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CIÊNCIA AUDIOVISUAL NA REDE: UM CASO DE APROPRIAÇÃO DE

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA PELO CANAL CIÊNCIA TODO DIA NO YOUTUBE

Article in Revista Signos · December 2022

DOI: 10.22410/issn.1983-0378.v43i2a2022.3245

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Ulysses do Nascimento Varela

Universidade Federal de Santa Maria
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 Ensino · Humanidades
Revista Signos, Lajeado, ano 43, n. 2, 2022. ISSN 1983-0378
DOI: http://dx.doi.org/10.22410/issn.1983-0378.v43i2a2022.3245
http://www.univates.br/revistas

CIÊNCIA AUDIOVISUAL NA REDE: UM CASO DE APROPRIAÇÃO

DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA PELO CANAL CIÊNCIA TODO
DIA NO YOUTUBE

Macri Elaine Colombo1

Ulysses Nascimento Varela2
Fabrise Oliveira Müller3

Resumo: Este artigo tratou da apropriação de temas científicos pelo canal Ciência Todo Dia no
YouTube, enquanto plataforma audiovisual, que compartilha e promove a divulgação Científica no
Brasil. Identificou os planos e meios utilizados pelo youtuber Pedro Loos, que através da web, trabalha
a divulgação científica para ampliar o interesse público na temática. Refletiu sobre a necessidade e
a funcionalidade da extensão da tecnologia, da informação, da ciência e das novas mídias dentro de
uma sociedade que vive uma convergência cultural e consequentemente midiática conforme apontam
Lemos (2004) e Martín-Barbero (2009). Por meio da observação, da etnografia virtual e entrevistas
o estudo apontou que o canal analisado se destaca em relação às iniciativas institucionais, ao mostrar
que a prática audiovisual da divulgação científica no YouTube requer um tratamento diferenciado
quanto à atenção e à opinião do público, a fim de criar “laços de comunidade” fundamentais nas
inter-relações virtuais em redes.
Palavras-chave: audiovisual; comunicação; divulgação científica; YouTube. Ciência Todo Dia

1 Mestrado em Ciências da Comunicação - UFAM. Tem especialização em Metodologia do Ensino

Superior pela UFAM e em Gestão Universitária pela Nilton Lins. É graduada em Jornalismo-
UNESP e em Pedagogia- Faculdade Boas Nova.
2 Doutor do PROGRAMA de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa
Maria, Mestrado em Ciência da Comunicação – UFAM e Graduação em Jornalismo -UFAM.
3 Formada em comunicação pela UFSM, especialista em Mk e RH (UFSM), mestre em
administração pela PUC RS, doutora em comunicação pela Ufsm e pós doutorado pela Ufsm.

-- Artigo recebido em 01/10/2022. Aceito em 12/12/2022. --

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 AUDIOVISUAL SCIENCE ON THE NET: A CASE OF
APPROPRIATION OF SCIENTIFIC DISSEMINATION BY THE
CIÊNCIA TODO DIA CHANNEL ON YOUTUBE

Abstract: This article deals with the appropriation of scientific themes by the Ciência Todo Dia
YouTube channel, as an audiovisual platform, which shares and promotes scientific dissemination in
Brazil. It identifies the plans and means used by youtuber Pedro Loos, who through the web, works
with scientific dissemination to increase public interest in the subject. It reflects on the need and
functionality of the extension of technology, information, science and new media within a society
that is experiencing a cultural and consequently mediatic convergence, as pointed out by Lemos
(2004) and Martín-Barbero (2009). Through observation, virtual ethnography and interviews,
the study points out that the analyzed channel stands out in relation to institutional initiatives by
showing that the audiovisual practice of scientific dissemination on YouTube requires a differentiated
treatment in terms of public attention and opinion in order to create fundamental “community
bonds” in virtual interrelationships in networks.
Keywords: audio-visual; communication; scientific divulgation; YouTube. Science Every Day

Introdução
A intensa presença das tecnologias digitais no cotidiano da sociedade
demanda investigações para que possamos compreender de que forma as mídias,
a computação, a internet e as tecnologias operam na criação de cenários atuais.
Acompanhar estes panoramas requer um conhecimento global da tecnologia, não
apenas no sentido de seu uso, mas na compreensão de significados dos avanços
tecnológicos que levaram à transição do século XX para o século XXI, isso é o que
propomos a partir deste ensaio sobre a divulgação de temáticas científicas através do
audiovisual na internet (LEMOS, 2004).
Apesar do passar do tempo, ainda hoje presenciamos um crescimento do
consumo de vídeos on line pelo mundo, só no Brasil esse crescimento representou
165%, entre 2015 e 20194. Porém, quando voltamos para a Comunicação e ao
jornalismo científico e discutimos os processos de divulgação científica via vídeos
disponibilizados na internet, muitas questões vêm à tona, sendo uma delas: de que
forma os divulgadores de ciência estão se apropriando da divulgação científica no
Brasil por meio das plataformas de vídeo na internet em canais do Youtube? A fim
de buscar respostas, delimitamos este questionamento para um estudo de caso,
englobando o Ciência Todo Dia, pois entendemos ser um canal com características
específicas e com grande público, principalmente jovens estudantes integrados às
mídias virtuais. O artigo tem como objetivo compreender como se dá a produção
e a divulgação dos vídeos do Youtuber Pedro Loos, levando-se em consideração o

4 Pesquisa realizada em 2019 e divulgada em https://www.b9.com.br/114760/pesquisa-aponta-

que-brasileiro-consome-mais-video-online-que-conteudo-da-tv-aberta/, onde evidencia o
consumo de vídeos pela internet superior ao consumo de tv aberta. Em 16 de agosto de 2021.

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Youtube enquanto plataforma de compartilhamento para promoção da divulgação
científica.
Ressaltemos que a escolha desse canal de divulgação científica se deu pelo
fato de ser elaborado (no ato desta pesquisa) por um estudante de Física e que já
alcançou mais de 2 milhões de inscritos no Youtube em 2021. Um feito que coloca
a popularização da ciência num lugar de destaque, maior até que o realizado por
profissionais da Comunicação com esta mesma abordagem e plataforma. Quanto à
escolha do Youtube, ela se justifica através de dados de consumo de divulgação nesta
mídia social, uma vez que pesquisas indicam o Youtube como uma das mídias mais
consumidas no Brasil quando se trata de informações sobre ciência e tecnologia, por
exemplo, ficando atrás somente do Facebook e dos buscadores como Google (CGEE,
2019) e tendo um crescimento acentuado no consumo de produtos audiovisuais
entre os internautas brasileiros.
Ao analisarmos o trabalho de divulgação científica realizado pelo youtuber
Pedro Loos, do canal Ciência Todo Dia, buscamos identificar os pontos positivos
e negativos que influenciam no sucesso e/ou fracasso na divulgação de seus vídeos
científicos, os quais servem como parâmetro para entendermos os procedimentos
para o funcionamento da divulgação científica no Youtube.
Este processo se faz mister, porque contribui com a agenda de debates
científicos sobre esta temática e para que se possa pensar e refletir sobre a necessidade
e a funcionalidade da extensão da tecnologia, da informação, da ciência e das novas
mídias como o Youtube em uma sociedade que vive sob uma constante convergência
cultural e, consequentemente, midiática. Certamente, os resultados apresentados
nos ajudam a compreender sobre a forma como os divulgadores de ciência estão
se apropriando, ou seja, produzindo divulgação científica no Brasil por meio das
plataformas de vídeo na internet em canais do Youtube.
Assim como Martín-Barbero (2009), acreditamos na relevância da abordagem
deste tema devido ao mesmo estar inserido no campo da Comunicação em
constante transformação e por apontar ainda mais transformações significativas no
futuro. Além disso, este tipo de trabalho contempla a necessidade de se estudar a
Comunicação Midiática na construção de dinâmicas sociais a partir das interações
dos sujeitos que produzem notícias em vídeos para internet, conforme aponta
Lemos (2004).

Comunicação, ciência e audiovisual

A facilidade tecnológica atual certamente interfere na quantidade e qualidade
do material audiovisual disponível na internet, acessado por meio de computadores
pessoais, tablets e até smartphones. Nessa perspectiva, as pesquisas sobre as relações
entre mídia e sociedade tiveram representatividade significativa a partir das teorias
latino-americanas de comunicação e cultura, principalmente, com a teoria das
mediações de Martín-Barbero. Essas teorias partem do princípio que:

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 As mídias devem ser analisadas a partir de seus contextos sociais e históricos;
e que cultura e sociedade devem ser pensadas como uma teia. A partir disso,
analisar uma mídia audiovisual em determinado contexto, em sala de aula, em
família ou em comunidade, implica perceber as mediações que ocorrem entre
essa mídia e as pessoas que a cercam (MARTÍN-BARBERO, 2003. p. 52).

Essa posição mostra que algo tão presente na vida da sociedade carrega uma
história de décadas de evolução e processos tecnológicos, cuja compreensão é
fundamental para determinar os próximos passos rumo ao futuro.
Vale lembrar que, ao adotarmos o termo audiovisual o entendemos como
uma comunicação que incita, simultaneamente, os sentidos da audição e da visão.
Conforme Coutinho (2006, p. 16) quando diz que “a linguagem audiovisual, como
a própria palavra expressa, é feita da junção de elementos de duas naturezas: os
sonoros e os visuais”. Portanto, estamos falando de artefatos da cultura que afetam
esses dois sentidos do homem - a visão e a audição - que estão entrelaçados com as
tecnologias audiovisuais.
Analisando a partir desse contexto podemos considerar audiovisuais todos
os produtos com som e imagens produzidos a partir de uma técnica, isto é, um
“saber fazer” humano. Nesse sentido, a técnica pode ser entendida como um
conjunto de instrumentos técnicos que apresentam regras que orientam o processo,
possui eficácia e apresenta um saber adquirido que pode ser repassado socialmente
por meio da técnica. No caso dos produtos audiovisuais, podemos afirmar que a
história do audiovisual acontece por meio da evolução do que podemos destacar
como três eixos tecnológicos: as tecnologias de criação de imagens, as tecnologias de
visualização de imagens e as tecnologias de registro e reprodução.
Um exemplo de tecnologias audiovisuais são os vídeos disponibilizados na
internet produzidos nas plataformas do YouTube com temáticas científicas, as quais
estão inclusas na cultura audiovisual no século XX.
Entendemos também que a forma mais simples e completa da comunicação
está ligada ao audiovisual. De acordo com Coutinho (2006, p. 20) “vivemos em um
tempo no qual, praticamente, todas as pessoas são alfabetizadas audiovisualmente”.
Na mesma linha de pensamento Carvalho (2007) afirma que:
A mensagem audiovisual pode atingir um número maior de pessoas do que
um texto impresso. Um analfabeto não lê um livro e, por isso, não pode ser
diretamente influenciado pelo que está nele escrito, mas pode ser influenciado
por informações que recebe em mensagens audiovisuais” (CARVALHO 2007,
p. 18)

Apesar de ser um tema interligado e presente na contemporaneidade, a

tecnologia requer algumas reflexões quando nos propomos a estudá-la na perspectiva
de um olhar científico. Neste contexto, Sagan (1996) destaca a importância da ciência
para a humanidade e questiona a ausência e o acesso da sociedade às informações
científicas que, segundo ele, passam por filtros. Estes podem ser entendidos como
os sistemas: cultural e educacional e os meios de comunicação. O autor faz uma

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diferença entre a ciência boa e a ciência ruim de forma que esta última, mais
acessível, acaba contribuindo para o analfabetismo científico da sociedade.
Além disso, não podemos contar com a tecnologia audiovisual sozinha, por
não trazer um senso crítico e até mesmo reflexivo sobre ciência – que é a nossa
temática. Por isso a importância de uma divulgação científica com conteúdo e
técnicas que visam à qualidade.
Portanto, o interesse na abordagem da ciência se justifica pela sua
onipresença, sem que as pessoas percebam que ela faz parte do dia a dia, além de
interferir na sociedade nos mais diversos aspectos. Por isso, ela é responsável por
responder dúvidas da sociedade a respeito da tecnologia, a qual é resultado do
desenvolvimento científico e cuja divulgação é de considerável valor. Mas, como
nenhum conhecimento é completo e perfeito, até mesmo a ciência requer constantes
estudos, atualizações, pesquisas e reflexões.
Classificamos o canal do Youtuber Pedro Loos como sendo representativo da
atividade audiovisual na internet porque ele trabalha com as percepções biológicas
- audição e visão. Quando considerado um produto, ele é tido como um fator
da técnica que está atrelado à ciência e à tecnologia, levando também em conta
a informação de assuntos científicos, o que provoca um envolvimento social
interligado à comunicação.

Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa teve como intuito compreender o planejamento e as táticas
utilizadas pelo canal Ciência Todo Dia, de Pedro Loos no Youtube, enquanto
plataforma de compartilhamento para promover a divulgação científica. O que
sucede sem uma periodicidade regular, mas sempre atento aos temas com abordagem
científica diretamente ou indiretamente, pautados pelas mídias tradicionais como
a televisão. Diferenciando-se do jornalismo científico por não possuir o padrão e
as características jornalísticas, como a entrega das informações com periodicidade
e optando por uma abordagem sobre ciência de maneira mais lúdica, repassando
também conhecimentos que estão em ênfase no processo de ensino- aprendizagem.
A pesquisa foi pautada então pela fenomenologia, através do estudo de caso,
tendo como embasamento o clássico estudioso YIN (2001), por permitir entender
o fenômeno da divulgação científica no canal citado, que tanto atrai os jovens
estudantes para complementar seus estudos na área da ciência de maneira lúdica
ou para esclarecer algumas curiosidades como: O Mistério dos Buracos Brancos, com
564.567 visualizações, no prazo de 30 dias, até o mês de fevereiro de 2022.
Em relação ao corpus de análise, selecionamos o canal de vídeos de
divulgação científica do Youtube, produzido pelo Youtuber Pedro Loos chamado:
Ciência Todo Dia. Por meio do qual seus vídeos refletem a sua capacidade em definir
procedimentos próprios para abordar a divulgação científica no canal. Trata-se de
uma amostra intencional por ser qualitativa e derivar do problema de pesquisa e das

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características do universo observado a partir da análise do objeto pesquisado no
Youtube com o mesmo fim e que se repetem.
Enquanto técnica de investigação, a pesquisa contou com levantamento de
dados qualitativos adotados como base nas abordagens metodológicas apresentadas
no livro: Métodos de pesquisa para internet de Fragoso, Recuero, Amaral (2013).
O conceito de abordagem qualitativa adotada neste trabalho é apontado
como sendo a internet observada enquanto um artefato cultural, conceito que Hine
(2000) discute. Por isso, abordamos a inserção da tecnologia na vida cotidiana, ao
mesmo tempo em que a rede é entendida como um elemento da cultura e analisada
enquanto tecnologia midiática.
Tal abordagem nos leva ter como objeto/campo deste estudo a internet,
enquanto rede mundial de computadores, com base na Web, na qual pesquisamos
páginas pessoais, websites, no caso, canais voltados à Divulgação Científica no
Youtube, e o mundo virtual, tendo como foco o canal Ciência Todo Dia. Através
da observação da comunidade que produz divulgação científica na internet no ano
de 2021 entendemos que esta abordagem está relacionada à pesquisa etnográfica,
por possibilitar “um mergulho” virtual no ambiente pesquisado como indica
Braga (2006). A coleta de dados nesta pesquisa se deu por meio de entrevista com
18 perguntas aplicadas ao responsável pelo canal, Pedro Loos, somada a estudos
bibliográficos.
Por isto, seguimos de maneira semelhante alguns trajetos pesquisados por
Santos (2021), em sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Divulgação
da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo
Cruz. Utilizamos uma abordagem qualitativa com aplicação de questionários e
utilização de pesquisas bibliográficas, tendo como atividades além da aplicação da
metodologia a apresentação dos resultados obtidos a partir da análise dos dados
fornecidos pelo divulgador científico entrevistado, no caso, Pedro Loos. Traz em
seguida uma discussão sobre esses resultados, tratando de aspectos referentes à
divulgação no canal Ciência Todo Dia, além de traçar o perfil do divulgador Pedro
Loos, no que diz respeito ao seu lado acadêmico, profissional.
Vale ressaltar que o trabalho foi composto a partir de três passos metodológicos.
O primeiro é o levantamento bibliográfico para o referencial teórico, enquanto
suporte às teorias, aos conceitos e à abordagem empírica. Na sequência, realizamos
e apresentamos a entrevista realizada através de questionário aberto, aplicado
via e-mail ao responsável pelo canal para extração das realidades a partir da sua
experiência. E, por fim, expomos o resultado das análises com as inferências.
Concordamos, assim, com Santos (2021) quando diz que estudos sólidos
sobre os comunicadores, suas trajetórias, suas formações, suas motivações e seus
objetivos precisam ser realizados com mais ênfase e com qualidade, exatamente
o que tentamos realizar neste artigo científico pois, entendemos que, apesar de
já existirem, na academia, algumas pesquisas sobre os perfil dos divulgadores de
ciência no Brasil como a pesquisa realizada por Dos Santos e Muller (2021) precisa-

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se ainda de mais pesquisas que investiguem, por exemplo, o perfil e as estratégias
dos divulgadores de ciência no Youtube.
A compreensão dos conceitos que envolve comunicação e a ciência passa
pela compreensão deste universo que é a comunicação científica que segundo
Varela (2020) é formado pela Difusão Científica: Que pode ser entendida como
o ato de anunciar, propagar, publicar, comunicar, divulgar, noticiar e difundir o
conhecimento para comunidades técnico-científicas e a população em geral. A
Difusão Científica possui ramificações como a disseminação e a divulgação científica
com suas características próprias.
A Disseminação Científica é entendida como um processo ou uma estratégia
da veiculação de informações científicas entre um público de especialistas. Voltada
para um público de especialistas (pares), deve ser cautelosa quanto às exigências
normativas. Já a Divulgação Científica é direcionada ao grande público, por isso
nela aparece o jornalismo científico como elemento fundamental no processo
de divulgação. Todo e qualquer meio de transmissão científica mais popular em
linguagem de melhor acesso para transmissão da ciência é considerado divulgação
científica, independente do suporte. Existe ainda a Popularização da ciência,
caracterizada pela compreensão de que não há necessidade de ser um cientista
para entender de ciência, nem tão pouco o cientista ser um jornalista para saber
o que publicar. “A popularização da ciência é feita em paralelo com o pesquisador
tornando a ciência cada vez mais próxima e deixando de defini-la como um objeto
ou algo distante”, (VARELA, 2020, p. 219).

Realidade em Divulgação Científica audiovisual no Youtube

Tendo a divulgação científica a finalidade de aproximar o conhecimento
humano acumulado em laboratórios e universidades do maior número de pessoas
por diversos canais de comunicação e a prática do jornalismo científico exigir a
formação acadêmica em Comunicação Social para realizar a divulgação científica
(COLOMBO, 2014), observamos que, no caso dos canais do Youtube, entre ele o
Ciência Todo Dia, nem sempre seus responsáveis são jornalistas. É o caso do youtuber
Pedro Loos, que apesar de se utilizar de ferramentas jornalísticas como entrevistas,
técnicas de edição, pautas etc. para divulgar a ciência, não pertence a essa categoria
profissional. No entanto, não entraremos neste embate sobre a necessidade de ser
ou não jornalista, para não fugirmos da nossa temática.
O Youtube foi idealizado em 2005, mas o sucesso só veio em outubro de
2006, após permitir que os usuários disponibilizem e compartilhem seus próprios
vídeos na rede mundial de computadores. Pouco mais de um ano após sua criação, a
empresa Google anunciou a compra do Youtube e unificou os serviços do seu próprio
site de compartilhamento de vídeos, o Google Vídeo, ao Youtube, permanecendo o
nome original (DANTAS, 2020).
A plataforma de vídeos pode ser utilizada hoje de forma transversal em
praticamente todos os dispositivos atuais de mídia digital, desde computadores,

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televisores, passando por tablets, consoles de jogos até smartphones, disponibilizando
aos usuários uma grande variedade de filmes, clipes e materiais caseiros, entre eles,
os vídeos de divulgação científica, objeto de estudo deste trabalho.
Milhares de pessoas no mundo possuem hoje um canal do Youtube como
se fosse um e-mail, mas só para enviar e visualizar vídeos, mas há pessoas que, por
motivos particulares ou profissionais, dedicam-se a usar seus canais como uma
forma de se tornarem conhecidos por fazerem determinados tipos de divulgação
como os Youtubers (produtores de conteúdo), os quais podem ser acessados por
computadores conectados à internet no mundo inteiro. Existe também uma grande
quantidade de empresas e pessoas que criam canais para disponibilizar vídeos com
temas de interesse, como uma estratégia de divulgação e de renda nas redes sociais,
como o canal que será analisado mais adiante.
Dadas as bases para entendermos o processo evolutivo que uniu internet,
vídeo e divulgação científica, vamos agora entrar no campo da prática e revelar
como isso ocorre a partir da realidade de divulgação científica por meio de canais
do Youtube.
Apresentamos, assim, o resultado da entrevista virtual realizada com o
responsável pelo canal do Youtube selecionado para esta pesquisa. Neste tópico apenas
serão apresentados os dados coletados tanto nos questionários, quanto na breve
análise do canal, a fim de discutirmos as características, tais como: a periodicidade
de divulgação dos vídeos, a técnica utilizada na divulgação, as estratégias utilizadas
para divulgar os vídeos e ter visualizações, entre outros, mais adiante.

Canal Ciência Todo Dia

O “Ciência Todo Dia” é um canal totalmente voltado para assuntos que
podem ser abordados no cotidiano, mantido por Pedro Loos. O canal completou 6
anos no dia 24 de julho de 2022 e possui mais de 324 mil inscritos e 9 milhões de
visualizações.

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Figura 1: Tela do Canal Ciência Todo Dia (Print do autor)

O questionário foi enviado eletronicamente via e-mail no mês de abril de 2021

para o então graduando em Física pela Universidade Federal de Santa Catarina e
membro da Khan Academy no Brasil, onde produz videoaulas. É importante destacar
que o Youtuber Pedro Loos é o único responsável pelo canal Ciência Todo Dia. O
entrevistado informou que desde a postagem inicial dos vídeos, já foram realizadas
avaliações junto ao público, justamente porque “considera muito importante
quando se trabalha com internet e mídias sociais estar atento ao seu público e às
suas preferências”. As principais mudanças feitas foram sugeridas através de um
formulário disponibilizado no final de 2017, as quais apontaram sugestões para os
vídeos mais longos e a frequência dos vídeos, sendo que, atualmente, é veiculado
um vídeo por semana.
Quanto à motivação em divulgar a ciência através de vídeos, o entrevistado
comentou que a ideia é ensinar e compartilhar conhecimento. Assim, ele criou seu
primeiro canal no Youtube aos 14 anos, dedicado a jogos e tutoriais para diversas
funções técnicas. Esse contexto de início da carreira no Youtube despertou o interesse
em cursar bacharelado em Física.
Sobre os critérios para escolha de um vídeo a ser publicado no canal, o
entrevistado observou que geralmente escolhe um tema de vídeo com base em duas
questões: “Posso transformar isso em um vídeo simples, fácil de entender e ao mesmo
tempo intrigante?” E, mais: “alguém já fez um vídeo melhor sobre o mesmo tema?”
Nesse caso, de acordo com as respostas, ele opta ou não por produzir o vídeo.
Depois de decidir o tema, o Youtuber pesquisa e começa a montar o roteiro.
Quanto à existência de algum critério para a periodicidade de divulgação dos
vídeos, foi dito que o principal critério é encontrar o equilíbrio entre qualidade e
quantidade. O YouTube não é uma plataforma que foi pensada para fins educacionais,
embora isso seja uma das maiores consequências. Por isso, o YouTube recomenda
publicações diárias e, geralmente, a média é de um a três vídeos por semana.

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 Quanto à estrutura técnica e de pessoal utilizada para execução do trabalho,
foi informado que o canal é, desde o início, totalmente dirigido pelo Youtuber que
é quem escreve os roteiros, grava, edita os vídeos e cuida de todas as mídias sociais
do canal. Em 2021, Loos começou a ter a ajuda de um amigo (Greg de Souza) para
escrever e revisar os roteiros, e agilizar a redação dos textos. No entanto, a gravação e
a edição continuam com o Youtuber e cada vídeo requer aproximadamente 40 horas
de trabalho.
A resposta sobre as estratégias utilizadas para divulgar os vídeos e ter
visualizações são: abordar temas interessantes, curiosidades e o uso de títulos
chamativos. Citemos: Nós estamos vivendo em um multiverso? Como respirar? O
experimento do quarto de Mary etc. ou instigadores, além das thumbnails (imagem
do vídeo que aparece antes do acesso do usuário).
Para Loos, a parte mais difícil de ter um canal é fazer com que as pessoas
acessem o vídeo. Mas confessou em uma entrevista para a UOL, na parte de Entre
Likes no ano 2020 com o título: “Uso meus privilégios para impulsionar o ecossistema de
canais de ciência”, uma de suas preocupações é levar a ciência e, consequentemente,
o conhecimento de maneira gratuita para as pessoas.
Sobre o motivo ao qual é atribuído o número de pessoas inscritas no canal, a
resposta é a qualidade do material, pois cada país possui um estilo um tanto quanto
diferente de vídeos. Os vloggers5 do Brasil têm produção diferente dos vloggers
dos Estados Unidos, por exemplo. Por isso, o Youtuber adaptou várias técnicas de
filmagem e roteirização dos canais que considera “os melhores” e transformou em
algo próprio para o público que o acompanha. Loos acredita ainda que a fórmula
que torna os vídeos bastante acessados é serem rápidos, dinâmicos e com informação
concentrada, animações divertidas e intuitivas.
Quanto à realização de algum feedback ou algum tipo de interação com os
usuários do canal, a resposta foi sim. Geralmente as interações são feitas no próprio
Youtube, por menções no Twitter ou no grupo exclusivo de apoiadores no Facebook.
Loos destaca, ainda, que uma parte importante do trabalho é interagir com o
público e criar uma comunidade.
Sobre a crença de que existe ou possa haver alguma mudança quanto à
linguagem, conteúdo ou forma dos vídeos produzidos para dispositivos móveis,
como smartphones, em relação aos vídeos como conhecemos hoje para televisão
ou tela de computador, o entrevistado respondeu que sim. Existem constantes
mudanças, mas os estilos permanecem e as estratégias se intensificam. Ele destaca
que quando o Snapchat6 surgiu, vários Youtubers pensaram em migrar para vídeos

5 O vlogger ou vlogueiro, faz um vídeo sobre o assunto que deseja. A plataforma, ou seja, o site
que os internautas mais utilizam para publicar os seus vídeos é o YouTube. Fonte: https://www.
significados.com.br/vlog/
6 O Snapchat é uma rede social de compartilhamento de fotos e vídeos. Fonte: https://rockcontent.
com/br/blog/snapchat/

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curtos, com o máximo de 10 segundos permitidos pelo aplicativo. No entanto,
isso não fez com que a audiência do YouTube diminuísse. As pessoas também
consomem conteúdo de vídeos mais longos para atender alguma finalidade. A
forma de expressão dos vídeos se transforma com o tempo, a citar os Vlogs e vídeos
de 10 anos atrás, que transmitem informações com uma dinâmica e linguagem
diferentes dos atuais. Contudo, é necessário reconhecer que é um tanto quanto
impossível adivinhar qual será a próxima “moda” ou qual o próximo aplicativo que
irá transformar as dinâmicas de produção.
O entrevistado respondeu que a principal característica dos vídeos produzidos
pelo canal é a comunicação simples, com um consciente desapego ao formalismo.
Quanto ao conteúdo, os temas devem ser interessantes, explorando curiosidades ou
explicando conceitos complexos de maneira fácil. Em relação à forma, o produtor
aplica dinâmicas que misturam Vlogs com elementos de documentários e animações
para facilitar o entendimento.
Sobre a questão de quais os fatores determinam o interesse dos usuários pelos
vídeos divulgados pelo canal, a resposta foi “o tipo e o modo que os conteúdos são
apresentados, visto que em comparação aos demais canais de ciência do Brasil, os
vídeos do Ciência Todo Dia têm uma forma específica quanto à duração, qualidade
de imagem e som”. Tudo com o propósito de tornar a experiência de assistir vídeo
agradável, tanto para os que prezam pela qualidade de imagem e som quanto para
quem valoriza a informação. Para que se possa criar um “laço de comunidade”,
enfim, social e que tem como conceito ser uma interação social na internet, que
não deixa de ser uma forma de produção do capital, através de investimento e custo
para Loos nesta pesquisa. Que tem a finalidade de ser também um laço que seja um
capital social, pois este é encontrado a partir de várias conexões entre as pessoas de
maneira a formar um laço forte nesta sociedade virtual, de maneira institucional,
neste caso oferecendo um produto – o vídeo sobre ciência (RECUERO, 2005).
Conteúdo certo? No lugar certo?
O entrevistado, considera, ainda, que a dificuldade enfrentada é a financeira,
pois a receita não acompanha o crescimento do canal. Assim, em 2017 lançou uma
campanha de financiamento coletivo para conseguir manter o canal. E, desde então,
a frequência de vídeos é de um por semana, o que exige dedicação integral.
Pedro Loos informa que tem planos para um podcast e um documentário a
serem veiculados no próprio canal. Ele considera que a ciência no Youtube brasileiro
está começando a se tornar um item fundamental da plataforma.

Análise dos resultados

Com base nas análises das respostas às questões, as quais foram elaboradas para
se chegar aos objetivos propostos neste trabalho, a fim de conhecer de que forma
ocorre a apropriação dos vídeos em canais do Youtube idealizados com o propósito
de divulgar a ciência, para efeito de análise agrupamos as questões correlacionadas
para extrairmos os aspectos mais relevantes das respostas.

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 Iniciamos assim com o item denominado por nós como: “Porque Ciência no
Youtube?” com as respostas das questões 01 sobre o tempo de existência dos canais;
04, o número de inscritos; 09, motivação para divulgar ciência e 11, estrutura para
execução das atividades.
O canal Ciência Todo Dia existe há mais de 5 anos e possui mais de 9 milhões
de visualizações e 324 mil inscritos (dados de 2021). Isso demonstra, quando
comparado a outros canais que, independentemente do tempo de implantação do
canal, o que determina o sucesso dele é a forma como é administrado para atingir
o maior número de pessoas. O entrevistado reconhece a importância de divulgar
ciência pelo Youtube, e o que o motiva é poder transformar a arte de explicar coisas
e ensinar pelo Youtube. Alega ter hoje uma estrutura muito deficiente ou básica para
executar as atividades, porém, o canal Ciência Todo Dia vem conseguindo manter a
periodicidade semanal dos vídeos.
Sobre o item “Avaliação e feedback”, envolvendo as questões 02 quanto
à avaliação do canal; 03, realização de ajustes; 12, importância do feedback e 13,
melhorias em Divulgação Científica, o canal reconheceu o contato com o público
como fundamental para um retorno do trabalho realizado. O canal Ciência Todo
Dia já aplicou pesquisas de opinião que resultaram em mudanças na duração maior
dos vídeos (para 10 minutos) e periodicidade mais curta (semanal).
Sobre o tópico “Estratégias e características e interesse do público”, ao
responder as questões 10 sobre estratégias adotadas para maiores visualizações; 16,
fatores que determinam o interesse do público pelos vídeos de divulgação científica
no Youtube e 14, possíveis mudanças na linguagem dos vídeos para dispositivos
móveis, o entrevistado do canal Ciência Todo Dia diz utilizar em seus vídeos: títulos
chamativos e as thumbnails bem selecionada. Esta é uma das estratégias para alcançar
maiores visualizações em seu canal. Acredita também que a linguagem dos vídeos
se transforma com o tempo e essa nova linguagem já está acontecendo, mas, apesar
disso, o estilo dos vídeos que o Youtube ou televisão fornecem não se perderá. E
enfatiza a importância de estratégias como abordagens de temas específicos, vídeos
instrutivos, com duração maior e melhor qualidade de imagem e som demonstra a
necessidade de um profissional da área estar atento às demandas do público.
Sobre os itens de relevância referentes à questão 17, entre as seis prioridades
mais salientes quando o assunto é divulgação científica por vídeos, 5 se destacam
como a participação de um repórter ou apresentador no vídeo, seguido pelo formato
diferenciado de notícia para internet, a necessidade de compartilhamento do vídeo
e a participação de um entrevistado. Estas opções são as que Pedro Loos utiliza
na construção de seus vídeos no Youtube, o que demonstra que este divulgador
de ciência tem uma visão empreendedora e de um comunicador, pois sabe que a
plataforma Youtube é uma empresa e que, portanto, visa ao lucro. O que a faz ter
um conjunto de regras para os produtores de conteúdo, para chegar no “algoritmo”
(o conjunto de rotinas que compõem o sistema de sugestões de vídeos que a
plataforma apresenta para o público) mostre com mais frequência os vídeos de um
determinado canal, e como ainda afirma Santos (2021) ao abordar sobre o canal

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BláBláLógica, existem questões da monetização dos vídeos que são realizadas com
base em cálculos obscuros.
Sobre a dedicação e o compromisso no trabalho de Divulgação Científica,
destacamos o fato do canal Ciência Todo Dia ter obtido o reconhecimento do seu
trabalho. Citemos o prêmio Influency.me considerado como o “Oscar da Influência
digital”, que Pedro Loos ganhou em 2021, na categoria Conhecimentos, Ciência e
Educação pelo nível de engajamento. Tendo mais de 2,3 milhões de inscritos em seu
canal conforme o site O Município (2021). O que demonstra o quanto a dedicação
e o compromisso podem fazer a diferença nessa atividade.
De maneira sintética, este canal tem perfil e trajetória semelhantes constatadas
na pesquisa de Velho e Barata (2020) intitulado como Profiles, Challenges, and
Motivations of Science Youtubers. Traduzindo fica: Perfis, desafios e motivações dos
Youtubers de ciência, de que a ciência é realizada por jovem com bom nível de instrução
educacional, no campo da educação, anseia aprimorar e melhorar a ciência através
da informação dentro no ecossistema virtual Youtube. Além de querer melhorar suas
habilidades e técnicas ao produzir seus vídeos cada vez mais profissionais, o que
significa ter qualidade tanto no quesito conteúdo quanto técnicas audiovisuais para
ter maior engajamento na plataforma.

Considerações
Propomo-nos neste trabalho mostrar e compreender realidades sobre o
audiovisual de divulgação científica por meio da plataforma do Youtube, através do
canal Ciência Todo Dia, de Pedro Loos. Além de identificar as características que
apontam para o sucesso ou o fracasso dessa prática comum na internet, porém, desde
a década de 1980, ou seja, há mais de 40 anos, o professor José Marques de Melo
já definia o Jornalismo Científico como “uma atividade principalmente educativa,
na qual o despertar pelo interesse dos processos científicos é apontado como uma
das funções da popularização da ciência” (MELO, 1982, p. 21). Ainda sabemos o
quanto a promoção deste despertar é fundamental e certamente o será no futuro.
Ao longo desses anos, a evolução das tecnologias como as das Tecnologias Digital
da Comunicação (TDCI) vem sendo um desafio constante para o aprimoramento
da divulgação científica por meio do audiovisual na internet. Por isso, temos a
consciência de que os resultados apresentados aqui estão longe de serem oniscientes,
mas apontam direções e novos questionamentos acerca dessa prática.
A pesquisa mostrou que os vídeos de divulgação científica no Youtube, o que
inclui Ciência Todo Dia, requerem um tratamento diferenciado quanto à atenção
e à opinião do público para criar “laços de comunidade” importantes nas inter-
relações virtuais em redes, tendo os jovens como predominantes no seu canal, o
qual pesquisamos. Itens como avaliações constantes, estratégias para produzir vídeos
atrativos através do entretenimento e priorizar uma rotina para a manutenção do
público no canal de divulgação de ciência. Assim como critérios quanto a temas, a
construção de uma linguagem adequada para o seu público que, em grande parte,
não domina termos técnicos ou pleno conhecimento sobre a ciência. As situações

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cotidianas são a principal chave no processo de divulgação para o canal do jovem
Loos, tudo para manter um bom engajamento com seu público.
Mesmo Loos não sendo jornalista, ele entende a relevância de padronizar e
ter periodicidade de publicação de vídeos, pois considera características relevantes
para criar uma identidade. E esta noção veio na adolescência, por ter interesse em
vídeos. E sabe que divulgar a ciência é difícil, principalmente quando propagado na
internet. Por ainda ser novidade este tipo de conteúdo, por exemplo, no Youtube,
sem abordagens acadêmicas tradicionais.
A pesquisa revelou que itens como linguagem, conteúdo e forma de vídeos
produzidos para internet devem ser pautados no desapego consciente ao formalismo,
visto que a dinâmica de apresentação deve se adequar ao gosto do público para
facilitar o entendimento das pessoas.
Estes critérios podem fazer a diferença em vários aspectos, dentre eles,
aumentar o interesse dos internautas pelos canais. Loos afirma que objetivo é levar
a ciência para as pessoas gratuitamente. Mesmo sendo um canal de divulgação
científica independente e individual, o qual se posiciona sobre assuntos que
estão sendo pautados pela mídia. Não podemos esquecer de que este canal tem
padronizadores e, provavelmente, seja de alguma maneira calcado na monetização
e, consequentemente, no alcance maior engajamento em seu canal.
Com base nesses fundamentos, a pesquisa apresenta reflexões que facultam
uma visão das estratégias e processos de apropriação de temas científicos nos canais
de vídeos do Youtube enquanto plataforma para compartilhamento e promoção
da ciência no Brasil. Burgess (2009, p. 35) complementa o pensamento ao dizer
que “o Youtube representa claramente uma ruptura com os modelos de negócios
da mídia existentes e está surgindo como um novo ambiente do poder midiático”.
Podemos confirmar que este fato sucedeu e de que Loos pode dizer que teve uma
visão à frente de muitas pessoas. Embora sabemos que vem crescendo os números
de divulgadores com abordagem científica.

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