Dissertação - Jocelio Matos Amaral

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM

JOCELIO MATOS AMARAL

VALIDAÇÃO DE UMA MATRIZ AVALIATIVA DO PROCESSO DE ENFERMAGEM


NO CONTEXTO HOSPITALAR

FEIRA DE SANTANA
2023
JOCELIO MATOS AMARAL

VALIDAÇÃO DE UMA MATRIZ AVALIATIVA DO PROCESSO DE ENFERMAGEM


NO CONTEXTO HOSPITALAR

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado


Profissional em Enfermagem da Universidade
Estadual de Feira de Santana como requisito para
obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
LINHA 1: Produção do Cuidado, Avaliação dos
Serviços e Programas de Saúde em Enfermagem.
EIXO 2: Sistematização da assistência de
enfermagem (SAE) na produção e gestão do
cuidado para a segurança do paciente.

Orientador: Prof. Dr. Deybson Borba de Almeida


(UEFS).
Coorientador: Prof. Dr. Genival Fernandes de
Freitas (USP).

FEIRA DE SANTANA
2023
AGRADECIMENTOS

A meus Pais, que mesmo sem saberem o que é um Mestrado ou uma Universidade, me deram
apoio.

À minha família de afeto, por me ajudarem a tornar estes dois anos mais leves. À Olga, Carol
e Carla por sempre estarem perto de mim, independente de questões geográficas.

Aos meus locais de trabalho – Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e Hospital
Geral do Oeste (HO) – por me possibilitarem conciliar este sonho com os afazeres profissionais.

À Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) por abrir as portas para que estudantes
de outras regiões do Estado da Bahia – de distância superior a 800km - pudessem concretizar
o sonho da pós-graduação em Enfermagem.

Ao Laboratório de Pesquisas em Gestão, Avaliação e História em Enfermagem (GAHE).

Ao acordo CAPES/COFEN pelo apoio a pesquisas sobre o Processo de Enfermagem.

Ao meu coorientador, Prof. Dr. Genival Fernandes de Freitas.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Deybson Borba de Almeida, por provocar ideias, compreender
minhas inquietações enquanto Enfermeiro do serviço, ouvir minhas angústias em relação ao
Processo de Enfermagem, guiar neste caminho da Pesquisa e por ajudar a lapidar as minhas
percepções sobre Pesquisa, Ciência e Enfermagem.
AMARAL, Jocelio Matos. Validação de uma matriz avaliativa do processo de enfermagem
no contexto hospitalar. 67 fls. Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem).
Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira de Santana, BA, 2023.

RESUMO

O Processo de Enfermagem (PE) é um importante método organizador do cuidado, através do


raciocínio clínico, legal, ético e científico, bem como de documentação da prática profissional.
Entretanto, a implantação e execução do PE frequentemente ocorre de forma fragmentada e
dissociada das realidades locais. Através de revisão do estado da arte e visitas técnicas em
hospitais que são referências nacionais sobre o PE, foi identificada a incipiência de iniciativas
de avaliação do PE no contexto hospitalar. Diante disso, o objetivo do presente trabalho
consistiu em validar o conteúdo de uma matriz avaliativa do processo de enfermagem no
contexto hospitalar. Para isso, foi desenvolvido um estudo metodológico com delineamento
transversal, que foi submetido a um processo de validação, através da técnica de Validade de
Conteúdo (VC). Assim, a construção e validação da matriz avaliativa foi conduzida em quatro
etapas, a partir dos referenciais teórico-metodológicos para validação de instrumentos em saúde
e Planejamento Estratégico Situacional. Primeira etapa: levantamento bibliográfico e seleção
das referências estruturantes. Segunda etapa: construção do modelo logico e da matriz de
análise e julgamento (MAJ) a partir dos momentos do Planejamento Estratégico Situacional
(PES) e demais referências selecionadas. Terceira etapa: validação de conteúdo por um comitê
de especialistas. Para isso foi utilizada a técnica Delphi por meio da Avaliação Global e de
Itens. Foram realizadas duas rodadas com a adesão de 11 juízes. Quarta etapa: análise dos dados
de validação do conteúdo através do cálculo da Taxa de Concordância (TC) e Índice de
Validade de Conteúdo (IVC). Ao final das duas rodadas realizadas, a matriz teve uma taxa de
concordância de 90% quanto ao formato e 100% quanto os demais aspectos gerais da matriz.
Também teve uma taxa de concordância de 100% quanto a abrangência e representatividade
dos domínios da matriz. Quanto ao IVC, os itens tiveram um total de 0,97 para clareza e 0,98
para representatividade. Assim, o conteúdo da matriz foi considerado validado pelos juízes e
apto para avaliação do PE, o que pode contribuir assim para subsidiar iniciativas institucionais
de consolidação do PE nos serviços de enfermagem.

Descritores: Processo de Enfermagem; Estudo de Validação; Hospitais.


AMARAL, Jocelio Matos. Validation of an evaluative matrix of the nursing process in the
hospital context. 67 fls. Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem). Universidade
Estadual de Feira de Santana. Feira de Santana, BA, 2023.

ABSTRACT

The Nursing Process (NP) is an important organizing method of care, through clinical, legal
ethical, and scientific reasoning, as well as documentation of professional practice. However,
the implementation and execution of the NS often occur in a fragmented way and are
dissociated from the local realities. Through state-of-the-art review and technical visits to
hospitals that are national references on the NP, the incipient initiatives of the NS evaluation in
the hospital context were identified. Therefore, the present thesis aimed to validate the content
of an evaluative matrix for the nursing process in the hospital context. To that end, a
methodological study with a cross-sectional design was developed, which was submitted to a
validation process, using the Content Validity (CV) technique. Thus, the construction and
validation of the evaluation matrix were based on four methodological steps, according to the
theoretical and methodological framework adopted, described as follows. First step:
bibliographical research and selection of key references. Second step: construction of the logic
model and the analysis and judgment matrix (AJM) from the Situational Strategic Planning
(SSP) moments and other select references. Third step: content validation by an expert
committee. To do so, the Delphi technique was used through Global and Item Evaluation. Two
rounds were carried out with 11 judges joining. Fourth step: analysis of the content validation
data by calculating the Concordance Rate (CR) and the Content Validity Index (CVI). At the
end of the two rounds, the matrix had an agreement rate of 90% for the form and 100% for the
other general aspects of the matrix. It also had an agreement rate of 100% for comprehension
and representativeness of the matrix domains. For the CVI, the items had a total of 0,97 for
clarity and 0,98 for representativeness. Therefore, the content of the matrix was considered
validated by the judges and able to evaluate the NP, which can thus contribute to support
institutional initiatives for consolidation of the NP in nursing services.

Descriptors: Nursing Process; Validation Study; Hospitals.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

BDENF Biblioteca Virtual Em Saúde – Enfermagem.

BVS Biblioteca Virtual de Saúde.


CAPES Coordenação De Aperfeiçoamento De Pessoal De Nível Superior.
CEP Comitê De Ética Em Pesquisa.
CNPQ Conselho Nacional De Desenvolvimento Científico.
CNS Conselho Nacional De Saúde.
COFEN Conselho Federal de Enfermagem.
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DeCS Descritores em Ciências Da Saúde
EP Educação Permanente
GAHE Laboratório De Pesquisa Em Gestão, Avaliação E História Em Enfermagem.
IVC Índice De Validade De Conteúdo.
LILACS Literatura Latino-Americana E Do Caribe Em Ciências Da Saúde.

MesH Medical Subject Headings.


PE Processo de Enfermagem.
PES Planejamento Estratégico Situacional.
RAS Rede de Atenção à Saúde (RAS).
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem.
SCIELO Scientific electronic Library Online.
TC Taxa De Concordância.
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
TE Teorias de Enfermagem.
USP Universidade de São Paulo.
VC Validade de Conteúdo.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma do Processo de Planejamento em Enfermagem e os momentos do


Planejamento Estratégico Situacional.......................................................................................27

Figura 2: Técnica Delphi com duas rodadas. Feira de Santana, Bahia.


2022...........................................................................................................................................31

Figura 3: Versão final do Modelo Lógico de Avaliação do Processo de Enfermagem no


contexto hospitalar. Feira de Santana, Bahia, 2022..................................................................42
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Apresentação dos resultados de pesquisa do estado da arte. Feira de Santana,


BA, Brasil, 2021. ..............................................................................................................54

Quadro 2: Integração dos momentos do Processo de Enfermagem com os do Planejamento


Estratégico Situacional. ...........................................................................................................26

Quadro 3: Referências estruturantes do modelo lógico e da matriz avaliativa. Feira de Santana-


BA, 2022...................................................................................................................................28

Quadro 4: Versão final da Matriz Avaliativa do Processo de Enfermagem no contexto


hospitalar após rodadas de validação. Feira de Santana, Bahia, 2022.....................................43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização dos juízes quanto a escolaridade e unidade federativa de atuação


profissional. Feira de Santana-BA, 2022. .................................................................................37

Tabela 2: Consolidação das Taxas de Concordância (TC) no primeiro estágio de Avaliação do


Instrumento (Avaliação Global) durante a primeira rodada de validação. Feira de Santana-BA,
2022. .........................................................................................................................................38

Tabela 3: Consolidação dos Itens de Validade de Conteúdo (IVC) no segundo estágio de


avaliação do Instrumento durante a primeira rodada de validação. Feira de Santana-BA, 2022.
..................................................................................................................................................39

Tabela 4: Consolidação das Taxas de Concordância (TC) no primeiro estágio de Avaliação do


Instrumento (Avaliação Global) durante a segunda rodada de validação. Feira de Santana-BA,
2022. ........................................................................................................................................40

Tabela 5: Consolidação dos Itens de Validade de Conteúdo (IVC) no segundo estágio de


avaliação do Instrumento durante a segunda rodada de validação. Feira de Santana-BA, 2022.
..................................................................................................................................................41
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ............................................... 17
2.1. O PROCESSO DE ENFERMAGEM E SEUS DESAFIOS NO CONTEXTO
HOSPITALAR ............................................................................................................... 17
2.2. PERSPECTIVAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA VALIDAÇÃO DE
CONTEÚDO .................................................................................................................. 21
2.3.PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL COMO BASE TEÓRICA
NA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM ......................................... 23
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 27
3.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................. 27
3.2 PROCEDIMENTOS ................................................................................................. 27
3.2.1 –Primeira etapa: levantamento bibliográfico e seleção das referências
estruturantes...................................................................................................................27
3.2.2 – Segunda etapa: construção do modelo lógico e da matriz de análise e
julgamento......................................................................................................................28
3.2.3 - Terceira etapa: validação de conteúdo pelo comitê de especialistas..............30
3.2.4 - Quarta etapa: análise dos dados de validação do conteúdo............................33
3.3 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA .................................................. 34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 36
4.1 RESULTADOS DA PRIMEIRA RODADA DE VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO.37
4.2 RESULTADOS DA SEGUNDA RODADA DE VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO.39
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 48
APÊNDICE A: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE PESQUISA DO
ESTADO DA ARTE. ................................................................................................... 54
APÊNDICE B: CARTA-CONVITE PARA OS JUÍZES (E-MAIL) ............................ 56
APÊNDICE C: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 57
APÊNDICE D: MODELO LÓGICO: VERSÃO INICIAL ........................................... 59
APÊNDICE E: MATRIZ AVALIATIVA: VERSÃO INICIAL.................................... 60
APÊNDICE F: QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO PARA OS JUÍZES .................. 62
ANEXO A: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .......................................... 64
13

1 INTRODUÇÃO

A enfermagem tem se sustentado, como profissão, em vários referenciais teóricos e


metodológicos que permitem a organização e sistematização do cuidado nos diversos âmbitos
de atenção à saúde (GARCIA; NOBREGA, 2009; SOARES et al., 2015). Ao se discutir esses
referenciais, o Processo de Enfermagem (PE) surge como importante método organizador do
cuidado, através do raciocínio clínico, legal, ético e científico, bem como de documentação da
prática profissional (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM SP, 2021; SILVA et al.,
2020).
O PE é uma exigência contemplada em diversos padrões internacionais de qualificação
e certificação em saúde. É visto por órgãos de muitos países como importante método para a
promoção de um cuidado competente, seguro e capaz de englobar elementos necessários para
uma tomada de decisão assertiva e adequada às demandas da sociedade (ALFARO-LEFREVE,
2014; DOMINGOS, et al., 2017).
No Brasil, o PE emergiu na década de 1970, por meio de Wanda de Aguiar Horta, como
fundamento do ensino e da prática da enfermagem. Entretanto, somente algumas décadas
depois, em 2002, foi aprovada a primeira regulamentação sobre o assunto, através da Resolução
nº 272 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Essa foi a primeira base legal sobre a
temática, em que o Processo de Enfermagem se configurou como importante método
organizador do trabalho da enfermagem e como elemento integrativo da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE).
Todavia, apenas alguns anos depois, em 2009, por meio da resolução nº 358/2009, o
COFEN especificou as exigências legais de implantação do PE para todos os espaços em que
houvesse o cuidado da enfermagem. Essa resolução também foi importante para destacar a
necessidade de atenção às fases do PE, desde a coleta de dados, diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação, entre outras considerações, todas edificadas em um referencial
teórico pertinente (COFEN, 2009; SANTOS, 2014).
Assim, o PE, devidamente pautado em um modelo teórico (teoria do autocuidado,
necessidades humanas, sistemas de adaptação, entre outros), deve ser aplicado à prática por
permitir uma maior qualificação do cuidado (NOBREGA; SILVA, 2009) e por fazer emergir a
necessidade do raciocínio clínico e pensamento crítico, seja através da investigação dos
problemas do paciente, identificação de riscos ou da organização do cuidado com foco nos
resultados (ALFARO-LEFREVE, 2014; AZEVEDO et al., 2019).
14

Apesar dos já reconhecidos benefícios da implantação do PE nos serviços de saúde,


sabe-se que essa não é uma realidade consistente no Brasil. Frequentemente, os estudos
abordam que essa implantação é fragmentada e dissociada das realidades locais, o que dificulta
a adesão da equipe de enfermagem, limita o envolvimento dos profissionais no uso do método,
fragiliza o reconhecimento social da sua importância e restringe a valorização por parte da
gestão institucional. Ao mesmo tempo, associa-se também à falta de indicadores de resultados
específicos sobre os impactos do uso do PE na qualificação do cuidado a médio e longo prazo
(AZEVEDO, et al., 2019; SANTOS, 2014).
É perceptível que a implantação do PE ocorre frequentemente através de decisões
unidirecionais e impositivas, com foco no cumprimento das premissas legais. Isso tem
resultado, entre outros fatores, no acúmulo de formulários, impressos, questionários e
requisições que são “implantados” nos serviços sem a devida adequação da proposta às
especificidades do serviço. Essas práticas comumente geram excesso de responsabilidades e
tarefas para os profissionais de enfermagem, sem evidências de impactos significativos para a
melhoria do cuidado prestado (DOMINGOS et al., 2017; NEVES; SHIMIRU, 2010).
Desse modo, embora se tenha registro de iniciativas de implantação do PE nos serviços
de saúde, entre eles o contexto hospitalar, o que se identifica é que isso frequentemente ocorre
com base na inserção de formulários/impressos na rotina dos profissionais, sem a devida
inclusão da equipe de enfermagem nesse planejamento e sem a adoção de instrumentos
validados (AZEVEDO et al., 2019; SANTOS, 2014).
Diante disso, durante os meses de outubro e novembro de 2021 foi realizada uma revisão
do estado da arte sobre estudos de validação aplicáveis ao processo de enfermagem no contexto
hospitalar. A pesquisa foi realizada em duas bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS)
e PubMed. A busca na BVS foi realizada a partir dos seguintes descritores em Ciências da
Saúde (DeCS): “processo de enfermagem”; “estudos de validação”, “avaliação em
enfermagem” e “hospitais”, unidos pelo conectivo booleano and. Foram adotados os seguintes
critérios de seleção: textos completos, publicados no período compreendido entre 2016 e 2021,
nos idiomas português, inglês e espanhol. A partir disso, foram identificadas 35 publicações.
Após retirada de 03 textos duplicados, foi procedida a leitura dos títulos e resumos, o que
resultou na identificação de 04 artigos consonantes com a temática.
A segunda busca foi realizada no portal da PubMed, através dos descritores Medical
Subject Headings (MeSH): Nursing Process AND Validation Study AND “Nursing
Assessment” AND Hospitals. Foram adotados os mesmos critérios de seleção da busca anterior.
Inicialmente, foram identificadas 75 publicações, mas após retirada dos textos duplicados e
15

leitura dos títulos e resumos, apenas 08 demonstraram associação com a temática, totalizando
assim 12 resultados selecionados (quadro 1).
Diante disso, foi possível identificar que a produção literária sobre estudos de validação
envolvendo o PE no contexto hospitalar tem foco em etapas específicas como: validação clínica
de diagnósticos, elaboração de históricos e validação de plano e intervenções de enfermagem
para cenários específicos do contexto hospitalar. Desse modo, foi identificada a incipiência de
estudos de validação com foco na avaliação da implantação e execução do PE.
Diante dessa discussão, após diversos avanços legais e formativos para implantação do
PE nos espaços de produção de cuidado, surgem inquietações que solidificam uma questão
norteadora ainda não completamente respondida pelas pesquisas no âmbito da enfermagem: é
possível validar o conteúdo de uma matriz avaliativa do processo de enfermagem no contexto
hospitalar?
Assim, a justificativa da realização deste estudo está assentada na necessidade da equipe
de enfermagem em assumir suas funções precípuas no cuidado ao indivíduo, de forma
sistematizada e baseada em evidências. Para isso, há uma demanda por instrumentos científicos
que possam direcionar os serviços de enfermagem na estruturação do PE, uma vez que a
implantação e a execução desse método frequentemente ainda são feitas de forma inadequada
ou fragmentada (ARAÚJO et al., 2015; GUEDES et al., 2010; PIMPÃO et al., 2010).
É importante que os serviços de saúde consigam seguir todas as fases preconizadas de
execução do PE, de forma que as ações sejam efetivas na produção do cuidado. Um instrumento
devidamente validado cientificamente poderá auxiliar na operacionalização adequada do PE,
de forma que os gestores e coordenadores dos serviços hospitalares possam verificar e seguir
todas as etapas/fases necessárias para a adequação do PE à realidade dos serviços e assim ter
resultados mais efetivos e impactantes na qualidade do cuidado profissional (DOMINGOS et
al., 2017; MARTINS; CHIANCA, 2016; NUNES, et al., 2019).
Além disso, mediante a revisão do estado da arte, foi possível identificar uma lacuna na
literatura quanto à elaboração e validação de instrumentos técnico-científicos que permitam
avaliar a implantação e execução do PE no contexto hospitalar, o que denota um caráter inédito
à presente proposta de pesquisa.
Além da pesquisa bibliográfica, cabe destacar outro fator motivador: a minha
proximidade com a temática. Durante a vivência profissional, período de especialização e
residência multiprofissional, sempre vivenciei a problemática da dificuldade de implantação e
execução do PE pela enfermagem. Nesse percurso de experiência profissional por cinco
hospitais do interior da Bahia, vi o PE comumente ser apontado mais como um fator de
16

interferência negativa do que positiva no ambiente de trabalho. Isso emergiu em mim uma
inquietação e necessidade em discutir e estudar essa temática com o objetivo de propor
estratégias de modificação dessa realidade.
Acrescenta-se também como fator motivacional uma visita técnica realizada em 2021
em dois hospitais públicos do estado de São Paulo: Hospital Universitário da Universidade de
São Paulo (USP) e Hospital Dante Pazzanese de Cardiologia, ambos considerados referências
nacionais no pioneirismo de implantação do processo de enfermagem. A experiência de
conhecer a trajetória histórico-política de implantação e execução do PE, nesses serviços,
também foi determinante para a definição da presente proposta de pesquisa.
Assim, o objetivo do presente trabalho consiste em validar o conteúdo de uma matriz
avaliativa do processo de enfermagem no contexto hospitalar.
17

2. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

2.1 O PROCESSO DE ENFERMAGEM E SEUS DESAFIOS NO CONTEXTO


HOSPITALAR
As instituições hospitalares são reconhecidas como organizações complexas, cujas
funções vêm se ajustando e se expandindo na perspectiva de adaptação aos modelos de atenção
à saúde e às transformações sociais existentes ao longo da história. A sua dinâmica de
funcionamento abrange o uso de novas e sofisticadas tecnologias e ampla divisão de trabalho
entre as diversas profissões, aliadas a um complexo sistema de coordenação de ações (CHAVES
et al., 2016).
Na estruturação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), a unidade hospitalar insere-se como
importante e estratégico equipamento de saúde, direcionado para o atendimento especializado
às demandas específicas e agudas. Logo, faz parte de uma complexa rede de ações e serviços
que se comunicam e cooperam entre si para a garantia da integralidade na atenção à saúde
(CHAVES et al., 2016; MENDES, BITTAR, 2014).
Nesse contexto, a gestão dos serviços de atenção hospitalar envolve diversas medidas
como: investimentos em tecnologias e inovações, atenção à infraestrutura para viabilização do
acesso e fluxos dos usuários, bem como a valorização da qualificação dos recursos humanos
para o atendimento adequado aos agravos à saúde (MENDES; BITTAR, 2014; SILVA, 2011).
A complexidade do serviço hospitalar exige um serviço de enfermagem organizado,
estruturado e sistematizado, de maneira a contribuir positivamente para a qualidade das ações
implantadas e para maior segurança do paciente. Uma vez que o cliente internado nesse serviço
pode estar sujeito a diversas limitações e graus de dependência que suscitam intervenções
rápidas e assertivas (CAVEIÃO; HEY, MONTEZELI, 2013; NUNES et al., 2019).
Nessa conjuntura, o trabalho desenvolvido pelas enfermeiras é complexo e, por isso,
abrange diversas especificidades para o desenvolvimento apropriado do cuidado, como plano
de cuidado sistematizado, uso adequado das tecnologias existentes, aprimoramento científico-
tecnológico, gestão dos serviços, atuação interdisciplinar e humanização na inter-relação com
pacientes e familiares (FERREIRA et al., 2018; MASSAROLI et al., 2015).
Para o desenvolvimento desse trabalho, a equipe de enfermagem precisa assimilar e
associar alguns aspectos operacionais do ambiente hospitalar: alta intensidade de
procedimentos e intervenções invasivas, necessidade de planejamento de ações específicas e
individualizadas, de acordo com as necessidades do indivíduo, bem como a minimização dos
riscos oriundos das intervenções realizadas. Esse cenário exige a execução de um cuidado
18

integral com o devido embasamento teórico e científico (CAVEIÃO; HEY, MONTEZELI,


2013; SANTOS; LIMA; MELO, 2015).
Desse modo, para o planejamento e execução do cuidado, o PE surge como proposta
metodológica cientificamente estudada (MARTINS; CHIANCA, 2016) com efeito norteador
das ações de cuidado. O PE pode trazer direcionamento na identificação das necessidades e
problemas dos indivíduos, no planejamento e implementação de suas ações, bem como na
avaliação dos resultados (BENEDET et al., 2016).
Existem evidências de que o PE é visto em muitos países como um guia propulsor do
cuidado de enfermagem (TADZONG-AWASUM; DUFASHWENAYESUB, 2021). Como nos
Estados Unidos, Suécia, Finlândia, Reino Unido e Etiópia, em que o uso do PE já é um requisito
legal e político para a operacionalização do cuidado prestado pela enfermagem (OSMAN;
NINNONI, ANIM, 2021; TADZONG-AWASUM; DUFASHWENAYESUB, 2021).
Nesse cenário, em síntese, o PE é constituído por cinco etapas inter-relacionadas:
histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e
avaliação. A sua execução é norteada pelo raciocínio clínico e a tomada de decisão embasada,
resultante de uma análise crítico-reflexiva dos dados coletados dos pacientes (FERREIRA et
al., 2018).
A etapa de coleta de dados consiste na aquisição de informações sobre o estado de saúde
do paciente/família e comunidade, para identificar suas necessidades, problemas e reações
humanas. Enquanto isso, o exame físico deve ser realizado sistematicamente, para obtenção de
dados funcionais, que servirão de base para a estruturação dos diagnósticos (resposta aos
problemas e riscos existentes), implementação (cuidados prescritos) e avaliação dos cuidados
realizados (BENEDET et al., 2016).
A execução do PE deve ser fundamentada por teorias de enfermagem (TE), que
consistem na valorização do saber científico e pensamento crítico. Pois representam um modo
de pensar sobre determinado problema, em busca de solucioná-lo sob uma profundidade lógica.
As TE representam um arcabouço científico que deve ser aplicado no cotidiano para que a teoria
e os conceitos sejam propagados na prática clínica da enfermagem (BUGS et al., 2017).
Diante disso, o PE permite um planejamento claro, contínuo e efetivo do cuidado nos
diferentes cenários de atenção à saúde, inclusive hospitalar. Mas para que se operacionalize,
tornam-se necessários recursos materiais e humanos adequados, bem como uma gestão
institucional que reconheça o método e some esforços para uma implantação e funcionamento
adequados (TADZONG-AWASUM; DUFASHWENAYESUB, 2021).
19

Logo, para que essa operacionalização seja bem-sucedida, torna-se necessária a


aplicação de habilidades gerenciais e assistenciais. Uma vez que implantar o PE significa uma
reestruturação na forma de ofertar os serviços de atenção à saúde, o que pode implicar a
reorganização dos recursos e fluxos institucionais (SANTANA et al., 2013).
Para a implantação e operacionalização adequada do PE, torna-se necessário ajustá-lo à
realidade das instituições, considerar o quantitativo de funcionários, horas de trabalho
semanais, grau de dependência dos pacientes e carga de trabalho demandada na unidade. Além
disso, é necessária a sensibilização da comunidade assistencial, o desenvolvimento de plano de
ação, bem como qualificação e educação permanente dos profissionais envolvidos (TAVARES
et al., 2013).
Entretanto, mesmo sob exigência legal e com diversas possibilidades de benefícios, são
muitos os desafios para a implantação e execução do PE, como a precarização do trabalho,
traduzido em número deficitário de profissionais, sobrecarga de trabalho, falta de tempo para
aplicá-lo, conflitos de funções e papéis entre as atividades assistenciais e burocráticas, pouco
apoio institucional, entre outros (MARTINS; CHIANCA, 2016; MASSAROLI et al., 2015).
Além desses fatores, destacam-se também outros desafios para a efetiva e completa
implantação do PE em grande parcela das institucionais de saúde no mundo: dificuldades
operacionais, desinteresse e desconhecimento por parte da gestão e dos próprios profissionais,
falta de estabelecimento de prioridades organizacionais, carência de força de trabalho,
dificuldades de aceitação por parte dos demais membros da equipe multiprofissional, falta de
capacitações em serviço, além da resistência a mudanças. Algumas pesquisas, ainda, destacam
a incipiência na abordagem sobre a temática nos cursos de graduação (MASSAROLI et al.,
2015; SOUSA et al., 2020).
Outro desafio registrado na literatura refere-se à falta de valorização e de credibilidade
quanto às ações sistematizadas da profissão, como a prescrição de enfermagem, em que através
dela são direcionadas as intervenções da equipe. Frequentemente, o reconhecimento da
prescrição de enfermagem não acontece por parte da equipe interdisciplinar e nem pela própria
equipe de enfermagem (MASSAROLI et al., 2015; NUNES et al., 2019).
Diante disso, nota-se que os desafios na implantação adequada do PE são frequentes,
inclusive no ambiente hospitalar, que foi um dos primeiros serviços a consolidar iniciativas de
incorporação dessa metodologia à sua prática institucional. Por ser uma área que exige agilidade
e tomada de decisões rápidas, ainda há uma percepção que as atividades práticas têm maior
relevância do que as atividades de planejamento do cuidado. Pois muitas ações que poderiam
ter maior fundamentação científica e com maior probabilidade de impacto positivo na saúde
20

dos pacientes não são desenvolvidas (CAVEIÃO; HEY, MONTEZELI, 2013; MASSAROLI
et al., 2015; NUNES et al., 2019)
Além disso, a forma como a implantação e a operacionalização do PE é realizada tem
resultado em mais acúmulo de funções burocráticas do que melhorias efetivas para o serviço.
O número acentuado de impressos e o tempo dispendioso com registros em instrumentos
dissonantes com as realidades locais têm dificultado a sua execução no cotidiano dos
profissionais de enfermagem (MARTINS; CHIANCA, 2016; MASSAROLI et al., 2015;
NUNES et al., 2019).
Assim, todas essas dificuldades têm refletido na forma como a enfermagem tem
planejado e executado o PE: frequentemente ocorre de forma repetitiva, mecânica e sem
considerar as especificidades e individualidades do paciente (NUNES, et al., 2019). Essa
resistência de incorporar o PE como instrumento de trabalho faz predominar o cuidado técnico,
mecanicista e administrativo, em que o foco do serviço se resume ao cumprimento das rotinas
e afazeres “engessados”, o que pode resultar em prejuízos na qualidade do cuidado direcionado
aos pacientes (MORAIS et al., 2015).
Ademais, apesar de muitos profissionais reconhecerem a importância do cuidado
sistematizado, tendem a reproduzir o modelo biomédico ainda predominante nas graduações e
reforçado pelos próprios profissionais que estão há mais tempo nos serviços. Isso resulta em
uso do PE de forma fragmentada e pouco reflexiva, sem associação dos motivos e razões que
incitam as respostas dos pacientes (CASTILHO; RIBEIRO; CHIRELLI, 2009).
Frente a isso, torna-se necessária a adoção de estratégias para que a incorporação do PE
aos serviços de saúde seja melhor operacionalizada (MARTINS; CHIANCA, 2016). Sabe-se
que isso não acontece de forma rápida, mas é preciso mais empenho para que o PE se transforme
em parte da cultura organizacional e seja visto como valor institucional. Só assim será
executado de forma efetiva, sem tanta fragmentação (CASTILHO; RIBEIRO; CHIRELLI,
2009; NUNES et al., 2019).
Apesar desses desafios, existem iniciativas e experiências de implantação do PE nos
serviços de saúde, especialmente no contexto hospitalar. Um estudo analisou a utilização do PE
em 47 hospitais de uma região de saúde do Brasil. Destes, constatou-se que 53% das instituições
tinham o Processo de Enfermagem implementado. As etapas do processo de enfermagem
realizadas foram: levantamento de dados (92%), diagnósticos de enfermagem (64%),
planejamento (12%), implantação do plano de cuidados (92%) e avaliação de enfermagem
(96%). Dentre as instituições que não possuíam o método, 68,2% já tinham tentado implantar
pelo menos uma vez, mas encontraram dificuldades acentuadas (MENDONÇA et al., 2018).
21

Sobre iniciativas de avaliação do processo de enfermagem, existem alguns estudos


nacionais como o desenvolvido por Tavares, et al. (2013), em que através de um estudo de caso
hospitalar, todas as etapas do PE foram avaliadas, mas sem uso de um instrumento validado
para tal finalidade. Da mesma forma, outro estudo desenvolvido por Vieira et al. (2014)
procurou avaliar o processo de enfermagem em um hospital universitário por meio de análise
documental, também sem instrumento validado.
Ao mesmo tempo, existem algumas pesquisas internacionais sobre a avaliação e
implantação do PE. Um estudo desenvolvido em um hospital universitário da África identificou
que as enfermeiras conheciam o PE, mas apresentavam muitas dificuldades em colocá-lo em
prática. A falta de habilidades e de raciocínio clínico, além da inexistência de política efetiva
para execução do PE estiveram entre os fatores associados (OSMAN; NINNONI, ANIM,
2021).
Outro estudo desenvolvido em um hospital universitário da Etiópia demonstrou que o
nível de implantação do PE está aquém do ideal e necessita de mais intervenções em diversos
âmbitos institucionais para fomentar sua utilização (WUBE, WURJINE, BEKELE, 2019).
Portanto, apesar de iniciativas de implementações, ainda há uma demanda por ferramentas que
apoiem e avaliem a articulação teórico-prática do PE (NUNES et al., 2019).

2.2 PERSPECTIVAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

A realização de uma pesquisa envolve diversas etapas, entre elas, a coleta de dados. Para
a coleta, torna-se necessário planejar e pensar em procedimentos e métodos que assegurem
indicadores confiáveis e considere, entre outros fatores, a seleção de instrumentos precisos e
adequados para o que se propõe pesquisar (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
Na área da saúde, tem-se registrado um número crescente de instrumentos de avaliação
e medida, como questionários, matrizes e escalas que possibilitam a busca de diversas respostas
às indagações científicas. Entretanto, nem sempre esses novos instrumentos são validados de
forma adequada, nem com o devido rigor científico, o que é preocupante, porque o uso deles
pode direcionar a respostas questionáveis e a avaliações equivocadas (SOUZA; ALEXANDRE;
GUIRARDELLO, 2017).
Assim, antes de serem considerados aptos para uso, os instrumentos devem ser
assegurados quanto à capacidade de serem precisos, válidos, interpretáveis (ALEXANDRE et
al., 2013) e capazes de fornecer dados cientificamente robustos (CANO; HOBART,
2011). Para isso, essas ferramentas precisam ser consideradas, entre outros critérios, confiáveis
22

e válidas para uso (SALMOND, 2008). Portanto, é um consenso que a validade é um importante
critério a ser considerado na produção científica desses instrumentos de pesquisa em saúde
(COOK, BECHMAN, 2006; PITTMAN, BAKAS, 2010; SOUZA; ALEXANDRE;
GUIRARDELLO, 2017).
A validade faz referência à capacidade de um instrumento medir exatamente o que se
propõe (MOKKINK et al., 2010; ROBERTS, PRIET, 2006). Destaca-se que a validade não é
uma característica intrínseca do instrumento, mas sim uma avaliação do quanto um conjunto de
itens é representativo perante um determinado universo ou diante do domínio de um conteúdo
específico (SOUZA; ALEXANDRE; GUIRARDELLO, 2017). Dessa maneira, para ser
considerado válido, um instrumento deve conseguir atender ao seu objetivo definido. Por
exemplo, se está determinado que será para avaliação da ansiedade, não pode fugir para outro
constructo de interesse não previsto, como o de estresse (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
A validade pode ser operacionalizada por meio dos seguintes métodos: validade de
critério, de construto e de conteúdo (ALEXANDRE; COLUCI, 2011). A validade relacionada
a um critério consiste no estabelecimento da relação entre pontuações de um instrumento
específico e um critério externo (KIMBERLIN; WINTERSTEIN, 2008). Esse critério deve ser
uma medida aceita cientificamente e considerado “padrão-ouro” dentro da temática, com
características consonantes com o instrumento de avaliação (SOUZA; ALEXANDRE;
GUIRARDELLO, 2017).
A validade de construto é a relação de representação estabelecida entre um conjunto de
variáveis e um conceito a ser medido (HAIR JÚNIOR et al., 2009). Para se efetuar a validade
de construto, é necessário o estabelecimento de previsões a partir de hipóteses construídas.
Após isso, essas previsões são submetidas a testes para dar apoio à validade esperada ao
instrumento escolhido; entretanto, quanto mais abstrato for o conceito proposto, mas trabalhoso
é para a sua validade científica (POLIT; PECK, 2011; SOUZA; ALEXANDRE;
GUIRARDELLO, 2017).
Enquanto isso, a validade de Conteúdo é abordada de forma mais abrangente. Ela
representa o grau de relevância e representatividade de cada elemento existente em um
instrumento específico para avaliação. Ela é imprescindível dentro do processo de estruturação
e adaptação de instrumento de medidas (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
Logo, um estudo de validade de conteúdo pode subsidiar informações importantes sobre
a representatividade e clareza de cada item proposto em um instrumento, a partir da colaboração
de especialistas. Contudo existem particularidades nesses estudos que precisam ser observadas,
visto que a análise dos especialistas é subjetiva (MEDEIROS et al., 2015).
23

Os estudos de validação de conteúdo são realizados a partir de técnicas específicas, com


acentuado rigor científico, desenvolvidas por pesquisadores do estudo metodológico. É um
processo que exige o cumprimento de etapas detalhadas que compreendem desde a construção
do instrumento, a avaliação dos juízes em fases, até a aplicação de diferentes testes estatísticos
para verificação de concordância (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; MEDEIROS, et al., 2015;
TEIXEIRA, 2019).
A aquisição de evidências oriundas da validade de conteúdo permite afirmar que é um
método capaz de refinar significativamente o instrumento submetido à análise, visto que esse
processo de validação agrega maior compreensão e clareza na estrutura da ferramenta, bem
como na identificação de aspectos negativos que precisam ser corrigidos/modificados
(CASSEPP-BORGES, BALBINOTTI; TEODORO, 2010; MATOS et al., 2020).
A validação de conteúdo, dentro da perspectiva da pesquisa metodológica, tem ganhado
espaço nas pesquisas em saúde e enfermagem, principalmente a partir de 2015. Ela é vista como
arcabouço importante na estruturação de métodos de pesquisa, a partir da produção/construção
de instrumentos, a validação e avaliação do uso destes, e no desenvolvimento de produtos
técnicos e científicos (MANTOVANI et al., 2018; TEIXEIRA, 2019).
Desse modo, a sua aplicação na enfermagem tem sido evidenciada em algumas
modalidades recorrentes: desenvolvimento de tecnologias assistenciais, gerenciais e
educacionais, validação de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, validação
de produtos técnicos e de instrumentos de medida, bem como adaptação transcultural de
ferramentas elaboradas em outros países (POLIT; PECK, 2011; TEIXEIRA, 2019).

2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL COMO BASE TEÓRICA NA


AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

O planejamento estratégico situacional (PES) foi estruturado na década de oitenta pelo


economista chileno Carlos Matus, enquanto proposta teórico-metodológica para planejamento
e governo. O PES aborda a perspectiva em que os gestores que planejam também fazem parte
da realidade planejada, coexistindo com outros atores que compartilham essa mesma realidade,
o que certamente requer interação. Matus define o planejamento como um instrumento
libertador na busca por possibilidades e escolhas diante das circunstâncias (ARTMANN, 2000;
AZEVEDO, 1992).
O planejamento estratégico traz luz sobre os problemas de uma determinada realidade
em que se pretende atuar, a partir da perspectiva dos próprios atores envolvidos no contexto.
24

Reconhece que existem diferentes formas de explicar uma realidade, o que resulta em vários
sentidos e relevância aos problemas existentes. Assim, a resolução deles depende do acesso aos
recursos disponíveis e da viabilidade para a sua concretização (ARTMANN, 2000; SILVA et
al., 2017).
O PES valoriza a realidade social com suas particularidades complexas e imprevisíveis,
o que remete a intervenções de natureza intersetorial e interdisciplinar. Ao mesmo tempo,
considera as especificidades existentes a partir do espaço-temporal de cada problema
identificado, para a elaboração de formas específicas de abordagem (SANTANA et al., 2014;
SILVA, et al., 2017).
O PES está estruturado em um processo sistemático distribuído em quatro momentos
voltados para o planejamento das intervenções necessárias sobre uma realidade específica. O
primeiro momento denomina-se explicativo, em que estratégias são propostas para identificar
e descrever os problemas existentes a partir de informações objetivas e subjetivas (FORTIS,
2015; MATUS, 1996). Nesse contexto, são considerados três tipos de problemas: ameaças ou
riscos potenciais de perdas ou agravamento de uma determinada situação, oportunidades que
não devem ser desperdiçadas e deficiências que provocam inquietação e suscitam
enfrentamento (KLEBA; KRAUSE; VENDRUSCOLO, 2011; MATUS, 1996; SANTANA et
al., 2014).
O segundo momento, o normativo, aborda os objetivos a serem definidos, bem como
os resultados que se esperam alcançar e a previsão das ações e estratégias necessárias para a
concretização. Ainda, o planejamento deve considerar os obstáculos identificados, as
oportunidades existentes, bem como o tempo necessário para a resolução dos problemas
(FORTIS, 2015; MATUS, 1996; SILVA et al., 2017).
O terceiro momento, considerado estratégico, traz ênfase à importância de conhecer os
recursos necessários e existentes (econômicos, políticos, administrativos, entre outros). Em
consonância aos objetivos definidos, são propostas as intervenções necessárias, os efeitos
esperados e a revisão dos nós críticos existentes (FORTIS, 2015; MATUS, 1996).
No quarto momento, o tático-operacional, são previstos e revistos todos os aspectos
necessários para a implementação das intervenções. O que inclui parâmetros de
acompanhamento e avaliação, análise de informações, de forma a assegurar visibilidade aos
atores envolvidos e fortalecer a capacidade gerencial em adaptar-se diante dos imprevistos
existentes no ambiente de intervenção (FORTIS, 2015; MATUS, 1996).
O PES é amplamente adaptado e utilizado para planejamento em diversas áreas como
educação e saúde, pois a flexibilidade existente nessa proposta permite a aplicação em vários
25

níveis setoriais, sem também deixar de contextualizar os problemas em uma perspectiva ampla,
assegurando, assim, os critérios de viabilidade e de intervenção (KLEBA; KRAUSE;
VENDRUSCOLO, 2011; SILVA et al., 2017).
Nessa perspectiva, o PES pode ter seu uso aplicado também na enfermagem. Uma vez
que esse tipo de planejamento dá ênfase à ideia de “momento”, através de uma variedade de
métodos, habilidades e técnicas, o que pode conferir maior capacidade gerencial, de
administração e direção. Além de permitir maior percepção sobre as reais necessidades dos
usuários, na perspectiva do planejamento em enfermagem (SANTANA; TAHARA, 2008;
SILVA et al., 2017).
Portanto, são várias as possibilidades de aplicação na enfermagem, inclusive na
avaliação e no planejamento do cuidado, por ser visto como instrumento viável na
sistematização do trabalho, na previsão de mudanças e na adequação de propostas para
aquisição dos objetivos. A partir daí, e considerando as especificidades do PE, enquanto método
de planejamento das ações de enfermagem, é nítida uma integração e combinação entre os
momentos do PES com a estrutura básica do PE (quadro 2) (SANTANA; TAHARA, 2008).

Quadro 2: Integração dos momentos do Processo de Enfermagem com os do Planejamento


Estratégico Situacional.

Fonte: Santana, Tahara (2008).

Dessa maneira, o planejamento em enfermagem, sob a perspectiva do PE, possui


momentos distintos, mas interdependentes e recorrentes, sem linearidade sequencial, realizado
com base na realidade em que está inserido. Por isso é possível observar o PE sob a ótica dos
“momentos” no sentido matusiano do termo. Algumas características em comum entre as duas
propostas teórico-metodológicas estão detalhadas na figura 1 (MATUS, 1996; SANTANA;
TAHARA, 2008).
26

Figura 1: Fluxograma do Processo de Planejamento em Enfermagem e os momentos do


Planejamento Estratégico Situacional.

Fonte: Santana, Tahara (2008).

Assim como no PES, o PE pode ser visto sob a perspectiva dos momentos cíclicos,
estando todos presentes na mesma situação. Esses momentos se encadeiam e compõem
circuitos com capacidade para apoio recíproco. A passagem das ações de enfermagem de um
momento para outro representa apenas um domínio transitório daquele momento diante dos
demais, pois estes complementam-se (FORTIS, 2015; MATUS, 1996; SANTANA; TAHARA,
2008).
Um exemplo dessa dinamicidade é a coleta de dados no momento da investigação do
PE, que é uma ação que não cessa, pois as informações podem se apresentar com diferentes
conteúdos, propósitos e até mesmo em datas distintas. Ocorre o mesmo com os momentos do
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação, sob um fenômeno de construção e
reconstrução a partir das especificidades do indivíduo. Logo, é possível perceber as
similaridades entre as duas propostas enquanto estrutura e funcionamento, o que permite
possibilidades de amparo ou suporte teórico-metodológico entre ambas (KLEBA; KRAUSE;
VENDRUSCOLO, 2011; MATUS, 1996; SANTANA; TAHARA, 2008).
27

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO


Trata-se de um estudo metodológico que envolve a construção e validação de uma
matriz avaliativa para o processo de enfermagem no contexto hospitalar. Esse tipo de
abordagem propõe a investigação de técnicas e métodos para coleta de dados sob a premissa de
acentuado rigor científico (LIMA, 2011). O estudo metodológico tem ganhado crescente
destaque na pesquisa em enfermagem, principalmente no desenvolvimento de instrumentos de
medida, de tecnologias gerenciais e educacionais (TEIXEIRA, 2019).
O instrumento proposto foi submetido a um processo de validação, através da técnica
de Validade de Conteúdo (VC) em que se avalia a representatividade do conteúdo proposto em
cada um dos itens de um determinado instrumento construído (ALEXANDRE, COLUCI, 2011;
SANTANA, SOARES, 2014). A VC permite o início do processo de associação entre
indicadores observáveis/mensuráveis com conceitos abstratos/teóricos, através da verificação
da representação entre os itens e o fenômeno de interesse. Comumente acontece mediante a
avaliação por um comitê de especialistas (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015;
CRESTANI; MORAES; SOUZA, 2017).

3.2 PROCEDIMENTOS

Este estudo tem como referencial teórico-metodológico Alexandre e Coluci (2011) e


Coluci, Alexandre e Milani (2015) e Matus (1996). A construção e validação da matriz
avaliativa tiveram como base as seguintes etapas metodológicas:

3.2.1 - Primeira etapa: levantamento bibliográfico e seleção das referências estruturantes


Foi realizada ampla pesquisa que fundamentou a elaboração da estrutura conceitual, ou
seja, sobre o processo de enfermagem no contexto hospitalar à luz das teorias de enfermagem
e das normas legais e publicações dos Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN) e
regulamentações do COFEN.
Dessa forma, foram pesquisadas as publicações disponíveis nos sites oficiais dos
conselhos profissionais de enfermagem, bem como em bases de dados das Ciências da Saúde,
como a Biblioteca Virtual em Saúde – Enfermagem (BDENF) e PubMed.
28

Quadro 3: Referências estruturantes do modelo lógico e da matriz avaliativa. Feira de Santana-


BA, 2022.
REFERÊNCIAS TÉCNICAS
Nº REFERÊNCIA APORTE ESTRUTURANTE
1 CONSELHO FEDERAL DE Dispõe sobre a Sistematização da
ENFERMAGEM. Resolução nº 358, de 15 Assistência de Enfermagem e a
de outubro de 2009. Brasília (DF): implementação do Processo de Enfermagem
COFEN, 2009. em ambientes, públicos ou privados, em que
ocorre o cuidado profissional de
enfermagem, e dá outras providências.
2 CONSELHO FEDERAL DE Guia de recomendações para registros de
ENFERMAGEM. Resolução COFEN n. º enfermagem no prontuário do paciente.
0514/2016. Brasília (DF): COFEN, 2016.
3 CONSELHO REGIONAL DE Aborda os principais eixos teóricas de
ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. aplicação do Processo de Enfermagem:
Processo de enfermagem: guia para a modelos teóricos de enfermagem e sua
prática. 2. ed. São Paulo: COREN-SP, aplicabilidade prática, relação do processo
2021. de enfermagem com a segurança do
paciente, aspectos ético-jurídicos do
processo de enfermagem e do prontuário
eletrônico, instrumentos de medida como
alicerce para a aplicação do processo de
enfermagem, prontuário eletrônico do
paciente, registros de enfermagem:
avaliação/evolução de enfermagem e
anotação de enfermagem, e pareceres
técnicos relacionados ao Processo de
Enfermagem.
REFERÊNCIAS TEÓRICAS
4 MATUS, C. Política, planejamento & Apresenta o Planejamento Estratégico
governo. Brasília: Ipea, 1996. Situacional – PES– como mecanismo
articulador das políticas públicas.
5 SANTANA, R. M.; TAHARA, A. T. S. Discute os aspectos operacionais do
Planejamento em enfermagem: aplicação planejamento e aplicação do processo de
do processo de enfermagem na prática enfermagem, bem como a articulação teórica
administrativa. Ilhéus: Editus, 2008. entre o Processo de Enfermagem e o
Planejamento Estratégico Situacional.

Após seleção e síntese do levantamento bibliográfico, foram definidas as referências


basilares que subsidiaram a definição operacional do constructo, o que permitiu a estruturação
do modelo lógico e elaboração dos domínios e itens estruturantes da matriz avaliativa.

3.2.2 – Segunda etapa: construção do modelo lógico e da matriz de análise e julgamento


(MAJ)
29

A partir do levantamento bibliográfico, foram estabelecidas as propriedades que


caracterizam o constructo, bem como a estruturação do modelo lógico e das dimensões e itens
da matriz avaliativa sobre o processo de enfermagem no contexto hospitalar. Essa estruturação
foi realizada a partir dos momentos do Planejamento Estratégico Situacional (momento
explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional).
O PES, fundamentado por Carlos Matus, foi escolhido como referencial teórico para a
base estrutural da matriz por permitir uma articulação efetiva entre o planejamento, execução e
avaliação do fazer profissional da enfermagem, a partir dos seus momentos estruturais.
Portanto, faz-se consonante com os propósitos do processo de enfermagem (SANTANA,
TAHARA, 2008).
A partir da estrutura do PES, consolidou-se o modelo lógico (APÊNDICE C) e as
dimensões conceituais da MAJ. Aqui, cabe definir modelo lógico como uma abordagem
metodológica que integra a descrição das ideias, das hipóteses e das expectativas que formam
a estrutura de um determinado projeto (BALBIM et al., 2013). A partir desse desenho estrutural
do fenômeno estudado, procede-se a elaboração dos indicadores de avaliação (matriz avaliativa)
com seus respectivos domínios e itens (MENESES, 2007).
Em sequência, foram desenvolvidos os aspectos representativos da base teórico-legal
do PE, que se consolidaram em elementos da matriz como: indicadores, perguntas avaliativas,
parâmetro/padrão, escala de resposta e fontes de verificação. A partir disso, a construção da
matriz avaliativa seguiu uma sequência lógica: os itens foram alocados nos respectivos
domínios, do sentido mais geral para o mais específico, constituindo, assim, a primeira versão
do instrumento (APÊNDICE D).
A construção desses itens e da escala de respostas foi realizada com base nos critérios
mais utilizados nos estudos de validação: objetividade, simplicidade, clareza, precisão,
relevância e interpretabilidade. O objetivo de adoção desses critérios foi eliminar aspectos que
possam ser ambíguos, incompreensíveis, bem como termos vagos, duplas perguntas, jargões ou
quaisquer outros enunciados que remetam a juízo de valor (ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
Além disso, foi construído um questionário de validação para os juízes (APÊNDICE E),
para que o comitê de especialistas pudesse proceder à validação do conteúdo do modelo lógico
e da matriz avaliativa. Esse questionário tem uma estrutura e sequência objetiva, com propósito
de reduzir o esforço físico e/ou mental dos juízes e garantir o interesse do avaliador até o final
do instrumento. Foi dividido em três partes:
1- Orientações aos juízes quanto ao seu preenchimento e quanto aos objetivos do estudo;
2- Caracterização dos juízes;
30

3- Questionário de validação de conteúdo do modelo lógico e da matriz avaliativa,


subdividido em dois estágios (avaliação global e de itens).
O primeiro estágio consiste na avaliação global do instrumento e das suas dimensões.
Nesse momento, dois critérios foram considerados: a abrangência dos domínios, ou seja, se
cada domínio estava adequadamente representado pelo conjunto de itens, e se o conteúdo
expresso em cada domínio foi representativo. Ainda nessa avaliação global, os aspectos gerais
do modelo lógico e da matriz avaliativa também foram submetidos à avaliação, como título e o
formato (layout). Nesse estágio, as respostas dos juízes foram baseadas em “Concordo” e “Não
concordo”. Além disso, puderam ser feitas as sugestões de ajustes textuais (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011; COLUCI, ALEXANDRE, MLANI, 2015).
O segundo estágio foi composto pela avaliação de cada item da matriz avaliativa. Para
essa avaliação, foram adotados dois critérios: clareza e pertinência/representatividade. Quanto
à clareza esperou-se que os itens estivessem redigidos de forma que o conceito fosse claro,
compreensível e que conseguisse expressar adequadamente o que se buscava medir. Enquanto
isso, a pertinência ou representatividade dos itens foi avaliada através da relevância e adequação
aos objetivos propostos (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; COLUCI, ALEXANDRE, MLANI,
2015).
Para avaliação do critério “clareza” foi utilizada a escala do tipo Likert de quatro pontos
ordinais, a partir da seguinte pontuação: 1 = não claro, 2 = pouco claro, 3 = bastante claro, 4 =
muito claro. Enquanto isso, para avaliação do critério “pertinência/ representatividade” foi
adotada a seguinte sequência: 1 = não pertinente ou não representativo, 2 = item necessita de
grande revisão para ser representativo, 3 = item necessita de pequena revisão para ser
representativo, ou 4 = item pertinente ou representativo. Além disso, houve espaço para
sugestões descritivas por parte dos avaliadores.

3.2.3- Terceira etapa: validação de conteúdo pelo comitê de especialistas


Para essa etapa de validação, foi utilizada a Técnica Delphi que consiste em um processo
sistematizado de avaliação e julgamento de instrumentos através de um consenso entre
especialistas de determinada área. Essa técnica comumente pode ser efetuada em várias rodadas
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Neste estudo, foram necessárias duas rodadas (figura 2).
31

Figura 2: Técnica Delphi com duas rodadas. Feira de Santana, Bahia. 2022.

Fonte: Adaptado (MARQUES; FREITAS, 2018).

Os critérios de inclusão dos juízes foram: enfermeiros pós-graduados (mestrado ou


doutorado), com experiência de pesquisa e publicação sobre processo de enfermagem e/ou
pesquisadores peritos em conhecimentos metodológicos, com experiência na construção e
validação de instrumentos. Ao mesmo tempo foram incluídos no comitê de juízes: enfermeiras
assistenciais e coordenadoras de enfermagem de serviços hospitalares. A inclusão dessas
profissionais se dá pelo fato de fazerem parte do público-alvo do instrumento (profissionais de
enfermagem do contexto hospitalar). Essa inclusão buscou assegurar a correção de frases e
termos que não estejam muito claros, com propósito de garantir maior compreensibilidade do
instrumento (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; GRANT; DAVIS, 1997).
Para a seleção dos juízes, em junho de 2022, foi realizada uma busca por meio de análise
curricular na base de dados da plataforma Lattes. As palavras de busca na aba ASSUNTO
foram: “estudo de validação” e “processo de enfermagem”. Inicialmente, foram filtrados 1426
perfis. Após análise prévia do texto de apresentação do currículo, 145 foram selecionados. Na
sequência, foi procedida a leitura completa do currículo, o que resultou na seleção de 41
32

convites para juízes com os critérios supracitados. O endereço de e-mail deles foi localizado
através das respectivas publicações indexadas em bases de domínio público. Além disso, foram
selecionadas 04 enfermeiras atuantes no serviço hospitalar. A busca delas se deu através dos
sites oficiais de instituições hospitalares públicas do estado da Bahia.
A partir da seleção, em 02 de julho de 2022, uma carta-convite (APÊNDICE A) foi
enviada por correio eletrônico aos experts, nela foram explicitados os critérios de escolha como
juiz, os objetivos e os conceitos necessários para compreensão da proposta de estudo. Além
disso, foi enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B) para
participação na pesquisa e solicitada a devolução em um prazo de até dez dias.
Foi considerado que o número de juízes pudesse sofrer redução durante a pesquisa.
Portanto, foram excluídos aqueles que não responderem ao contato inicial e os que não puderem
participar de todas as rodadas necessárias para validação do instrumento. Para aumentar as
chances de adesão, foi feita uma segunda tentativa de contato, após dez dias da primeira
abordagem. Depois disso, a ausência de resposta configurou a impossibilidade na participação
do processo de avaliação.
Assim, para essa validação, inicialmente, foram convidados 45 juízes, com uma adesão
de 11 participantes (09 juízes com Mestrado/Doutorado e 02 profissionais do serviço hospitalar)
até o final das duas rodadas necessárias para a pesquisa. Esse número está dentro de uma média
recomendada para uma avaliação adequada de instrumentos na área da saúde (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011).
Após anuência dos juízes, em 25 de julho de 2022, foi iniciada a primeira rodada de
validação através do envio de dois documentos para preenchimento, também por meio
eletrônico: a primeira versão construída do modelo lógico (APÊNDICE C) e da matriz
avaliativa (APÊNDICE D) e o questionário de validação para os juízes (APÊNDICE E) com
instruções sobre como proceder à avaliação e a forma de preenchimento. Foi solicitado um
prazo de até quinze dias para preenchimento e devolução por parte dos participantes do estudo,
em cada rodada.
Ao final da primeira rodada, com a devolutiva dos instrumentos avaliados aos
pesquisadores, foram realizados os cálculos de concordância e executadas as alterações
consideradas pertinentes no instrumento, com base nos referenciais basilares, a fim de garantir
a adequada validação de conteúdo. É importante destacar que além dos dados quantitativos, os
apontamentos dos juízes também foram criteriosamente considerados e comparados à literatura
estruturante (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; WRIGHT; GIOVANAZZO, 2000).
33

Dessa forma, as adequações solicitadas no instrumento foram apreciadas e realizadas.


Após isso, em 12 de outubro de 2022, o instrumento foi enviado novamente aos juízes para a
segunda rodada de avaliação, com o objetivo de propiciar uma nova apreciação, diante das
modificações realizadas e, consequentemente, ampliar o nível de concordância entre os
especialistas. Os participantes puderam manter ou não as sugestões proferidas na primeira
rodada, bem como fazer modificações na escala de concordância de cada item da matriz em
questão.

3.2.5- Quarta etapa: análise dos dados de validação do conteúdo


Após cada rodada, com a devolução dos instrumentos aos pesquisadores, foram
realizados testes estatísticos para verificação da concordância entre os juízes. Os dados da
avaliação do primeiro estágio foram submetidos ao cálculo da Taxa de Concordância (TC), que
possui amplitude global quanto à consonância entre os avaliadores. A TC representa o cálculo
de porcentagem de concordância em cada domínio ou aspecto avaliado e para essa adequação
foi adotada uma taxa de concordância igual ou superior a 90% (COLUCI, ALEXANDRE,
MLANI, 2015; TILDEN; NELSON; MAY, 1990). Ela foi calculada a partir da seguinte
fórmula:

Enquanto isso, os dados obtidos no segundo estágio foram submetidos ao cálculo do


Índice de Validade de Conteúdo (Content Validity Index – IVC), que mensura a porcentagem
de juízes que estão em concordância sobre os aspectos individuais dos itens do instrumento
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011; WYND; SCHMIDT; SCHAEFER, 2003). O IVC foi
calculado a partir da seguinte fórmula:

Diante desse cálculo, os itens que receberam pontuação “1” ou “2” foram revisados ou
eliminados. Além do cálculo dos itens, foi realizada ainda a avaliação global dos itens do
instrumento, através da média dos valores dos itens calculados separadamente, isto é, somam-
se todos os IVC calculados separadamente e dividem-se pelo número de itens considerados na
34

avaliação. Para ser considerado válido, esperou-se uma concordância mínima de 0,80 e
preferencialmente superior a 0,90 por se tratar da validação de conteúdo de um instrumento
novo no cenário de estudo (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; POLIT; BECK, 2006).

3.3 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA


A pesquisa foi realizada sob atendimento às exigências éticas e científicas contidas na
Resolução nº 466/2012, Resolução nº 510/2016 e Resolução nº 580/2018 do Conselho Nacional
de Saúde (CNS). O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP),
conforme prerrogativas da Plataforma Brasil e teve aprovação do CEP da Universidade
Estadual de Feira de Santana sob parecer número 5.469.335 e CAAE: 57529522.1.0000.0053
(ANEXO A).
A coleta de dados foi realizada pelos pesquisadores, após prévio esclarecimento aos
participantes da pesquisa, através de carta-convite e Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B) com detalhamento dos objetivos, riscos e benefícios da
pesquisa.
Os riscos da pesquisa foram a divulgação dos dados sem respeito às resoluções éticas,
alteração do comportamento real dos participantes (em expor suas opiniões sobre a temática),
durante a pesquisa, bem como a interferência em suas rotinas. Esses riscos foram minimizados
a partir da descrição prévia feita pelo pesquisador sobre a pesquisa, a não interferência do
pesquisador, a garantia do anonimato, confidencialidade e privacidade, a fidelidade na coleta e
interpretação dos dados, impassibilidade do pesquisador e espera do momento mais oportuno
para a contribuição do participante; preservando assim a sua autonomia de decidir sobre sua
participação e garantindo-lhe o direito de abandonar o estudo a qualquer momento, sem prejuízo
pessoal e/ou organizacional. Foi informado, também, que a pesquisa não exigia despesas, e, se
porventura houvesse, decorrente da participação na pesquisa, o (a) participante seria ressarcido
(a), e caso ocorresse algum dano – imediato ou tardio – decorrente da participação no estudo, o
(a) participante seria indenizado (a), conforme determinação legal. Foi declarado também que
jamais seria exigido, sob qualquer argumento, renúncia ao direito à indenização por dano.
Ao mesmo tempo, foram vistas possibilidades de benefícios da pesquisa, tanto
individuais, por meio da sensibilização e aprendizagem sobre a temática estudada, como
coletivos, por favorecer o desenvolvimento de uma ferramenta que possa ser utilizada pela
enfermagem para facilitar a avaliação e estruturação adequada do processo de enfermagem no
contexto hospitalar.
35

O conteúdo das respostas foi analisado para obtenção dos resultados da pesquisa e os
dados estarão armazenados no Laboratório de Pesquisa em Gestão, Avaliação e História em
Enfermagem (GAHE), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por 5 anos. Nesse
período, as informações poderão ser utilizadas em futuras pesquisas. Porém, para que isso
ocorra, um novo projeto de pesquisa com TCLE será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos (CEP). Após o prazo de 5 anos, todos os arquivos serão destruídos.
Os pesquisadores se comprometeram em utilizar o conhecimento obtido através deste
projeto para elaborar uma dissertação de mestrado, bem como para publicar artigos na área de
saúde e em enfermagem. Além disso, a translação do conhecimento se dará através da validação
do conteúdo da própria matriz avaliativa, que se traduzirá em um produto técnico e científico
que poderá ser utilizado pelos serviços de saúde no âmbito hospitalar para consolidação do
processo de enfermagem, enquanto método de trabalho viável e aplicável nos serviços de saúde.
Os pesquisadores também se comprometeram em elaborar uma nota técnica para
divulgação aos coordenadores dos serviços hospitalares do estado da Bahia. Além disso, será
construída uma proposta de apresentação do instrumento construído ao conselho regional de
enfermagem da Bahia. Por fim, o instrumento também será assentado enquanto obra intelectual
no acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
O estudo conta com o financiamento do acordo da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) com o COFEN (Edital nº 28/2019),
36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do estudo estão dispostos a seguir, conforme as duas rodadas que foram
realizadas para a validação de conteúdo do instrumento. Quanto aos juízes, estes, em sua
maioria, tinham o título de Doutorado e atuavam no estado da Bahia, conforme a tabela 1. A
quantidade de juízes foi a mesma em ambas as rodadas realizadas.

Tabela 1: Caracterização dos juízes quanto à escolaridade e unidade federativa de atuação


profissional. Feira de Santana-BA, 2022.

Fonte: estudo original.

Nesse momento, vale destacar a caracterização dos participantes do processo de


avaliação do instrumento. A maior adesão de juízes com Doutorado é um aspecto positivo, visto
a experiência deles em pesquisas de validação e/ou sobre o PE. Ao mesmo tempo, a Bahia
apresentou a maior quantidade de juízes adeptos ao estudo, o que pode ser justificado, entre
outros fatores, pelo fato de a pesquisa estar sendo desenvolvida por pesquisadores baianos,
pelos representantes do público-alvo serem do próprio estado e também pelas instituições de
ensino da Bahia estarem engajadas em diversos estudos sobre o PE.
Ao mesmo tempo, a existência de participantes de diversos estados brasileiros
contribuiu para a avaliação do instrumento sob múltiplos olhares, considerando as diferentes
experiências regionais existentes em um país de proporção continental. Por fim, a adesão de
dois juízes que são profissionais atuantes no serviço hospitalar representa a participação do
público-alvo na avaliação do instrumento, especialmente para garantir maior
compreensibilidade ao conteúdo textual proposto.
37

4.1 RESULTADOS DA PRIMEIRA RODADA DE VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

A primeira rodada de validação consistiu em dois estágios. O primeiro foi referente à


avaliação global do instrumento e das suas dimensões. Assim, os juízes avaliaram os aspectos
gerais do modelo lógico e da matriz avaliativa. Conforme exposto na Tabela 2, houve
concordância de 100% dos juízes quanto ao modelo lógico, entretanto, o Título e formato da
Matriz tiveram apenas 63,63% de Taxa de Concordância (TC).
Os juízes apontaram a necessidade de ajuste no título da Matriz, a partir da supressão
de parte dele, especialmente do detalhamento “(...) implementação e execução (...)”, a fim de
conferir maior objetividade ao texto e evitar ambiguidade com as etapas do próprio PE, o que
resultou na seguinte sentença: MATRIZ AVALIATIVA DO PROCESSO DE ENFERMAGEM
NO CONTEXTO HOSPITALAR.
Quanto ao formato da Matriz, foram propostos ajustes em títulos das colunas e na
ESCALA DE RESPOSTA. Foram sintetizadas as respostas de quatro para três níveis, visto que
não havia uma delimitação clara entre eles. Além disso, esses níveis receberam definições no
rodapé da Matriz, bem como valores quantificáveis para a redução de subjetividade no processo
avaliativo, a partir dos parâmetros definidos para a matriz.
As Dimensões existentes na Matriz – construídas a partir dos momentos do PES – foram
avaliadas como adequadas pelos juízes, tanto no critério de “abrangência”, quanto o de
“representatividade do conteúdo”. Portanto, desde a primeira rodada não foram realizados
ajustes, mantendo uma TC de 100% (tabela 2).
Tabela 2: Consolidação das Taxas de Concordância (TC) no primeiro estágio de Avaliação do
Instrumento (Avaliação Global) durante a primeira rodada de validação. Feira de Santana-BA,
2022.
Aspectos Gerais do Instrumento TC
Modelo lógico 100 %
Título da Matriz 63,63%
Formato da Matriz 63,63%
Abrangência das Dimensões
A- Explicativa 100 %
B- Normativa 100 %
C- Estratégica 100 %
D- Tático-Operacional 100 %
Representatividade do conteúdo das Dimensões
A- Explicativa 100 %
B- Normativa 100 %
C- Estratégica 100 %
D- Tático-Operacional 100 %
Fonte: estudo original.
38

Quanto ao segundo estágio de avaliação, foram calculados os IVC de cada item e seus
respectivos parâmetros, a partir de dois critérios: clareza (IVC: 0,90) e representatividade (IVC:
0,93). O IVC global, calculado a partir da média de todos os itens, foi de 0,92. Desse modo, já
na primeira rodada, os itens foram considerados claros e representativos à luz da literatura, em
que se espera um IVC mínimo de 0,80 e preferencialmente superior a 0,90 (tabela 3).
Apesar disso, as sugestões de aperfeiçoamento sinalizadas pelos juízes foram avaliadas
pelos pesquisadores e, a partir disso, além de ajustes de palavras em todos os indicadores,
algumas adequações específicas foram realizadas na Matriz. São elas: A1: acréscimo de
metodologias participativas; B1: acréscimo de palavras na conceituação de situação-objetivo;
B3: acréscimo de palavras na descrição dos sistemas operacionais de suporte; C1: detalhamento
dos conceitos de forças, fraquezas, ameaças e oportunidades; C2: detalhamento dos conceitos
de viabilidade; C3: especificação das ações de Educação Permanente (EP) para o PE; D1 e D2:
ajuste de linguagem consonante com a resolução COFEN nº358/2009 e correção ortográfica;
D3 e D4: acréscimo de informações sobre a prescrição de enfermagem e checagem adequada e
segura; D6: inclusão de palavras complementares; D7: agrupamento do monitoramento e
avaliação do PE no mesmo item. D8: exclusão do item para evitar redundância de informações.

Tabela 3: Consolidação dos Itens de Validade de Conteúdo (IVC) no segundo estágio de


avaliação do Instrumento durante a primeira rodada de validação. Feira de Santana-BA, 2022.
Itens IVC- IVC-
Clareza Representatividade
A1- Árvore de problemas construída no contexto organizacional (atores, técnicas e instrumentos). 0,90 0,90
B1- Situação-objetivo do PE construída a partir da missão, visão e valores da instituição e do serviço de enfermagem, bem 0,90 1
como os atores, técnicas e instrumentos envolvidos.
B2- Existência de pelo menos uma teoria de enfermagem adotada. 1 1
B3- Existência de sistemas operacionais de suporte à implantação e operacionalização do PE. 0,90 0,90
C1- Realização de avaliação estratégica com análise dos fatores limitantes e facilitadores à implantação e execução 0,80 0,90
do PE.
C2- Realização de análise da viabilidade (política, econômica e institucional-organizativa). 0,80 0,90
C3- Existência de estratégia de Educação Permanente da equipe. 0,90 1
D1- Realização de coleta de dados com o usuário para levantamento de problemas de enfermagem através do 0,90 0,90
histórico e exame físico.
D2- Realização de prática de construção dos Diagnósticos de enfermagem. 0,90 1
D3- Realização de prática do Planejamento de enfermagem 0,90 1
D4- Realização de prática de implementação das ações e intervenções de enfermagem 0,90 0,90
D5- Realização de prática de Avaliação de enfermagem. 1 1
D6- Realização de prática dos Registros de enfermagem. 1 0,90
D7- Existência de prática de acompanhamento/ monitoramento do PE 0,90 0,90
D8- Existência de avaliação do PE. 0,80 0,80
IVC total: 0,90 IVC total: 0,93
IVC Global: 0,92
Fonte: estudo original.
39

4.2 RESULTADOS DA SEGUNDA RODADA DE VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

Após a segunda rodada de validação pelos juízes, os instrumentos foram devolvidos aos
pesquisadores e os resultados submetidos aos cálculos de concordância. Destaca-se que o
primeiro estágio – avaliação global do instrumento e das suas dimensões – obteve uma maior
taxa de concordância em relação à primeira rodada. As adequações realizadas no título da
Matriz, nas colunas e no seu formato foram bem aceitas pelos juízes. Ao mesmo tempo, foram
mantidos os níveis de concordância quanto à abrangência e representatividade do conteúdo das
dimensões do instrumento (tabela 4).

Tabela 4: Consolidação das Taxas de Concordância (TC) no primeiro estágio de Avaliação do


Instrumento (Avaliação Global) durante a segunda rodada de validação. Feira de Santana-BA,
2022.
Aspectos Gerais do Instrumento TC
Modelo lógico 100 %
Título da Matriz 100 %
Formato da Matriz 90 %
Abrangência das Dimensões
E- Explicativa 100 %
F- Normativa 100 %
G- Estratégica 100 %
H- Tático-Operacional 100 %
Representatividade do conteúdo das Dimensões
E- Explicativa 100 %
F- Normativa 100 %
G- Estratégica 100 %
H- Tático-Operacional 100 %
Fonte: estudo original.

Quanto ao segundo estágio de avaliação, novamente foram calculados os IVC de cada


item e seus respectivos parâmetros, a partir dos mesmos critérios: clareza (IVC: 0,97) e
representatividade (IVC: 0,98). O IVC global, calculado a partir da média de todos os itens, foi
de 0,98. Assim, nessa segunda rodada, os itens tiveram uma maior concordância por parte dos
juízes em relação à primeira, e essa foi considerada satisfatória pelos pesquisadores, em
consonância com os valores recomendados pela literatura (tabela 5).
40

Tabela 5: Consolidação dos Itens de Validade de Conteúdo (IVC) no segundo estágio de


avaliação do Instrumento durante a segunda rodada de validação. Feira de Santana-BA, 2022.

Itens IVC- IVC-


Clareza Representatividade
A1- Árvore de problemas construída no contexto organizacional (atores, técnicas e instrumentos). 1 1
B1- Situação-objetivo do PE construída a partir da missão, visão e valores da instituição e do serviço de enfermagem, bem como os 0,90 1
atores, técnicas e instrumentos envolvidos.
B2- Existência de pelo menos uma teoria de enfermagem adotada. 1 1
B3- Existência de sistemas operacionais de suporte para implantação e operacionalização do PE. 1 0,90
C1- Realização de avaliação estratégica com a análise dos fatores limitantes e facilitadores à implantação e execução do 0,90 0,90
PE.
C2- Realização de análise da viabilidade (política, econômica e institucional-organizativa). 0,90 1
C3- Existência de estratégia de Educação Permanente da equipe. 1 1
D1- Realização de coleta de dados com o usuário para levantamento de informações através do histórico e exame físico. 1 1
D2- Realização de prática de construção dos Diagnósticos de enfermagem. 1 1
D3- Realização de prática do Planejamento de enfermagem 1 1
D4- Realização de prática de implementação das ações e intervenções de enfermagem. 1 1
D5- Realização de prática de Avaliação de enfermagem. 1 1
D6- Realização de prática dos Registros de enfermagem. 1 1
D7- Existência de monitoramento e avaliação do PE. 0,90 0,90
IVC total: 0,97 IVC total: 0,98
IVC Global: 0,98
Fonte: estudo original.

Dessa forma, tem-se a versão final do modelo lógico (figura 3) e da matriz avaliativa
(quadro 4) – com suas respectivas dimensões e itens – após as duas rodadas de validação por
parte do comitê de especialistas.
41

Figura 4: Versão final do Modelo Lógico de Avaliação do Processo de Enfermagem no contexto hospitalar. Feira de Santana, Bahia, 2022.
42

Quadro 4: Versão final da Matriz Avaliativa do Processo de Enfermagem no contexto hospitalar após rodadas de validação. Feira de Santana,
Bahia, 2022.
43

Quadro 4: Versão final da Matriz Avaliativa do Processo de Enfermagem no contexto hospitalar após rodadas de validação. Feira de Santana,
Bahia, 2022.
44

A construção e validação do modelo logico e da matriz avaliativa teve o PES como


arcabouço estrutural. Assim, as dimensões do instrumento foram baseadas nos momentos do
PES: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. A partir daí os elementos de
planejamento em saúde foram incorporados aos indicadores da matriz, sob perspectiva de
valorização das realidades locais.
Associado a isso, o modelo lógico e a matriz avaliativa tiveram as publicações oficiais
dos Conselhos de Enfermagem como embasamentos técnicos essenciais. Assim, os aspectos
operacionais de planejamento, execução e registro do processo de enfermagem foram apoiados
nas principais resoluções relacionadas e em estudos desenvolvidos pelas câmeras técnicas
institucionais de discussão sobre a temática (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM,
2009, 2016; CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO 2021).
Diante disso, os aspectos sobre o PE considerados essenciais foram: adoção de teorias
de enfermagem como suporte teórico, uso de sistemas operacionais e tecnológicos, registros de
enfermagem, e execução das etapas do PE propriamente dito: coleta de dados (histórico e exame
físico), diagnósticos de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e avaliação
em enfermagem. Em seguida, em cada aspecto essencial do PE foram introduzidos
detalhamentos operacionais para tornar o instrumento mais aplicável nos serviços de saúde
(CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO 2021).
O destaque para as teorias de enfermagem foi pautado na necessidade de dar evidência
à capacidade das mesmas em reflexões sobre os problemas da enfermagem, sendo assim,
capazes de permitir ao enfermeiro uma maior autonomia no planejamento e execução dos
cuidados prestados. Indiscutivelmente, a adoção das teorias de enfermagem consegue promover
melhorias da qualidade assistencial, pois o enfermeiro deixa de ser um simples executor de
tarefas repetidas e passa a ser um sujeito ativo e protagonista do processo de cuidar
(BRANDÃO et al., 2019; SANTANA et al., 2013).
Quanto aos registros de enfermagem, estes foram destacados na matriz pela sua
importância em possibilitar uma comunicação segura entre os profissionais de enfermagem e a
equipe de saúde, bem como para finalidades relacionadas ao ensino, pesquisa, esclarecimento
de processos éticos e judiciais, e para a avaliação da qualidade da assistência de enfermagem
prestada (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2016).
O uso de sistemas operacionais que contribuem para a execução das etapas do PE nos
diferentes contextos da prática assistencial foi um dos eixos centrais do conteúdo disposto na
matriz. Assim, o detalhamento da execução das fases do PE foi realizado com base nos
conceitos e propriedades que alicerçam as publicações oficiais sobre o PE na atualidade.
45

Também foi dada evidência à Educação Permanente como recurso importante para execução
do PE, a partir do envolvimento dos diferentes atores que participam do cenário de prática.
Associado a isso, foi incluída a ênfase na necessidade de monitoramento e avaliação contínua
da execução do PE implantado, para que sejam fomentadas iniciativas de aprimoramento do
PE, a partir das realidades locais (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO
PAULO, 2021; SANTANA, TAHARA, 2008).
Diante da estruturação do instrumento, a validação em duas rodadas com uma alta taxa
de concordância e um IVC acima do recomendado trouxe expectativas do instrumento ser
aplicável aos serviços hospitalares, visto que uma potencialidade do instrumento proposto é a
sua possibilidade de adequação aos distintos contextos organizacionais (como subsetores
hospitalares), bem como a valorização dos atores, recursos e sistemas operacionais já existentes,
conforme prerrogativas do próprio PES.
Cabe reiterar que isso é possível devido à similaridade estrutural entre o PES e o PE,
pois ambos possuem dinamismo entre seus momentos, que fogem de um padrão rígido e
normativo. Bem como consideram a existência de problemas reais, o estabelecimento de
resultados desejados, o envolvimento dos atores e execuções concomitantes de ações
(CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009; SÁ, PEPE, 2000; SANTANA,
TAHARA, 2008).
Assim, o instrumento proposto pode fomentar discussões acerca da importância da
aproximação do conteúdo teórico e o arcabouço legal com a realidade a que o sujeito está
inserido. A partir daí, serem construídas perspectivas de implantações reais do PE nos cenários
de atuação profissional, distintas dos sistemas engessados e impressos de enfermagem utópicos
e dissonantes das realidades locais, ainda existentes atualmente.
Diante disso, a presente pesquisa apresenta elementos inovadores no cenário de estudos
de validação sobre o PE: validação de um instrumento que considere não apenas a execução
das etapas propriamente ditas – histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e
avaliação – mas também os passos que antecedem a execução do PE, a partir do PES. Desse
modo, o instrumento traz foco à necessidade do planejamento para implantação do PE no
serviço, como identificação dos problemas existentes, participação dos profissionais, definição
de teorias de enfermagem, análise de viabilidade, entre outros.
As contribuições dos juízes conferiram maior clareza às sentenças descritas no
instrumento, especialmente através do detalhamento de alguns conceitos-chave que foram
incorporados a partir do PES. Os ajustes de linguagem foram necessários para que o
instrumento se tornasse mais compreensível para o leitor. Ao mesmo tempo, foram introduzidas
46

adequações que conferiram maior objetividade ao propósito avaliativo do instrumento. Logo, a


etapa de validação por parte do comitê de especialistas foi fundamental para o refinamento
comumente necessário nesse tipo de estudo.
Por fim, o comitê de especialistas considerou que os indicadores do instrumento
possuem a clareza e a pertinência necessárias para serem utilizados na avaliação do PE e,
consequentemente, fomentar iniciativas institucionais de adaptações, ajustes e reformulações
de estratégias de consolidação do PE nos serviços de saúde. O que, por conseguinte, contribui
para o fortalecimento da implantação e execução do PE nos serviços hospitalares.
47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo atendeu ao objetivo proposto: validar o conteúdo de uma matriz


avaliativa para o processo de enfermagem no contexto hospitalar. A iniciativa surgiu diante da
escassez identificada na literatura de propostas avaliativas do PE, bem como a partir de visitas
técnicas institucionais sobre a temática. Assim, por meio deste estudo, foi possível construir e
validar o conteúdo da Matriz aqui apresentada, a partir dos referenciais basilares sobre o PE,
sob a perspectiva do PES, através da técnica Delphi, realizada em duas rodadas.
Vale destacar que a construção do instrumento proposto tem um embasamento teórico
definido. Além das etapas metodológicas terem sido pautadas em referenciais de validação, a
articulação teórica do PES com o PE, a partir da estruturação dos respectivos momentos
avaliativos, configura uma abordagem inovadora nesse campo do conhecimento.
Diante disso, a pesquisa trouxe contribuições para o estado da arte e para os serviços de
saúde, uma vez que discussões sobre a implantação e operacionalização adequada do PE, a
partir das realidades locais, pode auxiliar na consolidação do PE como instrumento de
qualificação do cuidado prestado à pessoa humana e à coletividade.
O instrumento apresentado, portanto, também pode oferecer subsídios para o
aperfeiçoamento e desenvolvimento da prática profissional da enfermagem. Uma vez que o PE
precisa ser visto, discutido e trabalhado não como um simples item de cumprimento burocrático
a ser executado pelas instituições nas rotinas dos serviços, mas como uma oportunidade real de
organização e planejamento de ações de enfermagem e de desenvolvimento do raciocínio
clinico-reflexivo, em que a própria equipe de enfermagem emerge como protagonista no
cenário de atuação, alicerçada pelo apoio institucional, legal, político e social.
Ao mesmo tempo, cabe destacar a existência de fatores limitantes do estudo, como a
baixa quantidade de aceite dos experts, quando comparada ao número de convites realizados
para apreciação, avaliação e devolutiva do instrumento em tempo hábil. Além disso, é
importante destacar que a validação de conteúdo não é a fase final a que os instrumentos
avaliativos são comumente apreciados. Espera-se que o presente instrumento seja submetido a
um pré-teste no cenário de prática, bem como sejam realizados mais processos e testes de
concordância que forem necessários para atingir outros critérios e atributos, como sensibilidade,
confiabilidade e praticabilidade no cotidiano profissional.
Por fim, o presente estudo traz potências e perspectivas de novas pesquisas para o campo
da Enfermagem, pois iniciativas de aperfeiçoamento do PE precisam ser fomentadas, apoiadas,
aplicadas, reproduzidas e divulgadas em todos os cenários de atuação profissional.
48

REFERÊNCIAS

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construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 7, p.
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54

APÊNDICE A: QUADRO 1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE PESQUISA


DO RESULTADO DA ARTE. Feira de Santana, BA, Brasil, 2021.

Título Autores Ano Revista Principais achados


1 Validação de intervenções e LUCENA, Amália 2017 Revista O estudo validou intervenções e atividades de
atividades de enfermagem para de Fátima et al. Gaúcha de enfermagem propostas pela Nursing Interventions
pacientes em terapia hemodialítica Enfermagem Classification, para pacientes com insuficiência renal
aguda ou doença renal crônica agudizada, em terapia
hemodialítica com os diagnósticos de enfermagem
Volume de Líquidos Excessivo e Risco de Volume de
Líquidos Desequilibrado.
2 Validação clínica do diagnóstico de FERREIRA, Raisa 2019 Revista latino O estudo consistiu na validação clínica do diagnóstico
enfermagem “00085 Mobilidade Camilo; DURAN, Americana de de enfermagem “Mobilidade Física Prejudicada”,
Física Prejudicada” em vítimas de Erika Christiane Enfermagem através da identificação da sua prevalência,
múltiplos traumas Marocco características definidoras, fatores relacionados e
condições associadas pelo cálculo das medidas de
acurácia e geração de árvores de decisão.
3 Validação de um histórico de ANDRADE, 2019 Revista O estudo abordou a validação dos indicadores
enfermagem para indivíduos Lidiane Lima et al. Eletrônica de empíricos das necessidades humanas básicas contidos
hospitalizados com doenças Enfermagem em um histórico de enfermagem para indivíduos
infectocontagiosas hospitalizados com doenças infectocontagiosas.
4 Escolares hospitalizados: proposta MARQUES, 2016 Revista Os autores validaram um instrumento de coleta de
de um instrumento para coleta de Daniela Karina Gaúcha de dados para escolares hospitalizados à luz da Teoria
dados à luz da teoria de Horta Antão; SILVA, Enfermagem das Necessidades Humanas Básicas. O instrumento
Kenya de Lima; também serviu para nortear as demais fases do
NÓBREGA, Maria Processo de Enfermagem.
Miriam Lima
5 Proposta de plano de cuidados de NETO, Vinícius 2017 Revista da Os autores construíram e validaram uma proposta de
enfermagem para pessoas Lino de Souza et al. Escola de plano de cuidados de enfermagem para pessoas
internadas com Aids Enfermagem internadas com Aids, em unidade de infectologia,
da USP utilizando a CIPE® versão 2015.
6 The Design and validation of a MELGUIZO- 2019 International O estudo validou um plano de cuidados de
Nursing Plan for Elderly Patients HERRERA, Estela Journal of enfermagem para pacientes idosos com delirium pós-
with Postoperative Delirium et al. Environmental operatório. Foi composto por oito recursos
Research diagnósticos e 44 intervenções com base no sistema
Public Health de Classificação NANDA-NIC-NOC.
7 Validação das definições de SOUZA NETO, 2020 Revista Através do estudo, validou-se o conteúdo das
diagnósticos de enfermagem para Vinícius Lino et al. Brasileira de definições conceituais e operacionais dos
pessoas com Aids Enfermagem Diagnósticos de Enfermagem da Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem para
pessoas com Aids.
8 Validação de intervenções para MENESES, 2020 Revista O estudo validou as intervenções de enfermagem para
risco de integridade da pele Lenilma Bento de Brasileira de diagnóstico Risco de integridade da pele prejudicada
prejudicada em adultos e idosos Araújo et al. Enfermagem de pacientes adultos e idosos hospitalizados.

9 Profile of the nursing diagnoses in CARDOSO, 2019 Investigacíon O estudo identificou o perfil dos diagnósticos de
stable heart disease patients Patrícia et al. y Educacíon enfermagem mais frequentes nos prontuários de
en Enfermeria pacientes acompanhados em um ambulatório
especializado em cardiopatia isquêmica. A partir
dessa coleta, os mais frequentes foram validados para
protocolo de uso por um comitê de especialistas em
cardiologia.
10 Risco de reação adversa ao meio de JUCHEM, Beatriz 2017 Revista O estudo realizou a validação de conteúdo do
contraste iodado: um estudo de Cavalcanti; Gaúcha de diagnóstico de enfermagem “Risco de reação adversa
validação ALMEIDA, Miriam Enfermagem ao contraste iodado”, bem como de suas intervenções
de Abreu e resultados de enfermagem segundo terminologias
padronizadas
11 Validation of a manual of care GONZÁLEZ 2021 Nursing Open O estudo validou um manual de planos de cuidados
plans for people hospitalized with AGUÑA, para pessoas hospitalizadas por COVID-19. O manual
COVID-19 Alexandra et al. integrou 24 diagnósticos NANDA-I, 34 NOC e 47
critérios NIC diferentes.
12 Análise do padrão respiratório SEGANFREDO, 2017 Revista latino O estudo analisou como se manifestam as
ineficaz e ventilação espontânea Deborah Hein et al. Americana de características definidoras dos diagnósticos de
prejudicada de adultos com Enfermagem enfermagem “padrão respiratório ineficaz” e
oxigenoterapia “ventilação espontânea prejudicada”, da NANDA
55

Internacional, e as características definidoras


identificadas na literatura para o conceito
“ventilação”, em pacientes adultos hospitalizados em
unidade de terapia intensiva com uso de
oxigenoterapia.
Fonte: elaborado pelos autores.
56

APÊNDICE B: CARTA CONVITE PARA OS JUÍZES


57

APÊNDICE C: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)


58

APÊNDICE C: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)


59

APÊNDICE D: MODELO LÓGICO: VERSÃO INICIAL


60

APÊNDICE E: MATRIZ AVALIATIVA: VERSÃO INICIAL


61

APÊNDICE E: MATRIZ AVALIATIVA: VERSÃO INICIAL.


62

APÊNDICE F: QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO PARA OS JUÍZES


63

APÊNDICE E: QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO PARA OS JUÍZES


64

ANEXO A: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


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