Artigo Sobre República Dos Becos
Artigo Sobre República Dos Becos
Artigo Sobre República Dos Becos
2023n40a921
Resumo
Considerações iniciais
*
Graduanda em Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Timon-MA, Brasil. Bolsista PIBIC/CNPq
(2020-2021), bolsista Projeto Universal CNPq, Edital Nº 18/21. Membro do Grupo de Pes-
quisa Interdisciplinar em Literatura e Linguagem – LITERLI. E-mail: [email protected].
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1441-061X
**
Doutora em Teoria Literária. Profa. de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Es-
tadual do Maranhão – UEMA e da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Timon-MA,
Brasil. Profa. dos Programas de Pós-Graduação em Letras de ambas Universidades. Coorde-
nadora do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Literatura e Linguagem – LITERLI. Bolsis-
ta de Produtividade do CNPq. E-mail: [email protected]. ORCID: https://orcid.
org/0000-0002-1107-1336.
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forças misteriosas que regiam o mundo primitivo, de desvelar a natureza
humana, alimentada pela coesão do grupo. Esse fazer humano teve, desde
sempre, relação com o ato de entender a realidade, sobretudo de conhecer
a si mesmo pelo crivo da sensibilidade e da convivência com os membros
da comunidade.
Na poesia, a sensibilidade se processa por meio da linguagem
estilizada e imagética, capaz de transmitir sentimentos, emoções, afetos.
Dessa forma, a sensibilidade relaciona-se com a memória no instante
em que o passado é retomado e ressignificado a partir das impressões e
sensações daquele que se pronuncia, possibilitando, assim, a criação de
conexões entre o homem e o lugar. Essa condição da memória tem a
capacidade de reter não somente as informações, mas também as vivências
e experiências compartilhadas no seio da comunidade.
Nesse sentido, propomos a investigação da memória e a sua relação
com o homem e os espaços urbanos na obra República dos Becos, do poeta
maranhense contemporâneo Luís Augusto Cassas. Interessa-nos pensar
sobre como o sujeito lírico interpreta a cidade em meio às transformações
do espaço e do tempo ancorados na memória. Entendemos que “o espaço
urbano se torna um lugar de inteligibilidade, de construção de narrativas
que cumprem funções de situar os indivíduos no tempo e no espaço e
de dar sentido às suas vidas” (PESAVENTO, 2012, p. 397). Assim, a
memória se constitui a partir das relações e experiências vividas nos
espaços urbanos.
República dos becos, publicada em 1981, é a produção de estreia
de Cassas na literatura. O poeta nasceu em 1953, em São Luís – MA; é
autor de uma vasta produção literária, dentre elas destacam-se: A Paixão
Segundo Alcântara e novos poemas (1985, 1ª ed.; 2006, 2ªed.),O vampiro
da Praia Grande (2002), Paralelo 17(2018), Ópera Barroca: guia erótico
& serpentário-lírico da cidade de São Luís do Maranhão (1998), Titanic-
Boulogne: A Canção de Ana e Antônio (1998). Em 2012, o poeta reuniu, pela
Editora Imago, suas produções em dois volumes intitulados A poesia sou eu.
A sua mais recente obra é Quatrocentona: código de posturas & imposturas
líricas da cidade de São Luís do Maranhão, publicada pela Editora Arribação,
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em 2021. O poeta é atuante nas redes sociais e publica periodicamente
poemas na sua página do Facebook.
República dos becos é composta por 35 poemas que desnudam uma
paisagem que se distancia de uma perspectiva saudosista sobre a cidade, já
que traz uma ótica a partir da dinâmica urbana pós-moderna. Dessa forma,
a percepção do eu poético traça um caminho sobre diversos elementos do
patrimônio urbano, por exemplo: ruas estreitas emolduradas por casarões
seculares azulejados, igrejas, becos, praças, dentre outros. A partir disso,
os versos adensam reflexões sobre o desamparo dos lugares suscitados
pelo olhar crítico, de modo a contemplar eventos históricos e espaços que
fazem parte da identidade local e que se mostram ameaçados pelas novas
projeções socioespaciais.
Como se sabe, a cidade de São Luís remonta ao período colonial. O
centro histórico da capital maranhense – tombado em 1997 e considerado
Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO – comporta um acervo
patrimonial de arquitetura portuguesa que dialoga com a dinâmica do
lugar, o que proporciona diversas maneiras de percebê-la e senti-la. A
cidade retratada em República dos becos está ancorada no tempo e no
espaço, a partir de uma ótica que se expande para diversos caminhos,
expressando inquietações e reflexões.
O texto literário, pensado como representação das ações humanas,
possibilita uma projeção da realidade. O historiador francês Roger
Chartier (1990) entende representação:
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Mas a representação da realidade na literatura não se dá de maneira fiel,
uma vez que constrói significados modelados pela cultura e, também,
por valores e subjetividades. Assim, a representação da realidade no texto
literário, em especial na poesia, é compreendida como uma construção
social e histórica porque é sempre um processo dinâmico que envolve a
negociação entre os significados e as interpretações que o eu lírico faz da
realidade. Nesse sentido, a cidade, na poesia de Cassas, é representada a
partir dos impactos que o presente estabelece sobre o eu poético.
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e as suas mercadorias
de além-mar;
[...]
o patrimônio do meu Reino:
as agências de viagens; a praça
e o oitizeiro da esquina; o subsolo
e as riquezas que nele se encontram
(incluídos os trilhos dos bondes); as
calçadas-com as bancas de revistas e os vendedores de queijo de S.
Bento
[...]
Monarca moderno
a legislação do meu Reino
inova matéria jurídica formal:
direito tributário administrativo
constitucional...
(CASSAS, 1981, p. 89)
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memória” marcam experiências vividas. Estas possibilitam uma reflexão
acerca do trabalho, do lazer e do próprio existir. Logo, o eu poético, ao
exaltar as riquezas, inclina-se para uma ótica que transforma o espaço em
produto.
A partir disso, “tais alterações, articuladas à rede de serviços que
o espaço oferece, não geraria um outro significado ao lugar abstraído
do espaço e do tempo histórico?”, questionam Santos e Moreira (2020,
p. 114). Decerto, as construções arquitetônicas do período colonial
português estabelecem uma temporalidade e, por sua vez, ganham novas
atribuições diante de gerações hodiernas, ressignificando o espaço por
intermédio de práticas e de relações sociais. Assim, Pesavento (2005)
explica que a “passagem do tempo modifica o espaço, onde práticas
sociais de consumo e de apropriação do território não só alteram as
formas do urbano como também a função e o uso do mesmo espaço,
descaracterizando o passo da cidade” (PESAVENTO, 2005, p. 12). A
alteração dos espaços, consequentemente, influencia na maneira como a
cidade é vista e experimentada.
Por conseguinte, os espaços são tomados pelos processos urbanos
que impossibilitam perceber a cidade como lugar para além de atividades
comerciais. Sendo assim, os processos urbanos dificultam as relações
afetivas em prol de práticas pautadas na ideia da centralidade do poder
econômico. No poema, o sujeito poético realça lugares de deslocamentos.
Em vista disso, podemos classificar como “não lugares” os espaços
elencados pelo eu poético, entendendo-os na perspectiva de Marc Augé
(2010), que os define como aqueles não designados à permanência, mas,
sim, à passagem, e, por isso, esvaziados do contato humano. Esses lugares
reforçam comportamentos efêmeros e homogêneos, comprometendo
a memória da cidade, soterrada pela paisagem que se moderniza
continuadamente.
A modernização dos grandes centros urbanos provoca uma
série de contradições e tensões, cujo resultado é o surgimento de novas
formas espaciais, alteradas com o passar dos anos. Assim como no poema
anterior, em “Mulher em gestação”, destacado abaixo, o eu lírico apreende
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a dinâmica urbana por meio de espaços e situações vivenciadas por outros:
os sujeitos anônimos, dando voz a eles, como podemos constatar:
3
São oito horas na fábrica
quando ela retorna ao trabalho/ para reassumir
o ofício
As máquinas vão acelerando o som/
explodindo
ritmos/
na sua cadência mecânica.
E no seu compasso histérico
de válvulas/compressoras/
devolve ao seu olhar no vazio
a imagem vermelha quebrada/
(o sangue cheirando a óleo
o óleo cheirando a dor)
do braço do marido/
de nome João da Silva
funcionário aposentado
de uma fábrica falida/
[...]
morador na Avenida Kennedy
em uma rua sem nome
em uma casa sem número.
(CASSAS 1981, p. 42. Grifo nosso)
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a produção e o ritmo frenético da fábrica, acionando a lembrança do
acidente do marido, o João da Silva.
Paralelo a isso, a mulher manuseia a máquina com o olhar vazio
e sob as condições de cansaço devido à gravidez e, sobretudo, às horas
exaustivas de trabalho. A mulher aludida no poema é anônima, assim como
o local em que mora: “uma rua sem nome/em uma casa sem número”. O
lócus, por sua vez, evidencia a invisibilidade dos que habitam a periferia
das cidades. É a força de mercado, com as grandes demandas de produção,
que provoca a segregação social, pontua David Harvey (2005):
[...]
Se um dia resolver me atirar
do terraço do nono andar do Edifício BEM
peço, encarecidamente a todos os conhecidos;
pai, mãe, avô e namorada,
amigo de infância e amigo da onça
Que não culpem a cidade;
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A cidade de São Luís, Rei de França
de La Touches e La Ravardiéres,
que às vezes por constrangimento geográfico
Ilha as pessoas em seu desejo de (a)mar.
(CASSAS, 1981, p. 60)
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tradições religiosas que, embora esquecidas, mantêm-se vivas através do
espaço, a exemplo do confessionário, como demonstra os versos a seguir:
V
Confessionário da Sé!
Confessionário da Sé!
Confessionário da Sé!
Consultório da Igreja
rústico e maltratado
Hoje quase abandonado
pela clientela do perdão.
E apesar de todos os segredos
guardados
do peso de todos os pecados
ainda te conserva de pé
firme e forte em tua fé!
(CASSAS, 1981, p. 64)
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Conforme Maurice Halbwachs (1990), “a memória do nosso grupo
também continua como os locais nos quais parece que ela se conserva”.
Portanto, o templo religioso desperta o culto, inspira as tradições e as
lembranças de pessoas que compartilham o mesmo espaço. Dessa forma,
o confessionário, “rústico e maltratado”, evidencia a transição de séculos.
Além disso, o eu poético, ao lamentar o abandono de um elemento religioso
ressalta o rompimento, também, de costumes de um tempo transcorrido
para dar lugar a novas práticas sociais. Halbwachs (1990) argumenta:
OS SINOS DE BRONZE3
DAS
IGREJAS
DA
3
Manteve-se a grafia e a forma original do poema.
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SÉ (BLÉIN!) SANTO ANTONIO (BLÉIN!) DESTERRO
(BLÉIN!) SÃO PANTALEÃO (BLÉIN!) CARMO
(BLÉIN) SANTANA (BLÉIN!) REMÉDIOS (BLÉIN!)
SÃO JOÃO (BLÉIN!)
COMUNICAM O FALECIMENTO
DO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO COLONIAL
DA CIDADE DE SÃO LUÍS
(BLÉIN!)
OCORRIDO HOJE
VÍTIMA
DE UM TERREMOTO
QUE
DESTRUIU
OS SOBRADOS
OS MONUMENTOS ARTÍSTICOS
OS FORTES E OS CASARÕES
E CONVIDAM
AS TRADIÇÕES CULTURAIS
OS BUROCRATAS DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
E O POVO EM GERAL
PARA
A MISSA DE SÉTIMO DIA
QUE
SERÁ REALIZADA
NOS
ESCOMBROS DA FREGUESIA
DA
PRAIA GRANDE
ÀS
17 HORAS PRÓXIMO DIA 8.
DESDE JÁ
AGRADECEM PENHORADOS A TODOS
QUE COMPARECEM
A MAIS ESTE ATO DE FÉ
E PIEDADE
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CRISTÃ
(B
L
É
I
N
!)
262 SANTOS, K. R. da C; SANTOS, S. M. P. dos Memória e Patrimônio Urbano: Os Impasses da Cidade em...
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moderno. Refere-se, ainda, à produção social do consumo dos lugares com
forte carga simbólica e cultural, como acentua Vinícius Costa (2017):
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espaços planejados, calculados para atender a um público produtor e
acumulador do capital.
Ao evocar as igrejas, o eu poético reflete a respeito do lugar habitado,
indo de encontro aos comportamentos da pós-modernidade, já que
“nesse espaço humano circundante vivemos de modo tão óbvio que ele
não nos chama a atenção em suas peculiaridades, e sequer refletimos mais
a seu respeito” (BOLLNOW, 2019, p.14). Partindo desse pressuposto,
observemos esses aspectos no poema “Companhia de Seguro”, cujo eu
poético traça um caminho cartográfico da cidade, regido pela memória
afetiva com as ruas, becos, igrejas e logradouros. Assim, destacamos:
[...]
Deixarei para ti os crepúsculos de São Luís
Os crepúsculos do Portinho Igreja dos Remédios
[Vinhais
Praça João Lisboa Beira-Mar Monte Castelo
Areinha Jacinto Maia
Rua da Paz Rua do Sol Beco Escuro
Praia Grande
Todos eles
Até que se escondeu sorrateiro num mirante da
Rua da Estrela
Rica
poderás organizar
desfiles de modas
e chás beneficentes
com a renda revertida em prol da infância desamparada
e da velhice desassistida
(CASSA 1981, p. 68)
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poética lista locais antigos da cidade: o Portinho, a Praça João Lisboa, a
Areinha, a Rua da Paz e outros. Estes proporcionam a contemplação dos
“crepúsculos da cidade” que funcionam como refúgio diante da rapidez da
cena cotidiana e da modernização urbana. Com isso, assegura os espaços
de memória citadina.
Ao evidenciar: “deixarei para ti os crepúsculos” dos espaços antigos,
o eu poético faz um apelo para que tais locais não sejam esquecidos.
Ademais, a presença dos mirantes faz com que seja possível ter uma
visão mais ampla da dinâmica urbana, fundindo passado e presente,
como também possibilitando uma apreciação dos fenômenos naturais, a
exemplo do pôr e o nascer do sol – que despertam um olhar harmônico
e desacelerado da cidade em meio à dinâmica urbana. Assim, as relações
afetivas com os lugares são refletidas na percepção, dependendo, pois, do
modo como o sujeito os vivencia:
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do poema como “desfile de modas” e “chás beneficentes” evidenciam
uma ruptura com um tempo marcado no final do século XX, chamado
desindustrialização4, e registra um novo modo de consumo através de um
conjunto de serviços pautados na propagação de informações, o que leva
a refletir acerca da paisagem local modernizada.
Considerações finais
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interação dos habitantes com o lugar que guarda as referências coletivas,
bem como a consciência de preservação da memória urbana. Em
consequência disso, as relações entre os indivíduos e a cidade se dá de
maneira individualizada e fragmentada.
Percebemos que o eu lírico se mantém como observador e
expectador da realidade que contempla e que, também, acaba se diluindo
no corpo da cidade. Dessa forma, a voz poética consegue dar evidência
a diversos perfis sociais por meio de experiências de trabalhadores de
fábricas, comerciantes, vendedores, transeuntes, dentre outros. A partir
daí, o sujeito lírico promove uma reflexão acerca de fatores externos e
internos da paisagem urbana. Estes correspondem aos processos de uma
sociedade globalizada. Para mais, o modo como a cidade é retratada
em República dos becos corresponde a processos urbanos que envolvem
atividades pautadas no lucro e, assim, estabelece as dissoluções tanto
espaciais como sociais.
O espaço consegue testemunhar a história. As imagens poéticas de
Cassas, por sua vez, possibilitam uma reflexão acerca da banalização da
memória da cidade que se mostra enfraquecida em meio à deterioração
de formas urbanas e do fortalecimento das relações de poder, tendo
como consequência o esvaziamento dos espaços e o afastamento dos
habitantes da história do lugar, o que favorece o alheamento. Ao tempo
que rememora, o eu lírico lança um olhar crítico às experiências e aos
costumes modificados ao longo dos tempos, bem como à indiferença dos
homens em relação ao patrimônio urbano. Nesse contexto, “percebemos
que algo mudou na maneira como organizamos o que vemos: o consumo
visual do espaço e do tempo” (ZUKIN, 1996, p. 81).
Na sociedade hodierna, em função das novas projeções urbanas,
os indivíduos se mostram indiferentes à paisagem que comporta a
memória do lugar. Por sua vez, o sujeito poético de República dos becos
chama atenção para esse comportamento e critica a falta de consciência
do homem citadino ante aos riscos do apagamento das memórias urbanas.
Ademais, a voz poética de Cassas proporciona uma compreensão sobre a
forma como a cidade pode implicar na memória dos sujeitos líricos, assim
como um despertar de sensações e percepções sobre os lugares.
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República dos becos evidencia uma linha temporal entre o passado
e o presente, pois registra um conjunto de referências que possibilita
compreender a cidade por diferentes vieses que vão da tradição religiosa
aos lugares desamparados, promovendo a junção entre a tradição e o
renovo. Dessa forma, a literatura consegue aproximar o sujeito da herança
cultural e sensibilizar para a preservação da memória e do patrimônio
urbano, por meio de imagens poéticas que edificam o sentido da relação
do homem com a cidade.
Abstract
This article analyzes, from a literary perspective, the way in which the poetic
subject of Republic of Becos interprets the city through the transformations of
space and time through memory and the preservation of urban heritage. For
that, we use the thoughts of Zukin (1996) and Harvey (2005) on postmodern
landscapes and their relations of force and power; about reflections on the
memory of the city, we adopt the thought of Santos and Moreira (2020), on the
interfaces between memory and heritage, Pesavento (2005); Bollnow (2019),
on the relationship between man and space and Hallbwachs (1990) on the
experiences of collective memory.
Keywords: Memory. poems. City. Republic of Becos.
Resumen
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la memoria de la ciudad, adoptamos el pensamiento de Santos y Moreira (2020),
sobre las interfaces entre memoria y patrimonio, Pesavento (2005); Bollnow
(2019), sobre la relación entre el hombre y el espacio y Hallbwachs (1990) sobre
las experiencias de la memoria colectiva.
Palabras clave: Memoria. poemas Ciudad. República de Callejones.
Referências
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