7 Dias para O Dia Dos Namorados - Patrick Rangsima
7 Dias para O Dia Dos Namorados - Patrick Rangsima
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NAMORADOS
SETE DIAS PARA O DIA DOS
NAMORADOS
Patrick Rangsimant
GLOSSÁRIO
Âmago – A parte que fica no centro de qualquer coisa ou pessoa; parte
central.
Ativan – Medicamento para o controle dos distúrbios de ansiedade ou
para alívio, a curto prazo, dos sintomas da ansiedade ou da ansiedade
associada com sintomas depressivos. A ansiedade ou tensão associadas
ao estresse da vida cotidiana não requer, usualmente, tratamento com um
ansiolítico (classe medicamentosa do clonazepam).
Atroz – Intensamente cruel, desumano.
Bath – Moeda oficial da Tailândia.
Brunch – Junção de duas palavras em inglês: breakfast (café da manhã)
e lunch (almoço), e é uma boa opção quando uma pessoa se levanta tarde
da cama. Se tomar o café da manhã muito tarde, esta refeição ficará
próxima do almoço, ou este deve ser adiado. Por isso, é possível
combinar o café da manhã e almoço num brunch e satisfazer, deste
modo, as necessidades calóricas.
Cócoras – Posição agachada.
Death Note – Referência ao anime de mesmo nome, o Death Note é um
caderno sobrenatural que tem o poder de matar qualquer humano cujo
nome for escrito nele. Normalmente, os Ceifadores usam Death Notes
para matar seres humanos sem sair do seu mundo, acrescentando assim
os anos restantes da vida de cada humano para os seus próprios.
Deleite – Ato de demonstrar um excesso de satisfação ou contentamento
em relação a algo.
Dial – Mostrador do relógio.
Equipe Rocket – É uma organização criminosa no universo do anime
japonês Pokémon, na qual os membros são compostos por dois irmãos
(Jessie e James) e um Pokémon de aparência felina (Meowth).
Herético – Indivíduo que se opõe aos dogmas estabelecidos pela igreja.
HP – Em jogos, Hit Points (HP) ou pontos de vida, são números que
representam a saúde de um personagem ou objeto.
Impetuoso – Aquele que age com violência, por impulso, e que não faz
uma reflexão sobre seus atos antes de executá-los.
Infortúnio – Acontecimento, fato infeliz que sucede a alguém ou a um
grupo de pessoas.
Jackpot – Prêmio elevado atribuído num jogo de azar, resultante de
acumulação de prémios ou apostas.
RIP – Do inglês “Rest In Peace” (Descanse em Paz)
Scythupid – Junção de scythe + cupid (foice + cupido) em inglês.
Tônus muscular – É um estado de tensão constante a que estão
submetidos os músculos em repouso. É a resistência do músculo ao
estiramento.
Zolpidem – Medicamento que age sobre os centros do sono que estão
localizados no cérebro. Por isso, o médico prescreve hemitartarato de
zolpidem para o tratamento da insônia, isto é, para aquelas pessoas que
têm dificuldade em adormecer ou permanecer adormecidas. O zolpidem
tem início de ação dentro de 30 minutos após a ingestão do comprimido,
encurtando o tempo de indução ao sono (tempo em que você demora para
dormir), reduzindo o número de despertares noturnos e aumentando a
duração total do sono, melhorando a sua qualidade.
PREFÁCIO
— Sem aquele idiota, ele definitivamente voltaria para mim.
Esse tipo de pensamento já passou pela sua cabeça? Você já teve o
seu amado roubado? Já pensou em reconquistá-lo?
E se alguém lhe oferecesse uma chance de se livrar do obstáculo
amoroso?
Ao lidar com uma perda, a mente de um ser humano passa por cinco
etapas principais chamadas de cinco estágios do luto. A primeira vez que
eu li e estudei sobre, fiquei um pouco intrigado, como muitas pessoas
também devem ter ficado. Somente depois de lidar com os casos dos meus
pacientes, passei a realmente entendê-los.
“Sete Dias para o Dia dos Namorados” é uma anedota da mente
humana quando nós perdemos algo, apresentada em forma de uma novel
curta, com um pouco menos de cem páginas. Não é bem uma história BL.
Não é um livro de romance e, definitivamente, não é um suspense
também.
Podemos dizer que é uma história que pode curar a mente de uma
pessoa que está tentando lidar com algum tipo de perda. Pelo menos, essa
é a minha visão.
Tente examinar e entender o significado do amor através da morte,
ok? :)
Rangsimant
CAPÍTULO 1
TREZE DE FEVEREIRO.
ÀS ONZE E CINQUENTA E NOVE DA NOITE.
SETE DE FEVEREIRO.
PERTO DA MEIA-NOITE.
— Ele. Não. Está. Atendendo. A. Minha. Ligação.
Eu jogo o celular nos pés da minha cama. No entanto, não com
o intuito de quebrá-lo. Só quero desestressar, enquanto também me
abstenho de estragar o meu telefone. É caro. Não quero comprar um
novo.
É um momento difícil, mal consigo ganhar o suficiente para viver
mês a mês. Nesse ritmo, receio não conseguir comprar um outro
celular.
De qualquer forma, estou com raiva. Bem, talvez raiva não seja a
palavra certa, estou chateado, isso sim.
É uma mistura de sentimentos negativos. Raiva. Pesar.
Desapontamento. Devastação. É como se todas as emoções ruins se
juntassem para me pegar e isso se tornou um fardo tão grande, que
hoje as minhas pernas não conseguem mais suportar o peso do meu
corpo.
Eu não saí da cama de manhã e ainda estou nela, rezando para
que ontem fosse apenas um sonho.
Mas não foi. Essa é a verdade. Ele tem um novo amor.
E pior ainda, fez isso pelas minhas costas. Tem outra pessoa e
eles estão conversando há um bom tempo. Não sei quando nem onde
começou. Só me toquei ontem à noite, quando nós deveríamos passar
um tempo juntos. Ele apareceu só para me dizer rapidamente que não
me aguentava mais, que queria terminar, e que agora tinha um novo
amor.
— Bom... ele está me esperando. Tenho que ir. — Então, ele
mordeu o lábio inferior, olhando para qualquer lugar, menos nos meus
olhos. — Olha, nós compartilhamos muitas lembranças maravilhosas
nesses cinco anos em que estivemos juntos, então, quero que
terminemos bem.
Por dentro, eu argumentei, gritando que não tem como
terminarmos bem. Isso é um absurdo! Como diabos algo poderia ficar
bem quando tivemos que terminar? Eu odeio a frase “terminemos
bem”.
— Significa... que estamos terminando?
— Olá, Wat!
Eu o cumprimento ao entrar na sua cafeteria. Sei que o meu tom é
um pouco feliz demais, mas não posso evitar. Estou feliz. Estou muito
feliz porque agora voltamos a ser namorados como antes.
Há um flash de espanto no seu rosto antes dele sorrir de volta. —
Ei, que surpresa! Por que você está visitando a minha cafeteria hoje?
Ele pergunta enquanto eu olho ao redor da loja, notando que
está bem vazia hoje, apesar de ser meio-dia.
— Humm. Eu quis. Por que eu não o visitaria?
Devo admitir que raramente visitei a sua cafeteria no passado. E
não é porque eu não bebo café. Eu só não gosto dos grãos que eles
usam. É um pouco amargo, e ele disse que é o sabor que ele gosta.
Infelizmente, eu não. Então, quase não o visitei no trabalho para tomar
um café.
Pensando bem... eu não era um namorado muito bom. Deveria ter
dado mais apoio. Mas... está tudo bem. Tenho a chance agora. Vou
mudar para melhor e apoiá-lo mais.
— Vou querer um Americano quente. — Eu peço o preto.
Isso o faz franzir ainda mais as sobrancelhas. — Eu pensei que
você tivesse falado que não gostava do nosso café preto. Que é
amargo.
Eu ri. — Eu mudei de ideia e quero adquirir o gosto.
Ainda parecendo confuso, ele balança a cabeça e caminha até a
máquina de café enquanto gesticula com a mesma para a pessoa atrás
de mim. — E quem é esse?
Oh, merda, eu esqueci que não vim aqui sozinho, o maldito
Scythupid está junto.
— Bem, esse... é o meu primo. Ele não é da cidade e está me
visitando. — Esse é o único perfil que consegui criar no momento.
Acho que uma resposta neutra deve ser a carta mais segura para se
jogar.
— Oi, bom conhecê-lo. O meu nome é Cue.
O Scythupid se apresenta ao meu namorado.
— Ah... entendi. — Ele acena com a cabeça enquanto moía,
enchia e, em seguida, prensava os grãos de café no porta-filtro. Ele
então trava a alça da máquina e liga o interruptor para iniciar a
prensagem a vapor. Observo as gotas de café expresso caindo no copo
abaixo. O delicioso aroma de café enche o ar e as minhas narinas.
— Eu pensei que ele era o seu novo namorado. — Ele diz
enquanto se vira para me dar um sorriso sutil e enche um copo vazio
com gelo.
A sua observação me faz parar... — Hã? Quê? Novo namorado?
Ele acena: — Sim, eu pensei que você tivesse trazido o seu novo
namorado.
— Espere, o quê? Como posso ter um novo namorado? Você e
eu somos…
Não entendo. Como posso ter um novo namorado quando ele e eu
ainda estamos juntos? Bem, deveríamos estar. Deveria ser assim,
porque eu já apaguei aquele babaca do mundo.
O sorriso gradualmente desaparece do seu rosto. Uma sugestão
de tensão ao redor dos cantos dos seus lábios retorna. É a expressão
facial que ele costuma fazer quando se sente estressado ou
pressionado.
— Você ainda não consegue superar, não é? ... Eu pensei que
você estava bem com isso agora e por isso me visitou aqui. Achei que
tinha começado a me aceitar como amigo novamente.
Eu ignoro o que ele está dizendo e pego o meu celular para
verificar a rede social daquele idiota novamente. Ainda não existe, mas
quando olho a do Wat, percebo que ele acabou de postar uma nova
foto, apenas alguns minutos antes da minha chegada ao café. É uma
foto dele e de outra pessoa junta, com uma legenda doce e amorosa.
“Foto de ontem à noite, mas acabei de carregá-la esta manhã.
Ah!
Não estarei mais sozinho neste próximo Dia dos Namorados.”
— Wat... quem é esse? — Eu pergunto, e ele retorna um
olhar confuso.
— Hã…? O meu novo namorado. O que eu te disse o outro d...
Com isso, atravesso a porta da cafeteria antes mesmo que ele
termine a sua resposta, puxando o Scythupid. Eu só paro de correr
quando chegamos a um ponto de ônibus próximo a uma estação BTS
Skytrain. Não porque queira esperar por um ônibus, veja bem, eu
simplesmente estou sem fôlego para continuar correndo.
— Seu otário! Você me enganou! — Grito com o Scythupid.
— Não, eu não. Não enganei... você... de jeito nenhum. — Ele
responde, bufando. Isso me faz pensar como e por que um
Scythupid pode ficar sem fôlego. Ele tem um poder mágico tão
potente, o suficiente para apagar as pessoas, por que não o usa para se
tornar fisicamente forte para poder correr melhor?
Balanço a minha cabeça. — Não, está mentindo. Você me
enganou.
Eu te disse para apagar o novo namorado dele. Por que ficou
assim?
Acontece que Wat e eu ainda estamos separados como antes. Ele
não voltou para mim.
— Deixe-me... recuperar o fôlego... primeiro. — Ele ainda está
ofegante por causa do esforço, então o deixo em paz. Além disso,
ainda estou tentando recuperar o meu fôlego também.
— Tudo bem. Agora escute. — Ele respira profundamente. —
Você me disse para apagar uma pessoa, com base no motivo de que o
cara era o novo namorado do seu namorado. Do Wat.
Eu aceno em afirmação. — Sim, e você disse que o apagou
para mim.
Ele dá de ombros. — Certo, eu o apaguei. Você viu com os seus
próprios olhos. A pessoa não existe mais. A sua rede social
desapareceu. Todos os vestígios da sua existência foram apagados do
mundo inteiro, de tudo. Realizei o seu pedido.
— Mas por que Wat não voltou para mim? Por que ainda
estamos separados? — Embora eu tente ao máximo controlar o meu
tom de voz, a raiva avassaladora borbulhando de dentro ainda vaza
para ele.
— Ele escolheu uma das suas outras opções. — O Scythupid me
dá uma resposta inexpressiva. — Ouça, a verdade é que aquele cara
não o roubou de você. O coração de Wat se afastou de você há muito
tempo, desde antes mesmo daquele cara entrar em cena. Ele era a
pessoa certa que apareceu na hora certa. Coitado.
O final da sua explicação parece conter uma sutil sugestão de
riso.
— O pobre rapaz foi apagado por nada quando não fez nada de
errado. E você ainda não ganhou Wat de volta. Você apagou aquele
moço, mas Wat ainda pode conhecer outra pessoa, porque o coração
dele não estava com você, para começar.
Não tenho certeza se é de exaustão física ou a verdade arrasadora,
mas as minhas pernas de repente cedem. Felizmente, há um banco no
ponto de ônibus bem ali, então cambaleio em direção a ele e me sento
para respirar.
O Scythupid segue e se senta ao meu lado. — Eu te disse, pense
bem e escolha sabiamente. Você teve sete noites. — Ele dá de ombros
antes de continuar: — Agora você tem seis noites restantes e seis
pessoas.
Olho para ele de lado. — Puta merda! Você trapaceou!
Com isso, ele explode em risada. — Hahaha! Está brincando com
a Morte, o que você esperava? Contudo, deixe-me te dizer uma coisa,
eu não trapaceei. É você. Você que não pensou nisso direito. Pare de
me culpar. Vamos lá, já pensou que talvez você estivesse errado?
Permiti minha raiva me deixar cego e surdo para a sua pergunta.
— Muito bem, se é assim que você quer jogar. Hoje à noite vou
pedir para apagar esse outro namorado novo novamente, e vamos ver
amanhã o que acon...
Antes que eu possa terminar a minha frase, Scythupid me
interrompe:
— Amanhã, Wat ainda terá outro novo namorado. Eu te disse, o
coração dele já estava se afastando de você antes que qualquer outra
pessoa entrasse. Você não teve o seu namorado roubado. O seu
namorado já não te amava tanto, antes mesmo de encontrar um novo
amor.
Droga, sim... Isso mesmo. O seu amor por mim já tinha
diminuído. Isso quer dizer que devo ter como alvo alguém que o fez
me amar menos…
Quem diabos é essa pessoa, então?
— Tudo bem, vou desfrutar um pouco de uma caminhada por
aqui. O Scythupid se levanta do seu assento ao meu lado. — É uma
chance rara de visitar esta era do mundo.
Ele continua enquanto me dá dois tapinhas no ombro: —
Considere isso com cuidado. Hoje à noite vou te ver e atender o
segundo pedido. Mas agora vou me divertir.
Ele desaparece outra vez antes que eu possa terminar de piscar.
Sou deixado no banco de um ponto de ônibus, deserto e
extremamente ensolarado, fora de mim com os pensamentos e
perguntas que permanecem na minha cabeça sobre quem é essa pessoa.
Quem foi a razão pela qual ele e eu nos afastamos?
CAPÍTULO 3
OITO DE FEVEREIRO.
PERTO DA MEIA-NOITE
— Olá, Wat!
Abro a porta da frente da cafeteria, sabendo que o meu tom
de
voz está muito feliz (ok, estou muito mais alegre do que ontem),
mas opto por deixar rolar. Não vou reprimir a minha emoção ou
moderar a minha expressão hoje. Por que deveria? Sou o namorado
dele. Ver o meu namorado me deixa feliz e é muito normal.
— Bom dia, senhor. O que você gostaria hoje? — Hã, que
diabos,
essa não é a reação que eu esperava dele.
— Wat, por que você me chamou de “senhor”? — Estou um
pouco confuso. Isso é uma brincadeira de namorados ou o quê?
— Hum, então posso saber o seu nome, por favor? — Ele não
parece estar brincando. Na verdade, parece confuso, e até um pouco
desconfiado de mim.
— Hã, por que você precisa perguntar o meu nome quando
estamos...
Antes que eu possa terminar a minha frase, Cue me agarra
pelo
braço e me puxa para longe.
— Eu sinto muito. O meu amigo te confundiu com outra pessoa.
— Cue me interrompe enquanto abaixa a cabeça se desculpando,
então, ele meio que me arrasta para longe do balcão.
— Não, deixe-me ir, Cue. Ainda estou falando com Wat. —
Solto o meu braço e volto para Wat.
— Nós somos namorados, Wat. — Anuncio e mantenho os
meus olhos no seu rosto, esperando por uma resposta.
— Hum, bem. — Ele olha para mim e depois para Cue,
procurando uma reação... — isso é algum tipo de brincadeira, você
está filmando com uma câmera escondida ou algo assim?
— Por que você acha que isso é uma brincadeira? — O tom da
minha resposta chega perto de um grito. Estou com raiva, não estou?
Mas de quem estou com raiva? Do Wat? Ou talvez de mim
mesmo?
Com raiva de mim mesmo porque, no fundo, eu suspeitava que...
talvez o desejo de ontem à noite não funcionasse...
— Hum... porque eu não te conheço, senhor. — E é assim que a
pergunta na minha cabeça é respondida, pelas próprias palavras
de Wat.
Certo.
Não fun-ci-o-nou.
De repente, as minhas pernas cedem. Todo o meu corpo sente
como se o tônus muscular não estivesse mais funcionando. Deixei Cue
puxar a minha mão e me levar para fora da cafeteria.
O... desejo... não funcionou.
Ele... não... voltou.
ONZE DE FEVEREIRO.
Às dez e cinquenta e oito da noite.
Estou no meu quarto e ainda não tomei banho. Esta noite, Cue
chega mais cedo do que o habitual.
— Você sabia disso, né, Cue? — Olho por cima do travesseiro
apertado em meus braços. Ele confirma com a cabeça e se senta na
cadeira no final da minha cama.
Eu aceno de volta para a sua confirmação. — Então, é por isso
que
FIM
CONTINUA EM “7 DEATHS BEFORE HALLOWEEN”