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INTRODUÇÃO À ECONOMIA

Prof. MSC. Lucio Sanches

APOSTILA
ECONOMIA (INTRODUÇÃO)

Página | 1 Introdução à Economia


INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Prof. MSC. Lucio Sanches

SUMÁRIO

1 UNIDADE 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA ............................................... 4

1.1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ................................................................ 4


1.1.1 Antiguidade e suas contribuições ao pensamento econômico .................................... 5
1.1.2 A Economia na Idade Média ........................................................................................ 6
1.1.3 Mercantilismo ............................................................................................................... 8
1.1.4 Os Fisiocratas e a doutrina do "laissez-faire" ............................................................ 10
1.1.5 Escola Clássica .......................................................................................................... 12
1.1.6 O Pensamento Neoclássico (ou Marginalista) ........................................................... 18
1.1.7 O Pensamento Keynesiano ....................................................................................... 21
1.2 CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS .............................................................. 25
1.2.1 As Necessidades, Os Bens Econômicos e os Serviços ............................................ 27
1.2.1.1 Necessidade Humana:........................................................................................ 27
1.2.1.2 Bens .................................................................................................................... 29
1.2.1.3 Serviços .............................................................................................................. 30
1.2.2 Fatores de Produção.................................................................................................. 31
1.2.3 Agentes Econômicos ................................................................................................. 31

2 UNIDADE 2 – MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA .............................................. 34

2.1 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA ............................................................... 34


2.1.1 Economia de Mercado ............................................................................................... 35
2.1.1.1 O Sistema de Preços .......................................................................................... 36
2.1.1.2 O Que, Como e Para Quem Produzir ................................................................. 37
2.1.1.3 O Fluxo Circular da Atividade Econômica .......................................................... 39
2.1.2 Economia Planificada Centralmente .......................................................................... 41
2.1.3 Economia Mista.......................................................................................................... 42
2.1.3.1 O Que Produzir? ................................................................................................. 43
2.1.3.2 Como Produzir? .................................................................................................. 44
2.1.3.3 Para Quem Produzir? ......................................................................................... 44
2.2 MERCADO ........................................................................................................................ 45
2.3 ESTRUTURA DE MERCADO ........................................................................................... 51
2.3.1 Concorrência Perfeita ................................................................................................ 52
2.4 Concorrência Imperfeita .................................................................................................... 53
2.4.1 Monopólio................................................................................................................... 54
2.4.2 Oligopólio ...................................................................................................................56
2.4.3 Concorrência Monopolística....................................................................................... 59

3 UNIDADE 3 - FUNDAMENTOS DA MICROECONOMIA E DA MACROECONOMIA.............. 62

3.1 Ferramentas de Análise Econômica ................................................................................. 64


3.1.1 Os Modelos ................................................................................................................ 64
3.1.2 Abordagem Analítica .................................................................................................. 65
3.1.3 A Tomada de Decisão................................................................................................ 65
3.1.4 Análise Macroeconômica ........................................................................................... 67
3.2 INTRODUÇÃO A TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ....................... 68
3.2.1 Comportamento do Consumidor ................................................................................ 69
3.2.1.1 O Pleno Conhecimento ....................................................................................... 70
3.2.1.2 A Função Preferência ......................................................................................... 70
3.2.1.3 Utilidade e Preferência........................................................................................ 71
3.2.1.4 Limitação Orçamentária ...................................................................................... 73
3.2.2 Demanda do Consumidor .......................................................................................... 74
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3.3 INTRODUÇÃO A ECONOMIA MONETÁRIA .................................................................... 76


3.3.1 Moedas e Bancos Comerciais ................................................................................... 76
3.3.1.1 As funções da moeda ......................................................................................... 79
3.3.1.2 Moeda e quase-moeda ....................................................................................... 80
3.3.1.3 Bancos Comerciais ............................................................................................. 81
3.3.1.4 O Sistema Financeiro Nacional .......................................................................... 82
3.3.2 Política Monetária ...................................................................................................... 90
3.3.2.1 Instrumentos de Política Monetária .................................................................... 90
3.3.2.2 Efeitos da Política Monetária .............................................................................. 93

4 UNIDADE 4 – NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL .................................................. 97

4.1 Conceitos Básicos .............................................................................................................98


4.2 Teorias do Comércio Internacional ................................................................................... 98
4.2.1 Teoria Clássica do Comércio: as contribuições de A. Smith e D. Ricardo. ............... 99
4.2.2 Teoria Neoclássica do Comércio: o modelo Heckscher-0hlin................................. 100
4.2.3 Modernas Teorias do Comércio Internacional ......................................................... 100
4.3 Políticas Comerciais e Finanças Internacionais .............................................................. 102
4.3.1 Obstáculos ao Livre Comércio ................................................................................. 102
4.3.2 As Principais Medidas Intervencionistas .................................................................. 103
4.3.3 Organizações Comerciais e Monetárias Internacionais ........................................... 104
4.3.4 Regionalização do Comércio Internacional .............................................................. 106
4.4 O Balanço de Pagamentos ............................................................................................. 108

5 UNIDADE 5 – ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO ................................................................ 114

5.1 Fundamentos da Economia do Setor Público ................................................................. 115


5.1.1 A questão do bem-estar ........................................................................................... 115
5.1.2 Falhas de mercado .................................................................................................. 116
5.1.3 As funções do setor público ..................................................................................... 118
5.2 Participação do Setor Público na Economia ................................................................... 120
5.2.1 Evolução das despesas e receitas públicas ............................................................ 120
5.3 Tributação e Orçamento Público ..................................................................................... 124
5.3.1 Princípios teóricos da tributação .............................................................................. 124
5.3.2 Sistemas tributários.................................................................................................. 125
5.3.3 Principais impostos existentes no Brasil .................................................................. 126

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1 UNIDADE 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA

O objetivo desta unidade é trazer a você aluno(a) as principais

noções da Ciência Econômica. Vamos conhecer as principais

Escolas do Pensamento Econômico, que é a base das Teorias

Econômicas. Na seqüência, vamos estudar as necessidades, os

bens econômicos e os serviços, a fim de que você possa

estabelecer relações com a economia e seu cotidiano. E para

finalizar, vamos estudar sobre o conceito de fatores de produção,

com o objetivo de fazer você compreender a situação do

trabalhador, da acumulação de capital, da distribuição da riqueza,

da industrialização, do setor agroindustrial, do comércio, das

famílias, das empresas e do governo.

1.1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO

A história da Economia é de grande importância para a humanidade, tanto

a pré-clássica quanto a mais atual. É somente entendendo a dinâmica da história

econômica das civilizações que você poderá compreender toda a complexidade que

domina a ciência econômica e a sociedade.

A Economia surgiu como ciência a partir de 1.776, com a publicação da

obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações. Antes disso, a Economia não passava de

um pequeno ramo da Filosofia Social e do Direito. Com o Mercantilismo e a

Fisiocracia, as idéias econômicas começam a ter um pequeno desenvolvimento.

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1.1.1Antiguidade e suas contribuições ao pensamento econômico

Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam organizar-se em

sociedade, para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir comida para

sobreviver. A divisão do trabalho, daí decorrente, permitiu o desenvolvimento da

espécie humana em comunidades cada vez maiores e mais bem estruturadas. Na maior

parte dos casos, a produção era basicamente para sobrevivência.

Alguns homens mais habilidosos passaram a produzir um pouco mais, o que

permitiu o início das trocas. Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser

suficiente para atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas.

Na Grécia Antiga, como em Roma, a maior parte da população era

composta por escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente

necessário para sobreviver. Os senhores de escravos apropriavam-se de todo o

produto excedente. A economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano não

passava de uma fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou chefes

militares.

Gastaldi (1999) assinala que, na história da civilização de Roma, se

encontram muitos dos elementos que caracterizam o moderno capitalismo. Os romanos

foram os principais estadistas, juristas e construtores de impérios. Um dos traços da

civilização romana foi a expansão agrícola, que favoreceu a sua economia e,

notadamente, a sua agricultura, e que foi um dos determinantes da expansão do

poderio político do Império. De uma outra forma, o declínio de sua agricultura foi a

principal causa de sua perda. Agressiva foi a política de expansão comercial de Roma,

que proporcionou grandes lucros, ao mesmo tempo em que despertou a rivalidade com

o poder comercial de outros povos. Isto posto, os acordos comerciais foram

substituídos pelos conflitos armados.

Com o Império Romano:

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 Consolidava-se a expansão comercial;

 Consolidava as funções do dinheiro;

 Criavam-se os impostos mais elevados;

 Aumentavam as despesas do governo.

Foi também no Império romano que GLOSSÁRIO


AGIOTA – é a pessoa
nasceu a agiotagem, e a riqueza passou a se que faz prática da
usura, ou seja,
concentrar nas mãos de uma minoria. As economias empresta dinheiro a dos
outra no mercado
países subdesenvolvidos, tal como o Brasil, informal, sem a
devida autorização
apresentam semelhanças com o Império Romano. De legal para isto. uma
Fonte Aurélio 2010.
lado, há pessoas abastadas e profundamente ricas, de

outro, há pessoas pobres.

As situações de decadência do império conduziu o povo a uma elevada

crise de escassez, quando aumentaram, e muito, as necessidades urbanas em

alimentos. Podemos apontar as causas econômicas de declínio do império Romano:

 Grande concentração das riquezas por grupos minoritários;

 Grandes propriedades rurais improdutivas;

 Servidão dos pequenos e médios agricultores;

 Separação sempre maior entre ricos e pobres; e

 Crescente escassez de alimentos.

Deste modo, podemos concluir que, as causas econômicas conjugadas com

as políticas, determinaram a queda do Império Romano.

1.1.2 A Economia na Idade Média

A Idade média ou Idade Medieval, surgiu com o declínio da Império

Romano por volta de 476 D.C. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos

anos 500 a 1500. Com a Idade Média, abriu-se uma nova era para a humanidade o

chamado feudalismo.
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Na base do sistema feudalista, estava o servo, que trabalhava nas terras

de um senhor, o qual devia lealdade a um senhor mais poderoso, este a outro, até

chegar ao Rei. Os senhores davam a terra a seus vassalos, para serem cultivados, em

troca de pagamento em dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar. Em troca

dessa lealdade, o senhor concedia proteção militar a seu vassalo.

O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu senhor, mas não

constituía sua propriedade, como o escravo. As trocas desenvolveram-se no nível

regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas. A cidade, com seus muros,

constituía-se no local de proteção dos servos, em caso de ataque inimigo. Aos poucos,

porém, passou a ser o local onde se realizavam as trocas. Desenvolveram-se as

corporações de ofício e a divisão do trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1.096,

expandiu-se o comércio mediterrâneo, impulsionando cidades como Gênova, Pisa,

Florença, Veneza, etc.

A Teologia Católica exerceu um poder muito grande sobre o pensamento

econômico da Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde que usada

com moderação. Havia uma idéia de moderação na conduta humana, o que levava às

concepções de justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo salário.

O empréstimo a juros era condenado GLOSSÁRIO


Justo Salário é aquele
pela Igreja, pois contraria a idéia de justiça nas que permite ao
trabalhador e sua
trocas: o dinheiro reembolsado seria maior do que família viver de
acordo com os costumes
o emprestado. de sua classe e de sua
região. Similarmente,
Diferente do pensamento capitalista, na determinação do
lucro, a idéia era a
o pensamento cristão condenava a acumulação de mesma: o justo lucro
resulta da justiça nas
capital (riqueza) e a exploração do homem pelo trocas. (ele não deve
permitir ao artesão
homem. A opção da Igreja, então, foi pelo retorno enriquecer).

a atividade rural, ao contrário de Roma. Na verdade, a igreja, através de suas

conventos e mosteiros, tornou-se grande proprietária de grandes terras.


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A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nascia, assim, o

regime feudal, caracterizado, como dito anteriormente na apostila por propriedades

nas quais os senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou

do solo. Eram médias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e

politicamente, obedientes a autoridade do senhor ou proprietário, e nas quais os

servos exerciam suas atividades agrícolas ou artesanais.

O rei, embora dirigisse o Estado, não possuía influência ou poder de

decisão nos feudos, onde a autoridades máxima era a do senhor da gleba (os

exploradores) e onde labutavam os servos ( os exploradores).

1.1.3 Mercantilismo

O mundo novo surge (inclusive o Brasil nas Américas ), com o crescimento

e o desenvolvimento das cidades, a nova política e as profundas mudanças do tempo

medieval, grandes transformações começam a ocorrer, tanto em matéria comercial e

de produção.

O pensamento religioso se enfraquecia, operava-se uma forte

centralização política , ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias

absolutas.

O Renascimento cultural e científico e GLOSSÁRIO


Mercantilismo – uma das
o Mercantilismo abriram os horizontes da Europa, a primeiras doutrinas
econômicas, muito usada até o
partir de 1.450. A Reforma Protestante de Martin final do século XVIII. Não foi
uma doutrina consistente e
Lutero (1.483-1.546) e João Calvino (1.509-1.564), coerente, mas um conjunto de
ideias econômicas de cunho
exaltando o individualismo, a atividade econômica e o protecionista, desenvolvidas
em diversos países, as quais
êxito material, deu grande impulso à economia. variavam um pouco em função
dos interesses de cada país.
Enriquecer não constituía mais um pecado. A Fonte: Lacombe (2004)

cobrança de juros e a obtenção de lucro passaram a ser permitidas.

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Ao mesmo tempo, ocorreu uma transformação política na Europa, com o

enfraquecimento dos feudos e a centralização da política nacional. Aos poucos, foi-se

formando uma economia nacional relativamente integrada, com o Estado central

dirigindo as forças materiais e humanas.

No âmbito internacional, as descobertas marítimas e o grande afluxo de

metais preciosos para a Europa, deslocaram o eixo econômico do Mediterrâneo para

novos centros como Londres, Amsterdã, Lisboa, Madri, etc. Até então, a idéia

mercantilista dominante era a de que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de

metais preciosos (metalismo).

Com a idéia de garantir um afluxo positivo de ouro e prata para seu país,

os mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem

as importações. Na França, surgiu a proteção à indústria, com o fim de assegurar

exportações mais regulares e com maior valor.

Com o objetivo de maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais

preciosos, as Metrópoles estabeleceram um "pacto colonial" com suas colônias. Por

meio desse "pacto", todas as importações da colônia passaram a ser provenientes de

sua Metrópole, assim como todas as suas exportações seriam destinadas a ela

exclusivamente. A Metrópole monopolizava também o transporte dessas mercadorias.

O Mercantilismo contribuiu decisivamente para estender as relações

comerciais do âmbito regional para o âmbito internacional. Ele constituiu uma fase de

transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno. No Mercantilismo, a ética

paternalista cristã (católica) ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em

conflito com os interesses dos mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado

Nacional passou a ocupar o lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar da

coletividade. Gradativamente, os governos foram sendo influenciados pelo

pensamento mercantilista. (começaram a surgir leis que beneficiavam os interesses

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dos mercantilistas e do capitalismo nascente: lei do cercamento das terras, leis que

incentivavam a indústria, leis que criavam barreiras às importações, etc.)

O Mercantilismo provocou grandes distorções, como abandono da

agricultura em benefício da indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo

exagerado do Estado na atividade econômica. Aos poucos, foram surgindo novas

teorias sobre o comportamento humano, de cunho liberal e individualista, mais de

acordo com as necessidades da expansão capitalista.

Em resumo o mercantilismo foi:

• um regime de nacionalismo econômico. A acumulação de riqueza se

consistia na principal finalidade do Estado.

• Para os mercantilistas o Estado deveria encontrar os meios

necessários para que o país adquirisse a maior quantidade possível

de ouro e prata.

• Os disciplinas procuravam disciplinar as atividades industriais e

comerciais de tal forma que as exportações fossem sempre

favorecidas em detrimento das importações

1.1.4 Os Fisiocratas e a doutrina do "laissez-faire"

A Fisiocracia constitui a primeira escola econômica de caráter científico,

liderada pelo médico francês François Quesnay (1.694-1774), autor da obra O Quadro

Econômico: análise das variações do rendimento de uma nação.

Podemos conceituar a fisiocracia como um grande grupo de economistas

franceses do século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela

primeira vez uma Teoria do Liberalismo Econômico.

Dentre suas característica, descatam-se:

• Comércio como atividade dominante.

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• Comércio interno.

• O Estado era monopólio ( toda atividade era comandada e

controlada pelo Estado)

Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é formada pela classe

produtiva (agricultores), pela classe dos proprietários de terras e pela classe estéril

(todos os que se ocupam do comércio, da indústria e dos serviços).

A agricultura era considerada produtiva por ser, para os fisiocratas, a

única que gera valor. Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados

possível, a fim de gerar lucros e recursos para novos investimentos agrícolas. Os

consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único sobre a renda

dos proprietários de terras e por medidas que reduzissem os preços industriais.

A idéia de classe estéril resultou da reação fisiocrática contra a doutrina

mercantilista. A moeda passou a ter apenas função de troca e não reserva de valor,

pois este encontra-se na agricultura. A indústria e o comércio constituem

desdobramentos da agricultura, pois apenas transformam e transportam valores. A

terra produz valor por sua fertilidade, seguindo uma ordem natural e providencial.

Desse modo a agricultura precisa ser incentivada para aumentar o produto social.

Com uma lei natural regulando a ordem econômica, os homens precisam,

então, agir livremente, e qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar

obstáculos à circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da

regulamentação oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a eliminação de

barreiras ao comércio interno e a promoção das exportações. Proibição às

exportações de cereais, ao expandir a oferta interna, reduziriam os preços, afetando

os lucros agrícolas.

Por outro lado, para manter baixos os preços das manufaturas e

beneficiar os consumidores, propunham o combate aos oligopólios e o fim das

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restrições às importações. O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal,

traduzindo-se em sua doutrina do laissez-faire, laissez-passer ... (deixai fazer, deixai

passar).

Em resumo o pensamento fisiocrata foi:

• Representação de uma reação ao mercantilismo. Os fisiocratas não

acreditavam que uma nação poderia se desenvolver mediante,

apenas, do acúmulo de metais preciosos e estímulos direto ao

comércio.

• O objeto de investigação dos fisiocratas é o sistema econômico

como um todo, sendo este conjunto regido por uma ordem natural.

• Consideravam apenas o trabalho agrícola produtivo.

• O Estado não deve intervir na ordem natural que rege o sistema

econômico.

1.1.5 Escola Clássica

O liberalismo e o individualismo dos clássicos estavam associados ao bem

comum: os homens, ao maximizarem a satisfação pessoal, com o mínimo de dispêndio

ou esforço, estariam contribuindo para a obtenção do máximo bem-estar social. Tal

harmonização seria feita, segundo Adam Smith, por uma espécie de mão invisível.

O pensamento clássico fundamenta-se, no individualismo, na liberdade e

no comportamento racional dos agentes econômicos, com a mínima presença do Estado,

que teria como funções precípuas a defesa, a justiça e a manutenção de certas obras

públicas.

A Escola clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a

procura e o consumo para o segundo plano. Para Smith, considerado o maior dos

clássicos e o pai da Ciência Econômica, o objeto da economia é estender bens e

riquezas a uma nação . Nesse sentido, entende que a riqueza somente pode ser
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conseguida mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, para Smith (1981), é a

capacidade de obter riqueza, ou seja, á a faculdade que a aposse de determinado

objeto oferece de comprar com eles outras mercadorias.

Em resumo a Escola Clássica defendia:

• A mais ampla liberdade individual

• O direito inalienável à propriedade

• A livre iniciativa e a livre concorrência

• A não intervenção do Estado na economia

Segue a baixo os principais pensadores da Escola Clássica:

a) Adam Smith (1.723-1.790)

Com a publicação da Riqueza das Nações, em

1.776, tendo como experiência a Revolução Industrial Inglesa

(1.760-1.830), Adam Smith estabeleceu as bases científicas

da Economia Moderna. Ao contrário dos mercantilistas e

fisiocratas, que consideravam os metais preciosos e a terra,

respectivamente, como os geradores de riqueza nacional,

para ele o elemento essencial da riqueza é o trabalho

produtivo. Assim o valor pode ser gerado fora da agricultura.

Adam Smith ensinou que a Economia Política tem como objetivo gerar

riqueza para o indivíduo e o Estado, para o provimento de suas necessidades básicas.

A riqueza aumenta pelo trabalho produtivo, fecundado pelo capital. "O trabalho anual

de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens

necessários e os confortos materiais de que consome anualmente. O mencionado

fundo consiste sempre na produção imediata do referido trabalho ou naquilo que com

essa produção é comprado de outras nações." O valor vem do trabalho, desse modo

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ele pode ser gerado fora da agricultura, desde que o preço de mercado supere o preço

natural (ou custo de produção).

A geração de riqueza de uma nação depende, portanto, da proporção

entre o trabalho produtivo (que gera um excedente de valor sobre o seu custo de

reprodução) e o trabalho improdutivo (como o dos criados). O emprego de trabalho

produtivo depende da divisão do trabalho, e esta da extensão dos mercados. A

ampliação das trocas comerciais entre os países proporciona maior divisão do trabalho

e especialização dos trabalhadores, aumentando a produtividade e o produto global.

À medida que a economia consegue expandir seus mercados, ela obtém

rendimentos crescentes à escala, podendo distribuir sem conflitos um produto social

maior entre capitalistas, trabalhadores e Governo, na forma de lucros, salários e

impostos.

b) David Ricardo (1.772-1.823)

David Ricardo em sua obra Princípios de

Economia Política e Tributação (1.817), afirma que o maior

problema da Economia Política está na distribuição do produto

entre as classes sociais (proprietários da terra, capitalistas-

arrendatários e trabalhadores). Isso ocorre porque a

proporção do produto total destinado a cada classe varia no

tempo, uma vez que depende da fertilidade do solo, da

acumulação do capital, do crescimento demográfico e da tecnologia. Assim,

determinar as leis que regulam essa distribuição é a principal questão da Economia.

Ricardo transferiu o centro do problema da análise econômica da

produção para a distribuição, sendo uma de suas grandes contribuição a teoria do

valor. Ele se interessou pelos preços relativos mais que pelos absolutos; queria

descobrir a base da relação de troca entre as mercadorias. As mercadorias obtém

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seu valor de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessário

para obtê-las.

A teoria da renda da terra ocupa um lugar de destaque em sua análise.

As diferenças na qualidade da terra determinariam que, enquanto os proprietários das

terras férteis obteriam rendas cada vez mais altas, a produção nas terras de

qualidade pior geraria só o suficiente para cobrir os custos e não produziria renda.

Desse modo, pode-se argumentar que a renda e os lucros poderiam ser isolados,

considerando o caso da terra sem renda, na qual o rendimento consistiria inteiramente

nas entradas derivadas de capital.

De um ponto de vista dinâmico, Ricardo pensava que o crescimento da

população acompanhava a expansão econômica, e esta expansão traria consigo um

aumento das necessidades de alimentos, que poderiam ser satisfeitas só a custos mais

altos. Para manter os salários reais no seu nível anterior, seriam necessários salários

monetários mais altos, o que faria a participação dos lucros no produto diminuir.

Desta forma, Ricardo mostrou que o processo de expansão econômica

poderia minar suas próprias bases, isto é, a acumulação de capital a partir dos lucros,

de modo que, ao se reduzir a taxa de lucro, emergiria o estado estacionário, no qual

não haveria acumulação líquida nem crescimento.

A função de produção ricardiana apresenta rendimentos decrescentes e a

economia marcha para um estado de estagnação a longo prazo. O grande problema

para os economistas clássicos era a sociedade atingir esse estado estacionário, de

crescimento zero, sem que a população tenha atingido o máximo bem-estar.

Ricardo foi também o primeiro que desenvolveu a teoria dos custos

comparativos, defendendo que cada país deveria especializar-se naqueles produtos que

têm um custo comparativo mais baixo, e importar aqueles cujo custo comparativo

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fosse mais alto. Essa é a base da política de livre comércio de David Ricardo para os

bens manufaturados.

Segundo essa política, cada país deve dedicar seu capital e trabalho

àquelas produções que se mostram mais lucrativas. Dessa forma, o trabalho distribui-

se com maior eficiência e, ao mesmo tempo, aumenta a quantidade total de bens, o que

contribui para o bem-estar geral. A teoria dos custos comparativos harmoniza os

interesses dos diferentes países nos assuntos internacionais.

c) O Pensamento Socialista (Karl Marx: 1.818-1.883)

Centrando-se na teoria do valor-trabalho e no

conceito de mais-valia, Karl Marx e Friedrich Engels

estabeleceram as bases da doutrina socialista da superação

do capitalismo por suas próprias contradições internas. A

economia capitalista apresenta crises periódicas de

superprodução, com elevadas taxas de desemprego. A

Economia Política passou a ter maior amplitude, ao ser vista,

não apenas por meio de relações meramente tecnológicas, mas também como o estudo

das relações sociais de produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e

trabalhadores.

A base da teoria de Marx constituía-se na análise da história,

fundamentada no materialismo dialético. A concepção materialista da história baseia-

se no princípio de que a produção e o intercâmbio de produtos constituem a base de

toda ordem social. Essa afirmação é válida uma vez que, em toda sociedade citada

pela história, a divisão em classes está determinada por aquilo que se produz, como se

produz e pela forma que se troca a produção.

Segundo essa concepção, as causas de todas as mudanças sociais e de

todas as revoluções políticas são buscadas não na mente dos homens e sim nas

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mudanças experimentadas pelos métodos de produção e de troca. A força básica na

história é, para Marx, a estrutura econômica da sociedade. Isso não exclui o impacto

das idéias, pois estas são um reflexo das sociedades, que as alimentam.

O objetivo da obra de Marx era descobrir as "leis do movimento" da

sociedade capitalista. Marx construiu seu "modelo econômico" para demonstrar que o

capitalismo explorava necessariamente a classe trabalhadora e como essa exploração

conduziria, inevitavelmente, à sua destruição. Nesse sentido, a teoria do valor-

trabalho tem um papel importante.

Segundo Marx, o benefício é obtido pelo capitalista ao adquirir uma

mercadoria, que pode criar um valor maior que o de sua própria força de trabalho.

Marx distingue os conceitos de força de trabalho e tempo de trabalho. A força de

trabalho refere-se à capacidade do homem para o trabalho; o tempo de trabalho é o

processo real e a duração do trabalho.

O relevante é que, segundo Marx, o capitalista paga ao trabalhador uma

quantidade igual ao de sua força de trabalho, porém esse pagamento eqüivale somente

a uma parte da produção do trabalhador e, portanto, somente parte do valor que este

produz.

A chave da exploração, nesse sistema, reside na diferença entre o salário

que recebe um trabalhador e o valor do bem que produz. Essa diferença é o que Marx

chama de mais-valia.

Em resumo os fundamentos marxistas eram:

• Crítica científica ao modo de produção capitalista

• Mais valia

• o modo de produção capitalista está fundado na exploração do

trabalho assalariado

• Teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente.

P á g i n a | 17 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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1.1.6 O Pensamento Neoclássico (ou Marginalista)

• William Stanley Jevons (1835-1882) - inglês

• Carl Menger (1840-1921)- austríaco

• Léon Walras (1834-1910)- francês

• Vilfredo Pareto (1848-1923)- italiano

• Alfred Marshall (1842-1924)- inglês

Com a consolidação da análise neoclássica, a partir de 1870, a expressão

Economia Política passou a ser usada preferencialmente no contexto da análise

marxista. Com o termo Economia, tem-se uma visão mais restrita do sistema

econômico. As relações sociais desaparecem e a Economia é vista por seu lado

técnico, histórico e abstrato. Os fenômenos econômicos são encarados como um

processo mecânico, matematicamente demonstrável e determinado. Assim, supõe-se

que a economia é formada por um grande número de pequenos produtores e

consumidores, incapazes de influenciar isoladamente os preços e as quantidades no

mercado.

Os consumidores, de posse de determinada renda, adquirem bens e

serviços de acordo com seus gostos, a fim de maximizarem sua utilidade total,

derivada do consumo ou posse das mercadorias. Essa é uma concepção hedonista,

segundo a qual o homem procura o máximo prazer, com um mínimo de esforço.

Assim, enquanto na Escola Clássica e em Marx o valor é determinado pela

quantidade de trabalho incorporado na mercadoria, na Escola Marginalista, o valor

depende da utilidade marginal. Desse modo, quanto mais raro e útil for um produto,

tanto mais ele será demandado e valorizado e tanto maior será o seu preço.

Dados os preços de mercado, os produtores adquirem os fatores de

produção necessários a fim de combiná-los racionalmente e produzir as quantidades

que maximizarão seus lucros. Os fatores têm preços determinados por sua escassez e

P á g i n a | 18 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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utilidade no processo produtivo. Não há mais conflito entre as classes sociais na

distribuição do produto, mas harmonia entre os agentes.

No pensamento marginalista, cada proprietário dos recursos produtivos é

remunerado por sua produtividade marginal, não havendo motivo, portanto, para

qualquer conflito social. A concorrência entre os agentes econômicos regula a oferta

e a demanda de bens e fatores. Supõe-se que exista perfeita flexibilidade de preços

e salários, de sorte que se estabelece automaticamente o equilíbrio dos mercados,

levando em conta cada indivíduo e a economia em seu conjunto ao máximo bem-estar

social.

A essência do pensamento marginalista pode ser sintetizada nos

seguintes pontos:

1. raciocínio na margem: a decisão de produzir ou consumir vai

depender do custo ou benefício proporcionado pela última unidade;

2. abordagem microeconômica: o indivíduo e a firma estão no centro

da análise, havendo no mercado um único bem homogêneo e um

preço de equilíbrio;

3. método abstrato-dedutivo: abstração teórica, argumentação lógica

e conclusão;

4. concorrência pura nos mercados: sendo o monopólio uma exceção;

muitos vendedores e compradores concorrem no mercado por bens

e serviços; as firmas são pequenas e não conseguem influenciar o

preço de mercado;

5. ênfase na demanda: a demanda é o elemento crucial para

determinar os preços, ao contrário dos clássicos que enfocavam a

oferta, ou custo de produção;

P á g i n a | 19 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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6. teoria da utilidade: a utilidade que as pessoas têm no consumo dos

bens, determinada por seus gostos, influencia as quantidades

demandadas de cada bem e, então, seus preços. Há uma ênfase em

aspectos psicológicos, com a consideração da abordagem hedonista

de prazer (satisfação) e sofrimento (custos);

7. teoria do equilíbrio: as variáveis econômicas interagem e o sistema

manifesta uma tendência ao equilíbrio pelas livres forças de

mercado;

8. direitos de propriedade: cada proprietário recebe pela posse de

um fator de produção;

9. racionalidade: as firmas e consumidores maximizam lucro ou

satisfação e não agem por impulso, capricho ou por objetivos

humanitários;

10. laissez-faire: ou liberdade de mercado; toda e qualquer

interferência nos automatismos do mercado gera custos e reduz o

bem-estar social.

Em meados dos século XX, a Economia passou a abarcar dois grandes

enfoques: (a) a Microeconomia, que trata da firma e da indústria em particular, do

preço e do mercado de um bem ou serviço, bem como do indivíduo, como consumidor

que detém poder de compra; e (b) a Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como

a inflação, a taxa de câmbio, a renda nacional, a poupança, o investimento, a função

consumo, o balanço de pagamentos, etc.

P á g i n a | 20 Introdução à Economia
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1.1.7 O Pensamento Keynesiano

Em sua obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, (1936),

John Maynard Keynes (1883-1946) refutou a idéia de equilíbrio com pleno emprego de

fatores, pela rigidez de salários e preços.

Segundo ele, há desemprego involuntário e em

função disso, a economia opera com capacidade ociosa.

Para elevar os níveis de emprego e de renda, maximizando-

se o bem-estar social, torna-se necessário estimular a

propensão a investir dos empresários. O Estado atua nesse

sentido, realizando políticas monetárias e fiscais. Desse

modo, ele realiza gastos e influencia as expectativas

empresariais e o próprio nível de investimentos. Através dos efeitos de multiplicação

e de aceleração, expande-se o nível de renda e de emprego.

Keynes explicou que o valor dos bens e serviços produzidos pelas

empresas tem uma contrapartida de renda, que são os salários, juros, aluguéis,

impostos e lucros; que essas rendas, encaradas como custos pelas empresas, na

verdade vão ser gastas em novos bens e serviços. O mesmo raciocínio vale para a

economia em seu conjunto. Se a população não pode gastar, por não ter um emprego, a

economia estará impossibilitada de produzir.

Esse é o fluxo circular de produto e renda, cujo funcionamento não é

automático e possui vazamentos: parte do dinheiro não é gasto e permanece

entesourado (em casa ou nos bancos). Desse modo, a demanda efetiva tende a ficar

aquém das possibilidades de produção da economia. (Keynes identificou outros

vazamentos que são as importações e o pagamento de impostos).

Para que esses vazamentos sejam compensados, em caso de recessão

(demanda efetiva < total de produção), é preciso que:

P á g i n a | 21 Introdução à Economia
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a) os bancos elevem seus empréstimos para consumo e investimento;

b) as exportações sejam estimuladas;

c) o Governo aumente seus gastos.

Maior fluxo de renda estimulará a demanda agregada, retomando o

caminho da prosperidade.

No entanto, é necessário que os gastos com investimento (I) sejam iguais

às poupanças (S) realizadas em cada período. Como as rendas aumentam com a

prosperidade geral da economia e o consumo não cresce na mesma proporção, haverá

uma tendência de (S) expandir-se de um modo mais acelerado. Assim, o (I) precisa

crescer cada vez mais.

Sendo S > I, o Governo precisa aumentar seus gastos para compensar o

excesso de poupança. Keynes preferia que os gastos do Governo fossem

investimentos em áreas sociais, como escolas, estradas e hospitais, que acabariam

beneficiando também o setor produtivo.

Os princípios fundamentais da economia keynesiana podem ser resumidos

nos seguintes pontos;

1) Inter-relação entre a renda nacional e os níveis de emprego. Os

determinantes diretos da renda e do emprego são os gastos com

consumo e investimento. O gasto público constitui uma adição ao gasto

total. A situação de pleno emprego é só um caso especial; o caso geral

e característico é o de equilíbrio com desemprego. Quando o gasto em

consumo e investimento é insuficiente para manter o pleno emprego, o

Estado deve estar disposto a aumentar o fluxo de renda por meio de

gastos financeiros por déficit orçamentário.

2) Determinantes da renda e do emprego, ou os determinantes do gasto em

consumo e investimento. Keynes supunha que o consumo está

P á g i n a | 22 Introdução à Economia
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determinado pelo volume de renda; isto é, para cada nível de renda, o

gasto em consumo é uma proporção dada da renda, e esta proporção cai

quando a renda aumenta. O nível de consumo varia com a renda,

enquanto a renda varia, por sua vez, porque os investimentos ou o gasto

público variam e isto ocorre de uma forma multiplicativa.

3) Keynes dizia que o gasto com investimento era determinado pela taxa

de juros e pela eficácia marginal do capital (ou taxa de retorno

esperada sobre o custo de novos investimentos). A eficácia marginal do

capital depende da expectativa diante dos lucros futuros e do preço de

oferta dos ativos de capital. A taxa de juros era definida como uma

recompensa pelo sacrifício da liquidez (ou o desejo de manter a riqueza

em forma de ativos financeiros líquidos) e da quantidade de dinheiro em

circulação mais depósitos. (Em resumo, as três influências psicológicas

sobre a renda e o emprego são: a propensão ao consumo, o desejo por

ativos líquidos e a taxa de retorno esperada dos novos investimentos.

Para Keynes o sistema de livre mercado (ou laissez-faire) ficou

antiquado e que o Estado deve atuar ativamente para fomentar o pleno

emprego, forçando a taxa de juros para baixo (e assim estimular o

investimento); e redistribuindo a renda com o objetivo de estimular os

gastos de consumo. Para Keynes o Estado deve atuar intensamente para

que se possa estabilizar a economia no nível de pleno emprego.

Saiba mais....
 Sobre a vida e obra dos principais economista em :
http://www.pensamentoeconomico.ecn.br
 http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=160&It
emid=110

P á g i n a | 23 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Atividades de Aprendizagem
1. Quando efetivamente surgiu a Economia como ciência no cenário mundial?

2. Fale sobre o significado das idéias de Adam Smith para o estudo da Economia?

3. Qual a força da Escola Neoclássica na Economia?

4. Hoje você acha que os pensamentos Marxistas estão presente? Onde?

5. Você já ouviu falar da crise de 1929? Seria interessante que você fizesse uma

pequena pesquisa sobre esse assunto.

P á g i n a | 24 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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1.2 CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS

A disciplina Economia, que estamos estudando, se interessa por coisas

ditas comuns. No Século XIX, Alfred Marshall disse que a Economia procura estudar

os negócios comuns da vida da humanidade, hoje a Economia continua estudando e

tentando entender como esses negócios comuns funcionam: Como funciona nosso

sistema Econômico? Quando e por que o sistema econômico entra em crise, ocorrendo

mudanças no comportamento das pessoas empresa e governo ?

Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oiko

(casa) e nomo (norma, lei), e pode ser compreendida como “administração da casa”. Em

resumo, Economia estuda a maneira como se administra os recursos escassos com o

objetivo de produzir bens e serviços, e com distribuí-los para seu consumo entre os

membros da sociedade.

Segundo Mankin (2005, p.3), “...cada família precisa alocar seus recursos

escassos e seus diversos membros, levando em consideração as habilidades, esforços


e desejos de cada um.”
GLOSSÁRIO
Recurso – insumo ou fator
Os recursos produtivos também chamados de produção, um material
que seja necessário em
de fatores de produção, são os elementos utilizados no uma construção ou um
processo de produção.
processo de fabricação dos mais variados tipos de bens Fonte: Sandroni,(2003)
(mercadorias ) e utilizados para satisfazer as Bens de consumo – bem
comprado para satisfazer
necessidades humanas. Todas as pessoas sentem desejos e necessidades
pessoais, tais como:
necessidade de consumir, tanto alimentos, água e ar , sabonete, refrigerante, lápis
e outros. Nem sempre o
quanto por bens de consumo como televisão.,
consumidor é aquele que
compra o bem, mas sim
computadores, máquinas , etc.
aquele que usa. Fonte:
Lacombe (2004)
Segundo Mankiw (2005), não há nada de

P á g i n a | 25 Introdução à Economia
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misterioso sobre o conceito de economia, em qualquer parte do mundo, uma economia é

um grupo de pessoas que estão interagindo umas com as outras e dessa forma, vão

levando a vida.

Existem duas coisas que precisamos entender quando se quer

compreender uma economia, primeiro é saber como são tomadas as decisões das

pessoas e segundo é saber como as pessoas interagem.

Vamos começar a entender como as pessoas tomam decisões. São quatro

os princípios que norteiam essa primeira questão:

1. As pessoas precisam fazer escolhas e essas escolhas não são de

graça. Elas precisam ser feitas tendo em vista que os recursos são

escassos;

2. As pessoas enfrentam trade-off´s, ou seja, o custo real de algumas

coisas é o que o individuo deve despender para adquiri-lo, o custo de

um produto ou serviço é aquilo do que tivemos de desistir para

consegui-lo;

3. As pessoas são racionais, isto significa que as pessoas e as empresas

podem melhorar seu processo de decisão pensando na margem;

4. As pessoas regam a estímulos. Como elas tomam suas decisões

levando em conta os benefícios e seus custos, qualquer alteração

nessas variáveis pode alterar o

comportamento da sua decisão. GLOSSÁRIO


Produtividade – relação
entre os produtos obtidos e
A segunda questão básica que norteia o os fatores de produção
empregados na sua
processo econômico é como as pessoas interagem, ou obtenção. A produtividade é
o quociente que resulta da
seja, como as economias funcionam. Em geral isto se dá divisão entre a produção
obtida e um dos fatores
através dos mercados. empregados na produção
(insumo)
Os mercados são geralmente bons Fonte: Lacombe (2004)

P á g i n a | 26 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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organizadores da atividade econômica. Entretanto, os mercados às vezes falham e,

que por isso, os governos podem melhorar os resultados do mercado.

A idéia de que há ganhos com o comércio foi introduzida na Economia de

forma bem elaborada em 1776, por Adam Smith, com o seu livro Riqueza das Nações.

Os ganhos do comércio são oriundos, sobretudo, da divisão do trabalho, portanto, da

especialização. O fundamento que fica é que a economia como um todo pode produzir

mais e melhor quando cada pessoas se especializa em uma tarefa. Isto aumenta a

produtividade do sistema, aumentado assim a quantidades de bens e serviços a

disposição das pessoas

Podemos dizer que a questão da capacidade de produzir bens e serviços

está relacionada ao nível de produtividade do país. Para Romer (2002), o que explica as

grandes diferenças de padrão de vida entre os países ao longo do tempo é a diferença

de produtividade entre eles. Dessa maneira, onde a produtividade das pessoas é maior,

ou seja, produzem mais bens e serviços em menos tempo, o padrão de vida é maior.

1.2.1As Necessidades, Os Bens Econômicos e os Serviços

1.2.1.1 Necessidade Humana:

É a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la.

Necessidade humana é um estado em que percebe alguma privação. Podem

ser: físicas básicas; sociais; individuais etc... Segundo a pirâmide de Marslow, as

necessidades obedecem a uma hierarquia.

Podemos dividir as necessidades humanas em:

 Primárias, naturais ou vitais – São aquelas imperiosas, isto é, que

devem ser satisfeitas para garantir a subsistência do homem.

Exemplo: alimentação, habitação, vestuário, medicamentos, etc.

P á g i n a | 27 Introdução à Economia
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 Secundárias, sociais ou artificiais – São aquelas criadas pela

civilização do homem. O não atendimento implica apenas num

sofrimento não fatal. O homem pode viver sem saciar as

necessidades secundárias.

Exemplo: cinema, rádio, gravata, etc.

As necessidades podem ainda ser:

 Individuais e

 Sociais

Necessidades Individuais

Das múltiplas classificações disponíveis na literatura sobre as

necessidades individuais, a Teoria de Maslow ou Teoria das Necessidades Humanas é

conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação, sendo referência

para diversos autores nas áreas da Psicologia, do Direito, da Administração e da

própria Economia.

Necessidades da Sociedade

P á g i n a | 28 Introdução à Economia
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 coletivas: (partem do indivíduo e passam a ser da sociedade): transporte

 públicas: (surgem da mesma sociedade)

o ordem pública, polícia, justiça, educação, etc.

1.2.1.2 Bens

É tudo aquilo que satisfazem direta ou indiretamente os desejos e

necessidades dos seres humanos.

Bens Econômicos

Os bens materiais classificam-se em:

P á g i n a | 29 Introdução à Economia
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1.2.1.3 Serviços

O trabalho, quando não é destinado à criação de bens (ou objetos

materiais) pode visar à produção de serviços. Os serviços também se destinam a

satisfazer as necessidades humanas:

- transportador ou agente de vendas: distribuição de produtos;

- artistas de cinema e teatro, escritor ou cantor: necessidades culturais;

- outros serviços: bancos, seguros, corretores, etc.


P á g i n a | 30 Introdução à Economia
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1.2.2 Fatores de Produção

São os recursos ou elementos básicos utilizados na produção de bens e

serviços. São eles: terra, trabalho e capital.

Terra: (ou recursos naturais) É em sentido amplo o solo cultivável e os

recursos naturais que contém como água, minerais, madeira, etc.

Trabalho: São as faculdades físicas, mentais e intelectuais dos seres

humanos que intervém no processo produtivo.

Capital: São os bens e serviços, como máquinas e equipamentos, edifícios

e construções, ferramentas, meios elaborados e demais meios utilizados no processo

produtivo.

 capital fixo;

 capital circulante;

 capital financeiro, etc.

1.2.3Agentes Econômicos

Os agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que,

através de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico.

 EMPRESAS – agentes encarregados de produzir e comercializar

bens e serviços;

 FAMÍLIAS – são os agentes responsáveis pelo consumo dos bens e

serviços;

 GOVERNO – organizações que atuam sob o controle do Estado.

P á g i n a | 31 Introdução à Economia
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http://www.fontedosaber.com/administracao/conceitos-basicos-da-ciencia-
economica.html
 http://www.brasilescola.com/sociologia/o-que-sao-recursos-produtivos.htm

P á g i n a | 32 Introdução à Economia
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Atividades de Aprendizagem

6. Liste e explique sucintamente os quatro princípios da tomada de decisão. Depois,

observe as reais situações de seu cotidiano e veja se são aplicados a elas os quatro

princípios

7. Liste os bens e serviços livres e econômicos no seu município. O que você achou dessa

lista?

8. Liste os principais bens de capital e de consumo existentes no seu município.

9. Os bens públicos foram considerados como não disputáveis e não exclusivos. Explique

cada um desses termos e mostre de que maneira o bem público é diferente de um bem

privado.

10. Do que é composto os fatores de produção e para que eles servem?

P á g i n a | 33 Introdução à Economia
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2 UNIDADE 2 – MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

O objetivo desta unidade é fazer com que você aluno(a)

conheça o funcionamento do sistema econômico, seus

principais indicadores, como e feita a mensuração das

atividades econômicas. É importante que, depois de ler

esta Unidade, você entenda como funciona o sistema

econômico e compreenda o funcionamento de uma

economia de mercado centralizada, mista e planificada.

Assim, poderá distinguir as diferenças existentes entre

as estruturas de mercado.

2.1 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

De um ponto de vista global, a sociedade de cada país está organizada

para desenvolver as atividades econômicas de produção, circulação, distribuição e

consumo de bens e serviços de uma forma que chamamos de “sistema econômico”.

Toda economia opera segundo um conjunto de regras e regulamentos. Ex.

As empresas devem ter licenças específicas a fim de que possam produzir e vender

seus produtos; os trabalhadores devem ser registrados em carteira; os contabilistas,

a fim de que possam exercer sua profissão devem ser formados em escolas

oficialmente reconhecidas, além de terem de ser filiados ao órgão de classe (no caso o

Conselho Regional de Contabilidade). Faz-se o mesmo tipo de exigência para os

profissionais de diversas categorias tais como médicos, engenheiros, advogados,

economistas, etc.

Essas são apenas algumas das muitas regras existentes em nossa

economia. Assim, todas as leis, regulamentos, costumes e práticas tomados em

P á g i n a | 34 Introdução à Economia
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conjunto, e suas relações como os componentes de uma economia (Empresas, Famílias e

Governo) constituem um "Sistema Econômico".

Sistema Econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e

institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Essas

relações condicionam o sentido geral das decisões que se tomam em toda a sociedade

e os ramos predominantes de sua atividade.

Todo sistema econômico deve tratar de responder às três perguntas

seguintes:

1. Que bens e serviços produzir e em que quantidade? Deve-se

escolher entre mais estradas asfaltadas ou ferrovias, ou mais

escolas ou hospitais, ou deve-se produzir mais alimentos ou mais

bens de capital.

2. Como produzir tais bens e serviços? Toda sociedade deve

determinar quem vai ser responsável pela produção, que meios e

técnicas serão empregados e quais serão os métodos e organização

seguidos no processo produtivo.

3. Para quem produzir? Como vai se distribuir o total da produção

nacional entre os diferentes indivíduos e famílias.

Para responder às perguntas anteriores, existem basicamente três

mecanismos ou sistemas: economia de mercado, economia de planificação central e a

economia mista.

2.1.1 Economia de Mercado

O sistema de "Economia de Mercado" é típico das economias capitalistas,

as quais têm, como característica básica, a propriedade privada dos meios de produção

e sua operação tendo por objetivo a obtenção de lucro, sob condições em que

P á g i n a | 35 Introdução à Economia
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predomine a concorrência. (concorrência entre os vendedores de bens similares, para

atrair clientes; concorrência entre compradores, para garantir os bens que desejam;

concorrência entre trabalhadores, para obter empregos; concorrência entre

empregadores, para conseguir trabalhadores).

Em uma economia baseada na propriedade privada e na livre iniciativa, os

agentes econômicos (indivíduos e empresas) preocupam-se em resolver isoladamente

seus próprios problemas tentando sobreviver na concorrência imposta pelos mercados.

Neste tipo de sistema econômico, os consumidores e empresas, agindo

individualmente, interagem através dos mercados acabando por determinar o que,

como e para quem produzir.

2.1.1.1 O Sistema de Preços

Em uma economia de mercado a ação conjunta de indivíduos e empresas

permite que milhares de mercadorias sejam produzidas de maneira espontânea, sem

que haja uma coordenação geral das atividades econômicas. Na verdade, existe um

mecanismo de preços automático e "inconsciente" que trabalha, garantindo o

funcionamento do sistema econômico, dando a ele uma certa ordenação, de maneira tal

que tudo é realizado sem coação ou direção central de qualquer organismo consciente.

Em um mercado livre, caracterizado pela presença de um grande número

de compradores e vendedores, os preços refletem as quantidades que os vendedores

desejam oferecer e as quantidades que os compradores desejam comprar de cada

bem.

Em uma economia de mercado, tanto os bens e serviços quanto os

recursos produtivos têm seus preços e quantidades determinados pelo livre jogo da

oferta e procura, ou seja, pela livre concorrência. Do confronto entre oferta e

P á g i n a | 36 Introdução à Economia
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procura resulta um preço, e é esse preço que exerce uma função econômica básica. É

ele, que por suas variações, orienta a produção e o consumo.

O mecanismo de preços é, portanto, um vasto sistema de tentativas e

erros, de aproximações sucessivas, para alcançar o equilíbrio entre oferta e procura.

O desejo das pessoas determinará a dimensão da procura, enquanto que a produção

das empresas determinará a dimensão da oferta. O equilíbrio entre a oferta e a

procura será atingido pela flutuação do preço.

O que vale para os mercados de bens e serviços, também vale para o

mercado de recursos produtivos (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial)

Em uma economia complexa e interdependente, as pessoas não conseguem

dizer diretamente aos produtores o que desejam consumir. O mecanismo de mercado

fornece, através dos preços, uma forma de comunicação indireta entre produtores e

consumidores, possibilitando uma adaptação da produção às necessidades de consumo;

possibilita, ao mesmo tempo, uma adaptação do consumo à escassez relativa dos

diferentes tipos de bens e serviços.

2.1.1.2 O Que, Como e Para Quem Produzir

Em uma economia de mercado o Estado não deve intervir em nenhum

aspecto da atividade produtiva, devendo ficar sua ação restrita ao atendimento das

necessidades coletivas, tais como a Justiça, a Educação, etc. Cabe ainda ao Estado o

estabelecimento de regras visando proteger a liberdade econômica, zelando, assim,

pelo livre jogo da oferta e procura.

 O que produzir?

Em um sistema econômico baseado nas ações apenas das famílias e das

empresas, as próprias unidades familiares determinam o valor de cada bem ou serviço

através do mercado. Quanto mais as pessoas desejarem um produto, atribuirão a ele

P á g i n a | 37 Introdução à Economia
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um valor cada vez maior. Como nesse tipo de economia o valor de cada bem é medido

pelo seu preço, quanto maior for a disposição das pessoas em apoiar seus desejos com

dinheiro, mais elevado deverá ser o preço desse bem. Assim, a maneira pela qual as

unidades familiares gastam a sua renda entre os diversos bens e serviços

estabelece um sistema de avaliação entre os mesmos, ou seja, fornece uma

estrutura de preços dentro do sistema econômico que possibilita às empresas, que

perseguem o lucro, produzir aquilo que as pessoas desejam.

O dinheiro entregue pelos consumidores às empresas servirá para pagar

os salários, juros e dividendos que os consumidores, no papel de proprietários de

recursos, recebem como renda mensal.

 Como Produzir?

O como produzir será determinado pela competição entre os diversos

fabricantes. Em função da concorrência de preços resta ao produtor, na tentativa de

maximizar seu lucro, optar pelo método de produção mais barato quanto possível, o

que envolve, naturalmente, considerações a respeito dos preços dos fatores de

produção a serem utilizados. Assim, se o fator capital é caro e o fator trabalho

barato, as empresas procurarão se utilizar de técnicas que usem o fator trabalho mais

intensivamente. Verifica-se, novamente, a existência de um mecanismo de preços

orientando as decisões dos empresários quanto aos métodos produtivos a serem

utilizados.

 Para Quem Produzir?

Em uma economia de mercado, a oferta e a procura de fatores de

produção determina as taxas salariais, os aluguéis, as taxas de juros e os lucros que

irão se constituir na renda da unidades familiares. A renda de cada família irá

depender da quantidade dos diferentes recursos produtivos que ela pode oferecer no

mercado de fatores e do preço que as empresas estão dispostas a pagar pela

P á g i n a | 38 Introdução à Economia
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utilização dos mesmos. Se um indivíduo dispuser somente de sua força de trabalho

para oferecer no mercado de fatores, sua renda será determinada pelo salário que

receber no mês.

Se o mesmo indivíduo for proprietário de terras e arrendá-las, sua renda

mensal será acrescida pelo aluguel da terra, dado pelo arrendamento mensal da

quantidade de terra arrendada.

Assim, em função da quantidade de recursos pertencentes a cada unidade

familiar, teremos a distribuição de renda nesse tipo de economia. Uma vez que a

quantidade de bens e serviços apropriados por família está limitada por seus

rendimentos, tanto maior será a participação de cada unidade familiar na

determinação de "para quem produzir" quanto maior for a sua renda.

2.1.1.3 O Fluxo Circular da Atividade Econômica

O diagrama apresentado na figura 1 mostra, ainda que de maneira

simplificada, a maneira pela qual em uma economia de mercado o mecanismo de preços

ajusta a oferta e procura das famílias à oferta e procura das empresas.

Fazem parte de uma economia de mercado dois tipos de agentes

econômicos: as famílias e as empresas. Ela é composta, ainda, por dois tipos de

mercados: o mercado de bens de consumo e serviços e o mercado de recursos

produtivos.

P á g i n a | 39 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Figura 1 Diagrama do Fluxo Circular

Analisemos, primeiro, a metade superior do diagrama. As famílias

desejam satisfazer suas necessidades através da aquisição dos mais variados tipos de

produtos. Estabelece-se, então, uma procura por bens e serviços (roupas, alimentos,

remédios, serviços médicos, etc.).

A quantidade de bens que uma unidade econômica familiar pode adquirir é

limitada pela sua renda. Quanto mais elevada for sua renda, mais bens de consumo

poderá comprar.

As empresas, por sua vez, buscam a obtenção do máximo lucro vendendo

seus produtos às unidades familiares.

Através da interação entre oferta e procura teremos a determinação de

preços e quantidades transacionadas de cada bem, equacionando-se a questão de "o

que produzir". Estabelece-se, então, um fluxo real de mercadorias e serviços das

empresas às famílias. Em contrapartida cria-se também um fluxo de moeda das

famílias às empresas como pagamento pelos produtos adquiridos.

A metade inferior do diagrama nos mostra o processo de formação de

preços dos recursos produtivos no mercado de fatores de produção.

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As famílias, na qualidade de proprietários dos recursos produtivos, agem

no mercado de fatores ofertando terra, trabalho, capital e capacidade empresarial.

As empresas, por sua vez, empenham-se na compra e contratação de

fatores produtivos junto às famílias estabelecendo-se, então, uma procura por esses

recursos.

Do confronto entre oferta e procura dos fatores de produção teremos a

formação de seus preços, que indicarão aos produtores o "como produzir".

Teremos então um fluxo real de recursos das famílias para as empresas.

Estas, em contrapartida, pagarão às famílias, sob a forma de moeda, os salários,

aluguéis, juros e lucros correspondentes à utilização dos serviços dos fatores, ficando

estabelecido, dessa forma, um fluxo monetário das empresas para as famílias.

A questão distributiva (o "para quem produzir") será equacionada

simultaneamente às demais. A quantidade de fatores pertencentes a cada unidade

familiar e o preço desses fatores irá determinar a distribuição de renda; e maior

será a participação da unidade familiar na determinação de "o que produzir" quanto

maior for sua renda.

2.1.2 Economia Planificada Centralmente

Esse tipo de organização econômica é típica dos países socialistas, em que

prevalece a propriedade estatal dos meios de produção. Nesse tipo de sistema as

questões de "o que", "como" e "para quem" produzir não são resolvidas de maneira

descentralizada, via mercados e preços, mas pelo planejamento central em que a maior

parte das decisões de natureza econômica são tomadas pelo Estado.

A ação governamental se faz presente através de um órgão central de

planejamento, a quem cabe elaborar os planos de produção de todos os setores

econômicos. Tais planos são elaborados a partir de um levantamento não só das

P á g i n a | 41 Introdução à Economia
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necessidades a serem atendidas como também dos recursos e técnicas disponíveis

para a produção, a fim de dimensionar o que cada empresa, seja ela agrícola, comercial

ou industrial, pode realmente produzir.

Identificadas as disponibilidades existentes, fixam-se as metas de

produção, ou seja, as quantidades a serem produzidas de cada bem procurando, na

medida do possível, atender as necessidades de consumo da sociedade. Equaciona-se,

desta forma, a questão "o que e quanto" produzir.

Cabe, da mesma forma, ao órgão de planejamento determinar os

processos de produção a serem utilizados. O Poder Central distribui não só as tarefas

do plano, mas também os meios de produção, tanto materiais como financeiros. O

órgão central de planejamento determina como designar a produção às diferentes

fábricas e esforça-se para que cada fábrica tenha os fatores de produção necessários

para poder obter a quantidade exigida. Fica então resolvida a questão "como"

produzir.

A questão "para quem" produzir, que trata da maneira pela qual a

produção total de bens e serviços será distribuída entre os indivíduos é também

resolvida pelo órgão de planejamento, a quem cabe determinar os salários dos

diferentes tipos de profissão. Nesse tipo de economia, existe um "sistema de preços"

que são meros recursos contábeis que ajudam a controlar a eficiência com que os

produtos são produzidos. Assim, caso alguma empresa que esteja produzindo de

maneira ineficiente acusará "prejuízo financeiro". Caso contrário, surgirá o

"excedente".

2.1.3 Economia Mista

Nos sistemas de economia mista, uma parte dos meios de produção

pertence ao Estado (empresas públicas) e a outra parte pertence aos setor privado

(empresas privadas). Na realidade, as organizações econômicas descritas


P á g i n a | 42 Introdução à Economia
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anteriormente (Economia de Mercado e Economia de Planejamento Central) nunca

existiram em sua forma mais pura. O que se observa nos diversos países é uma mescla

desses dois sistemas que ora se aproxima de um tipo de organização, ora do outro,

conforme o grau de participação do Estado na economia.

Nesse tipo de sistema, cabe ao Estado a orientação e controle de muitos

aspectos da economia. Para tanto, ele se utiliza das empresas públicas e de outros

instrumentos, tais como a legislação, a tributação, o orçamento governamental, etc.

2.1.3.1 O Que Produzir?

Em um sistema de economia mista, em que existe propriedade privada dos

meios de produção, o Estado não pode determinar ao empresário o que produzir. O

Estado não pode, por exemplo, determinar a um agricultor que plante arroz em vez de

milho, ou a um industrial que produza tecidos em vez de calçados. Pode, entretanto,

influir indiretamente para resolver a questão “o que” produzir.

O Estado pode, por exemplo, através da tributação, sinalizar aos

produtores aquilo que deve ser produzido. É o caso de isenção ou mesmo de redução

de impostos em alguns setores (indústria automobilística, por exemplo) e a concessão

de incentivos fiscais em outros. Outro instrumento é o controle do crédito. Por

exemplo, crédito subsidiado para algumas atividades, com a finalidade de estimulá-las.

Outra maneira de o Estado intervir é através de suas empresas públicas, que se

destinam a produzir bens e serviços necessários à coletividade e que o setor privado

não se interessa ou não tem condições de explorar uma vez que exigem elevados

investimentos e apresentam retorno lento (saneamento básico, transporte, energia,

etc.)

Não obstante a intervenção do Estado na economia, os produtores numa

economia mista, ao decidirem “o que produzir” seguem, também, as indicações

fornecidas pelo sistema de “preços”.


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2.1.3.2 Como Produzir?

A questão “como produzir” em um sistema misto é solucionada

distintamente, conforme se enfoque o setor público ou o setor privado da economia. A

nível do setor público, essa questão é resolvida de acordo com o planejamento

governamental em que o importante não é a obtenção de lucros, mas o atendimento

adequado das necessidades da coletividade. No âmbito do setor privado, a questão é

solucionada de acordo com a concorrência.

2.1.3.3 Para Quem Produzir?

Nos sistemas de economia mista a questão distributiva é resolvida, em

geral pelo sistema de preços.

Entretanto, aos detentores de renda mais baixa o Estado oferece ensino

gratuito, assistências médica, jurídica, além de outros serviços a que essa camada da

população não tem acesso.

Além disso, o Estado procura criar mecanismos que garantam às pessoas

o recebimento de uma renda que lhes permita satisfazer suas necessidades básicas.

Por exemplo, a criação do seguro desemprego e o estabelecimento de salário mínimo.

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2.2 MERCADO

O mercado é o ambiente social ou virtual, para a realização de troca de

bens e serviços. Também se pode entender como sendo a instituição ou organização

mediante a qual os que ofertam (vendedores) e os que demandam (compradores)

estabelecem uma relação comercial com o fim de realizar transações, acordos ou

trocas comerciais . O mercado aparece a partir do momento em que se unem grupos de

vendedores e de compradores, o que permite que se articule um mecanismo de oferta

e procura.

Nas economias modernas, a maioria das decisões sobre o que e quanto

produzir, como produzir e para quem produzir são tomadas nos mercados. Para que

possamos determinar quais os compradores e vendedores estão participando do

mercado, devemos observar a extensão do mercado.

Tanto a oferta quanto a demanda fazem parte de um modelo econômico

criado para explicar como os preços são determinados em um sistema de mercado. .

Observe que os preços determinam quais famílias ou regiões serão beneficiadas com

determinados produtos e serviços, e quais empresas receberão determinados

recursos.

Na microeconomia, os economistas recorrem ao conceito de demanda para

descrever a quantidade de bem ou serviço que uma família ou empresa decide comprar

a um dado preço, assim, a quantidade demanda de um bem ou serviço refere-se a

quantidade desse bem ou serviço que os compradores desejam e podem comprar.

A Teoria da Demanda deriva de algumas hipóteses sobre a escolha do

consumidor entre diversos bens e serviços que um determinado orçamento doméstico

permite. Essa teoria procura explicar o processo de escolha do consumidor diante das

diversas possibilidades existentes. Devido a certa limitação orçamentária, o

consumidor procura distribuir a renda disponível entre os diversos bens e serviços, de


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maneira a alcançar a melhor combinação possível que possa lhe trazer o maior nível de

satisfação. A demanda não representa a compara efetiva, mas a intenção de comprar

por determinado preço.

A quantidade demanda de um bem ou serviço diminui quando o preço

aumenta, e aumenta quando o preço diminui. Assim, a quantidade demandada é

negativamente relacionada ao preço, como pode ser observado nos gráfico 01 e 02

abaixo:

Mundança na Quantidade
Curva de Demanda
Preço do Preço do
Sorvete
Demandada
Sorvete
$3.00 Aumento no preço do
sorvete resulta em
C movimento ao longo da
2.50 $2,50
curva de demanda

2.00

1.50
$ 1,00 A
1.00

0.50 D1
0 2 8
Quantidade Quantidade de
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes Sorvetes
Gráfico 2 Mudança na Quantidade
Gráfico 1 Curva de Demanda Demandada
Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010. Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

As variáveis que podem deslocar a curva da demanda como um todo são:

 Renda (distribuição);

 Riqueza (distribuição);

 Fatores climáticos e sazonais;

 Propaganda;

 Preferência do consumidor

 Facilidade de crédito.

Os deslocamentos da curva da demanda estão ilustrados no gráfico 03

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Deslocamento da Curva de
Preço do Demanda
Sorvete
$3.00

2.50

2.00

1.50

1.00

0.50
D*
D
Quantidade
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes

Gráfico 3 Variação da Curva de Demanda


Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

A teoria de Oferta muda o foco da análise, pois o vendedor vai ao

mercado com a meta de obter o maior lucro possível. O vendedor depara-se com uma

restrição importante: a produção de bens e serviços requer a utilização de recursos

produtivos, e essa quantidade depende do padrão tecnológico utilizado pela firma.

Podemos definir oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os

produtores (vendedores) desejam produzir (vender) por unidade de tempo. Nota-se

que a oferta é um desejo, uma aspiração. Assim, a quantidade ofertada de um bem ou

serviço refere-se a quantidade que os vendedores querem e podem vender. Dessa

maneira, existe uma associação de comportamento dos preços com o nível de

quantidade ofertada. A quantidade ofertada aumenta a medida que o preço aumenta e

cai quando o preço se reduz. Logo, a quantidade ofertada está positivamente

relacionada com o preço do bem e serviço, segundo pode ser verificado nos gráficos

04 e 05 a seguir:

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Mudança na Quantidade
Curva de Oferta Ofertada
Preço do
Preço do
Sorvete
Sorvete S
$3.00
C
2.50 $3.00 Um aumento no
preço do sorvete
2.00
resulta num
movimento ao
1.50
longo da curva de
1.00 A oferta
1.00

0.50

Quantidade Quantidade
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes 0 1 5 de Sorvetes

Gráfico 4 Curva de Oferta Gráfico 5 Variação da Curava de Oferta


Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010. Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

As variáveis que podem deslocar a curva da oferta como um todo são:

 Disponibilidade de insumo;

 Tecnologia;

 Expectativa; e

 Número de vendedores.

O gráfico 06 demonstra o deslocamento a que estamos nos referindo.

Deslocamento da Curva de Oferta


Preço do
O
Sorvete
$3.00 O*

2.50

2.00

1.50

1.00

0.50

Quantidade
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes

Gráfico 6 Deslocamento da Curva de Oferta


Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

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Já apresentamos a você as mais diferentes condutas dos consumidores

(demanda) e dos produtores (oferta) em separado. Agora, vamos combiná-las para,

numa interpretação conjunta, verificarmos como se determinam a quantidade e o

preço de equilíbrio de um bem ou serviço vendido no mercado.

A intersecção das curvas de oferta e de demanda, que identifica o ponto

em que tanto os consumidores quanto os produtores se encontram satisfeitos e

dispostos a agir, é o que ficou conhecido como equilíbrio de mercado e está

demonstrado no gráfico 07.

Equilíbrio entre a
Preços do
Oferta e Demanda
Sorvete
Oferta
$3.00

2.50 Equilibrio

2.00

1.50

1.00

0.50 Demanda
Quantidade
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes

Gráfico 7 Equilíbrio das Curva de Oferta e Demanda


Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

Já nos gráficos 8 e 9 podemos perceber que qualquer situação fora do

ponto de equilíbrio caracteriza-se um desequilíbrio. Caso a oferta seja superior a

demanda, há excesso de oferta (gráfico 08), e caso a demanda seja maior que a

oferta, há excesso de demanda (gráfico 09). Nota-se que o processo de ajuste ocorre

sempre via preços, ou seja, a quantidade ofertada ou demandada é a variável

dependente, e os preços, a variável independente.

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Excesso de Oferta Excesso Demanda


Preço do Preço do
Sorvete Sorvete
Oferta
$3.00 Excesso
Oferta
2.50

2.00 $2.00

$1.50
1.50
Excesso Demanda
1.00 de Demanda
0.50 Demanda
Quantidade
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 de Sorvetes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Quantidade de
Soervetes

Gráfico 8 Excesso de Oferta Gráfico 9 Excesso de Demanda.


Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010. Fonte: Elaborada com base em PINDYK, 2010.

No contexto discutido, há uma afirmação chave: preço e quantidade de

equilíbrio dependem da posição das curvas de oferta e demanda, quando, por algum

motivo uma dessas curvas se desloca, o equilíbrio do mercado muda. Na Teoria

Econômica, essa análise é conhecida como estática comparativa, porque envolve a

comparação de duas situações estáveis – um equilíbrio inicial e um novo equilíbrio.

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2.3 ESTRUTURA DE MERCADO

Na estrutura de mercado clássica, podemos distinguir dois casos

extremos: O monopólio e a concorrência-perfeita. A seguir vamos analisar estas duas

e mais outras que são de grande importância para o mercado. No quadro abaixo temos

uma síntese das estruturas de mercado.

Quadro 1 Estruturas de mercado


NÚMERO DE COMPRADORES
NÚMERO DE Grande
VENDEDORES Um Pequeno Produto Produto
Homogêneo Diferenciado
Monopólio Quase-
Um Monopólio -------
Bilateral Monopólio
Quase- Oligopólio Oligopólio Oligopólio
Pequeno
Monopsônio Bilateral Puro Diferenciado
Concorrência Concorrência
Grande Monipsônio Oligopsônio
Perfeita monopolística

a) Concorrência Perfeita:

É uma situação de mercado na qual o número de compradores e

vendedores é tão grande que nenhum deles, agindo individualmente, consegue afetar

os preços. Além disso, os produtos de todas as empresas no mercado são homogêneos;

ex.: Alguns produtos agrícolas.

b) Monopólio:

É uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto que

não tenha substitutos próximos; ex.: Serviços Telefônicos e Petróleo no Brasil.

c) Concorrência Monopolística:

É uma situação de mercado na qual existem muitas empresas vendendo

produtos diferenciados que sejam substitutos próximos entre si; ex.: Fabricantes de

cigarros; sabonetes, creme dental, etc.

d) Oligopólio:

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É uma situação de mercado em que um pequeno número de empresas

domina o mercado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogêneo ou

diferenciado; ex.: homogêneo: indústrias de cimento, alumínio, aço, produtos químicos,

fertilizantes, etc.; diferenciado: indústrias de automóveis, eletrodomésticos, bebidas,

computadores, etc.

2.3.1 Concorrência Perfeita

A concorrência perfeita é uma estrutura de mercado que visa descrever

o funcionamento ideal de uma economia, servindo de parâmetro para o estudo das

outras estruturas de mercado. Trata-se de uma construção teórica. Nesse mercado,

a interação da oferta e demanda determina o preço.

Hipóteses Básicas do Modelo de Concorrência Perfeita

As hipóteses nas quais o modelo de concorrência perfeita se baseia são

as seguintes:

I - Existência de elevado número de compradores e vendedores

Existe um número tão grande de compradores e vendedores, sendo cada

comprador ou vendedor tão pequeno em relação ao tamanho do mercado que nenhum

deles, atuando isoladamente, consegue influenciar o preço das mercadorias.

II - Os produtos são homogêneos

Nesse mercado, os produtos ofertados pelas empresas são homogêneos,

ou seja, são perfeitos substitutos entre si. Como resultado, os compradores são

indiferentes quanto à empresa da qual eles irão adquirir o produto.

III - Transparência de mercado

Essa hipótese garante que tanto compradores quanto vendedores têm

informação perfeita sobre o mercado: ambos conhecem a qualidade do produto e seu


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preço vigente. Ambos conhecem, também, os custos e lucros de seus concorrentes.

Assim, pelo fato de inexistir desinformação, nenhum comprador estará disposto a

adquirir um produto por um preço superior ao vigente no mercado; da mesma forma,

nenhum vendedor estará disposto a vender um produto por um preço inferior ao

vigente no mercado.

IV - Livre entrada e saída de empresas

Todas as empresas participantes poderão entrar ou sair do mercado de

maneira imediata. Inexistem barreiras legais ou econômicas, por exemplo: direitos de

propriedades e patentes; barreiras legais resultante de ação governamental,

estabelecendo condições mínimas para o funcionamento das empresas em certos

mercados; barreiras econômicas tais como a necessidade de grandes investimentos,

etc.

Em síntese, na concorrência perfeita, o preço é regulado pelo mercado,

de sorte a eliminar qualquer lucro extraordinário. Nenhum produtor ou consumidor,

individualmente, poderá influenciar o preço de equilíbrio. Somente alterações das

condições de oferta e demanda, como variações das preferências dos consumidores e

novas situações climáticas, que fazem variar as quantidades ofertadas de produtos,

alteram os preços de equilíbrio do mercado e os lucros dos vendedores.

2.4 Concorrência Imperfeita

Na concorrência perfeita a firma individualmente não consegue

influenciar o preço de mercado. Ela é tomadora de preço, ajustando as quantidades

ofertadas em função do preço do produto e de sua estrutura de custos. O mesmo não

ocorre na concorrência imperfeita, uma vez que a firma consegue, de alguma forma,

influenciar o preço de equilíbrio do mercado. Dada a estrutura de custos, ela fixa o

preço que deseja vender com determinado percentual acima de seus custos médios.

P á g i n a | 53 Introdução à Economia
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Esse percentual denomina-se margem de lucro (ou mark-up). Ele será tanto mais

elevado quanto maior for o poder de mercado da firma.

2.4.1 Monopólio

O monopólio é uma situação de mercado em que existe um só produtor de

um bem ou serviço que não tenha substituto próximo. Devido a isso o monopolista

exerce grande influência na determinação do preço a ser cobrado pelo seu produto.

Hipóteses Básicas do Modelo de Monopólio

A ocorrência de monopólio está condicionada ao cumprimento das

seguintes hipóteses:

I. Um determinado produto é suprido por uma única empresa;

II. Não há substitutos próximos para esse produto; e

III. Existem obstáculos (barreiras) à entrada de novas firmas na

indústria.

Trata-se, novamente, de uma estrutura de mercado “ideal”, uma vez que

fica difícil imaginar que num sistema econômico complexo e interdependente exista

um produto para o qual não haja substitutos próximos.

Para que um monopólio exista é preciso manter os concorrentes em

potencial afastados da indústria. Isso significa dizer que devem existir barreiras que

impeçam o surgimento de competidores, protegendo, dessa forma, a posição do

monopolista.

Os principais obstáculos (ou barreiras) à entrada de firmas concorrentes

no mercado são:

a. Existência de “Economias de Escala” na firma monopolista

P á g i n a | 54 Introdução à Economia
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Uma firma já existente e de grandes dimensões pode suprir o mercado a

custos mais baixos do que qualquer outra empresa que deseje entrar na indústria.

Esse parece ser o caso das indústrias que têm um custo fixo muito

elevado e custos variáveis relativamente baixos. Nessas condições, os custos fixos

passam a ser distribuídos entre um número cada vez maior de unidades, à medida que

a produção aumenta.

Como exemplo, podemos citar as companhias de energia elétrica,

companhias telefônicas, de transporte ferroviário, etc.

b. Controle sobre o fornecimento de matérias-primas

Se uma empresa monopolista detém o controle sobre o fornecimento das

matérias-primas essenciais a um processo produtivo ela pode bloquear o ingresso de

novas firmas no mercado.

c. Proteção de patentes

A posse de patentes dá ao monopolista o direito único de produzir uma

mercadoria em particular. Nesse sentido, tem um efeito semelhante ao controle

sobre o fornecimento de matérias-primas essenciais, uma vez que impede a entrada de

novas firmas na indústria.

d. Monopólio legal

Monopólio Legal é de propriedade privada, sendo, porém, regulamentado

pelo governo.

Existem casos em que o Governo concede a uma empresa um direito

exclusivo para ela operar, conferindo a essa empresa um “status” de Monopólio Legal.

Em contrapartida, o Governo pode fazer exigências em relação à qualidade e

quantidade do produto (ou serviço) e impor preços e taxas a serem cobrados.

P á g i n a | 55 Introdução à Economia
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Como exemplo podemos citar os serviços de água, gás, eletricidade,

transporte coletivo, etc.

Existem, ainda, os Monopólios Estatais, que pertencem e são

regulamentados pelos governos. Como exemplo temos o monopólio estatal de

exploração de minerais estratégicos, petróleo, etc.

Dada a tecnologia e os preços dos insumos, a firma monopolista

determinará seus custos de produção. Controlando o mercado, ela fixará os preços ou

as quantidades que irá produzir e vender. Embora seja a única firma no mercado, ela

não consegue fixar qualquer preço, pois os consumidores são soberanos na

determinação das quantidades que irão consumir a cada nível de preço. Assim, ela não

consegue estabelecer simultaneamente os preços e as quantidades. Dada a demanda

que os consumidores desejam adquirir a cada nível de preços, ela escolhe, no entanto,

aquela combinação que lhe proporcionar o maior nível de lucro.

2.4.2 Oligopólio

O oligopólio é a forma de mercado que atualmente prevalece nas

economias do mundo ocidental. Ele pode ser conceituado como sendo uma estrutura

de mercado em que um pequeno número de empresas controla a oferta de um

determinado bem (ou serviço).

O surgimento do oligopólio se dá por razões semelhantes às do monopólio,

tais como economias de escala e o controle sobre a oferta de matérias-primas e

patentes.

Uma das maneiras de verificar se uma indústria é um oligopólio é através

da determinação do índice de concentração da indústria. Esse método nos fornece o

percentual da produção total da indústria que é controlada pelos quatro (às vezes

oito) maiores produtores.

P á g i n a | 56 Introdução à Economia
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O oligopólio pode ser puro ou diferenciado. Ele será considerado puro

caso os concorrentes ofereçam exatamente o mesmo produto homogêneo (substitutos

perfeitos entre si). Exemplos de oligopólios puros podem ser encontrados na

indústria de cimento, de alumínio, produtos químicos, fertilizantes, aço, etc. Caso os

produtos não sejam homogêneos o oligopólio será considerado diferenciado. Como

exemplo, podemos citar a indústria automobilística, a de cigarros, a de

eletrodomésticos, a de computadores, etc. Os produtos dessas indústrias, embora

semelhantes, não são idênticos. (O Corsa é diferente do Gol e do Pálio; o Hollywood é

diferente do Malboro e do Carlton, etc.)

O oligopólio apresenta como principal característica o fato de as firmas

serem interdependentes. Isso decorre do pequeno número de firmas existentes na

indústria, e significa que as firmas levam em consideração e reagem às decisões

quanto a preço e produção de outras firmas. O oligopolista que conseguir estabelecer

diferenciações mais aceitáveis, correspondendo a preços mais altos, terá lucros

maiores.

As firmas oligopolistas sabem que o estabelecimento de guerra de preços

é altamente prejudicial para elas. Assim, procuram formar acordos comerciais, como

fixação de preços únicos ou divisão do mercado. Essa organização central denomina-

se cartel. Caso não exista organização central nem acordos formais, pode existir

firma dominante ou liderança de preços.

Cartel é uma organização formal de produtores dentro de um setor. Essa

organização formal determina as políticas para todas as empresas do cartel. É uma

união de firmas oligopolistas com o fim de evitar competição e maximizar lucro no

nível de cada firma.

Muitas vezes os acordos entre as firmas concorrentes são tornados

públicos; em outras, a prática de cartelização ocorre sem que haja qualquer

P á g i n a | 57 Introdução à Economia
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documento explicitando o comportamento do cartel; existe ainda, a concretização do

cartel de forma disfarçada por intermédio de sindicatos, associações e clubes.

Há muitos tipos de cartéis. Em sua forma mais perfeita existe o Cartel

Centralizado, que determina todas as decisões para todas empresas-membro. Assim,

através de uma agência coordenadora, organizam-se as empresas de forma que elas

agem como se participassem de um grande conglomerado monopolista, possuidor de

várias fábricas.

Liderança de preço é a forma de conluio imperfeito em que as empresas

do setor oligopolístico decidem, sem acordo formal, estabelecer o mesmo preço,

aceitando a liderança de preço de uma empresa da indústria.

Esse modelo pressupõe que a liderança decorre do fato de uma das

firmas possuir estrutura de custos mais baixos que as demais. Por essa razão,

consegue se impor como líder do grupo.

De início, os preços podem ser diferenciados. O mercado, entretanto,

preferirá o produto que esteja sendo oferecido a preços mais baixos. Desta forma,

resta às firmas que oferecem o produto a preços mais elevados duas possibilidades:

ou mantém o preço, e como conseqüência são alijadas do mercado, ou então aceitam o

preço praticado pela rival de menores custos, que é mais baixo, e continuam no

mercado, sem maximizar seus lucros.

Assim é que a firma líder de preços fica, através de um acordo tácito,

responsável pela determinação do nível de venda do produto. As firmas menos

favorecidas em termos de preços tornam-se seguidoras dos preços fixados pela firma

líder.

P á g i n a | 58 Introdução à Economia
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2.4.3 Concorrência Monopolística

A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado que contém

elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em uma situação

intermediária entre essas duas formas de organização.

Da mesma forma que na concorrência perfeita, a concorrência

monopolística apresenta um grande número de empresas, cada qual respondendo por

uma fração da produção total do mercado, tendo a possibilidade de ingressar na

indústria ou abandoná-la com relativa facilidade. O que irá diferenciar uma estrutura

da outra é que enquanto em concorrência perfeita as empresas produzem um produto

homogêneo, em concorrência monopolística as empresas produzem produtos

diferenciados, embora substitutos próximos.

Na verdade, a diferenciação caracteriza a maioria dos mercados

existentes. Por exemplo: não existe um tipo homogêneo de perfume, de aparelhos de

televisão, geladeiras, de automóveis, ou videocassete. Cada produtor procura

diferenciar seu produto a fim de torná-lo único.

A diferenciação, por sua vez, pode ser real ou ilegítima. No caso da

diferenciação real, busca-se diferenças reais nas características do produto. Por

exemplo: diferenças de composição química do produto, serviços oferecidos pelos

vendedores, etc.

No caso da diferenciação ilegítima, as diferenças no produto são

superficiais, tais como marca, embalagem, design, etc. Em outros casos pode não

haver nenhuma diferença, mas o consumidor pode ser levado a pensar que elas

existam, normalmente como resultado de campanhas promocionais que, de maneira

artificial, apontam características diferenciadoras entre os produtos.

O fato de os produtos serem diferenciados é que dá ao produtor o poder

de monopólio, uma vez que somente ele produz aquele tipo de bem. Enquanto ele
P á g i n a | 59 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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consegue diferenciar o produto, poderá fixar o próprio preço. Outras firmas, porém,

surgem no mercado, produzindo substitutos próximos e o lucro individual diminui. A

firma deverá, então, reduzir custos e gerar novas diferenciações do produto através

de inovações tecnológicas, novos desenhos e campanhas publicitárias.

Saiba mais....
 Sobre a questão do método na Ciência Econômica, leia o livro Métodos da

Ciência Econômica, organizado por Gentil Gorazza. Porto alegre: Editora da

UFRGS, 2003; e Metodologia da Economia de Mark Blaugb. São

Paulo:Editora da USP, 1993.

 Sobre sistema econômico assista o filme de Robinson Crusoé ( Las Aventuras

de Robinson Crusoé, México/EUA, 1952), 1h29. Drama. Direção de Luiz


Buñuel.

 Sobre estrutura de mercado em:

http://www.coladaweb.com/economia/estruturas-de-mercado;

http://www.uepg.br/uepg_departamentos/deecon/disciplinas/Ezequiel%0Gu

erreiro/aulas2008/IEAULA%2019Estruturas%20de%20Mercados%20p.131-

145.pdf

P á g i n a | 60 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Atividades de Aprendizagem

1– Defina Sistema Econômico, e responda as perguntas básicas.

1 O que o Fluxo circular da renda mostra. Demonstre graficamente com um

produto qualquer, da produção ao consumo.

2 Descreve o funcionamento de uma economia de mercado, fazendo a

representação gráfica de um mercado em equilíbrio.

3 Demonstre através de um gráfico, o excesso de oferta e de demanda.

4 O que produzir, como e para quem produzir em uma economia mista?

5 Escreva um texto sobre o significado de monopólio, apresente mais

exemplos dessa estrutura de mercado e discuta as implicações para o

desenvolvimento de uma região, com destaque para a sua.

6 Explique o significado de oligopólio e de concorrência monopolística.

P á g i n a | 61 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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3 UNIDADE 3 - FUNDAMENTOS DA MICROECONOMIA E DA


MACROECONOMIA

O objetivo desta unidade é apresentar os conteúdos da

Microeconomia e da Macroeconomia e sua ferramentas. Você

aprenderá como a Economia se divide em duas grandes áreas de

estudos, a Micro e a Macroeconomia, e quais são os principais

temas de cada uma delas. Tal estudo possibilitará que alunos de

administração, como você, possam entender a estruturação desta

importante Ciência Social Aplicada que contribui, de forma

significativa, para a formação da capacidade analítica dos

administradores, uma vez que as organizações que serão

gerenciadas por futuros administradores, essencialmente, se

encontram no ambiente econômico, se relacionando com outros

agentes, como o Governo, outras empresas e os consumidores. Na

Microeconomia vamos destacar o comportamento dos

consumidores e na Macroeconomia, vamos destacar a economia

monetária a instrumentos de política.

A Microeconomia é um ramo da Economia que estuda o comportamento

dos agentes econômicos (consumidores, empresários, trabalhadores e governo) e se

preocupa em desvendar como tais agentes tomam suas decisões e quais as

repercussões dessas decisões entre eles e no restante da sociedade. A

Microeconomia, por exemplo, esclarece como os consumidores fazem suas escolhas de

compra, ou como as empresas decidem produzir, e de que forma as decisões

influenciam na formação dos preços no mercado.

O mercado é, quase sempre, o objeto de estudo da Microeconomia,

principalmente, no que diz respeito à forma como os agentes econômicos interagem

P á g i n a | 62 Introdução à Economia
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formando alianças ou como os preços se formam. A Microeconomia nos ajuda a

entender as diferenças entre os diversos mercados existentes, suas características e

como os concorrentes interferem nas estratégias e decisões um dos outros.

A Macroeconomia estuda os chamados agregados da economia. Tais

variáveis, objeto das principais questões relacionadas a esse campo da Ciência

Econômica, são freqüentemente encontrados na mídia, seja em jornais, revistas e

telejornais, através das matérias realizadas por jornalistas e comentaristas

econômicos.

As análises e notícias que aparecem na mídia, pela sua freqüência e

importância, fazem parte de nosso cotidiano. Assim, as pessoas e as empresas, que

sabem que são afetadas pelas variáveis, se interessam e realizam suas próprias

avaliações sobre os cenários macroeconômicos e suas realidades podem ser

influenciadas pelas variáveis. Os meios de comunicação, por exemplo, noticiam o

comportamento das variáveis da seguinte forma:

I. Renda Nacional (PIB): quando um determinado jornal noticia qual o

valor do PIB no último trimestre e qual seu crescimento em relação

ao mesmo período do ano anterior; revela quanto de riqueza foi

gerada no país.

II. Taxa de Desemprego: quando um determinado apresentador de

telejornal anuncia a magnitude da taxa de desemprego e se essa

taxa é maior ou menor do que a do mesmo período do ano anterior;

mostra, de forma agregada, quantas pessoas no país estão,

involuntariamente, sem emprego.

III. Inflação: Quando uma revista faz uma matéria sobre as razões

pelas quais a inflação está se elevando; revela que os preços, em

P á g i n a | 63 Introdução à Economia
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todo o país, estão aumentando e procura explicações para esse

fato.

Percebemos que o entendimento das variáveis macroeconômicas, além de

estar presente no cotidiano de uma parcela significativa da população, também é

importante para as decisões tomadas pelos Administradores nas empresas, haja vista

que as organizações atuam em um ambiente no qual as variáveis macroeconômicas as

influenciam tomar decisões em relação ao reajuste de seus preços, à compra de seus

insumos e à aplicação de seu caixa. Dessa forma, entender as variáveis

macroeconômicas afeta a maneira como os gestores conduzem suas organizações.

3.1 Ferramentas de Análise Econômica

3.1.1 Os Modelos

Como em outras Ciências, a Economia se reveste da possibilidade de

compreender a realidade de acontecimentos e fenômenos e pretende responder a

perguntas que intrigam pesquisadores, teóricos e sociedade. Nesta Ciência, assim

como nas outras, a principal ferramenta de análise são os modelos, ou seja,

representações da realidade de forma resumida com uma quantidade reduzida de

variáveis, consideradas principais para o entendimento do fenômeno que o modelo

pretende explicar. Dessa forma, um modelo nada mais é do que uma simplificação da

realidade, no caso da Economia, da realidade dos agentes econômicos e dos mercados

nos quais eles interagem.

A simplificação que os modelos apresentam, por um lado, não nos permite

enxergar todos os aspectos envolvidos no fenômeno estudado, mas por outro, permite

que entendamos de forma mais clara as relações existentes entre as principais

variáveis envolvidas. Os modelos precisam, para mostrar estas relações entre as

variáveis, ser construídos a partir de sua formalização, ou seja, precisam ser

P á g i n a | 64 Introdução à Economia
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apresentados sob a forma de uma linguagem universal. No caso da Economia, tais

construções se dão por meio da matemática, tanto no que diz respeito às abordagens

gráficas como às algébricas.

A formalização dos modelos só é possível a partir de um conjunto de

condições pré-estabelecidas, conhecidas como pressupostos do modelo. Tais condições

quase sempre se apresentam, inicialmente, na forma de limitação das variáveis

consideradas e podem avançar até a forma como as variáveis se relacionam.

3.1.2 Abordagem Analítica

Na Economia as questões são tratadas sob dois prismas: o primeiro diz

respeito às explicações e previsões dos fenômenos econômicos relacionados ao

comportamento dos agentes econômicos (abordagem positiva) e o segundo se relaciona

com as sugestões de como deveria ser a realidade econômica, quase sempre esta

abordagem está associada à formulação de políticas públicas (abordagem normativa).

Exemplos:

Positiva Normalmente, quando o preço de um bem se eleva, a

demanda por ele diminui.

Normativa Para que os preços de um determinado bem, cuja

necessidade seja alta pelos seus consumidores (ex:

remédios para AIDS) não se eleve em excesso, é preciso

colocar um valor máximo tabelado pelo Governo.

3.1.3 A Tomada de Decisão

A Microeconomia estuda a tomada de decisão pelos agentes econômicos e

seus efeitos sobre os mercados e sobre a economia como um todo. De forma que esta

matéria pode sobremaneira auxiliar na gestão das organizações. Assim, diversos

P á g i n a | 65 Introdução à Economia
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aspectos da microeconomia permeiam o dia-a-dia dos gestores e das escolhas que eles

precisam realizar.

Dessa forma, entendendo a sistemática dos comportamentos dos agentes

econômicos e desenvolvendo modelos analíticos que nos ajudem a interpretá-los, a

Microeconomia se coloca como um conjunto de conhecimentos que pode servir como

base nas decisões organizacionais.

A Macroeconomia, normalmente, serve de modelo de análise e de base

para decisões de política econômica, tomada pelos gestores dos Governos. Tais

políticas macroeconômicas possuem alguns objetivos, tais como:

Pleno Emprego: os governos geralmente perseguem o pleno emprego dos

recursos da economia, principalmente, em relação ao emprego dos

trabalhadores.

Estabilidade de Preços: a economia que não apresenta uma certa

estabilidade dos preços, como foi o caso do Brasil em época recente,

imprime a seu povo uma carga pesada de perda de valor de seus ganhos,

principalmente na população mais pobre.

Distribuição de Renda: a busca por melhores condições de vida para a

população em países como o Brasil, deve ser uma constante e passa,

necessariamente, pela distribuição mais justa de renda.

As políticas conduzidas pelos Governos, que buscam os resultados

apresentados anteriormente, o fazem através das chamadas políticas fiscal,

monetária e cambial. Nesses casos, os tomadores de decisões de política ou os Policy

Makers, lançam mão de diversos instrumentos, tais como:

a. Política Fiscal

Política tributária: arrecadação de tributos.

P á g i n a | 66 Introdução à Economia
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Política de gastos: controle de despesas.

b. Política Monetária

Emissões.

Reservas compulsórias.

Open market.

Regulamentação do crédito e da taxa de juros.

c. Política Cambial

Controle sobre a taxa de câmbio.

3.1.4 Análise Macroeconômica

A Macroeconomia aborda as questões econômicas dividindo-as em duas

partes distintas, porém interligadas, a saber: a parte real e a parte monetária. Nessa

divisão são estudados os seguintes mercados: de bens e serviços, de trabalho,

financeiro e cambial. Nesses mercados é estudada a determinação de inúmeras

variáveis importantes para a Economia de um país, como no quadro a seguir.

Quadro 2 Variáveis Importantes


Mercados Variáveis estudadas

Parte Real Bens e Serviços Produto Nacional


Nível Geral de Preços
Trabalho Nível de Emprego
Salários Nominais
Parte Monetária Financeiro (monetário e de títulos) Taxa de Juros
Estoque de Moeda
Cambial Taxa de Câmbio
Reservas Cambiais

Fonte: Vasconcellos (2004)

Considerando o mercado de bens e serviços, a Macroeconomia procura

dimensionar a produção de todos os bens e serviços do país, e para isso agrega todo o

valor da produção no produto nacional. Os preços de forma geral também são

estudados e remetem ao cálculo do nível de inflação no país.


P á g i n a | 67 Introdução à Economia
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No mercado de trabalho, o estudo da Macroeconomia se detém na

questão da quantidade de trabalhadores no país que querem estar empregados, mas

não conseguem vagas (nível de desemprego). Nos mercados financeiros, a

macroeconomia se preocupa com a quantidade de moeda necessária às transações

comerciais e sua influência em outras variáveis, como por exemplo, nos preços dos

bens. Neste mercado também é determinada a taxa de juros.

Na Economia existem agentes que emprestam dinheiro e outros que

buscam os empréstimos, esta é a dinâmica no mercado de títulos que representa as

dívidas, tais como: títulos do governo, duplicatas, ações, debêntures, etc.

No mercado cambial, a Macroeconomia se interessa pelo valor da taxa de

câmbio, ou seja, pela relação entre a moeda nacional e uma determinada moeda

estrangeira. Além do valor do câmbio é importante a análise sobre sua determinação e

a influência que este tem sobre variáveis importantes como o agregado das

importações e exportações do país, ou sobre as reservas de divisas, ou seja, quanto o

país possui de moeda estrangeira no Banco Central.

3.2 INTRODUÇÃO A TEORIA DO COMPORTAMENTO DO


CONSUMIDOR

Há três conjuntos de agentes econômicos: consumidores, empresários e

os proprietários de recursos. Algumas pessoas ganham a renda monetária através da

utilização e venda de recursos. Outras, utilizando seu recurso específico (capacidade

empresarial) ao organizarem a produção. Todas as pessoas que ganham renda

monetária pertencem ao conjunto dos agentes econômicos denominados consumidores.

Naturalmente, existem outros membros neste grupo, Membros familiares

dependentes dos receptores de renda e participantes do orçamento doméstico são,

portanto, também consumidores, .pessoas incapazes de ganhar renda monetária e

P á g i n a | 68 Introdução à Economia
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recebendo dinheiro por algum tipo de pagamento de transferência se classificam

também na categoria de consumidor.

De acordo com nosso objetivo, a origem da renda monetária não é

importante. Apenas o fato de o dinheiro ser recebido por unidades familiares e gasto

em bens de consumo é de real importância. Cada unidade familiar determina como

alocar sua renda monetária entre a vasta gama de bens de consumo disponíveis. (Ou

seja, cada unidade familiar decide sobre sua demanda por cada mercadoria). A

agregação destas decisões de demanda constitui a demanda de mercado, que exprime

a forma como a sociedade deseja alocar os seus recursos.

3.2.1 Comportamento do Consumidor

Cada indivíduo (ou unidade familiar) tem uma noção razoavelmente

perfeita do que será a sua renda monetária num período determinado (por exemplo,

um ano). Tem também alguma noção dos bens e serviços que pretende comprar. A

tarefa que se apresenta a qualquer unidade familiar, é a de consumir sua limitada

renda monetária de forma a maximizar seu bem-estar econômico. Normalmente

nenhum indivíduo é bem sucedido nessa tarefa. Isso pode ser atribuível à falta de

uma informação precisa; mas existem outras razões, tais como estímulos a comprar.

No entanto, de qualquer forma, o esforço mais ou menos consciente em atingir a

satisfação máxima, com uma renda monetária limitada, determina a demanda individual

por bens e serviços.

Para analisar a formação da demanda do consumo, utilizamos certas

hipóteses simplificadoras que são os seguintes;

O consumidor tem pleno conhecimento sobre os bens e serviços

disponíveis no mercado. Cada consumidor tem uma função preferência;

P á g i n a | 69 Introdução à Economia
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3.2.1.1 O Pleno Conhecimento

Inicialmente supomos que cada consumidor ou unidade familiar tem uma

informação completa sobre todos os problemas pertinentes a suas decisões de

consumo.

 O consumidor conhece a série completa de bens e serviços

disponíveis no mercado;

 O consumidor sabe exatamente a capacidade técnica de cada bem

ou serviço para satisfazer uma necessidade;

 O consumidor sabe o preço de cada bem e serviço, como também

sabe que tais preços não serão alterados por suas ações no

mercado;

 O consumidor tem consciência exata do que será sua renda

monetária durante o período determinado.

Em resumo, cada consumidor tem o conhecimento exato e pleno de toda

informação relevante para suas decisões de consumo — conhecimento dos bens e

serviços disponíveis e de sua capacidade técnica de satisfazer suas necessidades, dos

preços de mercado e de sua renda monetária.

3.2.1.2 A Função Preferência

Um indivíduo ou unidade familiar obtém satisfação ou utilidade, de cada

bem ou serviço consumido durante certo período de tempo. A fim de atingir seu

objetivo (maximização da satisfação para dado nível de renda) o indivíduo ou unidade

familiar deve ser capaz de comparar diferentes orçamentos ou cestas de mercadorias

e determinar sua ordem de preferência entre eles.

A função preferência é definida com as seguintes características:

P á g i n a | 70 Introdução à Economia
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 A função preferência estabelece um conjunto ordenado de

preferências para cada orçamento concebível (ou cesta de

mercadorias);

 Para qualquer das duas cestas A e B, a função preferência indica

que se prefere A a B, B a A, ou que o consumidor é indiferente

entre essas duas alternativas. (Além disso, se A é preferível a B, B

não pode ser preferível a A; e se A é indiferente (ou equivalente)

a B, B é indiferente a A);

 Considere qualquer das três cestas A, B e C. Se se prefere A a B e

B a C, A deve ser preferível a C. Similarmente, se A é indiferente

a B e a C, A deve ser indiferente a C.

 Um orçamento maior é sempre preferível a um menor.

Em resumo, a função preferência é caracterizada por duas relações:

preferência e indiferença. Quando se compram duas ou mais cestas, a função

preferência indica a ordem de preferência (duas cestas que são indiferentes têm a

mesma ordem). Quanto maior o orçamento, mais alta sua classificação na ordenação.

3.2.1.3 Utilidade e Preferência

Os economistas conceituam “utilidade” como uma qualidade que torna uma

mercadoria desejada. Isso é, naturalmente, um fenômeno altamente subjetivo, porque

cada pessoa tem uma constituição fisiológica e psicológica diferente da outra.

O consumidor ordena sua escala de preferências em função de seus

gostos e da utilidade proporcionada pelos produtos individualmente. De início, pensou-

se que a utilidade pudesse ser medida em “utis” (Gossen, Jevons, Menger, Walrás). A

soma da utilidade proporcionada por todos os bens forneceria a utilidade total a ser

maximizada pelo consumidor. Constatou-se, porém, que a utilidade não pode ser

P á g i n a | 71 Introdução à Economia
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medida “cardinalmente”, ou seja, não se pode comparar e então somar, por exemplo, as

utilidades proporcionadas pelo consumo de um cafezinho e de um automóvel. Em

segundo lugar, não se pode somá-las porque as utilidades de alguns bens não são

“independentes”. Assim, a utilidade ou satisfação que uma pessoa obtém do filé é

relacionada ao seu consumo de rosbife; a utilidade das bolas de tênis deve ser

parcialmente dependente da quantidade das raquetes de tênis.

Desse modo, a idéia de “utilidade cardinal” deu lugar à noção de

“utilidade ordinal”: o consumidor apenas ordena os diferentes bens segundo a

utilidade que, a seu juízo, eles proporcionam (Edgeworth, Fisher, Pareto). Desse modo,

ele apenas revela uma escala de preferência ou indiferença no consumo de cada bem,

sem menção de valores para a utilidade ou satisfação.

Desenvolve-se, assim, a noção de “curvas de indiferença”.

Definição: Uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos —

ou orçamentos particulares ou combinação de bens — que proporcionam o mesmo nível

de utilidade total, ou aos quais o consumidor é indiferente.

As curvas de indiferença têm quatro características importantes que são

os seguintes:

 As curvas de indiferença são negativamente inclinadas; isso

reflete a hipótese de que uma mercadoria pode ser substituída por

outra de maneira a que o consumidor mantenha o mesmo nível de

satisfação;

 Uma curva de indiferença passa através de cada ponto no

espaço-mercadoria; isso resulta da suposição de que entre duas

curvas de indiferença existe um número infinito de curvas;

 As curvas de indiferença não se interceptam;

P á g i n a | 72 Introdução à Economia
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 As curvas de indiferença são côncavas para cima; isso é exigido

para que o consumidor maximize a satisfação para um dado

dispêndio da sua renda monetária.

3.2.1.4 Limitação Orçamentária

A principal hipótese sobre a qual a teoria do comportamento do

consumidor e da demanda está construída é: o consumidor procura alocar sua renda

monetária limitada entre bens e serviços disponíveis de tal forma a maximizar sua

satisfação.

Se cada consumidor tivesse uma renda monetária ilimitada, ou seja, se

houvesse uma fonte de recursos inesgotável, não existiriam problemas de

“economizar”. Mas desde que este estado utópico não existe, mesmo para os membros

mais ricos de nossa sociedade, as pessoas são compelidas a determinar sua linha de

comportamento à luz de recursos financeiros limitados. Para a teoria do

comportamento do consumidor, isto significa que cada consumidor dispõe de um

montante máximo que pode gastar em cada período de tempo. O problema do

consumidor é gastar este montante de modo a obter máxima satisfação.

Uma das piores limitações para as pessoas é a financeira. A pessoa ou o

consumidor tem certa renda e deseja comprar bens e serviços. A compra desses bens

e serviços, porém, envolve a desistência de parte dessa renda. Mesmo que a pessoa

comprasse só um tipo de bem, teria sua capacidade de compra limitada por sua renda.

Considera-se aqui que o consumidor não poupa nem toma empréstimos. Assim, o

consumidor poderá escolher entre várias combinações possíveis dos bens e serviços

disponíveis, desde que isso não estoure o seu orçamento.

A restrição orçamentária é influenciada diretamente pela renda e pelos

preços que o consumidor tem que pagar. (Se a renda aumenta ou os preços baixam, o

poder de compra do consumidor aumenta e vice-versa).


P á g i n a | 73 Introdução à Economia
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3.2.2 Demanda do Consumidor

Demanda significa o desejo de comprar bens ou serviços. A quantidade

que o consumidor planeja comprar de cada mercadoria depende de sua capacidade de

compra. E essa capacidade é condicionada pela renda que o consumidor tem e pelos

preços de mercado.

A demanda por um bem “X” indica as quantidades desse bem que o

consumidor está disposto a adquirir quando varia o preço de mercado. Já se sabe que

aumentos nos preços ou diminuição de renda alteram o poder de compra do

consumidor. Isto significa que a escolha ótima do consumidor também muda, uma vez

que ele terá que alterar o consumo de algum bem ou de todos.

Pode-se, em geral, dizer que o aumento do preço de um bem, dados os

outros preços e a renda dos consumidores, induz as pessoas a comprarem menos desse

bem. O argumento também vale para uma redução de preços, quando o consumidor

passa a comprar mais. Esta relação inversa entre preço e quantidade de um bem é

conhecida como a lei da demanda.

Lei da demanda: É a relação inversa entre o preço e a quantidade

procurada de um bem, sendo dadas as preferências e permanecendo constantes a

renda disponível do consumidor e o preço dos demais bens.

A relação inversa entre preços e quantidades demandadas é válida para

bens normais (ou superiores). Bens normais ou superiores são os bens para os quais

se observa uma relação direta entre a renda real do consumidor e a quantidade

demandada do bem. Isto é, um aumento da renda real do consumidor implica num

aumento da quantidade demandada do bem. Inversamente, uma redução da renda real

traduz-se em diminuição das quantidades demandadas.

No caso de bens inferiores, as quantidades demandadas variam

inversamente com a renda real. (Por exemplo, carne de segunda e farinha de mandioca
P á g i n a | 74 Introdução à Economia
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constituem exemplo de bens inferiores. O empobrecimento do consumidor leva a um

maior consumo desses bens, cuja demanda varia inversamente com sua renda.)

Considerando um consumidor típico, a demanda individual corresponderá à

média dos diferentes consumidores do mercado. Assim, a demanda agregada do

conjunto dos diferentes consumidores do mercado conservará a mesma inclinação da

demanda individual: os mesmos preços determinarão as mesmas quantidades do

consumidor típico multiplicado pelo número de consumidores.

Para representar o que acontece no mercado de, por exemplo, feijão, em

que há grande número de consumidores, basta somar as quantidades que cada

consumidor deseja comprar a um preço determinado no mercado. A curva de

demanda, assim obtida, representa o comportamento de todos os consumidores ao

mesmo tempo. Dá também a idéia de um comportamento médio. Nesta explicação,

cada preço possível é igual para cada consumidor, sem que haja discriminação de

preços. Esta soma de demandas resulta numa curva similar às curvas individuais,

também negativamente inclinadas.

Quando há uma alteração do preço de um bem temos a alteração das

quantidades demandadas de outros bens, tudo o mais permanecendo constante. Este

fato nos leva a classificar os bens em bens substitutos e complementares.

 Bens substitutos: São bens substitutos quando um bem pode ser

usado no lugar do outro, ou seja, bens cujas quantidades

demandadas variam em sentido contrário quando se altera o preço

de um deles. Exemplo: café e chá, carne bovina e carne de frango,

etc.

 Bens complementares: São bens cuja demanda varia no mesmo

sentido quando se altera o preço de um deles. Exemplo, café e

açúcar.

P á g i n a | 75 Introdução à Economia
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3.3 INTRODUÇÃO A ECONOMIA MONETÁRIA

A moeda é uma mercadoria que serve de equivalente geral para todas as

mercadorias. A moeda é uma unidade representativa de valor e instrumento de troca,

com aceitação generalizada. Ela constitui um bem que serve de padrão de valor, ou

equivalente geral para todos os demais bens trocados na economia. Por ela, os preços

são expressos, as dívidas e os bens e serviços são pagos. A moeda corrente é a que

circula livremente no interior de um país.

3.3.1 Moedas e Bancos Comerciais

Origem e evolução da moeda

O emprego de moeda tem sido comum desde a Antigüidade, em todas as

sociedades que alcançaram algum grau de complexidade. A essência da moeda reside

na possibilidade de servir como meio de troca. Qualquer bem pode funcionar como

dinheiro, desde que possua a aceitação por todos, em pagamento de bens e serviços,

ou no cumprimento de obrigações.

A evolução da moeda pode ser vista em seis fases distintas:

 Escambo ou troca direta de mercadorias;


 Mercadoria Moeda;
 Moeda Metálica;
 Moeda-papel;
 Moeda Fiduciária (ou papel-moeda);
 Moeda Bancária (ou moeda escritural).
A troca direta ou escambo, caracteriza-se pela troca de bens por

outros bens. É um sistema ineficiente, porque exige coincidências de vontades para

que a troca possa ser efetuada. As dificuldades da troca direta foram superadas pelo

emprego de moeda, um meio de aceitação geral.

A mercadoria-moeda podia ser guardada e usada posteriormente quando

se tornava necessário adquirir novos bens e serviços. Nessa segunda fase, as trocas
P á g i n a | 76 Introdução à Economia
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ficaram mais fáceis se ser realizadas, porque as vendas podiam ser feitas

independentemente de o comprador ter um bem que interessasse ao vendedor e vice-

versa. Nessa fase, algumas mercadorias circulavam mais freqüentemente do que

outras, por sua maior aceitação: sal, gado, arroz, peles, metais como ferro, cobre,

bronze, prata, ouro, etc.

De modo geral, para que uma mercadoria possa ser utilizada como moeda,

ela deve ter várias qualidades, que são basicamente as seguintes:

 durabilidade;
 divisibilidade;
 homogeneidade;
 facilidade de manuseio e transporte.
Apesar de a mercadoria-moeda ter facilitado um pouco a vida dos

indivíduos, muitas dificuldades ainda persistiam, ressaltando a necessidade de se

encontrar uma forma mais simples que facilitasse as trocas. É quando passamos para

a fase da moeda metálica.

De maneira geral, os metais foram as mercadorias cujas características

intrínsecas mais se aproximavam do que se exigem dos instrumentos monetários.

Inicialmente, os metais empregados foram o cobre, o bronze e o ferro. Com o passar

do tempo, entretanto, esses metais foram deixados de lado, pois não serviam como

reserva de valor. A existência de grandes reservas desses metais, associada à

descoberta de novas jazidas fez com que tais metais perdessem gradativamente seu

valor. Assim, esses metais foram pouco a pouco substituídos pelos metais nobres,

como o ouro e a prata.

O ouro e a prata, por sua durabilidade, imunidade à corrosão e grande

valor passaram a ser aceitos por todos como moeda. Como o ouro e a prata eram

metais relativamente escassos e a descoberta de novas jazidas não afetava o volume

de metal que se encontrava em circulação, o valor dessas moedas mantiveram-se

estáveis ao longo do tempo.


P á g i n a | 77 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Apesar das vantagens apresentadas, existia, à época, um inconveniente: o

transporte a longas distâncias, em função do peso das moedas, seu elevado valor e dos

riscos de assalto a que estavam sujeitos os comerciantes durante suas viagens. Para

contornar esse problema, especialmente após o século XIV, com o crescimento dos

fluxos comerciais na Europa, iniciou-se a difusão de um instrumento monetário mais

flexível: a moeda-papel.

A moeda-papel veio eliminar as dificuldades que os comerciantes

enfrentavam em suas viagens, facilitando suas operações comerciais e de crédito. Ao

invés de partirem carregando a moeda metálica, levavam apenas um pedaço de papel

denominado “certificado de depósito”, que era emitido por instituições conhecidas

como “Casas de Custódia”, e onde os negociantes depositavam as suas moedas, ou

quaisquer outro valores aceitos, sob garantia. No seu destino, os comerciantes

recorriam às casas de custódia locais, onde trocavam os certificados de depósitos por

moedas metálicas. O seu uso acabou se generalizando de tal forma que os

comerciantes passaram a transferir os direitos dos certificados de depósito

diretamente aos comerciantes locais, fazendo com que esses certificados tomassem o

lugar das moedas metálicas.

Estava assim criada a nova moeda, 100% lastreada e com a garantia de

plena conversibilidade, a qualquer momento, pelo seu detentor, e que se tornou, ao

longo do tempo, no meio preferencial de troca e de reserva de valor.

Com o passar do tempo, as Casas de Custódia, começaram a perceber que

os detentores desses certificados não faziam a reconversão, todos ao mesmo tempo.

Além disso, enquanto alguns faziam a troca de moeda-papel pelo metal, outros faziam

novos depósitos em ouro e prata, o que levava às novas emissões.

Assim é que, gradativamente, as Casas de Custódia passaram a emitir

certificados de depósito sem lastro em metal, dando origem à moeda fiduciária ou

P á g i n a | 78 Introdução à Economia
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papel-moeda. O papel-moeda, como sempre tinha sido, contava com a livre

conversibilidade em ouro. Além disso, também tinha lastro fracionário em ouro.

A emissão de papel-moeda por particulares, entretanto, acabou por

conduzir esse sistema à ruína. Devido a isso, o Estado foi levado a assumir o

mecanismo de emissões, passando a controlá-lo. Paulatinamente, passou-se à emissão

de notas inconversíveis. Hoje, a maioria dos sistemas são fiduciários, apresentando as

seguintes características:

 inexistência de lastro-ouro;
 inconversibilidade absoluta; e
 monopólio estatal das emissões.
Com a evolução do sistema bancário, desenvolveu-se uma outra

modalidade de moeda: a moeda bancária ou escritural.

A moeda bancária é representada pelos depósitos à vista e a curto prazo

dos bancos, que passam a movimentar esses recursos por cheques ou ordens de

pagamento. Ela é chamada escritural uma vez que diz respeito aos lançamentos

(débito e crédito) realizados nas contas correntes dos bancos.

3.3.1.1 As funções da moeda

A moeda desempenha quatro funções: meio de troca, reserva de valor,

medida de valor e padrão de pagamento diferido.

 A função de meio de troca é a função mais importante que a

moeda exerce. Desde os primórdios dos tempos, as mais variadas

formas de moeda vêm desempenhando esta função, mesmo quando

as moedas eram as próprias mercadorias utilizadas no escambo.

 A função de reserva de valor diz respeito à moeda como ativo que

pode ser escolhido para armazenar riqueza. A moeda torna-se em

um elemento de entesouramento, de estoque de riqueza, quando é

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retirado de circulação. Como a moeda pode ser transformada em

bens e serviços, a qualquer momento, ela pode ser definida como

sendo a representante universal da riqueza.

 A terceira função da moeda é servir como medida de valor, ou

denominador comum de valores, por meio do qual os preços dos

demais produtos ficam convertidos. Todos os bens e serviços de

uma economia assumem a forma de preço, que é expresso em uma

unidade monetária comum.

 A quarta função da moeda é servir como padrão de pagamento

diferido no tempo, em razão de sua liquidez e confiabilidade. Por

exemplo, os contratos são feitos hoje, para serem pagos no futuro

de forma única ou parcelada. Os débitos e saldos são calculados e

pagos na moeda padrão.

3.3.1.2 Moeda e quase‐moeda

Os meios de pagamento em uma economia são constituídos por papel-

moeda (que compreende cédulas e moedas metálicas) e depósitos a vista em bancos

comerciais, que é a moeda escritural. Os meios de pagamento formam o conceito um

de moeda, e é representado por M1. O conceito de M1, para ser meio de pagamento,

deve abranger o montante de papel-moeda efetivamente em poder do público, pois é

este o montante de papel-moeda que pode ser empregado em transações.

 M1 = papel-moeda em poder do público + moeda escritural.

Existem outros conceitos mais abrangentes de moeda, de interesse da

economia, e que incluem os ativos financeiros líquidos. Os conceitos de quase-moeda

para a economia brasileira são os seguintes:

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 M2 = M1 + Títulos dos Governos Federal, Estaduais e Municipais em

poder do público + Fundos de Aplicação Financeira (FAF) e Renda

Fixa de curto prazo + Depósitos Especiais Remunerados.

 M3 = M2 + Depósitos de Poupança.

 M4 = M3 + Títulos Privados.

3.3.1.3 Bancos Comerciais

Entre as instituições financeiras, o banco comercial caracteriza-se por

ser a única instituição que possui a capacidade de criar ou destruir meios de

pagamentos. A capacidade de criar moeda pelos bancos é, provavelmente, o fenômeno

mais importante associado ao aperfeiçoamento da moeda.

Ao conceder empréstimo em conta corrente, um banco comercial cria

meios de pagamentos, pois aumenta o saldo de moeda escritural. O tomador do

crédito, ao utilizar o saldo de sua conta, emitindo cheques em pagamento de

transações, gera novos depósitos em contas dos favorecidos dos cheques emitidos.

Novos depósitos permitem aos bancos a capacidade de conceder novos créditos a

outro cliente. A repetição desse mecanismo mostra a capacidade de multiplicar a

moeda pelo setor bancário.

Para limitar esta capacidade de aumentar os meios de pagamentos, o

Banco Central exige que parte dos depósitos a vista permaneça depositada em seu

poder, constituindo Reservas Bancárias Compulsórias ou Encaixes Compulsórios. Os

bancos podem manter, também, encaixes voluntários, que são os depósitos de reservas

junto ao Banco Central, sem obrigação legal, e as reservas em seu poder, providas com

o intuito de disporem de papel-moeda e moedas metálicas para atender de imediato às

solicitações de saques por cheques.

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O valor máximo de meios de pagamento que podem ser criados pelos

bancos comerciais é dado pelo coeficiente multiplicador dos depósitos bancários (k)

que é o inverso da taxa de compulsório (r): k = 1/r. Por exemplo, se a taxa de

compulsório for de 30%, o multiplicador k será de l/0,3 = 3,3333 sobre as reservas

adquiridas pelos bancos.

3.3.1.4 O Sistema Financeiro Nacional

A partir de 1964/65, com a reforma bancária e a reforma do mercado de

capitais, ocorreu no Brasil a criação de uma Autoridade Monetária exercida pelo

Conselho Monetário Nacional (CMN) e a regulamentação do conjunto de instituições

que compõe o Sistema Financeiro Nacional.

O órgão deliberativo máximo é o Conselho Monetário Nacional, ao qual

compete estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia;

regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições

financeiras; e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial.

O Conselho Monetário Nacional é composto pelo Ministro da Fazenda

(Presidente), Ministro de Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco

Central do Brasil, sendo secretariado pelo próprio (BCB). Junto ao (CMN) funciona

também a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito, composta pelo Presidente do

(BCB) (Coordenador), pelo Presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelos

Secretários Executivos dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, pelo

Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, pelo Secretário do

Tesouro Nacional e por quatro diretores do (BCB), indicados pelo seu Presidente.

O Banco Central do Brasil (BCB) é uma autarquia federal que atua sob as

orientações do Conselho Monetário Nacional e exerce as funções de: formular,

executar e acompanhar a política monetária, a política cambial e a de relações

financeiras com o exterior; controlar as operações de crédito; organizar, disciplinar


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e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional; emitir papel-moeda e moeda metálica e

executar o serviço do meio circulante.

Quadro 3 Composição do Sistema Financeiro Nacional


Órgãos Entidades
Operadores
Normativos Supervisoras
Instituições Bancos Comerciais
Financeiras Bancos Múltiplos
Captadoras de Caixa Econômica Federal
Depósitos a
Vista Cooperativas de Créditos
Agências de Fomento
Associações de Poupança e
empréstimo
Bancos de Câmbio
Bancos de Desenvolvimento
Bancos de Investimento
Demais Banco Nacional de Desenvolvimento
Instituições Econômico e Social (BNDES)
Financeiras Companhias Hipotecárias
Banco Central do
Cooperativas Centrais de Crédito
Brasil (BACEN)
Sociedades Crédito, Financiamento e
SISTEMA Conselho Investimento
FINANCEIRO Monetário Sociedades de Crédito Imobiliário
NACIONAL Nacional (CMN) Sociedades de Crédito ao Micro‐
empreendedor
Bancos de Câmbio
Administradoras de Consórcio
Sociedades de arrendamento
mercantil
Outros
Sociedades corretoras de câmbio
Intermediários
Financeiros Sociedades corretoras de títulos e
valores mobiliários
Sociedades distribuidoras de títulos e
valores mobiliários
Bolsas de Mercadorias e de Futuros
Bolsas de Valores
Comissão de Valores Sociedades corretoras de títulos e
Mobiliários (CVM) Outros
valores mobiliários
Intermediários
Sociedades distribuidoras de títulos e
Financeiros
valores mobiliários
Sistema Resseguradores
Conselho Nacional Superintendência de
Nacional de Sociedades Seguradoras
de Seguros Seguros Privados
Seguros Sociedades de Capitalização
Privados (CNSP) (SUSEP)
Privados (SNSP) Entidades Abertas de Previdência Complementar
Superintendência
Conselho Nacional
Sistema de Nacional de
de Previdência Entidades Fechadas de previdência Complementar /
previdência Previdência
complementar Fundos de Pensão
Complementar Complementar
(CNPC)
(PREVIC)
Fonte: Banco Central do Brasil.

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1. Orgãos Normativos
1.1. O CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN)

O Conselho Monetário Nacional (CMN), que foi instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais
para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN o Ministro da Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente
do Banco Central do Brasil. Dentre suas funções estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor
interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o
aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas
monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.

1.2. CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (CNSP)

Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) - órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados; é composto pelo
Ministro da Fazenda (Presidente), representante do Ministério da Justiça, representante do Ministério da Previdência Social, Superintendente da
Superintendência de Seguros Privados, representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários. Dentre as funções
do CNSP estão: regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como a
aplicação das penalidades previstas; fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro;
estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro; prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização,
Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações e disciplinar a
corretagem de seguros e a profissão de corretor.

1.3. CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CNPC)

Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é um órgão colegiado que integra a estrutura do Ministério da Previdência Social e cuja
competência é regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). Mais
informações poderão ser encontradas no endereço www.previdenciasocial.gov.br

2. Entidades Supervisoras
2.1. O BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN

O Banco Central do Brasil (Bacen) é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, que também foi criada pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de
1964. É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por
objetivos: zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais em nível adequado; estimular a formação de poupança; zelar pela
estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. Dentre suas atribuições estão: emitir papel-moeda e moeda metálica;
executar os serviços do meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; realizar operações de
redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar operações de
compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento
das instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de
outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. Sua sede fica em Brasília, capital do País, e
tem representações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará.

2.2. A COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei 6.385, de 7 de dezembro de
1976. É responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país. Para este fim, exerce as funções de:
assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades
de fraude ou manipulação no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os
tenham emitido; assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de valores mobiliários; estimular a formação de poupança e sua
aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações
permanentes em ações do capital social das companhias abertas. Mais informações poderão ser encontradas no endereço:www.cvm.gov.br

2.3. SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP)

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) - autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda; é responsável pelo controle e fiscalização do mercado
de seguro, previdência privada aberta e capitalização. Dentre suas atribuições estão: fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das
Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada
pelo CNSP; atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de
capitalização e resseguro; zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; promover o aperfeiçoamento das
instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência
das sociedades que integram o mercado; disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores
de provisões técnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas; prover os serviços de
Secretaria Executiva do CNSP. Mais informações poderão ser encontradas no endereço:www.susep.gov.br

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2.4. SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (PREVIC)

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é uma autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social, responsável por
fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). A Previc atua como entidade de fiscalização e de
supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de previdência complementar
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar, observando, inclusive, as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e
pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.previdenciasocial.gov.br

3. Operadores
3.1. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS CAPTADORAS DE DEPÓSITO À VISTA

As principais instituições são: Bancos Múltiplos com carteira comercial; Bancos Comerciais; Caixa econômica Federal; e Cooperativas de Crédito. Abaixo
uma breve explicação de cada uma delas.

Bancos múltiplos

Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições
financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil
e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições
singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser
constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade
anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão "Banco"
(Resolução CMN 2.099, de 1994).

Bancos comerciais

Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários
para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação
de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído
sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).

Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está regulada pelo Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública vinculada ao
Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição assemelhada aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar
prestação de serviços. Uma característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas
áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esportes. Pode operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens
de consumo duráveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens
pessoais e sob consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal. Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos
os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema
Financeiro da Habitação (SFH). Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.caixa.gov.br

Cooperativas de crédito

As cooperativas de crédito se dividem em: singulares, que prestam serviços financeiros de captação e de crédito apenas aos respectivos associados,
podendo receber repasses de outras instituições financeiras e realizar aplicações no mercado financeiro; centrais, que prestam serviços às singulares
filiadas, e são também responsáveis auxiliares por sua supervisão; e confederações de cooperativas centrais, que prestam serviços a centrais e suas
filiadas. Observam, além da legislação e normas gerais aplicáveis ao sistema financeiro: a Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, que institui o
Sistema Nacional de Crédito Cooperativo; a Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que institui o regime jurídico das sociedades cooperativas; e a
Resolução nº 3.859, de 27 de maio de 2010, que disciplina sua constituição e funcionamento. As regras prudenciais são mais estritas para as cooperativas
cujo quadro social é mais heterogêneo, como as cooperativas de livre admissão.

3.2. BOLSAS DE MERCADORIAS E FUTUROS

As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira,
das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos
livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de
commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja
incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são
fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL (IRB)

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Resseguradores - Entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que têm por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e
retrocessão. O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é empresa resseguradora vinculada ao Ministério da Fazenda. Mais informações podem ser
encontradas em: www.susep.gov.bre www.irb-brasilre.com.br.

3.3. DEMAIS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

 Agências de Fomento
 Associações de Poupança e Empréstimo
 Bancos de Câmbio
 Bancos de Desenvolvimento
 Bancos de Investimento
 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
 Companhias Hipotecárias
 Cooperativas Centrais de Crédito
 Sociedades Crédito, Financiamento e Investimento
 Sociedades de Crédito Imobiliário
 Sociedades de Crédito ao Microempreendedor

3.4. Agências de fomento

As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da Federação
onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da Federação, sendo
que cada Unidade só pode constituir uma agência. Tais entidades têm status de instituição financeira, mas não podem captar recursos junto ao público,
recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco Central, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem
ter participação societária em outras instituições financeiras. De sua denominação social deve constar a expressão "Agência de Fomento" acrescida da
indicação da Unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em qualquer outro tipo de instituição integrante do Sistema Financeiro
Nacional. As agências de fomento devem constituir e manter, permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas
obrigações, a ser integralmente aplicado em títulos públicos federais. (Resolução CMN 2.828, de 2001).

Associações de poupança e empréstimo

As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob a forma de sociedade civil, sendo de propriedade comum de seus associados. Suas
operações ativas são, basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As operações passivas são
constituídas de emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos de cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros e empréstimos externos. Os
depositantes dessas entidades são considerados acionistas da associação e, por isso, não recebem rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos
depositantes são, assim, classificados no patrimônio líquido da associação e não no passivo exigível (Resolução CMN 52, de 1967).

Bancos de Câmbio

Os bancos de câmbio são instituições financeiras autorizadas a realizar, sem restrições, operações de câmbio e operações de crédito vinculadas às de
câmbio, como financiamentos à exportação e importação e adiantamentos sobre contratos de câmbio, e ainda a receber depósitos em contas sem
remuneração, não movimentáveis por cheque ou por meio eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das operações acima
citadas. Na denominação dessas instituições deve constar a expressão "Banco de Câmbio" (Res. CMN 3.426, de 2006).

Bancos de desenvolvimento

Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo proporcionar o
suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio e a longo prazos, de programas e projetos que visem a promover o
desenvolvimento econômico e social do respectivo Estado. As operações passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de
cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos
e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado. Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do Estado
que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua denominação social, a expressão "Banco de Desenvolvimento",
seguida do nome do Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de 1976).

Bancos de investimento

Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de
financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser constituídos sob a
forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão "Banco de Investimento". Não possuem contas
correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles
administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários,
depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (Resolução CMN 2.624, de 1999).

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952 como autarquia federal, foi enquadrado como uma empresa
pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de 1971. O BNDES é um órgão
vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o
desenvolvimento do país. Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de
investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, bem como para o incremento das exportações
brasileiras. Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais. A
BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacionais através da subscrição de ações e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de
fundamental importância, na execução de sua política de apoio, a observância de princípios ético-ambientais e assume o compromisso com os princípios
do desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os programas do BNDES atendem às necessidades de investimentos das empresas de
qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com instituições financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a disseminação
do crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.bndes.gov.br

Companhias hipotecárias

As companhias hipotecárias são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade anônima, que têm por objeto social conceder
financiamentos destinados à produção, reforma ou comercialização de imóveis residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normas do Sistema
Financeiro da Habitação (SFH). Suas principais operações passivas são: letras hipotecárias, debêntures, empréstimos e financiamentos no País e no
Exterior. Suas principais operações ativas são: financiamentos imobiliários residenciais ou comerciais, aquisição de créditos hipotecários,
refinanciamentos de créditos hipotecários e repasses de recursos para financiamentos imobiliários. Tais entidades têm como operações especiais a
administração de créditos hipotecários de terceiros e de fundos de investimento imobiliário (Resolução CMN 2.122, de 1994).

Cooperativas centrais de crédito

As cooperativas centrais de crédito, formadas por cooperativas singulares, organizam em maior escala as estruturas de administração e suporte de
interesse comum das cooperativas singulares filiadas, exercendo sobre elas, entre outras funções, supervisão de funcionamento, capacitação de
administradores, gerentes e associados, e auditoria de demonstrações financeiras (Resolução CMN 3.106, de 2003).

Sociedades de crédito, financiamento e investimento

As sociedades de crédito, financiamento e investimento, também conhecidas por financeiras, foram instituídas pela Portaria do Ministério da Fazenda
309, de 30 de novembro de 1959. São instituições financeiras privadas que têm como objetivo básico a realização de financiamento para a aquisição de
bens, serviços e capital de giro. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão
"Crédito, Financiamento e Investimento". Tais entidades captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio (Resolução CMN 45, de
1966) e Recibos de Depósitos Bancários (Resolução CMN 3454, de 2007).

Sociedades de crédito imobiliário

As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento
habitacional. Constituem operações passivas dessas instituições os depósitos de poupança, a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos
interfinanceiros. Suas operações ativas são: financiamento para construção de habitações, abertura de crédito para compra ou construção de casa
própria, financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Devem ser constituídas sob a
forma de sociedade anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão "Crédito Imobiliário". (Resolução CMN 2.735, de 2000).

Sociedades de crédito ao microempreendedor

As sociedades de crédito ao microempreendedor, criadas pela Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, são entidades que têm por objeto social exclusivo
a concessão de financiamentos e a prestação de garantias a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas classificadas como microempresas, com
vistas a viabilizar empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial de pequeno porte. São impedidas de captar, sob qualquer forma,
recursos junto ao público, bem como emitir títulos e valores mobiliários destinados à colocação e oferta públicas. Devem ser constituídas sob a forma de
companhia fechada ou de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão
"Sociedade de Crédito ao Microempreendedor", vedada a utilização da palavra "Banco" (Resolução CMN 2.874, de 2001).

3.5. BANCOS DE CÂMBIO

Os bancos de câmbio são instituições financeiras autorizadas a realizar, sem restrições, operações de câmbio e operações de crédito vinculadas às de
câmbio, como financiamentos à exportação e importação e adiantamentos sobre contratos de câmbio, e ainda a receber depósitos em contas sem
remuneração, não movimentáveis por cheque ou por meio eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das operações acima
citadas. Na denominação dessas instituições deve constar a expressão "Banco de Câmbio" (Res. CMN 3.426, de 2006).

3.6. BOLSAS DE VALORES

As bolsas de valores são sociedades anônimas ou associações civis, com o objetivo de manter local ou sistema adequado ao encontro de seus membros
e à realização entre eles de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e
fiscalizado por seus membros e pela Comissão de Valores Mobiliários. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa (Resolução CMN
2.690, de 2000).

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3.7. SOCIEDADES SEGURADORAS

Sociedades seguradoras - são entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas em pactuar contrato, por meio do qual
assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este designar, uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e
temido, recebendo, para isso, o prêmio estabelecido. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.susep.gov.br

3.8. OUTROS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS

 Administradoras de Consórcio
 Sociedades de arrendamento mercantil
 Sociedades corretoras de câmbio
 Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários
 Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários

Administradoras de consórcio

As administradoras de consórcio são empresas responsáveis pela formação e administração de grupos de consórcio, atuando como mandatárias de seus
interesses e direitos. O grupo de consórcio é uma sociedade não personificada, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, e
que visa a coleta de poupança para permitir aos consorciados a aquisição de bens ou serviços. As atividades do sistema de consórcio são reguladas pela
Lei nº 11.795, de 8 de outubro de 2008, bem como pela Circular nº 3.432 , de 3 de fevereiro de 2009, e supervisionadas pelo Banco Central.

Sociedades de arrendamento mercantil

As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob a forma de sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente na sua denominação
social a expressão "Arrendamento Mercantil". As operações passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida externa, empréstimos e
financiamentos de instituições financeiras. Suas operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de direitos creditórios e,
principalmente, por operações de arrendamento mercantil de bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade
arrendadora para fins de uso próprio do arrendatário. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 2.309, de 1996).

Sociedade corretoras de câmbio

As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na
sua denominação social a expressão "Corretora de Câmbio". Têm por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a prática de
operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN 1.770, de 1990).

Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários

As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
Dentre seus objetivos estão: operar em bolsas de valores, subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado; comprar e vender títulos e
valores mobiliários por conta própria e de terceiros; encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários; exercer
funções de agente fiduciário; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; emitir certificados de depósito de ações e cédulas
pignoratícias de debêntures; intermediar operações de câmbio; praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes; praticar operações de conta
margem; realizar operações compromissadas; praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e de
terceiros; operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil
(Resolução CMN 1.655, de 1989). Os FUNDOS DE INVESTIMENTO, administrados por corretoras ou outros intermediários financeiros, são constituídos
sob forma de condomínio e representam a reunião de recursos para a aplicação em carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, com o objetivo de
propiciar aos condôminos valorização de quotas, a um custo global mais baixo. A normatização, concessão de autorização, registro e a supervisão dos
fundos de investimento são de competência da Comissão de Valores Mobiliários.

Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários

As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade
limitada, devendo constar na sua denominação social a expressão "Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários". Algumas de suas atividades:
intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado; administram e custodiam as carteiras de títulos e valores
mobiliários; instituem, organizam e administram fundos e clubes de investimento; operam no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo
títulos e valores mobiliários, inclusive ouro financeiro, por conta de terceiros; fazem a intermediação com as bolsas de valores e de mercadorias; efetuam
lançamentos públicos de ações; operam no mercado aberto e intermedeiam operações de câmbio. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil
(Resolução CMN 1.120, de 1986).

3.9. SOCIEDADES DE CAPITALIZAÇÃO

Sociedades de capitalização - são entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitalização) que
têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar
parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito de concorrer a
sorteios de prêmios em dinheiro. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.susep.gov.br

P á g i n a | 88 Introdução à Economia
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ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Entidades abertas de previdência complementar - são entidades constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir
e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas
físicas. São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão
regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.susep.gov.br

ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (FUNDOS DE PENSÃO)

As entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) são organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos
e são acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas ou aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, entes denominados patrocinadores ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial,
denominadas instituidores. As entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, por meio da
Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à aplicação dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei
Complementar 109, de 29 de maio de 2001. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.previdenciasocial.gov.br

Fonte: Banco Central do Brasil, disponível em http://www.bcb.gov.br/

A estruturação das instituições do sistema por especialização permitiu o

surgimento de inúmeras instituições e a diversificação de ativos financeiros

disponíveis aos poupadores. As principais instituições do sistema são: bancos

comerciais; bancos de investimento; sociedades de crédito; sociedade de crédito

imobiliário; associações de poupança e empréstimo; o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que fora criado em 1952; e os bancos

de desenvolvimento estaduais ou regionais.

Em 1976, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com status

de Autoridade Monetária para o segmento de mercado de capitais, cabendo-lhe as

funções de formular as normas e fiscalizar as instituições deste setor: bolsas de

valores, bolsas de futuro, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários,

sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários, sociedades de

investimentos e sociedades anônimas.

Outra inovação importante no Sistema Financeiro Nacional ocorreu em

dezembro de 1987, quando o Conselho Monetário Nacional permitiu aos intermediários

financeiros organizarem-se em bancos múltiplos. O banco múltiplo congrega sob uma

só pessoa jurídica diversas instituições financeiras, até então pessoas jurídicas

distintas, que passam a ser carteira dessa nova instituição. Assim o banco comercial

pode tornar-se a carteira comercial do banco múltiplo; o banco de investimento, a

P á g i n a | 89 Introdução à Economia
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carteira de investimento; a sociedade de crédito e financiamento, a carteira de

crédito e financiamento; a sociedade de crédito imobiliário, a carteira de crédito

imobiliário; e o banco de desenvolvimento a carteira de desenvolvimento. Um banco

para ser múltiplo deve possuir pelo menos duas carteiras, sendo a carteira comercial

obrigatória.

3.3.2 Política Monetária

Entende-se por política monetária as ações do Banco Central para

exercer o controle da expansão da moeda e do crédito, visando metas desejadas de

taxa de juros, crescimento da economia, nível de emprego e estabilidade de preços. A

atuação do Banco Central se dá, em essência, sobre a disponibilidade e o custo das

Reservas Bancárias, criando ou destruindo essas reservas para exercer o controle dos

meios de pagamento.

3.3.2.1 Instrumentos de Política Monetária

Para que as Autoridades Monetárias possam executar a Política

Monetária, elas se utilizam de alguns instrumentos para influenciar a oferta de moeda

e regular a taxa de juros. Essas Autoridades Monetárias não têm condições de

interferir, diretamente, no cotidiano dos agentes econômicos, como por exemplo, para

aumentar ou para reduzir o nível de consumo. Dessa forma, através da ação sobre as

reservas bancárias e das taxas de juros, indiretamente induzem o público a alterar o

perfil de seus gastos.

Os principais instrumentos da política monetária são:

 controle direto da quantidade de dinheiro em circulação;

 operações no mercado aberto;

 fixação da taxa de reservas (ou compulsório);

P á g i n a | 90 Introdução à Economia
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 fixação da taxa de redesconto;

 controle seletivo de crédito.

I. Controle do dinheiro em circulação:

Este instrumento se relaciona diretamente com a questão da emissão do

dinheiro e sua circulação por intermédio das Autoridades Monetárias. Normalmente a

emissão de moeda se destina ao financiamento de déficits orçamentários do governo,

para concessão de empréstimos de liquidez às instituições bancárias e para a

realização de operações de compra e venda de moeda estrangeira.

II. Operações no mercado aberto:

As operações no mercado aberto consistem na compra e venda de títulos

públicos por parte do Banco Central, objetivando regular os fluxos gerais de liquidez

da economia. Quando há excesso de oferta monetária o Banco Central realiza

operações de venda de Títulos Públicos. Reduz-se, dessa forma, a quantidade de

dinheiro em poder do público e dos bancos, contraindo-se, portanto, os meios de

pagamento. Caso a oferta monetária seja insuficiente, o Banco Central realiza

operações de compra dos Títulos Públicos. Ao comprar títulos, ele injeta dinheiro no

sistema provocando, então, uma expansão dos meios de pagamento.

III. Fixação da taxa de reserva (ou compulsório):

Este é outro instrumento utilizado pelas Autoridades Monetárias para

controlar a oferta de dinheiro, atuando diretamente sobre os bancos. Essas reservas,

conhecidas como depósitos compulsórios, são mantidas pelas instituições bancárias

junto ao Banco Central, em uma proporção dos depósitos a vista mantidos pelos

bancos. Esse instrumento atua diretamente sobre o nível de reservas dos bancos

comerciais sendo, portanto, bastante eficiente, já que mudanças nessa variável

P á g i n a | 91 Introdução à Economia
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influem no multiplicador bancário com reflexos diretos no nível de expansão ou

contração dos meios de pagamento.

Uma elevação na taxa de compulsório provocará uma diminuição dos meios

de pagamento, uma vez que reduz as disponibilidades dos bancos para empréstimos.

Inversamente, se o Banco Central reduz a taxa de compulsório, as disponibilidades

para empréstimos aumentam, provocando uma elevação dos meios de pagamento.

IV. Fixação da taxa de redesconto:

O redesconto é um empréstimo que os bancos comerciais recebem do

Banco Central para cobrir eventuais problemas de liquidez. A taxa de juros cobrada

sobre esses empréstimos é chamada de Taxa de Redesconto. Uma elevação da taxa

de redesconto induzirá os bancos comerciais a aumentar suas reservas voluntárias.

Assim fazendo, eles evitam incorrer em altos custos financeiros decorrentes de

dificuldades momentâneas de caixa.

Um aumento nas reservas bancárias decorrente da elevação das taxas de

redesconto, faz com que o montante de empréstimos concedidos pelos bancos

comerciais diminua, reduzindo os meios de pagamento. Inversamente, uma redução na

taxa de redesconto, induzirá a uma redução das reservas bancárias e a uma expansão

dos meios de pagamento.

V. Controles seletivos de crédito:

As Autoridades Monetárias geralmente possuem poderes para controlar,

de forma direta, o nível de determinado ativo ou os termos em que os bancos

emprestam. As Autoridades Monetárias têm condições de controlar o volume e a

distribuição das linhas de crédito, impor um certo teto às taxas de juros e orientar a

finalidade na concessão créditos, determinando prazos, limites e condições.

P á g i n a | 92 Introdução à Economia
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3.3.2.2 Efeitos da Política Monetária

A política monetária adotada pelo governo atinge o setor real da

economia através das seguintes variáveis de cunho financeiro:

 taxa de juros;

 custo e disponibilidade de crédito;

 expectativa acerca de futuras taxas de juros; e

 riqueza privada.

A política monetária também produz efeitos nas seguintes variáveis:

 Efeitos sobre a demanda agregada: um aumento na oferta

monetária fará a taxa de juros cair e incidirá positivamente sobre

a demanda agregada, aumentando o gasto com consumo. O mesmo

ocorrerá com o investimento, pois para as empresas, ficará mais

barato o financiamento dos bens de capital. Paralelamente, uma

redução da quantidade de dinheiro fará a demanda agregada

diminuir.

 Efeitos sobre a inflação: os economistas monetaristas defendem

que a inflação é causada por um aumento excessivo de oferta

monetária. Por isso, para eles, o controle do crescimento da oferta

monetária é um fator chave para conter o aumento dos preços.

 Efeitos sobre a entrada de capitais estrangeiros: uma taxa de

juros elevada incentivará a entrada de capital estrangeiro e

reduzirá a fuga de capitais, por sua maior remuneração.

É no mercado monetário que são realizadas as operações financeiras de

curto e curtíssimo prazos. Dele fazem parte órgãos financeiros que negociam títulos

e valores, concedendo empréstimos a empresas ou a particulares a curto e curtíssimo

P á g i n a | 93 Introdução à Economia
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prazos, contra o pagamento de juros. Nele são financiados, também, os desencaixes

momentâneos de caixa dos bancos comerciais e do Tesouro Nacional.

É neste mercado que são realizadas as operações de mercado aberto,

inclusive as operações de um dia, conhecidas como operações de overnight.

Este mercado serve também como instrumento de política monetária,

onde o Banco Central atua para controlar o nível de liquidez da economia. Quando o

governo pretende reduzir a liquidez, ou seja, retirar o dinheiro de circulação, ele

vende Títulos Públicos (Notas do Tesouro Nacional - NTN; Letras do Tesouro

Nacional - LTN; Bônus do Banco Central - BBC; Letras do Banco Central - LBC.); e

quando deseja aumentar a liquidez, compra esses títulos, injetando de volta o dinheiro

no sistema econômico.

P á g i n a | 94 Introdução à Economia
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Saiba mais....
 Se você quiser saber quanto de moeda corrente existe em circulação no
país,acesse o site:
<http://www5.bcb.gov.br/adm/mecir/principal.asp?id=dincirc>.
 Veja neste estudo do Banco Central como o brasileiro se relaciona com a
moeda:
<http://www.bcb.gov.br/htms/Apresentacao_BACEN_DataFolha_resumo2007.
pdf>.
 Informações sobre como é calculado o PIB no Brasil e sua evolução durante os
últimos anos Endereços:
http://www.ibge.gov.br/home/
http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadata
 Pesquise também na Fundação IBGE – Sistema de Contas Nacionais – Tabela
de recursos e usos – Metodologia. Diretoria de Pesquisa, texto para discussão
interna número 88, dezembro de 1998 em :
http://www.ibge.gov.br/home/

P á g i n a | 95 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Atividades de Aprendizagem

1- Como a Micro e a Macroeconomia podem ser utilizadas pelos gestores das

empresas no auxílio de suas decisões?

2- Quais as questões que a Micro e a Macroeconomia discutem que interessa a

população como um todo e que faz parte do seu dia-a-dia?

3- Quais os principais instrumentos das políticas Macroeconômicas?

4- Quais os mercados que a Macroeconomia estuda?

5- Quais os pressupostos para a racionalidade do consumidor?

6- Quais as características das curvas de indiferença?

7- O que significa a restrição orçamentária para o consumidor?

8- Descreva as funções da moeda.

9- Comente e discuta os motivos para a demanda da moeda.

10-Quais são os instrumentos da Política Monetária.

11- Propomos que você faça uma tabela da evolução do M1, M2, M3 e M4 do Brasil

de 2006 a 2011. O que você achou?

P á g i n a | 96 Introdução à Economia
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4 UNIDADE 4 – NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

O objetivo desta unidade é apresentar os determinantes do

comércio internacional, seus ganhadores e perdedores, bem como

os argumentos a favor da restrição ao comércio. Após você ter

tomado conhecimento sobre o papel da política monetária na

economia, é hora que conhecer como o comércio internacional de

desenvolve, cujo objetivo é ampliar a economia. O comércio

permite que os países ou regiões se especializem naquilo que

fazem melhor e possam desfrutar assim, de uma maior quantidade

de produtos e serviços, para isto vamos estudar algumas das mais

importantes teoria de Comércio Internacional.

Os economistas clássicos consideravam o comércio internacional a mola

mestra do desenvolvimento econômico, por possibilitar a expansão dos mercados, a

redução dos custos médios e dos preços dos produtos, seguidos por um aumento dos

lucros. À medida que os países especializam-se na produção dos bens para os quais sua

produtividade é maior, o produto mundial aumenta. A elevação do nível de renda de um

país provoca o aumento de suas importações, o que acaba beneficiando os países

exportadores.

Essas interdependência entre as nações aumentaram com a globalização

da economia mundial, nos anos recentes, provocando nas diferentes economias

nacionais tanto efeitos progressivos como efeitos regressivos sobre o crescimento

econômico. O conhecimento dos mecanismos do comércio internacional, com a ajuda

dos instrumentos de análise fornecidos pela teoria econômica, é de fundamental

importância para a formulação de políticas macroeconômicas no interior da economia

nacional.
P á g i n a | 97 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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4.1 Conceitos Básicos

O comércio internacional diferencia-se do comércio inter-regional,

basicamente, pela existência de moedas, legislações e políticas econômicas diferentes.

Além disso, os mercados são geograficamente separados e mais distantes, o que

implica custos de transporte mais elevados, inibindo a comercialização de muitos

produtos de menor alcance geográfico, bem como a mobilidade dos fatores de

produção.

O comércio internacional precisa ser monitorado pelas autoridades

econômicas porque é necessário ter um controle das necessidades de moedas

estrangeiras para efetuar os pagamentos necessários. De outro lado, os gastos

externos têm influência sobre a economia nacional, afetando variáveis

macroeconômicas importantes, como os preços internos, o nível de emprego e de

renda. Assim, as autoridades econômicas costumam acompanhar o desempenho e a

evolução das relações comerciais do país com o resto do mundo, registrando-as no que

é conhecido como balanço de pagamentos. Atenção especial precisa ser dada ao

mercado de divisas e à disponibilidade de moedas estrangeiras, porque grandes

variações na taxa de câmbio afetam as contas externas, tornando necessário o país

adotar políticas alternativas de ajuste do balanço de pagamentos.

4.2 Teorias do Comércio Internacional

As teorias do comércio internacional estudadas nesta seção, objetiva

explicar os motivos pelos quais os países têm relações comerciais com o resto do

mundo.

P á g i n a | 98 Introdução à Economia
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4.2.1 Teoria Clássica do Comércio: as contribuições de A. Smith e D.

Ricardo.

Adam Smith e David Ricardo são os principais economistas clássicos que

se preocuparam em estudar e elaborar uma teoria de comércio internacional. Suas

teorias consistem em mostrar que as relações comerciais entre os países são

determinadas pelas diferenças de custos de produção, medidos em produtividade de

trabalho.

A análise de A. Smith diz que cada país, visando à expansão do mercado

além de suas fronteiras, deve especializar-se na produção de bens em que existam

vantagens absolutas, bem como deve importar os bens para os quais ocorram

desvantagens absolutas. Em outras palavras, o comércio internacional é dinamizado

quando os países produzem e exportam produtos cujos custos de produção são, em

termos absolutos, menores do que os custos de produção dos produtos produzidos nos

países concorrentes.

Pelo exposto, o comércio internacional não seria vantajoso se algum país

apresentasse vantagens absolutas na produção de todos os bens em relação a seus

parceiros comerciais. Segundo David Ricardo, o que determina se um bem deve ser ou

não produzido são os custos comparativos e não os custos absolutos. Assim, mesmo

que um país produza todos os bens com os menores custos de produção em relação ao

resto do mundo, os ganhos de comércio ocorrem se os preços relativos dos bens

produzidos pelos países envolvidos no processo de troca forem diferentes. Dessa

forma o país seria beneficiado se produzisse apenas aqueles bens para os quais os

custos forem menores, importando de outros países os produtos com menores

vantagens de custos.

P á g i n a | 99 Introdução à Economia
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4.2.2 Teoria Neoclássica do Comércio: o modelo Heckscher-0hlin

Ao contrário da teoria clássica que considera o trabalho o único fator de

produção, o que faz com que o comércio seja determinado pelas diferenças na

produtividade do trabalho, a teoria neoclássica busca mostrar que a vantagem

comparativa é influenciada pela interação entre os recursos, conforme a abundância

relativa dos fatores de produção, e a tecnologia adotada na produção dos diferentes

países. Desenvolvida pelos economistas suecos Eli Heckscher e Bertil Ohlin, a teoria

neoclássica do comércio internacional, intitulada de modelo Heckscher-Ohlin, enfatiza

que cada país especializa-se e exporta o produto no qual emprega, de forma intensiva,

o fator de produção relativamente abundante.

Dessa forma, os países com estoque maior de mão-de-obra e, portanto,

custos salariais menores, irão especializar-se na produção e exportação daqueles

produtos, utilizando técnicas intensivas em trabalho. Inversamente, os países com

escassez de mão-de-obra e abundância de capital, possuindo desse modo salários mais

altos, vão especializar-se na produção de bens, empregando tecnologia intensiva em

capital e poupadora de mão-de-obra.

4.2.3 Modernas Teorias do Comércio Internacional

As modernas teorias explicam o desenvolvimento do comércio

internacional pelo surgimento de economias de escala. Assim, são os retornos

crescentes de produção que fornecem aos países os incentivos para que ocorra

especialização e, por conseguinte, comercialização da produção além de suas

fronteiras. Os modelos de economias de escala, relacionados aos ganhos do comércio

internacional, estão centrados nas análises de mercado que operam em concorrência

imperfeita. Neste particular, destacam-se dois tipos de modelo: modelos de

concorrência monopolística, em que a diferenciação de produto é observada nos

setores intra-industriais e interindustriais, e modelos de dumping, em que a firma


P á g i n a | 100 Introdução à Economia
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monopolística cobra um preço de exportação abaixo do preço domesticamente

vendido.

Paralelamente à dinâmica estrutural dos mercados, os modelos de

economias de escala são explicados, também, pela difusão do progresso tecnológico, o

que está relacionado às políticas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Essas novas teorias do comércio internacional enfatizam que o

desenvolvimento tecnológico vem mudando os padrões do comércio entre as nações.

Assim, a teoria do ciclo de vida do produto, afirma que novos produtos e novos

processos de produção surgem nos países desenvolvidos que mais investem em

pesquisa e desenvolvimento. Posteriormente, com o surgimento de concorrentes

produzindo um produto similar, o preço de mercado se reduz. Assim, a empresa inicial

obriga-se a produzir em outra região, com menores custos salariais. Continuando a

concorrência, novos produtos similares surgem no mercado, obrigando a empresa a

produzir em um país em desenvolvimento, com níveis salariais menores.

A diversificação da estrutura produtiva dos países em desenvolvimento,

nesse caso, fica explicada pelo ciclo de vida do produto e não apenas pelas vantagens

comparativas.

P á g i n a | 101 Introdução à Economia


INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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4.3 Políticas Comerciais e Finanças Internacionais

A existência do comércio internacional, nos moldes analisados até o

momento, que na terminologia técnica seria o Livre Comércio, sofre interferências

governamentais através do instrumento denominado Política Comercial Internacional,

onde são introduzidas ações artificiais que possibilitam ou o incremento das

exportações, ou redução nas importações, ou ambos.

4.3.1 Obstáculos ao Livre Comércio

Apesar das vantagens do livre comércio entre países, existe uma série de

fatos que aconselham, ou justificam, em certos casos, certo grau de intervencionismo

do Estado, para limitar a entrada de determinados produtos no país. Os principais

argumentos utilizados para justificar o estabelecimento de medidas protecionistas

são os seguintes:

 Argumento da indústria nascente

Uma indústria nascente pode não estar em condições de sobreviver à

competição externa (trustes e cartéis). Esse argumento sustenta que tais indústrias

deveriam ser protegidas, ao menos temporariamente, por altas tarifas ou cotas até

que conseguissem desenvolver eficiência tecnológica e economias de escala que lhes

possibilitassem concorrer com as indústrias estrangeiras.

 Argumento da Segurança Nacional

Deve-se procurar proteger indústrias consideradas estratégicas do ponto

de vista de segurança nacional.

 Argumento de Proteção ao Emprego

P á g i n a | 102 Introdução à Economia


INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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Deve-se promover a substituição de importações por bens fabricados no

próprio país, estimulando-se a criação de novas indústrias e a geração de novos

empregos.

 Argumento do combate aos Déficits Comerciais

Deve-se combater os déficits que se apresentam entre as exportações e

importações.

4.3.2 As Principais Medidas Intervencionistas

O governo pode criar restrições ao comércio internacional, dentre as

quais destacam-se as seguintes:

1. Impostos de importação ou tarifas aduaneiras. Uma tarifa

aduaneira ou imposto de importação é um pagamento que as

autoridades econômicas exigem para a importação de produtos de

outros países, com o objetivo de elevar o seu preço de venda no

mercado interno e assim proteger os produtos nacionais da

concorrência de produtos mais baratos.

2. Contingenciamento ou cotas à importação. Sem prejuízo da medida

anterior, os governos podem impor restrições para determinados

bens estrangeiros, isto é, limitam a quantidade que pode importar

desses bens, qualquer que seja o seu preço.

3. Subsídios às exportações. O subsídio à exportação é uma ajuda ao

fabricante nacional de determinados bens para que possa exportá-

los a preços menores e mais competitivos.

4. Barreiras não-tarifárias. São regulamentações administrativas que

discriminam os produtos estrangeiros e favorecem os nacionais, tais

como: procedimentos aduaneiros complexos e custosos, normas

administrativas de qualidade e sanitárias muito restritivas.


P á g i n a | 103 Introdução à Economia
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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5. Incentivos às exportações. O incentivo a ser adotado pelo governo

para que o preço do produto nacional se torne mais barato do que o

preço do similar estrangeiro pode ser o dos incentivos fiscais às

exportações ou, ainda, de incentivos creditícios (juros mais

baratos). O governo utiliza, também, os incentivos burocráticos,

como a eliminação de diversos trâmites legais que deveriam ser

observados nas exportações.

4.3.3 Organizações Comerciais e Monetárias Internacionais

Como se observa na seção anterior, as políticas comerciais dos diferentes

países acabam afetando as exportações mundiais e portanto, o nível interno de renda

e emprego em diferentes países. Para minimizar esses problemas, foi firmado em

1947, em Genebra, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), tendo como

base o livre comércio entre os países.

O GATT tinha os seguintes objetivos:

 dar tratamento igual, sem discriminação, a todas as nações

participantes;

 reduzir as tarifas de importações entre os países, mediante

negociação; e

 eliminar gradualmente as cotas de importação.

Os conflitos entre os países-membros deveriam ser resolvidos por

consultas, podendo resultar em acordos comerciais. O GATT permitia exceções nas

suas regras gerais. Por exemplo, se um país estivesse passando por dificuldades em

sua balança de transações correntes poderia estabelecer temporariamente tarifas

restritivas.

P á g i n a | 104 Introdução à Economia


INTRODUÇÃO À ECONOMIA
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A Rodada Uruguai, que compreendeu um conjunto de negociações

realizadas em Punta del Est, no Uruguai, em 1986, terminando em Marrakesh no

Marrocos, em 1994, envolveu 116 nações participantes. A Rodada Uruguai

transformou o GATT na Organização Mundial de Comércio (OMC) e incluiu os

serviços e direitos autorais no acordo geral. A criação da OMC em janeiro de 1995,

foi um avanço, porque se transformou um Acordo Geral em Organismo Internacional

empenhado no desenvolvimento do comércio mundial.

Os primeiros acordos para promover o comércio internacional ocorreram

na área financeira, mas havia grandes dificuldades em conciliar interesses

conflitantes. Em 1930, foi criado na Basiléia (Suíça) o Banco Internacional de

Pagamentos, com o fim de administrar as reparações de guerra a serem pagas pela

Alemanha (tornou-se uma espécie de embrião de um banco central do mundo).

Em 1944, os países aliados reuniram-se em Bretton Woods com a idéia de

criar um verdadeiro banco central internacional, com uma moeda própria. Nessa

reunião foi criado o Fundo Monetário Internacional (FMI) com o objetivo de zelar

pelo bom funcionamento do sistema monetário internacional e, em particular, para

assegurar a sobrevivência das políticas de câmbio e conceder créditos aos membros

com dificuldades em seus balanços de pagamentos.

Em 1945, foi criado o Banco Internacional de Reconstrução e

Desenvolvimento (BIRD) ou Banco Mundial, com a finalidade de reconstruir os países

devastados pela II Guerra Mundial e estimular o crescimento do comércio

internacional, mediante empréstimos a médio e longo prazos.

Somente o BIRD ou FMI não eram suficientes para financiar o

desenvolvimento econômico da América Latina. Assim, em abril de 1959, foi criado

por 19 governos latino-americanos mais o Estados Unidos, o Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID), instituição financeira da OEA, para apoiar o desenvolvimento

P á g i n a | 105 Introdução à Economia


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econômico e social da região. Os recursos financeiros do BID são provenientes dos

países ricos, que os repassam aos países pobres, mediante o pagamento de juros.

4.3.4 Regionalização do Comércio Internacional

O comércio internacional tem-se desenvolvido ultimamente devido à

formação de blocos econômicos e a globalização da economia mundial. Esses blocos

iniciaram-se com a formação de acordos comerciais entre países, evoluindo para zonas

de livre comércio.

As zonas de livre comércio são formadas por países que concordam em

reduzir gradualmente as barreiras alfandegárias. Constitui exemplo a (ALALC)

Associação Latino-Americana de Livre Comércio, que foi criada em fevereiro de

1960 pelo Tratado de Montevidéu. A ALALC visava criar um amplo mercado, a

exemplo do Mercado Comum Europeu. Todavia, a ALALC não atingiu seus objetivos

pela heterogeneidade dos países membros, com políticas econômicas diversas, muitas

vezes antagônicas, e pelo nacionalismo existente na maioria desses países.

Em agosto de 1980, surgiu a Associação Latino-Americana de

Integração (ALADI), que sucedeu a ALALC, composta pelos mesmos países e com os

mesmos objetivos. A diferença entre os dois organismos foi a existência de acordos

de alcance parcial, em que poderiam participar apenas alguns países membros. Assim

surgiu o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), pelo Tratado de Assunção, em 1991.

Outro bloco econômico importante foi o que derivou do Acordo de Livre

Comércio da América do Norte (NAFTA), de 1989, reunindo os Estados Unidos, o

Canadá e o México.

Atualmente, o NAFTA deseja fazer acordos com outros mercados,

estendendo o bloco até o Sul do continente, por meio da criação da Associação de

Livre Comércio das Américas (ALCA), em dezembro de 1994.

P á g i n a | 106 Introdução à Economia


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Outros blocos importantes são:

a) Comunidade Andina: formado em maio de 1969 pela Bolívia,

Colômbia, Equador, Peru e Venezuela;

b) Mercado Comum Centro-Americano: formado em junho de 1961 por

Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá;

c) Comunidade do Caribe: criado em abril de 1968;

d) Associação de Nações do Sudoeste Asiático: formado em agosto

de 1967 por Brunei Darussalam, Cingapura, Filipinas, Indonésia,

Malásia, Tailândia e Vietnã;

e) Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral: formado

em 1997 pela África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Malavi,


Maurício, Moçambique, Namíbia, Congo, Seychelles, Suazilândia,
Zâmbia e Zimbábue;
f) Fórum Econômico da Ásia e do Pacífico (APEC): formado em 1989
pelo Japão, Coréia do Sul, China, Tailândia, Cingapura, Malásia,
Indonésia, Taiwan, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Rússia, Perú,
Chile, México, Estados Unidos e Canadá.

Apesar da existência de um consenso internacional de que os países

devem reduzir as barreiras alfandegárias para aumentar a mobilidade de bens e

fatores de produção entre os países, ainda há muitas barreiras não tarifárias. Essas

são formas disfarçadas de protecionismo, praticadas sobretudo pelos países

desenvolvidos. (Produtos agrícolas, alimentos, produtos siderúrgicos e calçados). As

principais restrições não tarifárias são exigências burocráticas, normas técnicas,

controle fitossanitário e de qualidade, proteção ao meio ambiente e condições de

trabalho nos setores exportadores dos países emergentes.

P á g i n a | 107 Introdução à Economia


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4.4 O Balanço de Pagamentos

O balanço de pagamentos de um país é o registro sistemático de todas as

suas transações econômicas, seja de bens e serviços, seja de fluxos de capital, com o

resto do mundo. Em outras palavras, o balanço de pagamentos contabiliza os

pagamentos realizados e recebidos pelos diversos setores da economia, tais como

indivíduos, empresas e governo, durante um período de tempo, em relação à economia

mundial.

A estrutura do balanço de pagamentos pode ser apresentada em duas

principais contas: transações correntes e movimento de capitais.

A conta de transações correntes tem como componentes a balança

comercial, que consiste nas exportações e importações de bens do país para com o

resto do mundo; a balança de serviços, que envolve os recebimentos e pagamentos

por serviços prestados em termos de transporte, seguros, assistência técnica,

consultoria, royalties (filmes, tv, direitos autorais), viagens internacionais (turismo), e

juros de empréstimos; e as transferências unilaterais, que englobam as doações e

remessas voluntárias recebidas de indivíduos (trabalhando no exterior) e entidades

internacionais. A conta de movimento de capitais mostra o fluxo de investimento,

empréstimo e financiamento a curto e longo prazos e amortização de empréstimos e

financiamentos.

Quadro 4 Balanço de Pagamentos do Brasil de 1950 até 2012 (intervalo de


decênios)

Balanço de pagamentos US$ milhões


Discriminação 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2012

TRANSAÇÕES CORRENTES 93 ‐518 ‐839 ‐12739 ‐3784 ‐24225 ‐54246

Balança comercial (FOB) 414 ‐24 232 ‐2823 10752 ‐698 19431

Exportação de bens 1355 1269 2739 20132 31414 55086 242580

Importação de bens ‐942 ‐1293 ‐2507 ‐22955 ‐20661 ‐55783 ‐223149

Serviços e Rendas ‐319 ‐498 ‐1092 ‐10059 ‐15369 ‐25048 ‐76523

Serviços ‐209 ‐304 ‐473 ‐3039 ‐3596 ‐7162 ‐41075

Receita 41 187 313 1665 3752 9498 39864

Despesa ‐250 ‐491 ‐786 ‐4704 ‐7348 ‐16660 ‐80939

Transportes ‐121 ‐78 ‐185 ‐1936 ‐1644 ‐2896 ‐8769

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Receita 16 46 159 814 1348 1409 5422

Despesa ‐137 ‐124 ‐344 ‐2750 ‐2991 ‐4305 ‐14191

Viagens internacionais ‐3 ‐48 ‐130 ‐241 ‐90 ‐2084 ‐15588

Receita 5 24 30 126 1492 1810 6645

Despesa ‐8 ‐72 ‐160 ‐367 ‐1582 ‐3894 ‐22233

Rendas ‐110 ‐194 ‐619 ‐7020 ‐11773 ‐17886 ‐35448

Receita 2 5 64 1406 1158 3621 10888

Despesa ‐112 ‐199 ‐683 ‐8426 ‐12931 ‐21507 ‐46335

Transferências unilaterais correntes 4/ ‐2 4 21 143 833 1521 2846

Receita 2 32 87 306 875 1828 4626

Despesa ‐4 ‐28 ‐66 ‐164 ‐42 ‐307 ‐1780

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA ‐111 493 1281 9610 4592 19326 72762

Conta Capital 0 0 0 25 1 273 ‐1877

Transferências unilaterais de capital 0 0 0 25 1 272 ‐1947

Receita 0 0 0 29 1 300 2010

Despesa 0 0 0 ‐4 0 ‐28 ‐3957

Bens não financeiros não produzidos 5/ 0 0 0 0 0 0 70

Receita 0 0 0 0 0 0 70

Despesa 0 0 0 0 0 0 0

Conta Financeira ‐111 493 1281 9585 4591 19053 74639

Investimento Direto 39 138 378 1544 364 30498 68093

Investimento brasileiro direto 0 0 ‐14 ‐367 ‐625 ‐2282 2821

Crédito 0 0 0 1 1 953 20707

Débito 0 0 ‐14 ‐368 ‐625 ‐3234 ‐17886

Participação no capital 0 0 ‐14 ‐367 ‐625 ‐1755 ‐7555

Retorno 0 0 0 1 1 840 6163

Aplicação 0 0 ‐14 ‐368 ‐625 ‐2595 ‐13718

Investimento estrangeiro direto 39 138 392 1910 989 32779 65272

Crédito 47 138 398 2041 1388 40290 84256

Débito ‐8 0 ‐7 ‐131 ‐400 ‐7511 ‐18984

Participação no capital 39 138 392 1910 901 30016 52838

Ingresso 47 138 398 2041 1131 33403 60543

Moeda 11 36 120 1511 511 31610 55581

Autônomo 11 36 120 1511 511 24560 55581

Privatização 0 0 0 0 0 7051 0

Conversão 0 0 0 39 283 1710 4940

Mercadoria 0 63 2 79 64 83 22

Reinvestimento 36 39 276 411 273 0 0

Saída ‐8 0 ‐7 ‐131 ‐230 ‐3387 ‐7705

Investimento em Carteira 0 0 30 351 472 6955 8273

Investimento brasileiro em carteira 0 0 0 0 ‐107 ‐1696 ‐8260

Retorno 0 0 0 2 1 2888 7938

Aplicação 0 0 0 ‐2 ‐107 ‐4584 ‐16198

Ações de companhias estrangeiras 0 0 0 0 ‐107 ‐1953 ‐2275

Retorno 0 0 0 2 1 1970 521

Aplicação 0 0 0 ‐2 ‐107 ‐3923 ‐2796

Brazilian Depositary Receipts ‐ BDR 0 0 0 0 0 ‐945 ‐447

Retorno 0 0 0 0 0 1669 11

Aplicação 0 0 0 0 0 ‐2614 ‐458

Demais 0 0 0 0 ‐107 ‐1008 ‐1828

Retorno 0 0 0 2 1 301 510

Aplicação 0 0 0 ‐2 ‐107 ‐1309 ‐2338

Títulos de renda fixa LP e CP 0 0 0 0 0 258 ‐5986

Retorno 0 0 0 0 0 918 7416

Aplicação 0 0 0 0 0 ‐660 ‐13402

Títulos de renda fixa LP 0 0 0 0 0 258 ‐5986

Retorno 0 0 0 0 0 918 7416

Memo: retorno de colateral 0 0 0 0 0 245 0

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Aplicação 0 0 0 0 0 ‐660 ‐13402

Investimento estrangeiro em carteira 0 0 30 351 579 8651 16534

Crédito 0 0 39 396 824 38816 155250

Débito 0 0 ‐9 ‐45 ‐245 ‐30165 ‐138716

Ações de companhias brasileiras 0 0 30 ‐12 104 3076 5600

Ingresso 0 0 39 5 171 18346 122849

Saída 0 0 ‐9 ‐16 ‐67 ‐15270 ‐117249

Negociadas no país 0 0 30 ‐12 104 ‐3262 5920

Ingresso 0 0 39 5 171 10425 122654

Saída 0 0 ‐9 ‐16 ‐67 ‐13687 ‐116734

Títulos de renda fixa LP e CP 0 0 0 363 475 5575 10934

Crédito 0 0 0 391 653 20470 32401

Débito 0 0 0 ‐29 ‐178 ‐14895 ‐21467

Negociados no exterior LP e CP (líquido) 0 0 0 363 475 5774 5883

Bônus LP 0 0 0 363 ‐156 3707 58

Ingresso 0 0 0 391 22 12222 3867

Novo ingresso 0 0 0 391 22 6086 3867

Amortização 0 0 0 ‐29 ‐178 ‐8515 ‐3810

Paga 0 0 0 ‐29 ‐178 ‐2370 ‐3810

Valor de face 0 0 0 ‐29 ‐178 ‐2370 ‐3469

Derivativos (líquido) 0 0 0 43 2 ‐197 25

Ativos (líquido) 0 0 0 43 2 386 150

Passivos (líquido) 0 0 0 0 0 ‐583 ‐125

Outros Investimentos ‐150 355 873 7648 3753 ‐18202 ‐1753

Outros investimentos brasileiros 0 ‐57 ‐127 ‐589 ‐2055 ‐2989 ‐24278

Empréstimo e financiamento LP e CP 0 0 ‐6 ‐31 ‐102 ‐282 ‐16893

Empréstimo e financiamento LP 0 0 ‐6 ‐31 ‐50 ‐375 ‐287

Amortização recebida 0 0 1 1695 122 594 264

Desembolso 0 0 ‐7 ‐1726 ‐172 ‐969 ‐551

Empréstimo e financiamento CP (líquido) 0 0 0 0 ‐52 93 ‐16606

Moeda e depósito (líquido) 0 0 ‐29 ‐398 ‐2750 ‐1774 ‐6765

Bancos (líquido) 0 0 ‐29 ‐279 ‐2707 1321 ‐4007

Demais setores (líquido) 0 0 0 ‐119 ‐42 ‐3095 ‐2759

Dos quais: retorno de colaterais 0 0 0 0 0 166 0


Outros ativos LP e CP (líquido) 0 ‐57 ‐92 ‐160 797 ‐933 ‐620

Outros ativos LP (líquido) 0 ‐57 ‐92 ‐67 ‐28 ‐105 ‐155

Outros ativos CP (líquido) 0 0 0 ‐94 825 ‐828 ‐464

Outros investimentos estrangeiros (líquido) ‐150 412 1001 8237 5808 ‐15213 22525

Crédito comercial ‐ fornecedores LP e CP 0 0 0 ‐143 36 ‐6409 14719

Crédito comercial ‐ fornecedores LP 0 0 0 0 ‐180 ‐2987 ‐458

Ingresso 0 0 0 0 693 2675 1252

Amortização 0 0 0 0 ‐873 ‐5663 ‐1710

Amortização paga 0 0 0 0 ‐518 ‐5663 ‐1710

Amortização atrasada 0 0 0 0 ‐356 0 0

Crédito comercial ‐ fornecedores CP (líquido) 0 0 0 ‐143 216 ‐3422 15177

ERROS E OMISSÕES ‐12 11 92 ‐343 ‐328 2637 384

RESULTADO DO BALANÇO ‐30 ‐14 534 ‐3472 481 ‐2262 18900

HAVERES DA AUTORIDADE MONETÁRIA (‐=aumento) 30 14 ‐534 3472 ‐481 2262 ‐18900

Fonte: http://www.bcb.gov.br em 24/02/2013


1/ Até 1952, engloba as seguintes modalidades de serviços: financeiros; informação; royalties e licenças; comunicações; relativos ao comércio; serviços empresariais, profissionais e
técnicos e serviços pessoais, culturais e recreação.
2/ Até 1978, o total de lucros e dividendos foi considerado como rendas de investimento direto. A partir de 1979, foi distribuído em investimentos direto e carteira.
3/ Até 1981, o total de juros foi considerado como rendas de outros investimentos. A partir de 1982 foi distribuído em investimento direto (empréstimo intercompanhia), investimento
em carteira (títulos de renda fixa) e outros investimentos.
4/ Até 1978, inclui as transferências unilaterais de capital.
5/ Inclui cessão de marcas e patentes.
6/ As amortizações relativas os empréstimos recebidos até 1966 estão alocadas nas modalidades correspondentes em "demais setores".
7/ Até 1995, outros empréstimos da Autoridade Monetária estão alocados nas modalidades correspondentes em "demais setores".
... : não disponível.

P á g i n a | 110 Introdução à Economia


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A conta erros e omissões, registra as divergências que possam haver

entre os pagamentos e recebimentos realizados contabilmente.

O Resultado do balanço de pagamentos consiste no somatório das

contas de transações correntes e de movimento de capitais e na conta erros e

omissões. As situações de déficit ou superávit representam desequilíbrios nas

relações econômicas do país com o resto do mundo e não podem perdurar por muito

tempo. Um déficit prolongado implica na redução de reservas internacionais, bem

como, financiamento do déficit através do endividamento externo. Por outro lado, um

superávit sistemático, além de gerar problemas de relacionamento externo,

compromete as metas de política econômica, especialmente relacionadas à expansão

dos meios de pagamento, desestabilizando o comportamento das variáveis reais da

economia como inflação, taxa de juros, etc.

P á g i n a | 111 Introdução à Economia


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Saiba mais....
 Sobre o comportamento do balanço de pagamentos do Brasil, sumário
metodológico de toda estrutura em:
http://WWW.bcb.gov.br/sddsp/balpagam_p.htm
 Sobre negociações internacionais e informações sobre a Organização Mundial
do Comércio em:
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/secex/negInternacionais/omc/gatt.php

P á g i n a | 112 Introdução à Economia


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Atividades de Aprendizagem

1. Dentre as Teorias de Comércio Internacional, temos duas principais no

modelo clássico, descreva cada uma delas e faça uma comparação.

2. O que a Teoria Neoclássica relata sobre o comércio internacional?

3. Segundo Mankiw (2005, p.182) “...os países Poe vezes deixaram de gozar dos

benefícios do comércio simplesmente porque os perdedores têm mais força

política que os ganhadores. E os perdedores fazem lobby por restrições

comerciais, com tarifas e cotas de importação...” Comente, a luz do que

ocorre no Brasil.

4. Quais são os obstáculos ao livre comércio?

5. Quais as principais medidas intervencionistas?

6. Descreva o que é uma tarifa e relate seus efeitos econômicos quando é

adotada.

7. Pesquise na internet, no site do Banco Central (WWW.bcb.gov.br), IBGE

(WWW.ibge.gov.br) ou IPEA (WWW.ipea.gov.br), os números sobre o

comportamento do balanço de pagamentos do Brasil de 2006 a 2010. O que

lhe chamou mais a atenção? Analise a evolução das principais contas.

8. O Estado da Federação onde você reside exporta o quê? Importa o quê? O

que você acha disso para o desenvolvimento do Estado?

P á g i n a | 113 Introdução à Economia


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5 UNIDADE 5 – ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO


Nesta unidade estudaremos o Governo no seu sentido geral como

setor público. O setor público inclui as instituições

governamentais propriamente ditas tais como os Ministérios e

Secretarias da União, Estados e Municípios, os Tribunais e o

Congresso Nacional (Executivo, Legislativo e Judiciário) e as

empresas públicas tais como o Banco do Brasil, Caixa Econômica

Federal, Petrobrás, Correios, o INSS, etc. Vamos apresentar a

você os mecanismos de intervenção do setor público na economia,

e o porquê da necessidade da regulação da economia. É

praticamente impossível, nos dias de hoje, procurar entender o

funcionamento da economia sem considerar o papel do setor

público nesse contexto.

As funções do setor público na atividade econômica cresceram

substancialmente no século XX, devido à evolução da própria sociedade. Em épocas

anteriores bastava a ação do Estado, assegurando Justiça e Segurança, para

maximizar o bem-estar social, cabendo ao setor privado a oferta dos demais bens e

serviços necessitados pela coletividade. Após a Grande Depressão, sobretudo,

surgiram novas funções para o Estado, não apenas no que diz respeito à

regulamentação da economia, ofertando bens públicos, como educação, saúde e

segurança, como também bens privados, como produtos siderúrgicos, energia,

transportes e telecomunicação.

Nos anos seguintes, a economia do setor público continuou sofrendo

alterações, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com novas funções

atribuídas ao Estado. Com a necessidade de reconstrução da Europa destruída pela

Guerra, o Estado aparece como o grande agente de fomento do desenvolvimento

P á g i n a | 114 Introdução à Economia


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econômico, elaborando planos de desenvolvimento, planejando investimentos em

setores estratégicos e criando empresas estatais.

5.1 Fundamentos da Economia do Setor Público

Na ótica da economia clássica, o Estado deveria realizar um mínimo de

funções, restringindo-se às mais essenciais, como educação, saúde e segurança. Cabia

aos indivíduos a busca da satisfação de suas necessidades pessoais, de forma que,

cada um, agindo segundo seus próprios interesses, acabaria promovendo o interesse

coletivo, mediante o livre funcionamento do mercado.

Assim, quando o empresário busca o seu interesse próprio, que é o lucro

máximo, ele mobiliza capitais, compra edifícios, máquinas e matérias-primas, contrata

serviços de outros agentes econômicos, aos quais paga salários, juros, aluguéis e

dividendos. Os trabalhadores buscam os melhores salários e procuram aperfeiçoar-se

em suas atividades, de sorte a melhorar sua produtividade e atingir seus objetivos.

Quando todos os agentes agem da mesma maneira, o produto global aumenta, gerando

maior riqueza para todos, de maneira que a busca do bem-estar individual acaba

gerando o bem-estar coletivo. Pela visão clássica, ao Estado cabe apenas regular o

livre funcionamento dos mercados e proporcionar a segurança nos negócios ao

assegurar o respeito às leis e à ordem.

5.1.1 A questão do bem-estar

A economia clássica supunha um mundo de concorrência perfeita, com os

mercados apresentando um grande número de compradores e vendedores, que

estabeleciam preços de equilíbrio estáveis. Os produtos finais eram homogêneos, sem

diferenciação. Imperava a hipótese da livre entrada e saída de firmas nas indústrias

e os preços e técnicas eram bem conhecidos. Desse modo, o equilíbrio nos mercados

assegurava a alocação eficiente dos recursos.

P á g i n a | 115 Introdução à Economia


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Assim, havia alocação ótima de recursos: o equilíbrio com maximização

de lucro correspondia à agregação dos equilíbrios parciais das firmas; existia

perfeita mobilidade de fatores produtivos e de bens no espaço, instantaneamente e

sem custos, sempre que houvesse modificações no preço de equilíbrio na indústria.

Todavia, na presença de concorrência imperfeita (monopólios, oligopólios,

cartéis, concorrência monopolística, etc.) a sociedade não atinge o máximo bem-estar.

A concorrência imperfeita implica em preços mais altos, com menores quantidades dos

produtos sendo ofertados e demandados no mercado. Os mecanismos de mercado

falham em elevar a produção ao nível ótimo de equilíbrio e o Estado precisa intervir

para evitar maiores reduções do bem-estar social e elevar o equilíbrio

macroeconômico.

5.1.2 Falhas de mercado

A impossibilidade de atingir a produção ótima, por imperfeições da

concorrência, é denominada falhas de mercado, decorrentes de indivisibilidade do

produto, externalidades, custo de produção decrescentes e mercados imperfeitos e

riscos e incertezas na oferta dos bens.

Para bens indivisíveis, não se pode estabelecer preços através do

mercado. É o caso da defesa nacional: os cidadãos necessitam de segurança contra

eventuais ataques militares de países estrangeiros e pagam por isso, indiretamente,

por meio de impostos. Porém, não se sabe quanto cada um pagará e qual a quantidade

do bem segurança nacional que cada cidadão irá utilizar.

Assim, um bem público só pode ser ofertado pelo setor público, pela

impossibilidade de serem fixados os preços e as quantidades demandadas. Cada

indivíduo paga pela segurança nacional, pelo total de sua contribuição tributária, e irá

beneficiar-se da oferta pública desse bem, independente do volume de sua

contribuição financeira.
P á g i n a | 116 Introdução à Economia
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Esses bens indivisíveis ou bens públicos são bens não rivais, implicando

que o consumo de um indivíduo não implicará em menor consumo de outro; da mesma

forma, o aumento da população não resultará na redução das quantidades ofertadas

desse bem, pois não exigirá necessariamente aumento dos gastos militares.

As externalidades ocorrem quando os benefícios e custos privados,

medidos pelos preços de mercado, diferem dos benefícios e custos sociais. As

externalidades podem ser negativas ou positivas.

As externalidades são negativas quando os custos sociais são maiores do

que os custos privados (ou os benefícios sociais são menores do que os benefícios

privados). Por exemplo, quando um cortume polui um rio, ele causa uma externalidade

negativa (ou deseconomia externa). Para obter lucros maiores (benefícios privados), a

firma não realiza gastos para evitar a poluição (menores custos privados). Como

conseqüência da poluição, o poder público gastará mais com o tratamento da água, o rio

terá menos peixe e a população não poderá usar suas águas com finalidade de lazer.

Outros exemplos de externalidades negativas: produção de fumo e seus

derivados; o tráfico de drogas; poluição e congestionamento de rodovias provocadas

pela indústria automobilística; fábrica de papel e celulose; indústrias petroquímicas;

etc.

Como exemplo de externalidades positivas, pode ser citado o caso da

atividade de reflorestamento. A empresa de reflorestamento tem seus custos e

benefícios privados, que se tornam menores do que os custos e benefícios sociais que

gera ao proporcionar um número maior de árvores em sua localidade. As árvores ainda

produzem flores, que podem ser aproveitadas pelas abelhas dos apicultores locais, que

terão seus benefícios aumentados sem terem a necessidade de plantar novas árvores.

Da mesma forma, há um benefício para a fauna, a qualidade do ar, ao regime de

chuvas, etc.

P á g i n a | 117 Introdução à Economia


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Outro exemplo de externalidade positiva é a atividade educacional e os

gastos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos e novos processos de

produção. Investimentos privados nessas áreas produzem benefícios sociais maiores

do que os gastos.

Outro caso de falha de mercado é o dos custos de produção

decrescentes e mercados imperfeitos. Esse é o caso de grandes unidades produtivas

que o setor privado não é capaz de construir. Como exemplo, no Brasil, temos as

siderurgias no início dos anos 50, as usinas hidrelétricas até os anos 80. Se o governo

não entrasse nessa área, as unidades ficariam com pequena dimensão, por falta de

capital; os custos médio e marginais seriam mais elevados, assim como os preços de

mercado, implicando também em oferta menor do produto. Outro exemplo:

telecomunicações; distribuição de combustíveis, etc.

Por último, pode haver falha de mercado pelos riscos e incertezas na

oferta de certos bens. Os agentes econômicos não possuem uma certeza absoluta

sobre a estabilidade dos preços e custos, o que lhes faz colocar um prêmio de risco

(ou sobre-preço) aos preços que praticam reduzindo-se as quantidades ofertadas e

demandadas. De outra parte, pela incerteza e risco, muitos bens deixaram de ser

produzidos, ficando a cargo do setor público. Por exemplo, devido aos riscos de

nacionalização de empresas estrangeiras em países subdesenvolvidos, os investimentos

privados estrangeiros deixam de ser efetuados em setores de rentabilidade mais

baixa. Outro exemplo: Petróleo no Brasil (monopólio da Petrobrás).

5.1.3 As funções do setor público

O papel do Estado na economia tem se alterado no transcorrer do tempo.

Modernamente, destacam-se as seguintes funções do Estado, além dos serviços

públicos “típicos” ou clássicos relativos à segurança e à justiça:

P á g i n a | 118 Introdução à Economia


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a. função alocativa: compreende a oferta eficiente de bens

públicos, através de produção própria ou por empresas privadas. O

mecanismo de preços assegura a oferta da grande maioria de bens

e serviços de que a população necessita. Porém, se em razão de

falhas de mercado ou por outro motivo alguns bens e serviços

deixarem de ser ofertados, o governo intervém decidindo “o quê e

quanto produzir”, independente do mercado.

b. função redistributiva: compreende a realização de ajustes na

distribuição da renda e da riqueza entre as pessoas. Ela justifica-

se pelo fato de que o mercado nem sempre age na direção

socialmente desejada. Os instrumentos que o governo dispõe para

isso são os impostos de renda progressivo, incentivos fiscais para

as regiões mais pobres, transferência direta de renda para as

pessoas e para Estados ou municípios mais pobres, etc.

c. função estabilizadora: compreende a intervenção do governo para

elevar o nível de emprego, estabilidade dos preços e da moeda,

reduzir a taxa de inflação, equilíbrio no balanço de pagamentos,

elevar a taxa de crescimento econômico, etc. Os instrumentos que

se dispõe são os seguintes: políticas fiscais, políticas monetárias,

realização de gastos e de tributação, etc.

P á g i n a | 119 Introdução à Economia


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5.2 Participação do Setor Público na Economia

Para fazer frente às novas funções do setor público, tem crescido o

número de impostos e taxas a serem pagos pela coletividade. Com o aumento do

número de empresas estatais, principalmente nos países subdesenvolvidos, tem-se

agigantado o tamanho do Estado, com a expansão das despesas públicas.

A maior participação do governo na economia também, deve-se ao

crescimento demográfico (implicando em maiores gastos com educação, saúde,

segurança), ao aumento das funções administrativas do setor público, ao maior grau de

urbanização do país, à necessidade de ofertar bens públicos para o desenvolvimento

(novas infra-estruturas, novos meios de transporte e comunicações), etc.

5.2.1 Evolução das despesas e receitas públicas

A realidade de diversos países mostra que a relação entre o gasto público

e o Produto Interno Bruto aumenta com o crescimento deste, conforme mostram os

dados do quadro 5.

Quadro 5 Gastos Públicos dos EUA e da Alemanha


---------------------------+----------------------------------
EUA | Alemanha_
Anos % do PNB | Anos % do PILcf
---------------------------+----------------------------------
1890 6,5 1872 18,5
1902 7,3 1881 12,6
1922 12,6 1925 25,2
1940 17,6 1938 45,3
1950 23,1 1950 36,5
1970 32,2 1970 37,1
--------------------------------------------------------------
Fonte: Banco Mundial.

P á g i n a | 120 Introdução à Economia


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Quadro 6 Evolução e estrutura das receitas em alguns países


-----------------------------------------------------------------------------------------------
Países (1) (2) (3) (4) (5) (6)____
Selecionados 1980 | 1993 1980 | 1993 1980 | 1993 1980 | 1993 1980 | 1993 1980 | 1993
-----------------------------------------------------------------------------------------------
Países Desenvolvidos
Alemanha 18,7 15,0 54,2 46,2 23,1 24,5 0,0 0,0 0,1 7,9 3,9 6,4
Canadá 52,6 52,7 10,4 16,7 16,6 17,7 7,0 2,9 -0,2 0,0 13,6 10,0
Espanha 23,2 32,2 48,0 37,9 12,6 21,7 3,8 1,1 4,4 0,4 8,0 6,8
Estados Unidos 56,6 50,7 28,2 34,2 4,4 3,8 1,4 1,6 1,2 1,0 8,2 8,7
França 17,7 17,3 41,2 44,5 30,9 27,0 0,1 0,0 2,7 4,1 7,4 7,1
Itália 30,0 37,6 34,7 30,5 24,7 27,1 0,1 0,0 2,5 2,6 8,1 2,2
Japão 70,8 -- 0,0 -- 20,8 0,0 2,4 -- 0,8 -- 5,2 --
Reino Unido 37,7 35,3 15,6 16,4 27,8 32,1 0,1 0,1 5,7 7,6 13,1 8,5
Suécia 18,2 5,8 33,2 36,7 29,1 32,7 1,2 0,9 4,3 6,7 14,1 17,2
Países em Desenvolvimento
Brasil 10,7 16,5 25,0 28,6 32,1 17,6 7,1 1,7 3,6 5,5 21,4 30,0
Chile 17,6 19,3 17,4 6,6 35,8 45,8 4,3 9,9 4,9 5,9 19,9 12,4
Colômbia 24,9 -- 11,3 -- 22,6 -- 20,6 -- 6,8 -- 13,9 --
Coréia do Sul 22,3 31,4 1,1 8,3 45,9 34,2 15,0 5,8 3,2 7,6 12,5 12,6
Índia 18,3 18,7 0,0 0,0 42,5 32,1 22,0 24,9 0,6 0,4 16,6 23,9
México 36,7 -- 14,1 -- 28,9 -- 27,6 -- -12,6 -- 5,3 --
Paraguai 15,2 10,3 13,1 0,0 17,7 35,8 24,8 12,5 20,5 5,9 8,8 35,5
Uruguai 10,9 6,9 23,4 30,2 43,3 35,8 14,2 7,1 2,7 14,8 5,5 5,2
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
(1) - Sobre Renda, lucros e ganho de capital
(2) - Sobre Previdência social
(3) - Sobre Bens e serviços
(4) - Sobre Comércio Exterior
(5) - Sobre Outras Receitas Tributárias
(6) - Sobre Receita não tributária
Fonte: Banco Mundial.

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Verifica-se que a estrutura tributária difere, nos Estados Unidos e

no Japão, de países como a França e Itália. Nos Estados Unidos, mais de 50% da

receita pública vem da tributação da renda (no Japão, foi de 70,8%), enquanto na

Itália esse percentual foi um pouco acima de 30% e na França abaixo de 20%.

Os bens e serviços são pouco tributados nos Estados Unidos

(próximo de 4%), enquanto que a França e Itália tributam em torno de 30%. Por

sua vez, a previdência social é bastante tributada na França (acima de 40%) e

menos nos Estados Unidos (em torno de 30%). Essas são opções de tributação que

refletem os objetivos de cada sociedade.

No Brasil, ainda é baixa a tributação sobre a renda, mas esse tipo de

arrecadação vem crescendo desde 1980 (10,7%), chegando a 1993 a 16,5%; na

Coréia do Sul ela atingiu 31,4% e na Índia, 18,7%. Em relação à participação da

previdência social na arrecadação, ela estava no Brasil em 28,6%, bastante

próximo da Itália. Em relação à participação dos bens e serviços que era de

32,1%, ela reduziu-se para 17,6% em 1993.

Quadro 7 Carga tributária em alguns países


------------------------------+-------------------------------
Países % do PNB | Países em % do PNB__
Desenvolvidos 1980 | 1995 | Desenvolvimento 1980 | 1995
------------------------------+-------------------------------
Alemanha -- 30,0 | Brasil 17,8 18,6
Canadá 16,2 -- | Chile 25,6 17,8
Espanha 22,2 28,7 | Colômbia 10,3 14,0
EUA 18,5 19,0 | Coréia do Sul 15,3 17,7
França 36,7 38,1 | Índia 9,8 9,6
Itália 29,1 38,4 | México 14,3 14,8
Japão 11,0 17,6 | Paraguai 9,8 9,1
Reino Unido 30,6 33,5 | Uruguai 21,0 27,6
Suécia 30,1 32,8 |
------------------------------+-------------------------------
Fonte: Banco Mundial.

A relação entre a arrecadação de tributos e o Produto Interno Bruto

(ou Produto Nacional Bruto) denomina-se carga tributária. Os dados do quadro 7

P á g i n a | 122 Introdução à Economia


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mostram que a carga tributária aumentou nos últimos anos, acompanhando o

desenvolvimento econômico, e hoje, constata-se uma carga tributária mais elevada

nos países desenvolvidos em comparação à dos países em desenvolvimento. A

carga tributária dos Estados Unidos (19%) e Japão (17,7%) é bem inferior, uma

vez que, nesses países, muitos serviços públicos são privatizados.

P á g i n a | 123 Introdução à Economia


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5.3 Tributação e Orçamento Público

Nas seções anteriores, foram apresentados os fundamentos da

economia do setor público e a evolução da participação do Estado na economia.

Agora estudaremos os princípios teóricos da tributação, os principais impostos e

como o setor público programa seus gastos.

5.3.1 Princípios teóricos da tributação

De uma forma geral, todo imposto deve seguir alguns princípios

fundamentais básicos:

 produtividade: ser capaz de gerar receitas significativas, com

custos relativamente baixos;

 neutralidade e eficiência: exercer um mínimo de ingerência no

sistema produtivo;

 eqüidade: poder taxar cada indivíduo segundo o benefício que

recebe e sua capacidade de pagamento.

Todo imposto necessita de um aparato administrativo relativamente

complexo para ser arrecadado, o que envolve custos. A cobrança de alguns

impostos pode não ser compensadora, tendo em vista os custos de fiscalização e

de arrecadação, e o volume de receita que ele gera. Um exemplo de imposto

produtivo é o imposto sobre movimentação financeira (IPMF), porque é de difícil

sonegação, baixo custo de fiscalização e proporciona grande volume de

arrecadação.

O princípio da neutralidade e eficiência implica que os impostos não

devem mudar os preços relativos da economia, a fim de não afetar a alocação de

recursos, ou afetar todos os preços da economia na mesma proporção. Esses são

os casos dos impostos gerais, como o Imposto de Renda e os Impostos sobre o

P á g i n a | 124 Introdução à Economia


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Consumo em geral. Como todos os preços são afetados do mesmo modo, a posição

relativa não muda; o bem-estar do consumidor-contribuinte reduz-se com a

cobrança do imposto, mas aumenta com os serviços públicos prestados pelo

Estado.

A carga tributária precisa ter também, eqüidade, ou seja, o tributo

precisa ser justo ao onerar os indivíduos segundo suas posses (eqüidade vertical)

e de acordo com os benefícios que cada um recebe pela oferta governamental de

bens públicos (eqüidade horizontal). Desse modo, o princípio da eqüidade divide-

se em princípio do benefício e em princípio da capacidade de contribuição.

De acordo com o princípio do benefício, cada indivíduo deve efetuar

um pagamento proporcional aos benefícios que usufrui dos bens e serviços

públicos. Esse sistema é adotado para o sistema de taxas, como a de consumo de

energia, água, transporte urbano, etc., em que o indivíduo paga em função do

consumo.

Pelo princípio da capacidade de contribuição, cada indivíduo colabora

com a arrecadação pública em função de sua renda. Assim, o imposto de renda

possui alíquotas progressivas em função do nível de renda. É um imposto

progressivo, em contraposição ao imposto sobre o consumo de produtos

alimentares, que se constitui num exemplo de imposto regressivo (quanto mais

pobre o indivíduo, tanto mais o imposto pesará sobre o seu orçamento).

5.3.2 Sistemas tributários

A tributação tem sua base nas seguintes fontes econômicas: a renda,

o consumo e o patrimônio. Além disso são tributados os fluxos de comércio

exterior e os fluxos monetário-financeiros.

P á g i n a | 125 Introdução à Economia


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Quadro 8 Estrutura tributária nos países da OCDE, em 1989


--------------------------------------------------------------
Tributos Participação relativa (%)
--------------------------------------------------------------
Sobre renda e ganhos de capital 38,0
Sobre o consumo 30,5
Sobre a propriedade 5,6
Contribuições sociais 23,2
Outros 2,7
Total 100,0
-------------------------------------------------------------
Fonte: Messere, K. C.

O peso das diversas fontes econômicas diferencia-se de país para

país. Na estrutura do conjunto dos países de Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico - OCDE, que pode ser tomada como representativa

dos países desenvolvidos, predomina, claramente, a tributação da renda e dos

ganhos de capital como principal fonte de receita. O consumo é também uma

importante fonte, porém secundária.

Nos países em desenvolvimento, a principal fonte de receita

tributária do setor público é o consumo. Nos países menos desenvolvidos, o

comércio exterior tende a ser a principal fonte. No caso dos países do

MERCOSUL, a tributação do consumo aparece na primeira posição. Segue em

importância as Contribuições Sociais.

5.3.3 Principais impostos existentes no Brasil

Em uma economia subdesenvolvida, com baixo nível de renda e reduzido


mercado interno, o imposto de importação aparece como o principal tributo. Isso
pode ser visto no quadro 9, que mostra a estrutura tributária do Brasil entre 1890 e
1945.
Quadro 9 Estrutura tributária do Brasil - 1890-1945
--------------------------------------------------------------
Tributos 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1945
--------------------------------------------------------------
Imp. Indiretos 88,6 97,8 99,2 98,4 94,9 84,6 67,1
S/Importação 62,3 67,9 78,3 57,7 51,2 34,6 13,9
S/Consumo -- 15,0 13,9 27,1 27,6 37,3 38,5

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S/Circulação 0,2 1,8 0,8 2,3 2,0 -- --


S/Ind. e Profissões 3,1 1,2 0,9 1,0 1,3 0,9 0,6
Do Selo 5,6 5,9 4,7 9,2 8,6 9,9 11,8
S/Vendas Mercantis -- -- -- -- 4,0 1,9 2,0
Outros Impostos 17,3 6,0 0,7 0,9 0,2 -- 0,3
Imp. Diretos 11,4 2,2 0,8 1,6 5,1 15,4 32,9
S/Renda -- -- -- -- 4,1 13,5 30,4
Outros Impostos 11,4 2,2 0,8 1,6 1,0 1,9 2,5
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
--------------------------------------------------------------
Fonte: Villela, Suzigan.

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Em 1890, o imposto de importação era responsável por mais de 60%

da receita tributária do país, elevando-se para 78% em 1910, com declínio nos anos

seguintes, sendo ultrapassado em 1940 pelo imposto sobre o consumo. Em 1945, o

imposto de renda já era o segundo tributo em importância.

Até 1930, mais de 90% da receita tributária brasileira era formada

por impostos indiretos. O imposto de renda foi criado somente em 1922, com

início de sua arrecadação em 1924. Nos anos anteriores a tributação direta

consistia de taxação de subsídios e vencimentos, dividendos (2,3%), transmissão

de propriedade (até 1985), prêmios de seguros marítimos (2 e 5% a partir de

1918), cobrança de dívida ativa (a partir de 1928) e outros.

P á g i n a | 128 Introdução à Economia


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Saiba mais....
 Sobre os modelos teóricos, as orientações políticas, as grandes escolas
do pensamento liberal e o neoliberalismo, ver o livro de Riginaldo Moraes
Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai?. São Paulo: Editora Senac,
2001.
 Acesse a palestra proferida pelo professor José Luiz Fiori no Centro
Cultural Banco do Brasil, em setembro de 1996, sobre o que é : O
Consenso de Washington”, disponível no site:
http://dhnet.org.br/diireitos/direitosglobais/textos/consenso_whtm
 Sobre processo de regulação na economia brasileira em:
http://cade.gov.br
 No site dôo professor Gesner de Oliveira:
http://www.goassociados.com.br/
 Sobre a Política Fiscal no Brasil, visite o site do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão: http://www.planejamento.gov.br

P á g i n a | 129 Introdução à Economia


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Atividades de Aprendizagem

1. Levante a participação do gasto público no PIB no Brasil de 2005 a

2010.

2. Quais são as transferência constitucionais para Estados e Municípios

existentes no Brasil?

3. Faça uma reflexão sobre o sistema tributário brasileiro.

4. A impossibilidade de atingir a produção ótima, por imperfeições da

concorrência, é denominada falhas de mercado, decorrentes de

indivisibilidade do produto, externalidades, custo de produção

decrescentes e mercados imperfeitos e riscos e incertezas na oferta

dos bens. Descreva de forma simples cada uma destas falhas de

mercado.

5. De uma forma geral, todo imposto deve seguir alguns princípios

fundamentais básicos, quais são eles?

6. O que são externalidades?

7. Quais são as funções do setor público?

8. Quais os principais impostos existentes no Brasil?

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REFERÊNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Série Perguntas mais Freqüentes. Disponível em:


http//WWW.bcb.gov.br.

BATISTA JUNIOR, Paulo Nogueira. Brasil e a Economia Internacional. Rio de


Janeiro: Campus, 2005.

CANUTO, Otaviano; BAUMANN,Renato; GONÇALVES,Reinaldo. Economia


Internacional. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

CARVALHO, Fernando; et al. Economia Monetária e Financeira: teoria e pratica.


Rio de Janeiro: Campos, 2000.

DORNBUSH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill,


2000.

LACOMBE, Francisco José Masset. Dicionário de Administração. São Paulo:


Saraiva, 2004

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (Orgs). Manual de Macroeconomia:


Básico e Intermediário – Equipe dos Professores da FEA-USP. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.

JONES, C. I. Introdução à Teoria do Crescimento Econômico. Rio de Janeiro:


Campus. 2000.

MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 2.


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MENDES, Carlos Magno, et al. Introdução a Economia. Florianópolis / UFSC, 2007.


PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Prentice Hill,
2010.

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VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of


employment, interest and money). Tradução de Mário Ribeiro da Cruz. São Paulo:
Editora Atlas, 1992.

KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução a Economia. Rio de Janeiro: Elsevier,


2007.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de Economia. 40 ed. São Paolo: Best-Seller, 1994.

VARIAN, H. R. Microeconomia: Princípios Básicos – Uma abordagem Moderna. 3.


ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval. Fundamentos de Economia. São Paulo:


Saraiva, 2004.

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