacidade de resposta ou de lidar com o perigo usando recursos sociais, políticos,
econômicos, ambientais ou internos (SPIEGEL, 2005).
Outros aspectos importantes nesta área são aqueles inerentes aos fatores que afetam a tomada
de decisão em ambientes de resposta à emergência. Tais aspectos são intrínsecos a
complexidade, a gravidade da situação e o envolvimento das várias organizações que operam,
conjuntamente, em resposta à emergência (BIGLEY; ROBERTS, 2001; CARLEY; LIN,
1997; SELLNOW; SEEGER; ULMER, 2002), a incerteza causada por informações limitadas
sobre a situação (COSGRAVE, 1996; JOHNSTON; DRISKELL; SALAS, 1997; THERRIEN,
1995), a tomada de decisão resultante de alta pressão de tempo (DANIELSSON; OHLSSON,
1999; LIN; SU, 1998) e o estresse causado pela gravidade e complexidade da emergência
(DRISKELL; SALAS, 1991; PATON, 2003). As metodologias encontradas na literatura para
facilitar a tomada de decisão para resposta à emergência concentram-se na formação
(CRICHTON; FLIN; RATTRAY, 2000; INZANA et al., 1996; LIN; SU, 1998), nos sistemas
de apoio à decisão (LINDELL; PRATER; PEACOCK, 2005; WALLACE; DE BALOGH,
1985) e em simulações (PATON, 2003; PRESTON; COTTAM, 1997) e, normalmente, são
utilizadas para reforçar a capacidade de tomada de decisão, individual ou organizacional, em
resposta à emergência de qualquer natureza.
O país deve estar preparado no sentido de ter uma estrutura que suporte o impacto de uma
catástrofe e que possa gerenciar os riscos, inerentes a ela, antes, durante e após o incidente.
Por exemplo, os Estados Unidos tinham uma estrutura diferente para gestão de crise, até o
32
atentado que ficou conhecido como 11 de Setembro, ocorrido em 2001. Após essa tragédia,
deu-se início a uma revisão crítica do desempenho do governo, tanto antes como após o
desastre, e desencadeou-se uma infinidade de novas políticas, procedimentos e uma
reorganização das funções do governo para tornar os Estados Unidos da América, e
consequentemente, o mundo mais seguro (COMFORT, 2005). A Agência Federal de Gestão
de Emergência (FEMA) tinha a responsabilidade principal de gestão das consequências,
concentrando-se primeiro sobre as operações de salvamento e segundo na assistência às
vítimas e recuperação da comunidade danificada (COMFORT, 2005). Nos dias de hoje, a
FEMA atua em todas as fases da gestão de emergência, antes, durante e após a tragédia,
conforme mostrado na Figura 1, e conta com dez escritórios regionais que cobrem todo o
território americano (FEMA, 2015) e é subordinada ao Departamento de Segurança Interna
dos Estados Unidos (DHS), que tem por principal atividade, promover a segurança interna do
país, garantindo uma Pátria segura e resiliente contra o terrorismo e outros riscos (DHS,
2015).
No Brasil, a lei federal 12.608, de 10 de abril de 2012, instituiu a política nacional de proteção
e defesa civil (PNPDEC), que abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta
e recuperação voltadas à proteção e defesa civil (PLANALTO, 2015), o sistema nacional de
proteção e defesa civil (SINPDEC), constituído pelos órgãos e entidades da administração
pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades públicas e
privadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil (PLANALTO, 2015) e o
conselho nacional de proteção e defesa civil (CONPDEC), órgão colegiado integrante do
Ministério da Integração Nacional com a finalidade de: (1) Auxiliar na formulação,
implementação e execução do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil; (2) Propor normas
para implementação e execução da PNPDEC; (3) Expedir procedimentos para implementação,
execução e monitoramento da PNPDEC, observado o disposto nesta Lei e em seu
regulamento; (4) Propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescentes, gestantes,
idosos e pessoas com deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e
(5) Acompanhar o cumprimento das disposições legais e regulamentares de proteção e defesa
civil (MI, 2015). Além disso, o sistema conta com uma ferramenta denominada sistema
integrado de informações sobre desastres (S2ID), com a finalidade de informatizar o processo
de transferência de recursos em virtude de desastres, cujo objetivo é qualificar e dar
transparência à gestão de riscos e desastres no Brasil, já que, além de agilizar o processo,
garante o acesso às informações sobre desastres em diversos níveis (MI, 2015).
33
Nas ocasiões em que alocações de função são consideradas, elas são predominantemente
focadas em tarefa, onde as tarefas específicas são alocadas para pessoas ou para máquinas,
não considerando de forma ampla, as questões sociais e organizacionais (GROTE et al., 2000;
HOLLNAGEL; BYE, 2000; ROGNIN et al., 2000; WATERSON et al., 2002;
34
1
Men are better at-Machines are better at
35
Cada gerenciamento de incidente ou evento tem certas atividades ou ações que devem ser
executadas para a atribuição de pessoas, recursos e serviços em caso de um incidente grave
singular ou terrorista (WANG et al., 2008). Mesmo quando pequeno, a gestão do incidente
terá atividades que deverão ser aplicadas em algum grau. De acordo com OSHA (2015), o ICS
37
é construído de cinco grandes áreas de gestão: (1) Comando, que define os objetivos e
prioridades e tem a responsabilidade global no incidente ou evento. O Comando tem uma
Equipe de Comando, frequentemente chamada de Staff, que inclui um Oficial de ligação, um
Oficial de segurança e um Oficial de informação no cenário do incidente; (2) Operações, que
é responsável por dirigir e implementar todas as atividades que visam a redução das
consequências imediatas do evento, o estabelecimento de controles da situação e restaurar as
condições normais de operação. Também é responsável pelo preparo da área para os
socorristas e para as várias Seções que possam ser estabelecidas no local; (3) Planejamento,
que desenvolve o plano de ação para alcançar os objetivos, recolhe e avalia as informações
sobre a evolução do incidente e mantém o status dos recursos; (4) Logística, que é responsável
por fornecer todo o apoio necessário para atender às necessidades identificadas. Ele ordena
todos os fornecimentos de bens e serviços necessários de fora do cenário do incidente,
fornecendo transporte, instalações, suprimentos, comunicações, manutenção, combustível,
instalações e alimentação para os respondedores; e (5) Finanças ou Administração, que
promove as finanças de todos os custos da operação, tempo gasto, remuneração e
reivindicações. Esta Seção também é responsável por identificar as finanças que serão
necessárias para apoiar atividades futuras.
O organograma, mostrado da Figura 3, mostra as cinco principais atividades que são os pilares
do ICS, estabelecidos pelo NIMS. Contudo, cada uma dessas Seções pode ser composta por
diversas subseções com base no tipo e magnitude do incidente (OSHA, 2015). A tomada de
decisão para reconfiguração da estrutura, em relação ao ambiente, emerge através da
manifestação de perigo agudo, elevado estresse e urgência para a ação (SYLVES;
COMFORT, 2012). A resposta organizacional para a adaptação em relação à crise revela a
capacidade humana e governamental de aprendizagem do sistema alterando as condições
tecnológicas e ambientais do mesmo (SYLVES; COMFORT, 2012).
38
Os principais preceitos da NEC, segundo NATO (2007), são: (1) É uma força robusta de rede
corporativa que permite o compartilhamento generalizado de informações; (2) Promove a
colaboração generalizada no domínio da informação, melhorando a qualidade da consciência,
consciência compartilhada e colaboração; (3) Permite a auto-sinconização; e (4) Permite
melhoria expressiva na agilidade e eficácia operacional. Em termos teóricos, a NEC é uma
forma de sistema organizacional aberto. Os sistemas abertos têm fronteiras com outros
sistemas, o que permite tipos de troca de informação entre eles. De acordo Bertalanffy (1950),
“Um sistema aberto pode atingir um estado independente do tempo em que o sistema
permanece constante como um todo [...]”. Ancorando-se na abordagem da NEC, falar sobre
auto-sincronização significa dizer que as pessoas, dentro de uma organização,
pretende alcançar. O modelo mostrado na Figura 4 sintetiza o processo que começa com o
fluxo de informação oriunda do ambiente onde as forças (tropas, equipes, sensores e outros)
estão atuando. Essas informações são compreendidas e depois, processadas. Após o
processamento, será realizada uma comparação do estado atual do sistema com um estado
desejado. Em seguida, ações de decisão serão tomadas com o objetivo de se alcançar o estado
desejado, através de ações que retornarão para as forças na forma de informação. Dessa forma
haverá novas interações entre as forças e o ambiente, fazendo com que um novo ciclo
processual se reinicie.
2
A organização que possui processos vistos de forma mecânica, preestabelecidos e orientados a metas, dentro de um sistema m uito bem
estruturado, baseado em causa e feito, com imensa dificuldade de adaptação e flexibilidade as externalidades que o ambiente lhe
proporciona.
3
TAYLORISMO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Taylorismo&oldid=42474325>. Acesso em: 25 ago. 2015.
42
4
Organizações que se comportam como organismos vivos e complexos podendo desenvolver padrões de relacionamento que permitem se
adaptarem ao seu ambiente.
43
Esse eixo inclui, não só a partilha de informação imediata sobre o ambiente, intenções do
oponente e forças neutras, mas também o desenvolvimento da compreensão das intenções de
combate de forma compartilhada (FERBRACHE, 2003).
44
do mundo ao seu redor (STEIN; WELCH, 1997). Quattrone e Tversky (1988) postularam que
pessoas são mais afetadas pelo sentimento de perda em comparação ao sentimento de ganho,
mesmo quando a probabilidade de ganho e de perda é igual. Nesse caso, elas mantêm o status
quo quando as alternativas têm o mesmo valor esperado.
4.1.1 A retrospectiva
O viés da retrospectiva leva os indivíduos à avaliação errônea das suas decisões originais e
dos fatores que as influenciaram, tendo
decisões. No entanto, Gigerenzer (2008) sugeriu que heurística pode ser uma estratégia eficaz
para tomar decisão, podendo produzir melhores resultados.
4.1.3 A racionalidade
Abordagens clássicas sobre a tomada de decisão adota a racionalidade como princípio para
modelar a decisão e muitos filósofos, sociólogos, economistas, e psicólogos têm tentado
definir esse conceito (AUDI, 1999). Para que ocorra uma decisão racional, é preciso acesso e
processamento de um grande volume de dados (MOURA, 2001). O modelo clássico se
assemelha a uma equação matemática para analisar os potenciais resultados de uma tomada de
47
4.1.4 O consenso
O desenvolvimento de consenso para tomada de decisão impacta, de forma positiva, a
confiança da equipe, fomentando o que Dirks e Ferrin (2002) chamaram de tomada de decisão
participativa. Esse conceito envolve a partilha de poder de decisão entre supervisores e
subordinados, e está ancorado no princípio da confiança da gestão e do respeito às
perspectivas e opiniões diferentes. Segundo McGrath (1984), a tomada de decisão é
desenvolvida através de uma tipologia de tarefas que são aquelas “para o qual não há uma
resposta demonstravelmente correta e para o qual a tarefa do grupo é selecionar, através de
consenso, uma alternativa preferida”. Assim, os membros da equipe não buscam uma
resposta, mas sim um consenso (MCGRATH, 1984). Sob essa perspectiva, é razoável dizer
que o cerne da estratégia de decisão é construído em torno do consenso, gerando
compartilhamento de conhecimento e perspectivas diferentes pela equipe, permitindo alcançar
48
o melhor curso para a ação. Entretanto, o consenso não se relaciona diretamente com a
qualidade ou a eficácia da decisão (WEST; SCHWENK, 1996).
afirmar que a tomada de decisão poderá ser tanto heurística quanto naturalista. O
conhecimento para avaliar as fraquezas de ambas as abordagens e fazer a conformidade entre
elas poderia ser considerado como uma meta-avaliação e a decisão de como essas abordagens
serão balanceadas precede uma segunda decisão sobre o que será feito. Assim, o tomador de
decisão constrói um modelo mental para a tomada de decisão que está relacionado com a
experiência adquirida por ele e reflete a natureza de seu conhecimento, caracterizando a
criação de processos que são sinérgicos dentro de um macroprocesso de decisões aninhadas
(ABRAHAM; COLLINS, 2011).
decisão ainda segue a linearidade vertical desde a identificação do problema que será o foco
para a seleção de uma alternativa. Entretanto, eles fazem uso de “regras de ouro” ou “atalhos”
para reduzir a carga cognitiva. Esses atalhos são possíveis através de conhecimento adquirido
em experiências passadas que ajudam o tomador de decisão a avaliar os problemas atuais
(MILLER; HICKSON; WILSON, 1999).
4.4.1 A liderança
Diferentes estilos de liderança podem influenciar a tomada de decisão, entre eles, a liderança
autoritária, a persuasiva, a consultiva e a participativa (MULLINS, 2001) e esses estilos
poderão facilitar ou dificultar a eficácia da tomada de decisão. No entanto, o sucesso na
tomada de decisão dependerá mais das habilidades e capacidades do líder, do que do seu
próprio estilo. Alguns traços da personalidade humana podem influenciar a velocidade da
tomada de decisão, dentre os quais se destacam a flexibilidade, a motivação para realizar
tarefas, a habilidade interpessoal e orientação da ação (KAUER et al., 2007). Além disso,
tomadores de decisão mais seniores que exibem características etnocêntricas, tolerância ao
baixo risco e mente aberta, afetam a qualidade e velocidade da tomada de decisão
(ALTINAY; WANG, 2006).
4.4.4 A comunicação
A boa comunicação entre os diferentes grupos, dentro da organização, facilita o fluxo de
informação, experiência e conhecimento em direção à tomada de decisão, resultando em
melhores decisões, que emergem através de diferentes perspectivas (BRONN; BRONN,
2003). A comunicação bidirecional (vertical e horizontal) e o feedback são implementações
vitais para a tomada de boas decisões. Sem comunicação ascendente, equipes responsáveis
pela gerencia perdem o contato com o estado de espírito dos seus auxiliares e subestimam ou
interpretam de forma errônea, os problemas emergentes dentro da organização (TOURISH,
53
2005; TOURISH; ROBSON, 2006). Zahra (1993) reforça essa perspectiva e argumenta que
deve haver comunicação bidirecional de comunicação entre a direção e seus subordinados. A
comunicação permanente cria uma plataforma tanto para a troca de ideias quanto para a
criação de relacionamento informal entre a alta administração e os colaboradores. Além disso,
garante que a intenção dos decisores será transmitida a todos os escalões subordinados,
durante a fase de implementação da decisão, aspecto que tem ficado em segundo plano dentro
do processo decisório (BORGES et al., 2006), podendo representar prejuízos tangíveis e
intangíveis em caso de fracasso (CAMPOS, 2010).
Apesar dos estudos divergirem em alguns aspectos, normalmente, eles definem que a tomada
de decisão analítica é norteada por princípios e regras, implicando em processos de controle
mais lentos e memória de trabalho, enquanto a tomada de decisão heurística depende de
associações, lições aprendidas e intuição, implicando em processos rápidos e automáticos.
Pesquisas realizadas no domínio de processo dualístico não fornecem, ainda, detalhes sobre a
natureza dos processos de controle envolvidos nos diferentes tipos de tarefas de tomada de
decisão, ou seja, elas descrevem bem o que os dois sistemas fazem, porém, não deixam claro
como, realmente, os sistemas funcionam (DE NEYS; GLUMICIC, 2008; GIGERENZER;
REGIER, 1996; KEREN; SCHUL, 2009; OSMAN, 2004).
participantes podem decidir, interagindo face a face ou com o uso de algum recurso on-line
(CHASEK, 2005; SHELLMAN; TURAN, 2003).
Fowlkes et al. (1994) argumentam que o cenário deve ser desenvolvido, detalhadamente,
delineando todos os “gatilhos” dos eventos e quando eles devem ocorrer, garantindo sua
fiabilidade; (3) escolher o(s) SME(s) adequadamente, ou seja, selecionar o especialista de
acordo com o que se pretende avaliar. Isso garantirá que as melhores respostas serão
produzidas para a avaliação da tarefa de equipe no futuro; (4) recrutar os participantes; (5)
apresentar os eventos da tarefa aos participantes; (6) definir a pontuação para as respostas aos
eventos. Com isso será possível observar o desempenho da tarefa e preencher um formulário
de classificação. Cada “gatilho” possui ações subsequentes possíveis, onde o observador
deverá tomar nota do comportamento da equipe e pontuar de acordo com a escala (zero, um
ou dois). Se a ação da equipe estiver correta, utiliza-se a marcação 2, enquanto que a
marcação 1 servirá para ações parcialmente corretas. Ações que não forem realizadas deverão
ser marcadas com zero; e (7) fazer a análise com base na classificação concluída e compilada.
Escores globais poderão ser extraídos, bem como pontuações para segmentos específicos.
Em contra partida, a técnica demanda, em geral, uma alta participação do(s) SME(s),
principalmente se os cenários em desenvolvimento envolve a aplicação de objetivos e tarefas
complexas, prolongando o design do experimento. Outro ponto importante, é que as listas de
verificação são específicas para o cenário proposto, não podendo ser aproveitadas. Além
disso, é difícil desenvolver cenários com níveis de complexidade comparáveis.
precisão. A abordagem mais comum para determinar os pesos dos critérios é o espelhamento
comparativo entre eles. Isso implica na comparação por pares de todos os critérios de
avaliação Ci e Cj (i, j = 1, 2, ..., n) por parte dos especialistas. Para tanto, uma escala
sofisticada, bem consolidada matematicamente e largamente utilizada foi desenvolvida por
Thomas Lorie Saaty (1977; 2005). Ela assume valores de 1 a 9, onde o valor 1 determina igual
importância entre os critérios, enquanto que o valor 9 configura a maior importância possível
de um critério em relação ao outro. Para efeito desta pesquisa será considerada a escala
utilizada pelo método AHP, ou seja, serão utilizados valores de 1 a 9 para determinar os pesos
de classificação dos critérios.
A simetria inversa da matriz P é evidente, ou seja, se um objeto é cinco vezes mais importante
do que o outro, de forma inversa, o último será cinco vezes menos (1/5) importante do que o
primeiro objeto. Sendo assim, os elementos de quaisquer das duas colunas ou linhas da matriz
assumirão uma proporcionalidade entre eles, ou seja, as relações entre os elementos das
respectivas colunas ou linhas serão as mesmas. Por exemplo, as relações entre os critérios da
primeira e da segunda coluna são as seguintes: pi1/pi2 = (vi/v1)/(vi/v2) = v2/v1, para (i = 1,...,
m), como pode ser visto na Figura 11.
Uma questão importante é garantir que a matriz esteja consistente (coerente), ou seja, a matriz
P será consistente se for possível, a partir da quantidade mínima de seus elementos, obter
todos os outros elementos da matriz, guardando sua devida proporcionalidade. A consistência
da matriz é transitiva em razão da significância dos elementos da matriz, ou seja, se um
elemento A é mais importante que um elemento B e o elemento B é mais importante que um
elemento C, então, o elemento A é mais importante que o elemento C. Entretanto, com base
na condição de transitividade, ao retirarmos o elemento B, não é garantido que o elemento A
continue sendo mais importante que o elemento C. Esse fenômeno é conhecido como “Rank
Reverso”.
são dados na Tabela 1. Na primeira linha da tabela, a ordem da matriz é indicada, enquanto
que, na segunda linha os valores médios do índice randômico são apresentados (SAATY,
1977).
N 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
IR 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51 1,48 1,56 1,57 1,59
*para N=1 e N=2, o índice randômico será IR=0.
Matrizes inversas de segunda ordem serão sempre consistentes. A relação entre o índice de
consistência IC e o índice randômico é denominada razão de consistência RC. Ela determina o
grau de consistência da matriz através da fórmula RC = IC/IR. Dizer que a razão de
consistência de uma matriz é menor ou igual a 0,1 (RC ≤ 10%), implica dizer que os
resultados alcançados pela referida matriz são consistentes. Saaty (1977) afirma que o valor
RC poderá passar de 10%, não podendo ultrapassar os 20%.
Aplicando os passos descritos acima em uma matriz recíproca de ordem 3, onde foram
atribuídos valores para os critérios C1, C2 e C3 de forma aleatória, podemos representar a
matriz de exemplo conforme mostrado no Quadro 3. Para determinar os autovetores de uma
matriz devemos extrair a média geométrica das linhas subjacentes, ou seja, primeiro
calculamos o produto dos elementos de cada linha utilizando a fórmula (i=1, 2,
..., m) e depois extraímos a raiz m-ésima do produto dos elementos da linha subjacente,
utilizando a fórmula .
66
Linhas CRITÉRIOS C1 C2 C3
1 C1 1 1/7 1/2
2 C2 7 1 5
3 C3 2 1/5 1
Linha 1 do Quadro 3
Linha 2 do Quadro 3
Linha 3 do Quadro 3
Quadro 3, teríamos mais duas colunas para o Autovetor (V) e para o Autovetor Normalizado
(VN), como mostra o Quadro 4.
Linhas CRITÉRIOS C1 C2 C3 V VN
1 C1 1 1/7 1/2 0,41491 0,09381
2 C2 7 1 5 3,27107 0,73959
3 C3 2 1/5 1 0,73681 0,16659
4 Soma V 4,42279 1
67
Para determinar o maior autovalor λmax, a matriz de comparação P é multiplicada pela matriz
formada pelos valores dos vetores normalizados VN = (v1, v2, ..., vm)t , seguindo o exemplo
da Figura 12, o cálculo para esse caso prático ficaria como mostrado na Figura 13.
Pv = =
Para calcular o autovalor λmax, precisamos fazer a média aritmética entre os autovalores λmax(1),
λmax(2) e λmax(3) que serão calculados pelo quociente entre cada elemento da matriz resultante Pv
e seu vetor normalizado correspondente. Assim, temos:
λmax = = = = 3,01415
Seguindo o exemplo do Quadro 4, incluímos mais uma coluna à direita como mostra o
Quadro 5, que representa, respectivamente, o maior autovalor de cada linha da matriz e, por
último, o maior autovalor médio λmax.
Finalmente, os cálculos para verificar a consistência dos julgamentos deverão ser executados,
através do índice de coerência IC e da razão de coerência RC. Este último deverá ser apoiado
pelo índice randômico IR, conforme mostrado na Tabela 1.
Então, temos:
Para IC = = = 0,00708.
Logo, temos que a razão de coerência é aproximadamente 1,22%, não ultrapassando o limite
estabelecido por Saaty (1977), ou seja, os julgamentos foram coerentes.
Para preencher esta lacuna, este estudo se concentra na construção de um método para
registrar a tomada de decisão em equipe, na gestão de emergências, e gerar pontuação ao final
do exercício simulado. A pontuação será gerada através da observação da tomada de decisão
em equipe dentro de um simulado e, após a simulação, a mesma pontuação será ponderada.
Conforme mostrado no Capítulo 5, para gerar a pontuação a partir da observação da tomada
70
de decisão, o método foi inspirado pela metodologia TARGETs (FOWLKES et al., 1994) e
para realizar a ponderação dos indicadores, o método utilizará a metodologia AHP (SAATY,
1977).
6.2.2 O cenário
A construção do cenário será baseada em toda a informação levantada e validada com os
especialistas do domínio, na informação extraída da documentação pertinente e na proposta de
avaliação que se pretende alcançar. Para a construção do cenário, o pesquisador deverá seguir
o processo mostrado na Figura 17, construindo uma história em torno de problemas típicos do
domínio que se pretende trabalhar. Também deverão constar na história, alguns elementos de
apoio para a tomada de decisão. Além disso, a história segue um fluxo de acontecimentos
envolvendo eventos que surgem de diversas formas, trazendo certo nível de complexidade e
buscando representar o mundo real com fiabilidade.
As dinâmicas dentro do cenário acontecem sem interferência do avaliado, até que o cenário é
congelado e, então, o exercício de tomada de decisão é iniciado.
73
duas decisões, poderíamos imaginar que a equipe deveria levar em conta o tempo de resposta
de uma decisão ou outra, o custo para a organização, a presença de vítimas no local, o dano
material sofrido, entre outros. Todos esses fatores, para o escopo desse trabalho, são
denominados critérios.
6.2.3 A simulação
Nesta etapa, os praticantes (tomadores de decisão), os anotadores, os pesquisadores e analistas
participarão do exercício, com objetivos específicos, garantindo que cada etapa do simulado
seja percorrida até que o “ponto de corte” (ponto onde o simulado para e ocorre à tomada de
77
decisão) seja feito e a atividade fim seja realizada. Para esta etapa, poderão ser
disponibilizados aos participantes, meios tecnológicos e materiais para que eles possam
desenvolver a consciência situacional de equipe (SALAS et al., 1995; KABER; ENDSLEY,
1998). Os meios de apoio disponibilizados deverão pertencer ao próprio domínio dos
participantes para que não sejam gastos recursos cognitivos, prejudicando a atividade fim.
6.2.3.1 O briefing
Antes do início do exercício se faz necessário que todos os participantes estejam cientes de
como o simulado vai acontecer, inclusive a respeito das dúvidas que possam ocorrer. As
dúvidas referentes ao exercício deverão ser sanadas antes do início do mesmo. Importante
salientar com os participantes que algumas dúvidas são intrínsecas ao próprio exercício, pois a
partir delas, os tomadores perceberão a dificuldade na tomada de decisão e então, realizarão
questionamentos intergrupo a respeito dos critérios da decisão.
6.2.3.2 A observação
Nesta etapa, o observador responderá um formulário estruturado, com pontos de zero a dois,
de acordo com a metodologia TARGETs (FOWLKES et al., 1994), mencionada no capítulo 5.
O número de observadores e sua expertise com o processo será irrelevante conforme o próprio
método descreve e os meios utilizados para a observação deverão ser adotados de acordo com
o tipo de observação e o tipo de simulação em questão. Esta etapa, além de ser uma das
últimas ações do pesquisador dentro do simulado, configura a última fase pró-análise, pois, a
partir das anotações feitas durante a observação, será possível juntar os dados e fazer o cálculo
ponderado que fornecerá a pontuação final da equipe.
Na próxima etapa, ou seja, após a definição das metas, eventos e comportamentos esperados,
deverão ser especificadas as tomadas de decisão para atingir as metas do exercício e em
seguida, os critérios para as respectivas tomadas de decisão. Finalizando o processo de
construção do cenário, o pesquisador deverá ponderar os critérios de tomada de decisão
conforme mostrado no Capítulo 5. A fase final corresponde à criação de exercício de
simulação, o briefing e a observação dos participantes. Para o desenho da simulação, o
pesquisador deverá adotar recursos que deverão apoiar a criação da simulação, sendo eles
tecnológicos ou não.
79
6.4 A análise
Finalmente, esta fase corresponde em juntar os dados coletados e submetê-los às metodologias
descritas no Capítulo 5. A ponderação (p1, p2, p3, ..., pn), previamente desenvolvida com o
método AHP, deverá ser aplicada aos dados (x1, x2, x3, ..., xn) oriundos da observação. Dessa
forma, uma média ponderada Mp será calculada, resultando em uma pontuação final para a
tomada de decisão em equipe, como se segue:
Mp = =
Além da ponderação e geração do grau para a tomada de decisão, a análise poderá ser
realizada de outras maneiras, como por exemplo: como seria a pontuação final se houvesse
uma mudança na ponderação de algum critério de tomada de decisão ou se fosse aplicado o
conceito do “Rank Reverso”?
80
7 APLICAÇÃO DO MÉTODO
Neste capítulo serão apresentados os resultados do experimento realizado no Centro Integrado
de Comando e Controle da Cidade do Rio de Janeiro (CICC-RJ). Participaram
voluntariamente do experimento, três Oficiais de alta patente do Corpo de Bombeiros
Militares do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), com a finalidade de testar suas capacidades
de tomada de decisão, frente a uma emergência envolvendo um acidente com carros em via
pública com derramamento de produto perigoso na pista, conforme descrito no Apêndice B.
7.1.2 O cenário
Após a separação e análise da documentação pertinente ao domínio e também, das entrevistas
realizadas, foi possível reunir informação suficiente, levantar questões e problemas do
domínio, para então, poder lança-los na construção do cenário, bem como definir elementos
de apoio a resolução dessas questões e problemas através da tomada de decisão. Após isso, foi
possível avançar para a próxima fase, onde foram definidos os eventos do cenário e por fim,
um ponto de parada onde o problema proposto deveria ser resolvido com tomada de decisão
em equipe. O cenário proposto para o experimento foi validado pelo SME e pode ser
observado no Apêndice B.
foram: o cenário não tinha expressividade suficiente para que fosse necessário a subdivisão
das metas e o intuito desta pesquisa foi, apenas, testar o método proposto.
Proposição Critério
Um policial da UPP do Lins informou que o excesso de
Mobilidade urbana
viaturas está provocando engarrafamento.
A imprensa está no local pedindo informações. Presença da mídia
Os familiares das vítimas estão presentes e cobrando
Familiares de vítimas presentes
informações.
A Polícia Militar está presente por se tratar de uma área
com presença de tráfico de drogas e a CET-RIO também
Presença de outras forças
está presente para amenizar o problema da mobilidade
urbana.
Duas vítimas estão presas nas ferragens e três foram
retiradas por populares. Dessas vítimas, uma faleceu,
Vítimas
uma é verde e outra é vermelha. Durante a emergência a
vítima vermelha falece.
Staff:
1) Oficial de Informações
2) Comunicação Social
3) Oficial de Ligação
4) Oficial de Segurança
Operações:
5) Comandante de Operações
6) Área de Espera
7) Concentração de Vítimas
8) Incêndio
9) Salvamento
10) Atendimento pré-hospitalar
Planejamento:
11) Comandante do Planejamento
12) Unidade de Situação
13) Especialista Técnico
85
Logística:
14) Comandante da Logística
15) Setor de Apoio
16) Setor de Serviços
Finanças:
17) Comandante de Finanças
18) Unidade de Custos
MATRIZ DE DECISÃO
Critérios
Decisão Vetor de Decisão
V M PM FV OF
86
O resultado da entrevista forneceu dados que foram inseridos em uma planilha para realização
de cálculos e posterior análise, resultando nos dados planificados na Tabela 2. Também foram
gerados, os vetores de decisão para cada alternativa. Os vetores foram utilizados para
ponderar os dados extraídos da observação do exercício de tomada de decisão em equipe.
Os resultados dos cálculos realizados e exibidos na Tabela 2 mostram que para cada critério
adotado, a tomada de decisão terá maior ou menor peso. No entanto, para efeito de aplicação
do método, somente os dados referentes ao vetor de decisão poderão ser utilizados. A Figura
23 mostra um gráfico de radar onde foram marcados os pontos referentes aos valores que
representam cada decisão em relação ao critério adotado pela equipe.
Por exemplo, em se tratando de Nível II, a decisão de priorizar as operações ainda é muito
elevada em relação às demais alternativas, pois, dentro da análise global dos critérios, tanto as
vítimas e seus familiares quanto a mobilidade urbana são os mais importantes. Entretanto, o
gráfico mostra que com relação à presença da mídia no local da emergência e à presença de
outras forças (Agências), a decisão por priorizar o Staff pesou mais.
O gráfico mostrado na Figura 24 ilustra a análise inversa ao gráfico da Figura 23, ou seja, ele
apresenta o peso de cada critério em relação à decisão. Analisando por esse prisma, podemos
ver que os pesos atribuídos aos critérios são muito próximos quando comparados às decisões
sobre as Finanças e sobre a Logística, variando nos demais casos. Entretanto, assim como no
gráfico da Figura 23, nesse caso, os critérios Vítimas e Mobilidade urbana possuem maior
peso para as alternativas relativas às Operações. Da mesma forma, a presença de outras forças
e mídia em relação ao Staff.
87
7.1.3 A simulação
O exercício de simulação foi realizado dentro do CICC-RJ e contou com a participação de
Agentes do CBMERJ, conforme mostrado na Figura 25, sendo um Coronel que acompanhou
todo o processo durante a simulação, dois Tenentes-Coronéis e um Major, que participaram
do simulado como tomadores de decisão e um Subtenente, responsável por prover toda a
infraestrutura tecnológica para apoiar o simulado. Os Tenentes-Coronéis, tomadores de
decisão, possuíam quarenta e três e trinta e seis anos de idade e vinte e cinco e dezoito anos de
serviços prestados à Corporação, respectivamente. O Major possuía trinta e sete anos de idade
e quatorze anos de serviços prestados ao CBMERJ. O simulado foi realizado no dia 14 de
setembro de 2015, iniciando às 8 horas e terminando às 10 horas e 30 minutos.
7.1.3.1 O briefing
Antes do início do simulado de tomada de decisão em equipe, foi realizado o briefing com os
participantes, com o objetivo de explicar os procedimentos que deveriam ou não ser adotados
durante o exercício. Nessa oportunidade, foi explicado que os indivíduos deveriam participar
do experimento na condição de terceira pessoa, ou seja, os participantes não poderiam se
incorporar ao exercício, cabendo a eles, somente, agir na condição de tomadores de decisão.
Também foi alinhado que algumas equipes de resposta à emergência poderiam conter
indivíduos exercendo funções de forma concomitante. Finalmente, foi lido o conteúdo
mostrado no Apêndice A e reforçou-se a ideia de que a dificuldade na tomada de decisão era
uma condição inerente ao exercício e que após o início, os participantes não poderiam fazer
perguntas.
7.1.3.2 A observação
Dentro da proposta da metodologia em estudo, a observação poderia ser realizada utilizando
papel e caneta, entretanto, a facilidade de contar com recursos do próprio CICC-RJ, tais como
vídeo wall e computadores de mesa, facilitou a automatização da coleta de dados na fase de
observação, utilizando os hardwares disponíveis e a página do Google Docs que apoiou os
participantes durante o exercício.
O exercício de tomada de decisão descrito neste experimento pode ser dividido em quatro
níveis conforme mostrado na Figura 26. O primeiro nível é composto pelo objetivo geral do
simulado que é atingir o Nível II de complexidade do sistema para poder responder de forma
eficaz à emergência. O segundo nível descreve os critérios que os tomadores de decisão
deverão avaliar antes de decidirem e alcançarem as metas propostas dentro do objetivo geral.
O terceiro nível é constituído pelas alternativas que estarão disponíveis para os participantes.
As alternativas foram divididas para facilitar a observação, conforme ilustrado na Figura 26 e
descrito na Seção 7.1.2.1.3.1. Finalmente, o último nível descreve a aplicação da metodologia
90
7.2 Resultados
Esta seção apresenta os resultados da aplicação do método para medir a tomada de
decisão de equipe em simulados de resposta à emergência. O Quadro 8 apresenta os resultados
da observação, divididos em Observado “O”, Desejável “D” e Pontuação “P”. Além disso, o
quadro descreve separado por macro decisão (Staff, Operações, Planejamento, Logística e
Finanças), os eventos presentes no cenário que deveriam servir de “gatilho” para a respectiva
meta a ser avaliada. Na coluna “O” constam as decisões que foram realizadas pela equipe
durante o exercício, de acordo com a legenda descrita no Apêndice C e mostrada no Apêndice
D. Na coluna “D”, as decisões estabelecidas pelo SME como desejáveis durante o processo de
tomada de decisão e, por último, a coluna “P” marca a pontuação, de acordo com o método
TARGETs (FOWLKES, 1994), gerada pelas decisões da equipe divididas em macro decisões.
Um ponto a ser destacado sobre a coluna “D” do Quadro 8 é que algumas decisões podem
aceitar opções diferentes de valores, sendo a marcada em negrito como principal e a marcada
91
ameaçando casas da
comunidade próximas ao
local. O fogo alcançou a
mata da encosta e está se
alastrando.
Trata-se de um veículo Especializar função de
G G, I
Ecosport quatro portas com Salvamento
duas vítimas presas. Especializar função de
Atendimento pré- D D
hospitalar
O Major Rodrigues, Especializar função de
Coordenador, está a Comandante do H A
caminho. Planejamento
O veículo Ecosport explodiu
e está pegando fogo,
ameaçando casas da
Especializar função de
comunidade próximas ao H L, M, N
Unidade de Situação
local. O fogo alcançou a
Planejamento 1
mata da encosta e está se
alastrando.
O quadro inicial informado
indica que o automóvel, uma
Fiat Uno quatro portas, Especializar função de
F F
colidiu na traseira do Especialista Técnico
caminhão que transportava
produto químico.
Os equipamentos presentes Especializar função de
no local não são suficientes Comandante da B E, I
para o combate dos Logística
incidentes. Especializar função de
B M, L
Logística O Síndico de um prédio Setor de Apoio 0
próximo está oferecendo a
água de seu reservatório de Especializar função de
B M, L
captação de água da chuva Setor de Serviços
para apoiar o combate.
O Síndico de um prédio Especializar função de
próximo está oferecendo a Comandante de L J, H
Finanças água de seu reservatório de Finanças 0
captação de água da chuva Especializar função de
L J, H
para apoiar o combate. Unidade de Custos
O: Observado; D: Desejável; e P: Pontuação.
MATRIZ DE PONTUAÇÃO
Matriz de decisão Matriz de observação
Critérios Globais (%) Vetor de
Decisão TARGETs Pontuação
V M PM FV OF Decisão
Operações 51,07 52,28 30,77 42,26 28,64 47,71% 1 0,477
Staff 26,42 13,49 42,45 27,50 52,56 25,78% 1 0,258
Planej. 11,71 24,37 16,74 19,03 11,10 16,13% 1 0,161
Logística 7,82 7,34 7,31 8,58 4,68 7,57% 0 0,000
Finanças 2,98 2,53 2,74 2,63 3,02 2,81% 0 0,000
TOTAL 1 3 0,896
Sendo assim, a equipe alcançou uma pontuação TARGETs de importância 3 e 0,896 como
pontuação final de toda a simulação.
7.3 Discussão
Os resultados tabulados na matriz de pontuação exibida na Tabela 3 mostram que mesmo os
participantes atuando em um domínio de emergência familiar à Corporação e se tratando de
Oficiais com no mínimo 14 anos de experiência, a pontuação final da equipe foi desfavorável
se comparada à pontuação desejável, baseada nas alternativas levantadas junto ao SME. A
diferença pode ser observada na Figura 27, que mostra a área atingida no gráfico de radar pela
equipe na cor vermelha, descrita como “Realizado”, e em azul, descrita como “Desejável”.
Pode-se notar, também, que a equipe alcançou de forma parcial, os resultados desejados no
que se refere à tomada de decisão em Operações, Staff e Planejamento. Entretanto, com
relação às Finanças e à Logística, a equipe não alcançou o índice mínimo, obtendo pontuação
geral inferior a cinquenta por cento do desejável definido pelo SME.
94
Um fator importante a esclarecer é que a pontuação calculada com o uso da metodologia foi
baseada nas entrevistas realizadas com somente um SME, representando dessa forma, a
perspectiva dele em relação ao resultado “Desejável”. Por outro lado, a equipe deixou de
pontuar em dois critérios, o que representa 10,38% da ponderação total, dessa forma se
durante a avaliação do SME, parte desse percentual fosse distribuída entre os outros três
critérios, a pontuação da equipe atingiria um índice maior.
95
2 http://www.infoharvest.com/ihroot/infoharv/products.asp
3 http://www.logicaldecisions.com/
4 http://hipre.aalto.fi/
96
A Figura 28 mostra as etapas do método que serão propostas para automação. As etapas estão
destacadas na cor azul e representam os processos de definir o objetivo do cenário, definir as
metas do cenário, definir os eventos do cenário, ligar metas à tomada de decisão, definir
critérios, ponderar critérios, coletar e analisar dados e ponderar critérios.
A especificação de requisitos, também, mostra que as exigências não são independentes entre
si e que um requisito poderá gerar restrições para outros requisitos. Para requisitos de sistema,
portanto, não basta especificar serviços ou recursos, sendo necessário, também, especificar a
funcionalidade necessária para garantir que estes serviços ou recursos possam ser entregues de
forma correta.
A proposta de se usar o Diagrama de Caso de Uso neste capítulo, é que através dele podemos
identificar as principais funcionalidades do sistema, com base em uma perspectiva externa.
Identificadas às funcionalidades, o próximo passo é descrever os requisitos de sistema,
funcionais ou não, para podermos especificá-los sistematicamente.
5
http://www.uml.org/
97
Esta seção usará a abordagem de caso de uso, mostrada na seção anterior, para fazer a
descrição dos requisitos funcionais da ferramenta de apoio à metodologia e dividir os
requisitos por caso de uso, como mostra o Quadro 10.
99
Seguindo esta linha de raciocínio, esta seção apresentará os requisitos não funcionais da
ferramenta de apoio ao método. Não se pretende aqui, esgotar o assunto sobre requisitos não
funcionais, nem tão pouco mapear todos os requisitos possíveis, pois sabemos que o ciclo de
vida do desenvolvimento de um software é cíclico e os requisitos, funcionais e não funcionais,
podem sofrer modificações ao longo do projeto de desenvolvimento. O Quadro 11 apresenta a
descrição dos requisitos não funcionais.
Código Descrição
RNF01 O sistema usará banco de dados MySQL.
RNF02 A linguagem server-side será JAVA (tecnologia JSF2).
RNF03 A linguagem client-side usará o framework PRIMEFACES.
RNF04 O sistema usará o framework Hibernate para apoio a camada de persistência.
RNF05 O sistema usará o framework Spring para autenticação e controle de sessão.
RNF06 O acesso a ferramenta só será possível através de autenticação.
A interface será web, porém deverá rodar em dispositivos com displays de 7, 8, 10
RNF07
e 12 polegadas.
O sistema deverá exigir confirmação do usuário para todas as operações de
RNF08
exclusão.
RNF09 O sistema deverá guardar um histórico de todos os experimentos passados.
102
para que o sistema entenda que ao se escolher uma opção desejável, a equipe tomou uma
decisão em busca de uma meta.
8.3.1 Navegabilidade
Antes de abordarmos a utilização da ferramenta, propriamente, precisamos ilustrar como os
usuários utilizarão a barra de menu principal da ferramenta, mostrada na Figura 30. Esse
menu é constituído por cinco botões, sendo eles: (1) Experimento, que servirá para cadastrar a
experimentação ou exercício; (2) TARGET, que servirá para cadastrar os dados vinculados ao
método TARGETs (FOWLKES, 1994); (3) AHP, que servirá para cadastrar os procedimentos
relativos ao método AHP (SAATY, 1977); (4) Observação, que servirá para cadastrar as
etapas relativas à observação do experimento; e (5) Resultados, aba onde o sistema exibe os
resultados da experimentação.
O botão TAGERT é do tipo drop down e engloba as opções Macro decisão, Meta e
observação desejável, como ilustrado na Figura 31.
105
Além da matriz global, o usuário deverá marcar os valores da Escala Fundamental em todas as
matrizes fornecidas pelo sistema. Para o escopo desse estudo, o sistema criará, além da matriz
global, cinco matrizes conforme mostrado na Figura 41, sendo elas: Matriz de vítimas, de
presença de outras forças, de familiares de vítimas presentes, de presença da mídia e de
mobilidade urbana.
8.4 Considerações
Este capítulo buscou mostrar de forma técnica e prática, as necessidades de utilização de uma
ferramenta computacional para apoiar o método de avaliação de tomada de decisão em
equipe, apresentado no Capítulo 6. Para tanto, o capítulo descreveu os requisitos, funcionais e
não funcionais, da ferramenta através do modelo de caso de uso do sistema. A abordagem,
como tratado anteriormente, foi realizada de forma preliminar uma vez que entendemos que o
ciclo de vida de um projeto de software é cíclico. Além dos requisitos, o capítulo descreveu os
procedimentos que deverão ser adotados para a utilização da ferramenta, exemplificando com
imagens das telas do protótipo apresentado na pesquisa. Podemos apontar, como limitação da
ferramenta, a ponderação dos critérios de tomada de decisão por parte de apenas um SME, o
que limita a avaliação da tomada de decisão sob uma perspectiva somente. Outra limitação,
que a ferramenta absorveu do próprio método, é que a ferramenta não contemplou a análise de
sensibilidade da tomada de decisão e nem a análise de “Rank Reverso”, comentados nos
capítulos 5 e 6.
114
9 CONCLUSÕES
Finalizando este trabalho de pesquisa, com base nos resultados alcançados no capítulo 7, este
capítulo apresenta o caminho percorrido até aqui, através do resumo, as contribuições do
trabalho, suas limitações e propostas para trabalhos futuros.
9.1 Síntese
O presente estudo se iniciou a partir da identificação do problema de avaliar equipes de
resposta à emergência durante simulados de tomada de decisão, reduzindo a subjetividade da
observação. A avaliação do trabalho em equipe, seja de qual natureza for, precisa se compor
por um conjunto de fatores que corroboram com a atividade específica de tomada de decisão.
Um dos fatores determinantes para a boa aferição da tomada de decisão é o correto preparo do
cenário do simulado, pois, a rápida formação de consciência situacional sobre o ambiente de
emergência diminui o esforço cognitivo no momento de decisão. Existem outros fatores,
como objetivos e metas bem definidos e a correta avaliação dos pesos dos critérios. Sendo
assim, medir a tomada de decisão pode estar além da aplicação de qualquer método científico,
o que inspirou a criação da metodologia.
9.2 Contribuições
Esta pesquisa apresentou, entre outras, duas contribuições principais para o domínio da
tomada de decisão em equipe de resposta à emergência. A primeira delas, diz respeito ao
próprio método em que foram apresentados todos os processos para criar o ambiente completo
para medir a tomada de decisão em equipe. A segunda, pertencente ao núcleo da metodologia,
mostrou com sucesso a combinação de um método de fatores humanos para observação de
trabalho em equipe e outro analítico para avaliar a tomada de decisão em equipe.
Outro ponto a ser destacado como contribuição, foi a imediata aderência de algumas etapas da
metodologia com recursos computacionais disponíveis na internet, o que inspirou a criação do
protótipo apresentado no capítulo 8. A proposta do protótipo é que ele possa ser empregado
não só pelos Observadores, mas também pelos operadores durante o exercício de tomada de
decisão. Além disso, a capacidade de trabalhar com múltiplos usuários permitirá a divisão de
trabalhos durante a observação das atividades da equipe.
9.3 Limitações
Algumas limitações foram verificadas ao longo da preparação da experimentação do método
no simulado. A primeira delas, diz respeito à ponderação dos critérios de tomada de decisão.
A ponderação desses critérios é realizada após entrevista com o especialista do domínio, onde
o especialista informa ao pesquisador os graus de importância de cada critério em relação aos
demais. A questão é que a tomada de decisão no melhor caso, ou seja, a decisão desejada foi
definida sob a perspectiva de apenas um especialista, ao invés de vários. Por exemplo, um
especialista no assunto de logística, outro no assunto de finanças etc. A divisão dos
especialistas com base nos critérios e nas decisões, poderia fornecer uma avaliação,
hipoteticamente, mais precisa pelo fato das entradas para o método AHP serem subjetivas.
116
Durante a fase de tomada de decisão dentro do exercício simulado, percebeu-se que alguns
participantes da equipe, durante a avaliação dos critérios, demonstraram uma aparente alta na
carga de trabalho mental. Entretanto, não podemos afirmar se a carga mental influenciou a
tomada de decisão de forma negativa e, tão pouco, na pontuação final da equipe. Dessa forma,
em outras aplicações da metodologia, pode-se aplicar sondas de carga de trabalho mental, ou
simplesmente, reduzir o número de critérios para a tomada de decisão.
Finalmente, o cenário utilizado no estudo de caso desta pesquisa foi construído com base no
conhecimento tácito do especialista do domínio, refletindo suas experiências e habilidades
adquiridas ao longo de sua vida profissional. Não se pode afirmar até que ponto a ausência da
aplicação de uma metodologia para desenvolvimento de cenários influenciou a fiabilidade dos
resultados gerados pelo método.
Outro problema a ser explorado, após este estudo, seria a aplicação de metodologia para a
construção de cenários envolvendo tomada de decisão em equipe para resposta à emergência,
sem a interferência do especialista do domínio. Desta maneira, a construção do cenário não se
limitaria ao conhecimento tácito do especialista, fator este que pode ter influenciado o
resultado final do experimento deste trabalho pelo elevado nível de subjetividade.
Outra questão que fica em aberto é até que ponto a sobrecarga cognitiva pode influenciar a
avaliação da tomada de decisão e quais os fatores, dentro do cenário, que afetam a geração de
117
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APÊNDICE A - Instruções
- Essa fase consiste em o grupo ler a informações que estão descritas na parte
“CENÁRIO” para entender a atual situação da emergência e retirar do texto as
principais variáveis que deverão ser consideradas para as tomadas de decisão
durante o preenchimento do Organograma de Nível II.
Boa sorte!
144
APÊNDICE B - Cenário
O Plano de Chamada de todo o 11º GBM, inclusive dos seus DBM, foi acionado
e os Militares estão a caminho. No local, estão presentes a Cap Med Raquel, o 1º
Ten Med De Carvalho, o 1º Ten De Oliveira (Cmt SOS 3/11), o 2º Ten Castro
(Cmt SOS 2/11), o 1º Sgt Dias, o 1º Sgt Santos, o 1º Ten Alfredo (GOPP), o Cap
Rafael (Cmt SOS 11º GBM), o Cap Gonçalves (Cmt SOP 12º GBM), o 1º Ten
André Luiz (Cmt SOS 2º GBM), o 3º Sgt Paulo, o 2º Ten Honorato e a 1º Ten
Mônica.
146
APÊNDICE C - Exercício
Texto de ajuda: No local, estão presentes a Cap Med Raquel, o 1º Ten Med De
Carvalho, o 1º Ten De Oliveira (Cmt SOS 3/11), o 2º Ten Castro (Cmt SOS
2/11), o 1º Sgt Dias, o 1º Sgt Santos, o 1º Ten Alfredo (GOPP), o Cap Rafael
(Cmt SOS 11º GBM), o Cap Gonçalves (Cmt SOP 12º GBM), o 1º Ten André
Luiz (Cmt SOS 2º GBM), o 3º Sgt Paulo, o 2º Ten Honorato e a 1º Ten Mônica.
Legenda do Efetivo
Legenda A B C D E F G
Nome Cap Cap Cap Med 1º Ten 1º Ten 1º Ten 1º Ten
Rafael Gonçalves Raquel Med De De Alfredo André
Carvalho Oliveira Luiz
Legenda H I J L M N
Nome 1º Ten 2º Ten 2º Ten 1º Sgt 1º Sgt 3º Sgt
Mônica Castro Honorato Santos Dias Paulo
Índice Randômico
N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
IR 0 0 0,58 0,9 1,12 1,2 1,32 1,4 1,45 1,5
Matrizes de Critérios
Critério Global
V M PM FV OF Auto Vetor Auto Vetor Normalizado λmax 5,50704
V 1,000 3,000 7,000 5,000 9,000 3,936 51,64% IC 0,12676
M 0,333 1,000 5,000 3,000 7,000 2,036 26,71% IR 1,12
PM 0,143 0,200 1,000 5,000 3,000 0,844 11,07% RC 0,11318
FV 0,200 0,333 0,200 1,000 3,000 0,525 6,89% RC (%) 11,32%
OF 0,111 0,143 0,333 0,333 1,000 0,281 3,69%
Total 1,787 4,676 13,533 14,333 23,000 7,623 100,00%
Critério Vítimas
MATRIZ DE DECISÃO
Critérios Globais
V M PM FV OF Vetor de Decisão Conclusão
51,64% 26,71% 11,07% 6,89% 3,69%
O 51,07% 52,28% 30,77% 42,26% 28,64% 47,71% Operações
S 26,42% 13,49% 42,45% 27,50% 52,56% 25,78%
P 11,71% 24,37% 16,74% 19,03% 11,10% 16,13%
L 7,82% 7,34% 7,31% 8,58% 4,68% 7,57%
F 2,98% 2,53% 2,74% 2,63% 3,02% 2,81%
156
Finanças 1
Quadro 4: Matriz Outras Forças
Operações Staff Planejamento Logística Finanças
Operações 1
Staff 1
Planejamento 1
Logística 1
Finanças 1
SEÇÃO
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE
DIVERSOS
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1ª ANALÍTICO
Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL
1. FINALIDADE PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Regular a gestão de eventos operacionais no CBMERJ, principalmente os de longa duração e
complexidade, orientando as ações de todos os integrantes da Corporação.
2. DISPOSIÇÕES GERAIS:
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
SEÇÃO
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DIVERSOS
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1ª ANALÍTICO
Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Observe‐se, também, que uma organização bem montada deve ser estruturada a partir das
necessidades operacionais, ou seja, a primeira “caixa” a ser pensada é a de OPERAÇÕES, e as suas
características irão determinar a complexidade do PLANEJAMENTO, o porte da LOGÍSTICA, se as
ações serão onerosas e necessitarão de FINANÇAS, ativando, se for o caso, estas caixas, nesta ordem.
Além disso, dependendo das circunstâncias, deve‐se, também, estabelecer contato com as demais
agências, avaliar se o público deve ter informações periódicas, avaliar as condições de segurança do
local onde trabalham os bombeiros, e assim por diante, ativando as caixas LIGAÇÃO, INFORMAÇÕES e
SEGURANÇA, respectivamente, do Staff de Comando.
Tendo em vista não ser objetivo deste trabalho a descrição das diversas “caixas” existentes no
organograma do ICS, bem como o funcionamento das mesmas, caberá ao leitor buscar tais
informações em literaturas específicas.
As principais peculiaridades deste trabalho em relação ao ICS, mundialmente conhecido, foram:
• Hierarquização dos elementos que compõem a força de trabalho e, consequente alocação dos
mesmos dentro do organograma funcional, respeitando‐se a linha de subordinação;
• Redução dos formulários a serem preenchidos, visando dar maior fluidez à operação.
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Níveis do
Socorro Evento COCBMERJ
Ciente
NÍVEL I
GBM / DBM no Sob S Fim da
Of de Dia
Local Controle ? Operação
ou
Sgt de Dia
N
NÍVEL II
Coordenador de Coord.OP Apoio OBM Operações/Cmt GBM no
ou mais próxima local.
Cmt GBM
COCBMERJ
Fim da S Sob N Superior de Dia Sob S Fim da
Operação Controle ? Apoio Op. Controle ? Operação
(Acion.OBMs )
NÍVEL III
N
Cmt CBA
COCBMERJ Co mandante do CBA
Superior de Dia no Local.
Apoio Op.
(Acion.OBMs )
NÍVEL IV
Acionamento da
Sub Cmt Co mando Geral Sala de Crise
Geral (Cmt eSub) e demais
Sob N
com outras autoridades de outras
Controle ? Agências
Agências
S
Fim da Sob N
Operação Controle ?
Fim da
Operação
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1ª ANALÍTICO
Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
3.2.1. NÍVEL I
É aquele em que o Comando do Incidente é exercido pelo Cmt de Socorro, seja este oficial ou praça.
Nestes eventos, não se faz necessária a ativação das caixas que compõem o referido sistema.
Neste nível, devido a uma quantidade reduzida de Bombeiros Militares no local do evento, o
funcionograma determina que o Comandante de Socorro exerça, cumulativamente, diversas
atividades relativas às funções da estrutura de ICS, tais como: Staff, Planejamento, Logística e
Finanças (fig. 3). Tal fato ocorrerá, naturalmente, sempre que definir as ações operacionais, organizar
turnos de trabalho, estabelecer procedimentos de segurança do trabalho, bem como providenciar
materiais operacionais, água e, eventualmente, alimentação, dentre outras ações.
Um dos grandes problemas identificados nas Operações de Bombeiro Militar, que podem influenciar
diretamente no seu resultado, é a dificuldade de controle de pessoal e material disponíveis no local do
evento, principalmente daqueles que chegam depois de estabelecido o socorro. Sendo assim, neste
nível de gestão, como não há previsão da instalação de Posto de Comando, o Comandante do Socorro
deverá, ainda na Unidade, definir uma viatura, preferencialmente aquela em que o condutor não
exerça outras funções, que será denominada VIATURA – REFERÊNCIA, e para a qual são definidas as
seguintes atribuições:
• Manter o Controle de pessoal, viaturas e equipamentos, tanto os empregados quanto os
disponíveis no Teatro de Operações, através do registro em formulário específico;
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
3.2.2. NÍVEL II
É aquele em que o Comando do Incidente é exercido pelo Coordenador de Operações ou Comandante
da OBM. Caso o Coordenador de Operações chegue primeiro ao evento, assumirá a função de Cmt do
Incidente até a chegada do Cmt da OBM (fig. 5). À chegada do referido Cmt, passará o comando e
assumirá, então, as funções de Planejamento e Logística, sendo, também, o elo com o
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
COCBMERJ, para fins de solicitação de recursos para o evento. Cabe lembrar que o Cmt do CBA deverá
ser, permanentemente, informado sobre a situação.
O comandante da OBM, ainda em deslocamento para o evento, deverá acionar o seu Subcomandante
Operacional, determinando que estabeleça contato com os oficiais da Unidade, e compareça com
os mesmos no local sinistrado. Devendo ser preservados, se possível, aqueles que entrarão de
serviço nos dois próximos dias. Os Oficiais convocados assumirão as funções previstas no SCI, de
acordo com as necessidades apresentadas.
Neste nível de gestão, o Coordenador de operações ou o Cmt do GBM, chegando ao local do evento,
deverá familiarizar‐se sobre o seu desenvolvimento, as medidas adotadas, bem como pessoal e
materiais disponíveis. Simultaneamente, determinará a montagem do Posto de Comando (PC), que
será a referência de Comando e Controle local, e onde ficarão baseadas as estruturas administrativas
da Operação (fig. 6).
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Nessa fase, deverá ser fortalecida a rede de comunicações, bem como a estrutura de controle sobre
todos os recursos materiais e humanos no Teatro de Operações, realizando o necessário check‐in e
check‐out. Também, o Comandante do Incidente providenciará para que seja estabelecido um local
para Área de Espera (AE), uma Área de Concentração de Vítimas (ACV), se for o caso, além do fluxo de
entrada e saída de viaturas do Teatro de Operações. Caso perceba a necessidade de reclassificação de
Nível, deverá fazê‐lo, informando ao COCBMERJ, que determinará a presença do Cmt CBA (fig. 7).
No PC, além dos materiais descritos acima, deve ser alocado, também, o Quadro de Situação
Operacional.
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Ao Coordenador de Operações/ Cmt de OBM, através de ação própria ou de militares designados por
ele, caberá:
• Reavaliar o cenário;
• Estabelecer o Posto de Comando;
• Redistribuir as atribuições dos oficiais intermediários e/ou subalternos presentes, utilizando
os métodos de gestão operacional em vigor;
• Redefinir, se for o caso, a área quente, morna e fria, buscando a preservação dos perímetros
estabelecidos. Sempre que necessário, buscar o auxílio de outras agências (Especialistas Técnicos,
Polícia Militar, Guarda Municipal, dentre outras);
• Com a chegada do Cmt do Grupamento da área operacional onde ocorre o evento, apresentar
relatório objetivo sobre os procedimentos operacionais em andamento, nivelando as informações com
o novo C.I., além de assumir, imediatamente, a função de oficial de planejamento/logística da
operação;
• Zelar pela utilização de EPI por todos os BM na área quente, com cessão de EPI para técnicos e
autoridades civis, caso necessário;
• Rever o Plano de Comunicações utilizado na operação, adequando‐o às necessidades;
• Orientar as equipes a fazer, obrigatoriamente, check‐in, imediatamente à chegada ao evento,
e check‐out, ao se ausentar do local onde ocorre o sinistro, providenciando para que, tanto os militares
quanto os materiais, equipamentos e viaturas, sejam controlados.
• Buscar as ações necessárias para que sejam satisfeitas as necessidades fisiológicas dos
militares envolvidos na operação;
• Viabilizar o entendimento entre o CBMERJ e outras Agências;
• Reavaliar as condutas técnicas e táticas empregadas, determinando novas ações, se for o
caso;
• Estabelecer ciclos operacionais, se for o caso, realizando todos os planejamentos necessários;
• Quando necessário, prestar esclarecimentos, através da mídia, conforme orientações da
Assessoria de Comunicação Social;
• Avaliar a necessidade de reclassificar o nível do incidente, informando ao COCBMERJ, se for o
caso;
• Dispensar do local de socorro os recursos materiais e humanos não mais necessários à
operação, cuidando para o restabelecimento do poder operacional do CBMERJ.
• Cuidar para que a desmobilização ocorra de maneira coerente, evitando o retrabalho, caso o
evento não evolua, ou solicitar o acionamento da fase III, se houver evolução;
• À chegada do Cmt CBA, passar o comando do incidente e informar quanto aos objetivos
alcançados e o (s) que se espera(m) alcançar, nivelando‐o quanto ao andamento da operação;
• Aguardar ordens do novo Cmt de Incidente.
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Neste nível de gestão, o COCBMERJ ou o próprio Cmt do GBM envolvido no evento, acionará o Cmt do
CBA e este, o seu Chefe do Estado‐Maior que, imediatamente, convocará os Chefes de Seção, os quais
assumirão as funções de Staff, Planejamento, Logística e Finanças (fig. 9). É importante frisar que os
oficiais citados deverão se interar sobre todos os aspectos que envolvem a ocorrência.
Ao Comandante do CBA, através de ação própria ou de militares designados por ele, caberá:
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
3.2.4. NÍVEL IV
É aquele em que a operação atingiu o ponto máximo de complexidade, sendo o Comando do
Incidente exercido pelo Subcmt Geral do CBMERJ (fig. 10). Este quadro fica caracterizado quando o
Elaborado por: Emissão: Revisão: Aprovação:
Cel BM Saraiva / / Ch EMG
Ten Cel BM Ricardo Vale
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
evento atingir mais de uma Área Operacional ou em ocorrências de grande magnitude, que exijam a
necessidade da utilização plena da estrutura do SCCO, com a mobilização de Oficiais Superiores, no
posto de Coronel, para exercerem as funções de Staff, Operações, Planejamento e Logística (fig. 11).
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Assunto: SISTEMA DE COMANDO E CONTROLE OPERACIONAL PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
Nota: Os procedimentos elencados para cada Nível Operacional foram apresentados de maneira
didática, e buscam orientar o Comandante do Incidente. Sendo assim, não possuem o caráter
restritivo, podendo ser tomadas outras medidas, julgadas necessárias para a solução do evento
adverso.
4. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS
4.1. DEFINIÇÕES
• Quadro de Situação da Operação – quadro montado no PC que tem a função de mostrar, de
forma atualizada, as principais informações da operação.
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4.2. ABREVIATURAS
• CI‐ Comandante de Incidente
• USCG‐ Guarda Costeira Americana
• ICS‐ Incident Command System
• PC‐ Posto de Comando
• AE – Área de Espera
• ACV – Área de Concentração de Vítimas
• TO – Teatro de Operações
• EPI – Equipamento de Proteção Individual
• Staff‐ Grupo de oficiais que serão responsáveis
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS