Teoria de Relacoes Interancionais

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

1º Trabalho de Campo

Tema do Trabalho
O Estado Moçambicano enquanto promotor do bem comum. Funções do estado na
promoção do bem comum, e nas relações com outros países.

Nome do Estudante: Nelson Marques Dos Anjos Daniel


Código do Estudante: 708225631

Curso: Licenciatura em Administração Pública


Turma: H
Disciplina: Teoria de Relações internacionais
Ano de Frequência: 1º Ano
Docente: Msc: Álvaro Dembuenda

Chimoio, Setembro 2023

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bibliográfica
nacional e
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internacionais
relevantes na área
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dados
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Conclusão 2.0
teóricos práticos
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Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
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Normas APA  Rigor e coerência
Referências 6ª edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas

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Índice
Capitulo I:Introdução .................................................................................................................. 4

1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 6

1.2.Geral ..................................................................................................................................... 6

1.3.Específicos ............................................................................................................................ 6

1.3.Aspectos Metodológicos....................................................................................................... 6

Capitulo II: O estado Moçambicano como promotor do bem comum. Funções do estado na
promoção do bem comum, e nas relações com outros países vizinhos. ..................................... 7

2.1.A finalidade da sociedade e o bem comum. ......................................................................... 7

2.2.O bem comum: um caminho percorrido pela doutrina social da igreja. ............................... 8

2.3.Princípios da Doutrina Social da Igreja e a exigência do bem comum. ............................... 8

2.4.Elementos estruturantes do bem comum. ........................................................................... 10

2.5.A solidariedade e a opção preferencial pelos pobres .......................................................... 10

2.6.Valores e impacto da sociedade civil. ................................................................................ 12

2.7.Sociedade civil e estado. ..................................................................................................... 12

2.8.Democracia Participativa, Boa Governação e Sociedade Civil. ......................................... 13

Capitulo III: Conclusão ............................................................................................................ 16

3.1.Referências Bibliográficas .................................................................................................. 17

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Capitulo I:Introdução
A corporização e a individualização do poder é um fenómeno histórico-natural e é inevitável.
Não é apanágio desta ou daquela sociedade. Ela não está exclusivamente ligada a uma fase
mais ou menos avançada de desenvolvimento económico porque se encontram países
altamente desenvolvidos em que a corporização do poder continua a fazer-se sentir. A
legitimidade do processo de governação e desenvolvimento socioeconómico de uma dada
comunidade depende da integração efectiva de todas as agências nelas criadas sem, no
entanto, se opor ao poder do Estado, como é o caso das organizações não-governamentais e
demais organizações organizadas.
Considerando que as transformações socioeconómicas e políticas dos anos 1980 em
Moçambique, que culminaram na emenda constitucional introduzida em 1990, abrem mais
espaço para a participação cidadã na vida política e pública do país, bem como a introdução
da democracia multipartidária, notamos que o que se seguiu foi a liberdade de expressão
individual, a disseminação de várias organizações da sociedade civil (OSC) em forma de
associações, grupos de desenvolvimento comunitário, grupos profissionais, ONGs e outras
formações distintas do Estado que não tinham espaço legal antes 1990.
As tentativas de definir Sociedade Civil são sempre contestadas, mas uma maneira de pensar
sobre isso é em termos de actividades que são desenvolvidas para o bem comum por grupos
de indivíduos no espaço familiar, estado ou mercado. Geralmente, a sociedade civil
compreende grupos e associações que são separadas do estado, gozando de certa autonomia
em relação a ele e formadas por membros da sociedade para se protegerem ou a seus
interesses. É precisamente neste momento da história em que nos encontramos que nos é
pedido que possamos gerar um mundo onde a confiança e a esperança estejam presentes num
futuro com sentido, onde a participação solidária seja um compromisso e onde o
empenhamento responsável pelo bem comum possa ser uma realidade.

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1.1.Objectivos
1.2.Geral
 Compreender as funções do estado Moçambicano para o bem comum da sociedade.

1.3.Específicos
 Definir o conceito do bem comum;
 Descrever as funções do estado na boa governação;
 Identificar as implicações de médio e longo prazo para a governação em Moçambique.

1.3.Aspectos Metodológicos
Para o desenvolvimento deste estudo, utilizou-se uma revisão bibliográfica e a consulta de
alguns documentos disponíveis sobre o assunto como jornais e legislações. Richardson,
admite que "alguns instrumentos com os quais o pesquisador conta são constituídos por tudo o
que leu em toda qualquer publicação " e foi com base da informação existente que se
constituiu a definição do conceito básico (sociedade civil) que norteou a pesquisa

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Capitulo II: O estado Moçambicano como promotor do bem comum. Funções do estado
na promoção do bem comum, e nas relações com outros países vizinhos.
Bem comum é uma expressão que possui conceitos em muitas áreas do conhecimento
humano, mas que se assemelham entre si. De um modo geral, define os benefícios que podem
ser compartilhados por várias pessoas, pertencentes à um determinado grupo ou comunidade.
O bem comum na filosofia está relacionado com o ideal de progresso que todas as sociedades
e nações do mundo devem alcançar: a igualdade social e económica, onde todos possam ter
melhores condições de vida (Benavente, 2014).
Assim como na ideia filosófica, que aliás é usada como base para empregar o conceito em
outros ramos do conhecimento, o bem comum é definido a partir dos interesses públicos, ou
seja, tudo que seja pertinente ao usufruto ou que beneficie uma sociedade como um todo.
Para as religiões, em destaque as cristãs, o bem comum é todo o bem que é vivido pela
sociedade em comunhão. Para o bem comum religioso, os principais bens que merecem ser
compartilhados entre todos os membros de um grupo são imateriais, como o bem-estar, a
felicidade, a fé e a paz (Santos, 2003).

2.1.A finalidade da sociedade e o bem comum.


Segundo Benavente (2014), o bem comum é o conjunto de condições de uma sociedade que
facilita a cada cidadão alcançar a sua plenitude. As pessoas, convivendo em sociedade,
desejam alcançar metas comuns, desenvolver-se, melhorar. Ninguém se conforma em ver seu
bairro, sua cidade, seu estado, seu país estagnado, apenas subsistindo ou mantendo seu
momento presente. E apenas uma concepção abrangente de bem comum, de desenvolvimento
humano e social – e que tem também uma inescapável dimensão ética – dá conta dessas
expectativas. A expressão “bem comum” e algumas de suas variantes estão na letra da lei e na
boca dos políticos; mais complicado é saber exactamente no que consiste esse bem comum.
Um equívoco frequente é o de associar o bem comum apenas à prosperidade material, com
base na mera soma dos bens disponíveis que compõem uma sociedade – quase como se
fôssemos usar o PIB por capita como critério para avaliar o bem comum (Benavente, 2014).
Os bens materiais compõem, sim, o bem comum, mas são apenas uma parte dele – e nem
mesmo a parte mais importante. Outro engano consiste em acreditar que o bem comum é “a
felicidade do maior número de indivíduos”, como defendem os utilitaristas: essa mentalidade
justificaria inclusive desrespeitos aos direitos básicos de alguns, se isso viesse a beneficiar um

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grupo maior. Isso talvez fosse o “bem da maioria”, mas não o “bem comum”. Este é um
projecto colectivo que inclui a todos.

2.2.O bem comum: um caminho percorrido pela doutrina social da igreja.


Com o surgimento da sociedade industrial nos finais do século XIX, assistiu-se a uma
alteração do contexto social: antigas estruturas sociais foram desmembradas e o aparecimento
de massa de proletários assalariados determinou fortes mudanças na organização social. Estes
factos fizeram com que a relação entre o capital e o trabalho se tornasse uma questão decisiva
de uma forma até então desconhecida. A mão-de-obra necessitou de se adequar à vida citadina
e aos novos postos de trabalho para sobreviver, o que levou a uma mudança de cargos e de
salários (Santos, 2003).
Para nenhuma destas mudanças havia regulamentações específicas pelo que os patrões
definiam o pagamento aos seus funcionários de acordo com as leis de mercado, que, quase
sempre, não tinham grande sentido (Santos, 2003).As estruturas de produção e o capital
tornaram-se o novo poder, que, disposto nas mãos de poucos, comportava para as massas
trabalhadoras uma privação de direitos “os salários e as condições degradaram-se até ao
indiscritível”. Se por um lado se assistia a um “extraordinário crescimento económico”, por
outro, as desigualdades sociais profundas deixava na “valeta da miséria e da marginalização a
grande maioria da classe operária nascente”. Ao surgimento destes graves problemas com
reflexos na questão da justa estrutura social, a Igreja começou a prestar uma especial atenção.

2.3.Princípios da Doutrina Social da Igreja e a exigência do bem comum.


Base de todos os outros princípios orientadores da compreensão da relação entre todos os
seres humanos, a dignidade da pessoa humana constitui um valor universal, e por isso
inalienável e inviolável “Tudo o que existe na Terra deve ser ordenado para a humanidade,
como para o seu centro e cume. O ser humano é, com efeito, por exigência profunda da sua
natureza, um ser social, e não pode viver nem desenvolver as suas qualidades à margem da
relação com os outros (Benavente, 2014).
Este princípio revela a igualdade essencial de todos os elementos da família humana, pelo que
todos têm o direito e o dever de participar na construção do bem comum. O princípio da
solidariedade exprime aquela que é a dimensão social do ser humano e “pressupõe que os
Homens do nosso tempo estejam cada vez mais conscientes dos seus compromissos para com
a sociedade a que pertencem. Entendida como princípio social e como virtude moral, a

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solidariedade baseia-se na responsabilidade pela construção de uma sociedade mais justa e
fraterna que, numa perspectiva cristã, assume as dimensões da gratuidade e da reconciliação
“o outro torna-se próximo, não só pelo princípio da igualdade fundamental dos seres
humanos, mas também sobretudo pela filiação em Deus, da qual decorre a fraternidade com
os outros seres humanos”. Intrinsecamente ligado ao princípio da solidariedade, está o da
subsidiariedade, fundamento também da responsabilidade justa e solidária na sociedade
“como comunidade de comunidades”, existente nos mais diversos níveis: internacional,
nacional, regional e local (Benavente, 2014).
Com este princípio pretende-se proteger e ajudar as sociedades inferiores para a realização do
que são capazes não interferindo nem absorvendo-as no que possam fazer por si mesmas, bem
como suprir a sua não acção tendo em vista o bem comum. O desejo fundamental do ser
humano é o bem comum de toda a família humana que se consubstancia no “conjunto de
condições da vida em sociedade que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus
membros, atingir mais plena e facilmente a sua perfeição (Giddens, 2012).
Desta forma, o bem comum indica quer o bem de todos os Homens, quer o bem do Homem
todo, pelo que todos são responsáveis por todos, colectivamente e não apenas
individualmente. Este princípio torna-se realidade “quando a todos e para todos os homens
forem garantidos o respeito real dos seus direitos e o cumprimento dos seus deveres, que são
invioláveis e universais”. Todos estes princípios da Doutrina Social da Igreja têm um carácter
universal e basilar na medida em que aludem à realidade social na sua globalidade. Devido à
sua permanência no tempo e universalidade de significado “a Igreja indica-os como primeiro
e fundamental parâmetro de referência para a interpretação e o exame dos fenómenos sociais
necessários” pois, “a partir deles se pode apreender os critérios de discernimento e de
orientação do agir social” (Benavente, 2014).
Deste modo, os eixos essenciais da Doutrina Social da Igreja “indicam todos os caminhos
possíveis para edificar uma vida social verdadeira, boa, autenticamente renovada, tendo por
isso um significado profundamente moral na medida em que “remetem para os fundamentos
últimos e ordenadores da vida social”. Direitos e deveres com o bem comum,
impossibilitando o surgimento de situações intoleráveis e perniciosas para os próprios
direitos. Para que o bem comum seja uma realidade, os padres conciliares apresentam uma
lista daquilo de que o ser humano preciso “para viver uma vida verdadeiramente humana,
dando especial relevância à dignidade da pessoa enquanto superior a todas as realidades e
cujos direitos e deveres são universais e invioláveis (Giddens, 2012).

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Sem dúvida que uma das grandes linhas de força deste documento é a relevância dado à
questão do desenvolvimento integral virado para a promoção de todas as pessoas e da pessoa
toda. Paulo VI reitera nesta encíclica o princípio da destinação universal dos bens ao qual se
devem submeter todos os outros direitos, incluindo o direito à propriedade privada. Exemplo
disso é o bem comum, por vezes, exigir que as terras mal exploradas sejam expropriadas ou
que seja cortada a transferência de fundos (Giddens, 2012).

2.4.Elementos estruturantes do bem comum.


Deve ser à luz do Evangelho e da experiência humana, que a busca da solução para os
complexos problemas do nosso mundo de hoje, necessita ser feita (Homerin, 2005).Este
critério hermenêutico essencial da reflexão ético-teológica apresentado no documento
conciliar, leva-nos a perceber a importância de unificar a moralidade e a fé naquela que são as
experiências morais pessoais e sociais, pois “com as nossas decisões e as nossas atitudes, com
a presença ou a ausência, construímos de algum modo o viver em comum. Perceber que há
realidades objectivamente relevantes no meio social que pertencem a todos, mas a cada um de
forma pessoal, é um pressuposto para compreender a noção de bem comum, pelo que se torna
urgente ir ao encontro daquelas que são as necessidades de todos e de cada um “porque todos
nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (Homerin, 2005).
Ter consciência disso é o ponto de partida para a construção de um mundo de bens comuns”.
Este compartilhar consubstancia-se, à luz da fé, na comunhão. Naquela que é a perspectiva da
caridade cristã, o bem comum não pode ser entendido sem ser em tensão para a comunhão,
para a partilha da vida na compartição daquilo que é indispensável para viver (Homerin,
2005).

2.5.A solidariedade e a opção preferencial pelos pobres


Numa sociedade como a actual, em que as desigualdades são cada vez maiores e tantas
pessoas se vêm privadas dos direitos humanos essenciais, o “princípio do bem comum torna-
se imediatamente como consequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma
opção preferencial pelos mais pobres” Giddens (2012).Inseparável do bem comum está assim
a solidariedade enquanto valor que orienta para uma acção concertada na vida dos crentes à
semelhança daquela que foi a vida de Jesus “Ele é o endereço da solidariedade de Deus para
com uma humanidade que a si mesma não se consegue ajudar. Ainda que não tenha surgido
no âmbito especificamente católico, o conceito de solidariedade está presente em muitos dos

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escritos da Igreja, que revelam e explicitam a importância de tornar a vida social numa vida
solidária, onde todos possam contar uns com os outros. João XXIII foi talvez o primeiro Papa
a pronunciar-se sobre este conceito. Santos (2003), ao referir-se à diferença entre os países
economicamente mais desenvolvidos e aos em vias de desenvolvimento económico, faz um
apelo:

“A solidariedade, que une todos os seres humanos e os torna membros de uma só


família, impõe aos países, que dispõem com exuberância de meios de subsistência,
o dever de não permanecerem indiferentes diante das comunidades políticas cujos
membros lutam contra as dificuldades da indigência, da miséria e da fome, e não
gozam dos direitos elementares da pessoa humana”.

Uns anos mais tarde este mesmo Papa, na encíclica Pacem in Terris, revela o seu desejo de
“trabalharmos todos em conjunto para tornar a vida mais humana”, fazendo uma alusão clara
ao valor da solidariedade na vida social (Homerin, 2005).Nesta encíclica, o Papa indica a
solidariedade como interpretação cristã da atitude moral virtuosa sobre os valores da vida
social. Sendo expressão e tradução da caridade no âmbito das relações socialmente
estruturadas, a solidariedade enquanto virtude precisa de o ser de forma imparcial e universal.
Nesta forma de pensar e de sugerir a solidariedade vê-se a interpretação activa do Evangelho e
a sua relação com a caridade e com a comunhão, pelo que se trata sempre de um valor
obrigatório na vivência do crente. Fazendo uma alusão ao nº 38 desta encíclica, Bento VXI,
uns mais tarde, relembra que “a solidariedade consiste primariamente em que todos se sintam
responsáveis por todos” promovendo-os, e convida todas as pessoas a uma “solidariedade
desinteressada “que supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de
comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns”
(Giddens, 2012).
Compreendida no seu sentido mais profundo e desafiador, a solidariedade transforma-se num
estilo de fazer a história e construir a amizade social capaz de gerar uma nova vida. Deste
valor deriva, necessariamente, a opção preferencial pelos pobres, enquanto promotora do bem
de todos que não exclui nem trata de forma desigual ninguém, que como “opção pela justiça
do bem comum, é o primeiro dever dos cidadãos para que ninguém fique à margem do bem
comum, lutando para que todos tenham os meios suficientes para participar na vida da
comunidade Tida como uma exigência humana de justiça, a opção preferencial pelos pobres,
revela igualmente uma recepção do chamamento de Deus, não existindo “tensão entre bem

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comum sem opção preferencial pelo débil, isto é, sem responsabilidade de compromisso
pessoal de justiça”. Mas este compromisso torna-se difícil se não passar primeiro pelo
estômago, pelo coração, por ter conhecido pessoalmente e ter chorado os sofrimentos dos
outros, sendo que é no Evangelho que a busca por essa justiça encontra uma profunda fonte de
inspiração e energia (Santos, 2003).

2.6.Valores e impacto da sociedade civil.


Segundo Comissão nacional justiça e paz (2008), o eixo valores-impacto relaciona o conjunto
de atributos e princípios determinantes da credibilidade e confiança perante os cidadãos
nacionais e a comunidade internacional. Neste contexto, duas forças são particularmente
relevantes, em termos das suas implicações de longo alcance e impacto na dinâmica da
sociedade civil: carácter e competência (Giddens, 2012).
A partir dos dois eixos, acima identificados, é possível explicitar e distinguir, por um lado, a
parte da fraqueza e limitações da SC resultantes das esferas institucionais e do contexto em
que ela se desenvolve (infra-estruturas e transparência organizacional); por outro lado, a parte
da fraqueza e limitações da SC, determinada por factores expressos através da confiança
(integridade e competência) que inspira na sociedade em geral.

2.7.Sociedade civil e estado.


Segundo Giddens (2012), o actual Estado Moçambicano poder-se-ia caracterizar,
resumidamente, como um Estado Falido, mas não um Estado Falhado. Depois da guerra civil,
nas duas últimas décadas, o Estado Moçambicano tem sido capaz de evitar o Estado Falhado,
pois a autoridade política e administrativa tem perdurado, foram criadas algumas instituições
mais ou menos democráticas, o Governo tem conseguido mobilizar recursos financeiros,
principalmente da comunidade internacional e como membro de organismos internacionais,
tais como as Nações Unidas e as Instituições de Bretton Woods, entre outras.
Não obstante a relativa estabilidade alcançada, Moçambique continua a ser um país em risco
potencial de conflitos ou perturbações sociais e políticas, visto possuir instituições bastante
fracas. Segundo Fernandes (2014). O actual Estado Moçambicano não é nem um Estado
Liberal, nem um Estado de Bem-estar Social.
Não é um Estado Liberal, porque é demasiado intervencionista, centralizador, dirigista e
controlador de áreas ou activos cruciais na edificação de uma sociedade livre, no sentido
liberal do termo. Desde a introdução da Constituição de 1990 foram dados alguns passos

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rumo à criação de um Estado de Direito, mas exceptuando algumas áreas, o tipo de
instituições prevalecentes ainda não o configuram. O processo de descentralização do poder
para a sociedade, tanto o poder de decisão política como o de gestão financeira
descentralizada, são praticamente irrisórios. Não obstante a Constituição da República, desde
1990, prever que a Administração Pública deva ser estruturada com base no princípio de
descentralização e desconcentração Comissão nacional justiça e paz (2008), os dois gráficos
na não deixam lugar para dúvidas quanto à limitada descentralização visando a aproximação
dos serviços aos cidadãos. É certo que, a partir dos gráficos, não é possível visualizar a real
dimensão da limitada simplificação de procedimentos administrativos ou das imensas
dificuldades causadas ao cidadão pelo ineficiente sistema administrativo distrital e de
localizada, disponível no país (Giddens, 2012).
Apesar disso, seria abusivo considerar que o Estado Moçambicano se pode considerar um
Estado de Bem-estar Social, pelo simples facto de os governantes declararem insistentemente
que a sua intenção é proporcionar segurança e bem-estar social à maioria da população. O
actual Estado é demasiado descontrolado, informalizado, irresponsável e incapaz de
proporcionar segurança pública mínima e protecção social básica. O actual Estado carece de
serviços públicos adequados e com cobertura regional e social satisfatória. Grande parte dos
serviços públicos disponíveis mantém-se graças ao financiamento (Giddens, 2012).

2.8.Democracia Participativa, Boa Governação e Sociedade Civil.


Durante muito tempo, acreditou-se que o direito de voto era a única via de expressão do Povo,
através do qual, este podia decidir sobre a vida do país. Porém, governos há que, mesmo com
esse privilégio assegurado, continuam a governar os seus povos com mão de ferro (Giddens,
2012).Alguns destes casos espelham-se nos governos da Europa do Leste (Geórgia, Letónia e
Lituânia, só para citar alguns), bem como alguns governos africanos (Guiné-Bissau, como um
caso bem recente e elucidativo e, porque não, Moçambique).
Daí que surjam conceitos como “sociedade civil organizada”, que pretende limitar os poderes
abusivos do Estado e do governo, ajudando, por um lado, a construir uma sociedade menos
desigual em termos políticos, económicos e sociais e, por outro, chamando a atenção para os
excessos praticados pelo governo e Estado, com vista a garantir os demais direitos e deveres
dos cidadãos (Fernandes, 2014).
Se é certo que a democracia representativa foi um progresso em relação a sistemas despóticos
e autocratas, também não é menos verdade que ela, hoje, desvela lacunas, incoerências e até

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paradoxos. Por isso, a democracia participativa é um imperativo para os nossos tempos, pois é
ampliação da prática democrática para além da mera expressão do voto eleitoral. Como diz
Ngoenha:
“Temos o mau hábito de confundir e reduzir a democracia à competição entre os
partidos para a tomada de poder. Na realidade, a democracia é um processo que
regride ou progride, essencialmente, em função do papel que a cidadania joga no
sistema político, e na soldadura entre o sistema político e os outros sistemas
sociais, e entre todos os sistemas e o conjunto das instituições e potestades
reunidas no Estado” (Giddens, 2012).

Portanto, a Democracia Participativa tem em vista a participação dos cidadãos no bem da “


república”. Por outras palavras, é a participação no processo político para influenciar a
formulação das políticas sociais, a receptividade do governo às demandas da população e a
transparência com que trata os seus assuntos que são indicadores da qualidade da democracia
(Giddens, 2012).
Ela é o reconhecimento da importância da participação directa dos cidadãos a partir de uma
articulação entre Estado e Sociedade Civil para a criação de espaços de resolução através de
mecanismos de democracia liberal representativa. Há necessidade de reconhecer que a
democracia supõe e nutre a diversidade de interesses, assim como de ideias (Giddens, 2012).
O respeito pela diversidade significa que a democracia não pode ser identificada com a
ditadura da maioria sobre as minorias; deve, antes, comportar o direito das minorias e dos
contestadores à existência e à expressão, e deve permitir a expressão das ideias heréticas e
desviantes. Assim como é necessário proteger tanto a diversidade das espécies para
salvaguardar a biosfera, assim também se deve garantir a diversidade de ideias e opiniões,
bem como a diversidade de fontes e meios de informação para salvaguardar a vida
democrática (Fernandes, 2014).
A democracia necessita, simultaneamente, de conflitos de ideias e de opiniões, que lhe
confiram vitalidade e produtividade. Mas, a vitalidade e a produtividade dos conflitos só
podem expandir-se em obediência às regras democráticas que regulam os antagonismos –
substituindo as lutas físicas pelas lutas de ideias –, e que determinam, por meio de debates e
de eleições, o vencedor provisório das ideias em conflito, aquele que tem, em troca, a
responsabilidade de prestar contas da aplicação de suas ideias. Portanto, a actual democracia
deve ser reconfigurada, de modo a responder aos desafios da sociedade de hoje. O que se

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pretende não é o derrube das democracias existentes, mas a sua democratização ou, na
expressão lapidar de Boaventura de Santos (2003) “democratizar a democracia”.
Assim sendo, a democracia é entendida como uma gramática de organização da sociedade e
da relação entre o Estado e a sociedade (Santos, 2003). Ela propõe uma mudança que restaura
a capacidade de resiliências dos sistemas, a partir da capacitação das populações, potenciando
o seu capital humano e social. É dentro da Democracia Participativa que se pode almejar a
Boa Governação, que tem a ver com a participação popular na governação, na transparência
na gestão da “res publica”, alicerçada em resoluções tomadas sempre de acordo com a lei,
regras e informação inteligível ao cidadão, equidade e inclusão, com particular atenção aos
mais vulneráveis da sociedade, prestação de contas (“accountability”) e combate à corrupção,
parcimónia na gestão do erário público, independência dos poderes públicos para o controlo
interinstitucional (Fernandes (2014).

A Boa Governação é vista, portanto, como um novo protótipo de regulação social que veio
suprir o paradigma previamente em vigor baseado no papel privilegiado do Estado, enquanto
ente soberano. Governação é geralmente entendida como um sistema de valores, políticas e
instituições, através dos quais uma sociedade gere os seus negócios públicos, económicos e
sociais, por via da interacção entre o Estado, a Sociedade Civil e o mercado/sector privado.
Dito de outra forma, a Governação é o processo de tomada de decisões e o meio através do
qual as decisões são ou não implementadas.
É de salientar, ainda, que o conceito de Boa Governação aparece como um instrumento de
institucionalização da Governação “Governance” e é tido como condição indispensável na
promoção da solidez social e do desenvolvimento sustentável (Fernandes (2014). Manifesta-
se em diversas áreas fundamentais para a edificação do Estado de Direito, nomeadamente: a
separação de poderes, o respeito pelos direitos humanos, a prestação vertical e horizontal de
contas, a transparência na governação eleitoral e na gestão financeira e no controlo da
corrupção. Nesta ordem de ideias, o entendimento comum aventa que países com um alto
desempenho em cada uma destas áreas têm melhores condições para a consolidação
democrática, defesa do bem comum e criação de condições de bem-estar social.

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Capitulo III: Conclusão
O surgimento da democracia em Moçambique pode ser explicado pela situação económica em
que o país se encontrava logo após a independência, associada a outros factores internos e
externos, o que reforçou a sua implementação. O bem comum é o conjunto de condições de
uma sociedade que facilita a cada cidadão alcançar a sua plenitude. As pessoas, convivendo
em sociedade, desejam alcançar metas comuns, desenvolver-se, melhorar. Ninguém se
conforma em ver seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país estagnado, apenas subsistindo ou
mantendo seu momento presente. E apenas uma concepção abrangente de bem comum, de
desenvolvimento humano e social – e que tem também uma inescapável dimensão ética – dá
conta dessas expectativas. A expressão “bem comum” e algumas de suas variantes estão na
letra da lei e na boca dos políticos; mais complicado é saber exactamente no que consiste esse
bem comum.
O princípio da solidariedade exprime aquela que é a dimensão social do ser humano e
“pressupõe que os Homens do nosso tempo estejam cada vez mais conscientes dos seus
compromissos para com a sociedade a que pertencem. Entendida como princípio social e
como virtude moral, a solidariedade baseia-se na responsabilidade pela construção de uma
sociedade mais justa e fraterna que, numa perspectiva cristã, assume as dimensões da
gratuidade e da reconciliação “o outro torna-se próximo, não só pelo princípio da igualdade
fundamental dos seres humanos, mas também sobretudo pela filiação em Deus, da qual
decorre a fraternidade com os outros seres humanos”. Intrinsecamente ligado ao princípio da
solidariedade, está o da subsidiariedade, fundamento também da responsabilidade justa e
solidária na sociedade “como comunidade de comunidades”, existente nos mais diversos
níveis: internacional, nacional, regional e local.

16
3.1.Referências Bibliográficas
 Benavente, A (2014).Globalização, resistência e regulação. Notas para debate.
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