Agravo de Instrumento N. 0810669-48.2023.8.02.0000
Agravo de Instrumento N. 0810669-48.2023.8.02.0000
Agravo de Instrumento N. 0810669-48.2023.8.02.0000
RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Maria Siqueira Soares em
face da decisão exarada pelo Juízo de Direito da 30ª Vara Cível da Capital, às fls.
106/111, que nos autos da Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c Repetição de
Indébito e Indenização por Danos Morais proposta em desfavor do Banco Pan S.A,
indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, nos seguintes termos:
[...]
Ante o exposto, ad cautelam, RESERVO-ME O DIREITO DE
APRECIAR O PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA APENAS
APÓS A TRIANGULARIZAÇÃO PROCESSUAL, permitindo o
contraditório e a ampla defesa,
[...]
consignado via cartão de crédito (RMC), bem como que seja determinado ao banco
agravado de abster-se de incluir o nome da agravante nos cadastros restritivos de
crédito.
É o relatório.
VOTO
Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos do recurso, dele tomo
conhecimento e passo à análise das questões que lhe são atinentes.
Inicialmente, ressalta-se que deve ser aplicado ao caso as normas do CDC, uma
vez que se trata de relação de consumo, sendo o autor consumidor final do serviço
oferecido pelo réu, que figura na relação como fornecedor, nos termos dos artigos 2º e
3º 1do referido diploma legal, sendo aplicável ao caso o verbete nº 297 da Súmula do E.
STJ: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras".
1
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
pois os valores apontados nos boletos que, muitas vezes, sequer chegam às residências
dos consumidores, acabam refletindo nas faturas posteriores, acrescidos de encargos
moratórios, prolongando-se ao longo dos anos, vez que a avença não tem termo certo de
duração.
A par disso, não resta dúvida de que essa espécie contratual revela uma
modalidade costumeiramente denominada "venda casada", prática reprimida pelo art.
39, inciso I do Código de Defesa do Consumidor, de acordo com o qual "É vedado ao
fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o
fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço,
bem como, sem justa causa, a limites quantitativos".
No entanto, por entender necessário que seja fixado um prazo razoável para o
cumprimento da obrigação, e em atenção ao posicionamento deste Tribunal em casos
semelhantes, a exemplo, dentre outros inúmeros casos, dos agravos de instrumento nº
0801329-22.2019.8.02.0000 e nº 0800905-77.2019.8.02.0000, estabeleço o prazo de
10 (dez) dias úteis, contados da ciência desta decisão, para que a instituição
financeira adote os atos necessários ao cumprimento da ordem.
É como voto.