Aula 03
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Autor:
Equipe Português Estratégia
Concursos, Felipe Luccas
02 de Outubro de 2023
Índice
1) Noções iniciais de pronomes
..............................................................................................................................................................................................3
2) Pronomes
..............................................................................................................................................................................................4
5) Colocação Pronominal
..............................................................................................................................................................................................
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NOÇÕES INICIAIS
Olá, pessoal!
Vamos estudar agora mais um pouco de Classes de Palavras. Nesta aula daremos enfoque aos Pronomes e à
Colocação dos pronomes átonos.
Normalmente, o que mais temos dificuldade é em relação à classificação dos Pronomes, em especial quando
nos deparamos com Pronomes Relativos, Indefinidos, Demonstrativos.... mas não se preocupe, traremos
questões que exemplificam seu uso.
Em se tratando de Colocação pronominal, tenha em mente que a maioria das Gramáticas traz como parte
do estudo da Sintaxe, mas, por uma questão didática, traremos nesta aula junto dos Pronomes.
Tenha em mente que Colocação Pronominal e refere-se diretamente à posição dos pronomes oblíquos na
oração. Para já aquecer, são pronomes pessoais oblíquos átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes
Nas provas de concurso, esses dois assuntos são bastante abordados pelas Bancas, por isso muito carinho e
atenção a esta aula!
PRONOMES
Os pronomes são palavras que representam (substituem) ou acompanham (determinam) um termo
substantivo. Esses pronomes vão poder indicar pessoas, relações de posse, indefinição, quantidade,
familiaridade, localização no tempo, no espaço e no texto, entre outras.
Quando acompanham um substantivo, são classificados como “pronomes adjetivos” e quando substituem
um substantivo, são classificados como “pronomes substantivos”.
Por outro lado, o pronome “aqueles” é classificado como pronome substantivo, pois não está ligado a um
substantivo, mas sim “na própria posição” do substantivo “livros”, que não aparece na oração, estando
apenas implícito, representado pelo pronome.
Vamos aos apontamentos principais sobre essa importante classe que lhe garantirá mais pontos em sua
prova.
Pronomes Interrogativos
Servem basicamente para fazer frases interrogativas diretas (com ponto de interrogação) ou indiretas (sem
ponto de interrogação, mas com “sentido/intenção de pergunta”).
Nas interrogativas indiretas, não temos o (?), mas a frase tem uma intenção interrogativa e normalmente
envolve verbos com sentido de dúvida “perguntar, indagar, desconhecer, ignorar”...
Ex: Perguntei o que era aquilo. Indaguei quem era ele.
Não sei qual sua idade. Desconheço quantos anos você tem.
Observe a frase “O que é que ele fez”. Nesse caso apenas o primeiro “que” é pronome interrogativo. Os
termos sublinhados são expletivos, com finalidade de realce.
Pronomes Indefinidos
Os pronomes indefinidos são classes variáveis que se referem à 3ª pessoa do discurso e indicam quantidade,
sempre de maneira vaga.
São eles:
As palavras certo e bastante são pronomes indefinidos quando vêm antes do substantivo.
Quando vierem depois do substantivo, certo e bastante e serão adjetivos.
Veja a diferença
Ex: Quero certo modelo de carro x Quero o modelo certo de carro
(determinado) (adequado)
Tenho bastante dinheiro X Tenho dinheiro bastante
(muito) (suficiente)
(DPE-RS / 2022)
O direito, o processo decisório e os julgamentos são eminentemente de natureza humana e dependem do ser
humano para serem bem realizados. Assim, mesmo que os avanços tecnológicos sejam inevitáveis, todas as
inovações eletrônicas e virtuais devem sempre ser implementadas com parcimônia e vistas com muito
cuidado, não apenas para sempre permitirem o exercício de direitos e garantias, mas também para não
restringirem — e, sim, ampliarem — o acesso à justiça e, sobretudo, para manterem a insubstituível
humanidade da justiça.
No último parágrafo do texto, o emprego dos vocábulos “muito” e “sempre” enfatizam a opinião expressa
pelo autor.
Comentários:
Em “muito cuidado”, “muito” é pronome indefinido, pois modifica substantivo, com ideia de quantidade
vaga, imprecisa.
Por definição, advérbio é palavra invariável que modifica verbo (trabalho muito), adjetivo (muito bonito) ou
outro advérbio (muito bem); não pode modificar substantivo. Questão incorreta.
(SEDF / 2017)
Qualquer língua, escrita ou não, tem uma gramática que é complexa. Do ponto de vista naturalista, não faz
sentido afirmar que há gramáticas melhores e gramáticas piores.
A palavra “Qualquer” foi empregada no texto no sentido de toda.
Comentários:
Exato. O pronome indefinido “todo” antes de um substantivo, sem artigo, tem sentido geral, de “qualquer”.
Se inseríssemos um artigo, teríamos sentido de “completude”, “inteireza”: Toda a língua tem uma gramática
complexa. (a língua inteira, por completo, tem uma gramática complexa). Questão correta.
Pronomes Possessivos
Esses pronomes têm sentido de posse e geralmente aparecem em questões sobre ambiguidade ou
referência, pois podem se referir à:
Primeira pessoa do discurso: meu(s), minha(s), nosso(s) nossa(s);
Segunda pessoa do discurso: teu(s), tua(s), vosso(s), vossa(s);
Terceira pessoa do discurso: seu(s), sua(s).
É importante salientar que o pronome pessoal oblíquo (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também pode ter
“valor” possessivo, ou seja, sentido de posse:
Ex: Apertou-lhe a mão (= sua mão);
Beijou-me a testa (= minha testa);
Penteou-lhes os cabelos (= cabelos delas).
Observe que o pronome oblíquo está preso ao verbo pelo hífen, mas sua relação sintática é com o
substantivo objeto da posse ("mão", "testa", "cabelos"). Trata-se de um adjunto adnominal.
Observe que “sua” é adjunto adnominal, pois vem junto ao nome "importância" e concorda com
ele em gênero (feminino), apesar de seu referente ser “Português”, palavra no masculino.
==315152==
(TCE-RJ / 2022)
Agora, novas melhorias na IA, viabilizadas por operações massivas de coleta de dados, aperfeiçoadas ao
máximo por grupos digitais, contribuíram para a retomada de uma velha corrente positivista do pensamento
político. Extremamente tecnocrata em seu âmago, essa corrente sustenta que a democracia talvez tenha tido
sua época, mas que hoje, com tantos dados à nossa disposição, afinal estamos prestes a automatizar e
simplificar muitas daquelas imperfeições que teriam sido — deliberadamente — incorporadas ao sistema
político.
Com relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o seguinte item.
No segundo período do terceiro parágrafo, a forma pronominal “sua” tem como referente o termo “essa
corrente”.
Comentários:
Vejamos o trecho e seus elementos:
a democracia talvez tenha tido sua época. Note que "sua", pronome pessoal, refere-se a "democracia" e está
flexionado no feminino por causa do termo que o acompanha, "época". Questão incorreta.
(SEFAZ-RS / 2018)
Mesmo agora, quando já diviso a brumosa porta da casa dos setenta, um convite à viagem tem ainda o poder
de incendiar-me a fantasia.
Com relação ao trecho “incendiar-me a fantasia”, é correto interpretar a partícula “me” como o possuidor
de “fantasia”.
Comentários:
Pronomes Demonstrativos
São pronomes demonstrativos:
Pronomes demonstrativos apontam, demonstram a posição dos elementos a que se referem em relação às
pessoas do discurso (1ª pessoa: que fala; 2ª pessoa: para quem se fala / que ouve; 3ª pessoa: de quem se
fala), no tempo, no espaço e no texto.
Quando um pronome retoma algo que já foi mencionado antes, dizemos que tem função anafórica.
Quando anuncia ou se refere a algo que ainda está para ser dito, tem função catafórica.
Nos casos acima, a referência é feita dentro do texto; então, podemos dizer que o pronome tem função
endofórica. “Endo” significa “dentro”.
Na Aula sobre Coesão e Coerência trabalharemos com mais detalhes sobre esse assunto, ok?!
Ex: Neste país, neste momento, este autor que vos fala está deprimido.
A referência dos pronomes destacados dependerá de onde e quando a mensagem é lida. O pronome "este"
também remete a informação fora do texto, pois precisamos saber quem escreveu a frase. Então, tais
pronomes têm referência exofórica (“dêitica”).
Tempo:
Espaço:
Quando apontam para o espaço, o referente está fora do texto, então dizemos que o pronome tem uso
“dêitico”.
Texto:
✓ aquele(s), aquela (s), aquilo: apontam para o antecedente mais distante, enquanto este aponta para o
mais próximo:
Ex: João e Maria são concursados, esta do Bacen, aquele do TCU.
Ex: Aquilo não é um pássaro, nem um avião; é só um balão caindo.
Podemos usar “este” para referência ao elemento anterior mais próximo, o que faz a oposição ao “esse” não
ser tão rigorosa na prática:
A prescrição rigorosa é que se use “este” para se referir ao ser mais próximo, em oposição ao “aquele”,
usado para o mais distante, no caso específico em que tenhamos dois referentes já mencionados. Devemos
também evitar usar “esse” ou ”isso” para algo que ainda vai ser dito.
Não confunda!! Essas palavras também podem ser artigos definidos (a menina caiu) ou pronomes pessoais
(encontrei-as na praia).
Retomando os exemplos:
Entre as cuecas, comprei a de algodão. (aquela)
Entre as cuecas, comprei as que eram de algodão. (aquelas)
Aproveito para ressaltar que os pronomes em geral têm essa função de retomada de elementos anteriores
(função coesiva). Então, os pronomes pessoais, os possessivos, demonstrativos, os indefinidos se referem a
outras partes do texto, substituindo informação apresentada.
(STM / 2018)
Aqui, neste escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras
variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e
Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
Na linha 1, o emprego de “neste” decorre da presença do vocábulo “Aqui”, de modo que sua substituição
por nesse resultaria em incorreção gramatical.
Comentários:
O autor fala em primeira pessoa, em referência ao próprio escritório em que está, o escritório próximo.
Então, a forma correta é “neste”. O pronome “nesse” faria referência a um escritório próximo de quem
ouve. Questão correta.
(MPU / 2018)
Contudo, uma calamidade seria um caso de injustiça apenas se pudesse ter sido evitada, em especial se
aqueles que poderiam ter agido para tentar evitá-la tivessem deixado de fazê-lo. Entre os requisitos de uma
teoria da justiça inclui-se o de permitir que a razão influencie o diagnóstico da justiça e da injustiça.
Na expressão “fazê-lo” (l.3), a forma pronominal “lo” retoma a ideia de agir para tentar evitar uma
calamidade.
Comentários:
Sim. Aqui, temos o “pronome demonstrativo neutro":
Fazê-lo = Fazer isso (o que foi mencionado: agir para tentar evitar uma calamidade). Questão correta.
Pronomes Relativos
Os principais são: que, o qual, cujo, quem, onde.
Esses pronomes retomam substantivos antecedentes, coisa ou pessoa, e, por isso, têm função coesiva
(retomar ou anunciar informação) e se prestam a evitar repetição.
Podem ser variáveis, quando se flexionam (gênero, número), ou invariáveis, quando trazem forma única.
Vejamos:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
MASCULINOS FEMININOS
o qual (os quais) a qual (as quais) quem
cujo (cujos) cuja (cujas) que
quanto (quantos) quanta (quantas) onde
O aluno foi aprovado. O aluno é primo de João. João tem mãe. A mãe de João é professora. A mãe
do João foi professora da menina. A menina roubava livros. Os livros eram caríssimos. Os livros foram
comprados numa loja distante. Havia muitos enfeites na loja. Perguntaram a várias pessoas a
localização da loja. As pessoas não souberam responder.
Vejam que tortura!! O texto não está articulado, não há elementos de coesão. A leitura fica truncada, sem
fluidez.
Agora vamos usar pronomes relativos para retomar os antecedentes e evitar toda essa repetição de termos:
O aluno que foi aprovado é primo de João, cuja mãe foi professora daquela menina que
roubava livros, os quais eram caríssimos e foram compradas numa loja onde havia muitos
enfeites. As pessoas a quem perguntaram a localização da loja não souberam responder.
Vamos aos pontos mais importantes, que você deve saber para sua prova:
1- Os pronomes relativos introduzem orações subordinadas adjetivas, que levam esse nome por terem a
função de um adjetivo e, muitas vezes, podem ser substituídas diretamente por um adjetivo equivalente:
Ex: O menino estudioso passa = O menino que estuda muito passa.
Eu quero um carro potente = Eu quero um carro que seja potente.
2- Como o “que” faz referência a um termo anterior, podemos dizer que tem função anafórica.
3- Os pronomes “que”, “o qual”, “os quais”, “a qual”, “as quais” são utilizados quando o antecedente for
coisa ou pessoa.
Destaco também que o pronome relativo “o qual” e suas variações muitas vezes é usado para desfazer
ambiguidades. Como ele varia, a concordância em gênero e número denuncia a que termo ele se refere.
Vejamos o exemplo:
Ex: A representante do partido, que é popular, foi elogiada.
Quem é popular? O “que” pode retomar representante ou partido. Fica a dúvida.
Antes do relativo “que”, devemos usar preposição monossilábica (“a, com, de, em, por;
exceto sem e sob”).
Com preposições maiores (ou locuções prepositivas), usaremos os pronomes variáveis (o
qual, os quais, a qual, as quais).
Compare:
Este é o livro de que gostamos
x
Este é o livro sobre o qual falamos
Além disso, lembre-se: se há um nome ou verbo que peça preposição, esta deve vir obrigatoriamente antes
do pronome relativo.
A supressão dessa preposição causa erro:
Ex: Este é o livro que gostamos => Este é o livro de que gostamos
Este é o livro o qual falamos. => Este é o livro sobre o qual falamos.
(PGE-AM / 2022)
Saberia Rubião que o nosso Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice, que um médico supôs achar-
lhe? (2º parágrafo).
Os pronomes sublinhados referem-se, respectivamente, a
(A) um médico e grãozinho de sandice.
(B) Quincas Borba e Rubião.
(C) Quincas Borba e grãozinho de sandice.
(D) grãozinho de sandice e Rubião.
(E) grãozinho de sandice e Quincas Borba
Comentários:
O que o médico achou? Um grão de sandice. Em quem? No Quincas Borba. Então, podemos dizer que o
pronome relativo "que" tem como antecedente o "grãozinho de sandice" e o "lhe" retoma "Quincas Borba".
Gabarito letra E.
(MP-CE / 2020)
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças transmitidas por
alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos de idade. Os dados disponíveis
indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram de US$ 700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais
de saúde nos países do Caribe e mais de US$ 77 milhões nos Estados Unidos da América.
A substituição da expressão “metade delas” por cuja metade manteria a correção gramatical e a coesão do
texto.
Comentários:
Por regra, o pronome “cujo” deve vir entre substantivos, ligando possuidor e coisa possuída; então, não pode
ficar “solto” no texto, sem ligar esses dois elementos.
Em “cuja metade”, fica a dúvida: metade do quê? Metade de quem? Então, o pronome não está bem
utilizado. Poderia haver a leitura: metade do ano, metade dos alimentos, metade dos milhões...Questão
incorreta.
4- O pronome “quem” se refere a pessoa ou ente personificado (visto como pessoa) e é precedido por
preposição (monossilábica ou não).
Ex: A pessoa de quem falei chegou. (substituição possível: “de que falei”, “da qual
falei”).
A pessoa por quem intervim não mostrou gratidão.
Segundo Bechara, os pronomes relativos quem e onde podem aparecer com emprego
absoluto, sem referência a antecedentes, ou seja, sem “retomar ninguém”:
“Quem tudo quer tudo perde."
"Dize-me com quem andas e eu te direi quem és."
"Quem com ferro fere com ferro será ferido.”
"Moro onde mais me agrada.”
(DPE-RO / 2022)
Com a derrota de Hitler em 1945 e, portanto, o fim da Segunda Guerra Mundial, da qual o Brasil
participou contra as ditaduras nazifascistas — devido à entrada dos Estados Unidos da América no conflito,
liderando e coordenando os esforços de guerra dos países do Eixo dos Aliados —, o mundo foi tomado pelas
ideias democráticas, e o regime autoritário do Estado Novo (iniciado em 1937) já não se podia manter.
A correção gramatical e os sentidos do texto CG2A1-I seriam preservados com a substituição de “da qual”
por cuja.
Comentários:
O pronome “cujo” e suas variações não admitem substituição direta por nenhum outro. Além disso, não
admite artigo. Feita a substituição proposta pela banca, teríamos: “cuja o Brasil”, o que traz ainda erro de
concordância no gênero. Questão incorreta.
6- O pronome relativo “onde” deve ser usado quando o antecedente indicar lugar físico (ainda que virtual,
figurativo), com sentido de “posicionamento em”. Como preposição “em” também indica uma referência
locativa, podemos substituir “onde” por “em que” e por “no qual” e variações.
Ex: A academia onde treino não tem aulas de MMA.
A academia na qual/em que treino não tem aulas de MMA.
Veja que é inadequado usar "onde" para outra referência que não seja lugar físico.
O pronome relativo “aonde” é usado nos casos em que o verbo pede a preposição “a”, com sentido de “em
direção a”.
Ex: Gosto da cidade aonde irei.
O pronome relativo arcaico “donde”, que equivale a “de onde”, é usado nos casos em que o verbo pede a
preposição “de”, com sentido de “procedência”.
Ex: O lugar donde você voltou é distante.
7- O pronome relativo “como” é usado quando o antecedente for palavra como forma, modo, maneira, jeito,
ou outra, com sentido de “modo”.
Ex: Não aceito o jeito como você fala comigo.
8- O pronome relativo “quando” é usado nos casos em que antecedente tiver sentido de “tempo”.
Ex: Sinto saudade da época quando eu não tinha preocupações.
9- O pronome relativo “quanto” é usado nos casos em que antecedente tiver sentido de “quantidade”.
Ex: Consegui tudo/tanto quanto queria, exceto tempo para desfrutar.
Reforçando: temos que ter atenção à preposição que o verbo/nome vai pedir, pois ela não deve ser
suprimida e vai aparecer antes do pronome relativo.
Lembre-se: temos que enxergar sintaticamente o pronome relativo como se fosse o próprio termo a que se
refere:
Ex: O menino a que me referi morreu. (referi-me “a” que => ao menino)
O escritor de cujos poemas gosto morreu. (gosto “de” cujos => dos poemas)
Esqueci o valor com quanto concordei. (concordei “com” quanto => com o
valor).
(SEFAZ-AL / 2020)
Tem meia dúzia de atendentes, conheço dois ou três pelo nome, e o dono do lugar é sempre simpático comigo.
Sabe que gosto do seu negócio, que, se me mudasse de novo para lá, seria seu freguês. Mas também sei que
me vê como um tipo que há vinte anos vive na capital, que a essa altura é mais metropolitano que interiorano,
um cara talvez meio esquisito, ou apenas ridículo, que se interessa por coisas de que não precisa, coisas das
quais não entende.
A substituição da expressão “das quais” (3º parágrafo) por que preservaria tanto o sentido quanto a correção
gramatical do período.
Comentário
Note que na reescritura, a preposição é suprimida e o pronome “as quais” é substituído por “que”:
Entender as coisas => as coisas que entende.
Gramaticalmente, é possível.
Contudo, ocorre mudança de sentido:
"entender de alguma coisa" é o mesmo que dominar um conhecimento, ser um especialista.
"entender alguma coisa" significa saber o que algo é, ser capaz de compreender o que é alguma coisa.
Perceba essa diferença. Por isso, a reescrita não é possível. Questão incorreta.
(TCE MG / Conhecimentos Gerais / 2018 - Adaptada)
A ciência nos alerta contra os perigos introduzidos por tecnologias que alteram o mundo, especialmente o
meio ambiente de que nossas vidas dependem....
Na linha 2, o termo “de que” poderia ser substituído, sem alteração da correção gramatical e dos sentidos
do texto, por "do qual".
Comentários:
O pronome invariável “que” tem como referente “meio ambiente”, então só poderíamos trocar por “do
qual”, masculino e singular, mantendo a correção. Questão correta.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas de cortesia e reverência no trato com determinadas autoridades.
A cobrança normalmente se baseia no pronome adequado a cada autoridade ou aspectos de concordância
com as formas de tratamento.
Abaixo, registro os principais pronomes de tratamento, com suas abreviaturas. Normalmente o plural da
abreviatura é feito com acréscimo de um “s”.
Se quiser estudar esse tema a fundo e ler as dezenas de outros pronomes, recomendo consultar os Manuais
de Redação Oficial dos órgãos públicos, em especial da Presidência da República, do Senado Federal e do
Superior Tribunal de Justiça. Aqui, focaremos nos mais incidentes em prova:
Vossa Senhoria (V. S.a ou V. S.as): usado para pessoas com um grau de prestígio maior. Usualmente,
os empregamos em textos escritos, como: correspondências, ofícios, requerimentos etc.
Vossa Excelência (V. Ex.a V. Ex.as): usado para autoridades de alto escalão:
Presidente da República, Senadores, Deputados, Embaixadores, Oficiais de Patente Superior à de
Coronel, Juízes de Direito, Ministros, Chefes de Poder.
Vossa Excelência Reverendíssima (V. Ex.a Rev.ma V. Ex.as Rev.mas): usado para bispos e
arcebispos.
Vossa Alteza (V. A. VV. AA.): usado para autoridades monárquicas em geral, príncipes, duques e
arquiduques. Para Imperador, Rei ou Rainha, usa-se Vossa Majestade (V. M. VV. MM.)
Vossa Paternidade (V. P. VV. PP): usado para abades, superiores de conventos.
Vossa Magnificência (V. Mag.a V. Mag.as): usado para Reitores de universidades, acompanhado
pelo vocativo: Magnífico Reitor.
Os Adjetivos e Locuções de voz passiva concordam com o gênero (masculino/feminino) da pessoa a que se
refere, não com a o substantivo que compõe a locução (Excelência, Senhoria).
Ex: Maria, Vossa Excelência está muito cansada.
Algumas formas de tratamento, como “Senhora”, “Dona”, “Senhorita”, “Madame”, “Doutora”, aceitam
artigo.
Pronomes Pessoais
Vamos às principais informações relevantes:
Pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) costumam substituir sujeito.
Ex: João é magro => Ele é magro.
Pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) substituem complementos verbais: o, a,
os, as substituem somente objetos diretos (complemento sem preposição); me, te, se, nos, vos podem ser
objetos diretos ou indiretos (complemento com preposição), a depender da regência do verbo. Já o pronome
–lhe (s) tem função somente de objeto indireto.
Ex: Já lhe disse tudo. (disse a ele)
Informei-o de tudo. (informei a pessoa)
Você me agradou, mas não me convenceu. (agradou a mim)
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados com força e precedidos de preposição. Costumam ter
função de complemento.
São eles:
Ex: Fiquei preocupado contigo porque você deu a ele todo seu dinheiro.
O pronome reto, em regra não deve ser usado na função de objeto direto (complemento verbal sem
preposição). Por isso são condenadas estruturas como “Mata ele! Chama nós!”.
Contudo, é possível usar pronome reto como complemento direto, quando o pronome reto for modificado
por “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”. Esse uso é abonado por gramáticos do calibre de Celso Cunha,
Bechara, Faraco & Moura e Sacconi.
Ex: Encontrei ele só na festa. / Ex: Encontrei todos eles.
Encontrei eles dois na festa. / Ex: Encontrei apenas elas na festa.
Esses exemplos acima devem ser vistos com cautela, pois não são a regra!
Quando os verbos são terminados em /r/, /s/, /z/ + o, os, a, as, teremos: lo, los, la, las.
Ex: Não pude dissuadir a menina = > dissuadi-la
Felicitamos as aprovadas. => Felicitamo-las
Fiz isso porque quis fazer isso => Fi-lo porque o quis.
Vamos pôr o menino de castigo => pô-lo de castigo
Quando os verbos são terminados em som nasal, como /m/, /ão/, /aos/, /õe/, /ões/ + o, os, a, as, teremos
simples acréscimo de /n/: no, nos, na, nas.
Ex: Viram a barata e mataram-na /
A mesa é cara, mas compraram-na na promoção.
Lembre-se: após verbos na primeira pessoa do plural (nós: amamos, bebemos, cantamos), seguidos do
pronome -nos, corta-se o /s/ final:
Ex: Alistamo-nos no quartel. Animemo-nos!
Seguindo a mesma lógica, teremos contrações como: mo, ma, mos, mas, to, ta, tos, tas, lho, lha, lhos, lhas,
no-lo, no-los, no-la, nolas, vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las.
(IBAMA / 2022)
Assim como cidadania e cultura formam um par integrado de significações, cultura e territorialidade são, de
certo modo, sinônimos. A cultura, forma de comunicação do indivíduo e do grupo com o universo, é herança,
mas também um reaprendizado das relações profundas entre o ser humano e o seu meio, um resultado obtido
por intermédio do próprio processo de viver. Incluindo o processo produtivo e as práticas sociais, a cultura é
o que nos dá a consciência de pertencer a um grupo, do qual é o cimento. É por isso que as migrações agridem
o indivíduo, roubando-lhe parte do ser, obrigando-o a uma nova e dura adaptação em seu novo lugar.
Desterritorialização é frequentemente outra palavra para significar alienação, estranhamento, que são,
também, desculturização.
Em “roubando-lhe parte do ser”, a forma pronominal “lhe” transmite ideia de posse, indicando que as
migrações roubam parte do ser dos indivíduos.
Comentários:
Exatamente, o pronome oblíquo átono foi usado com valor/sentido possessivo: roubando parte dele/do
indivíduo. Questão correta.
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra que, no desenrolar do diálogo, estabelece o
sentido de posse.
A) de
B) o
C) Seu
D) Quando
E) é.
Comentários:
Questão direta. Uma das classes que estabelecem sentido de posse é o pronome, mais
especificamente, o pronome possessivo. Em (C), “seu” é pronome possessivo e remete ao
“país do personagem”. Gabarito letra C.
A forma adequada de juntar essas duas frases numa só, de modo a evitar a repetição da
palavra calças, é
a) Comprei calças de lã na Europa, que o preço foi baixo;
b) Comprei calças de lã na Europa, onde o preço foi baixo;
c) Comprei calças de lã na Europa, cujo preço foi baixo;
d) Comprei calças de lã na Europa em que o preço foi baixo;
e) Comprei calças de lã na Europa em onde o preço foi baixo.
Comentários: ==315152==
Observem que há uma relação de posse entre "calças" e "preço", logo o pronome adequado
para unir esses dois termos é "cujo". Gabarito letra C.
“Quanto menos tempo tenho para praticar as coisas, menos curiosidade sinto de
aprendê-las.”
Nessa frase, o pronome -las.
a) retoma o termo “coisas”.
b) enfatiza com redundância um termo anterior.
c) destaca o termo mais importante da frase.
d) antecipa um termo a ser citado.
e) refere-se ao vocábulo “curiosidade” para dar coesão.
Comentários:
O pronome "las" substitui o termo "coisas". "Menos curiosidade sinto de aprender as coisas".
Gabarito letra A.
C) Aqui, seria necessário o uso do pronome "cujos", projetando uma ideia de posse, e
também a retirada do artigo definido "os", uma vez que o "cujo" não pode ser seguido nem
precedido de artigo. Incorreta.
D) O pronome relativo "que" traz consigo um caráter genérico e pode ser usado para retomar
tanto um termo no singular quanto no plural. Alternativa correta.
E) Por fim, o pronome relativo deve concordar com o seu antecedente no masculino, ou seja, a
forma adequada é "OS quais" e não "AS quais". Incorreta. Gabarito letra D.
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra que, no desenrolar do diálogo, estabelece o
sentido de posse.
A) de
B) o
C) Seu
D) Quando
E) é.
A forma adequada de juntar essas duas frases numa só, de modo a evitar a repetição da
palavra calças, é
a) Comprei calças de lã na Europa, que o preço foi baixo;
b) Comprei calças de lã na Europa, onde o preço foi baixo;
c) Comprei calças de lã na Europa, cujo preço foi baixo;
d) Comprei calças de lã na Europa em que o preço foi baixo;
e) Comprei calças de lã na Europa em onde o preço foi baixo.
a) Amazonas e Sergipe são estados brasileiros; este tem enorme território e aquele, pequeno;
b) Meu carro é mais elegante que esse que você está comprando;
c) Teu jornal abordou o tema de forma interessante, mas aquele, em minhas mãos, é mais
justo;
d) Brasil e Rússia jogaram várias vezes, mas aqueles jogos nunca foram violentos;
e) O terremoto de Lisboa foi violentíssimo, mas aquele de agora matou mais gente.
GABARITO
4. LETRA C 9. LETRA C
5. LETRA B 10
LETRA E
1. LETRA E 6. LETRA B .
2. LETRA C 7. LETRA E 11
LETRA D
3. LETRA B 8. LETRA A .
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Regra geral: palavra invariável (advérbios, conjunções subordinativas, alguns pronomes) antes do
verbo geralmente atrai pronome proclítico. Não vou listar aqui todas as palavras invariáveis da
galáxia. Basta lembrar que invariável significa que aquela palavra não se flexiona, não vai ao
feminino, nem ao plural...
Proibições gerais
● 1
iniciar período com pronome oblíquo átono ou
● 2
inserir pronome oblíquo átono após futuros (do presente e do pretérito) e particípio.
● além disso, recomenda-se não utilizar pronome átono para iniciar oração após vírgula ou
ponto e vírgula. (Ex. Ele não virá amanhã; me disse disse-me que estará ocupado.)
O que não for proibido, será aceito, simples assim. Veja abaixo construções inadequadas e
adequadas:
(PETROBRAS / 2022)
Estaria mantida a correção gramatical do trecho “Os sacerdotes indianos se recusavam a escrever
as histórias sagradas por medo de perder o controle sobre elas. Professores carismáticos (como
Sócrates) se recusaram a escrever”, caso a posição do pronome “se”, em suas duas ocorrências,
fosse alterada de proclítica — como está no texto — para enclítica.
Comentários:
Nas duas ocorrências, não há palavra atrativa, nem proibição à ênclise. Portanto, é livre a posição
do pronome. As duas formas, proclítica ou enclítica, são corretas:
Os sacerdotes indianos se recusavam/recusavam-se a escrever
Professores carismáticos (como Sócrates) se recusaram/recusaram-se a escrever
Questão correta.
(MP-CE / 2020)
No trecho “É verdade que não se poderia contar com ela para nada”, o uso da próclise
justifica-se pela presença da palavra negativa “não”.
Comentários:
Exatamente. As palavras negativas (não, nunca, jamais, nem…) obrigam a próclise, isto é, o
pronome oblíquo átono deve ficar antes do verbo. Questão correta.
(CGE-CE / 2019)
Julgue a proposta de reescrita para o trecho “Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são
encontrados administradores públicos cujas as ações em muito se assemelham as de
Nabucodonosor, rei do império babilônico”.
Comentários:
…cujas as ações… (não há artigo após cujas).
"Muito" é advérbio, portanto atrai o pronome átono (muito se assemelham).
Faltou acento indicativo de crase em "às (ações) de Nabucodonosor". Questão incorreta.
(PGE-PE / 2019)
De acordo com Honneth, as demandas por direitos — como aqueles que se referem à igualdade
de gênero ou relacionados à orientação sexual —, advindas de um reconhecimento
anteriormente denegado, criam conflitos práticos indispensáveis para a mobilidade social.
Na linha 2, a correção gramatical do texto seria comprometida se o termo “se” fosse posicionado
após a forma verbal “referem”, da seguinte forma: referem-se.
Comentários:
Seria comprometida sim, pois o “que” é pronome relativo, uma palavra atrativa, então devemos
usar próclise, não ênclise.
como aqueles que se referem à igualdade de gênero. Questão correta.
(PC-SE / 2018)
Em “Mas não me deixe sentar”, a colocação do pronome “me” após a forma verbal “deixe” —
deixe-me — prejudicaria a correção gramatical do trecho.
Comentários:
“Não” é palavra negativa e atrai o pronome, então temos caso de próclise obrigatória. Questão
correta.
(TCM BA / 2018)
(EMAP / 2018)
Sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido do texto, o trecho “que ele poderia
ter-me absolvido” poderia ser assim reescrito: que ele poderia ter absolvido-me.
Comentários:
Não se pode usar pronome após verbo no particípio; este é um caso de ênclise proibida.
Questão incorreta.
(IHBDF / 2018)
Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tornamos o único país
com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos.
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse “nos tornamos” por
tornamo-nos.
Comentários:
Não temos início de oração nem temos verbo no futuro ou no particípio. Logo, não há restrição
para próclise nem para ênclise, tanto faz: “Nós nos tornamos” ou “Nós tornamo-nos”. Observe
que o “s” deve ser cortado quando o verbo termina em “mos” e vai ser seguido de “nos”.
Questão correta.
Regras especiais
Por segurança, vamos ver aqui algumas “regrinhas” que fogem da lógica geral aplicável à maioria
das questões.
Embora a preferência da língua portuguesa seja a próclise, para verbo no infinitivo e verbos
separados por conjunções coordenativas, é livre a posição do pronome, antes ou depois.
Por motivo de eufonia (boa pronúncia), usa-se próclise com formas verbais monossilábicas ou
proparoxítonas:
Ex: Eu a vi ontem.
Ex: Nós lhes obedecíamos por medo.
Tais colocações soam melhor que “*eu vi-a ontem” e “*obedecíamos-lhes...”
Obs: Nas orações subordinadas, se houver um sujeito entre a palavra atrativa e o pronome,
entende-se que pode haver “atração remota”, isto é, a força atrativa se mantém e deve haver
próclise:
Mesmo havendo um termo (protestos violentos) entre a conjunção temporal enquanto — palavra
atrativa — e o verbo, a atração se mantém e ocorre a próclise. A verdade é que, em orações
subordinadas, usa-se próclise.
Por outro lado, se houver pausa, uma intercalação, esse distanciamento torna possível também a
ênclise:
Ex: ...Jamais, segundo pensam os economistas, se fizeram tantas despesas desnecessárias.
(também caberia ênclise: fizeram-se.)
Ex: ...Ele que, ao ver o cachorro brincando, se emocionou muito... (também caberia
ênclise: emocionou-se.)
(CFO / 2020)
Quem usa aparelho ortodôntico deve se preocupar mais com a limpeza dos dentes e da gengiva
e o uso do flúor, pois o aparelho retém muito restos de alimentos.
Com relação à correção gramatical e à coerência das substituições propostas para vocábulos e
trechos destacados do texto, julgue o item.
“deve se preocupar” por deve preocupar‐se
Comentário:
Após verbo no infinitivo, a ênclise é permitida também, mesmo se houver palavra atrativa.
Questão correta.
(SEPLAG-RECIFE / 2019)
O emprego das formas pronominais e verbais se dá de modo plenamente adequado na frase:
Eles haviam resguardado-se de planejar, e os imprevistos da operação acabaram tragando-lhes.
Comentários:
Resguardado é verbo no particípio e não pode haver pronome oblíquo átono após particípio.
Questão incorreta.
(SEPLAG-RECIFE / 2019)
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto
Se lhe proviessem como um pintor lírico, caso Deus assim lhe favorecesse, o poeta Mário
Quintana disporia-se a transfigurar o real.
Comentários:
“Disporia” é verbo no futuro do pretérito e não cabe ênclise, o pronome não pode estar após o
verbo nesse caso. Questão incorreta.
Ex: Posso lhe dizer tudo. (locução com verbo no infinitivo – dizer)
Ex: Haviam-me enganado. (locução com verbo no particípio – enganado)
Ex: Ele estava testando-me sempre. (locução com verbo no gerúndio – testando)
Todas as regras e probições continuam válidas. Sem desrespeitar nenhuma das proibições
anteriores, o pronome pode vir antes, depois ou no meio1 da locução. Porém, se houver palavra
atrativa, o pronome não pode estar no meio com hífen, pois isso indicaria que estaria em ênclise
com o verbo auxiliar, quando, na verdade, ele só pode estar no meio por estar em próclise ao
verbo principal.
Não entendeu? Grave que nas locuções, se o pronome vier no meio, não pode ter hífen.
1-
A gramática tradicional mais rígida recomenda evitar o pronome no meio da locução.
Contudo,“ a próclise ao verbo principal tem abono recente nas gramáticas brasileiras”.
O renomado gramático Celso Cunha oferece exemplos de pronome no meio da locução, com
hífen, quando NÃO HÁ PALAVRA ATRATIVA.
Ex: “Vão-me buscar, sem mastros e sem velas...”
Ex: “Ia-me esquecendo dela”
Ex: “A cidade ia-se perdendo à medida que o veleiro rumava para São Pedro.
Ex: “Tenho-o trazido sempre...”
Portanto, é possível que algumas questões não considerem correta a colocação do pronome
antes do verbo principal. Procure a melhor resposta!
Por fim, saliento que há muitas regrinhas e divergências nesse tema, mas o que realmente é
fundamental para a prova é MEMORIZAR AS PROIBIÇÕES E PALAVRAS ATRATIVAS.
entender o mar? Delfino largou-se para o mar no mesmo dia em que chegara ao Rio.
Atravessou a areia e foi entrando no mar numa espécie de exaltação. Queria chorar com
aquela frescura de água azul, queria abraçar e beijar o mar. A primeira onda que lhe veio ao
encontro, Delfino a recebeu de braços abertos. Ela o derrubou numa cascata de areia e
espuma. Ele bebeu água, muita, mas estava embriagado de mar.
Só quando já se achava sentado na areia, arquejante, entre uma súcia de curiosos, é que Delfino
compreendeu que quase tinha morrido afogado. Um dos que o havia salvo era um rapagão
simpático que lhe perguntou:
– Você donde é que veio, patrício, de Cabrobó¹ ou Caixa Prego² ?
– De Congonhas do Campo, respondeu Delfino ingenuamente.
Muita gente riu em torno dele.
– Pois, se você ainda quer rever Congonhas, trate o mar com mais desconfiança.
Enquanto o rapaz se afastava, Delfino notou principalmente o riso de uma menina de cabelos cor
de mel. Ele a notou porque a menina não queria exatamente rir, com pena dele que estava,
mas sua companheira ria tão à vontade que ela não podia deixar de acompanhá-la.
Com os olhos fitos nela, Delfino a foi acompanhando com a vista enquanto a menina entrava no
mar. Viu logo que era uma amiga íntima do mar. Viu-a furar uma primeira onda, ligeira e exata
como uma agulha mergulhando na dobra azul de um pano. Quando ela se levantou do
mergulho, o cabelo cor de mel estava preto e grudado ao pescoço, preto-esverdeado, como
se ela tivesse voltado mais marinha do fundo do mar.
(Record/Altaya. Adaptado)
D - Essa colocação está inadequada, pois o verbo "salvo" está conjugado no particípio e não se
pode colocar pronomes átonos após verbo no particípio. Além disso, o pronome relativo
"que" é palavra atrativa de próclise.
E - Essa colocação está adequada, pois o verbo está no gerúndio e, portanto, a ênclise é
obrigatória.
Atenção: A ênclise é obrigatória com verbo no gerúndio, desde que não seja precedido da
preposição "em".
Gabarito: letra E.
A - O pronome átono "o" não pode exercer a função de objeto indireto, apenas de objeto
direto. "ao principal polo varejista de rua" é objeto indireto. Portanto, a substituição seria
incorreta.
B - Após som nasal, deve-se acrescentar "n" antes do pronome átono (recebem-nas).
C - 'Comprar' é um verbo transitivo direto; 'lhe' exerce a função de objeto indireto. Além disso,
esse pronome oblíquo não pode substituir um adjunto adverbial ("em Osasco").
D - Substituição correta: Distribuem ISSO = distribuem-na.
E - "Demandas" é objeto direto; o correto seria "supre-as".
Gabarito: letra D.
E) Futuramente, é possível que convirá-nos poupar primeiro para a indenização que eles iam
pedir-nos.
Comentários:
A - Diante do advérbio "até", é necessário utilizar próclise, e há uma incoerência de tempos
verbais, uma vez que o verbo "convir" está no passado e a oração faz referência ao futuro.
B - A conjugação do verbo "convir" está inadequada, uma vez que o tempo verbal adequado à
ocasião é o pretérito imperfeito, não o mais-que-perfeito, tendo em vista que o fato ocorrido
no passado dá ideia de continuidade, não de que ocorreu antes de outra ação.
C - A ação, que ocorre no passado e dá ideia de continuidade, é representada pelo pretérito
imperfeito. Como indica imprecisão, é utilizado o modo subjuntivo.
D - As expressões "antigamente" e "conveio" sugerem tempo passado, o que não admite o
verbo "ir" no futuro (irão).
E - O advérbio "futuramente" indica tempo futuro, ou seja, o verbo "iam" está inadequado
quanto ao tempo, uma vez que este está no pretérito imperfeito do indicativo. Outro
problema é que a colocação pronominal está inadequada, uma vez que, diante do pronome
"que", deve ocorrer próclise em vez de ênclise.
Gabarito: letra C.
8. (UNIRIO/Assistente em Administração/2019)
Considere a frase: “Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás dos edifícios”.
A reescritura que obedece à norma-padrão quanto à colocação pronominal é a seguinte:
A) Atrás dos edifícios, com preguiça, o sol tinha escondido-se.
B) O sol se a esconder começou com preguiça atrás dos edifícios.
C) Começaria o sol se a esconder atrás dos edifícios com preguiça.
D) Se começava o sol, com preguiça, a esconder atrás dos edifícios.
E) Com preguiça, começava o sol a se esconder atrás dos edifícios.
Comentários:
A) É proibido o uso do pronome após verbos no particípio "escondido". A forma adequada é "o
sol tinha SE escondido" (próclise). Incorreta.
B) Basicamente, existem três possibilidades no que se refere à colocação pronominal, sendo elas:
próclise (pronome ANTES do verbo), mesóclise (pronome no MEIO do verbo) e ênclise (pronome
DEPOIS do verbo). Entretanto, aqui temos o pronome antes da preposição "a" e não se
relacionando diretamente com o verbo "esconder". Incorreta.
C) Exatamente o mesmo caso do item B, ou seja, não devemos colocar o pronome antes da
preposição "a". Incorreta.
D) É proibido iniciar a oração com pronome oblíquo átono . Incorreta.
E) Com verbos no infinitivo "esconder", é livre a posição do pronome, antes ou depois do verbo
(a SE esconder ou a esconder-SE). Alternativa correta. Gabarito letra E.
9. (UNIRIO/Assistente em Administração/2019)
A frase em que a colocação do pronome oblíquo obedece aos ditames da norma-padrão é:
A) Abri o estojo, cheirando-o por um longo tempo.
B) Seria-lhe útil ter um notebook de última geração.
C) Me fascinou reviver o tempo de minha primeira infância.
D) O que lembrou-lhe o estojo escolar foi o novo notebook.
E) Conforme abria-o, sentia seu cheiro agradável cada vez mais forte.
Comentários:
A) Temos um caso no qual a colocação pronominal está perfeita, pois é proibido posicionar o
pronome oblíquo átono logo após a vírgula, ou seja, a ÊNCLISE foi usada corretamente
"cheirando-O". Alternativa correta.
B) É proibido o uso do pronome após verbos no futuro "seria" e também não podemos usar a
forma "LHE seria". A forma mais adequada é "seria útil A ELE(A) ter...". Incorreta.
C) É proibido iniciar oração com pronome oblíquo átono. A forma adequada é "fascinou-ME".
Incorreta.
D) O "que" é um pronome relativo cuja função é retomar o pronome demonstrativo "o" (O que
= AQUILO que), ou seja, o pronome relativo é uma clássica palavra atrativa e a forma adequada é
"o que LHE lembrou". Incorreta.
E) A conjunção "conforme" também é uma palavra atrativa, uma vez que as conjunções
subordinativas são palavras atrativas. A forma adequada é "conforme O abria". Incorreta.
Gabarito letra A.
Pessoal, na língua culta não se inicia oração com pronome oblíquo. O correto seria o pronome
estar enclítico, isto é, depois do verbo → Conta-me o que ouviste.
(C) Ninguém me visitou.
CERTA.
Nesse caso, a colocação pronominal está correta. O pronome indefinido "ninguém" é
uma palavra atrativa, portanto o pronome "me" é atraído para antes do verbo, ou seja,
fica proclítico.
Gabarito: letra A.
Gabarito: letra D.
“Hoje, fala-se muito sobre intolerância religiosa”; essa frase apresenta reescritura inadequada
em:
a) Fala-se muito, hoje, sobre intolerância religiosa;
b) Sobre intolerância religiosa, hoje fala-se muito;
c) Hoje muito é falado sobre intolerância religiosa;
d) Muito é falado, hoje, sobre intolerância religiosa;
e) Fala-se hoje muito sobre intolerância religiosa.
Comentários:
Nessa questão, a banca deu como gabarito a letra E, mas também poderia ser a letra B. Vejamos:
Há duas questões a serem notadas nesta questão:
● Sobre o emprego de advérbios, é necessário lembrar que se trata de uma categoria
responsável, principalmente, por alterar o sentido de outra palavra. Sendo assim, deve-se
encontrar o mais próximo possível da palavra que altera.
Isto não se observa na construção "Fala-se hoje muito sobre intolerância religiosa.", na qual o
verbo "fala-se" e o advérbio "muito" são separados pelo advérbio "hoje".
Partindo desta questão, a alternativa E se encontra errada.
● Sobre o emprego da próclise, é necessário relembrar:
Após advérbios ou locuções adverbiais, utiliza-se próclise.
Observe a frase: "Sobre intolerância religiosa, hoje fala-se muito"
Podemos identificar a presença do advérbio "hoje", que obriga o uso da próclise. Note, porém,
que a frase faz uso da ênclise.
Sendo assim, é possível também indicar a alternativa B como errada.
Gabaritos: letra B e E.
referências cristãs que constituem a beleza desses lugares e dessas obras-primas. Entender os
debates mais recentes sobre a colonização, as práticas humanitárias, a bioética, o choque de
culturas também supõe um conhecimento do cristianismo, dos elementos fundamentais da
sua doutrina, das peripécias que marcaram sua história, das etapas da sua adaptação ao
mundo.
Foi nessa perspectiva que nos dirigimos a eminentes especialistas. Propusemos a eles que
pusessem seu saber à disposição dos leitores de um vasto público culto. Isso, sem o peso da
erudição, sem o emprego de um vocabulário excessivamente especializado, sem eventuais
alusões a um suposto conhecimento prévio, que não tem mais uma existência real, e, claro,
sem intenção de proselitismo.
(História do Cristianismo, org. Alain Corbin. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.XIII).
Não podemos substituir pelo pronome na forma "lo", pois quando o verbo terminar em som
nasal, assumirá as formas "no, na, nos, nas", portanto a forma correta seria: Supõe-no.
A) uma colocação de pronome oblíquo que pode ser considerada correta já que, no Brasil, o
pronome inicial é tônico.
B) uma forma da linguagem coloquial e particularmente presente nas regiões Norte e Nordeste
do país.
C) uma maneira de empregar o pronome oblíquo que imita o uso de Portugal.
D) um regionalismo brasileiro, impossível de encontrar-se na fala portuguesa.
E) um erro quanto à norma culta da língua, já que pronomes oblíquos átonos não podem iniciar
frases.
Comentários:
Observe que o uso da próclise em início de frase é uma tendência observada na linguagem
coloquial do português brasileiro, por isso a banca considerou como gabarito a letra A. No
entanto, o problema desta questão é que a alternativa E especifica: "um erro quanto à norma
culta". Sabemos que, segundo a norma culta, é regra geral que não se deve iniciar frase com
pronomes átonos. Portanto, a letra E também está correta.
Gabarito da banca: A
Gabarito nosso: E.
mergulho, o cabelo cor de mel estava preto e grudado ao pescoço, preto-esverdeado, como
se ela tivesse voltado mais marinha do fundo do mar.
(Record/Altaya. Adaptado)
E no meio daquele povo todo sempre se encontrava uma alma boa como a de sua mãe, uma
moça bonita, um amigo animado. Candeia era morta.
O vocábulo “se”
a) poderia ser suprimido, sem alteração dos sentidos do texto.
b) encontra-se em próclise devido à presença do advérbio “sempre”.
c) indetermina o sujeito da forma verbal “encontrava”.
d) retoma a palavra “povo” (L.10).
e) indica reciprocidade.
8. (UNIRIO/Assistente em Administração/2019)
Considere a frase: “Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás dos edifícios”.
==315152==
9. (UNIRIO/Assistente em Administração/2019)
A frase em que a colocação do pronome oblíquo obedece aos ditames da norma-padrão é:
A) Abri o estojo, cheirando-o por um longo tempo.
B) Seria-lhe útil ter um notebook de última geração.
C) Me fascinou reviver o tempo de minha primeira infância.
D) O que lembrou-lhe o estojo escolar foi o novo notebook.
E) Conforme abria-o, sentia seu cheiro agradável cada vez mais forte.
“Hoje, fala-se muito sobre intolerância religiosa”; essa frase apresenta reescritura inadequada
em:
a) Fala-se muito, hoje, sobre intolerância religiosa;
b) Sobre intolerância religiosa, hoje fala-se muito;
c) Hoje muito é falado sobre intolerância religiosa;
d) Muito é falado, hoje, sobre intolerância religiosa;
e) Fala-se hoje muito sobre intolerância religiosa.
O cristianismo impregna, com maior ou menor evidência, a vida cotidiana, os valores e as opções
estéticas até mesmo dos que o ignoram. Ele contribui para o desenho da paisagem dos
campos e das cidades. Às vezes, ganha destaque no noticiário. Contudo, os conhecimentos
necessários à interpretação dessa presença se apagam com rapidez. Com isso, a
incompreensão aumenta.
Admirar o monte Saint-Michel e os monumentos de Roma, de Praga ou de Belém, deleitar-se
com a música de Bach ou de Messiaen, contemplar os quadros de Rembrandt, apreciar
verdadeiramente certas obras de Stendhal ou de Victor Hugo implica poder decifrar as
referências cristãs que constituem a beleza desses lugares e dessas obras-primas. Entender os
debates mais recentes sobre a colonização, as práticas humanitárias, a bioética, o choque de
culturas também supõe um conhecimento do cristianismo, dos elementos fundamentais da
sua doutrina, das peripécias que marcaram sua história, das etapas da sua adaptação ao
mundo.
Foi nessa perspectiva que nos dirigimos a eminentes especialistas. Propusemos a eles que
pusessem seu saber à disposição dos leitores de um vasto público culto. Isso, sem o peso da
erudição, sem o emprego de um vocabulário excessivamente especializado, sem eventuais
alusões a um suposto conhecimento prévio, que não tem mais uma existência real, e, claro,
sem intenção de proselitismo.
(História do Cristianismo, org. Alain Corbin. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.XIII).
A) uma colocação de pronome oblíquo que pode ser considerada correta já que, no Brasil, o
pronome inicial é tônico.
B) uma forma da linguagem coloquial e particularmente presente nas regiões Norte e Nordeste
do país.
C) uma maneira de empregar o pronome oblíquo que imita o uso de Portugal.
D) um regionalismo brasileiro, impossível de encontrar-se na fala portuguesa.
E) um erro quanto à norma culta da língua, já que pronomes oblíquos átonos não podem iniciar
frases.
GABARITO