R - e - Eduardo Tadeu Sanches

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A IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL NA FORMAÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES RURAIS – UM ESTUDO DE CASO.

Eduardo Tadeu Sanches1;


Leilane Soares Pereira de Sousa2.

RESUMO

No artigo, propõe-se discutir o papel da extensão rural na formação de grupos de


pequenos agricultores organizados, seus benefícios e principais entraves. Ainda, procura
detalhar a cooperação entre produtores e extensionistas como forma de consolidação do
processo associativo. A tarefa mais difícil no campo é a criação e manutenção de uma
organização rural. Muitos grupos de produtores rurais foram formados no Estado do
Paraná ao longo do século XX, mas poucos sobreviveram à transição para uma economia
moderna. Desta forma, vou relatar uma experiência bem sucedida no município de Nova
América da Colina, Paraná, com o apoio da extensão rural pública através de reuniões
técnicas, cursos e excursões que obtiveram bons resultados econômicos, sociais e
ambientais. A história de agricultores que conseguiram superar as diferenças e as
dificuldades do mercado para criar um grupo de fruticultores, dentro de uma cultura
pioneira no norte do Paraná.

Palavras-chave: Associativismo, Agricultores, Extensão.

1
Educando do Curso de Especialização em Educação do Campo-EaD, Universidade Federal do Paraná,
Pólo UAB de Paranaguá, e-mail: [email protected].
2
Educador Orientador, UFPR Litoral.
1 CONTEXTO

A Associação de Produtores de Frutas Nova Citrus é um exemplo bem sucedido de


um grupo de agricultores que foram orientados durante 14 anos apoiada pela extensão
rural (EMATER Paraná) vem obtendo resultados econômicos, sociais e ambientais. A
forma como esta associação evoluiu está intrinsecamente ligada à atuação os
extensionistas. A Associação é hoje modelo para o Estado por ser gerida somente pelos
agricultores, independente de politicas públicas.
A organização política sob a modalidade associativista visa não só à constituição
da representação política, mas também, como parte deste próprio processo, dotar o
assentado de condições concorrenciais para fazer circular no mercado pequenas
quantidades de produtos (Delma Neves).
No âmbito das relações de trabalho, a cooperação significa a ampliação da
capacidade de sobrevivência econômica através da obtenção de renda monetária, direta
e/ou indireta, maior (gerada, principalmente, pelo aumento da produtividade do trabalho e
da redução dos custos de produção). (Rosemeire Scopinho)
O cooperativismo típico, quando sobreposto a uma base produtiva desigual
comandada pela “livre iniciativa”, tende a aprofundar as desigualdades existentes.
Na verdade, o sistema opera dentro de um marco de mudanças ‘permitidas’ e que,
do ponto de vista estrutural, são necessariamente marginais. Por isso, continua utópico
pensar-se que este cooperativismo individualista, inserido no contexto de uma formação
social que tem no capitalismo o seu modo de produção dominante, atue no sentido de
reverter à dinâmica da expansão do capital e das forças sociais que sustentam este
processo. (Scopinho)
Cooperação e cooperativa são processos sociais distintos e não é de hoje que a
literatura mostra que pode não haver correspondência direta entre eles. Cooperativa é
entendida aqui como modelo de estrutura organizacional, do qual se originam sociedades
constituídas, sob a forma democrática para atingir fins específicos, ou seja, associação de
pessoas, de natureza autogestionária, regida por princípios de igualdade no que se refere
à propriedade, gestão e repartição dos recursos (Camargo, 1960; Rios, 1976; Fleury,
1983). Cooperação é ação social articulada e alinhavada por objetivos comuns para
solucionar problemas concretos. Economicamente, a cooperação se configura como uma
estratégia de proteção dos trabalhadores (agricultores) contra as adversidades
historicamente vivenciadas pela produção rural.
Sabe-se desde há muito que o desenvolvimento local envolve fatores sociais,
culturais e políticos que não se regulam exclusivamente pelo sistema de mercado, uma
vez que é marcado pela cultura do contexto em que se situa.
O desenvolvimento local está associado, normalmente, a iniciativas inovadoras e
mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais nas condições dadas
pelo contexto(Yuri).
A extensão rural 3tem apregoado de forma sistemática o seu apoio a grupos de
produtores, associações e cooperativas, atuando na educação dos agricultores, como
participar, interagir com a Diretoria e os Conselhos.
No Brasil, a extensão rural surgiu, oficialmente, no contexto da guerra fria,
subsidiada com recursos financeiros da Fundação Rockfeller. Esta financiou ações de
pesquisa, intervenção e subsidiou a implantação de laboratórios na área de saúde. O
contexto do final da Segunda Guerra e o acirramento entre os blocos capitalista,
comandados pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética, fez
com que a filantropia cientifica incluísse em sua pauta a população rural (Lindolfo).
A Extensão Rural surgiu no Brasil com o propósito de ensinar o agricultor a
produzir conforme os ditames da modernidade, que através de sementes e insumos

3
Os extensionistas da EMATER Paraná desenvolvem trabalhos na área de Bem
Estar Social, no campo da nutrição, saúde, saneamento, educação e cidadania. Vale
lembrar projetos de impacto como a racionalização no uso de agrotóxicos, a redução de
perdas na colheita, a conservação dos solos, além do manejo de pragas e doenças nas
lavouras.
industrializados aumentariam a produção. “O interesse maior do serviço de extensão rural
era habilitar o agricultor e sua família para obter maior produtividade resultante do
trabalho realizado, através do uso racional dos fatores de produção, principalmente dos
novos insumos, maquinários e do crédito”.
O aumento da produção agrícola e a expansão do capitalismo no campo passavam
pela necessidade de desqualificar o saber costumeiro dos pequenos agricultores, de
modo a adestrá-los e disciplinarizá-los segundo a lógica do capital. Segundo Wenceslau
Gonçalves Neto, os serviços de Extensão Rural assumiam, no processo de modernização
da agricultura, uma atribuição complexa, pois seu trabalho apontava para resolver
problemas como a dispersão espacial dos produtores rurais e as possíveis resistências à
adoção de inovações tecnológicas (Reinaldo Lindolfo).
Os projetos educativos aplicados entre as famílias rurais, desde a introdução do
extensionismo no Brasil, voltavam-se, segundo Lousa da Fonseca, “para garantir que o
homem rural entrasse no ritmo e na dinâmica da sociedade de mercado”, trazendo
mudanças profundas para o agricultor “que se refletiriam diretamente no seu modo de
vida, na sua forma de produzir, exigindo-lhe ainda que aprendesse a consumir produtos
industrializados”.
O processo educativo da Extensão Rural tinha suas ideias e metodologias
baseadas na pedagogia do Consenso que considerava a educação do ponto de vista da
transmissão de conhecimentos, normas de conduta e valores das gerações adultas para
jovens, desconsidera-se o conhecimento popular e condicionava os agricultores a
produzir para obter o máximo do desenvolvimento econômico.
Os extensionistas seriam intermediários entre os interesses dos agricultores e as
políticas agrícolas, objetivando ultrapassar o assessoramento técnico, promovendo
mudanças socioeconômicas e culturais. Os extensionistas passaram a serem os
intermediários do governo na difusão das inovações junto aos agricultores.
As organizações dos pequenos agricultores são construídas na interface da
sociedade global, como um meio para regular as relações entre indivíduos e os diferentes
grupos sociais que compõem a sociedade local.
As associações possuem capacidade de captar e veicular demandas sociais de
vários segmentos, em diferentes situações e, de acordo com seu engajamento, os
associados tem assegurado ou não o encaminhamento de suas reinvindicações, com
possibilidade de fortalecer sua ação politica.
Não obstante, para os pequenos agricultores, mais que garantir uma renda extra, a
necessidade de organizar-se é imprescindível na garantia mercado consumidores, no
fornecimento de um produto saudável e diferenciado, de forma constante e em volumes
que atraiam grandes compradores.
No Paraná, a cultura da laranja se destacou como opção econômica nas regiões de
Paranavaí, Umuarama, Maringá (Rolândia), Londrina, se expandindo para região do norte
do Paraná (IBGE).

Diferente de São Paulo, as indústrias instaladas no Paraná são administradas por


Cooperativas de Agricultores (COCAMAR, Cooperativa Integrada, COROL, etc.), em
sistema de integração, o que permite um maior vínculo do produtor rural.

2 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

No município de Nova América da Colina se destaca a produção de laranja de


mesa, uma opção rentável para os produtores de frutas e para aqueles que procuram sair
da cultura de grãos especializados.

Voltado para pequenos agricultores, à produção da fruta de mesa encontrou


respaldo na Associação de Produtores Nova Citrus, inicialmente um grupo de agricultores
que se reuniram na laranja, buscando uma opção a cultura do algodão. Mas para se
chegar à formação de um grupo de agricultores em uma nova cultura, não bastou apenas
vontade, mas um constante esforço por parte de seus associados.

Com o auxilio do Instituto EMATER e apoio do Instituto Paranaense de Pesquisas


(IAPAR) e da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SEAB), novas
tecnologias, novas cultivares e com treinamento contínuo, foi possível avançar na
formação de uma organização forte que tem demonstrado ser um exemplo para outras
associações. Inicialmente, no inicio da década de 90 (1992), a EMATER Paraná
desenvolveu um Seminário de Alternativas para a região de Cornélio Procópio, onde os
23 municípios discutiram novas culturas, mercados e tecnologias. Apenas a produção de
frutos para indústria crescia na região de Maringá e Paranavaí na época, e toda a
tecnologia era voltada para o aumento de produtividade, sem a preocupação quanto à
qualidade do fruto. Para difundir a tecnologia junto aos produtores buscou-se apoio em
metodologias na época, disponíveis aos extensionistas, tais como dias de campo,
excursões, cursos e reuniões técnicas. Principalmente as reuniões técnicas foram
amplamente utilizadas, de tal forma que estas ocorriam no final de cada mês, o que exigiu
um grande esforço dos produtores e dos técnicos. Mas produzir era apenas uma parte do
problema, fez-se necessário melhorar a apresentação do produto (fruta), e logo surgiu a
necessidade da construção de uma casa de embalagem, onde o fruto poderia ser limpo,
lavado, polido, selecionado e encaixotado para atender as exigências do mercado
consumidor. Em 1994 surgiu um grupo de produtores com o objetivo de fornecer um
produto que atendesse as necessidades do mercado local, dominado pela produção de
São Paulo. Formou-se o grupo Nova Citrus, com forte apoio da EMATER na discussão
das práticas culturais e na formação de uma mentalidade associativa. Inicialmente com 6
produtores, receberam mudas subsidiadas pelo então governo do Paraná, pelo Programa
Paraná Rural. O grupo se fortaleceu e cresceu, chegando em 2002, a contar com 32
produtores. Nesta época surge a Associação Nova Citrus. Para que a experiência não se
desestruturasse, a extensão rural na época providenciou cursos na área de formação de
lideranças associativas. Posteriormente, houve a necessidade de se discutir melhoria da
tecnologia de produção. Novos cursos foram criados, tais como Cultura de citros,
Aplicação de Agrotóxicos, Tratoristas, Manejo de Pragas, Produção Integrada. O uso de
pessoal qualificado para identificação de pragas e doenças facilitou o controle
fitossanitário, reuniões técnicas incentivados pela extensão rural para se discutir
adubação, manejo da cultura, controle de pragas etc., consolidou a cultura permitindo que
houvesse uma expansão da laranja junto a novos agricultores. Atualmente, a Nova Citrus
possui mais de 60 produtores espalhados pelos municípios de Nova América da Colina,
Assaí, São Sebastião da Amoreira, Cornélio Procópio, Rancho Alegre e Santa Mariana e
com mais de 600 mil mudas plantadas, sendo que sessenta por cento em produção. Em
2010, foi aprovada a criação da Cooperativa Nova Citrus que irá comercializar a produção
nas regiões de Londrina e Curitiba. Muitos produtores e grupos de produtores tiveram
este mesmo apoio, mas sucumbiram devido ao individualismo, a falta de recursos e a
ausência de politicas públicas. A produção integrada de frutas é um conjunto de práticas,
muito bem definidos pelo Ministério da Agricultura, onde os produtores devem adotar e
serem auditados. Tudo isso foi possível graças à união dos agricultores que acreditaram
na proposta de trabalho da extensão rural. Para melhor relatar as experiências dos
agricultores foram feitas entrevistas com a diretoria (Heriberto Bizerra de Melo, Israel
Rafael dos Santos, Ricardo Shirai e Sergio Yamamoto) onde se pode focar o trabalho da
extensão na organização da Associação Nova Citrus.

Onde surgiu a ideia de se plantar laranja de mesa?


Em 1992, a cultura do algodão estava passando por uma grave crise com o
surgimento do bicudo, uma praga severa que destruía boa parte da produção e com os
preços internacionais em queda. Além disso, os custos com mão-de-obra tornaram-se
muito dispendiosos. Com o Seminário de Alternativas, realizado em Cornélio Procópio,
com a presença de vinte e três municípios, muitos agricultores puderam ouvir e selecionar
culturas com potencial de mercado. Foi o caso da banana na região de Andirá e pêssego
na região de Congonhinhas. A laranja foi uma opção mais atraente pra nós, pois tínhamos
alguns produtores de frutas cítricas no município.

Como foi o apoio da extensão na época?


Os técnicos da EMATER Paraná buscaram junto ao Instituo Agronômico do Paraná
(IAPAR), e a empresas particulares (GRAVENA) informações sobre variedades,
espaçamento, adubações, e manejo da cultura. Na época, predominava, como hoje, a
laranja para indústria. Através de reuniões técnicas mensais e visitas a lavouras do
estado do Paraná e São Paulo, pudemos, paulatinamente, nos capacitar.

Como foi esta capacitação?


Não foi fácil, no início cometemos erros e novamente tivemos que procurar a
extensão rural, que nos apoiou buscando especialistas na área de manejo de pragas
(Gravena), através de cursos profissionalizantes (Sindicato Rural de Cornélio Procópio/
SENAR) e buscando a Produção Integrada de Frutas. Os cursos recomendados aos
produtores na época foram: tratoristas, aplicação de agrotóxicos, produção integrada,
manejo de pragas dos citros, preservação de fontes de água e construção de fossa
séptica, prevenção de acidentes, legislação trabalhista e formação associativista,
cooperativas.

Como foi a formação da associação?


Através das reuniões técnicas mensais, a extensão rural nos apoiou com
técnicas de motivação, para nos dar condições de progredir como associação, de
tomarmos nossas decisões. Treinamento voltado aos dirigentes de associações,
visitamos outras associações e cooperativas de agricultores e trocamos experiências,
eram uma constante que até hoje nos utilizamos. Os associados também foram cobrados
com presença obrigatória nos cursos e reuniões. Aqueles que não se encaixavam no ideal
associativo, com atitudes individualistas, ou que agiam contra a associação,
principalmente desviando a produção para atravessadores concorrentes, foram retirados
do grupo. Só assim a associação pode se firmar por tanto tempo.

Como acontecia a comercialização da produção?


Inicialmente, vendíamos a atravessadores que iam a nosso barracão
comprar a produção limpa e polida. Posteriormente, começamos a transportar e
comercializar no CEASA de Londrina, junto ao outros produtores, na pedra. Mas ainda
fornecíamos boa parte da produção aos atravessadores. Após uma reunião com os
produtores e os técnicos da EMATER Paraná, resolvemos contratar pessoas dentro do
quadro dos produtores com experiência em comercialização e adquirimos um Box no
CEASA e desde o ano passado, comercializamos mais de 80 % da fruta. Pudemos, ainda,
convidar outras associações de produtores como a Associação de Produtores de
maracujá de Corumbataí do Sul e Associação das Três Aguas de Bandeirantes, para
vender parte de sua produção junto a nós no CEASA.

Quais são os serviços prestados aos associados e como é feita a cobrança?


Nós cobramos 20% para custas com transporte e comercialização, um real
para limpeza, lavagem e polimento da fruta e R$ 0,20 (vinte centavos) para assistência
técnica e certificação da produção.

O que significa certificar a produção?


A certificação (Certificado Fitossanitário de Origem – CFO), emitido pelo
técnico da EMATER, onde temos um convênio assinado, permite primeiramente garantir
que nossa lavoura está dentro dos parâmetros que a legislação do Ministério da
Agricultura exige para a comercialização de frutos nos CEASAs e entre estados.
Atualmente, a laranja não pode transitar fora do estado do Paraná sem ser certificada.
Ainda mais, nos permite alcançar mercados mais exigentes e que remuneram melhor
nossas frutas, Atualmente, o preço atingido pela nossa laranja é, pelo menos, um real
acima do mercado, e com procura garantida. Também, treinamos e hoje podemos atender
os produtores com pragueiros no manejo de pragas (ácaros e cochonilhas) e no controle
o Greening, doença que atualmente está destruindo os pomares de laranja de São Paulo.
Quais foram as principais dificuldades vindas da cultura da laranja. Como a
extensão rural ajudou a enfrentar ?
Produzir com qualidade, uma fruta de bom tamanho e com uma casca sem
doenças e riscos. Ter quantidade e constância, pois não basta apenas produzir, mas tem
que fornecer a fruta o ano todo. A EMATER buscou junto ao IAPAR variedades e
tecnologia para produzir fora da época de pico de safra e hoje temos variedades tardias
(Folha Murcha) e precoces (Navelina) que nos permitem produzir em épocas de pouca
produção. Além disso, o uso de porta-enxertos permite melhorar a qualidade da fruta,
reduzir o porte das plantas, retardar ou adiantar a colheita e reduzir perdas com doenças.
A EMATER montou algumas unidades de observação com variedades e porta-
enxertos, onde podemos avaliar a produção e qualidade de frutos. Buscamos melhorar a
produção e qualidade da Navelina, fruta do grupo da Bahia, que mostra problemas com
produção bianual e queda de frutos. Através de uma parceria com empresas particulares,
buscamos tecnologias para indução floral, o que permitiria produzir nos meses de
fevereiro e março, época em que não temos produção.

Como você vê o apoio da EMATER Paraná na formação do grupo Nova Citrus ?


Sem o apoio constante dos extensionistas, o grupo teria se desestruturado, visto
que a maioria dos técnicos da região desconhecia a cultura. Além disso, o apoio à
formação do grupo, mostrando a importância de fazer parte de uma associação, não
apenas como individuo, mas como uma mentalidade em grupo. É querer bem a
associação, e fazer não apenas o que é melhor para cada um, mas para o grupo.

Porque vocês querem se tornar uma cooperativa?


A Associação é uma forma de organização que não visa lucro. Seu patrimônio não
pode ser utilizado para garantia em financiamentos. Planejamos ampliar o barracão e
acrescentar uma área de recepção e lavagem da fruta. Podemos com a cooperativa,
emitir nota fiscal para comercialização da laranja. Podemos acessar o financiamento para
ampliação do barracão, e criar um patrimônio ao qual pertence aos associados.

Quais são suas intenções para o futuro ?


Inicialmente, a formalização da cooperativa, já criada através de estatuto nos
permitirá trabalhar com a nota fiscal eletrônica. A partir de 2011, criaremos um patrimônio
junto aos cooperados para em 2012 acessarmos o financiamento para ampliação do
barracão, construção de um restaurante e a implantação da certificação da produção, o
que nos permitirá vender para mercados exigentes.

Qual o papel da Extensão no processo de ampliação e certificação?


A extensão rural providenciou a planta de ampliação e buscou junto às entidades
financeiras, os meios para financiar a ampliação dos barracões. Através de visitas
técnicas e reuniões, o processo de certificação está em implantação e em 2012,
comercializaremos a produção já certificada.

3 CONSIDERAÇÕES

O uso de métodos grupais, tais como reuniões, cursos e dias de campo,


demonstrou maior eficiência quando o grupo assistido está comprometido com metas a
serem alcançadas. Grupos informais, dispersos, demonstram baixa adesão. A Associação
Nova Citrus obteve bons resultados, sendo que 40 produtores estão certificados, e no ano
de 2010 foram comercializados mais de 200 mil caixas de laranja(25 kg) a um preço
superior ao comercializado no CEASA de Londrina e Curitiba. A procura pela laranja
certificada foi grande, chegando a faltar em alguns meses do ano. A Associação irá
ampliar a área plantada de laranja em mais de 30%. A cooperativa está formalizada e
atualmente está captando recursos dos associados para formação de um capital social. A
produção integrada de frutas está na fase inicial, contando com dez produtores. Espera-
se a construção de mais dois barracões e a inclusão de mais cinco novos produtores. O
investimento em adubação e manejo de pragas foi ampliado em todas as áreas e o uso
de resíduos da indústria de Café Iguaçu foi realizado em dez propriedades, e deve ser
repetido em 2011, graças a uma negociação da EMATER e da Associacao.
O uso de métodos grupais em grupos de produtores sem um objetivo comum torna-
se a longo prazo cansativo tanto para o extensionistas quanto para o produtor, tornando-
se um mero repasse de tecnologia. A associação como forma de organizar os esforços da
extensão e direcionar os treinamentos demonstrou-se altamente produtivo. A participação
dos produtores no debate das tecnologias empregadas e o envolvimento dos órgãos
públicos no direcionamento das práticas a serem aplicadas e conjugando com órgãos de
pesquisa(IAPAR- Instituto Agronomico do Parana) e órgãos de fiscalização(DEFIS/SEAB -
Departamento de Fiscalização Vegetal da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná)
e empresas particulares (Gravena) demonstrou ser altamente interessante.

Barracão, vista externa.


Barracão vista interna

Seleção da fruta
Referências

Neves, Delma Pessanha – O Associativismo e a Comercialização Agrícola – dilemas do


processo de assentamento rural.
Scopinho, Rosemeire Aparecida – Sobre cooperação e cooperativas em assentamentos
rurais – Universidade Federal de São Carlos.
Vierbrantz, Kerli Paula Melz – A extensão rural: Ambiente, Agricultura e Associativismo –
publicado na Revista Grifos em 25 de dezembro de 2008.
Romeiro, Vanda Marques; Costa, Vera Mariza; Filho, Edmundo Escrivão – Considerações
sobre o associativismo na pequena produção familiar citrícola da perspectiva dos órgãos
representativos do segmento- O caso de Bebedouro SP. USP
Toniasso, Hélia Rosani; Souza, Celso Correia de; Eron Brum; Regina Sueiro de
Figueiredo - AGRICULTURA FAMILIAR E ASSOCIATIVISMO RURAL – O CASO
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E A SUA SUSTENTABILIDADE - Campo Grande, MS: Programa de Pós-Graduação da.
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Reinaldo Lindolfo Lohn - Mitologias do desenvolvimento: extensão rural modernização: o
caso de Santa Catarina (décadas de 1950 e 1960) - Espaço Plural • Ano IX • Nº 18 • 1º
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Francisco Roberto Caporal - A redescoberta da Assistência Técnica e Extensão Rural e a
implementação da Pnater: nova âncora para a viabilização de acesso a políticas de
fortalecimento da Agricultura Familiar
SEBRAE Ideal 2000 – Como Construir alianças estratégicas e associativismo econômico.
Gonçalves, Antonio Roberto; Dinnouti, Luiz Aldo; Araujo, Roberto Melo de - Manual de
Armazenamento de Produtos Fitossanitarios - ANDEF , 2005
Ministério de Desenvolvimento Agrario – Normas técnicas e documentos de
acompanhamento da Produção Integrada de Citros – Curso Gestao da Producao
Integrada
Fonseca, Dirlene; Croce Filho, José; Polack, Simone Weber – Colha bons frutos
combatendo o cancro cítrico – EMATER Paraná
Yuri Vasconcelos da Silva, e Irenilda de Souza Lima - OS DESAFIOS DA EXTENSÃO
RURAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: ABORDAGEM EDUCATIVA E PARTICIPATIVA NA
TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE CAMPONESA NO BRASIL

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