Arte Brasileira No Século XIX
Arte Brasileira No Século XIX
Arte Brasileira No Século XIX
A consolidaçãodo Império
O reinado de D. Pedro ll é um período de grande importância
na consolidação do Brasil como nação. Alguns fatores definidores
são aí instituídos, desenhando um perfil, que perdurará em muitos
casos para além da República.
O primeiro desses fatores diz respeito à formação de um mo-
delo de economia agrária voltada para a exportação e dependente
das importações dos países europeus já industrializados. O desen-
volvimento da cultura do café concentrou a riqueza do país nas
mãos de uma eliteformada por grandes proprietários de terras e de
escravos. No entanto, culturalmente, o Imperador e boa parte desta
elite encontravam-se identificados com os ideais liberais, depen-
dentes dos valores burgueses, que são buscados em viagens fre-
quentes à Europa e com a importação regular de toda sorte de ob-
jetos desde livros, objetos de arte e utensíliosdo cotidiano, até
projetos completos de implantação de transportes ferroviários, de
serviços urbanos de iluminação,fornecimentode gás e água e de
escoamento de esgotos, e de melhoriados portos.
O segundo daqueles fatores refere-seà ação de uma rede de
instituições voltadas para formação de uma elite intqjeçlyql.e artísti-
ca, capaz de garantir a inserção do país no panorama cultural inter-
náõiõhal. Vários instituições são criadas, como o Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro e as antigas, como a Academia de Belas Ar-
tes, passam por reformas nesse período, obedecendo a um projeto
políticobastanteclaro: criar os fundamentosçultulBisda nação, es-
crever e discutir a história do país, como forma de lançar as bases
de.seu futuro. Assim, grande parte do esforço do Segundo Reinado,
inclusive o enorme investimento em projetos artísticos, remete a
um projeto político de criação de símbolos nacionais e de formula-
ção de um verdadeiro imaginário para a nação.
A expansão da Academia
Após os primeiros anos de grandes dificuldades, a Academia
passou a ser uma instituição de grande prestígio durante o Império
Duas figuras foram aí fundamentais: Féjjx EHile Taunay diretor de
1834 a 1851 - e Manuel de Araújo Porto Alegre diretor entro.1854
e 1857 injetaram na Academia algumas mudanças fundamentais.
Taunay organizou as Exposições Gerais a partir de 1840 - ertLque
trabalhos de professores e alunos da Academia eram.expostos.ao
lado de obras de artistas externos e instituiu os prêmios dexiagens
à Europa.em]845. Porto Alegre empenhou-se na mudança dos
currículos, além de uma evidente preocupação çou os problemas
da arte brasileira -, lançando as bases de um verdadeiro projeto
nacionalista. que é seguramente o ponto de partida da produção
do Segundo Reinado.
Com a instituiçãodo prêmio de viagem à Europa, sedimenta-
se uma relação direta com a ltália.ea França. O período de estudos
destes artistas no exterior é monitorado pela Academia do Rio de
Janeiro, que escolhe as instituiçõese os professores estrangeiros,
controla o desenvolvimento dos trabalhos dos alunos, exige a ela-
bolgção de cópias de obras dos grandes mestres tiradas dos pEl11çj-
pais museus europeus. Em geral..no.retorno ao Brasil, muitos destes
artistasforam absorvidos pela Academia como professores. Estabele-
cia-se, assim. um circuito praticamentefechado em torno do sistema
acadêmico - muito característico desse tipo de instituição -, que
será muito criticado no futuro, primeiro pelos próprios integran-
tes da Academia na passagem dos séculos XIX e XX e mais tarde
pelos modernistas. Além disso, a Academia vai ter um papel norma-
tivo para o resto do país: não apenas irá funcionar de forma bastan-
te centralizadora,atraindo alunos das demais províncias, como será
futuramente copiada em instituições locais similares. Se o fecha-
mento institucionalé uma realidade, o mesmo não pode ser dito
quanto ao simples transplante de ideias europeias, pois apesar de a
Academia carioca seguir o modelo de ensino francês, há grandes
diferenças entre os dois países nesse tópico.
A expansão do neoclassicismo
e o aparecimento de outros revivalismos na arquitetura
A arquiteturado século XIX na Europa foi marcada por uma
série de movimentos historicistas, que são normalmente chamados
de rev/wa/s- como a palavra inglesa indica, trata-se de retomar es-
tilos do passado, adaptando-os às novas necessidades da socieda-
de industrial e burguesa. De maneira geral, a escolha desses estilos
IFígura 11) Vitor Meireles. ,4 pr/he»a m/ssa no Bus//. Olho s/ tela 1860, 268 x 356
cm IMNBA).
afigura 131 Pedro Américo. Baía/ha do ,4wa/lOleo s/ tela, 1872i1877, 600 x 1100 cm
(MNBA).
:1
afigura 18) José dos Reis Carvalho. Flor com óorbo/efa. Aquarela
[s.d.]., 53,2 x 36,1 cm IMuseu D. Jogo V] da EBA/UFRJ).
\F\gu ra 4Q\ Ped 10Amor\co . Judite rende graças a Jeová por ele ter conseguido livrar
sua páüü dos Auroras de Ho/oáernes. Oleo s/ tela, 1880, 229 x 141,7 cm (MNBA).
afigura 431 Rodolfo Amoedo. O ú/f/mo ramo/o. Oleo s/ tela, 1883. 180 x 260 cm
IMNBA).
afigura 46) Almeida Júnior. l)esconso do moda/o. Óleo s/ tela. 1882, 100x 130 cm
(MNBA)
afigura 49) Vitor Meireles. Estudo para o Panorama do Río de Janeiro /LÍorrodo
Cafre/o. Oleo s/tela, 1885, 100 x 100 cm IMNBA}. '
do
afigura 50) Augusto Rodrigues Duarte. Cascata da 7#uca. Oleo s/ tela, 1884, 111 x
85 cm IMNBA).
afigura 531 Giovanni Battista Castagneto. Podo do P/o de Janeá'o. Olho s/ tela
1884, 54,7 x 94 cm IMNBA).
+
.!&
afigura 55) Modesto Brocos. /?efrafodo escdfor ,4Nur ,4zevedo. Oleo s/ tela, 1891
46 x 58 cm(Coleção Sérgio Fadel)
.I'@
afigura 60} Rodolfo Amoedo. /Wásnolüüs. Oleo s/ tela. 1895. 100 x 74 cm
(MNBA}.,
afigura 64) Rodolfo Chambelland. Ba//eâ Xaníasü. Oleo s/ tela, 1913, 149 x 209 cm
(MNBA)
+
l
Artur Timóteo da Costa. Fkaça F/orüno, P/o de Janeúo (Cinelândia}. C)leo s/tela
1922, 51,5 x 62 cm IColeção Sérgio Fadell
ida em
Antânio Parreiras. Paragem. Oleo s/madeira, 1910, 26,6 x 39,8 cm IMuseu D. Jogo
VI / EBA / UFRJ)
&
Valérío Vieíra. Os frhfa Ua/ér/os. Fotomontagem. c. 1900 (Coleção Marca Luíza Viei-
ra). Essa fotomontagem recebeu a medalha de prata na Exposição de Saint Louis
nos Estados Unidos em 1904. Observe que todos os personagens em cena(inclu-
sive o busto sobre o móvel e os retratos nas paredes) são representados pela foto
do próprio ValéríoVíeira
CONCLUSÃO
modernidade nas artes: o projeto modernista vai incorporar o dis
curso nacionalistae terá em São Paulo a sua base militantede artes
tas e intelectuais.
No entanto, as três décadas iniciais do modernismo brasilei-
ro apesar do discurso inflamado e do comportamento militante
- continuarão fiéis à figuração, garantindo, em grande parte. a
continuidade da tradição narrativa. que desde o Renascimento,
era considerada o objetivo maior das artes plásticas e, em espe-
cial, da pintura. Portanto, entre a arte dos séculos XIX e XX não
há uma ruptura radical: existem traços em comum ao lado das
diferenças.
Itante
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