Dissert MATHEUS MARON VALERIO
Dissert MATHEUS MARON VALERIO
Dissert MATHEUS MARON VALERIO
Dissertação
Pelotas, 2020
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Pelotas, 2020
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Banca Examinadora:
Agradecimentos
Ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Drews, não há palavras que expressarão
a forma como sou grato por toda amizade, empenho em orientar, compreensão em
momentos difíceis e por toda autonomia dada ao longo da formação.
E por fim, entretanto, jamais menos importantes, agradeço aos meus pais,
Arlene Maron Valério e Darci Rogério de Souza Valério, ao meu irmão, Lucas Maron
Valério, e a minha amiga e fiel companheira Giovana Ribeiro Pegoraro, por todo
suporte emocional e financeiro, por me auxiliarem na construção do alvo e por
serem exemplos para mim. Agradeço o incentivo e toda compreensão.
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Lista de figuras
Figura 1 Erro absoluto (A), Erro variável (B) e Erro constante (C) durante
o Pré-teste (P), Fase de aquisição (1-6), testes de Retenção (R)
e Transferência (T), dos grupos de Concepção maleável com
autocontrole (CMA), Concepção fixa com autocontrole (CFA) e
Autocontrole (CA). Barras de erros indicam os desvios
padrão.…………………………………………………………….94
Figura 2 Frequência média de Conhecimento de resultados (CR)
solicitados na Fase de aquisição (1-6) dos grupos de
Concepção maleável com autocontrole (CMA), Concepção fixa
com autocontrole (CFA) e Autocontrole (CA). Barras de erros
indicam os desvios padrão…………………......................…...95
Figura 3 Medidas de autoeficácia após o Pré-teste (P), 30ª tentativa (1)
e 60ª (2) da Fase de aquisição e anteriormente ao teste de
Retenção (R), dos grupos de Concepção maleável com
autocontrole (CMA), Concepção fixa com autocontrole (CFA) e
Autocontrole (CA). Barras de erros indicam os desvios
padrão.……………………………………......................……….96
Figura 4 Medidas das subescalas de interesse, percepção de escolha e
tensão do questionário Intrinsic Motivation Inventory (IMI) após
o Pré-teste (P), 30ª tentativa (1) e 60ª da Fase de aquisição (2)
e anteriormente ao teste de Retenção (R), dos grupos de
Concepção maleável com autocontrole (CMA), Concepção fixa
com autocontrole (CFA) e Autocontrole (CA). Barras de erros
indicam os desvios padrão.…............................................…..97
7
Lista de tabelas
RESUMO
ABSTRACT
The aim of the present study was to investigate the effects of instruction of ability
conceptions on motor learning in a self-controlled feedback condition. Forty-five
participants distributed in three experimental groups according to the instructions of
ability conceptions: Malleable conceptions with self-control feedback (MCS), Entity
conceptions with self-control feedback (FCS) and Self-control feedback (CS). The
task was to putt the golf in order to hit the center of the target, using a siding in order
to inhibit the target's visualization. All participants performed a Pre-test of 10 trials
and, subsequently, 60 of trials in the Acquisition Phase, being able to request
feedback in the form of knowledge of results (KR) after each trial. The participants
of the MCS and FCS received instructions were designed to induce entity or
incremental ability conceptions before the 1st trial and after the 20th and 40th,
respectively. After 24h, retention and transfer tests were performed, which consisted
of 10 trials each, without KR supply and instruction of ability conceptions. Self-
efficacy, intrinsic motivation and preference for KR questionnaires were applied at
different times in the study. The results revealed no difference between the groups
at any stage of the study. In relation to the KR request, the participants of all groups
behaved in a similar way, decreasing the request for KR as the practice progressed,
and, in most cases, they favorite the request for KR after their best trials. Self-efficacy
and intrinsic motivation measures also do not separate differences between groups
at different stages of the study. We concluded that the conceptions of ability do not
affect motor learning in self-controlled feedback conditions.
Sumário
Apresentação Geral............................................................................... 11
Projeto de Dissertação........................................................................... 12
Artigo...................................................................................................... 64
Anexos................................................................................................... 99
12
Apresentação Geral
Projeto de Dissertação
Pelotas, 2019
14
Pelotas, 2019
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Banca Examinadora:
RESUMO
ABSTRACT
Studies have shown that providing instruction related to ability conceptions affects
motor learning (for example, DREWS; CHIVIACOWSKY; WULF, 2013; WULF;
LEWTHWAITE, 2009). Such entity and malleable effects of conceptions may be
closely related to the feedback provided to the learner, and the instruction of ability
conceptions may affect how the learner makes use of feedback in a self-controlled
condition. Thus, the objective of the present study will be to investigate the effects
of the conceptions of ability on motor learning in a self-controlled feedback condition.
The sample will be composed of 45 university adults of both sexes, distributed in 3
experimental groups: entity conception with self-controlled knowledge of results (KR)
condition (G1); malleable conception with self-controlled KR condition (G2); Self-
controlled condition without induction of ability conceptions (G3). The task analyzed
will be the golf putt and will aim to hit the center of the target that will be 3.50 meters
from the learners. The study will be divided into 4 phases: Pre-Test, Acquisition
Phase, Retention Test and Transfer Test (target center will be 4 meters from the
learner). All groups will receive their instruction regarding the conceptions of ability
(malleable and entity) before the start and throughout the practice. Moreover, the
groups will be free to choose KR after each trial. In addition, questionnaires will be
applied to identify possible mechanisms underlying the results found.
Sumário
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 19
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................. 23
2.1 Aprendizagem Motora e Concepções de Capacidade............................ 23
2.2 Autocontrole e aprendizagem motora..................................................... 31
3. OBJETIVOS........................................................................................... 42
3.1 Objetivo Geral........................................................................................ 42
3.2 Objetivos específicos............................................................................. 42
4. MÉTODO............................................................................................... 43
4.1 Participantes.......................................................................................... 43
4.2 Instrumentos e tarefa.............................................................................. 43
4.3 Delineamento experimental e Procedimentos........................................ 44
4.4 Análise dos dados.................................................................................. 46
REFERÊNCIAS...................................................................................... 48
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1. INTRODUÇÃO
Historicamente, o campo de estudos da Aprendizagem Motora tem guiado
suas investigações a respeito dos mecanismos e processos subjacentes às
mudanças na aquisição de habilidades motoras, como também os fatores que as
influenciam (TANI et al., 2010). Nesse contexto, um número considerável de
pesquisadores tem buscado entender, por exemplo, como deve ser estruturada e
organizada a prática (por exemplo, GONÇALVES; SANTOS; CORRÊA, 2010;
MAGNUSON; WRIGHT, 2004), em que o aprendiz deve focar atenção (por
exemplo, MEDINA-PAPST; BORDINI; MARQUES, 2015; ZACHRY et al., 2005) até
como, quando e quanto feedback extrínseco deve ser fornecido de modo a entender
o processo de aprendizagem de diferentes habilidades motoras (por exemplo,
BILODEAU; BILODEAU, 1958; CHIVIACOWSKY; WULF, 2005; WINSTEIN;
SCHMIDT, 1990).
Nas duas últimas décadas, estudos têm apontado que fatores motivacionais
também podem afetar a aprendizagem motora (para revisões, ver LEWTHWAITE;
WULF, 2012; WULF; LEWTHWAITE, 2016). Como exemplos, podem ser citados a
ameaça de estereótipo (CARDOZO; CHIVIACOWSKY, 2015), o feedback de
comparação temporal (CHIVIACOWSKY; DREWS, 2016), o feedback de
comparação social ou normativo (LEWTHWAITE; WULF, 2010) e as concepções
de capacidade (WULF; LEWTHWAITE, 2009a). Este último tem sido utilizado para
relacionar as convicções pessoais dos aprendizes a respeito do seu esforço, prática,
capacidade e desempenho, ou seja, são as percepções que o ser humano
apresenta de sua própria capacidade para realizar determinadas habilidades
motoras. Essas visões podem considerar a capacidade como fixa, relacionadas ao
talento para realizar tal habilidade, ou maleável, relacionadas a possibilidade de
mudança, podendo ser aprendida e aprimorada com esforço e prática (DWECK;
LEGGET, 1988; NICHOLLS, 1984). Os estudos, ainda em número limitado, têm
indicado que os aprendizes quando instruídos à uma concepção de capacidade
maleável obtém ganhos na aprendizagem motora, quando comparados aos
aprendizes instruídos a concepções fixas ou sem o fornecimento de instruções
21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
relataram estarem mais nervosos durante a prática quando comparados aos grupos
induzidos às concepções maleáveis. Os autores concluíram que os efeitos das
concepções de capacidade foram encontrados no desempenho, mas não se
estenderam à aprendizagem, sendo que apenas o feedback de comparação social
positivo foi capaz de afetar a aquisição da habilidade motora analisada. Porém, o
estudo não analisou as variáveis separadamente, o que limita um maior
entendimento dos resultados encontrados considerando possíveis efeitos de
interação entre as variáveis.
Com enfoque em entender os efeitos das concepções de capacidade em
outras populações, neste caso crianças e adolescentes, Drews, Chiviacowsky e
Wulf (2013) procuraram analisar os seus possíveis efeitos com diferentes faixas
etárias (6, 10 e 14 anos). Para cada idade, os participantes foram instruídos à
capacidade fixa ou à capacidade maleável, antes de praticar arremessos em um
alvo fixo no chão com oclusão da visão para realização dos arremessos. No teste
de retenção foi verificado que os grupos que praticaram com informações
relacionadas à capacidade maleável apresentaram precisão superior em
comparação aos grupos induzidos à capacidade fixa. Já no teste de transferência,
sendo modificada a distância do arremesso, as concepções maleáveis levaram a
ganhos na aprendizagem apenas dos participantes com 14 anos. Segundo os
autores, os adolescentes parecem ser mais vulneráveis às instruções de
concepções de capacidade em virtude de as crianças mais novas poderem
superestimar suas habilidades (DWECK, 2002), o que pode ter um maior impacto
na sua autoavaliação e motivação afetando a aprendizagem motora.
Em outra pesquisa com crianças na faixa etária de 10 anos, Chiviacowsky e
Drews (2014) verificaram as influências do feedback genérico e não genérico em
dois experimentos. Diferente dos demais estudos, utilizando a instrução como forma
de manipular as concepções de capacidade, essa investigação, em particular,
induziu as concepções de capacidade por meio de feedback. O genérico levava o
aprendiz a acreditar que sua capacidade era fixa. Por outro lado, o feedback não
genérico levava o participante a acreditar que sua capacidade era maleável. No
primeiro experimento, foi analisado apenas o desempenho motor das crianças que
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seja, o controle de uma ou mais variáveis durante a prática deixa de estar focado
no experimentador e passa ser controlado pelo aprendiz, dando ênfase às
estratégias de aprendizagem individuais (CHIVIACOWSKY et al., 2005). Segundo
Chiviacowsky (2005), a aprendizagem motora autocontrolada acontece quando o
aprendiz pode atuar mais ativamente no decorrer do processo de aprendizagem,
tomando decisões que envolvem certo grau de controle sobre algumas condições
de prática.
Pesquisas relacionadas ao autocontrole podem ser visualizadas a longa
data, sendo que por volta da década 1980, pesquisadores da área de Psicologia
Social Cognitiva começaram a examinar a ideia de dar mais autonomia aos
estudantes em ambientes educacionais (ZIMMERMAN, 1986). Nesse domínio,
vários estudos mostraram efeitos benéficos de fatores sociais, afetivos e cognitivos
no desempenho acadêmico (BOEKAERTS, 1996; ZIMMERMAN, 1989).
No campo da AM, estudos começaram a ser realizados ao final do século
passado. O panorama atual de estudos mostra que os efeitos do autocontrole têm
sido investigados em relação a uma série de variáveis que afetam a aquisição de
habilidades motoras, tais como o autocontrole para escolher a estrutura de prática
(BASTOS et al., 2013; KEETCH; LEE, 2007; WU; MAGILL, 2011), quantidade de
prática (LESSA; CHIVIACOWSKY, 2015; POST; FAIRBROTHER; BARROS, 2011;
POST et al., 2014), observação de modelos (MARQUES; CÔRREA, 2016; STE-
MARIE et al., 2013; WRISBERG; PEIN, 2002; WULF; RAUPACH; PFEIFFER,
2005), estabelecimento de metas (MARQUES et al., 2014) e a frequência de
conhecimento de resultados e conhecimento de performance (por exemplo,
BASTOS et al., 2018; CHEN; HENDRICK; LIDOR, 2002; CHIVIACOWSKY;
GODINHO; TANI, 2005; CHIVIACOWSKY; WULF, 2002, 2005; HUET et al., 2009;
LEMOS et al., 2013). Além disso, têm sido manipulados outros fatores como o uso
de aparatos para ajuda física (CHIVIACOWSKY et al., 2012b; HARTMAN, 2007;
WULF; TOOLE, 1999; WULF et al., 2001), complexidade da tarefa (ANDRIEUX;
DANNA; THON, 2012; ANDRIEUX; BOUTIN; THON, 2015) e a manipulação
concomitante de vários fatores (LAUGHLIN et al., 2015).
34
3. OBJETIVOS
4. MÉTODO
4.1 Participantes
A amostra será composta por 45 adultos universitários, de ambos os sexos,
com idade igual ou superior a 18 anos e igual ou inferior a 35 anos. Todos serão
convidados a participar de forma voluntária e deverão assinar o Termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE) (ANEXO A). Os participantes não poderão
possuir experiência prévia com a tarefa e não receberão informações sobre o
objetivo do estudo. O estudo será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com
seres humanos da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de
Pelotas.
participantes deverão esperar o sinal verbal “vai”, com o intervalo inter tentativas
para todas as fases do experimento de aproximadamente 10 segundos.
A aplicação do IMI e do questionário de autoeficácia será aplicado antes da
primeira tentativa e após a 30ª tentativa e ao final da Fase de aquisição, como
também antes do Teste de retenção. Por fim, o questionário de solicitação de
feedback será aplicado após a 30ª tentativa e ao final da Fase de aquisição.
Para análise dos resultados da Fase de aquisição será realizada uma ANOVA two-
way (3 Grupos X 2 Blocos), com medidas repetidas no último fator. Para o
questionário de solicitação de feedback serão realizadas análises descritivas das
respostas por meio da frequência absoluta e relativa.
Com o objetivo de verificar se os participantes solicitaram CR após seus
melhores ou piores desempenhos, será calculada a média do EA das tentativas com
fornecimento de CR versus sem fornecimento de CR no primeiro (três primeiros
blocos de tentativas) e segundo momento (três últimos blocos) da Fase de aquisição
e realizado ANOVAs two-way (Momento X Tipo de tentativa), separadamente para
cada grupo. Em relação a frequência e momento de solicitação de CR na Fase de
aquisição, será realizada um ANOVA two-way (Grupos X Blocos) com medidas
repetidas no último fator.
Para localizar possíveis diferenças foram utilizados os testes Post Hoc de
Bonferroni. Para cálculo do tamanho do efeito das ANOVAs será utilizado o Partial
Eta Squared (ηp²) seguindo os valores de referência (Baixa: 0,01; Média: 0,06; Alta:
0,14) de Larson-Hall (2009). A organização e análise dos dados serão realizadas
utilizando o SPSS for Windows e o nível de significância considerado será α = 0,05.
49
REFERÊNCIAS
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Brain Research Bulletin, v.67, n. 4, p, 304 – 309, 2005.
Artigo
Pelotas, 2020
66
Correspondência para:
Matheus Maron Valério
Escola Superior de Educação Física
Universidade Federal de Pelotas
Rua Luís Camões, 625 – CEP 96055-630
Pelotas – RS – BRASIL
e-mail: [email protected]
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Resumo
Abstract
The aim of the present study was to investigate the effects of instruction of ability
conceptions on motor learning in a self-controlled feedback condition. Forty-five
participants distributed in three experimental groups according to the instructions of
ability conceptions: Malleable conceptions with self-control feedback (MCS), entity
conceptions with self-control feedback (FCS) and Self-control feedback (CS). The
task involves putting the golf in order to hit the center of the target, using a siding in
order to inhibit the target's visualization. All participants performed a Pre-test of 10
trials and, subsequently, 60 of trials in the Acquisition Phase, being able to request
feedback in the form of knowledge of results (KR) after each trial. The participants
of the MCS and FCS received instructions were designed to induce entity or
incremental ability conceptions before the 1st trial and after the 20th and 40th,
respectively. After 24h, retention and transfer tests were performed, which consisted
of 10 trials each, without KR supply and instruction of ability conceptions. Self-
efficacy, intrinsic motivation and preference for KR questionnaires were applied at
different times in the study. The results revealed no difference between the groups
at any stage of the study. In relation to the KR request, the participants of all groups
behaved in a similar way, decreasing the request for KR as the practice progressed,
and, in most cases, they favorite the request for KR after their best trials. Self-efficacy
and intrinsic motivation measures also do not separate differences between groups
at different stages of the study. We concluded that the conceptions of ability do not
affect motor learning in self-controlled feedback conditions.
Introdução
Nas duas últimas décadas, uma série de evidências têm mostrado efeitos de
fatores motivacionais na aprendizagem motora (Lewthwaite & Wulf, 2012; Wulf &
Lewthwaite, 2016). Estudos têm encontrado que a manipulação da ameaça de
estereótipo (Cardozo & Chiviacowsky, 2015; Chiviacowsky, Cardozo, & Chalabaev,
2018), feedback de comparação temporal (Chiviacowsky & Drews, 2016;
Chiviacowsky, Harter, Gonçalves, & Cardozo, 2019), feedback normativo ou
comparação social (Lewthwaite & Wulf, 2010; Pascua, Wulf, & Lewthwaite, 2015) e
as concepções de capacidade (Drews, Chiviacowsky, & Wulf, 2013; Wulf &
Lewthwaite, 2009) afetam a aquisição de diferentes habilidades motoras.
Este último fator, denominado de concepções de capacidade, tem sido
utilizado para relacionar as convicções pessoais dos aprendizes a respeito do seu
esforço, prática, capacidade e desempenho para realizar determinadas habilidades
motoras (Dweck, 2002). Essas visões podem considerar a capacidade como fixa,
relacionadas ao talento para realizar tal habilidade, ou maleável, relacionadas à
possibilidade de mudança, podendo ser aprendida e aprimorada com esforço e
prática (Dweck & Legget, 1988; Nicholls, 1984). Os estudos, ainda em número
limitado, têm indicado que os aprendizes quando instruídos a uma concepção de
capacidade maleável obtêm ganhos na aprendizagem motora, quando comparados
aos aprendizes instruídos a concepções fixas ou sem o fornecimento de instruções
(Chiviacowsky & Drews, 2014; Drews et al., 2013; Harter, Cardozo, & Chiviacowsky,
2019; Wulf & Lewthwaite, 2009).
As explicações para os benefícios a partir da indução de concepções
maleáveis versam sobre a noção de que a aprendizagem motora além de abranger
a aquisição de um padrão de movimento específico, engloba a auto regulação de
processos cognitivos, sócio afetivos e motores para atender às demandas na
realização de distintas tarefas motoras (Lewthwaite & Wulf, 2010b). Esse raciocínio
é encontrado em uma nova teoria da aprendizagem motora denominada OPTIMAL
(Optimizing performance through intrinsic motivation and attention for learning) (Wulf
& Lewthwaite, 2016), em que é proposta uma relação entre a autonomia do aprendiz
– permitir ao indivíduo exercer controle sobre o meio ambiente - a expectativa
70
A maneira utilizada para informar ao aprendiz sobre seu sucesso pessoal nos
estudos é por meio do fornecimento de feedback extrínseco. Em todos os estudos
analisando os efeitos das concepções de capacidade na aprendizagem motora, até
o presente momento, foi fornecido feedback extrínseco após todas tentativas de
prática (Wulf & Lewthwaite, 2016). Logo, é possível questionar se o recebimento ou
não de feedback extrínseco poderia impactar nos efeitos das concepções de
capacidade, como também as concepções de capacidade poderiam afetar a
preferência dos aprendizes pelo recebimento de informações extrínsecas sobre o
seu erro. Não sabemos, até o presente momento, se e como as instruções de
concepções de capacidade podem afetar o aprendiz no que diz respeito a utilização
das informações extrínsecas relacionadas ao erro/desempenho alcançado em uma
condição em que o aprendiz tomar decisões sobre variáveis de sua prática e,
consequentemente, a aquisição de uma habilidade motora.
O questionamento a respeito de que as concepções de capacidade poderiam
afetar a preferência dos aprendizes pelo recebimento de informações extrínsecas
está intimamente ligado a um conjunto de estudos que tem analisado os efeitos da
possibilidade de o aprendiz realizar escolhas durante o processo de aquisição de
habilidades motoras, denominada de aprendizagem autocontrolada (Sanli,
Patterson, Bray, & Lee, 2013).
Os efeitos do autocontrole têm sido investigados em diversas variáveis que
afetam a aquisição de habilidades motoras, tais como a estrutura de prática (Bastos,
Maronovic, Rugy, & Tani, 2013), estabelecimento de metas (Marques, Walter, Tani,
& Corrêa, 2014), quantidade de prática (Post, Fairbrother, Barros, & Kulpa, 2014) e
o feedback conhecimento de resultado (CR), sendo esse o que tem mais recebido
atenção levando em consideração o número de estudos analisados (Sanli et al.,
2013). Em sua maioria, estudos têm revelado que fornecer autocontrole de CR leva
a ganhos a aprendizagem motora, porém algumas investigações têm destacado a
importância do que, de fato, o aprendiz faz com essa condição, sendo que alguns
aspectos podem afetar o uso dessa liberdade e, consequentemente, afetar a
aprendizagem motora (Sanli et al., 2013).
72
Método
Participantes
Quarenta e cinco adultos voluntários, de ambos os sexos (31 homens e 14
mulheres), com idade média de 25,9 anos (DP = 4,1) participaram do estudo. Os
participantes não possuíam experiência prévia com a tarefa e assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética da Universidade Federal de Pelotas (CAAE: 31815220.0.0000.5317).
73
Instrumentos e tarefa
A tarefa, similar a utilizada por Ishikura (2008, 2016), foi o putt do golfe, que
implicou no batimento de uma bola com um taco de comprimento padrão (tamanho
35), numa superfície horizontal de formato retangular e imóvel que se encontrou
colocada no solo. O tapete de cor verde, assemelhou-se à textura do “green”
natural, com 10 metros de comprimento, dois metros de largura e quatro milímetros
de espessura, havendo um alvo circular de 2 metros de diâmetro impresso em pano
e afixado em sua extremidade superior.
A tarefa consistiu na realização de tacadas a uma distância de 3,5 metros do
centro do alvo com as duas mãos. A fim de impedir a visualização do alvo e a zona
de pontuação, foi utilizado um tapume entre o aprendiz e o alvo. Com o intuito de
estabelecer um critério de mensuração do erro, foi definido que o centro do alvo,
com 5 centímetros de raio, teria o valor 0, e os demais espaços, com 10, a 100
centímetros, tiveram respectivamente os valores 5 a 100. Quando a bola não
alcançou ou ultrapassou todo o alvo, foi avaliado em 105.
Para avaliar a motivação intrínseca, foram analisadas subescalas de um
questionário que mensura as experiências subjetivas dos participantes relacionados
à tarefa da tacada do golfe (Adaptado de McAuley, Duncan, & Tammen,1989). O
instrumento avaliou os participantes em três subescalas do inventário de motivação
intrínseca (IMI), com cinco itens cada, relacionadas ao grau de
interesse/divertimento, nervosismo e tensão percebidas, e percepção de escolha ao
desempenhar o putt do golfe. As respostas compreendem uma escala de 1 (“pouco
verdadeiro”) a 7 (“muito verdadeiro”).
A fim de avaliar a autoeficácia percebida dos participantes, foi utilizado um
questionário que tem o propósito de analisar como o indivíduo avalia sua
capacidade de realizar com sucesso uma tarefa específica (Bandura, 2006). No
questionário, os participantes responderam o quão confiantes estavam em uma
escala de 0 (“nada confiante”) a 100 (“extremamente confiante”) para alcançar, em
média, um erro menor que 100, 90, 80, 70, 60, 50, 40, 30, 20 e 10 centímetros (cm)
referentes ao próximo bloco de tentativas a ser realizado. Ainda, foi aplicado um
74
aprendendo”. O grupo CA, por usa vez, não recebeu nenhuma instrução em relação
às concepções de capacidade antes da realização da tarefa.
Além disso, os participantes foram informados sobre a disposição do alvo e
que esse era dividido em quatro partes na forma de um X e fornecida a informação
em relação ao local onde havia parado a bola
(5,10,15,20,25,30,35,40,45,50,55,60,65,70,75,80,85,90,95 e 100) antes ou depois,
e a esquerda ou à direita do centro do alvo. As tacadas que pararam no centro do
alvo receberam a seguinte informação: “Acertou!”. Por fim, todos os participantes
foram instruídos de que após cada tentativa poderiam solicitar CR quando
quisessem (condição autocontrolada).
Na Fase de aquisição cada participante realizou 60 tentativas, com
possibilidade de fornecimento de CR após cada tentativa. O CR fornecido continha
informações sobre a magnitude e a direção de erro da tacada. As instruções de
concepção de capacidade fixa (CFA) e maleável (CMA) foram reforçadas após a
20ª e 40ª tentativas.
Após 24 horas da Fase de aquisição, os participantes realizaram o Teste de
retenção e o Teste de transferência, respectivamente, com dez tentativas cada, sem
nenhum fornecimento de CR ou instrução sobre concepções de capacidade. No
Teste de retenção os participantes realizaram a tarefa da mesma forma que
realizaram na Fase de aquisição, enquanto no Teste de transferência o centro do
alvo estava a uma distância de 4 metros do participante. Para iniciar cada tentativa,
os participantes deveriam esperar o sinal verbal “vai”, com o intervalo entre as
tentativas para todas as fases do estudo de aproximadamente 10 segundos.
Os questionários IMI e autoeficácia foram aplicados antes da primeira
tentativa e após a 30ª tentativa e ao final da Fase de aquisição, como também antes
do Teste de retenção. Por fim, o questionário de solicitação de CR foi aplicado após
a 30ª tentativa e ao final da Fase de aquisição.
Análise de dados
O Erro absoluto (EA), Erro constante (EC) e o Erro variável (EV) foram as
medidas de desempenho utilizadas. O EA foi calculado a partir da média, por bloco
76
Resultados
Erro Absoluto
Os resultados do EA estão expostos na Figura 1. A ANOVA one-way não
revelou diferenças no EA em relação aos grupos no Pré-teste, F(2, 42) = 0,187, p =
0,830, ηp² = 0,009. Além disso, a ANOVA com medidas repetidas no último fator
observou efeitos no fator Bloco, F(1, 42) = 49,632, p < 0,001 ηp² = 0,542, revelando
uma diminuição do erro do Pré-teste ao Teste de retenção. Nenhum efeito foi
verificado no fator Grupo, F(2, 42) = 1,536, p = 0,227, ηp² = 0,068, e interação entre
os fatores Bloco e Grupo, F(2, 42) = 1,113, p = 0,338, ηp² = 0,050. Estes resultados
demonstram que os indivíduos eram semelhantes no início da prática e diminuíram
o erro do Pré-teste ao Teste de retenção.
Na Fase de aquisição, a ANOVA revelou uma diminuição do EA do primeiro
ao último bloco de tentativas, com efeito no fator Bloco, F(4,27, 179,48) = 3,84, p =
0,004, ηp² = 0,084. O Post Hoc detectou que o primeiro bloco apresentou maior erro
que os blocos 5 (p < 0,001) e 6 (p = 0,04). No entanto, não foi verificada nenhuma
78
diferença no fator Grupo, F(2, 42) = 0,314, p = 0,732 , ηp² = 0,015, e interação Grupo
e Bloco, F(8,54, 179,48) = 1,14, p = 0,337, ηp² = 0,052.
No Teste de retenção não foi encontrada diferença no fator Grupo, F(2, 44)
= 2,85, p = 0,069, ηp² = 0,120. Na mesma direção, no Teste de transferência
também não foi evidenciada diferença no fator Grupo, F(2, 44) = 0,925, p = 0,404,
ηp² = 0,042. Esses resultados revelam que os grupos apresentaram
comportamentos similares na Fase de aquisição, assim como nos testes de
aprendizagem.
--------------------------------
[Inserir Figura 1 aqui]
--------------------------------
Erro Constante
Os resultados do EC estão apresentados na Figura 1. A ANOVA revelou
efeito no fator Bloco da Fase de aquisição, F(5, 210) = 6,20, p < 0,001, ηp² = 0,129.
O Post Hoc localizou que o primeiro bloco de tentativas apresentou maior erro que
os blocos 4 (p < 0,001) e 5 (p = 0,002). Nenhum efeito foi verificado no fator Grupo,
F (2, 42) = 0,59, p = 0,279, ηp² = 0,059, e interação Grupo e Bloco, F(10, 210) =
0,789, p = 0,640, ηp² = 0,036.
Nos testes de aprendizagem, a ANOVA não detectou diferença no fator
Grupo tanto no Teste de retenção, F(2, 44) = 1,15, p = 0,327, ηp² = 0,052, como no
Teste de transferência, F(2, 44) = 1,61, p = 0,211, ηp² = 0,071.
Erro Variável
Os resultados do EV estão expostos na Figura 1. A ANOVA não detectou
efeitos no fator Bloco da Fase de aquisição, F(4,41, 185,10) = 1,069, p = 0,376, ηp²
= 0,025. De maneira similar, não foram encontrados efeitos no fator Grupo, F(2, 42)
= 1,539, p = 0,226, ηp² = 0,068, e interação Grupo e Bloco, F(8,81, 185,10) = 0,481,
p = 0,883, ηp² = 0,022.
79
--------------------------------
[Inserir Figura 2 aqui]
--------------------------------
--------------------------------
[Inserir Tabela 1 aqui]
--------------------------------
No que se refere ao segundo momento da Fase de aquisição, em relação à
primeira pergunta, os participantes do grupo de CMA revelaram manter a
preferência principalmente em solicitar após as tentativas que consideraram tanto
boas como ruins (60%), seguida de principalmente após as boas tentativas (26,6%),
principalmente após as tentativas ruins (6,7%) e nenhuma das anteriores (6,7%).
Os participantes do grupo CFA indicaram preferência por solicitar após as tentativas
que eles consideraram boas (53,3%), seguidas de igualmente após boas e ruins
81
Autoeficácia
Os resultados da autoeficácia estão apresentados na Figura 3. A análise dos
resultados do questionário após o Pré-teste não mostrou efeito no fator Grupo, F (2,
42) = 2,221, p = 0,121, ηp² = 0,096.
Na análise da Fase da aquisição, os resultados não revelaram efeitos no fator
Bloco, F(1, 42) = 0,548, p = 0,463, ηp² = 0,013, porém observou-se efeitos no fator
Grupo, F(2, 42) = 3,568, p = 0,037, ηp² = 0,145. O Post Hoc detectou diferença
marginal (p = 0,053) apontado uma maior autoeficácia do grupo CA, em
comparação ao grupo CMA. Além disso, não foi identificada interação entre os
fatores Bloco e Grupo, F(2, 42) = 1,236, p = 0,301, ηp² = 0,056.
Na análise do questionário aplicado antes do Teste de retenção, os
resultados não revelaram diferença entre os grupos na autoeficácia, F(2, 42) = 2,12,
p = 0,133, ηp² = 0,092.
--------------------------------
[Inserir Figura 3 aqui]
--------------------------------
Motivação Intrínseca
A análise da subescala de percepção de escolha após o Pré-teste não
apresentou efeitos para o fator Grupo, F(2, 42) = 0,840, p = 0,439, ηp² = 0,038. De
maneira similar, não foram encontrados efeitos no fator Bloco, F(1, 42) = 1,375, p =
0,248, ηp² = 0,032, fator Grupo, F(2, 42) = 0,228, p = 0,797, ηp² =0,011, como
também não foi identificada interação entre os fatores Bloco e Grupo dos
83
--------------------------------
[Inserir Figura 4 aqui]
--------------------------------
Discussão
Nas últimas décadas, uma série de estudos têm apontado ganhos na
aprendizagem motora em condições de prática em que o aprendiz tem liberdade
84
Fairbrother, & Janelle, 2012; Chiviacowsky & Wulf, 2002; Chiviacowsky, Wulf, &
Lewthwaite, 2012; Lim, Ali, Kim, Kim, Choi, & Radlo, 2015; Patterson, Carter, &
Hansen, 2013), bem como a preferência por CR após “boas tentativas”
(Chiviacowsky & Wulf, 2002; Chiviacowsky et al., 2012; Kaefer, Chiviacowsky, Meira
Jr, & Tani, 2014; Tsay & Jwo, 2015). A principal explicação para essas estratégias
de solicitação de CR tem sido associada a aspectos motivacionais (Chiviacowsky &
Wulf, 2002; Wulf, 2007). Especificamente, entende-se que a condição
autocontrolada permite aos aprendizes solicitar CR a partir de critérios baseados na
sua própria experiência e necessidades individuais (Chiviacowsky & Wulf, 2002).
Assim, os aprendizes mostram uma preferência em solicitar CR após as suas
melhores tentativas, proporcionando aos aprendizes satisfação com relação a
necessidade psicológica básica de autonomia (liberdade de escolha) e a
necessidade por competência (solicitações após boas tentativas que confirmam um
desempenho eficiente) (Chiviacowsky, 2014; Chiviacowsky et al., 2012).
Vale ressaltar que na análise do questionário de preferência por CR, apesar
de a maioria dos participantes apontarem preferência após “boas” tentativas na
primeira e segunda metade da prática, os participantes especificamente do grupo
de instrução de concepções maleáveis indicaram preferência após boas e más
tentativas. Esse resultado vai em direção ao comportamento encontrado em alguns
participantes que não tiveram seus resultados de magnitude do erro analisados, em
virtude de terem solicitado CR após praticamente todas tentativas. Esse achado
aponta que nem todos os participantes preferiram CR somente após boas
tentativas. Ao seguir a lógica de raciocínio de que o autocontrole beneficia a
aprendizagem motora por possibilitar ao aprendiz atender às suas necessidades
individuais, sejam elas biológicas (Leotti, Iyvengar, & Ochsner, 2010), psicológicas
(Deci & Ryan, 2008) ou de informação (Patterson & Carter, 2010; Wulf, 2007), é
possível que nem todos os aprendizes apresentem sempre as mesmas preferências
de solicitação de CR ao longo de toda a sua prática. Porém, são necessários futuros
estudos para tentar verificar outras possíveis estratégias de solicitação de CR dos
aprendizes que possibilitem uma explicação mais robusta para esse resultado.
86
Conclusões
Os resultados permitem concluir que o fornecimento de instruções de
concepções de capacidade não afeta a aprendizagem do putt do golfe em condições
autocontroladas de CR. Esses resultados avançam na temática analisada
89
Referências
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94
Wulf, G; Lewthwaite, R., Cardozo, P., & Chiviacowsky, S. (2018). Triple Play:
Additive contributions of enhanced expectancies, autonomy support, and external
attentional focus to motor learning. The Quarterly Journal of Experimental
Psychology, 71(4), 824-831.
95
Figuras
Figura 1. Erro absoluto (A), Erro variável (B) e Erro constante (C) durante o Pré-
teste (P), Fase de aquisição (1-6), testes de Retenção (R) e Transferência (T), dos
grupos de Concepção maleável com autocontrole (CMA), Concepção fixa com
autocontrole (CFA) e Autocontrole (CA). Barras de erros indicam os desvios padrão.
96
CMA CFA CA
11
10
Frequência méida de CR
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1 2 3 4 5 6
Blocos de tentativas
97
Figura 3. Medidas de autoeficácia após o Pré-teste (P), 30ª tentativa (1) e 60ª (2)
da Fase de aquisição e anteriormente ao teste de Retenção (R), dos grupos de
Concepção maleável com autocontrole (CMA), Concepção fixa com autocontrole
(CFA) e Autocontrole (CA). Barras de erros indicam os desvios padrão.
CMA CFA CA
10
9
8
7
6
Escore
5
4
3
2
1
0
P 1 2 R
Blocos de tentativas
98
CMA CFA CA
8
7
6
5
Escore
4
3
2
1
0
P 1 2 R P 1 2 R P 1 2 R
Nervosismo Interesse Percepção de escolha
Blocos de tentativas
99
Grupos
Perguntas referentes as tentativas 1 - 30 CMA CFA CA
Número de respostas
1. Quando/por que você solicitou feedback?
Assinale uma das opções abaixo:
a) Principalmente após as tentativas que você
5 9 9
considerou boas
b) Principalmente após as tentativas que você
0 0 0
considerou ruins
c) Igualmente após boas ou más tentativas 10 4 2
d) Aleatoriamente (independente do desempenho) 0 0 4
e) Nenhuma das anteriores 0 2 0
Anexos
101
1 2 3 4 5 6 7
nem um pouco um pouco muito
verdadeira verdadeira verdadeira
___ Eu não me senti nem um pouco nervoso enquanto participava desta prática
___ Eu senti que participar desta prática não foi realmente uma escolha minha.
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 100
pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 90 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 80 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 70 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 60 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
105
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 50 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 40 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 30 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 20 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Você está confiante de que alcançará, em média, um erro menor do que 10 pontos?
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
106
d ( ) aleatoriamente ( )