E-Book - Focco
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E-Book - Focco
Franciano Antunes
Renata Cristina de L.C.B. Nascimento
(Organizadores)
Conselho Editorial:
Judite de Azevedo do Carmo - Membro
Ana Maria Lima - Membro
Maria Aparecida Pereira Pierangeli
Célia R. Araújo Soares Lopes
Milena Borges de Morais
Ivete Cevallos
Jussara de Araújo Gonçalves
Denise da Costa Boamorte Cortela
Teldo Anderson da Silva Pereira
Carla Monteiro de Souza
Wagner Martins Santana Sampaio
Fabiano Rodrigues de Melo
F7244
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a UNEMAT pratica/ Organizadores: Antunes, Franciano; Nascimento,
Renata Cristina de L.C.B. – Cáceres: Editora UNEMAT, 2019.
221 p. Il.
ISBN: 978-85-7911-201-0
Editora UNEMAT
Avenida Tancredo Neves nº 1095 - Cavalhada
Fone/fax: (0xx65) 3221-0077
Cáceres-MT – 78200-000 - Brasil
E-mail: [email protected]
Todos os direitos reservados ao autor. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou de qualquer meio. A violação dos direitos de autor
(Lei n°9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. O conteúdo da obra está liberado para outras publicações do autor.
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Prefácio
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não havendo espaço/tempo para a ajuda mútua, inviabilizando a relação entre os colegas de traba-
lho e de estudo, por serem compreendidos como competidores entre si. A Aprendizagem Coopera-
tiva pode, sem dúvida, ajudar a responder a esse desafio (GOIKOETXEA; PASCUAL, 2002), educando
e se educando uns aos outros sob a ótica do bem estar do outro como condição para o meu próprio.
Então, como viabilizar a formação profissional e humana que reverbere em cooperação
entre as pessoas que convivem diariamente? Na busca em provocar esse cenário com a proposi-
ção de ações mais humanas que superem o individualismo, apresentamos vinte e oito artigos que
compõem esta coletânea, organizada pela professora Renata Cintra Nascimento e pelo professor
Franciano Antunes, os quais atuam no Programa Focco/Unemat. O programa foi implantado pela
professora Ana Maria Di Renzo, ex-reitora da Unemat, que na época, ocupava o cargo de Pró-Reitora
de Ensino de Graduação, após conhecer as experiências do Precce na UFC e fortalecido na gestão da
Pró-Reitora de Ensino de Graduação, Profa. Dra. Vera Lúcia da Rocha Maquêa. Os artigos oferecem
análises e reflexões conceituais e metodológicas que poderão servir de subsídios para as políticas
públicas e demais ações universitárias, como cursos de extensão e, até mesmo, novas configurações
curriculares nos cursos da Unemat, em especial, os cursos de graduação. Além disso, a obra forta-
lece ainda mais ações que envolvem ensino, pesquisa e extensão, pois, é nessa relação dialética
que a aprendizagem mútua encontra terreno fértil e se realiza. Desejamos, afetuosamente, que o
conceito de Aprendizagem Cooperativa de Formação Humana possa acompanhar as reflexões dos
leitores desta obra, como também as práticas analisadas que promovem o cultivo, o pertencimento
à categoria acadêmica e profissional de todos os envolvidos, em prol de uma sociedade mais justa,
menos competitiva e menos desigual, conforme afirma Di Renzo, Nascimento, Maquêa (2017, p.
201), “a evasão é uma questão que tem desafiado as instituições de ensino em geral e, já há algum
tempo, os índices de abandono dos estudos no âmbito universitário são altos e vêm se intensifican-
do cada vez mais nas Universidades. Desse modo, fazemos votos para que os valores e princípios
da Aprendizagem Cooperativa façam morada na esfera educativa, mesmo que em estratos sociais
como os universitários que, por vezes, são considerados por algumas pessoas como desvencilhados
de outros extratos sociais em que o sujeito faz parte. Isto para que possamos sempre fortalecer os
laços humanos para que as políticas públicas sejam cada vez mais colocadas em execução, pois são
elas que proporcionam a continuidade de nossas lutas e a concretização das práticas de formação
em nosso país. Somos sabedoras que as Políticas são conquistas de muitas lutas que travamos no
decorrer do nosso cotidiano e, em espaços que não são ocupados individualmente, mas, que pela
força coletiva, as consolidamos em diferentes práticas formativas.
Referências
DI RENZO, Ana Maria Di; NASCIMENTO, Renata Cristina Lacerda Cintra Batista; MAQUÊA, Vera Lúcia da
Rocha. Aprendizagem Cooperativa no Ensino Superior: Alternativa de estudos entre os acadêmicos
da UNEMAT. p. 201-215. In: Relato de experiências exitosas das IES: formação do docente do ensino
superior, assistência estudantil e assistência pedagógica. Organizado por Elenita Conegero Pastor
Manchope [et al.]. Cascavel, PR: EDUNIOESTE, 2017.
GOIKOETXEA, E.; PASCUAL, G. Aprendizaje cooperativo: bases teóricas y hallazgos empíricos que
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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SUMÁRIO
A APRENDIZAGEM COOPERATIVA NO PROGRAMA FOCCO: O QUE É? POR QUE? COMO FAZER? ........
.......................................................................................................................................................... 30
UMA PROPOSTA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE AVA’S QUANTO A UTILIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
DA APRENDIZAGEM COOPERATIVA APLICADO NOS CURSOS EAD ................................................. 104
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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EIXO I: A História da Aprendizagem
Cooperativa e do Programa FOCCO
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Introdução
É a partir dos esforços individuais de cada estudante universitário para aprender e dos ob-
jetivos coletivos de alunos e de professores que os processos de ensino-aprendizagem tornam-se
facilitados, garantindo assim o protagonismo estudantil vir à tona. Essa relação positiva colabora com
a significação do conhecimento que de certa forma torna-se estímulo para a conclusão do curso de
graduação.
Acreditando na aprendizagem como um processo de interdependência, a partir do qual
as habilidades são potencializadas, as fragilidades superadas e o sentimento de pertencimento ao
ambiente da universidade é estimulado.
Conhecer a metodologia da Aprendizagem Cooperativa cuja aplicação é possível na Educa-
ção Superior permitiu situar o modo como tem sido utilizada em várias instituições educacionais. Pro-
curamos neste artigo fundamentar a Aprendizagem Cooperativa, trazendo luz à reflexão desse tipo
de aprendizagem no balanço da literatura e no contexto da universidade, destacando suas raízes, ex-
plicitando o conceito e evidenciando a possibilidade de sua realização exitosa na Educação Superior.
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por sua vez, não se propõe como solução para os problemas de que sofre a educação nem a ser so-
lução para todo e qualquer problema que enfrenta a universidade. Desse modo, entendemos que a
Aprendizagem Cooperativa seja um estímulo aos docentes e aos estudantes para o aperfeiçoamento
de seus respectivos desenvolvimentos pessoal e profissional, além de ser uma maneira de formar ci-
dadãos mais críticos e reflexivos, interventores de novos projetos sociais. Essas ações podem propor-
cionar o desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente democrática, menos segregadora,
mais igualitária e mais cooperativa (FONAPRACE, 2007).
A Aprendizagem Cooperativa tem sido discutida notoriamente como uma metodologia al-
ternativa de aprendizagem. Ela surge como uma compensação às insuficientes práticas tradicionais,
habitualmente aplicadas nas escolas e nas IES. Também se atribui a ela, conjuntamente, a neces-
sidade de resgatar valores como a solidariedade e a cooperação entre os indivíduos, elementos
essenciais para formação de uma sociedade mais justa e solidária.
A concepção teórica à Aprendizagem Cooperativa é reforçada por estudiosos europeus e
por brasileiros, ainda que no Brasil em menor escala. Carvalho (2015, p. 185) destaca algumas pes-
quisas e experiências na Aprendizagem Cooperativa no Brasil:
Segundo Ovejero (1990), os estudos entre as relações de cooperação e competição não são
novos no mundo, pois historicamente, desde o século I, o orador e professor de retórica romano,
Marco Fábio Quintiliano (35-95), relatava práticas da Aprendizagem Cooperativa, a exemplo, quan-
do em grupos, os estudantes ensinavam conteúdos sobre retórica e também aprendiam.
No período do Renascimento, Johann Amos Comenius (1592-1670) era favorável à apren-
dizagem mútua entre os estudantes e, ainda no século XVII, alguns educadores se utilizavam da
filosofia da Aprendizagem Cooperativa e colaborativa para preparar seus estudantes para a realida-
de da vida. Período em que na educação formal destacaram-se as seguintes experiências de apren-
dizagem em grupos: a Aprendizagem Cooperativa com Joseph Lancaster, na Lancaster School; e na
Common Scholl Movemente (TORRES; IRALA, 2007).
No século XIX a filosofia da cooperação teria sido potencializada com as experiências do
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
coronel Francis Parker, pois o mesmo desenvolveu atividades em grupos nas escolas públicas dos
Estados Unidos. Outras produções paralelas, como as pioneiras sobre trabalhos em grupo e sua influ-
ência na aprendizagem infantil, tiveram grandes contribuições de Marrow e Kurt Lewin.
Ainda que houvesse tais feitos, com a discussão sobre os benefícios do trabalho coopera-
tivo, relata-se que a competição interpessoal no âmbito da escola, em moldes das influências norte
americanas, se desenvolveu como prática tradicional no âmbito da educação (OVEJERO, 1990). Sem
êxito, os diversos esforços foram insuficientes para segurar a pressão competitiva instalada que for-
taleceu ainda mais a postura individualista nas escolas (OVEJERO, 1990).
Somente ao final da década de 1960, no início dos anos de 1970, após um período de de-
sinteresse pela Aprendizagem Cooperativa, os irmãos David Johnson e Roger Johnson da Universi-
dade de Minesota e Robert Slavin – da Universidade Johns Hopkins – concentraram seus estudos e
iniciaram suas pesquisas sobre a aplicação da Aprendizagem Cooperativa na sala de aula (JOHNSON,
JOHNSON e SMITH, 1998).
Assim, grandes contribuições para a Aprendizagem Cooperativa foram dadas por David e Roger
Johnson. E, ao longo dos últimos 40 anos, tais autores têm concentrado seus estudos nesta metodo-
logia, divulgando-a mundialmente (TORRES; IRALA, 2007). Outros nomes, em outras regiões, tam-
bém dedicaram seus estudos à Aprendizagem Cooperativa, numa menor proporção, mas se fizeram
importantes para a sua disseminação (OVEJERO, 1990).
Podemos afirmar que no Brasil, desde o início do período moderno à atualidade, a educa-
ção – sobretudo a Educação Superior – alinhou-se aos interesses da ordem mundial capitalista e aos
princípios de mercado. Além disso, educação foi concebida como meio de produção da mais valia
e meio de ascensão socioeconômico, o que resultou em uma acelerada “necessidade da formação”
com ênfase tecnicista. Tudo isso contribui para um apressamento da formação universitária e –
consequentemente – para a reprodução e replicação sistemática de saberes, reforçando um ensino
tradicionalista e, muitas vezes, superficial.
É importante salientar que na universidade, ainda, há práticas educativas pautadas na repli-
cação de conteúdos e na centralização do saber na figura docente, o que contribui para o sentimen-
to de exclusão dos estudantes, principalmente, daqueles que não conseguem acompanhar o ritmo
competitivo do modelo atual. Nesse sentido, faz-se necessária a incorporação de práticas mais ativas
que permitam a co-responsabilização dos estudantes na construção do conhecimento e demais prá-
ticas educativas. O exercício constante da discussão e reflexão coletiva forma sujeitos protagonistas
do processo de ensino-aprendizagem. Sob esse aspecto, Darsie (1999, p. 9) afirma que, “toda prática
educativa traz em si uma teoria do conhecimento e esta é uma afirmação incontestável e, mais in-
contestável ainda, quando referida à prática educativa escolar”.
No que tange às raízes da prática educativa baseada na cooperação, entendemos na con-
cepção de Johnson, Johnson e Smith (1998), de que a Aprendizagem Cooperativa enquanto prática
educativa teve sua origem baseada em três concepções teóricas: A teoria da interdependência
social, a teoria cognitivo-evolutiva e a teoria da aprendizagem comportamental, que, em conjun-
to, possibilitaram compreender a aprendizagem alicerçada nas relações da própria autonomia dos
estudantes.
Tais correntes contribuíram para uma nova perspectiva de aprendizado, baseada nas in-
ter-relações entre os próprios estudantes e seus protagonismos, oferecendo aos alunos a oportu-
nidade de refletir e analisar o contexto estudado, não apenas de receber e reproduzir o conteúdo
ensinado.
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O primeiro fundamento teórico que sustentou a Aprendizagem Cooperativa foi a Teoria da
Interdependência Social, que conferiu maior influência sobre essa aprendizagem. Por meio dessa
teoria foi instituída a concepção da essência de grupo, presente na interdependência dos seus mem-
bros, sendo que as relações entre os membros é vista como um “conjunto dinâmico” (JOHNSON;
JOHNSON; SMITH, 1998). A partir dessa premissa, é observado que qualquer alteração em um dos
membros, altera o todo do grupo. O que nos permite considerar que o todo se faz a partir da
dependência entre as partes e qualquer alteração que aconteça no âmbito das ações individuais
refletirá no âmbito coletivo.
Todo o trabalho de um grupo que se dispõe a aprender cooperativamente está relaciona-
do à interação que acontece no interior desse grupo, no contato estabelecido entre seus membros
e no modo como definem suas relações. Isso significa considerar as relações afetivas do grupo, a
forma como os integrantes se colocam diante de si e o consenso, fruto do diálogo estabelecido. Em
qualquer contexto coletivo ou perspectiva de trabalho em grupo, o modo como se comportam os
envolvidos no que tange ao comprometimento com o seu aprendizado e o aprendizado do outro,
definirá a interdependência2 construída pela equipe.
O ensino cooperativo se organiza por estratégias que ampliam o potencial do grupo, fazen-
do com que a formação dos membros do grupo seja influenciada pelo esforço individual e coletivo
(CARVALHO, 2015). Portanto, a relação de dependência é o que determina o sucesso do grupo.
Nesse sentido, podem surgir duas possibilidades de interdependência no grupo, a interde-
pendência positiva e a negativa (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998). Na interdependência positiva,
os estudantes trabalham a dependência entre si, isto é, há articulação e envolvimento de todos os
participantes, criando o que é considerado como cooperação. Na interdependência negativa, o gru-
po age com ausência de interdependência, isto é, trabalha independentemente do envolvimento
de um membro ou de outro, o que é considerado como competição e individualismo (JOHNSON;
JOHNSON; SMITH, 1998).
A medida que a Aprendizagem Cooperativa tem como premissa a cooperação – a partir da
teoria da interdependência social – ela se centra na interdependência positiva entre os membros
do grupo, o que significa que a cooperação foi fixada como ponto inicial. Ao passo que a cooperação
é gerada no grupo, há uma motivação intrínseca3 produzida pelos diversos fatores interpessoais dos
membros, o que culmina no desejo conjunto de alcançar os objetivos propostos (JOHNSON; JOHN-
SON; SMITH, 1998).
A segunda teoria alicerça a Aprendizagem Cooperativa à Teoria cognitivo- evolutiva. O
princípio dessa teoria é a cooperação, considerada um fator essencial para o desenvolvimento cog-
nitivo dos estudantes (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998). A coordenação de suas perspectivas é
centrada numa mesma meta e desenvolve-se como essencial, pois, a partir desse ponto, confrontam-
-se os saberes a seus contextos biopsicossociais e culturais, o que permite a construção gradativa
do conhecimento. Diante desse confronto, os alunos são impulsionados a refletir sobre uma mesma
situação nas diversas vertentes, à medida que interagem, o desenvolvimento acontece e o conheci-
mento é construído.
Johnson, Johnson e Smith (1998) afirmam que a teoria Teoria cognitivo- evolutiva tem os
autores Jean Piaget e Lev Semyonovich Vygotsky como seus principais interlocutores. Ambos se des-
2 Interdependência demonstra a ligação de um indivíduo com toda a raça humana e restabelece as bases da responsabilidade
moral para com os demais. Essa responsabilidade moral existe ao mesmo tempo em nível pessoal e em um plano social
(OUTHWAITE, W; BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento social do sec. XX. RJ. ed. Jorge Zahar.1996).
3 Motivação intrínseca, relacionada à força interior capaz de se manter ativa mesmo diante da adversidade.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
tacam tanto pela relevância dos estudos sobre o desenvolvimento humano, quanto pela importante
dimensão que deram ao processo de aprendizagem, propondo o conhecimento ser construído em
ambientes naturais de interação social e estruturado pela cultura (FERRARI, 2014).
Jean Piaget defende que a construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações
físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação, acomo-
dação e (re)assimilação dessas ações, assim, entram em construção esquemas sobre o conhecimento
construído. Piaget considera a inteligência como resultado de uma adaptação biológica, na qual o
organismo procura o equilíbrio entre assimilação e acomodação para organizar o pensamento. Para
o autor, o construtivismo compreende os indivíduos como ativos que, nas diversas etapas de vida,
procuram conhecer e compreender o que se passa à sua volta (OLIVEIRA, 1997).
Nessa lógica, os conflitos sócio cognitivos saudáveis ocorrem na Aprendizagem Coopera-
tiva e promovem o desequilíbrio cognitivo que, por sua vez, estimulam a habilidade de refletir e
posicionar-se sobre situações criadas no trabalho em grupo. Além disso, tais conflitos estimulam o
próprio desenvolvimento cognitivo e dão origem ao novo conhecimento, permitindo assim ampliar
o desenvolvimento do estudante (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998).
O outro interlocutor que se destacou na teoria cognitivo-evolutiva foi Lev Semyonovich
Vygotsky (1896-1934), influenciado fortemente por ideias marxistas, pelo materialismo históri-
co-dialético de Marx e por muitos escritos da psicologia. Vygotsky defendida que o alargamento das
relações sociais da criança, a promoção da linguagem simbólica e a estruturação do conhecimento
no ensino formal são fontes fartas para o crescimento do aluno (OLIVEIRA, 1997).
Oliveira, ainda complementa que:
[...] O homem é um ser histórico, que se constrói através de suas relações com o
mundo natural e social. O processo de trabalho é o processo privilegiado nessas
relações homem/mundo; A sociedade humana é uma totalidade em constante
transformação. É um sistema dinâmico e contraditório, que precisa ser compreendido
como processo em mudança, em desenvolvimento; As transformações qualitativas
ocorrem por meio da chamada “síntese dialética”, onde a partir de elementos
presentes numa determinada situação, fenômenos novos emergem (1997, p. 28).
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aprenderem de forma mais significativa.
A terceira teoria considerada como fundamento para Aprendizagem Cooperativa é a Teo-
ria da aprendizagem comportamental que – para além das questões intrínsecas nos indivíduos – os
motiva a aprender, também está relacionada com o “estímulo- resposta” e mantém estreita relação
com a motivação ligada a recompensas. Acredita-se que, quando os estudantes são recompensados,
trabalham com mais dedicação nas tarefas (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998).
Diante de suas raízes teóricas, é possível compreender que a Aprendizagem Cooperativa
se fundamenta na aprendizagem como uma experiência social que acontece durante o desenvolvi-
mento humano, isto é, durante toda a sua vida. Nesse processo, os estudantes são protagonistas
ativos da construção do conhecimento e os demais participantes são considerados mediadores de
toda a atividade.
Na maioria das vezes, a Aprendizagem Cooperativa diverge das metodologias utilizadas
no ensino, na maior parte das instituições, já que estas fomentam a passividade dos estudantes no
processo ensino-aprendizagem. O conjunto formado pela interdependência negativa, pelo individu-
alismo e pelas dificuldades surgidas no cotidiano distancia o estudante de uma forma de aprender
produtivamente.
A propósito, quanto às relações, às intervenções, às transformações na sociedade e à ati-
tude dos indivíduos na sociedade, Freire (1996) afirma que, os comportamentos cooperativos es-
timulam as atitudes éticas nessas interações, pois a capacidade de aprender não está somente em
adaptar- se à realidade, mas, antes, em intervir sobre ela no sentido de transformá-la.
Os três campos dessas teorias acreditam na Aprendizagem Cooperativa como promotora
de melhores atuações para os estudantes, se comparadas àquelas aprendizagens que valorizam o
individualismo e a competitividade (OLIVEIRA, 1997).
Slavin (1989) entende a Aprendizagem Cooperativa como uma junção de métodos na qual
os estudantes em pequenos grupos desenvolvem seus trabalhos. Nesse sentido, os integrantes aju-
dam-se mutuamente, debatem problemas, apoiam-se, discutem conceitos e pontos de vista. Slavin
também ressalta que, neste tipo de aprendizagem, há uma reestruturação do modelo de estudo e
da responsabilidade individual de cada estudante a partir da qual todos os membros aprendem na
interação e na cooperação.
Balkcom (apud LOPES; SILVA, 2009) complementa a ideia de Slavin, afirmando que os gru-
pos de Aprendizagem Cooperativa são constituídos por estudantes de lugares, características,
capacidades e competências diferentes, numa heterogeneidade considerada positiva, já que os as-
suntos são vistos por experiências múltiplas.
Neste sentido, Leitão (2006) complementa dizendo que, a heterogeneidade dos grupos é
ponto decisivo na Aprendizagem Cooperativa, principalmente no que se refere na relação às variá-
veis, como as competências acadêmicas e sociais, o gênero, a etnia e a cultura. Essa multiplicidade
de fatores se opõem às metodologias tradicionais que, na maioria das vezes, constituem-se com
base na homogeneidade.
Vaz (2009, p. 12) ressalta ainda que, a Aprendizagem Cooperativa é “algo que vai para além
da ajuda aos estudantes na aprendizagem de conteúdo. Ele ainda a considera como ato social, gera-
do no alento cooperativo de partilha, de compreensão e de resolução de problemas.
Ludovino (2012) apresenta a Aprendizagem Cooperativa como uma proposta metodológica
que oferece a oportunidade de desenvolvimento de outras habilidades sociais como o trabalho em
equipe, a comunicação, a cooperação, a interação, o pensar e o avaliar no coletivo, sendo estes as-
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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Promove o aumento da autoestima; Melhora a satisfação do aluno com as
experiências de aprendizagem; Encoraja os estudantes a procurar ajuda a aceitar a
tutoria dos outros colegas; A ansiedade na sala de aula é significativamente reduzida
Benefícios com a Aprendizagem Cooperativa; A ansiedade nos testes é significativamente
psicológicos reduzida; Cria uma atitude mais positiva dos estudantes em relação ao professor,
elementos do conselho executivo e outros agentes educativos e uma atitude mais
positiva dos professores em relação aos seus estudantes; Estabelece elevadas
expetativas para estudantes e para os professores.
Desenvolver competências de pensamento de nível superior; Estimula o
pensamento crítico e ajuda os estudantes a clarificar ideias da discussão e do
debate; O desenvolvimento das competências e da prática podem ser melhorados
e tornarem-se menos aborrecidas por meios das atividades de Aprendizagem
Cooperativa dentro e fora da aula; Desenvolve as competências metacognitivas
nos estudantes; As discussões cooperativas melhoram a recordação do conteúdo
do texto por parte dos estudantes; Cria um ambiente de aprendizagem ativo,
envolvente e investigativo; Proporciona treino sobre as estratégias de ensino
eficazes para a próxima geração de professores; Ajuda os estudantes a deixarem
de considerar os professores como as únicas fontes de conhecimento e saberes;
Promove os objetivos de aprendizagem em vez dos objetivos de desempenho;
Permite aos estudantes exercitarem um sentimento de controlo sobre a tarefa;
Melhora o rendimento e a assiduidade às aulas; Contribui para o desenvolvimento
de uma atitude mais positiva em relação às matérias; Aumenta a capacidade de
Benefícios retenção do estudante; Aumenta a persistência dos estudantes na conclusão dos
acadêmicos exercícios e a probabilidade de serem bem-sucedidos na conclusão dos mesmos;
Os estudantes permanecem mais tempo na tarefa e apresentam menos problemas
disciplinares; estudantes Promove a inovação nas técnicas de ensino na sala de
aula; Desenvolve a demonstração ou exemplificação de técnicas de resolução de
problemas pelos colegas; Permite a atribuição de tarefas mais desafiadoras sem
tomar a carga de trabalho excessiva; Os estudantes mais fracos melhoram o seu
desempenho quando se juntam com colegas que têm melhor rendimento escolar;
Proporciona aos estudantes que têm melhores notas a compreensão mais profunda
que apenas resulta de ensinarem a matéria aos outros; Leva à produção de mais
e melhores questões na aula; Os estudantes exploram soluções alternativas para
os problemas num ambiente seguro; Permite atender às diferenças de estilos de
aprendizagem dos estudantes; É especialmente útil na aprendizagem das línguas
estrangeiras em que as interações que envolvem o uso da língua são importantes;
É especialmente importante no ensino da matemática; Enquadra-se bem na
abordagem construtivista de ensino-aprendizagem.
Proporciona formas de avaliação alternativas tais como a observação de
Benefícios grupos, avaliação do espírito do grupo e avaliações individuais escritas curtas;
na Proporciona feedback imediato aos estudantes e ao professor sobre a eficácia de
avaliação cada turma e sobre o progresso dos estudantes, a partir da observação do trabalho
individual e em grupo.
Fonte: LOPES & SILVA (2009, p. 50-51).
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
O trabalho em grupo ocupa uma pequena parcela das propostas percorridas pelos estu-
dantes, sendo que na maior parte dos trabalhos realizados na universidade ocorrem de forma in-
dividualizada. Logo, a competição está sempre presente, na maioria das vezes, os bons estudantes
recebem destaques, o que, de certa forma, promove o desincentivo aos de mais baixo rendimento
(LUDOVINO, 2012). O ensino cooperativo se organiza por estratégias que ampliam o potencial do
grupo e isso se reflete de tal maneira que o caminhar dos membros do grupo cooperativo é influen-
ciado pelo esforço de cada um (CARVALHO, 2015).
A estrutura de um grupo de Aprendizagem Cooperativa se difere dos grupos de aprendiza-
gens tradicionais, pois trabalhar de forma cooperativa vai além de juntar os estudantes e trabalhar
os conteúdos.
Freitas & Freitas (2002, p. 8), reforçam essa ideia, afirmando:
Uma coisa é juntar alguns estudantes e distribuir-lhes uma tarefa para resolver em
grupo, sem fixar condições em que tal tarefa se deve desenvolver, esperando que
por acaso esse trabalho resulte, e outra é estrategicamente definir com rigor um
conjunto de regras e ensinar os estudantes a respeitá-las e cumpri-las, ao longo do
ano letivo, velando para que os resultados sejam os melhores.
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fator determinante.
Para criação do ambiente de Aprendizagem Cooperativa é necessário o desenvolvimento
de elementos principais no grupo ou de componentes básicos para que a Aprendizagem Cooperati-
va seja estruturada.
Andrade Neto (2007) diz que nos grupos cooperativos os estudantes devem contar com o
docente ou com um estudante facilitador e colaborador na organização das atividades do grupo.
Essa pessoa também é responsável pela garantia da presença dos cinco elementos da Aprendizagem
Cooperativa: a interdependência positiva, a responsabilidade individual, a interação promotora, as
habilidades sociais e o processamento em grupo ou avaliação do grupo.
No que tange ao Programa estudado, no FOCCO, o estudante responsável pela organização
do grupo cooperativo e pela garantia da execução dos seus elementos é denominado de bolsista
articulador da célula cooperativa.
Compreendemos como interdependência positiva, uma dependência entre cada membro
do grupo, ligados uns aos outros. Neste sentido, na medida em que os estudantes interagem, a
cooperação e o sucesso acontecem mutuamente. Exemplifica-se a interdependência positiva no sen-
tido de que “os estudantes devem acreditar em que, ou todos nadam juntos, ou todos afundarão”
(JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998, p. 95).
O segundo elemento essencial da Aprendizagem Cooperativa é a responsabilidade indi-
vidual, pois cada membro do grupo deve compreender e responsabilizar-se pela sua parcela no
aprendizado do que se propuseram a estudar e pelas metas estabelecidas, sendo que estas são
alcançadas pelo esforço individual de cada estudante. Lopes & Silva (2009) complementam dizen-
do que, a Aprendizagem Cooperativa objetiva potencializa as capacidades individuais na intenção
de que os estudantes aprendam conjuntamente para melhorar como indivíduos. Nesse elemento,
o grupo consegue identificar a potencialidade e a fragilidade de cada estudante, podendo ajudar,
apoiar e incentivar aqueles que possuem maiores dificuldades.
Quanto ao elemento de interação promotora, Lopes & Silva (2009) salientam que, o “olho
no olho” e a “face a face” entre os estudantes são importantes para a promoção da interação en-
tre os eles para o comprometimento pessoal. Além disso, tal interação melhora o aprendizado e
promove o conhecimento mútuo em nível profissional e pessoal. Johnson; Johnson & Smith (1998,
p. 95) corroboram com a interação promotora, afirmando que, a “face a face” propicia processos
cognitivos como o de explicar verbalmente o jeito de resolver problemas, passar o conhecimento de
um para os demais colegas e conectar o presente com o que foi aprendido no passado.
No que tange ao quarto elemento da Aprendizagem Cooperativa, Johnson; Johnson & Smi-
th (1998) colocam a importância do desenvolvimento diante das habilidades sociais e da motivação
para que sejam fortalecidas. São as habilidades sociais e sua articulação no grupo que irão resultar
no maior sucesso e no alcance dos objetivos propostos pelo grupo.
A medida que a cooperação é desenvolvida, a construção das competências sociais é mais
acentuada. Lopes & Silva (2009) destacam que, “o falar” somente quando o outro estudante termi-
na de se expressar, elogiar os colegas, dividir os materiais, pedir ajuda quando necessário, dizer coi-
sas agradáveis, encorajar os outros e se comunicar de forma clara são exemplos dessas habilidades
sociais. É necessário atenção para o desenvolvimento das habilidades, pois quando não ocorrido, a
Aprendizagem Cooperativa pode ser prejudicada.
Por último, não menos importante, o quinto elemento se refere ao processamento em
grupo ou avaliação do grupo. Nessa etapa os estudantes refletem e analisam como estão se saindo
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
em relação às atividades para o alcance dos objetivos propostos, identificando como estão as ações,
quais foram os pontos positivos e quais os negativos que devem ser alterados, bem como, os próxi-
mos encontros a serem realizados.
Cada integrante recebe o feedback da sua participação no grupo, sendo que esse retorno é
emitido pelo próprio grupo com a finalidade de se mutuo ajudar, dessa maneira, realiza-se a manu-
tenção do sentimento de cooperação.
Referências
ANDRADE NETO, Manoel; MAZZETO, Selma Eliane. Mútua Cooperação entre estudantes como
estratégia de inclusão através da educação. PerCursos. 2007. Disponível em: <http://www.
periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1502/1268>. Acesso em: 10 de Jun. 2017.
CARVALHO, Frank Viana. Trabalho em Equipe, Aprendizagem Cooperativa e Pedagogia da
Cooperação. São Paulo: Scortecci, 2015.
20
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21
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
22
Inicialmente, os termos colaborar e cooperar podem ser considerados sinônimos. Contudo,
quanto à aplicação prática os termos diferenciam-se, o termo colaborar tem maior amplitude que o
termo cooperar, o que faz da Aprendizagem Cooperativa um subtipo da Aprendizagem Colaborativa.
Tendo em vista a frequente utilização dos termos “Aprendizagem Cooperativa” e “Aprendizagem
Colaborativa” como sinônimos, este estudo tem como objetivo descrever as distinções entre as duas
formas de aprendizagens, levando em consideração as suas diferenças.
Assim, nos propusemos desenvolver uma pesquisa descritiva, por meio de uma Revisão
Bibliográfica Qualitativa, com o levantamento de produções referentes à Aprendizagem Cooperativa
e à Aprendizagem Colaborativa, em específico, estabelecendo as diferenças entre as diferentes me-
todologias de aprendizagens.
Como veículo de pesquisa foi utilizada a base de dados da Coordenação de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior (CAPES), buscou-se produções científicas através dos descritores:
Aprendizagem Cooperativa e Aprendizagem Colaborativa. Os critérios utilizados para a inclusão fo-
ram: 1) produções encontradas no CAPES; 2) publicações entre os anos de 2008 a 2018; 3) textos re-
lacionados com a Aprendizagem Cooperativa e a Aprendizagem Colaborativa, destacando-se as suas
características e as suas diferenças; e 4) textos disponíveis em português. A pesquisa foi realizada no
primeiro semestre (janeiro a fevereiro) de 2018. Utilizou-se como critérios de exclusão livros, teses
e artigos que não retratassem o objetivo proposto para o trabalho de pesquisa.
Foram encontrados 219 artigos que tratavam a respeito da Aprendizagem Cooperativa, en-
tretanto apenas 5 foram utilizados para compor os resultados, visto que estes respondiam aos obje-
tivos da pesquisa. Já referente à Aprendizagem Colaborativa foram encontrados 342 artigos, sendo
que apenas 5 foram utilizados na composição dos resultados. A seleção dos artigos, em ambos os
casos, se deu através da leitura de títulos e de resumos, quando se encaixavam aos objetivos da
pesquisa realizava-se a leitura completa dos selecionados.
Assim, os 10 artigos selecionados foram analisados pelo método de Análise de Conteúdo,
seguindo as fases de: 1) Pré-análise, através da leitura flutuante, que consiste no primeiro contato
com os textos; 2) Exploração do material: identificação das inferências qualitativas e trabalho com
significações relacionadas ao objetivo proposto pelo estudo e; 3) Tratamento dos dados com a sín-
tese interpretativa: desmembramento do texto em unidades/categorias analíticas (BARDIN, 2008).
Após leitura crítica e reflexiva, foram identificados conceitos das duas metodologias de
aprendizagem (Quadro 1).
23
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
“[...] deve ser entendida como Andrioli (2009) “A prática cooperativa se constitui
Diversidade, uma prioridade das práticas num espaço de educação, tendo
redundância e educacionais, pois ela pode A educação por referência a construção do
competência emergir espontaneamente ou ser cooperativa conhecimento, com vistas à
distribuída em um provocada pelos agentes de um numa perspectiva humanização a partir do trabalho”
sistema virtual de dos sistemas educacionais” (p. 3). marxista (p. 6).
Aprendizagem
Colaborativa
Bedran e Barbosa Tavares e Sanches
(2016) (2013)
“[...] o foco é o processo, ao Gerir a Definem-na, não como uma única
passo que as atividades não são diversidade:
Prática técnica, mas como “mistura”
estruturadas – os papéis dos contributos da
Colaborativa: de “técnicas de trabalho em
membros são definidos à medida Aprendizagem
concepções pequenos grupos com objetivos de
que a atividade se desenvolve” (p. Cooperativa para
e reflexões a cooperação” (p. 7).
9). a construção
partir de uma
perspectiva de salas de aula
sociocultural inclusivas
Basso, Bona e “[...] a cooperação como uma
Pescador et al., interação requer a formação de
Santos e “[...] o conhecimento constrói- (2013) vínculos e de reciprocidade afetiva
Quaresma (2013) se na interação entre grupos de entre os sujeitos do processo de
alunos e os mais experientes Redes sociais: aprendizagem [...]” (p. 9).
ajudam os menos experientes na espaço de
resolução conjunta de tarefas” (p. aprendizagem
Plataforma 4). digital cooperativa
Colaborativa para
a Geometria
Fonte: Elaborado pelos autores.
24
De acordo com quadro acima é possível observar, que há diferenças entre as duas meto-
dologias. Conforme Renzo, Nascimento e Maquêa (2017), o atual contexto educacional motiva os
professores e os estudantes a desenvolver atividades de maneira coletiva e colaborativa, fomentan-
do o acesso e a construção do conhecimento, desenvolvendo habilidades e competências de forma
significativa e relevante. Conforme as autoras, a Aprendizagem Cooperativa “apresenta-se com va-
lores do construtivismo, que propiciam a autonomia, a reflexão e o empreendimento protagonista e
apoia-se nas teorias de raiz socioconstrutivista”, valores esses elementares para as discussões atuais
sobre os processos de aprendizagens.
A Aprendizagem Cooperativa emerge inicialmente, através de estudos desenvolvidos nos
anos oitenta, principalmente pelos pesquisadores Johnson & Johnson com vistas à psicologia social
de Piaget e Vygotsky. Nos dias atuais, a Aprendizagem Cooperativa surge como resposta às exigên-
cias da globalização e a constante transformação social, na qual o conhecimento evolui rapidamen-
te, sendo ainda, considerada como uma metodologia dentro dos processos de ensino-aprendizagem
(CARVALHO, 2010; VALENTE, 2010).
Neste contexto, as metodologias ativas são desenvolvidas tendo como objetivos buscar o
protagonismo do estudante, a autonomia e a interdependência na gestão do próprio conhecimento,
tendo em vista que, os processos cognitivos e sociais são articulados na construção de identidades e
subjetividades, além de fortalecer o laço das relações humanas nos processos educacionais. Nesse
sentido, o processo de aprendizagem se faz por meio das experiências entre o educador e o estudan-
te de modo compartilhado (RENZO, NASCIMENTO & MAQUÊA, 2017).
Podemos observar que a Aprendizagem Cooperativa é uma metodologia na qual os alunos
trabalham em conjunto, encorajando-se para aprender e são responsáveis pela sua aprendizagem
e pela aprendizagem dos seus colegas de equipe. Pode-se enfatizar, de acordo com Lopes e Silva
(2009, p. 20), “é uma metodologia com a qual os alunos se ajudam no processo de aprendizagem,
atuando como parceiros entre si e com o professor, visando adquirir conhecimentos sobre um dado
objeto”.
A Aprendizagem Cooperativa vai além do trabalho em grupos, uma vez que se faz neces-
sária a presença de cinco elementos básicos para o desenvolvimento de um trabalho cooperativo.
Dentre os quais Lopes e Silva, (2009), destacam: 1) Interdependência Positiva; 2) Interação social
“Face a Face”; 3) Responsabilidade Individual; 4) Habilidades Sociais e; 5) Processamento de Grupo.
Neste contexto, a Aprendizagem Cooperativa oferece grandes potencialidades educativas,
tais como a motivação para a aprendizagem, tempo de envolvimento nas atividades de aprendi-
zagem, atenção, desempenho na resolução de problemas, satisfação com a instituição de ensino,
autoestima, atribuições causais para o sucesso baseadas no esforço e empenho, relações sociais,
atitudes perante a diferença e o sentido de grupo (VAZ, 2009; MADEIRA, 2010; POLICARPO, 2010).
Segundo Santos, Júnior & Neta (2016) corroboram, estas cinco características mencionadas
anteriormente se diferenciam da Aprendizagem Cooperativa e do trabalho tradicional em grupo. Os
autores argumentam que esses grupos são chamados de equipes, tendo em vista que se baseiam no
princípio de interdependência entre seus membros.
Quanto as diferenciações mais importantes entre os termos “colaboração” e “cooperação”,
os mesmos se diferem no que tange ao método de pesquisa e à forma de aprendizagem, baseando-
-se no que expõe Basso, Bona, Pescador et al., (2013):
25
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
[...] cooperar na ação é operar em comum, isto é, ajustar por meio de novas
operações (qualitativas ou métricas) de correspondência, reciprocidade ou
complementariedade, as operações executadas por cada um dos parceiros.
[...], e colaborar, entretanto, resume-se à reunião das ações que são realizadas
isoladamente pelos parceiros, mesmo quando o fazem na direção de um objetivo
(IDEM, 2013, p. 143).
De acordo com Souza & Dourado (2015), no que diz respeito à Aprendizagem Colaborati-
va, o trabalho em grupo promove uma oportunidade de formação pessoal e social. A colaboração
oferece o espaço para reconstrução do conhecimento, que se configura como um conhecimento de
situação problemática. |Deste modo, a colaboração dos membros da equipe será coordenada por
um processo de entre ajuda para a aprendizagem, de modo a haver uma relação entre o conteúdo
estudado e as próprias vivências dos estudantes.
Ambas as formas de aprendizagem “baseiam-se no ensino dos alunos por eles mesmos”,
conforme destaca Frison (2016) os estudantes se adequam para começarem o desenvolvimento
de uma visão mais crítica e reflexiva. Essa construção de habilidades sociais está além do próprio
conhecimento científico e pedagógico, sendo reflexo entre o convívio social dos atores sociais den-
tro do processo educativo, abrangendo e proporcionando o desenvolvimento da autonomia para
o papel auto formativo, complementando a formação de futuros profissionais e cidadãos. Assim, a
atuação do professor facilitador com ambas as metodologias torna-se algo constantemente desafia-
dora. Requer que este profissional se molde constantemente às novas metodologias e estratégias
de colaboração. Tem-se a necessidade de utilização das novas tecnologias de informação e comu-
nicação, em grande parte, conta com o apoio da inclusão social, sendo pertinente a valorização da
reciprocidade, do incremento da cidadania e da educação.
Estudos atuais comprovam que as metodologias de ensino e de aprendizagem vêm se for-
talecendo dentro das universidades brasileiras, os quais apresentam resultados positivos. Johnson,
Johnson & Smith (1998), já apresentava que, a Aprendizagem Cooperativa já estava sendo aplicada
dentro das universidades. Atualmente, Renzo, Nascimento e Maquêa (2017), ao longo de um estudo
sobre o Programa Formação de Células Cooperativas (FOCCO), da Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT), descrevem a importância do programa, o qual oferece bolsas aos acadêmicos
para o desenvolvimento de células de Aprendizagem Cooperativa. Dos postos apresentados, estão o
acolhimento ao estudante, na ajuda mútua entre os participantes, desenvolvimento de habilidades
cognitivas e sociais, além de incentivar a permanência do estudante dentro da universidade.
Do mesmo modo a autora Mocheuti (2018), explora o universo do estudante da UNEMAT,
por meio de uma análise qualitativa, podendo compreender o programa FOCCO em uma perspecti-
va in loco. A autora reafirma os achados acima, expõe que a Aprendizagem Cooperativa vem sendo
considerada uma metodologia ativa, proporcionando ao estudante a possibilidade de desenvolver
o protagonismo, a autonomia na construção do conhecimento, melhora da autoestima e da satis-
fação com os estudos, pautado não somente pelo desejo do aprendizado, mas pela experiência de
como aprender com o outro e de compartilhar seu aprendizado. Expõe no decorrer do estudo que
a Aprendizagem Cooperativa, por meio do FOCCO, possibilita o crescimento dos estudantes não
somente quanto ao aspecto acadêmico, mas também em nível pessoal, contribuindo para o reforço
da necessária cultura de cooperação na universidade.
26
Considerações Finais
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29
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
30
de uma sociedade democrática, crítica, reflexiva, cooperativa, empática e menos segregadora (FO-
NAPRACE, 2007).
Nesse sentido, o estudo tem como objetivo descrever como se caracteriza e se desenvolve
a Aprendizagem Cooperativa na Educação Superior, enfoque no Programa de Formação de Células
Cooperativas (FOCCO), implementado no ano de 2012 na Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), por meio de uma Revisão Narrativa.
Assim, realizou-se uma Revisão Bibliográfica com o levantamento dos dados, nas bases
de dados de pesquisa: Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar, por meio de palavras-chave:
Aprendizagem Cooperativa; Educação Superior; Universidade. Os critérios utilizados para a inclusão
foram: 1) publicações que retratam sobre a AC na educação superior 2) Artigos, Livros, Dissertações
e teses; (3) Textos disponíveis na íntegra e em idioma português. Não delimitou-se o período de
publicação, tendo em vista que, trata-se de um método relativamente recente em que tem-se uma
escassez de publicações.
Após levantamento dos textos, os selecionados foram analisados, por meio do método de
Análise de Conteúdo, seguindo as etapas de: 1) Pré-análise, leitura flutuante, havendo um primeiro
contato com os textos; 2) Exploração do material: identificação de significações relacionadas ao ob-
jetivo proposto pelo estudo e; 3) Tratamento dos dados e síntese interpretativa: desmembramento
dos resultados em categorias analíticas (BARDIN, 2008).
31
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Congênere, Slavin & Balkcom (apud LOPES; SILVA, 2009) ressaltam que, os grupos coope-
rativos contemplam diversas singularidades, uma vez que, a heterogeneidade entre os estudantes
é o diferencial desse método, pois, ao formular um conceito ou compreensão sobre algo, é possível
perceber um objeto de diversas formas e em distintas realidades, já que os grupos de AC são for-
mados por estudantes de lugares diferentes, os quais contemplam características, capacidades e
competências diferentes.
Conceito que é reforçado pela ideia de Vaz (2009, p.12, apud, Mocheuti, 2018, p. 59).
Vaz (2009, p. 12) ainda ressalta que a Aprendizagem Cooperativa é “algo que vai
para além da ajuda aos estudantes na aprendizagem de conteúdo, sendo que –
por meio desta forma – também se articulam, competências escolares, metas e
objetivos sociais e democráticos”.
32
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Esse processo transicional é compreendido por
Di Renzzo; Nascimento e Maquêa (2017) como um desafio, tendo em vista que o estudante confron-
ta-se com a necessidade de desenvolver habilidades que, por vezes, foram suprimidas, todavia são
indispensáveis para a interdependência na vida acadêmica e consequentemente na vida social.
No que tange a evasão estudantil do ensino superior, no ano de 2014, o Plano Nacional de
Educação, por meio da Lei n° 13.005, fixou o objetivo de reduzir a taxa de evasão de alunos do ensi-
no superior. Assim, a UNEMAT buscou, por meio do programa FOCCO, facilitar o processo de ensino
e de aprendizagem por meio do protagonismo estudantil, da proatividade, da reflexão, do trabalho
em grupo, da cooperação, da solidariedade entre os estudantes, utilizando-se das abordagens peda-
gógicas que se opunham às neoliberais, com uma ressignificação da aprendizagem e da graduação,
motivando o estudante a concluir sua graduação (DI RENZO; NASCIMENTO; MAQUÊA, 2017).
Di Renzo; Nascimento & Maquêa (2017) ponderam que, para a Aprendizagem Cooperativa
acontecer nas Instituições de Ensino Superior, este processo deve ser antecedido pelos debates
grupais, afim de compreender o contexto dessa metodologia ativa, já que são as caraterísticas desse
processo que distinguem a AC da metodologia tradicional de ensino.
O exposto por Di Renzo, Nascimento & Maquêa em 2017, encontra-se em consonância com
o descrito por Johnson; Johnson & Smith (1998, p. 4), quando estes retratam que “sempre que dois
elementos interagem, o potencial para a cooperação existe. Mas é somente sob certas condições
que a cooperação realmente existirá.”
Nesse sentido, o como fazer as células de Aprendizagem Cooperativa vai emergir de al-
gumas concepções, das quais Ovejero (1990; apud, MOCHEUTI, 2018), dispõe que para ocorrer a
aprendizagem, os grupos devem estar estabelecidos e as atividades devem estar divididas entre os
membros. No grupo de Aprendizagem Cooperativa, o objetivo é o aprendizado significativo, autôno-
mo e responsável, no qual só acontece se cada integrante desenvolver sua atividade, de forma que
as concepções ao final dos debates e diálogos perpassem todas as interpretações realizadas pelos
componentes, alcançando-se os objetivos em comum.
Frente a conjuntura supracitada, Johnson, Johnson & Smith (1998; apud, Mocheuti, 2018,
p. 61) reforçam a ideia de que “a eficiência dos grupos de aprendizagem está nas inter-relações
estabelecidas pelos estudantes, já que eles compartilham a teoria, a pesquisa e a prática do que é
discutido no grupo”.
Partindo da afirmação de Johnson, Johnson & Smith, Freitas & Freitas (2002, p. 37; MO-
CHEUTI, 2018, p. 61), descrevem as características que diferem os grupos de Aprendizagem Coope-
rativa e o grupo tradicional, no que tange, organização e objetivos.
33
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
grupo, ênfase na tarefa, é assumida a existência dos skills8 sociais, pelo que se
ignora o seu ensino, o professor ignora o funcionamento do grupo, o grupo não
acompanha a sua produtividade (FREITAS; FREITAS, 2002, p. 37).
34
tes, favorecendo o vínculo e facilitando o diálogo, a interdependência positiva, em prol de um obje-
tivo único. Neste ainda tem-se o alocamento dos integrantes em círculos de forma que os membros
se enxerguem como iguais e portadores de conhecimentos que são validos a serem apresentados e
debatidos em grupo.
Além destas, a formação dos grupos cooperativos, devem seguir dois critérios indispensá-
veis: 1) grupos que apresentem uma heterogeneidade; 2) objetivos e interesses comuns. Conside-
rando a heterogeneidade da população que integram o grupo de diferentes classes sociais, étnias e
culturas, a Aprendizagem Cooperativa deve integrar a todos os participantes do grupo, mesmo que
estes estejam de níveis intelectuais diferenciados (JOHNSON; JOHNSON; SMITH, 1998, TEIXIERA,
2013).
Frente a conjuntura supracitada, constata-se que a interação social obtém papel indispen-
sável na efetividade da Aprendizagem Cooperativa, uma vez que, as atividades são desenvolvidas
pelo trabalho em conjunto entre os estudantes, afim de resolver as problemáticas, concluir projetos
ou alcançar objetivos pedagógicos comuns. O protagonismo estudantil é promovido, a partir da
interdependência, contribuindo com o estimulo da aprendizagem e do rendimento acadêmico indi-
vidual e social (DI RENZO; NASCIMENTO & MAQUÊA, 2017).
Quando utiliza-se dos cinco elementos, segundo Di Renzo; Nascimento & Maquêa (2017,
p. 206), acreditam que a aprendizagem “prepara os alunos para aprender a aprender, não apenas
assimilar determinado conjunto de conhecimentos e repeti-los, é uma condição para a formação de
pessoas emancipadas que estejam prontas para enfrentar um mundo contingente, e não há como
prever como será em pouco tempo.”
Os debates sobre a AC apontam ser uma estratégia que contribui com o combate à discri-
minação social, pois permite reduzir estereótipos e preconceitos, além de promover a difusão do
conhecimento entre os membros do grupo, com base nas distinções e similaridades, na perspectiva
da experimentação de um caminho de construção de aprendizagens comuns (LOPES; FERNANDES;
NASCIMENTO, 2010). É por meio da Aprendizagem Cooperativa que poder-se-á alcançar certos
objetivos à efetivação do ensino, do progresso das relações vivenciadas entre pessoas com aptidões
sociais diferenciadas. Além disso, com a co-responsabilização dos sujeitos, a distinção de tarefas
dentro do grupo promove a melhoria do desenvolvimento acadêmico de todos os estudantes parti-
cipantes, sendo favorável a promoção da igualdade de oportunidades (TEIXEIRA, 2013).
Considerações Finais
Considera-se que na perspectiva cooperativa, os alunos são vistos como indivíduos que
atuam autonomamente para a construção do seu próprio conhecimento. Desta forma, fomenta-se a
autoconfiança, a autonomia e a responsabilidade. Alguns investigadores apresentam que a AC tende
a promover um ambiente de aprendizagem, em que, o estudante tem um papel ativo e pode refletir
sobre suas ações junto ao grupo de estudo.
Assim, o estudante é incentivado a interagir com os demais componentes do grupo, de
maneira que todos possam pensar, opinar, propor sugestões e debater, evitando-se o competitivís-
simo e a individualidade. Ao contrário de se ter apenas um envolvimento individual, há um esforço
intelectual conjunto entre os sujeitos, na busca por soluções, aprendizagens e produção de conhe-
cimento, reconhecendo a capacidade do apoio mútuo, partilha de informações e sentimentos, além
de incluí-los nos processos reflexivos e formativos.
35
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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Humanidades e Tecnologias, Dissertação (Mestrado em Educação Especial no Domínio Cognitivo e
Motor). Lisboa: Instituto de Educação, 2010.
37
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade, para além de apresentar conceitos acerca da Apren-
dizagem Cooperativa, destacar os princípios e a da aplicação do Programa Focco, no curso de Licen-
ciatura em Pedagogia, Câmpus universitário de Cáceres, da Universidade do Estado de Mato Grosso
(Unemat. Desse modo, compreendemos que a Aprendizagem Cooperativa é uma metodologia de
ensino e de aprendizagem que se baseia na cooperação mútua entre integrantes de um mesmo
grupo para adquirir conhecimento sobre um determinado assunto ou objeto. Essa metodologia se
destaca nos diferentes espaços educativos e nos variados níveis de escolaridade, uma vez que, sua
eficácia é comprovada em pesquisas educacionais. A abordagem metodológica da pesquisa é de
cunho quantitativo e qualitativo, cujos resultados evidenciam a possibilidade de identificar os avan-
ços nas atividades pedagógicas dos celulandos atendidos pelo referido programa.
Introdução
A educação, seja ela formal e/ou não formal, tem enfrentado, ao longo do tempo, o desafio
de promover desenvolvimento humano que forme sujeitos sociais na perspectiva de implementa-
ção de uma sociedade justa e humanitária.
As ações do protagonismo, da proatividade e do trabalho cooperativo desenvolvido pelo
educando dentro da Aprendizagem Cooperativa proporciona o desenvolvimento de habilidades fun-
damentais para o exercício da cidadania e a constituição de uma sociedade humanitária que com-
preende as relações sociais estabelecidas em prol dos interesses e das necessidades dos cidadãos
que a compõem.
Assim, a Aprendizagem Cooperativa é uma técnica ou metodologia pedagógica com a qual
os estudantes se ajudam no processo de aprendizagem, sendo parceiros entre si e/ou com o pro-
fessor. Segundo Campos et al. (2003), o objetivo da Aprendizagem Cooperativa fundamenta-se em
adquirir conhecimentos sobre um determinado assunto ou objeto.
Ao mesmo tempo, os indivíduos envolvidos num grupo desenvolvem habilidades para o
trabalho em equipe. Nesse sentido, para os irmãos David W. Johnson e Roger T. Johnson (1998), a
Aprendizagem Cooperativa produz resultados positivos, principalmente no desempenho acadêmico
dos estudantes.
38
No Brasil a Aprendizagem Cooperativa é fortemente perceptível no Estado do Ceará, onde
está inserida em todas as áreas do conhecimento e níveis de educação. Influenciados pelo ideal do
professor Manoel de Andrade, docente da Universidade Federal do Ceará (UFC), criou-se o Progra-
ma de Educação em Células Cooperativas (PRECE) que nasceu em 1994, na cidade de Pentecoste,
localizado a 103 km da capital, Fortaleza. Com o intuito de ajudar os moradores daquela localidade
a concluírem seus estudos, devido à falta de escolas com oferta do Ensino Médio, um grupo de sete
jovens reunia-se com frequência para estudar embaixo de uma árvore e, posteriormente, na casa
de farinha.
A cada reunião, escolhia-se um tema ou disciplina que seria estudado e discutido com o
grupo, compartilhando assim a troca de conhecimentos. Essa metodologia trouxe como resultados
a aprovação de um dos pioneiros do grupo a ser classificado em primeiro lugar no curso de Licencia-
tura em Pedagogia da Universidade Federal do Ceará.
Tal acontecimento, segundo Masetto (1998, p. 6), “motivou o grupo de estudantes e atraiu
grande número de interessados a participarem”. Dessa forma, vieram mais aprovações nos cursos
de Engenharia, Geografia, Química, entre outros. Mesmo após a aprovação no vestibular, os novos
acadêmicos voltavam para as comunidades, contribuindo, cooperando, se solidarizando e motivan-
do os novos integrantes que sonhavam em ingressar na faculdade.
Essa prática de ensino perpassa por conceitos que embasam a Aprendizagem Cooperativa,
postulados por investigações a partir das pesquisas de Johnson & Johnson (1998), dentre as quais
destacamos: a interação face a face, que oportuniza a inter-relação entre os estudantes, criando si-
tuações que permitem que todos tenham acesso à explicação, à elaboração de projetos e à relação
entre os conteúdos a serem estudados; a responsabilidade Individual, em que cada elemento do
grupo sente-se responsável pela sua própria aprendizagem e pela dos demais integrantes do grupo,
contribuindo ativamente para o processo de aprendizagem de todos os seus membros; a constitui-
ção de habilidades sociais que propicia a constituição individual e a coletiva de responsabilidade
social; desenvolvimento de competências como comunicação, confiança, liderança, decisão e reso-
lução de conflitos que permitem a ação proativa diante dos desafios individuais e dos coletivos; o
processamento de grupo que perpassa pela avaliação, a partir de balanço regular e sistemático do
funcionamento do grupo e da progressão nas aprendizagens; e, por último, o desenvolvimento da
interdependência positiva acerca do grupo de estudo, em que o sentimento/pertencimento no e/
ou do trabalho em equipe em prol de um objetivo comum faz com que cada um se preocupe com a
aprendizagem dos componentes do seu grupo de estudo.
Nesse sentido, Di Renzo, Nascimento & Maquêa (2017) destacam que:
Em muitos lugares do mundo metodologias ativas – que, como se sabe, não são
nenhuma novidade do presente – são experimentadas e cada vez mais estão
sendo implementadas na busca do protagonismo do estudante, objetivando sua
autonomia e interdependência no acesso e na gestão do conhecimento (p. 204).
39
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
O educar pela pesquisa tem como base o questionamento reconstrutivo, em que a constru-
ção do conhecimento se dá através de uma reformulação de teorias e conhecimentos existentes. O
questionamento reconstrutivo encaminha um novo tipo de construtivismo, em que se retira a ênfa-
se da construção e direciona-a para uma reconstrução do conhecimento (DEMO, 1997).
A pesquisa, nessa perspectiva, rompe o tradicionalismo e paradigmas já consagrados, e,
com base em novas concepções e métodos de investigação, (re)significa e descobre possibilidades
que vão ao encontro das questões-problemas tornando-as em atividades importantes no processo
de apropriação do conhecimento, já que é por meio delas que se pode apreender o conhecimento
historicamente acumulado e avançar no conhecimento dos problemas que afligem o campo da edu-
cação. Para Demo (1997), a pesquisa é o princípio científico educativo.
Educar pela pesquisa requer procurar respostas, ter iniciativa, compreender e iniciar a ela-
boração de suas próprias ideias. Sendo assim, é também um desafio ao professor para transformar
suas estratégias didáticas, (re)construir um projeto pedagógico próprio, (re)construir seus próprios
textos científicos, (re)fazer material didático e recuperar constantemente sua competência.
A descrição do processo de investigação e o trajeto metodológico que norteiam a constru-
ção deste trabalho basearam-se nos fundamentos da pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico
e de campo, tendo em vista que essa abordagem possibilita a aproximação, interação e participação
do sujeito no processo de coleta dos dados, considerando o contexto no qual está inserido, para
40
posteriormente interpretar e compreender, por meio de análise, os dados obtidos.
Considerando a necessidade de aprimorar e inovar a construção do conhecimento, adota-
mos, em sala de aula, a Aprendizagem Cooperativa ao longo do semestre letivo de 2016/2.
O curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do Câmpus Universitário “Jane Vanini” da Une-
mat terá como enfoque a formação inicial do profissional para atuar na Educação Infantil, nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), bem como, em espaços não
escolares.
O currículo desse curso, que se apresenta neste Projeto, coloca-se como um percurso espe-
cificamente pensado para propiciar a constituição da identidade do pedagogo.
Desse modo, foi formada uma célula de estudos cooperativos, que a cada encontro traba-
lhava assuntos diversificados. Íamos discutindo, assim, as necessidades e as dificuldades encontra-
das nas disciplinas, para tanto, cada membro da célula trabalhava no propósito de superação dessas
dificuldades, explorando suas capacidades e habilidades na construção do conhecimento. Assidua-
mente quatro celulandos compareceram em todos os encontros marcados. A seguir, foi notório o
rendimento e a contribuição da aplicabilidade da Aprendizagem Cooperativa no curso de Licenciatu-
ra em Pedagogia Câmpus Universitário de Cáceres, em relação aos demais alunos da turma que não
participaram do grupo.
41
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Considerações
42
das para a cooperação. No decorrer desse processo, notou-se que, quando se trabalha no mesmo
propósito, avança-se em conjunto e se chega mais longe no processo de aprendizagem.
Dentre as barreiras e as dificuldades encontradas, destaca-se a conciliação dos horários
para os encontros. Contudo, adequando-se as necessidades de cada membro, consegue-se superar
os desafios. Contemplando um dos pilares da Aprendizagem Cooperativa – a interação social – e, por
meio dela, os membros, frente a frente, encorajaram-se, organizaram-se e, com os esforços de cada
um, alcançam o objetivo do grupo.
Assim sendo, destaca-se a importância que a Formação de Células Cooperativas – Focco
– tem: além da aprovação, possibilita a motivação, sinergia e favorece laços de amizades que são
peças fundamentais para que ocorra o sentimento de pertencimento à Universidade e, mesmo com
as dificuldades que surgem, se um apoiar o outro, irá fortalecer a formação.
A Bíblia menciona no livro de Eclesiastes (4. 9-10): “É melhor ter companhia do que estar
sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo poderá
ajudá-lo a levantar-se”. Percebe-se que, quando há a aplicação das técnicas de Aprendizagem Coo-
perativa, há também um avanço significativo no desempenho e desenvolvimento das capacidades
de um grupo.
Assim, a Aprendizagem Cooperativa favorece a aplicabilidade de instrumentos como in-
terdependência positiva, responsabilização individual, interação promotora, habilidades sociais e
processamento em grupo, desenvolve uma visão mais dinâmica de aprendizado, no qual o aluno
deixa de ser passivo como nas salas de aulas tradicionais e desenvolve sua proatividade, sendo
ativo na aprendizagem, sendo o professor o facilitador do acesso ao conhecimento.
Referências
DI RENZO, Ana Maria; NASCIMENTO, Renata C. L. C. B.; MAQUÊA, Vera. Aprendizagem Cooperativa
no Ensino Superior: alternativa de estudos entre os acadêmicos da Unemat. In: MANCHOPE, Elenita
C. P.; ARAÚJO, Andréa; MAQUÊA, Vera (Org.). Relato de Experiências Exitosas das IES. 1. ed. Cascavel:
Edunioeste, 2017. p. 201-215. v. 500.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997.
43
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
44
Eixo II: A Aprendizagem Cooperativa como
Metodologia Possível na UNEMAT
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
Durante o segundo semestre do ano de 2015, após alguns meses desenvolvendo células
cooperativas com os alunos do 1º e 2º semestres do curso de Jornalismo da Universidade do Estado
de Mato Grosso (UNEMAT), Câmpus de Alto Araguaia, foram estudados métodos atrativos de desen-
volvimento das células, a fim de incentivar os celulandos a permanecerem nos grupos de estudo e
gerar a flexibilização de horários, pois devido ao volume de obrigações que cada aluno possuía, os
encontros presenciais requeriam uma taxa de presença mínima. Nesse sentido, foi estudada a apli-
cabilidade de células que também funcionassem a distância. Durante a disciplina de Tecnologia da
Informação e Comunicação4 foi desenvolvido um projeto de células cooperativas para um Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA), utilizando-se a teoria aprendida juntamente com as observações
sobre o que os celulandos tinham mais dificuldades nas células do programa FOCCO – Formação de
Células Cooperativas de Aprendizagem. A meta era viabilizar o tempo, trazer uma participação maior
e inserção nesta modalidade de ensino. O trabalho foi desenvolvido, em caráter experimental, pela
acadêmica Adriana Porto Santos, pensando em todas as problemáticas que esta nova ferramenta
poderia gerar e nas possíveis soluções.
A aplicabilidade deste projeto foi efetiva no ano seguinte (2016), durante os meses de feve-
reiro a maio, de forma semipresencial e utilizando-se a plataforma Moodle, que é um software livre,
ou seja, gratuito, além de ser fácil de usar e com muitos recursos. As atividades foram propostas de
formas síncronas e assíncronas, conforme a necessidade de cada módulo. A forma de aprendizagem
escolhida foi a colaborativa de maneira que todos pudessem contribuir com o que sabiam.
4 Disciplina ministrada no curso de Jornalismo pela Profa. Me. Antonia Alves Pereira.
46
Surgimento do FOCCO
Apesar do ensino a distância ser difundido de forma exponencial nos últimos anos com as
faculdades e cursos online, ela é uma prática antiga, desde 1904 através de correspondências para o
acesso às informações e cursos profissionais em áreas técnicas. Dois Institutos tiveram grande des-
taque nesse início da profissionalização de diversos alunos através da EaD, o Instituto Rádio Monitor
em 1939 e o Instituto Universal Brasileiro em 1941. É interessante entender que seu desenvolvi-
mento acompanhou o avanço tecnológico, imersão via televisão/rádio, internet, vídeo conferências,
fóruns, chat. A crescente do ensino a distância é consequência de fatores como o suprimento de
parte das problemáticas existentes na educação, redução do elitismo e facilidade no acesso e de-
mocratização do ensino. Como explicam Silva e Figueiredo em Ambiente virtual de aprendizagem:
comunicação, interação e afetividade na Ead (2012, p. 2): “Os cursos a distância diminuem o elitismo
educacional na medida em que também tornam possível o acesso à educação àqueles indivíduos
que residem em regiões ou cidades que não possuem universidades ou instituições que ofertam
cursos profissionalizantes”.
A evolução da EaD é dividida em gerações, ela acompanhou os avanços e os anseios de seu
público. Após as correspondências, a segunda fase fez uso do rádio e da televisão como forma de
ensino. Logo em seguida iniciou-se a introdução de novas modalidades de comunicação como guias,
estudos impressos, revistas, conferências por telefone, tentando oferecer ensino de alta qualidade
a custos reduzidos. Só nos anos 80 surgiram as experiências de interação via tempo real por video-
conferência. Por fim, após todo esse processo, chegou ao que se conhece como ensino a distância
atualmente, salas virtuais, aulas online e o uso da Internet.
47
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Em uma era em que a tecnologia está cada vez mais presente, em que os aparatos tecnoló-
gicos colaboram para uma comunicação cada vez mais veloz e imediata, nada melhor do que tentar
implementar estes novos recursos no aprendizado e nas formas de estudo. É interessante destacar
que as novas gerações nascem imersas neste mundo digital com as possiblidades maiores do que se
pensava há tempos anteriores.
Neste contexto, a célula estudada por este artigo, adotou o ensino a distância através de
um Ambiente Virtual de Aprendizagem, o Moodle. A forma de passar o conteúdo se tornou mais
dinâmica e os celulandos puderam explorar suas habilidades diante das ferramentas disponíveis na
sala virtual. Os celulandos de fotografia puderam explorar novos recursos, adquirir uma experiência
com o conteúdo de forma ampla e compreender o processo fotográfica de maneira fácil e rápida.
O ambiente Moodle, utilizado para colaborar com o desenvolvimento da célula em ques-
tão, já é utilizado em alguns cursos da UNEMAT desde 2014 para complementação da carga horária
de disciplinas. Os acadêmicos que fazem o uso do sistema, também demonstram uma certa dificul-
dade durante o desenvolvimento dos trabalhos através de aplicação, alguns por não entenderem o
funcionamento da plataforma, outros por terem dificuldade ao acesso à internet.
Dessa maneira, as células virtuais também colaboram com a familiarização do usuário/sis-
tema; fazem com que as outras atividades dentro do ambiente se tornem mais fáceis de se realizar,
tornando assim a aplicação de células cooperativas no ensino a distância uma maneira eficiente de
colaborar com os acadêmicos em diversas disciplinas, ou seja, mostrando a disponibilidade multidis-
ciplinar do programa de formação de células cooperativas.
Para não deixar as células completamente a distância e os participantes sem respaldo, o
trabalho foi pensado na forma semipresencial, ou seja, haviam encontros presenciais para revisar
o conteúdo e sanar qualquer dúvida que pudesse ter surgido na hora dos trabalhos via internet e
encontros virtuais para a resolução de atividades e troca de informações entre os integrantes. Desta
forma, a participação se tornou mais frequente, unindo o presencial e o virtual, estimulando um
aprendizado completo, utilizando todos os recursos disponíveis como vídeos, imagens, textos, deba-
tes e sempre sanando as problemáticas do uso da plataforma nas células presenciais. As atividades
dentro da plataforma eram feitas de forma assíncronas e síncronas, estas interações são explicadas
pelos autores Ribeiro, Mendonça G. e Mendonça A. em A importância dos ambientes virtuais de
aprendizagem na busca de novos domínios EaD (2007, p. 2):
Desta forma, os celulandos possuíam mais uma vantagem: a de terem trabalhos em que
estariam todos conectados ao mesmo tempo para tirar as dúvidas e outras atividades que eles po-
deriam fazer quando tivessem tempo, planejando assim seus horários de acesso.
48
Aprendizagem Colaborativa ou auto-instrucional?
Dentro da educação a distância existem dois métodos pedagógicos que podem ser usados:
o auto-instrucional e o colaborativo. Segundo Ribeiro, Mendonça G. e Mendonça A. (2007) o primei-
ro está firmado na ideologia de que o professor passa a informação e cabe ao aluno dar prossegui-
mento a seus estudos a partir do que aprendeu. Já no método colaborativo, envolve a construção
do conhecimento de forma conjunta, o pedagogo não é o detentor exclusivo do saber, todos podem
contribuir e ajudar:
Como a proposta da bolsa FOCCO é a integração, união e o coletivo, optou-se pelo modo
colaborativo. Tanto nas células presenciais como a distância, havia espaço para a contribuição de
todos, sugestões, conhecimentos prévios sobre a temática ou informações interessantes que achas-
sem nas suas pesquisas. A ideia da implantação do Moodle na célula de estudo se justifica pela via-
bilização do tempo e da possibilidade de pesquisar conteúdos extras. Houve então a necessidade de:
O projeto não anula a perspectiva principal da FOCCO que é a interação, pois assim como
explica Cicília Maia Krohling Peruzzo em Comunicação comunitária e educação para a cidadania
(1999), a EaD só funciona se possuir afetividade e interação entre os participantes. Criar laços, vín-
culos e fazer do ambiente virtual algo aconchegante e interpessoal é a chave para o sucesso não só
do ensino a distância, mas também para qualquer trabalho que envolva aprendizado.
Considerações Finais
49
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Referências
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Fundamentos da Comunicação Virtual-Ferramentas de Comunicação Síncronas e Assíncronas.
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RIBEIRO, Elvia Nunes; MENDONÇA, Gilda Aquino de Araújo; MENDONÇA, Alzino Furtado. A
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SOARES, Ismar de Oliveira. EAD como Prática Educomunicativa: emoção e racionalidade operativa.
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Acesso em: 20 de Mai. 2017.
50
APRENDIZAGEM COOPERATIVA POR MEIO DE JOGOS MATEMÁTICOS
Fernando Rodrigues
RESUMO
Introdução
51
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
dade da proposição de novas alternativas que possam contribuir para a melhoria do desempenho
escolar. Este é um desafio para todos os professores, mas de modo especial aos professores de
Matemática pelos baixos índices de aprendizagem e consequentes índices altíssimos de reprovação.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) possui
uma tabela de descrição dos níveis da escala de desempenho de matemática no Saeb; nessa tabela
estão previstos 12 níveis os quais explicitam o que os alunos conseguem fazer em cada nível e exem-
plos de habilidades e competências. De acordo com a consulta ao site do Inep o município de Alto
Araguaia obteve, no Saeb/Prova Brasil 2015, notas que colocam os alunos da fase inicial e final do
Ensino Fundamental nos níveis quatro e cinco respectivamente (INEP, 2015).
A necessidade de alcançar resultados mais eficientes em tais avaliações se estende a todas
as esferas educacionais que possam estar envolvidas na busca da melhoria na Aprendizagem da Ma-
temática. A abordagem do ensino de Matemática por meio da interação com jogos e metodologia
de Aprendizagem Colaborativa surge como uma alternativa de diversificação estratégica e metodo-
lógica nas aulas.
52
O jogo exige o desenvolvimento da capacidade de atuar sozinho e em grupo,
criando e obedecendo a regras, agindo e reagindo a estímulos próprios da ação.
Como o jogo implica em ação, ao participar de um, a criança passa por uma etapa
de envolvimento, adaptação, reconhecimento e de desenvolvimento paulatino da
noção de trabalho cooperativo – tão importante para a ação educativa na escola.
Além disso, é um tema que perpassa todo o programa de Matemática no nível
fundamental de escolarização.
Os jogos cooperativos podem trazer benefícios educativos por atuar tanto no ensino
e aprendizagem quanto na sociabilidade da criança. Esse tipo de jogo tem como proposta um cará-
ter cooperativo no decorrer de suas ações em contraposição a maioria dos jogos que são de caráter
competitivo. Segundo Terry Orlick em seu livro intitulado Libres para cooperar, libres para crear
(1987) esses jogos cooperativos dentro da classe são bons para estabelecer elos e construir um sen-
tido comunitário.
Nesse contexto, os jogos dentro de sala de aula se caracterizam como um método que esti-
mula o aprendizado cooperativista. Segundo Firmiano (2011) a Aprendizagem Cooperativa é defini-
da como um conjunto de técnicas de ensino em que os alunos trabalham em pequenos grupos e se
ajudam mutuamente, discutindo a resolução de problemas facilitando a compreensão do conteúdo.
Desenvolvimento
Segundo Grando (2000), para um trabalho sistemático com jogos é necessário que eles
sejam escolhidos e trabalhados com o intuito de fazer o aluno ultrapassar a fase da mera tentativa
e erro ou de jogar pela diversão apenas. Por isso, é essencial a escolha de uma metodologia de tra-
balho que permita a exploração do potencial dos jogos no desenvolvimento de todas as habilidades
(raciocínio lógico e intuitivo), o que pode ser feito por meio da metodologia de resolução de proble-
mas.
Neste método, cada hipótese/estratégia formulada, cada jogada desencadeia uma série de
questionamentos como: essa é a única jogada possível? Se houver uma alternativa, qual escolher e
por que escolher esta ou aquela? Terminado o problema ou a jogada, quais os erros e qual a razão
de eles terem sido cometidos? Ainda é possível resolver o problema ou vencer o jogo, se forem mu-
dados os dados ou as regras? Com estes questionamentos as situações-problema permeiam todo o
trabalho, na medida em que o aluno é desafiado a observar e analisar aspectos considerados impor-
tantes pelo professor, de acordo com os objetivos da atividade.
De acordo com Silva & Kodama, no texto intitulado Jogos no Ensino da Matemática (2004),
em geral situações-problema têm as seguintes características:
Os jogos foram trabalhados com uma turma do 6º ano no Ensino Fundamental, em uma es-
cola pública, respeitando o horário de uma hora semanal. A aplicação se estendeu por um semestre
53
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
letivo e as avaliações foram feitas através de observações e testes aplicados para as turmas com as
quais foi desenvolvido o trabalho e também na turma controle.
No primeiro passo da pesquisa realizou-se um levantamento a respeito do uso de jogos
como metodologia nas escolas públicas do município de Alto Araguaia-MT, dentre as escolas visita-
das foi escolhida a Escola Estadual Arlinda Morbeck. Uma vez definida a escola passou-se à escolha
da turma, optamos pelo 6º ano do Ensino Fundamental. A escola possuía dois sextos anos no mes-
mo período, os quais eram atendidos pelo mesmo professor de Matemática, uma turma foi tomada
como controle (6º A) e não houve intervenção com estes alunos.
Na primeira aplicação apresentou-se o projeto e seus objetivos, os alunos foram bastante
receptivos e nos acolheram com entusiasmo. O projeto intitulado: “A utilização de jogos educativos
para o ensino e aprendizagem de Matemática” foi aprovado por órgão de fomento e tinha como
objetivo propiciar aos professores da rede pública do município de Alto Araguaia subsídios teóricos
que possibilitassem a compreensão de algumas maneiras de integrar os jogos como uma ferramenta
didático-pedagógica no ambiente de aprendizagem da Matemática.
As aulas com o uso de jogos ocorriam uma vez na semana ocupando uma aula cedida pelo
professor de Matemática, com duração de cinquenta minutos. As aplicações foram desenvolvidas
na escola durante 3 meses. A equipe de trabalho era formada pela coordenadora do projeto, um
bolsista e uma estagiária, o professor da turma preferiu não participar das aplicações.
Na primeira aula levamos um jogo que trabalhava adição e subtração, percebemos que os
alunos tinham dificuldades básicas como montar as contas respeitando a ordem de unidade, dezena
e centenas. Foi necessário retomarmos conceitos mais básicos para depois avançarmos com as ope-
rações aritméticas básicas e potenciação.
Os jogos eram planejados com o objetivo de levar o aluno a fixar melhor o conteúdo e
construir raciocínios lógicos mais elaborados, criar estratégias para vencer o jogo e socializar suas
dúvidas. Alguns dos jogos utilizados foram “boliche da adição com ábaco”, “trilha da adição e sub-
tração”, os quais trabalham conceitos de adição e multiplicação. O jogo “dominó da multiplicação”,
“embaralhando a tabuada” e “cartinhas da multiplicação” foram específicos para fixação dos con-
ceitos de multiplicação e tabuada. Já os jogos “corrida da divisão” e “avançando com o resto” tra-
balham o conceito de divisão. No intuito de envolver as quatro operações básicas foram utilizados:
“jogo da adição, subtração, multiplicação e divisão (ASMD)”, “trinca” e “bingo das operações”. Por
fim, foi trabalhado o conceito de potência com o “jogo da velha com potência”. Todos esses jogos
estão disponíveis em uma apostila5 produzida pela equipe do projeto.
Durante a dinâmica dos jogos foi possível notar que ao final de uma partida os alunos já
eram capazes de modificar as regras do jogo para orna-lo mais desafiador, por exemplo. Foi possível
notar que os alunos que tinham mais dificuldade com a Matemática apresentaram uma pré-disposi-
ção em aceitar que os monitores ou os próprios colegas de sala os ajudassem a compreender o con-
teúdo abordado pelo jogo, pois não admitiam a possibilidade de deixar de participar, o que deixou
clara a motivação para as atividades.
A dificuldade era a falta de paciência de alguns alunos com relação a demora do outro para
efetuar sua jogada, isso é um problema comum, pois em uma sala temos alunos que aprendem
com mais facilidade que outros, no entanto, a dinâmica do jogo após algumas aplicações sanou este
problema. Identificar e estabelecer os princípios e valores que norteiam a conduta das pessoas em
uma tarefa que envolve cooperação não é fácil. É necessário muito diálogo para definir o quanto
5 Online na URL http://www.webquest-ld.com.br/download/apostilajogos.pdf.
54
eticamente o trabalho por um bem ao grupo em detrimento do bem próprio é mais relevante. Para
isso é preciso que os professores e coordenadores pedagógicos envolvidos na escola internalizem
essa concepção, para que as mudanças possam ocorrer.
Os jogos apresentados eram praticados em grupo. A foto 1 apresenta alunos ao longo das
aplicações de atividades pedagógicas. Trazíamos sempre jogos diferentes, procurando despertar a
curiosidade do aluno para que durante o jogo pudéssemos fazer as intervenções necessárias.
Resultados
Percebemos, através da aplicação das atividades, que os alunos desenvolvem nestas práti-
cas as habilidades de trabalhar em grupo, trocar conhecimento, aprimorar seu raciocínio lógico e ter
prazer em participar dos desafios propostos pelos jogos.
Procuramos fazer intervenções durante as partidas de forma a contribuir com os alunos na
discussão e análise de suas estratégias de jogos para ampliar as possibilidades de aperfeiçoamento.
Esta pesquisa tem caráter quali-quantitativo, nos pautamos nas notas dos alunos, nas observações
feitas durante a intervenção e do relato coletado com o professor de Matemática das turmas. Para
verificar se houve melhoria na aprendizagem dos alunos, aplicamos uma avaliação com os conteú-
dos trabalhados nas duas turmas do 6º ano. Na turma onde não houve intervenção (6º A) as per-
guntas eram feitas de maneira direta e na outra turma (6º B) contextualizada pelo jogo (Tabela 1).
De maneira geral, a turma onde foi feita a intervenção obteve maior média, observou-se
que eles tentaram resolver praticamente todas as questões, enquanto a outra turma, não estimula-
da, deixou muitas questões em branco. A média da turma controle foi 5,06 enquanto na turma alvo
55
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
a média foi 6,47. Notamos ao longo do desenvolvimento do projeto que novas metodologias podem
tirar o aluno da sua zona de conforto e assim estimulá-lo a buscar novos conhecimentos.
No final do projeto, em entrevista com o professor das turmas, ele confirmou que a turma
em que houve a intervenção obteve melhores resultados nas avaliações: “o 6º B sempre obtinha no-
tas abaixo que o 6º A (turma controle) e depois da aplicação dos jogos as notas foram ligeiramente
superiores”. Ele relatou-nos ainda que, o comportamento da turma havia melhorado durante suas
aulas, os alunos se mostravam mais motivados a aprender e que ouvia dos alunos frases como:
“Hoje eu não viria na aula, mas me lembrei que hoje é quinta-feira, dia dos jogos, então não faltei”.
Notou se também um maior companheirismo entre os alunos, que se ajudavam não só para resolver
as questões dos jogos durante as aplicações, mas no decorrer das aulas de Matemática com o pro-
fessor, eles se mostravam, na maior parte do tempo, interessados em saber se o colega havia com-
preendido do conteúdo e se necessitava de ajuda. Como relatado no referencial teórico, a prática de
jogos traz além do desenvolvimento lógico-matemático, também um desenvolvimento emocional
do aluno. No artigo Contribuição de Jogos Didáticos à Aprendizagem de Matemática Financeira,
Rade (2010: p. 127) afirma que:
Foi possível perceber o envolvimento dos alunos com o projeto e isso refletiu diretamente
na forma como eles se comportavam. Recebemos o carinho e o reconhecimento das crianças (Foto
2), foi muito gratificante o vínculo entre a equipe do projeto e alunos.
Foto2:RespostadeumaAlunadaTurmaondeFoiAplicadooProjeto
Considerações Finais
Buscamos, por meio desse trabalho, confirmar a importância do uso de jogos pedagógicos
para fixação e para a construção do conhecimento, visto que o jogo é uma atividade natural no co-
tidiano dos alunos, estimulando-os assim para o estudo da Matemática. Com o desenvolvimento
desta pesquisa foi possível analisar a inserção da Prática de Jogos Matemáticos entre os alunos do
56
6º ano de uma escola pública dentro de sala de aula como instrumento de ensino e aprendizagem e
espera-se que essa metodologia possa ser vista por professores e coordenadores pedagógicos como
uma oportunidade para os estudantes estabelecerem uma relação positiva com a aquisição do co-
nhecimento e estimular o interesse pela Matemática.
Outro elemento relevante é a utilização de células de Aprendizagem Cooperativas, pois os
benefícios alcançados são notáveis com relação ao entusiasmo e a autoconfiança dos alunos que
compõe o grupo, aumentando a motivação para novas habilidades e reforçando os conceitos de res-
ponsabilidade de cada membro do grupo para a eficácia e alcance do objetivo final. A mudança de
atitude dos alunos com relação ao aspecto competitivo ficou muito clara, pois era possível perceber
que o foco do jogo deixou de ser vencer e passou a ser resolver o problema matemático envolvido e
ajudar os colegas a compreenderem sua resolução.
Destaca-se também que o uso de jogos pedagógicos pode contribuir com a socialização dos
indivíduos envolvidos, seja entre alunos e entre alunos e professores. Os momentos de aplicação
dos jogos são capazes de melhorar as relações dos alunos em sala de aula e possibilitar o crescimen-
to pessoal por meio do desenvolvimento de diferentes habilidades a serem utilizadas no decorrer
das partidas. A participação neste projeto como bolsista FOCCO foi uma experiência gratificante,
pois pude aprender e também ensinar dentro dos princípios que norteiam a Aprendizagem Coope-
rativa, trazendo para minha formação pessoal e profissional valores como participação em trabalhos
em grupo, respeito pelas pessoas e muita aprendizagem.
Referências
DIAS, A. O.; RODRIGUES, F. Jogos de Tabuleiro para o Ensino de Matemática. Disponível em: <http://
www.webquest-ld.com.br/download/apostilajogos.pdf> Acesso em: 25 abr. 2018.
DIAS, A. O.; RODRIGUES, F.; NETO, J. S. Games for the Teaching of Mathematics in Thewebquestscontext.
In: Anais do XV Congresso Internacional de Tecnologia na Educação, 2017. Disponível em: <http://
demo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/030.pdf > Acesso em: 12 jan. 2018.
HUIZINGA, J. HomoLudens:o jogo como elemento da cultura. 2. ed. Tradução João Paulo Monteiro.
São Paulo: Perspectiva, 1990. 236p.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resultados Saeb/
Prova Brasil 2011. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb/resultados>.
Acesso: 03 mai. 2017.
ORLICK, T. Libres para Cooperar, Libres para Crear. Espanha: Editorial Paidotribo, 2ª ed., 1987.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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MATH. H: APRENDIZAGEM COLABORATIVA PARA CONTEÚDOS MATEMÁTICOS
COMPLEXOS
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade apresentar estudos realizados pelo Programa de For-
mação de Células Cooperativas (FOCCO) por meio da célula intitulada como Math.h: uma Nova Visão
Matemática. O grupo teve como principal função sanar dúvidas acerca de princípios matemáticos
complexos estudados no curso de Ciências da Computação. Dentre os principais objetivos da célula
destacam-se: incentivar o desenvolvimento das habilidades dos alunos em resolver cálculos, bem
como, estimular a cooperação para aprimorar habilidades e capacidades em encontrar respostas
às situações problemas, podendo, dessa forma, produzir resultados de aprendizagens que transfor-
massem todo o grupo Aprendizagem Colaborativa no processo de ensino e de aprendizagem.
Introdução
O presente trabalho tem por objetivo central apresentar estudos realizados pelo Programa
de Formação de Células Cooperativas (FOCCO), cujo intuito é incentivar os estudantes da gradua-
ção a darem continuidade a seus estudos e, por conseguinte, formar novas ideias para manter e/
ou incentivar a criação de células cooperativas de aprendizagem. Nesse contexto, a célula intitulada
como Math.h6: uma Nova Visão Matemática enquadrou-se nesse quesito e teve como função sanar
dúvidas acerca de princípios matemáticos complexos estudados no curso de Ciências da Computa-
ção. A célula Math.h teve como principal objetivo desenvolver as habilidades dos alunos em resolver
cálculos, bem como, estimular a cooperação para aprimorar capacidades de encontrar respostas
podendo, dessa forma, produzir resultados que transformassem todo o grupo de aprendizagem.
Muitos estudantes possuem dificuldades em estudar sozinhos, por isso, um grupo de estu-
dos ajuda no momento de revisar o conteúdo, além disso, os que possuem facilidade de aprendiza-
gem sentem satisfação pessoal em contribuir com os colegas a desenvolver novas habilidades. Outra
vantagem desta metodologia de estudos é a troca de experiências que possibilita o aprendizado,
assim, todos os envolvidos no processo acabam se beneficiando, aprendendo novos conceitos ou
aprimorando conhecimentos obtidos anteriormente. Na maioria das vezes, os exemplos utilizados
entre os estudantes nas células cooperativas facilitam o aprendizado e, de certa forma, motivam os
estudos em grupo, dessa maneira, os estudantes só tendem a atingir bons resultados, sejam eles nas
avaliações em geral, bem como, ao transmitir o que aprenderam para os outros alunos.
Vale ressaltar, também, que a bolsa FOCCO estimula a formação de capital social a partir da
valorização intelectual discente, bem como, a formação de profissionais proativos e habilitados para
o trabalho em equipe. Dentre outras atribuições, o bolsista deverá ter vinte horas disponíveis para
a bolsa, pois devem incluir dois períodos semanais de quatro horas consecutivas para o desenvol-
vimento do grupo de estudos no câmpus ou em alguma escola colaboradora do projeto, o restante
6 É uma biblioteca usada em linguagem que oferece um conjunto de funções para operações matemáticas, tais como
funções trigonométricas, hiperbólicas, logaritmos, potência e arredondamentos.
59
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
das horas está dividido em atividades diversas dentro da Universidade. Dentro deste cronograma,
a célula Math.h buscou expor perspectivas sobre desenvolver estratégias a longo prazo e descobrir
um ambiente criativo de aprendizagem, o que permitiu a discussão de desafios e desenvolvimento
de melhorias na disciplina de Matemática para um melhor domínio e aproveitamento do conteúdo
estudado no curso.
Aprendizagem Cooperativa
Segundo os autores Torres & Alcântara no artigo Grupos de Consenso: uma proposta de
Aprendizagem Colaborativa para o processo de ensino-aprendizagem (2004) o conceito de Apren-
dizagem Colaborativa pode parecer novo, mas tem sido avaliado e inserido de maneira teórica pelos
pesquisadores e educadores desde o século XVIII. Os autores ainda destacam sobre a importância
de os professores utilizarem metodologias voltadas para a Aprendizagem Colaborativa , pois essa
iniciativa prepara os estudantes a enfrentar os desafios dentro e fora do âmbito acadêmico.
Há de se admitir que a formação de células cooperativas só tende a trazer benefícios para
seus participantes e não difunde apenas conhecimento, mas também agrega valores, estratégia,
organização e desenvolvimento do participante, de maneira a destacar sempre o trabalho coletivo.
Vale ressaltar o papel da universidade em buscar a inovação e novas metodologias de ensino como
fatores que estimulam a capacidade de construir novas ideias e aprendizagens, assim, pode-se criar
uma cultura que estabeleça e amplie os níveis de educação dentro e fora do convívio acadêmico,
que direta ou indiretamente beneficie as habilidades intelectuais individuais e coletivas dentro e
fora da Universidade.
Como observam os autores Graves & Graves no artigo Creating a cooperative learning en-
vironment (1985), a Aprendizagem Colaborativa de forma direta ou indireta está ligada a criar mo-
delos para o desenvolvimento de competências, ou seja, que leve o estudante a assumir responsa-
bilidades em um trabalho de grupo, no momento de trocar informações e sanar dúvidas sobre as
disciplinas estudadas, bem como, desempenhar distintos papeis sociais e, por consequência, saber
valorizar o grupo, os diferentes comportamentos com relação a terceiros e a si mesmo. Desse modo,
tendem a gerar comportamentos de generosidade e estimular o desenvolvimento de habilidades
entre todos os membros do grupo.
O processo de aprendizagem precisa deixar de ser um assunto de poucos no meio acadê-
mico para ser tratado como uma ferramenta importante aos pilares do conhecimento. É importante
lembrar que, no início, implantar um trabalho colaborativo na universidade é bastante difícil por-
que as condições de desenvolvimento devem envolver no mínimo métodos suficientes que possam
abranger as diversas realidades sociais e culturais dos estudantes. No momento inicial, as células de
aprendizagem devem buscar estratégias que possam propor um mesmo objetivo para se enquadrar
ao ambiente universitário, envolvendo os alunos neste processo em busca por melhores/diferentes
maneiras de realizar seus estudos.
Dentre as estratégias adotadas pela Math.h, ao propor o ensino colaborativo dentro da uni-
versidade foi a de se preocupar com as dificuldades e com as limitações de cada membro do grupo.
Um ponto importante implantado foi propor organização para concretizar uma tarefa, por exemplo,
resolver um exercício da disciplina de álgebra linear7. Cada participante apresentava suas dificul-
7 Criada por Carl Friedrich Gauss, a álgebra linear foi um ramo da Matemática que surgiu do estudo detalhado de sistemas de equações lineares,
utilizando-se de alguns conceitos e estruturas fundamentais da Matemática como vetores, espaços vetoriais, transformações lineares, sistemas de
equações lineares e matrizes.
60
dades que, em seguida, eram separadas por níveis. Depois de concretizada esta primeira fase par-
tíamos para a solução dos problemas encontrados, para isso, buscamos informações ou materiais
necessários para realizar ou minimizar as dúvidas daquela determinada função. Assim, a célula as-
sumiu um papel de responsabilidade e eficácia para alcançar o sucesso de todo o grupo de estudos.
A vida universitária enquadra-se como um novo passo para o futuro de qualquer estudante,
pois, neste momento, ele passa a ter como objetivos tornar-se um profissional de sucesso e poder
atuar no mercado de trabalho que escolheu. Porém, para chegar a este propósito é preciso ter
motivação, foco e disciplina. O dinamismo acadêmico agora passa a ser totalmente diferente das
fases escolares anteriores. Johnson, Johnson & Smith salientam no artigo The State of Cooperative
Learning in Post-Secondary and Professional Settings (2007) que não faz parte dos hábitos dos es-
tudantes trabalhar em equipe de maneira colaborativa e que eles têm uma cultura que presa pela
individualidade e pela competição, o que acarreta em dificuldades para implementar a Aprendiza-
gem Cooperativa. Além disso, Johnson, Johnson & Holubec em El Aprendizaje Cooperativo en el Aula
(1999) apontam que os alunos com melhor desempenho nas disciplinas preferem trabalhar de ma-
neira individual ao invés de coletiva, pois têm medo de serem lesados, o que resulta em dificuldade
para implantar a um grupo a célula de estudos no ambiente acadêmico.
Para buscar romper as barreiras que foram expostas acima a Célula Math.h buscou ma-
neiras de encontrar novas ferramentas de estudos que pudessem ser capazes de propor uma nova
forma de ensinar e de aprender, ou seja, espaços de troca de experiências que pudessem contribuir
para a construção de aprendizagens significativas. A célula Math.h não busca problematizar as di-
ficuldades de sala de aula, mas sim, propor estruturas que possam desenvolver as habilidades dos
estudantes dentro e fora da universidade.
Além disso, nos baseamos na ideia de que o conhecimento deve ser adquirido não somente
em sala de aula, mas tentamos inserir a Aprendizagem Colaborativa pelo princípio de que o conhe-
cimento é estabelecido socialmente, a partir da maneira com a qual as pessoas interagem entre si
e não pela transferência de conhecimento do docente para o discente. Como observam Torres &
61
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Alcântara (2004), a Aprendizagem Cooperativa assume o papel que se propõe, entre outras coisas,
reconhecer o conhecimento antecipado de cada estudante, sua experiência e seu entendimento de
mundo.
Partindo do ambiente universitário, a célula Math.h preocupou-se em assumir um papel im-
portante na construção de modelos e métodos voltados para a Aprendizagem Colaborativa dentro
da Universidade. Para isso, no primeiro momento propusemos ideias que aplicassem, entre outras
coisas, novos mecanismos didáticos, como, por exemplo, ouvir o ponto de vista de cada estudante
sobre as dúvidas em determinado conteúdo. No segundo momento, apresentou-se ao estudante a
importância de ser capacitado a assumir o compromisso de facilitador da construção do conheci-
mento individual, bem como, de todo o grupo e não somente transmitir informações.
62
soluções de igual forma. A responsabilidade individual estabelece que cada estudante do grupo
seja avaliado e que a célula saiba que a sua avaliação é o resultado dessas avaliações individuais. O
intuito das células de Aprendizagem Cooperativa é que os estudantes aprendam juntos para, poste-
riormente, poderem realizar sozinhos as tarefas que lhe são propostas.
Formar uma célula de estudos cooperativa causa uma mudança nas normas clássicas de
ensino/aprendizagem, os discentes agora devem ajudar uns aos outros e serem responsáveis não
só pelo seu próprio comportamento, mas também pelo da célula, visando alcançar o resultado do
trabalho individual e coletivo. Além de ouvir com atenção o professor, agora o estudante deve ouvir
também os “celulandos”. Para que a aprendizagem aconteça de maneira harmoniosa, o estudante
tem que aprender a pedir opinião, dar oportunidade aos colegas de expor a sua, contribuir de forma
eficaz para o grupo.
O sentido da Aprendizagem Cooperativa inclui métodos de continuidade na avaliação e au-
toavaliação. A concepção de sucesso acadêmico não se encontra apenas em nível de resultados de
testes e provas, mas sim no aumento do conhecimento e no desenvolvimento das competências dos
alunos como observa Firmiano (2011). Essa metodologia baseia-se em diferentes maneiras de se or-
ganizar uma equipe, de tal maneira que os estudantes trabalhem e aprendam em pequenas células
de duas a seis pessoas. O autor ainda sugere um modelo de estudos dinâmico e organizado, portan-
to, grupo de aprendizagem que está de maneira íntima ligada à avaliação de processo. Ainda para
Firmiano (2011, p.28), uma metodologia que busca estudar cálculo deve ter as seguintes propostas:
Ao buscar essas ideias como referência, a célula Math.h obteve comprometimento e parti-
cipação de todos os seus componentes. A organização com os horários também foi um fator impor-
tante para adquirir resultados satisfatórios, porém, o principal pilar é a troca de conhecimento para
facilitar o entendimento dos conceitos apresentados. Para isso, procurou-se buscar informações,
resolver exercícios e tirar dúvidas até que todo o grupo alcançasse um mesmo nível de segurança.
Deve-se ressaltar que os estudos não podem ser feitos próximo aos dias de avaliação, mas sim, com
certa antecedência para garantir a qualidade das discussões.
Para que a Aprendizagem Cooperativa assuma um papel estratégico dentro da universida-
de, há de se admitir que foi importante a participação e apoio dos professores, seja divulgando as
Células Math. h de estudos para outros alunos ou até mesmo participando do grupo de estudos,
para que se pudesse estimular de maneira contínua na formação e habilidades Matemáticas dos
estudantes e, sobretudo, o modo de pensar e se comportar em sala de aula. Desse modo, com a
iniciativa de todos os envolvidos alcançou-se muitos resultados positivos.
Ao estipular disciplina e organização do grupo de estudos buscamos olhar para questões
relacionadas à metodologia de pesquisa na área da Matemática. Foram discutidos os diferentes
vertentes dos cálculos matemáticos, ao demonstrar algumas preocupações metodológicas com os
alunos que compõe a Célula Math.h e tendo como principal enfoque o tipo de deficiência na apren-
dizagem de cada componente do grupo de estudos, revisando e resolvendo exercícios até que as
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Resultados Alcançados
Conclusão
64
tes e inovadoras dos discentes no momento de “enfrentar os números”. Nesse sentido, o papel dos
alunos tornou-se importante, pois além de interagir com novas pessoas em troca de experiências,
cooperaram e compartilharam ideias. Nessa perspectiva, percebe-se que ao ganhar prática de se
trabalhar em grupo, produzimos de maneira contínua mudanças no processo de aprendizagem dos
estudantes.
Referências
DAMIANI, M. F. “Sem as Reuniões a Escola não Existe! Não Tem Como!”: estudo de caso de uma
escola colaborativa. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 27., Caxambu, 2004. Anais. Caxambu, 2004. p.
1-15. CD-ROM.
JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R. T.; SMITH, K. The State of Cooperative Learning in Post-Secondary
and Professional Settings. Educational Psychology Review, v.19, n. 1, p. 15-29, Mar. 2007.
ROGERS, Carl R e ROSENBERG, Rachel L. A Pessoa Como Centro. São Paulo: EPU, Ed. da Universidade de
São Paulo, 1977.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
66
intelectuais de organização do material, explorando, explicando e integrando nas estruturas concei-
tuais já existentes.
FOCCO (Formação de Células Cooperativas) são trabalhadas várias formas de Aprendizagem
Cooperativa, de forma qualitativa para uma melhor formação e aprendizado. Após ser implantado
na UNEMAT, passou atender todos os Campi com o objetivo de aumentar a aprovação dos estudan-
tes nos cursos de graduação e a permanência desses alunos na instituição. Além de possibilitar aos
articuladores do projeto um melhor desenvolvimento em sua vida acadêmica.
FOCCO
Quimicamente Interagindo
No ano de 2015/1 foi criada uma Célula para a disciplina de Química, pois a grande parte
dos alunos que ingressavam na Universidade traziam conhecimento defasado do Ensino MédioMé-
dio, quando iniciam o primeiro semestre se deparam com disciplinas que necessitam de um conhe-
cimento mais complexo em relação aos conteúdos de Cálculo, Física e Química. Uma forma de ame-
nizar este primeiro impacto foi auxiliá-los em um conhecimento base para um futuro crescimento
durante o curso. Por estarem longe da família e amigos, muitos se sentiam pressionados, isolados,
mas com a Célula sentiram-se capazes de interagir e descobrir bons amigos, o que propiciou um
avanço no desenvolvimento acadêmico e ampliação de conhecimento para a vida.
O acadêmico Igor Martins do Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial formou a
primeira Célula de Química I, dando o nome de Quimicamente Interagindo, pois na Química tudo
se interliga e o estudante precisa compreender que a junção dos reagentes deve ser igual ao de seu
produto, assim, os alunos passaram a interagir e a cooperar entre si, obtendo a junção de conheci-
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
68
Calculando com Sucesso
A célula dirigida pelo articulador, foi sem dúvida um fator que beneficiou cada um
dos acadêmicos que participaram da mesma, pois ao sair de um Ensino Médio
insatisfatório e se deparar com uma matéria aparentemente difícil, é nítido que
precisávamos de ajuda, e foi o que a célula nos proporcionou, uma reunião de
estudos no qual todos se ajudaram (CELULANDA 1).
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
A celulanda foi participante ativa da Célula, indo na grande maioria dos encontros, como
também incentivando outros acadêmicos a participarem, atualmente está no segundo semestre do
curso de Engenharia de Produção Agroindustrial no Câmpus de Barra do Bugres.
No final do semestre, após fazer a avaliação da Célula, o articulador pode perceber que
seus objetivos foram concluídos, porém não com total êxito, já que não foram todos os celulandos
que conseguiram nota suficiente para aprovação na disciplina, mas, ao se calcular a porcentagem
dos celulandos e não-celulandos que concluíram a disciplina, o valor dos celulandos foi maior, logo,
a Célula obteve resultado positivo.
Do ponto de vista do articulador, a Célula proporcionou muito aprendizado, tanto para os
celulandos que compareceram em todas as reuniões da Célula, quanto ao articulador, visto que foi
sua primeira experiência, trabalhando com pessoas que ainda não conhecia. O resultado obtido sa-
tisfez os objetivos propostos no início dos trabalhos. Com a colaboração dos colegas mais experien-
tes e orientações fornecidas pelo professor; limites e barreiras foram superados, proporcionando a
satisfação pessoal de ter executado um trabalho coletivo que trouxeram ótimos resultados.
Desenho Arquitetônico
70
melhorias para a vida acadêmica, tanto dos celulandos como da articuladora que facilitou a intera-
ção com os diferentes setores e alunos da Unemat.
Um dos desafios da Célula foi a falta de assiduidade de alguns celulandos. E, um dos pontos
positivos foi a troca de história de vida que mostrou que todos tinham algum problema, uma difi-
culdade que requeria superação e um motivo para estar ali, isso gerou uma relação maior entre os
participantes da Célula e uma melhor didática para a aprendizagem.
A Célula, ao final, apresentou um ótimo resultado com todos os celulandos aprovados na
disciplina de Desenho Arquitetônico 1, no questionamento sobre se voltariam a participar de algu-
ma Célula, todos disseram que sim, pois foi de grande contribuição para o crescimento universitário.
Conclusão
Referências
LOPES, J.; SILVA, H. S. A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: um guia prático para o professor.
Lisboa: Lidel, 2009.
MAGALHÃES, Alice Maria Carvalho. A aprendizagem Cooperativa enquanto Estratégia para Promoção
da Atenção dos Alunos. 2014. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/ bitstream/10451/17963/1/
ulfpie047139_tm_tese.pdf>. Acesso em 19 de jan. 2016.
SILVA, G. R.; OLIVEIRA, C. E.; TIBURSKI, H. M.; TONHI K.; ROTHMUND L. D.; A Importância da
aprendizagem Cooperativa no Ensino Superior. In: SEMIEDU, 2013 - Educação e (des)colonialidades
dos saberes, práticas e poderes. 2013. Cuiabá. Anais. Disponível em: <http://sistemas.ufmt.br/ufmt.
evento/Site.aspx?conteudoUID=182&eventoUID=59>. Acesso em: 14 de jan. de 2016.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
72
teresse e maior motivação para participar ativamente das atividades desenvolvidas em sala. Diante
dessa estratégia de ensino os alunos são expostos a desenvolver comportamentos pró-sociais, divi-
são de tarefas equitativas e a resolver conflitos interpessoais, o que permite aos estudantes poder a
aprender e a socializar os seus conhecimentos ao mesmo tempo.
Indo ao encontro da metodologia de Aprendizagem Cooperativa, em 1994, o professor uni-
versitário da Universidade Federal do Ceará – UFC, Manoel Andrade Neto, iniciou o PRECE - Pro-
grama de Educação em Células Cooperativas, modelo de aprendizagem em que os estudantes são
instigados a desenvolver a cooperação e interação do grupo para acentuar o conhecimento mútuo.
Esta iniciativa surgiu diante da observação da triste realidade vivida em sua comunidade de origem,
localidade rural Cipó, em Pentecoste (CE), pois muitos jovens haviam desistido dos estudos ou se en-
contravam fora da faixa etária escolar regular. O professor convidou um grupo de sete jovens a voltar
a estudar, para assim, concluir a educação básica. Os estudantes inicialmente não tinham preten-
sões de ingressar ao ensino superior, mas aos poucos, aquela metodologia de estudo em que todos
compartilhavam o saber foi mostrando seus benefícios e resultados, após dois anos de estudos, em
1996, o primeiro estudante do PRECE matriculou-se na universidade pública UFC. Essa aprovação
serviu como um estimulo ao demais estudantes a potencializar cada vez mais o estudo cooperativo,
a partir daí o número de novos ingressantes na universidade aumentou progressivamente (PRECE,
2016).
O programa PRECE inspirou a criação, em 2009, na UFC, o Programa de Aprendizagem Co-
operativa em Células Estudantis – PACCE por meio do Projeto REUNI e sob a responsabilidade Coor-
denadoria de Formação e Aprendizagem Cooperativa – COFAC, com objetivo de aumentar a taxa de
conclusão dos cursos de graduação da instituição, desenvolver cidadãos com espirito cooperativo,
solidário, promovendo a interação e a troca de conhecimento entre os grupos (MIRANDA, 2011).
A partir do referencial do PACCE, a Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT jun-
tamente com parceira com a UFC, implementa em 2012 o Programa de Formação de Células Coo-
perativas – FOCCO. O programa objetiva aumentar o índice de aprovação das disciplinas nos cursos,
estimular a troca de conhecimento entre os estudantes, formar profissionais proativos e capazes de
trabalhar em equipe e colaborar na diminuição da evasão dos acadêmicos da instituição (PROEG/
UNEMAT, 2012).
Dentro deste cenário, o objetivo deste estudo é relatar a experiências dos autores na For-
mação de Células Cooperativas – FOCCO, pela metodologia de Aprendizagem Cooperativa, na qual
se procurou distinguir os procedimentos utilizados nas Células analisadas, por possuir pessoas com
diferentes identidades sociais e culturais.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
O programa FOCCO tem como estrutura o Coordenador Local, responsável por planejar e
executar projetos de Aprendizagem Cooperativa juntamente com os Bolsistas Articuladores e Faci-
litadores, e acompanhar o funcionamento. Uma das atribuições dos Articuladores é dedicar-se 20
horas semanais para planejar, organizar e executar os encontros das Células com os acadêmicos não
bolsistas. Já os Facilitadores têm a função de desenvolver atividades de apoio, monitoria das Célu-
las, planejar atividades de interação entre os bolsistas do programa e promover a sinergia entre os
bolsistas com a Educação Básica (UNEMAT, 2015).
As atividades das Células de Cálculo 1 (CC1) e Resistências dos Materiais (CRDM) foram rea-
lizadas no Câmpus Universitário de Barra do Bugres–MT, com os acadêmicos do curso de Engenharia
de Produção Agroindustrial. As reuniões foram realizadas no período de 2015/2, nas dependências
da própria Instituição.
O grupo CC1 foi composto por nove estudantes, sendo 8 do sexo feminino e 1 do sexo mas-
culino, cinco destes participantes regulares, sem reprovações e do segundo semestre, enquanto os
outros, não regulares e de semestres diferentes, dois do Sexto e dois do Quinto. A CRDM continha
nove membros, quatro do sexo feminino e cinco do masculino, todos não regulares e de semestres
bastante diversos, sendo, um do Quarto, dois do Sexto, três do Sétimo, dois do Nono e um do Déci-
mo.
O tema trabalhado na Célula Cooperativa é geralmente escolhido pela afinidade do grupo
para que o articulador durante as reuniões semanais ou por alguma motivação possa encaminhar as
atividades a serem realizadas.
Os articuladores dos grupos de estudo que ingressaram na UNEMAT em 2013/1, no curso
de Engenharia de Produção Agroindustrial, logo de início tiveram experiências negativas com a dis-
ciplina de Cálculo 1, relacionadas ao grau de suas dificuldades, constataram a falta de incentivo dos
colegas/professores, distância da família, dentre outros. Resultado desses fatores foi a desistência
da disciplina e a desmotivação ao curso de Engenharia. Porém, ao serem convidados pelo articulador
da CC1, formaram a Célula de Fundamentos da Matemática Elementar (FME), no período de 2013/2,
e participaram nas Células seguintes de Cálculo 1 e 2, assim mantiveram a continuidade de estudo. O
articulador CRDM, em 2014/2, também participou da Célula Cálculo 2. O trabalho realizado durante
as três Células proporcionou diretamente a vivência de como é estudar na metodologia de ensino
cooperativo, desenvolvendo habilidades sociais, interdependência positiva, liderança, apoio e enco-
rajamento dos membros, sendo este o motivo primordial para a permanência dos articuladores no
curso de graduação.
Contudo, as motivações que estimularam a formação das duas Células aqui descritas, foi
74
justamente a experiência por eles vividas, por conhecerem as dificuldades e as limitações dos aca-
dêmicos, principalmente pelo despreparo em relação aos conteúdos trabalhados em sala de aula.
Diante disso, o objetivo da Célula desenvolvida foi aumentar a taxa de permanência e aprovação nos
cursos de graduação, desenvolver habilidades sociais, interação entre os acadêmicos.
As Células analisadas tinham como perfil de estudante, um público bastante variado, po-
rém, a grande maioria apresentava grande dificuldade em Matemática elementar, tornando-se um
desafio aos Bolsistas de como articular o grupo a adquirir o domínio de conteúdos que deveria ser
sabido. Já outros membros, procuraram participar das Células por terem tido resultados satisfatórios
anteriormente, o que tornou mais fácil de trabalhar com o grupo por já conhecerem o Programa.
Durante o período de execução das Células, o grupo molda-se diante de toda heterogenei-
dade presente, pois a diversidade cultural, social é muito particular de cada pessoa e trabalhá-la de
forma cooperativa é um esforço grandioso. Para reverter essa situação, o grupo, primeiramente,
precisa conhecer o programa FOCCO e compreender que só se obtém resultados positivos se todos
contribuírem mutuamente. E, mesmo assim, algumas vezes podem ocorrer momentos conflitantes,
principalmente nas reuniões iniciais em que muitos ainda não conhecem o método de ensino coo-
perativo e procuram trabalhar de forma individualista, tirando suas dúvidas e dando como acabado
o seu papel na Célula, portanto, a forma de resolver as divergências das Células é muito particular.
A forma trabalhada foi pela discussão de conteúdo em grupo, desenvolvendo relações sociais, pro-
piciando no desbloqueio de interagir entre os colegas/Articulador e a dinâmica da história de vida
para semear a empatia do grupo.
A CC1 proporcionou uma vasta experiência de vida, por ser a primeira Célula trabalhada e
ainda ser inexperiente como articulador dessa metodologia tão abrangente. A primeira dificuldade
encontrada foi conseguir formar um grupo regular, por que haviam muitos interessados em parti-
cipar que não compareciam nas reuniões e a exclusão não faz parte do ensino cooperativo, então,
por muitas vezes, a vinda esporádica de novos ingressantes atrapalhava aqueles que participavam
com rigor, já que era retomado aos conteúdos anteriormente discutidos. Apenas com o tempo foi
formalizado o grupo, com pessoas que tinham características presentes para desenvolver o estudo
compartilhado.
Na formação de uma Célula esperava-se a aproximação do grupo criando o sentimento de
responsabilidade social e de laços de amizades. Pela realização de dinâmicas com a da história de
vida que promove o fortalecimento da Célula, por todos compartilharem as angústias, sonhos, pro-
blemas, o porquê do curso escolhido e o que se espera do futuro. Os membros da CC1 relataram-na
por escrito, enquanto a oral foi feita em uma confraternização como bate papo, sendo menos for-
malizada como de costume.
O rendimento do grupo foi bastante preocupante de primeiro contato, pois as dificuldades
em operações básicas de Matemática eram observadas na maioria dos membros. Durante o se-
mestre houve três desistências, já reprovados na disciplina, sem mesmo conseguirem alcançar uma
média cinco para o exame final, justamente pela enorme dificuldade. Porém outros continuavam
participando da Célula com o objetivo de conseguir nota para a prova final e a aprovação regular.
Dois membros conseguiram ser aprovados sem a necessidade de exame final, enquanto
quatro membros ficaram de exame. Então, iniciou-se uma maratona de estudos para revisar todos
os conteúdos, em três dias de reuniões com quatro horas assíduas, cada membro do grupo propôs
estudar coletivamente, além de outros horários para um melhor desempenho de todos. Como re-
sultado do esforço de todos, os quatros conseguiram aprovação na matéria de Cálculo 1, alcançando
75
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
assim o objetivo da Célula, e mostrando o quanto estudar em grupo, na construção de laços de ami-
zade e preocupação com o próximo, ajudou-os a alcançar a meta.
Para a formação da Célula de Resistência de Matérias foi realizada uma reunião com os alu-
nos matriculados nesta disciplina, os que tinham interesse em fazer parte do grupo de estudos. Na
reunião foram esclarecidas dúvidas sobre o programa FOCCO, o que é o Programa, seus objetivos e
como funciona. Ao final da reunião, com os acadêmicos que realmente se dispuseram a participar
do grupo, foram discutidos os possíveis horários para realização dos encontros semanais.
O estabelecimento de um horário fixo semanal para realizar os encontros, talvez seja uma
das partes mais difíceis para a formação da Célula de estudos, pois para se chegar a um consenso
com participantes que não são do mesmo semestre, torna-se mais trabalhoso, pelo fato de que o
horário não prejudique nenhum membro da Célula.
A Célula foi consolidada após o estabelecimento dos horários de encontros semanais e
com a confirmação da participação dos membros, que dentre eles, dois já haviam participado em
semestres anteriores de outras Células de estudos formada pelo programa FOCCO, os demais ainda
não conheciam o programa.
Inicialmente, pelo motivo dos membros não terem muita afinidade uns com os outros, fo-
ram realizadas apresentações individuais, utilizando-se da dinâmica chamada “A Viagem” que trata-
va como podemos alcançar nossos sonhos e objetivos. Também houve a apresentação da história de
vida de cada um para evitar preconceitos entre os membros, podendo saberem o que aconteceu ou
o que os motivou a chegarem onde estão. A história de vida proporciona uma situação de reflexão e
autocrítica, pois todos que estão presentes naquele momento se colocam dispostos a compreender
a condição passada pelo colega que está relatando sua história de vida, a dinâmica contribui para
que os membros se aproximem e o grupo se fortaleça.
Na CRDM foram apresentadas histórias de vidas comoventes, relatando-se, por exemplo, a
história de um dos participantes em que ele próprio se sentia frustrado com o momento em que se
encontrava nos estudos, pela cobrança a si mesmo e dos próprios pais, e a circunstância o deixava
abatido. Outra história de vida foi a de um integrante que tinha os pais separados e convivia com sua
mãe, a mesma o ajuda e o apoiava em seus estudos, bem como seus avós maternos, ao contrário de
seu pai, o que ele destacou que não obtinha o mesmo estimulo.
Durante os encontros fora identificado que alguns dos membros ainda não conheciam o
Programa e não tinham o hábito de estudar em grupo, os mesmos não viam a Célula de estudos
como uma forma real de se conseguir atingir suas metas pessoais. Ainda nas primeiras reuniões
da Célula foram esclarecidas dúvidas em relação ao funcionamento do programa FOCCO, também
foi desenvolvido o plano de como seria a melhor forma de dar seguimento na Célula durante o se-
mestre para conseguir o objetivo principal que é a aprovação na disciplina e o secundário que é a
formação de um grupo de estudos entre os membros.
O plano de estudos elaborado pelos membros da Célula contava com a resolução de uma
lista de exercícios, elaborada pelo professor da disciplina, alguns exercícios extras encontrados nos
livros de bibliografia básica da ementa da matéria, simulados em datas estratégicas que antecediam
as das provas. Os exercícios foram resolvidos em conjuntos entre os membros, tendo com recurso o
quadro negro para tirar dúvidas gerais e fixar melhor o conteúdo trabalhado.
Na Célula de Resistência de Materiais, no decorrer do semestre, notou-se uma queda de
rendimento em relação às notas. Na primeira avaliação do semestre, os membros do grupo mostra-
ram uma grande disposição em buscar aprender os conteúdos da disciplina, assim, a maior parte do
76
grupo conseguiu notas excelentes. Mas, com o passar dos meses foi observado que alguns fatores
influenciaram na queda de rendimento, um deles foi pelo fato de os integrantes da Célula cursarem
entre oito a dez disciplinas, ficando assim inevitável que as avaliações das disciplinas cursadas fos-
sem agendadas na mesma semana que a disciplina que era trabalhada na célula de estudos, foi uma
situação problema que ocorreu no decorrer do semestre.
Por fim, foi também observada uma grande melhora no relacionamento e na cooperação
em grupo. Dentre os membros da Célula, um participante teve aprovação direta e dois fizeram prova
final, apenas um conseguiu a aprovação na disciplina. Por outro lado, alcançou-se outro objetivo, a
Célula teve êxito na construção de um grupo de estudos, mesmo que nem todos os membros tives-
sem a aprovação, eles pediram para dar continuidade com a Célula no semestre seguinte.
Considerações Finais
Referências
ALCÂNTARA, Paulo Roberto; SIQUEIRA, Lilia Maria Marques; VALASKI, Suzana. Vivenciando a
aprendizagem Colaborativa em Sala de Aula: experiências no ensino superior. Revista Diálogo
Educacional. Curitiba, v. 4, n. 12, 2004.
FRANTZ, Walter. Educação e Cooperação: práticas que se relacionam. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222001000200011&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 19 nov. de 2016
MIRANDA, Carmen Silvia Nunes de; BARBOSA, Marília Studart; MOISÉS, Talita Feitosa de. A
Aprendizagem em Células Cooperativas e a Efetivação da Aprendizagem Significativa em Sala de
Aula. Revista do NUFEN, v. 3, n. 1, p. 17-40, 2011.
77
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
SANTORO, Flávia Maria; SANTOS, Neide dos; BORGES, Marcos RS. A Avaliação de Estudantes em
Ambientes de Aprendizagem Cooperativa Apoiados por Computadores. Educação em Foco, v. 7, n.
1, p. 25-46, 2002.
UFC. Programa de Educação em Células Cooperativas: histórico do PRECE. Disponível em: < www.
prece.ufc.br>. Acesso em: 19 nov. 2016.
78
A APRENDIZAGEM COOPERATIVA E A DESCOBERTA DE HABILIDADES
RESUMO
Introdução
O Que é Aprendizagem Cooperativa e qual sua Importância nas Instituições de Ensino Superior
79
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
informação e possam ser avaliados de forma individual por seu trabalho. Esta maneira de ensino
surge da necessidade de adquirir metodologias interativas na educação através da troca de ideias
ativas, trabalhando no desenvolvimento da construção social.
Arruda (2015) contextualiza o uso deste método de estudos, o qual é mais comumente pra-
ticado em países mais desenvolvido como os Estados Unidos. Segundo Arruda (2015):
No Brasil, essa metodologia ainda é pouco utilizada, sendo mais presente no Estado
do Ceará, onde a mesma está inserida em praticamente todos os níveis da educação
e em todas as áreas do conhecimento. A Aprendizagem Cooperativa também foi
implantada recentemente na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
com o Programa de Formação de Células Cooperativas – FOCCO, [...]. (ARRUDA,
2015, p. 15).
80
pantes, pois a dedicação de cada membro beneficia tanto a si próprio, quanto aos demais. É impor-
tante destacar que apenas pertencer a um grupo não garantirá a aprendizagem de seus membros. É
de suma importância saber que o trabalho individual poderá influenciar no êxito ou no fracasso dos
demais integrantes, provocando o dobro da responsabilidade: individual e grupal.
A Aprendizagem Cooperativa apresenta-se como uma possibilidade de ensino que precisa
ser explorada no cenário da educação, que tanto requer a diversidade e a interação entre os sujeitos
quanto nas relações que poderão ser estabelecidas entre estes na educação sócio comunitária.
A educação deve ser vista como um processo coletivo, progressivo e permanente, que ne-
cessita de diversas formas de estudos para seu aperfeiçoamento, pois em qualquer meio sempre
haverá diferenças individuais, diversidade das condições ambientais que são oriundos dos alunos e
que necessitam de um tratamento diferenciado.
Nesse sentido, deve-se praticar atividades que contribuam para o desenvolvimento da in-
teligência e do pensamento crítico do educando. A exemplo, tem-se práticas ligadas a artes como a
música, pois ela se torna uma fonte para transformar o ato de aprender em uma atitude prazerosa
no cotidiano do professor e do aluno.
Para Faria (2001),
a música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também
sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a
socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação
(FARIA, 2001, p. 24).
O trabalho em grupo torna mais fácil a aprendizagem pelo fato de quem tem mais afinidade
ou habilidade com o instrumento servindo de suporte para quem está em fase inicial do aprendiza-
do musical.
Ao início do semestre, todos se apresentavam e falavam um pouco sobre seus gostos musi-
cais. Alguns gostavam mais do estilo sertanejo, outros de rock e alguns de MPB. Então, como haviam
vários gostos, buscou-se estudar músicas de cunho mais eclético, para que ninguém se sentisse
prejudicado.
Após essa apresentação, cada estudante contava sobre quais habilidades já possuía. Então,
os estudos começaram e a metodologia empregada da Aprendizagem Cooperativa foi posta em prá-
tica nas reuniões, a exemplo foram propostas duas atividades: na primeira, cada celulando aprendia
uma música separadamente; na segunda, todos praticavam a mesma música, cooperativamente.
Além disso, os próprios membros da célula indicavam músicas a serem estudadas nas semanas se-
guintes.
Percebeu-se que cada estudante adquiriu variadas características quando estava estudan-
do música, seja no canto, ou na facilidade em aprender algum ritmo proposto no momento.
Com isso, foi passada a responsabilidade e motivado cada celulando a ajudar o próximo.
Assim, quem possuía mais conhecimento compartilhava com os colegas, a fim de que todos pudes-
sem continuar cooperando.
A partir do momento em que todos discutiam, chegavam a um consenso comum, quanto
à próxima etapa a ser concluída, o integrante demonstrava sentir-se na obrigação de buscar meios
81
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
para obter o aprendizado, possibilitando assim que, em um futuro próximo, possa vir a ter o mesmo
entendimento que os demais.
Ao fazer uma análise do desempenho dos membros da Célula, listaram-se alguns fatores
positivos e outros negativos a partir das experiências vivenciadas com o trabalho cooperativo.
Pontos Positivos
Um dos principais pontos positivos encontrados nas Células foi o desenvolvimento da li-
derança. Alguns celulandos relataram que desenvolveram a competência de comunicação oral e
diminuíram a timidez. Também foi criado um ambiente ativo e investigativo, no qual os estudantes
foram incentivados a pesquisar e a estudar mais.
Constatou-se que a facilidade em aprender, em menor tempo, por parte dos celulandos
aumentou, elevando a autoestima e fazendo com que o indivíduo se sentisse parte integrante do
grupo, possuindo o suporte dos demais. Isso encorajou os estudantes a se preocuparem uns com
os outros, além de criar uma relação positiva entre alunos e professores, pois a disciplina é um dos
componentes trabalhados.
Pontos Negativos
Alguns pontos negativos foram: a dificuldade para encontrar horários em que todos os ce-
lulandos pudessem se reunir; as conversas paralelas por parte de membros da Célula dispersos e a
falta de comprometimento individual de alguns estudantes.
Uma importante estratégia para manter a permanência dos celulandos nas reuniões foi a
de determinar tarefas para os mesmos. Era proposto que cada um trouxesse atividades que conside-
rassem interessantes, como músicas que motivassem ou que todos conseguiriam tocar, na semana
seguinte.
Foi realizado também um encontro musical de Reggae, no qual os estudantes ficaram res-
ponsáveis por alguma tarefa. Alguns foram incumbidos de fazer comida; outros encarregados de
fazer a decoração do evento. Os demais na função da confecção das camisetas. A figura 01 apresenta
os participantes da Célula de Oficina de Música, no encontro musical de Reggae.
82
Figura 1: Membros da célula de Oficina de Música no Encontro Reggae
As dinâmicas de grupo também foram relevantes, pois ajudaram a prender a atenção dos
membros da Célula, além de criar um clima mais descontraído, evitando-se que alguém ficasse ner-
voso, com vergonha ou com medo de tentar.
O audiovisual é uma forma de arte de alta relevância, pois pode ser usado como um meio
de propagação de ideias, produtos, fatos jornalísticos ou produções artísticas, sendo capaz de trans-
mitir seriedade ou emoções. Estas são algumas das utilidades que um vídeo pode ter.
Há duas décadas, para se fazer um vídeo, era necessário ter uma filmadora à mão. Atual-
mente, a facilidade de se fazer produções artísticas e criativas em formato de vídeo aumenta a cada
dia, pois as câmeras digitais convencionais estão sendo fabricadas com a função de gravar vídeo.
Além disto, o acesso ao telefone celular se faz mais presente na vida do cidadão brasilei-
ro. À medida que a tecnologia destes aparelhos avança, suas características vão se desenvolvendo.
Como exemplo deste avanço tecnológico, tem-se a função de tirar fotos. Os celulares fabricados até
o ano de 2002 não possuíam esta função, mas foi com a chegada do aparelho Sanyo SCP-5300 que
se deu início à era da fotografia feita através de celulares. Como relatado por TECHTUDO (2012):
83
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
O mercado de audiovisual encontra-se em expansão, com o uso das redes sociais por parte
das empresas para atrair novos clientes. As grandes companhias estão trocando comerciais no horá-
rio nobre da televisão por anúncios em sites de reprodução de vídeo.
Para atestar essa afirmação, o Guia (2012) infere que:
Foram realizadas reuniões para decidir os horários e os temas que os membros da célula
gostariam de trabalhar no projeto. Os principais temas escolhidos foram Edição de vídeo e Produção
de filmes de curta-metragem.
Edição de vídeo
Os celulandos praticaram edição de vídeo, pois saber editar pode ser um ótimo adicional
em apresentações de seminários em disciplinas dos cursos de graduação, ou até mesmo para fins de
produções artísticas pessoais.
A Célula de Audiovisual foi criada com o intuito de produzir conteúdo audiovisual em forma
de filmes de curta-metragem. Foram realizados dois trabalhos. O primeiro, intitulado de “Coisas de
Calouro”, foi um curta de comédia que retrata a chegada de novos estudantes a cidades universitá-
rias, de maneira humorada.
O segundo foi de temática “zumbi”, e se chama “Os Primeiros Últimos Dias”, que apresenta
dois cientistas gananciosos que tentam trabalhar em uma fórmula para enriquecerem, mas acabam
criando a causa do surgimento dos mortos-vivos. Na figura 02, pode-se ver uma imagem deste curta.
84
Figura 02: Imagem do Curta “Os Primeiros Últimos Dias”
Pontos negativos
Alguns aspectos negativos encontrados foram a falta de compromisso individual por parte
de alguns dos celulandos, que faltavam às reuniões, sem avisar ou justificar, bem como:
• Falta de equipamentos necessários por parte de alguns membros;
• Alguns participantes queriam apenas estrelar nos curtas, sem comparecer às reuniões
regulares;
Uma vez encontrados os problemas previamente descritos, fez-se necessário tomar provi-
dências para o bom funcionamento do grupo. Como muitos membros estavam deixando de compa-
recer às reuniões, todos os integrantes foram chamados para participar de um processamento de
grupo.
O processamento de grupo é uma ferramenta importante quando se estuda cooperativa-
mente. Nele, abre-se um espaço para que os membros da célula façam críticas, deem sugestões e
opiniões, objetivando para tanto diminuir as desistências e fazer com que o grupo funcione da me-
lhor maneira possível.
No dia em que o processamento de grupo foi realizado, várias descobertas foram feitas.
Entre elas:
85
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Então, algumas das medidas tomadas para solucionar os problemas apresentados, para o
melhoramento da célula, foram:
• Mudança do horário com encontros presenciais uma vez por semana, no sábado à tar-
de;
• Alguns participantes ficariam encarregados de trazer dinâmicas de grupo para as reu-
niões;
• Cada membro do grupo poderia escolher uma pessoa para ser entrevistada e, após isso,
editaria o vídeo;
• Seria elaborado um Contrato de Cooperação, com tópicos sobre comprometimento e
disponibilidade para que os integrantes participassem mais.
Considerações Finais
O trabalho em grupo, quando realizado de forma correta, torna-se uma dinâmica favorável
para a construção do conhecimento e garantia da interação social, adotando a prática de coopera-
ção na convivência com os colegas, além da motivação e da descontração. Além disso, a estrutura
do método no qual apenas o professor é o transmissor rompe-se, pois cada um valoriza o conheci-
mento que tem e se torna o mediador na construção de conhecimento para os outros integrantes.
Ouvir o próximo sempre é bom para que se tome conhecimento de como os estudos estão
sendo levados. É muito útil ouvir uma segunda opinião, pois assim, o objetivo pode ser alcançado
com mais facilidade.
Referências
GUIAS E ESTRATÉGIAS PARA ESTUDAR. Aprendizagem Cooperativa & Colaborativa. Disponível em:
<http://www.studygs.net/portuges/cooplearn.htm> Acesso em: 28 de jan. de 2016.
OVEJERO, B. A. Métodos de Aprendizagem Cooperativa. PPL. 1990, Espanha. Disponível em: <http://
www.teresianasstj.com/index.php/metodologias/aprendizagem/161-metodos-de-aprendizagem-
cooperativa> Acesso em: 03 de fev. de 2016.
86
DESCOBRINDO O PODER DAS TECNOLOGIAS
RESUMO
Introdução
87
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Resultados Incentivadores
No período letivo 2015/01, de acordo com os dados fornecidos pela Supervisão de Apoio
Acadêmico – SAA, dentre os 44 acadêmicos matriculados na disciplina de Nivelamento em Mate-
mática, 22 reprovaram, posteriormente, no período letivo 2015/02 esse índice aumentou para 33,
diante dos dados, percebeu-se que sem a atuação do FOCCO, os dois períodos poderiam ser idênti-
cos em número de reprovados.
O resultado das avaliações dos celulandos na área de exatas, são confirmadas através das
notas subsequentes a primeira avaliação, conforme figuras abaixo. As células realizadas foram das
disciplinas de Nivelamento em Matemática, Cálculo, Estatística e Química Orgânica.
A figura 1, demonstra as notas da primeira avaliação dos 5 discentes, sem a realização de
células, nas quatro disciplinas citadas acima. A figura 2 demonstra as notas da última avaliação nas
mesmas disciplinas da figura 1, com a realização da célula, a participação foi assídua dos celulandos:
88
Figura 2: Última avalição das discplinas que tiveram células
89
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
demonstrado nas figura 1 e 2. Na primeira avaliação, sem a realização de células, o Isaac e a Isabelly
tinham respectivamente, 3,17 e 3,59, após frequentar as células, tiveram notas respectivamente,
9,5 e 9,6. Diante desta evolução não dá para negar que as células contribuem para o crescimento e
rendimento dos discentes, pois ambos tiveram um crescimento triplicado.
Facilitador na Célula
O projeto possui algumas formas de divulgação e de registro das atividades realizadas, den-
tre as quais, foi criada uma página do FOCCO, em uma rede social, onde são postados todos os tra-
balhos realizados pelos bolsistas. Na página é evidenciado o funcionamento de uma célula coopera-
tiva, que busca expressar as potencialidades de cada integrante do grupo, criando o sentimento de
90
protagonismo para que o sucesso do grupo seja reflexo do esforço de todos os envolvidos. A página
faz a divulgação do programa, tanto para a comunidade interna como a externa. Para comunicação
entre os bolsistas e celulandos são criados grupos de whatsapp, e-mails e registros pessoais. Tam-
bém é utilizado, no Câmpus, banners e cartazes para divulgar as ações a fim de incentivar outros
acadêmicos a participarem das células ou até mesmo tornar-se um articulador voluntário.
A figura 5 apresenta alguns depoimentos dos articuladores destacando-se os pontos positi-
vos das reuniões feitas pelo facilitador.
Célula - Frutiloucura
91
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
funcionasse corretamente, sendo necessário que todos cumprissem suas funções na célula.
A ferramenta empregada foi reunião presencial, em que todos os acadêmicos se relacio-
navam entre si, ajudando um ao outro, transmitindo o conhecimento através de uma linguagem
mais fácil e simples, vale salientar também que, a lousa foi uma ferramenta muito importante para
facilitar o cooperativismo entre os participantes, uma vez que, os mesmos a utilizavam para explicar
e para compartilhar o que aprenderam, com isso, ajudando aos demais. Frisando que ao comparti-
lhar o que já sabiam ou o que descobriam juntos, esse conhecimento fixava muito mais o que eles
já haviam aprendido e estudado, a figura 6 demonstra esses momentos de compartilhamento dos
conhecimentos de aprendizagem mutua.
Outra ferramenta que se mostrou eficiente e que enriqueceu a célula de frutiloucura, foi
o uso da tecnologia ao nosso favor, sendo realizadas células online por vídeo-chamada, através da
plataforma Skype. Foi notória a satisfação dos participantes e não podendo esquecer o feedback po-
sitivo que esta plataforma nos proporcionou. A figura 7 apresenta o uso, a interação dos celulandos
com o uso da tecnologia empregada na realização da célula.
Os participantes da célula realizada via Skype relataram como foi a experiência do uso da
tecnologia para realizar a célula. Os relatos de alguns dos celulandos estão demonstrados na figura
8.
92
Figura 8: Depoimento dos Celulando Referente à Célula Online
Como vimos, na figura 8, a ferramenta foi muito bem aceita pelos membros participantes
e foi também observado que a interação foi maior, pois houve concentração de todos para com o
assunto que estava sendo discutido no grupo. Vale ressaltar que todas as reuniões realizadas via
Skype tinha uma duração de, no mínimo, quatro horas, entretanto, devido a praticidade, comodida-
de e eficiência da ferramenta, acabávamos ficando muito mais tempo estudando, não se limitando
apenas ao horário estabelecido na célula.
As células buscam sempre trabalhar com a linguagem acadêmica e, claro, reforçando a im-
portância de trabalharmos como membros de uma família, um ajudando o outro e todos se ajudan-
do mutuamente, conseguindo ótimos resultados. Com base nisso, é visível a importância da ajuda
mútua, do cooperativismo, do estudo coletivo, do humanismo para com o próximo, afinal, todos são
capazes e todos tem o mesmo objetivo, trabalhando juntos, conseguimos ótimos resultados para
superar os obstáculos surgidos na vida acadêmica. O FOCCO tem mudado a concepção de muitos
alunos sobre o estudo, estudar em grupo, utilizando o aprendizado cooperativo tem feito a diferença
na vida acadêmica de nossos colegas.
A Aprendizagem Cooperativa empregada nas células do FOCCO vai muito além dos estu-
dos em grupos, permite um avanço rápido no aprendizado e na união dos celulandos ampliando o
aprendizado acadêmico e levando uma experiência única pra toda a vida (CARVALHO, 2015).
Quatro anos do Programa FOCCO no Câmpus e continuamos com os seis bolsistas, porém
sempre ampliando as atividades do FOCCO, cada dia mais resultados são apresentados, o que forta-
lece o programa e incentiva novos acadêmicos a participarem.
93
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Referências
RAMOS, I.C.N. Evolução do Projeto Focco em Nova Mutum. Trabalho apresentado. 8º Jornada
cientifica. Cuiabá: Unemat, 2017.
94
FOCCO EM FOCO – FOCCO NA CARA
RESUMO
Introdução
95
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Diante do objetivo proposto pelo FOCCO, visando ampliar o interesse pela participação de
antigos e de novos celulandos nas células cooperativas, os articuladores de Nova Mutum desenvol-
veram metodologias diferenciadas embasadas na aprendizagem mutua.
O PRIMEIRO FOCCO ONLINE do FOCCO de Nova Mutum trabalhou o conceito de se ter o
mundo nas palmas das mãos através da busca por resolução de situações problemas na interação
com outros membros do grupo de estudo. Assim, no desenvolvimento do projeto, os estudantes
demonstraram ter indisponibilidade de tempo, um fator negativo que dificultou os encontros con-
forme o planejamento. Para superar essa dificuldade, utilizou-se a tecnologia/internet a favor do
ensino.
Foi com esse propósito que realizamos o primeiro fórum do FOCCO via WhatsApp. A tecno-
logia foi utilizada para a realização de uma célula on line, no curso de Agroecologia, espaço em que
os celulandos expuseram suas dúvidas e opiniões sobre o conteúdo abordado e, através da ajuda
mutua, sanaram as questões levantadas, sem sair do conforto de suas casas. “Portando, o mundo
em suas mãos”, conforme demostram as figuras 1 e 2.
96
Utilização de Locais Diferentes para Realizar as Células
É fato que a sala de aula de uma universidade conta com um ambiente regado de competiti-
vidade entre os alunos, o conteúdo das disciplinas é despejado, deixando os alunos sobrecarregados
de informações e, muitas vezes, não é possível assimilar o mesmo por completo.
Na busca pela resolução desta problemática e objetivando o melhor desenvolvimento dos
celulandos, surgiu a ideia da realização de células, em ambientes diferentes da sala de aula, pro-
pondo aprendizagem de forma mais descontraída e prazerosa. Foram realizadas células no pátio da
universidade, na casa de articuladores e em laboratórios da universidade, assim trazendo um espaço
incomum e uma didática inovadora, que além de proporcionar maiores índices de aprovação, tam-
bém gerou bem-estar e vínculos de amizade entre os acadêmicos.
As figuras 3, 4 5 e 6 registram as células realizadas, conforme citado acima.
97
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
98
Focco de Interação
Um dos motivos pelo qual aumenta a taxa de evasão dos universitários a tantos anos, se-
gundo Roberto L. Lobo e Silva Filho, Paulo Roberto Motejunas, Oscar Hipolito e Maria Beatriz C. M.
Lobo 2007), deve-se ao fato de muitos acadêmicos virem de cidades distantes em busca de realizar
o sonho do ensino superior e ao se instalarem em novas localidades se deparam com realidades
difíceis, solidão, competitividade, saudades de casa, entre outros fatores (FARIAS, 2017).
Participar do Projeto FOCCO, além de favorecer o aprendizado cooperativo, a interação
entre acadêmicos, também contribui com a permanência dos universitários na universidade, como
consequência, amplia-se a construção de laços de amizades entre os membros das células. As cé-
lulas de interação são baseadas em troca de experiências, de sonhos e superação de dificuldades
encontradas pelos acadêmicos, que ao partilhar seus anseios e medos descobrem que não estão
sozinhos e que tem com quem contar.
As figuras 7, 8, 9 e 10 retratam o desenvolvimento de células que visam a interação e socia-
lização dos celulandos:
99
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
100
FOCCO na Cara
A ideia que estudar se trata de uma atividade cansativa e maçante é construída ainda no
início da vida escolar, isso ocorre porque, geralmente, as metodologias utilizadas em salas de aulas
não são atualizadas e se encontram ultrapassadas, a exemplo disso, tem-se os famosos métodos
mecânicos de aprendizagem: utilização de quadros negros, aulas para copiar conteúdos, decorar
tabelas e fórmulas, repetição de frases, entre outros. No entanto, estudar pode ser divertido.
O primeiro FOCCO na cara teve como objetivo o antes, o durante e o depois do aprendizado:
Com a realização dessa célula ficou claro que há muitas maneiras de se construir o conhe-
cimento, sem a utilização de métodos mecânicos de ensino. Essas inovações resultam em aprendi-
zagem leve, simples e eficaz.
101
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Considerações Finais
102
prepara os acadêmicos para o ambiente profissional e social ao qual serão expostos ao término de
seus cursos.
Referências
FARIAS, S. J. Por Que os Alunos estão Evadindo das Universidades? Disponível em: <http://www.
psicocast.com.br/por-que-os-alunos-estao-evadindo-das-universidades/09/>. Acesso em em 08 de
Jun. de 2018.
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Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/cerca-de-900-mil-estudantes-
abandonam-a-faculdade-antes-de-se-formar/. Acesso em 12 de Jun. de 2018.
SILVA FILHO, Roberto L. Lobo e, MOTEJUNAS, Paulo Roberto ;HIPOLITO, Oscar & LOBO, Maria Beatriz
C. M. A Evasão no Ensino Superior Brasileiro. 2007, vol.37, n.132, pp.641-659. ISSN 0100-1574.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0737132.pdf.> Acesso em 11 de Jun. de
2018.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Franciano Antunes
Danniel R.do Nascimento
Paulo R. S. David
Francisco de A. F. Aquino Júnior
Léo Manoel Lopes da Silva Garcia
Katiani Fernanda da S. Mattos Antunes
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo discutir os pressupostos teóricos que envolvem o
uso das novas tecnologias aplicadas à educação, em especial à educação a distância. A atuação de
professores e alunos em cursos na modalidade Ensino a Distância (EAD) requer a aplicabilidade dos
princípios norteadores da Aprendizagem Cooperativa, utilizando-se de ferramentas de interação en-
contradas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA’s) e a definição de critérios de avaliação de
AVA’s quanto a utilização do ambiente, segundo os princípios da Aprendizagem Cooperativa.
Introdução
[...] novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das
comunicações e da Informática. [...] a própria inteligência dependem, na verdade,
da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita,
leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma Informática
cada vez mais avançada (IDEM, 1994, p. 7).
A educação, por sua vez, tem papel fundamental neste processo de transformação e de atu-
alização constante do indivíduo. Neste sentido, a tecnologia pode possibilitar a construção de ações
educativas que envolvam e estimulem o estudante na construção de seu conhecimento. Muitas mu-
danças podem ser introduzidas com a utilização dos recursos computacionais e uso da internet, de
maneira a propiciar condições aos estudantes de exercitarem a capacidade da busca, da seleção, de
filtragem de informações para resolver problemas vivenciados e aprender de forma independente.
Para isso, faz-se necessário que, em vez de memorizar a informação, os estudantes sejam
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conduzidos a buscá-la e usá-la. Santos Vieira (2001) sugere que, as profundas e rápidas transforma-
ções em curso no mundo contemporâneo estão exigindo dos profissionais que atuam na escola, de
um modo geral, uma revisão de suas formas de atuação. Seguindo o mesmo raciocínio, conforme
destaca Gouvêa,
o professor será mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa
tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, [...] sem deixar as outras
tecnologias de comunicação de lado. Continuaremos a ensinar e a aprender pela
palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos,
pela televisão, mas agora também pelo computador, pela informação em tempo
real, pela tela em camadas, em janelas que vão se aprofundando às nossas vistas
[...] (Idem, 1999, p. 20).
Acredita-se que a utilização de recursos tecnológicos por si só não gera soluções para
os problemas de ensino/aprendizagem, mas não podemos negar que podem ser de extrema
relevância para possibilitar aprendizagens diante dos inúmeros recursos disponíveis, que explo-
ram a grande maioria dos nossos sentidos. Para Marçal Flores (1996), a Informática deve habili-
tar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino/
aprendizagem, enfim ser um complemento de conteúdos curriculares, visando ao desenvolvi-
mento integral do indivíduo.
Neste contexto, procura-se estruturar o presente artigo, iniciando por uma análise
acerca da relação entre educação e tecnologia. Neste item serão discutidas as teorias de apren-
dizagem que estão relacionadas ao uso das tecnologias da informação e comunicação na edu-
cação. Em seguida, as implicações desta no modelo de educação a distância via WEB, para tanto,
definindo o papel da educação à distância e analisando os recursos disponíveis em ambientes
virtuais de aprendizagem. Daí, analisar-se-á de maneira mais direta as ferramentas de interação
encontradas em ambientes virtuais de aprendizagem, verificando as possibilidades de uso das
mesmas. Em seguida, serão indicados os princípios da Aprendizagem Cooperativa e apontadas
as bases dessa teoria, finalizando com um breve levantamento do que foi discutido no artigo
com objetivo de realizar as considerações finais.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
intelecto humano, mas muito já se avançou nas últimas décadas. No entanto, não há uma resposta
simples e livre de contradições sobre como o homem aprende.
Portanto, buscaremos analisar as bases teóricas que abordam a construção do conheci-
mento humano e os processos de ensino e de aprendizagem, tais como, a epistemologia genética
de Piaget e a sócio interacionista de Vygotsky. É notório que, apesar das perspectivas distintas pelas
quais os teóricos citados examinam o fenômeno educacional, há confluências nos seus trabalhos.
Já, nas teorias em que predominam a objetividade, tais como a comportamentalista, o sistema cog-
nitivo humano é entendido como um receptáculo vazio à espera da inserção de informações. Para
Piaget há um enfrentamento constante entre o objeto e o sujeito, pois o pensamento se organiza
para se adaptar ao mundo, mas é nesse mesmo processo de organização que ele o transcende e age
no sentido de reestruturá-lo. Assim, Piaget destaca:
Para mim, existem 4 fatores principais: em primeiro lugar, Maturação..., uma vez
que este desenvolvimento é uma continuação da embriogênese; segundo, o papel
da Experiência adquirida no meio físico sobre as estruturas da inteligência; terceiro,
Transmissão Social num sentido amplo (transmissão linguística, educação, etc.); e
quarto, um fator que frequentemente é negligenciado, mas que, para mim, parece
fundamental e mesmo o principal fator. Eu denomino esse fator de Equilibração ou,
se vocês preferem, auto regulação (IDEM, 1969, p. 178).
Fica evidente, então, que a maturação é uma condição necessária, na perspectiva de ser
uma continuação do processo de formação do indivíduo, mas que não explica todo o desenvolvi-
mento humano. Temos, portanto, que levar e m consideração outros fatores, como a importância
da experiência vivenciada no processo. Nesse caso, Piaget estabelece dois tipos diferentes: 1) a
experiência física, que consiste em agir sobre os objetos para abstrair suas propriedades, partindo
dos próprios objetos; 2) a experiência lógico-Matemática que, também, consiste em agir sobre os
objetos para abstrair suas propriedades, mas não dos próprios objetos, mas a partir das ações do
indivíduo sobre esses objetos.
Outro fator necessário para o desenvolvimento do intelecto humano corresponde a trans-
missão social pela linguagem, enfatizando os contatos educacionais ou os sociais, nos quais o in-
divíduo pode receber uma grande quantidade de informações. No entanto, não é suficiente a as-
similação das informações, a qual só se dará se estiverem de acordo com o conjunto de estruturas
relativas ao seu nível de pensamento.
Para Piaget, o quarto fator fundamental de desenvolvimento humano é o da Equilibração.
Para ele ocorre sempre na direção de um equilíbrio, mas sem um plano preestabelecido, isto é, o
equilíbrio depende da ação do sujeito ativo sobre os distúrbios externos e, ao mesmo tempo, da
ação desses distúrbios sobre o sujeito. Assim, o desenvolvimento se dá por uma constante busca de
equilíbrio, o que significa a adaptação aos esquemas existentes do mundo exterior. Nesse sentido, a
adaptação, entendida como processo, é um ponto de equilíbrio entre dois mecanismos indissociá-
veis: a assimilação e a acomodação.
A assimilação diz respeito ao processo pelo qual os elementos do meio exterior são inter-
nalizados à estrutura, enquanto que a acomodação se refere ao processo de mudanças da estrutura,
em função dessa realização, quando há a diferenciação e integração de esquemas de assimilação.
Assim, como diz Piaget (1969, p. 178), “a adaptação é o equilíbrio entre a assimilação da experiência
às estruturas dedutivas e a acomodação dessas estruturas aos dados da experiência”. Portanto, para
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Piaget esses fatores são fundamentais como condições necessárias ao desenvolvimento do intelecto
do indivíduo independente do ambiente onde uma situação de aprendizagem ocorra.
Vygotsky propõe um estudo sócio genético do ser humano, assim como, estabelece rela-
ções com as condições biológicas, principalmente nos aspectos neurológicos, na tentativa de evitar
reducionismos e simplificações de qualquer espécie. Ele empenhou-se em criar uma nova teoria que
abarcasse uma concepção de desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instru-
mentos, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento. Segundo Lucci (2002),
“os instrumentos são meios externos utilizados pelos indivíduos para interferir na natureza, mudan-
do-a e, consequentemente, provocando mudanças nos mesmos indivíduos”.
Nesse sentido, Vygotsky propôs, então, uma nova psicologia que, baseada no método e
nos princípios do materialismo dialético, compreendesse o aspecto cognitivo a partir da descrição e
explicação das funções psicológicas superiores, as quais, na sua visão, eram determinadas histórica
e culturalmente. Ou seja, propõe uma teoria marxista do funcionamento intelectual humano que,
inclui tanto a identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes à formação e desenvolvimento
das funções psicológicas, como a especificação do contexto social em que ocorreu tal desenvolvi-
mento.
Para Vygotsky, o desenvolvimento mental é marcado pela interiorização das funções psico-
lógicas. Essa interiorização não é simplesmente a transferência de uma atividade externa para um
plano interno, mas é o processo no qual esse interno é formado. Ela constitui um processo que não
segue um curso único, universal e independente do desenvolvimento cultural. O que nós interiori-
zamos são os modos históricos e culturalmente organizados de operar com as informações do meio.
Visando o estudo sobre a interação em Ambientes Virtuais de Aprendizado, ou AVA, é in-
contestável a relação entre conhecimento e interação, observada nas obras de Piaget e Vygotsky,
fazendo assim, que ambos sejam considerados interacionistas. Chamamos a atenção para o fato de
que os sujeitos constroem seu conhecimento a medida em que interagem entre si e com o meio em
que estão inseridos. Assim:
Piaget destaca que o conhecimento é construído por meio da interação entre o sujeito e o
objeto. É, portanto, uma relação de causa e efeito, ação e reação, na medida em que o sujeito age
e sofre a ação do objeto, sua capacidade de conhecer se desenvolve, enquanto produz o próprio
conhecimento. Assim, o conhecimento só emerge na medida em que o sujeito haja sobre o objeto
e sofra ação deste. Porém, conhecer não é assimilar o objeto, nem tampouco afirmar o sujeito.
Assim, Koschmann (1996) faz uma descrição dos paradigmas na evolução da utilização do
computador como tecnologia educacional. Ele descreve, os sistemas CAI – Computer Assisted Ins-
truction em que a informação é desmembrada e apresentada em partes sequenciadas ao aluno;
os sistemas ITS – Intelligent Tutoring Sistems – em que o sistema tem uma capacidade maior de
interação com o aluno, assumindo as tarefas de tutoria e oferecendo ao aluno um atendimento in-
dividualizado ; e os sistemas CSCL – Computer Supported Collaborative Learning - utilização de redes
de computadores como apoio para Aprendizagem Colaborativa , apoiada na comunicação. Nessa
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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Ferramentas de Interação em AVA´S
• Serviço de e-mail – ferramenta que permite uma discussão assíncrona. Na sua ori-
gem, esta ferramenta podia conter apenas texto. Porém, hoje, as mensagens podem
conter multimídia e encaminhar junto, em seu envio, arquivos anexados. Apesar
disso, algumas mensagens não-verbais com fisionomia ou entonação de voz, im-
portantíssimas numa relação interpessoal, não podem ser valorizadas através dela.
• Lista de discussão – ferramenta que permite uma discussão assíncrona. Sua grande
diferença em relação ao serviço comum de e-mail está associado a ideia que as lis-
tas permitem discussões de muitos para muitos. Além disso, as listas permitem uma
discussão sobre uma temática específica, o que leva muitas comunidades virtuais a
se organizarem a partir e em torno desse serviço eletrônico.
• Chat ou sala de bate-papo – um ambiente para a livre discussão em tempo real,
isto é, de forma síncrona. O chat é uma das ferramentas mais poderosas para a
interação mútua, pois devido à velocidade de intercâmbio, oferece um palco para
diálogos de alta intensidade e para a aproximação dos participantes, um a um ou
muitos a muitos, sem qualquer proximidade física.
• Fórum – Pode ser usado de maneira síncrona ou assíncrona, ou seja, serve de inter-
face tanto para interações mútuas quanto reativas, dependendo de seu uso e obje-
tivo. É muito usado em AVA como ambiente de debate acerca de temas propostos.
O texto enviado pelos participantes é ordenado em uma sequência cronológica.
O serviço é normalmente utilizado como simples ou registro linear de opiniões,
mantendo-as em uma estrutura estática que aparentemente pouco motiva o inter-
câmbio de ideias.
Através dos canais de interação mútua, como salas de bate- papo e programas de comuni-
cação instantâneos, os participantes interagem e, consequentemente, aprendem uns com os outros.
Na relação construída os integrantes discutem sobre diversas temáticas, com uma conexão que pode
se aproximar de um encontro pessoal. Muitos participantes preferem a utilização de fóruns pelo or-
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
denamento de todas as mensagens enviadas. Dessa forma, qualquer pessoa que visite o ambiente
pode observar a evolução da discussão. Nem sempre estes ambientes interativos são usados de ma-
neira adequada ou mesmo são usados. Isso mostra também a dificuldade que muitos apresentam
em trabalhar de forma cooperada, tendo em vista a ênfase de nossa cultura no trabalho individual.
110
mente, o que implica e m ajuda e compreensão mútuas. Caso algum do integrantes tenha dificul-
dades em determinado conteúdo disposto no trabalho a ser e executado e m cooperação, os outros
têm responsabilidade para como socorro ou apoio que seja necessário no sentido de colocá-lo em
pé de igualdade com os demais. Na Responsabilização Individual coloca-se o devido valor sobre o
desempenho individual para que nenhum membro acredite que o bom resultado coletivo é o úni-
co objetivo da cooperação. Nesse sentido, a equipe deve trabalhar com o objetivo de tornar seus
resultados superiores aos que seriam possíveis de se produzir isoladamente, garantido que cada
membro possa desenvolver suas habilidades e conhecimentos através dos demais.
Na Interação Promotora trata-se a maneira na qual a ajuda mútua deve ocorrer dentro
de uma equipe. Os integrantes devem se interessar na promoção direta do sucesso uns dos
outros valorizando os esforços na tentativa de entender e apreender os conteúdos, ajudando
diretamente e encorajando nos momentos de desânimo. Uma atitude que ajuda neste caso é a
formação de grupos com no máximo quatro componentes, o que garante que cada integrante
terá algum tempo para interagir com todos os demais. Nas Habilidades Sociais, segundo Gard-
ner (1995), trata-se dos diferentes níveis da inteligência cognitiva, requer uma visão pluralista
da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo
que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. Essas
habilidades, na medida e m que se perceber a necessidade, devem ser ensinadas à equipe e,
pelo acompanhamento responsável destas, deve-se verificar se estão sendo corretamente uti-
lizadas para promover a cooperação dentro da mesma. Liderança, confiança, gestão de confli-
tos são aptidões que devem ser desenvolvidas com o mesmo empenho que as aptidões para
qualquer outra inteligência, mas que para o trabalho cooperativo tem uma importância au-
mentada pela obrigatoriedade da inter-relação entre os diferentes perfis individuais presentes
em uma equipe.
Por fim, a respeito do processamento de grupo, deve-se perceber que toda aborda-
gem, quando é iniciada, leva tempo para ser absorvida. É preciso entender esse processo para
que a intervenção, na tentativa de melhorá-lo, possa acontecer a contento e em seu tempo.
Os integrantes das equipes também devem ser críticos de seu próprio processo de
desenvolvimento e devem ser encorajados a avaliarem-se para decidir sobre, por exemplo, a
manutenção ou não de determinado comporta mento ou atitude tão logo se perceba que
estes estão agregando valores positivos ou prejudicando a construção de conhecimento da
equipe ou de seus membros, respectivamente.
Piaget (1973) define a cooperação como coordenação de pontos de vista e como um
processo criador de realidades novas, não apenas simples troca entre indivíduos desenvolvidos.
Para ele:
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Critérios para Avaliação de AVA’s quanto à Utilização das Principais Ferramentas de Interação,
segundo os Princípios da Aprendizagem Cooperativa
Propondo critérios
Critérios Sim Não
As ferramentas de interação permitem a criação de
grupos particulares na utilização das diversas
ferramentas de interação
Existe um instrumento de controle de interação de
integrantes na formação de grupos
Existe possibilidade pedagógica de se trabalhar
segundo os princípios da cooperação no AVA
analisado
112
se criar grupos de no máximo 4 integrantes, de forma que os participantes possam
interagir na execução de suas atividades. Portanto, é de grande necessidade que as
ferramentas de interação encontradas no AVA possam permitir a criação de grupos
particulares. Por exemplo, um chat que permita aos participantes conversar reser-
vadamente com os integrantes do mesmo grupo e que esse possa ser observado
pelo professor (tutor, mediador).
• Existe um instrumento de controle de interação de integrantes na formação de
grupos - Este critério foi escolhido pelo fato de cada grupo formado, bem como, o
professor (tutor, mediador), possa ter uma forma de controle e de registro das ati-
vidades desenvolvidas.
• Existe possibilidade pedagógica de se trabalhar segundo os princípios da coopera-
ção no AVA. Este critério trata do trabalho seguindo as orientações dos princípios
da Aprendizagem Cooperativa. Para que hajam tais condições pedagógicas é neces-
sário que o AVA possibilite uma interação entre estudante/estudante, estudante/
professor, estudante/ambiente e professor/ambiente.
Considerações Finais
Referências
JONASSEN, D. (1996). Using Mindtools to Develop Critical Thinking and Foster Collaborationin S
chools. Columbus. 1996.
113
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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Faculdades: Qual é a evidência de que funciona?. Vol. 30, Issue 4, In change. Jul/Aug 1998.
KOSCHMANN, Timothy. Paradigm Shifts and Instructional Technology: an introduction. New York: Springer
New York, 2011.
KOSCHMANN, Timothy (Org.). CS CL: theory and practice of an emerging paradigm. Hillsdale, N.J:
Lawrence Erlbaum, 1996. p. 1-23.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Editora 3. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Catarina E. F. da Silva e Jeanne
Sawaya (trad.). São Paulo: Cortez, Brasília- DF: UNESCO, 2000.
114
FOCCO EM VIVÊNCIAS: APRENDIZAGEM COOPERATIVA COMO FORMA DE
VALORIZAÇÃO DO SABER
RESUMO
Introdução
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Aprendizagem Cooperativa
Devido à grande quantidade de pessoas interagindo entre si com as suas diferenças em re-
lação as suas habilidades de lidar com os desafios e se adaptar-se tornou um problema para os edu-
cadores em geral, encontrar uma maneira de otimizar e maximizar a aprendizagem de diversos alu-
nos para que os mesmos sejam capazes de conviver em grupo aceitando o próximo, e, ainda, manter
relações interpessoais positivas. A Aprendizagem Cooperativa é sem dúvida uma grande aliada neste
impasse. Segundo Firmiano: “a Aprendizagem Cooperativa é definida como um conjunto de técnicas
de ensino em que os alunos trabalham em pequenos grupos e se ajudam mutuamente, discutindo a
resolução de problemas facilitando a compreensão do conteúdo” (IDEM, 2011, p.05).
O estudo e o aprendizado cooperativo é um hábito que dispõe de diversas técnicas que
favorecem organizar e conduzir as atividades em sala de aula. Consiste principalmente na ideia de
pessoas com problemas em comum se unirem para que, desta forma, cada uma possa oferecer ao
grupo o que de melhor lhe é cabível, para assim haver um cooperativismo mutuo e se obter um
produto final acabado e com traços de cada um que participou para compilá-lo. Esse trabalho em
conjunto propicia aos estudantes criarem formas de interdependência, que os tornam responsáveis
pelo sucesso de sua aprendizagem e também pela dos outros (VIEIRA, 2000).
Ferreira; Lopes & Pinho (2013) ao parafrasearem Bidegáin (1999) e Maset (2003) defendem
que o estudo cooperativo se apoia em dois pilares fundamentais: o primeiro é a aprendizagem,
a qual requer a participação direta e ativa de todos os estudantes, visto que nenhum deles pode
aprender sem a ajuda do outro, pressupõe a existência da interajuda; a ajuda mútua e a cooperativa
que possibilitam atingir níveis mais altos de aprendizagem e de melhor qualidade. Afirmam que se
pode falar de Aprendizagem Cooperativa quando se organiza uma tarefa cuja condição necessária
para realização é se, e somente se, houver cooperação de todos os elementos nela intervenientes.
O conceito FOCCO na Universidade do Estado de Mato Grosso
O programa de Formação de Células Cooperativas - FOCCO inserido nos campiCampi da
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT foi inspirado em um programa da Universidade
Federal do Ceará – UFC intitulado PRECE, segundo Dracoce, Engster e Milhomem:
[...] PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas – criado pelo Prof. Dr.
Manoel Andrade, da Universidade Federal do Ceará – UFC, que a princípio atendia
os moradores da comunidade Cipó, zona rural do município de Pentecostes, no
sertão cearense. Posteriormente passou a atender aos acadêmicos da UFC com
a oferta de bolsas com remuneração para universitários, que assumem o papel de
articuladores ou facilitadores de células de aprendizagem dentro do seu Câmpus,
com a constante busca pela melhoria do capital social da instituição (Idem, 2013,
p. 8).
Na UNEMAT, o projeto tem por objetivo a diminuição dos índices de reprovação, evasão e
desistência entre os acadêmicos da instituição, a principal ação do programa é a criação de células
de estudo cooperativo, com atividades em horários alternativos que não conflitem com os períodos
de aula dos acadêmicos, possibilitando a aprendizagem e o desenvolvimento em atividades que es-
timulem o sentimento de pertencimento à Universidade, dessa forma, aumentando a frequência e
o interesse em permanecer na instituição.
Com a ação dos estudantes de maneira cooperativa e proativa dentro de um grupo de
116
estudos intitulado “célula” faz com que seja parcialmente dispensada a figura do docente, como
pessoa principal para se obter conhecimento, pois os próprios acadêmicos podem discutir entre si e
alcançar os resultados requeridos. Ao articulador (bolsista) cabe o papel de organizar os encontros,
mediar as discussões e estimular os debates de maneira que a reunião da célula se torne ao máximo
produtiva para todos os integrantes, sem deixar ninguém isolado, de modo que o conhecimento seja
gerado pelo grupo e para o grupo.
Visto o conceito sobre estudo cooperativo, apresentar-se-á a seguir, relatos sobre as dificul-
dades, conquistas e desafios das iniciativas (células) realizadas por acadêmicos do Câmpus de Nova
Xavantina na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT através de incentivo do programa
de formação de células cooperativas de estudo – FOCCO.
Mais que partilhar histórias, queremos compartilhar um pouco de nossas vivencias dentro
da academia, estimulando o saber, a prática de novos conhecimentos, superando as dificuldades e
alegrando-nos juntos nas vitórias alcançadas.
Como despertar os acadêmicos para estudar juntos, criar vínculos e se encontrar semanal-
mente dispostos a produzir conhecimentos e melhorar suas notas? Isto lhe parece ser desafiador,
não é? Acredite, para nós articuladores do Câmpus de Nova Xavantina não foi diferente, os desafios
eram enormes, as incertezas também, mas inspirados pela essência do Projeto FOCCO e mergulha-
dos na história deste projeto, desde a sua criação, ainda como PRECE na UFC, até os dias atuais nos
encorajamos a dar um passo adiante e a perceber que dentro da Universidade iria render frutos,
construir uma nova história e fazer acontecer a aprendizagem.
Desde a etapa do processo seletivo, nós articuladores da fase atual do FOCCO (2014-2016)
estamos vivenciando a mística deste projeto, que é o saber em cooperação e através de nossas
células, cada uma com suas particularidades vem, “fazendo acontecer” dentro do Câmpus. As 04
(quatro) experiências que aqui serão apresentadas, são repletas de verdades, de saberes e conhe-
cimentos construídos a partir da nossa realidade, são pequenas ações que fizeram e até hoje fazem
a diferença na vida de nós universitários, seja para entender o conteúdo ou mesmo melhorar suas
relações interpessoais dentro da universidade.
117
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
A Célula “Edificar conhecimento” era voltada diretamente para o curso de Engenharia Civil,
na qual buscamos sempre abraçar e receber o maior e mais diferenciado número de acadêmicos,
para tanto, trabalhamos de maneira flexível em relação aos temas, conteúdos e datas. A proposta
sempre foi auxiliar da melhor maneira as dificuldades dos acadêmicos, desta forma, junto aos outros
dois8 bolsistas do Curso, dividimos temas e horários de forma que os acadêmicos pudessem partici-
par do máximo possível de células. Aproveitamos sempre os encontros para trocar ideias, dialogar,
tirar dúvidas de demais matérias, bem como, organizar outros momentos de estudo, na maioria das
vezes fora da faculdade, fazendo com que os acadêmicos se sentissem envolvidos pelo meio exter-
no, como cita Vieira (2000):
Esta célula foi iniciada no ano de 2015, realizando-se encontros para estudar e deba-
ter os conteúdos disciplinares em “Focco”. A célula, em seu primeiro semestre, contou com a disci-
plina de Cálculo III, cujo objeto de estudo despertou o grande interesse dos acadêmicos, no grupo
participavam, semanalmente, aproximadamente dez alunos por encontro. No ano de 2016, com a
mudança de semestre, mudou-se também o tema da célula, voltando-se para duas disciplinas que
foram Física Geral III e Mecânica dos Fluidos, assim, a célula permaneceu com os mesmos alunos e
a evolução com as duas disciplinas foi muito grande e seus rendimentos foram percebidos por todos
os membros do grupo que se sentiram motivados pela aprendizagem desenvolvida coletivamente.
8 O curso de Engenharia Civil, conta com três bolsistas, pois devido a inexistência de candidatos, em dois dos quatros cursos do Câmpus, as vagas foram
remanejadas por ordem de classificação do seletivo.
9 Como são chamados os participantes das células do programa FOCCO.
118
A célula se organiza para estudo em encontros semanais, momentos em que realizam reso-
lução de exercícios passados em sala pelos docentes. As dúvidas que surgem são levadas ao grupo e
se nenhum celulando conseguir resolver o problema, então todos ficam responsáveis em pesquisar
e encontrar uma possível resposta ou solução, assim contribuindo coletivamente para a aprendiza-
gem. Quando há proximidade de alguma avaliação, é solicitado aos docentes que nos passem antes,
uma lista de exercícios que, se resolvida, poderá nos ajudar durante o teste. Com isso os resultados
da célula sempre tem sido positivos, possível incentivando manter uma grande quantidade de aca-
dêmicos participantes do grupo de estudos.
Considerações Finais
Este estudo teve como principal motivação, apresentar, na visão dos articuladores, o estudo
cooperativo dentro da Universidade do Estado de Mato Grosso, especificamente no Câmpus univer-
sitário de Nova Xavantina - MT. Tendo como foco o funcionamento das células distribuídas entre os
cursos de Agronomia e Engenharia Civil, nesse processo, cada articulador definiu o funcionamento
básico de sua célula, realizou a avaliação individual e coletiva dos resultados alcançados pelos mes-
mos, servindo-se de fatos que ocorreram durante o funcionamento das células e das analises dos
resultados
Observou-se que o programa de formação de células cooperativas no referido Câmpus, em
geral, tem alcançado o seu sucesso, a consolidação e a reciprocidade dos acadêmicos no desenvol-
vimento das atividades de estudo. Constatou-se, ainda, que as células não tiveram evasão e que
o estudo em grupo, no cotidiano do universitário alcançou os objetivos de aprendizagem de seus
participantes. Os temas selecionados para estudo nas células estão em seu ápice, tendo em vista
que, a cada semana os mesmos acadêmicos estão presentes para debater e discutir o assunto ou
conteúdo da disciplina em foco, assim, vemos o bom funcionamento das células, estimulando, que-
em um futuro mais próximo, com a aplicação em disciplinas de outros semestres, a ampliação do
conhecimento e interesse pela fundamentação teórica para pesquisa cientifica, além de constatar
que os bons frutos de outras células tem sido afirmando com a melhoria das notas dos alunos após
os exames das disciplinas que estão sendo estudadas com o tema da célula.
Referências
DRACOCE, Andersom Rafael; ENGSTER, Eder Cledinei; MILHOMEM, André Luiz Borges. Aprendizagem
Cooperativa: uma nova abordagem sobre a educação. Colíder, Vol. 2, nº2. 2013. Unemat Editora.
GEOCOMP/ANAIS. ISSN:2318-3896.
119
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
120
Levando em consideração este cenário conturbado na educação, muitas pesquisas, proje-
tos e iniciativas para que se reverta esta situação, pelo menos a longo prazo, é aplicada nas escolas
e nas salas de aula. Segundo Paulo Rogerio Areias de Souza, em seu artigo “A Importância da Mo-
nitoria na Formação de Futuros Professores Universitários”, publicado em Maio de 2018, ressalta
a importância da monitoria e do grupo de estudo em conjunto nas disciplinas de ensino superior,
adquirindo grandes avanços pessoais e, em conjunto, na troca de conhecimento, etc.
Com base nesses e outros requisitos que em 2011 cria-se na Universidade Estadual de Mato
Grosso (UNEMAT) o projeto de Extensão FOCCO - Programa de Formação de Células Cooperativas,
que tem por objetivo diminuir a evasão escolar, estimular os alunos à prática do estudo através de
grupo de estudos cooperativos, incentivando e encorajando os participantes a criar autonomia de
estudos (FATHMAN, KESSLER – 2993 e LOPES, SILVA, 2009).
Metodologia
Um dado que vem preocupando muito diretores de instituições de ensino, tanto público
como privado, é a evasão de alunos do Ensino Médio. Esta situação está atrelada a diversos fatores
negativos como: geração de indicadores negativos nas avaliações externas para as instituições, bem
como, professores desestimulados em ensinar devido à falta de garantia de seus direitos e descaso
com seu trabalho, preocupação social diante do erro na formação básica dos alunos do Ensino Mé-
dio. Em rodas de conversas com os participantes da Célula de Matemática Básica para conhecer o
cenário e relação que eles tiveram com sua instituição de ensino na Educação Básica, pontuaram
que os conteúdos eram passados de forma superficial, o que acabava por não contribuir para agre-
gar conhecimento.
121
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
da Matemática. Foi devido a essa situação problema que a célula interessou-se em participar de um
grupo de estudos com o uso da metodologia de Aprendizagem Cooperativa.
Outro fator que agregava na defasagem dos dicentes de Economia, atuais participantes do
FOCCO, era que grande parte deles haviam concluído o Ensino Médio há muitos anos e não haviam
se deparado com certos conteúdos passados em sala, isso contribuiu para a busca de superação na
aprendizagem de conceitos que ainda não dominavam.
Ao iniciar a Célula pude perceber que ao longo dos encontros, alunos de outros cursos
como Administração, Farmácia, Engenharia Florestal e Engenharia Elétrica começaram a frequentar
o grupo de estudos, sendo que a maioria apresentava dificuldades comuns com a Matemática.
Durante o desenvolvimento deste artigo foi aplicado uma enquete aos participantes e aos
docentes que já participaram da Célula do FOCCO de Matemática Básica. A plataforma de pesquisa
foi FormsApp. Além das respostas ao questionário foi usado como material de analise os relatórios
realizados ao final de cada encontro. O questionário foi aplicado a onze celulandos com objetivo
de analisar como tem sido as vivencias e experiências deles no Programa FOCCO até os dias atuais.
122
A cada encontro do FOCCO foi possível observar a mudança comportamental dos celulan-
dos, em relação ao modo de estudar e ao cooperativismo. No início de cada encontro era pedido que
os alunos se sentassem com pessoas que não conviviam no dia–a-dia e que estivessem resolvendo
atividades semelhantes. A intenção dessa dinâmica era fazer com que eles aprendessem, treinassem
a aprendizagem em conjunto, independentemente de quem estivesse ao seu lado, tornando-os
mais unidos e desenvolvendo opiniões criticas para mudanças através de consenso e da resolução
de exercicíos, além de abranger autonomia e se colocar sempre a enfrentar constantes desafios.
Os primeiros desafios ao iniciar um grupo de estudos que envolve cálculos matemáticos é
a quebra do medo para ser substituída por autonomia para execução de exercícios. Torna-se um
processo árduo, pois ao longo do percursos muitas outras dificuldades vão ficando visíveis, como,
por exemplo, dificuldade em leitura e interpretação.
Dentre os onze celulandos que responderam, 27,3% que correspondem a três participantes
alegaram terem ido a mais da metade dos encontros referentes às datas estabelecidas na pergunta,
sendo assim a maioria. Analisando de forma geral, percebe-se que como minoria, com 9,1%, são
aqueles que raramente comparecem nos encontros. Conclua-se então que boa parte dos dicentes
que frequentam a célula tem presença ativa nos encontros, sendo o grupo significativo para sua
aprendizagem.
O quanto aos encontros do FOCCO de Matemática Básica te ajudaram a fixar e esclarecer
o conteúdo da matéria? (De [Insatisfatório] 1 a 5 [Plenamente Satisfeito] classifique o quanto te
ajudou).
123
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
124
Figura 4 - Quarta questão.
Nesta questão foram avaliadas as dinâmicas aplicadas nos encontros da célula, levando
em consideração a divisão de grupo no momento de resolver os exercícios, encorajar o celulando a
demonstrar na lousa sua resolução de exercício, etc. Observa-se que 63,6%, correspondendo a sete
dos onze entrevistados, estão plenamente satisfeitos com o dinamismo aplicado na célula.
Considerações Finais
A defasagem educacional por grande parte dos acadêmicos é uma realidade preocupan-
te, quando se volta o olhar para os inúmeros motivos da evasão de alunos na universidade. Deste
modo, programa como o FOCCO – Formação de Células Cooperativas surge com o objetivo de dimi-
nuir a defasem de aprendizagem dos alunos dentro da universidade; além de estimular a Aprendi-
zagem Cooperativa, dar autonomia no momento dos estudos e ampliar conhecimento. A célula de
Matemática Básica tem como principio dar suporte para os alunos construirem conceitos básicos da
Matemática, desmitificar anseios empregados à matéria e incentivar o treinamento de exercícios na
compreensão do conteúdo.
Através da enquete aplicada aos participantes da célula de Matemática básica é perceptível
que a cada encontro os mesmos conseguem construir novos conhecimentos na intervação com os
membros do grupo por meio da Aprendizagem Cooperativa. Tendo em vista os aspectos observados,
compreende-se que a aprendizagem em grupo (células) possibilita a formação de acadêmicos autô-
nomos em seus estudos e críticos em relação ao seu aprendizado.
Referências
JCUNHA, Anaira dos Reis Jorge da e NASCIMENTO, Renata Cristina L. Cintra Batista. Aprendizagem
Cooperativa em Saúde da Criança e do Adolescente no Curso Enfermagem. Mato Grosso: UNEMAT,
2017.
LOPE, J.;SILVA, H. S.: Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: Um guia prático para o Professor.
Santarém-SP: Lidel edições, 2009.
Portal UFJF. Pesquisa Identifica Dificuldades de Aprendizado de matemática entre Alunos do Ensino
125
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
126
FOCCO EM PRÁTICA: COMO A APRENDIZAGEM COOPERATIVA FAZ DIFERENÇA NOS
CURSOS DE ENGENHARIA
RESUMO
Introdução
O estudo cooperativo pode ser um grande aliado, quando se está em pauta o aproveita-
mento e assimilação de conhecimento em um ambiente universitário, onde as dificuldades são ele-
vadas e o uso de metodologia adequada pode trazer inúmeros benefícios aos acadêmicos.
A Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat, visando estimular o sentimento de
pertencimento à Universidade; combater a repetência e a evasão, propõe a criação de conhecimen-
to em grupos, para tanto, em 2013, criou o Focco – Programa de Formação de Células Cooperativas.
O estímulo para criação de tal programa se baseia em experiências bem-sucedidas oriundas do inte-
rior do Estado do Ceará, coordenadas pelo professor Manoel Andrade.
Este artigo tem por objetivo definir o estudo cooperativo, apresentar o Focco e suas raízes,
além de investigar como estão sendo desenvolvidas as atividades do projeto e os resultados obtidos
no Câmpus da Unemat em Sinop-MT.
Para tanto, o estudo em questão, está estruturado em três partes: A primeira trata, especifi-
camente, das definições da Aprendizagem Cooperativa; A segunda versa sobre a criação do Focco na
Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat e os propósitos de tal inserção; A terceira parte,
é especificamente relacionada à experiências vivenciadas pelos bolsistas no Focco do Câmpus de
Sinop-MT, no período de 2017 à 2018. Nas considerações finais, ao mesmo tempo que se retoma
os objetivos do trabalho, tecem comentários sobre a relevância deste programa para o desenvolvi-
mento do acadêmico como ser social, buscando desenvolver atividades relacionadas não somente à
127
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Material E Método
Aprendizagem Cooperativa
Devido a quantidade de pessoas interagindo entre si, com as suas diferenças, em relação
as diferentes habilidades em lidar com os desafios e se adaptar dentro da universidade, visando
superar os problemas de aprendizagem de maior parte dos estudantes, a Unemat, por meio do
Projeto Focco, buscou encontrar uma maneira de otimizar e maximizar a aprendizagem de diversos
alunos para que os mesmos pudessem ser capazes de conviver em grupo, aceitando o próximo, e
ainda, mantendo relações interpessoais positivas. Assim, serviu-se da Aprendizagem Cooperativa
para garantir o estudo em células cooperativas. Segundo Firmiano: “A Aprendizagem Cooperativa é
definida como um conjunto de técnicas de ensino em que os alunos trabalham em pequenos grupos
e se ajudam mutuamente, discutindo a resolução de problemas facilitando a compreensão do con-
teúdo” (Idem, 2011, p. 05).
O estudo e o aprendizado cooperativo é um hábito que se dispõe de inumeras técnicas que
favorecem organizar e conduzir as atividades em sala de aula. Consiste, principalmente, na ideia de
que pessoas com problemas comuns se unem para oferecer de forma individual ou coletiva o que
há de melhor na resolução de situações problemas, propiciando o cooperativismo mútuo para em
grupo obter um produto final acabado e com traços de cada um que participou para compilá-lo.
Esse trabalho, em conjunto, propicia aos estudantes criarem formas de interdependência que os
tornam responsáveis pelo sucesso de sua aprendizagem e também pela dos outros membros do
grupo (VIEIRA, 2000).
Ferreira; Lopes & Pinho (2013) ao parafrasearem BIDEGÁIN (1999) e MASET (2003), defen-
dem que, o estudo cooperativo se apoia em dois pilares fundamentais: o primeiro é a aprendizagem,
que requer a participação direta e ativa de todos os estudantes, visto que nenhum deles pode apren-
der sem a ajuda do outro, pressupõe a existência da interajuda; a ajuda mútua e cooperativa que os
possibilita atingir níveis mais altos de aprendizagem e com melhor qualidade. Afirmam que se pode
falar de Aprendizagem Cooperativa quando se organiza uma tarefa, cuja condição necessária para
sua realização é, e somente se houver, cooperação de todos os membros nela intervenientes.
[...] PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas – criado pelo Prof. Dr.
Manoel Andrade, da Universidade Federal do Ceará – UFC, que a princípio atendia
os moradores da comunidade Cipó, zona rural do município de Pentecostes, no
sertão cearense. Posteriormente passou a atender aos acadêmicos da UFC com a
oferta de bolsas com remuneração para universitários, que assumem o papel de
128
articuladores ou facilitadores de células de aprendizagem dentro do seu Câmpus,
com a constante busca pela melhoria do capital social da instituição (Idem, 2013,
p. 8).
Na UNEMAT, o projeto tem por objetivo a diminuição dos índices de reprovação, evasão e
desistência entre os acadêmicos da instituição, a principal ação do programa é a criação de células
de estudo cooperativo, com atividades em horários alternativos que não conflitem com os períodos
de aula dos acadêmicos, possibilitando a aprendizagem e o desenvolvimento em atividades que es-
timulem o sentimento de pertencimento à Universidade, dessa forma, aumentando a frequência e
o interesse em permanecer na instituição.
Com a ação dos estudantes de maneira cooperativa e proativa, dentro de um grupo de
estudos intitulado “célula”, faz com que seja parcialmente dispensada a figura do docente, como
pessoa principal para se obter conhecimento, pois os próprios acadêmicos podem discutir entre si e
alcançar os resultados requeridos. Ao articulador cabe o papel de organizar os encontros, mediar as
discussões e estimular os debates de maneira que a reunião da célula se torne ao máximo produtiva
para todos os integrantes, sem deixar ninguém isolado, de modo que o conhecimento seja gerado
pelo grupo e para o grupo.
O facilitador, outro seguimento dentro do programa, tem o intuito de desenvolver ativida-
des de apoio e monitoramento das Células de Aprendizagem Cooperativa; desenvolver atividades
de interação entre os bolsistas do Programa; se dedicar a estudos sobre Aprendizagem Cooperativa
para passar nas formações semanais com os articuladores; visitar as células de aprendizagem.
Visto o conceito sobre estudo cooperativo, apresentar-se-á a seguir, relatos sobre as difi-
culdades, conquistas e desafios das iniciativas (células) realizadas por acadêmicos do Câmpus de
Sinop na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT através de incentivo do programa de
formação de células cooperativas de estudo – FOCCO.
Mais que partilhar histórias, queremos compartilhar um pouco de nossas vivencias dentro
da academia, estimulando o saber, a prática de novos conhecimentos, superando as dificuldades e
alegrando-nos juntos nas vitórias alcançadas.
Com o despertar dos acadêmicos para estudar juntos, criar vínculos e se encontrar sema-
nalmente, dispostos a produzir conhecimentos e a melhorar suas notas. Sentíamos que os desafios
eram enormes e as incertezas também, mas inspirados pela essência do Projeto FOCCO, mergulha-
mos na história deste projeto desde a sua criação ainda como PRECE na UFC, até os dias atuais, isso
nos encorajou a dar um passo adiante e a perceber que dentro da Universidade este projeto poderia
render frutos, construir uma nova história e fazer acontecer.
Desde a etapa do processo seletivo, nós bolsistas da fase atual do FOCCO (2017-2018) es-
tamos vivenciando a mística deste projeto, que é o saber em cooperação e através de nossas célu-
las, cada uma com suas particularidades vem, “fazendo acontecer” dentro do Câmpus. As 06 (seis)
experiências que aqui serão apresentadas são repletas de verdades, de saberes e conhecimentos
construídos a partir da nossa realidade, são pequenas ações que fizeram e até hoje fazem a diferen-
ça na vida de nós universitários, seja para entender o conteúdo ou mesmo melhorar suas relações
interpessoais dentro da universidade.
129
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Resultado e Discussão
130
Figura 2: Reunião da Célula de Controle
A Célula de Inglês Básico - English For Fun é voltada para qualquer curso. Nesta célula, bus-
ca-se atender as necessidades de pessoas de todos os cursos em um único objetivo de desenvolver
o idioma de maneira efetiva, idioma que se apresenta como fundamental para o desenvolvimento
da carreira acadêmica e profissional. Nos encontros são discutidos métodos de aprendizagem de um
segundo idioma, além de ocorrer a interação que é um dos objetivos do FOCCO com acadêmicos não
só das Engenharias Civil e Elétrica, mas sim de vários cursos, como ciências contábeis e econômicas e
Letras. A célula se fortificou cada vez mais no Câmpus, mostrando para os acadêmicos que é possível
aprender outra língua estudando em grupo de uma forma organizada.
A célula de Matemática Básica é voltada para os cursos do Câmpus de Sinop que têm em
sua grade Matemática, incluindo assim as Engenharias Civil, Elétrica e Ciências Econômicas. Aberta
também para a população externa, ou seja, os não-discentes da UNEMAT que têm interesse em
relembrar conceitos base da Matemática. A ideia para a escolha do tema da célula surgiu após ob-
servar que a grande maioria dos acadêmicos que ingressam na universidade com muita dificuldade
nas matérias que contém cálculos, isso se dá devido a defasagem de ensino no período escolar. Após
um ano da célula, é possível observar que os participantes têm desenvolvido autonomia em seus es-
tudos, não só em Matemática, como em outras matérias. A célula alcançou e, ainda, alcança muitos
propósitos que se fazem pilares do Programa FOCCO, diminuiu a evasão dos cursos, a desistência
das disciplinas e reprovações.
131
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Conclusão
Este estudo teve como principal motivação, apresentar, na visão dos articuladores, o
estudo cooperativo dentro da Universidade do Estado de Mato Grosso especificamente no Câmpus
universitário de Sinop-MT. Tendo como foco o funcionamento das células distribuídas entre os cur-
sos de Engenharia Civil e Engenharia Elétrica, sendo que cada articulador definiu o funcionamento
básico de sua célula. Os resultados observados pelos mesmos se deram a partir de fatos que ocorre-
ram durante o funcionamento das células. Foram utilizadas bibliografias de estudo cooperativo que
132
favoreceram o embasamento teórico e prático no desenvolvimento do estudo em grupo.
Observou-se que o programa de formação de células cooperativas no referido Câmpus,
em geral, tem alcançado o seu sucesso e sua consolidação diante da reciprocidade dos acadêmicos
com o programa que foi enorme. Reafirmando a importância do Programa, observarmos que as
células não tiveram uma grande evasão e que se fazem necessário ao estudo em grupo no cotidiano
do universitário, os temas das células estão em seu ápice, tendo em vista que, a cada semana os
mesmos acadêmicos estão presentes para debater e discutir o assunto selecionado ou o conteúdo
da disciplina em foco, de ambos os cursos. Tivemos como resultado positivo o bom funcionamento
de algumas das células que continuarão ativas e serão observadas em um futuro mais próximo com
a aplicação de conhecimentos nas disciplinas de outros semestres e que tem uma fundamentação
teórica para pesquisa científica enorme. Os bons frutos de outras células tem o seu resultado afir-
mando estimulando os estudantes a continuar no funcionamento da célula após os exames das
disciplinas que estão sendo estudadas.
Referências
DRACOCE, Andersom Rafael; ENGSTER, Eder Cledinei; MILHOMEM, André Luiz Borges. Aprendizagem
Cooperativa: uma nova abordagem sobre a educação. Colíder, Vol. 2, nº2. 2013. Unemat Editora.
GEOCOMP/ANAIS. ISSN:2318-3896.
133
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
Inseridos em uma sociedade cada vez mais competitiva, a Aprendizagem Cooperativa vem
perdendo seu espaço nas faculdades. Pois, a individualidade de cada estudante passa a ser mais
importante do que o desenvolvimento em conjunto. Ressaltando-se assim o quanto o aprendizado
de hoje nas universidades é de caráter competitivo e individualista, onde são formadas pessoas
para o mercado capitalista. Para Peter Drunker (1999), um bom profissional é aquele que adquire e
transmite conhecimento.
A Aprendizagem Cooperativa quando bem aplicada nas faculdades pode ajudar na vida pro-
fissional, garantindo que o celulando passe a participar de grupos de estudos dentro da faculdade e
possa desenvolver suas habilidades de maneira a melhorar o rendimento acadêmico, a autoestima,
as atitudes relacionadas ao convívio com as pessoas e a organização dos estudos. Mais especifica-
mente, o acadêmico melhora seu desenvolvimento social e cognitivo. Para Johnson e Johnson (1978)
as consequências mais importantes das aprendizagens cooperativas ocorrem quando há interação
entre os celulandos por meio dos estudos cooperativos, todos socializam saberes, aprendem dire-
tamente valores, desenvolvem atitudes e habilidades e ampliam o grau de informações que podem
inseri-los no mercado de trabalho. Diante da convivência aprende-se a imitar condutas significativas
e por em prática competências admiráveis.
Os celulandos podem desenvolver seu olhar crítico, em vista de outras perspectivas existen-
tes nos grupos de Aprendizagem Cooperativa, porque esta é umas das mais importantes competên-
cias para desenvolvimento social e cognitivo. Todo o desenvolvimento pode ser ditado como uma
perda do egocentrismo e um aumento da adaptação do celulando para outras perspectivas mais
amplas e complexas.
Outro desenvolvimento é quanto a autonomia, num grupo de Aprendizagem Cooperativa,
todos colaboram para juntos atingirem seus objetivos e metas. Sendo, através deste pensamento,
134
que os celulandos começam a entender o que os outros esperam de suas habilidades em certas
situações.
A interação contínua nos grupos de Aprendizagem Cooperativa permitem ao celulando a
lidar com trabalhos simultâneos, realizar diferentes papéis sociais, a respeitar a diversidade e fazer
novas amizades e, vale ressaltar que, a melhor forma de aprendizagem é pela influência dos com-
panheiros.
Aprendizagem Cooperativa
135
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Teoria Cognitiva-Evolutiva
136
Quinto: É necessário entender que cada celulando tem suas maneiras e ritmos de aprendi-
zagem, para tanto, o articulador deve manter a paciência e saber lidar com os diferentes celulandos
em seu grupo. Por isso, é muito importante o feedback no final de cada célula de estudos, pois cada
membro poderá saber o que precisa para melhorar e dizer o que acha da célula. Uma das maneiras
mais populares de feedback é realizando a tarefa do “que bom”, “que pena” e “que tal”, onde cada
celulando vai expressar o que mais gostou do grupo de estudos, o que menos gostou e o que poderá
melhorar nas próximas células.
“Um solo rico combinado a uma nutrição cuidadosa e um zelo pela plantação tende a resul-
tar em uma colheita abundante” (FREED, 2000, p. 98).
Quando tratamos de Aprendizagem Cooperativa, podemos estabelecer várias estratégias,
recursos e técnicas específicas. Embora existam várias estratégias nem todas são aplicáveis a todas
as disciplinas, pois algumas são de caráter recreativo e lúdico. Por esta razão, algumas estratégias
foram criadas para serem desenvolvidas especificamente na Aprendizagem Cooperativa em sala de
aula. Tais estratégias têm se mostrado promissoras para o século XXI, sendo que os articuladores
estão mais dispostos a apreender novos mecanismos e a enfrentar dificuldades, segundo Feltran
(1996), isto é “a maneira especial de executar ou fazer algo”.
137
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Nós articuladores usamos vários meios para estabelecer um grupo de estudos no Curso
de Engenharia Elétrica, a fim de atrair os estudantes para conhecerem melhor o curso e diminuir o
número de desistentes.
As células são focadas em disciplinas com maiores índices de reprovação e desistência, a
prática mais comum realizada nos grupos para é a elaboração de listas de exercícios, conforme con-
teúdo de estudo em salas de aula. O articulador separa os conteúdos para os participantes da célula,
ensinam o que aprenderam para todos de forma organizada e cronometrada para que no final do
encontro todos tenham aprendido sobre os diversos assuntos estudados, além de oportunizar as
contribuições de cada membro do grupo.
A interação dos celulandos mostra que todos podem compreender e ensinar qualquer tipo
de assunto, sem diferenças, unindo-se cada vez mais, estabelecendo amizades dentro e fora da vida
acadêmica.
Os encontros ocorrem de forma periódica, estabelecem aos participantes uma rotina, mo-
tivando-os a criarem outros grupos de estudos, com temas diferentes e assuntos diferentes, disse-
minando a Aprendizagem Cooperativa.
138
Fora elaborado um questionário com a ajuda do Google Formulários, com perguntas volta-
das a opinião dos participantes das células de estudos, nas quais éramos articuladores. As perguntas
são de cunho avaliativo sobre o estudo cooperativo realizado. As questões foram distribuídas de
forma online. Segue abaixo as perguntas e os gráficos com as notas atribuídas pelos participantes.
139
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
No total, obtivemos treze participantes na pesquisa, entre celulandos que participam hoje
e celulandos que já participaram dos nossos grupos de estudo. No eixo vertical dos gráficos temos
a quantidade de pessoas que responderam ao questionário e no eixo horizontal as notas atribuídas.
Analisando o resultado como um todo, podemos observar que, existe a aceitação da maio-
ria dos participantes dos grupos, com a maioria das notas acima da média. Obtivemos certo sucesso
com nossas células de estudo cooperativo disseminando a Aprendizagem Cooperativa no curso de
Engenharia Elétrica.
Considerações finais
Referências
DEUTSCH, M. “Cooperation and Trust: Some Theoretical Notes”, in M. R. Jones, ed. Nebraska
Symposium on Motivation, Lincoln, NE: University of Nebraska Press, 1962, pp. 275-319.
140
DRUCKER, Peter Ferdinand. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.
JOHNSON D., Johnson R., and Karl SMITH. A Aprendizagem Cooperativa Retorna às Faculdades. São
Paulo: Change, 2000.
VYGOTSKY, Lev. Interaction Between Learning and Development. Readings on the development of
children, v. 23, n. 3, p. 34-41, 1978.
141
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados do desempenho dos acadê-
micos do primeiro semestre do curso de Engenharia Civil do Câmpus de Tangará da Serra, a partir
das atividades desenvolvidas pelo Programa FOCCO e analisar a visão dos professores com relação a
importância do desempenho das atividades realizadas pelos grupos de estudo, principalmente nas
disciplinas da área da Matemática com o uso da metodologia de Aprendizagem Cooperativa.
Introdução
142
Diferentes Metodologias de Ensino-Aprendizagem
Vieira (2000), ao analisar a estrutura de relação que existe em uma sociedade identifica três
formas, quais sejam, cooperativa, competitiva e individualista. Para o autor a estrutura cooperativa
é definida pelo fato de diferentes indivíduos orientarem os seus esforços no sentido de atingirem
objetivos comuns e contribuírem quer para o seu sucesso, quer para o dos outros, na realização
desses objetivos.
Segundo o mesmo autor, contrário a estrutura cooperativa, uma estrutura competitiva é
aquela em que, apesar de diferentes indivíduos possuírem objetivos idênticos, o esforço de cada
um para alcançá-los vai ao sentido de frustrar o esforço dos restantes. Na estrutura individualista, a
realização de objetivos por parte de uns não possui qualquer relação com a realização dos mesmos
por parte do restante.
Com essas estruturas é possível relacionar a outras abordagens, como as teorias comporta-
mentais da aprendizagem, conforme Johnson et al. (1981):
143
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
144
de ser uma maneira de formar cidadãos mais críticos e reflexivos (MOCHEUTI, 2018). A interação en-
tre estudantes e professores é fundamental para a prática educacional, pois o professor ao conhecer
as dificuldades dos alunos buscará solucioná-las, de modo que, os alunos terão maior interesse nas
aulas, em que serão estimulados a conquistar o resultado na aprendizagem.
O Programa de Formação de Células Cooperativas (FOCCO) existentes na Universidade do
Estado de Mato Grosso (UNEMAT) utiliza a metodologia da Aprendizagem Cooperativa como ferra-
menta de difusão do estudo em grupo. Esse Programa funciona a partir da criação de células coope-
rativas pelos alunos bolsistas, em que, pode abranger qualquer tipo de conhecimento ou atividade.
O FOCCO tem como principais objetivos auxiliar na permanência estudantil dentro da uni-
versidade; diminuir a taxa de evasão dos cursos superiores; promover sinergia entres os cursos e
acadêmicos; minimizar o índice de reprovações, bem como, aproximar a Rede Básica de ensino com
a universidade. Dessa forma, o FOCCO busca contemplar a área da pesquisa, através do estudo da
metodologia da Aprendizagem Cooperativa, ensino, por meio da formação de grupos de estudos
e, por fim, a área da extensão, aproximando os estudantes do Ensino Médio com a universidade
(UNEMAT, 2017).
Metodologia
145
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Resultados e Discussões
A partir da aplicação dos questionários aos professores foi possível compreender o grau de
dificuldades dos alunos e o porquê das dificuldades reveladas pelos estudantes ao ingressarem no
curso de Engenharia Civil. Segundo os professores, os problemas são consequências principalmente
do ensino pré-universitário. Os acadêmicos, geralmente, apresentam dificuldades com a Matemá-
tica básica e se depararem com a disciplina de Cálculo que envolve as análises e demonstrações.
Como não dominam os conceitos básicos da Matemática acabam tendo dificuldades para aprender
conteúdos que são exigidos no Ensino Superior. Segundo os professores questionados, os estudan-
tes que dominam a Matemática básica têm mais facilidade para aprender e para explorar os concei-
tos de Cálculo na graduação e, portanto, melhor desempenho nas disciplinas dos semestres iniciais.
Na visão dos professores, para os acadêmicos terem melhor desempenho na universidade
é necessário que encontrem a melhor forma de aprender os conceitos das disciplinar ministradas,
não se limitando somente ao tempo em sala de aula. Os professores perceberam que os estudantes
que apresentam maiores dificuldades também não têm facilidade de estudar e aprender sozinhos
e, por isso, apontaram que o estudo em grupo é uma forma mais adequada para que os calouros
possam se ajudar, aprender juntos e consequentemente melhorar o seu rendimento acadêmico.
Ao serem indagados sobre a Aprendizagem Cooperativa, explanaram que essa metodologia
é eficiente nas matérias de Cálculo no Curso de Engenharia Civil, pois os estudantes, muitas vezes,
não conseguem entender apenas com a explicação do professor, assim, ao participarem de grupos
de estudos, cada integrante pode auxiliar os outros colegas nas suas dificuldades e, com a ajuda
coletiva, todos os alunos acabam beneficiados.
No curso de Engenharia Civil, da UNEMAT no Câmpus Universitário em Tangará da Serra, o
Programa FOCCO trabalha com as turmas do primeiro semestre, para que os estudantes ao ingres-
sarem na universidade não sintam tanta dificuldade e acabem prejudicados com a transição do En-
sino Médio para o Ensino Superior. Por isso, as disciplinas que exigem maior dedicação e esforço, no
146
primeiro semestre, são as relacionadas com a área da Matemática que tornam-se objetos de estudo
no grupo de Aprendizagem Cooperativa.
Ao observar o desempenho dos acadêmicos nos semestres anteriores ao início da atuação
do Programa FOCCO, nas disciplinas mencionadas anteriormente, foi possível observar as seguintes
taxas de aprovação: 76% de aprovados na disciplina de Fundamentos da Matemática, 38% na disci-
plina de Cálculo Diferencial e Integral I, e 92% na disciplina de Geometria Analítica.
Dessa forma, ao analisar o desempenho dos acadêmicos que participavam das Células des-
sas disciplinas com o Programa FOCCO, foi possível verificar que a taxa de aprovação dos celulan-
dos na disciplina de Fundamentos da Matemática foi de 92%, na disciplina de Geometria Analítica
a aprovação dos celulandos foi de 75% e na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, 42% de
aprovação dos celulandos. Vale salientar que, na Célula de Geometria Analítica a permanência dos
acadêmicos foi inferior às demais disciplinas, sendo um diagnóstico que requer intervenção, ou seja,
continuidade da proposição de estudos em grupos de Aprendizagem Cooperativa com destaque
para a superação das dificuldades ainda existentes.
Considerações Finais
Com a realização desta pesquisa foi possível compreender o papel da Aprendizagem Coo-
perativa na universidade e os ganhos para a aprendizagem dos acadêmicos. Nesse sentido, a UNE-
MAT disponibiliza aos estudantes o Programa FOCCO, para que eles criem Células de estudo e se
desenvolvam cooperativamente a fim de solucionar os problemas existentes com a aprendizagem.
O Programa tem sido trabalhado no Câmpus em Tangará da Serra no curso de Engenharia
Civil, principalmente nas turmas iniciais. O FOCCO tem como objetivo principal proporcionar aos
acadêmicos a formação de grupos de estudo, por isso, é trabalhado com as turmas do primeiro se-
mestre para que os mesmos aprendam a estudar de forma cooperativa e consigam se aperfeiçoar
durante todo o curso.
Segundo os professores respondentes é importante ressaltar que o auxílio do Programa
FOCCO precisa ser constante e, que seja aperfeiçoado, cada vez mais, para que os estudantes te-
nham uma melhor confiança com o trabalho que está sendo realizado e, assim, frequentem regular-
mente as células.
Com base nos dados de aprovação dos acadêmicos, antes e depois do início do Programa
FOCCO, no curso de Engenharia Civil, foi possível perceber que o FOCCO pode auxiliar no desempe-
nho dos acadêmicos nessas disciplinas que apresentam as taxas mais elevadas de reprovação, con-
forme recomendado pelos professores. Com isso, é necessário intensificar os trabalhos com a turma
inicial a fim de aumentar cada vez mais a aprendizagem, principalmente na disciplina de Cálculo
Diferencial e Integral I, bem como, buscar manter e/ou aumentar o índice de aprovação nas demais
disciplinas.
Se o estudante participar ativamente nas células, possivelmente o seu desempenho será
melhor, aprimorando também as competências sociais, pois nas Células é praticado o estudo coo-
perativo, em que os alunos estudam em equipe, auxiliando também no crescimento profissional ao
saber trabalhar em grupos.
Através desse estudo foi verificada a importância e a necessidade da aplicação do Programa
de Formação de Células Cooperativas (FOCCO) nessas disciplinas, com o intuito de auxiliar a mini-
mizar o índice de reprovações.
147
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Referências
ASSUNÇÃO, Thiago de. Aprendizagem Cooperativa: uma ferramenta metodológica para o ensino
de história na UNEMAT Polo Cáceres. 2015. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Licenciatura Plena em História) – Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres.
148
Eixo III: O Programa FOCCO e seus Resultados
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
KacianoTonhi
Lucas Douglas Rothmund
Carlos Edinei de Oliveira
RESUMO
Introdução
150
zes para trabalharem em conjunto ensinando suas habilidades aos menos experientes. Já o filósofo
romano Sêneca argumentou a célebre frase “Qui Docet Discet” (quem ensina, aprende).
Panitz (1997 apud MAGALHÃES, 2014) compreende a Aprendizagem Cooperativa como
uma filosofia pessoal e não apenas uma técnica de ensino, haja vista que, em grupo, sugere-se
a utilização das competências individuais de cada membro para o relacionamento e proximidade
com os demais integrantes do grupo, tendo suas premissas baseadas no diálogo e na construção de
um consenso através da cooperação entre os participantes. David Johnson e Roger Johnson (1989),
também distinguem este tipo de aprendizagem por sua natureza social, uma vez que, os estudantes
compartilham suas ideias para o melhoramento de sua compreensão individual e mútua. A apren-
dizagem acontece em um espaço social pessoal, onde se desenvolvem habilidades e inter-relações
sociais simultaneamente.
Para Firmino (2011) a Aprendizagem Cooperativa tem demonstrado, nas últimas décadas,
significativos resultados no aumento do rendimento escolar e na aquisição de habilidades sociais,
podendo ser definida como um conjunto de técnicas de ensino que contribuem juntos aos alunos
no trabalho em pequenos grupos, se auxiliando mutuamente, discutindo a resolução de problemas
e facilitando a compreensão do conteúdo.
Freed (2000) relata uma antiga relação entre a Aprendizagem Cooperativa e o Ensino Su-
perior, tendo sido implementada por diversas faculdades em vários países. Os Estados Unidos é um
país onde essa metodologia é mais utilizada, sendo referência em universidades como a Community
College em Jacksonville na Flórida e a California State University Dominguez Hills. No Brasil a Univer-
sidade Federal do Ceara (UFC) se destaca pelo incentivo e aplicação dessa estrutura de estudo pro-
movendo a interação estudante-estudante por células de Aprendizagem Cooperativa coordenadas
por um articulador. Recentemente, a Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) também
incorporou esta ideia buscando um melhor desempenho de seus acadêmicos e o desenvolvimento
de suas habilidades sociais.
De acordo com o site da UNEMAT Câmpus Barra do Bugres:
Deste modo, o objetivo do presente artigo é relatar as experiências vivenciadas por ar-
ticuladores de células cooperativas do Programa de Formação de Células Cooperativas de ensino
(FOCCO) da UNEMAT, Câmpus Barra do Bugres, assim como a relevância do trabalho realizado pelos
facilitadores de células no auxílio e motivação dos grupos de aprendizagem. Propõe-se também ana-
lisar a importância da Aprendizagem Cooperativa para o desenvolvimento intelectual e social dos
acadêmicos como formadores de seu próprio conhecimento.
Este trabalho se justifica por ser um dos primeiros relatos sobre Aprendizagem Cooperativa
na UNEMAT, bem como, da significância do trabalho realizado pelos facilitadores de células. Para
o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada revisão bibliográfica em torno do tema buscando
151
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
aspectos históricos, sociais e as características de cada abordagem. Além dos relatos de acadêmicos
sobre suas células de aprendizagem e o seu trabalho como facilitadores de células.
É muito comum nos ambientes de ensino, encontrar estudantes reunidos em grupos. Po-
rém, normalmente estes não são grupos considerados cooperativos, pois cada estudante busca re-
solver suas tarefas de modo individual, fugindo do conceito de Aprendizagem Cooperativa (FIRMIA-
NO, 2011).
Para que haja cooperação, Lopes e Silva (1999) afirmam que, devem existir algumas carac-
terísticas especificas estritamente ligadas a células de Aprendizagem Cooperativa:
A Interdependência Positiva
Existem práticas usadas para fortalecer a interdependência positiva, entre elas estão a par-
tilha de recursos, que consiste em dar a cada membro do grupo uma parte da informação necessária
para completar um trabalho, recompensas de grupo, ou seja, se todos no grupo alcançarem o ob-
jetivo, dá-lhes um bônus, isso estimulará a todos para que se sintam responsáveis pelo sucesso ou
fracasso do grupo (LOPES & SILVA, 1999).
152
A Interação Estimuladora
Avaliação do Grupo
Firmiano (2011) descreve a avaliação de grupo como um momento quando são analisados
o andamento do alcance aos objetivos do grupo, também, quando são determinadas quais as carac-
terísticas positivas e quais as negativas a esse desenvolvimento que ocorreram no período avaliado.
Essa avaliação deve ser feita frequentemente e de preferência com um período determinado, como
semanal ou mensalmente, por exemplo, sendo necessário que todos os membros recebam feedba-
ck sobre seu desempenho, o que permite o melhoramento de características negativas e enfatizar
ações positivas.
153
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
em suas células no ano de 2012 foram escolhidos para se tornarem facilitadores de células, buscan-
do o apoio e monitoramento das células de Aprendizagem Cooperativa de seus respectivos Câmpus.
Em 2015, outro Edital foi aberto para que novos discentes viessem a fazer parte do FOCCO e reali-
zassem a disseminação de seus ideais aos estudantes do Ensino Médio.
Ingressei no Programa FOCCO em de 2012, ano em que o projeto foi implantado na UNE-
MAT. Ser um dos pioneiros no projeto implicou em diversas dificuldades, fosse por falta de conheci-
mento prático sobre Aprendizagem Cooperativa, seja pela organização interna do projeto que estava
conosco se iniciando.
Durante o tempo em que fui Articulador no projeto FOCCO, estive a frente de duas células
de aprendizagem, nas quais foram trabalhados diversos temas. A primeira era voltada às disciplinas
do curso de Ciências da Computação, tendo início com a turma de calouros de 2013/1, durante os
três semestres em que estive com essa Célula houve a participação de diversos acadêmicos, porém
sempre com a presença de quatro membros fixos que foram aprovados em todas as disciplinas que
cursaram nesse período.
Vale ressaltar que ao invés de colegas nos tornamos amigos, dividindo nossas experiências e
problemas cotidianos, em algumas reuniões perdíamos a noção do tempo enquanto conversávamos
sobre temas aleatórios. A cada novo semestre utilizávamos a primeira reunião para o planejamento
de nosso trabalho no decorrer do semestre, quando eram analisadas as opções e, então, decidíamos
o tema para estudo do grupo. Dois motivos levaram ao meu desligamento dessa Célula, o primeiro
se deve ao fato de estar próximo à conclusão de meu curso, tendo a necessidade de estudar temas
diferentes ao que estavam sendo trabalhados em Célula, o segundo e principal motivo foi a entrada
de um desses membros para o projeto FOCCO na seleção de 2014, possibilitando a continuidade da
Célula.
Deste modo, houve a continuidade do grupo de estudos e eu criei um novo, com foco em
Modelagem Tridimensional, na qual a maioria dos interessados era de acadêmicos do curso de Ar-
quitetura e Urbanismo. Com essa Célula também obtive bons momentos, apesar do receio inicial em
desenvolver um conteúdo fora da minha área e com pessoas que já estudavam o tema. Participavam
quatro membros fixos e diversos membros casuais, contudo se tornava problemática a execução da
Célula nas últimas semanas do semestre devido ao fato dos membros necessitarem de muito tempo
para o término de seus projetos. Apesar de compreender os motivos, se tornava frustrante receber
os avisos de que não poderiam participar das reuniões. Essa Célula funcionou por um semestre,
após esse período me tornei facilitador de Células de aprendizagem e do mesmo modo que na Célu-
la anterior um dos membros fixos ingressou no projeto FOCCO como articulador.
Desde meu ingresso no Programa, principalmente, a partir desse momento que me tor-
nei facilitador de Células, obtive um grande desenvolvimento em minhas habilidades sociais, sendo
lembrado em vários momentos pelo Coordenador do projeto em meu Câmpus, professor Carlos Edi-
nei de Oliveira e por colegas que me conheciam. Quando ingressei no FOCCO, era um garoto tímido
e que não aparentava possuir as características necessárias para participar da bolsa, porém graças a
essas experiências que vivenciei como Articulador e Facilitador, comecei a me expressar melhor, ter
mais facilidade de falar em público, aprendi a encarar e solucionar conflitos ao invés de evitá-los e
acredito que comecei a transmitir mais confiança aos meus amigos e colegas.
154
A experiência como facilitador foi de grande relevância, não só para mim, mas para todos
aqueles que desenvolveram esta função no projeto, pois agora nos tornávamos responsáveis por
todas as Células desenvolvidas em nosso Câmpus. Aguardava com entusiasmo as reuniões semanais
com os articuladores para debatermos o andamento de cada célula, buscando resolver suas diver-
gências e celebrar suas conquistas.
Outra experiência satisfatória obtive pelas divulgações sobre os cursos oferecidos pela Une-
mat que realizamos em escolas de cidades próximas a Barra do Bugres. Percebemos como nós, uni-
versitários, somos vistos pelos estudantes e nos lembramos de como se sentíamos quando estáva-
mos no Ensino Médio e sonhávamos com a universidade, tivemos também a possibilidade de ofertar
dicas para que não passassem pelos mesmos problemas e provações que passamos.
Ingressei no programa FOCCO no ano de 2012, em sua primeira seleção, tive a oportunida-
de de ajudar a idealizar e difundir a proposta da Aprendizagem Cooperativa em nossa universidade,
o que nos exigiu muito empenho e determinação, uma vez que, os estudantes e a sociedade de
modo geral ainda não estão acostumados com esse tipo de metodologia de trabalho, ou seja, a co-
operação ao invés da competição.
No período em que atuei como articulador de Células conheci diferentes grupos de estu-
dos, com objetivos e características distintas. Em minha primeira Célula trabalhei com temas especí-
ficos do curso de Engenharia de Produção Agroindustrial como, Física, Geometria Analítica, Cálculo,
encontrei muitas dificuldades em torno do entendimento por parte dos acadêmicos da real propos-
ta do projeto, por este motivo a falta de comprometimento e a irregularidade na presença dos celu-
landos nas reuniões eram constantes se fazendo mais frequente à participação nas datas próximas
às provas, esse fato me trazia certa desmotivação que era compensada pelo apoio recebido dos
outros articuladores em nossas reuniões semanais, quando tínhamos a oportunidade de expor os
problemas de nossas Células e buscar juntos possíveis soluções.
Esses problemas me incentivaram a alterar no semestre seguinte o tema de minha Célu-
la para a matéria específica de Cálculo III, devido ao fato de ser uma disciplina complicada e que
também estava cursando. Poder realizar uma Célula sem a necessidade de dominar totalmente o
conteúdo e ter a liberdade de realizar a alteração do assunto quando achar relevante são grandes
diferenciais do FOCCO disponibilizando ampla liberdade aos acadêmicos para serem protagonistas
de seus estudos. Tais mudanças trouxeram resultados significativos para o andamento da Célula
tendo maior empenho e compreensão da Aprendizagem Cooperativa por parte dos integrantes, isso
é comprovado pelo fato dos únicos acadêmicos a serem aprovados na matéria fazerem parte do
grupo de estudos.
Minha última Célula, antes de me tornar facilitador do projeto, foi direcionada à disciplina
de Cálculo I, na qual obtive o melhor desenvolvimento entre todas as outras que havia me dedicado,
fato que se deve muito ao entendimento e difusão do FOCCO na universidade e a participação de
acadêmicos mais proativos e comprometidos com o projeto. O número de ausência nas reuniões era
de pouca expressão e os participantes estavam sempre dispostos a realizar as atividades propostas
em nossos encontros. Como prova do resultado desse trabalho, dois integrantes desta Célula se
tornaram articuladores de Células e passaram a propagar os ideais do Programa entre os demais
estudantes.
155
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Como facilitador me foi possibilitado novas oportunidades notando a relevância dessa ativi-
dade para a orientação de novos articuladores na construção de suas Células, na motivação contínua
no intuito da resolução de seus problemas, na troca de experiências vividas com minhas Células e
na divulgação do FOCCO dentro e fora da universidade. Creio que o Programa de maneira geral, nos
permite o desenvolvimento de habilidades sociais como comunicação, oratória, empatia, trabalho
em grupo, responsabilidade, consenso, protagonismo entre outras, entretanto a atividade de fa-
cilitador nos possibilita desenvolver outros aspectos como a liderança e a motivação, pelo fato de
tornamos responsáveis por todo um grupo de articuladores.
Outra oportunidade formidável foi o trabalho realizado junto às escolas de Barra do Bugres
e região, onde realizamos a divulgação dos Campi da UNEMAT e seus respectivos cursos buscando a
motivação dos estudantes e apresentação das possibilidades que a universidade oferece para todas
as áreas mercadológicas. Nessas ocasiões foi possível também o relato de nossas vivências como
calouros e orientações para quem procura ingressar em uma universidade.
Considerações Finais
156
A cooperação se mostra muito importante no desenvolvimento das civilizações e na cons-
trução de uma sociedade mais humana e igualitária, sua utilização na aprendizagem no ensino su-
perior tem trazido para os seus praticantes diversos pontos positivos tanto no âmbito educacional
quanto no social, cumprindo um papel fundamental da universidade que é a formação de cidadãos
preparados para viverem em sociedade.
Os resultados demostrados pelo FOCCO no Câmpus de Barra do Bugres se devem à difusão
e à aceitação do projeto por parte dos discentes, que se obtiveram a partir do comprometimento
dos bolsistas que passaram pelo projeto, haja vista que, essa ideia pode trazer em primeiro momen-
to, certo receio a pessoas que não possuem facilidade de trabalhar de forma cooperativa ou para
aquelas que não estão dispostas em deixar a rotina individualista a qual se está acostumado. É válido
ressaltar também a enorme contribuição do Coordenador do projeto no Câmpus professor doutor
Carlos Edinei de Oliveira, que em nenhum momento mediu esforços na busca do desenvolvimento
do FOCCO.
Referências
JOHNSON, David. W.; JOHNSON, Roger. T.; SMIT, KarL A. A Aprendizagem Cooperativa Retorna as
Faculdades. Disponível em: <http://unjobs.org/authors/roger-t.-johnson> Acesso em: 28 jan. 2016.
LOPES, J.; SILVA, H. S. A Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: Um guia prático para o professor.
Lisboa: Lidel, 2009.
MAGALHÃES, Alice Maria Carvalho. A Aprendizagem Cooperativa Enquanto Estratégia para Promoção
da Atenção dos Alunos. 2014. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/ bitstream/10451/17963/1/
ulfpie047139_tm_tese.pdf>. Acesso em 19 de jan. 2016.
SILVA, G. R.; OLIVEIRA, C. E.; TIBURSKI, H. M.; TONHI K.; ROTHMUND L. D.; A Importância da
Aprendizagem Cooperativa no Ensino Superior. In: SEMIEDU, 2013 - Educação e (des)colonialidades
dos saberes, práticas e poderes. 2013. Cuiabá: Anais. Disponível em: <http://sistemas.ufmt.br/ufmt.
evento/Site.aspx?conteudoUID=182&eventoUID=59>. Acesso em: 14 de jan. de 2016.
UNEMAT. Programa de Formação de Células Cooperativas – FOCCO. In: UNEMAT, Câmpus Barra do
Bugres, 2012. Disponível em: <http://bbg.unemat.br/noticiav.php? noticia=1107>. Acesso em 18 de
jan. de 2016.
157
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
O objetivo deste artigo é demonstrar métodos usados pelos autores, articuladores do pro-
grama de Formação de Células Cooperativas – FOCCO da Universidade do Mato Grosso, Câmpus
Renê Barbour, localizado na cidade de Barra do Bugres. Serão apresentados, além dos métodos, os
resultados que os participantes das células cooperativas obtiveram.
O programa desenvolvido no Câmpus Renê Barbour tem, atualmente, como objetivos pri-
mordiais diminuir a taxa de desistência nos cursos de graduação, interagir e construir relaciona-
mentos positivos entre os estudantes. Antes mesmo deste programa ser implantado na UNEMAT,
no estado do Ceará já existia programa semelhante, porém mais abrangente em todos os níveis da
educação (ARRUDA, 2015).
A metodologia do Programa FOCCO, assim como de outros programas, é baseada em cinco
elementos que, segundo Johnson & Johnson (1999), são essenciais para o aprendizado cooperativo.
São eles: interdependência positiva; responsabilidade individual; interação frente a frente permi-
tindo o desenvolvimento de competências sociais; desenvolvimento de competências interpessoais
e grupais; avaliação do processo do trabalho da célula de modo a melhorar o seu funcionamento.
Esses elementos devem ser claramente explicados aos alunos ou celulandos, como cha-
mamos no programa, já nas primeiras semanas de estudo para que os objetivos gerais do grupo
sejam estabelecidos. Além destes elementos, os celulandos devem respeitar algumas competências
sociais, para que haja uma maior aplicação no estudo de todo o grupo. Desta forma, todos os celu-
landos devem se conhecer e confiar uns nos outros. Dentro da célula deve haver um diálogo aberto,
direto e todos os celulandos devem respeitar as diferenças individuais e se apoiarem uns aos outros
158
para que possam resolver de forma construtiva os eventuais conflitos que surjam dentro da célula
(PUJOLÁS, 2001).
A partir do momento em que os membros do grupo estão unidos e movidos por um mes-
mo objetivo, o grupo começa a apresentar um rendimento mais positivo com maior sucesso, fazer
com que o grupo entenda que todos possuem o mesmo interesse é grande importância, assim cada
membro para de pensar individualmente e passam a pensar coletivamente.
Nos grupos de Aprendizagem Cooperativa há uma clara responsabilidade individual e se
avalia o domínio que cada estudante tem do material designado. A cada estudante se dá retroali-
mentação sobre o progresso, também ao grupo se proporciona retroalimentação sobre como cada
membro está a progredir para que os restantes membros do grupo saibam a quem há que ajudar
e animar. Isso não costuma fazer-se na aprendizagem tradicional em grupos, em que são avaliados
individualmente e não coletivamente (OVEJERO, 1990).
Designar tarefas individuais a cada membro com intuito de ter um efeito coletivo, como,
controle de tempo para resolução de alguma atividade, organizador de interações, entre outras, faz
com que os membros se sintam mais operantes dentro da célula de aprendizagem, criando dentro
de cada um uma responsabilidade individual.
159
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
160
grande sucesso, Fundamentos da Matemática Elementar (FME) além de ser um tema que auxilia
todos acadêmicos do primeiro semestre de cinco cursos do Câmpus de Barra Do Bugres, conseguiu
direcionar sua célula para os cursos integrais e os acadêmicos demonstraram maior interesse em
participar das células, também apresentam um bom rendimento dentro e fora da célula de Apren-
dizagem Cooperativa, em três semestres o acadêmico trabalhou com o mesmo tema.
No primeiro semestre do tema FME, obteve resultado melhor que o esperado, na tabela
a seguir exibe-se os números de aprovação e reprovação do curso de Engenharia de Alimentos e
Engenharia de Produção Agroindustrial, diante do estudo comparativo entre membros frequentes
nas células e membros não frequentes, no período em que o bolsista trabalhou com o tema FME, de
forma que fique claro o entendimento de todos:
161
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Considerações Finais
Referências
DEUTSCH, M. (1962). Cooperation and Trust: Some theoretical notes. In M. R. Jones (Ed.), Nebraska
symposium on motivation, 275-319. Lincoln, NE: University of Nebraska Press.
JOHNSON, David. W.; JOHNSON, Roger. T.; SMIT, KarL A. A Aprendizagem Cooperativa Retorna às
Faculdades. Disponível em <http://unjobs.org/authors/roger-t.-johnson> .Acesso em: 28 jan. 2016.
JOHNSON, David. W.; JOHNSON, Roger. Teaching Students To Be Peacemarkers. 4 ed. Edina, MN:
Interaction Book Company, (952) 831-9500.
OVEJERO, B. A. Aprendizaje Cooperativo. España: PPL,1990.
162
Archidona (Málaga) Aljibe, 2001.
163
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Este artigo apresenta estratégias que possibilitem não somente o acesso do indivíduo à
escola, mas também sua permanência e conclusão de seus estudos com êxito, de forma coletiva,
ou seja, por meio da Aprendizagem Cooperativa. Essa metodologia de estudo, embora ainda pouco
utilizada de forma organizada, vem se consolidando cada vez mais, inclusive no Ensino Superior. Para
isso, foi implantado, na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), o Programa de Formação
de Células Cooperativas (FOCCO). Embora venha apresentando resultados positivos no desenvol-
vimento cognitivo de muitos estudantes, a Aprendizagem Cooperativa ainda é uma prática pouco
utilizada, bem como, pouco valorizada, principalmente nas universidades que preferem utilizar, de
forma bastante enfática, os métodos tradicionais de ensino, mesmo que neles não se identifique a
interdependência positiva entre as pessoas por deixar de trocar informações e conhecimentos sobre
a tarefa que as envolve. O Projeto tem conseguido êxitos a medida que existe um número significati-
vo de pessoas cada vez mais envolvida neste programa. Desse modo, neste artigo apresentamos um
pouco dos resultados com o desenvolvimento do FOCCO na Unemat.
Introdução
Este artigo apresenta estratégias que possibilitem, não somente o acesso do indivíduo à es-
cola, mas a permanência e a conclusão com êxito dos estudos, de forma coletiva, ou seja, por meio
da Aprendizagem Cooperativa. Essa metodologia de estudo, embora ainda pouco utilizada de forma
organizada, vem se consolidando cada vez mais, inclusive no Ensino Superior.
O Programa de Formação de Células Cooperativas (FOCCO), implantado na Universidade do
Estado de Mato Grosso (Unemat), a partir do Programa de Aprendizagem Cooperativa, organizado
em Células Estudantis (PACCE) e do Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE), da
Unemat, vem oportunizando paulatinamente que crianças, jovens e adultos se libertem do papel de
oprimidos, na tentativa de escrever sua própria história, temática que, em nossa opinião, é preciso
problematizar.
O acesso de todos à educação foi e, ainda é, um dos grandes desafios para os governantes
de nosso país. O discurso sobre a qualidade da educação no Brasil, na última década do século XX,
ocupou um espaço significativo no cenário nacional e direcionou a implantação de reformas educa-
cionais, entre elas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 (LDBEN), que confirma
o que diz a Constituição Federal em relação ao direito de todos à educação. Consequentemente,
mais jovens passam a frequentar o ensino superior, o que era, num passado próximo, direito de
poucos. Mas, somente ter acesso à educação não é o suficiente, é preciso pensar estratégias de
permanência e de conclusão dos estudos, “garantir a cada um, isto é, ao mais fraco dos alunos, os
164
conhecimentos e as competências a que ele tem direito” (DUBET, 2008, p. 13).
Ainda que o acesso à educação tenha crescido consideravelmente a partir da década de
1980, e que, atualmente, não seja mais uma raridade haver filhos de operários frequentando o
ensino superior, verifica-se a necessidade de estratégias para uma educação de qualidade. A esse
respeito, Dubet afirma:
O fato de não haver mais seleção social fora os estudos não impede que haja, através
da seleção escolar, uma seleção social durante os estudos. [...] Essas desigualdades
se manifestam desde o início da escolaridade, quando os testes mostram que
os filhos do pessoal que possui os níveis salariais mais elevados numa empresa
apresentam resultados superiores aos dos filhos de operários (DUBET, 2008, p. 28).
As estatísticas nos mostram dados nada satisfatórios em relação à conclusão nos cursos de
ensino superior, em especial da rede pública. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pes-
quisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/2016), no período de 2006 a 2016, a variação percentual
do número de concluintes em cursos de graduação foi maior na rede privada, com 62,6%, enquanto
na rede pública esse crescimento foi de 26,5%. Outro referencial a esse respeito é o Plano Nacional
de Educação 2014-2024 (PNE – Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014), que fixou o objetivo de redu-
zir a taxa de evasão de alunos do ensino superior.
Somos sabedores de que são vários os elementos que contribuem para que muitos estu-
dantes abandonem seus estudos universitários, entre eles as dificuldades em compreender o con-
teúdo estudado, pois, “de tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, que não sabem nada,
que não podem saber, que são enfermos, indolentes, que não produzem em virtude de tudo isso,
terminam por se convencer de sua ‘incapacidade” (FREIRE, 2005, p. 56).
Na tentativa de incentivar os estudos desses jovens, uma das estratégias que têm apre-
sentado resultados significativos é a Aprendizagem Cooperativa, por meio da qual todos se ajudam
coletivamente, não somente no sentido de entender o conteúdo estudado, mas de contribuir com
o outro – dessa forma se sentindo útil – e, principalmente, de concluir um estudo com qualidade.
De acordo com Pinho, Ferreira e Lopes (2013), a Aprendizagem Cooperativa é um método que tem
como principais vantagens o aumento do rendimento acadêmico e da autoestima dos alunos, bem
como, a melhoria das suas competências sociais.
Aprender coletivamente tem sido uma alternativa de estudo bastante utilizada nos últimos
tempos, sendo incentivada, organizada e aplicada por professores, inclusive do ensino superior;
mas nem todos conhecem as metodologias de organização da Aprendizagem Cooperativa, pois se
diferem significativamente de outras possibilidades de estudo individualistas ou transmissivos, or-
ganiza grupos de estudos para alcançar resultados coletivos, por exemplo. Para que haja confluência
das ideias dos componentes do grupo, há necessidade de organização e participação de todos, com
atribuição de tarefas e avaliação.
De acordo com Di Renzo, Nascimento e Maquêa:
165
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Para isso, foi implantado, na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), o Progra-
ma de Formação de Células Cooperativas (FOCCO), a partir do Programa de Aprendizagem Coope-
rativa em Células Estudantis (PACCE) e do Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE),
que serão aqui apresentados.
166
e individualista.
A esse respeito, Di Renzo, Nascimento e Maquêa afirmam:
Desse modo, verifica-se que a Aprendizagem Cooperativa não tem o único objetivo de en-
sinar conteúdos, mas de preparar os indivíduos para viver num mundo com pessoas diferentes,
ajudando-se mutuamente.
A busca por alternativas para combater a evasão nas universidades tem sido um dos grandes
desafios dos gestores do ensino superior e com a Unemat não é diferente. Assim, no ano de 2011, a
pró-reitora de Ensino de Graduação, atualmente reitora, professora doutora Ana Maria Di Renzo, ao
participar do Fórum de Graduação (FORGRAD) que aconteceu no Ceará, conheceu, por intermédio
do professor doutor Manoel Andrade, o Programa Prece. Di Renzo não somente se encantou com o
programa como foi capaz de vislumbrar caminhos alternativos, por meio de sua filosofia, para pos-
síveis estratégias objetivando diminuir a evasão dos acadêmicos dos cursos na Unemat. Assim, se
iniciou a história do Focco, Programa que tem como finalidade o aumento da taxa de permanência e
aprovação nos cursos de graduação, o estímulo à formação de capital social a partir do capital inte-
lectual discente, bem como, a formação de profissionais proativos e habilitados para o trabalho em
equipe. Desse modo, não é possível falar do Focco sem se referenciar ao Pacce e ao Prece.
No ano de 1994, no sertão cearense, mais precisamente em Cipó, localidade rural de Pente-
coste, poucas escolas ofertavam o Ensino Fundamental completo, o que dificultava muito aos jovens
concluir seus estudos. Professor Manoel Andrade, percebendo, em sete estudantes, a vontade de
prosseguir seus estudos, propôs-lhes o estudo em grupo. Nasceu, assim, o Pacce, como uma iniciati-
va educacional não formal. Esses sete estudantes – Francisco Antônio (Toinho), Francisco Gonçalves
(Chicão), Eudimar (Du), Carlos Roberto (Beto), Raquel, Noberto e Orismar – passaram a ocupar um
imóvel desativado, antes destinado à atividade de fazer farinha, para viver e estudar de forma coo-
perativa e solidária. Os sete jovens enfrentaram muitos desafios, uns mais difíceis, outros um pouco
menos, sendo que seis deles atingiram o objetivo de entrar na universidade. Eles não se contenta-
ram somente com o resultado que obtiveram para si, passando a ajudar a todos que se interessavam
e a fomentar em outros a vontade de estudar. Desse modo, o Pacce foi se expandindo de tal modo
que acabou ganhando espaços constitucionais na Universidade Federal do Ceará (UFC), como tam-
bém na educação básica de regiões do Nordeste, onde se ampliou e se transformou no Programa de
Educação em Células Cooperativas (Prece).
Inspirada nesse programa, a Unemat propôs, em parceria com a UFC, a implantação do
Programa de Formação em Células Cooperativas (Focco). Em 2012, a Universidade tornou público o
167
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
primeiro edital para seleção de 48 bolsistas para o Focco; no entanto, por questões burocráticas, o
programa não foi implementado naquele momento.
Alguns dos professores que assumiram a coordenação do programa nos Campi da Unemat
foram conhecer a história do Prece, no Ceará, in loco, na casa da farinha onde tudo começou.
No ano de 2013, por meio da pasta Assessoria de Políticas Educacionais (APE), vinculada
à Pró-reitoria de Ensino de Graduação (PROEG), foi aberto um novo edital para selecionar bolsistas
do programa, dessa vez com a oferta de 125 vagas que foram distribuídas em todos os Campi da
Unemat.
A seleção dos bolsistas do Focco se difere da seleção de outros programas. Para essa sele-
ção, os bolsistas participam de uma formação organizada com oficinas, palestras sobre Aprendiza-
gem Cooperativa e ouvem relatos de experiências de pessoas com experiência no assunto. Sendo
assim, os interessados fazem suas inscrições e assumem o compromisso de participar dessa seleção,
que ocorre durante um final de semana.
A seleção, que foi realizada no Câmpus de Cáceres – Jane Vanini, contou novamente com o
apoio da equipe do professor Manoel Andrade, da UFC. O sucesso do programa garantiu a prorro-
gação do edital por mais dois anos, ou seja, 2015.
No ano de 2016, ocorreu uma nova seleção de bolsistas, dessa vez, com o apoio de Jéssica
da Silva que foi concentrada em três campi: Barra do Bugres, Alto Araguaia e Sinop, contando com a
participação dos bolsistas já selecionados em seus campi de origem. O programa está em vigor até
a presente data.
A implementação do Focco nos campi enfrenta muitas dificuldades, como a falta de espaço
de trabalho, a dificuldade de conciliação dos horários dos bolsistas e das células, o descrédito de
alguns professores, entre outros. Mas os resultados positivos verificados por meio da aprovação
de bolsistas e células nas disciplinas na Unemat mostram a importância do fortalecimento desse
programa no ensino superior. Por isso, a Reitoria da Unemat não mede esforços para garantir sua
continuidade e seu sucesso.
Algumas considerações
168
métodos tradicionais de ensino, mesmo que neles não se identifique a interdependência positiva
entre as pessoas e que nem sempre estas troquem informações e conhecimentos sobre a tarefa que
as envolve. “Além disso, não existe discussão de ideias e os alunos apenas são responsáveis por si e
não pelos colegas; da mesma forma, não há a construção de um espírito de equipe, uma vez que as
atividades que promovem esse espírito são descuradas”.12
Referências
DUBET, François. “O que é uma escola justa? A escola das oportunidades”. Revista Técnica Maria
Tereza de Queiroz Piacentini. São Paulo, Cortez, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e
Terra, 1996.
169
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
As políticas de permanência estudantil estão sendo pauta crescente nas discussões no âm-
bito Educação Superior e o processo de democratização e melhoria do acesso a este nível de ensino
tem impulsionado as universidades a olharem para si e a se questionarem quanto as ações que
alcancem a qualificação da permanência estudantil. Além de ingressarem, os estudantes devam ser
estimulados e apoiados a concluírem seus cursos de graduação.
Pensar a permanência estudantil universitária nos leva a reconhecer a sua complexidade e
a entender que são inúmeras as influências que possibilitam a evasão e a não conclusão das gradu-
ações, muitas vezes instaurada como competitiva e individualista. Nessa perspectiva, a universidade
deve oportunizar a atuação dos estudantes em ações associadas ao ensino, pesquisa e extensão,
que promovam autonomia, proatividade, sentimento de pertencimento e cooperação no ambiente
universitário.
O estudo sobre ações na universidade conceituadas como qualificadoras de permanência
estudantil universitária pode ser considerado novo, conforme observamos nas produções científicas
estudadas, pois são ações que não se caracterizam como assistencialistas no âmbito estudantil, mas
que – vinculadas ao tripé da base universitária – colaboram para o pertencimento dos estudantes e,
consequentemente, para sua permanência.
Neste artigo, apresentamos e caracterizamos o FOCCO – Programa de Formação de Células
Cooperativas da UNEMAT associando a uma ação de permanência estudantil na Educação Superior,
170
sob luz do conceito de Primão (2015).
[...] Andrade, então, chamou os jovens da zona rural para iniciarem um grupo de
estudos com o objetivo de concluírem a Educação Básica. Durante o processo, eles
foram incentivados a desejar ingressar na universidade. Na época, sete jovens
fora da idade escolar aceitaram o desafio. Surgiu então o PRECE (que significava
“Projeto Coração de Estudante”. Andrade contou: é por causa da música do Milton
Nascimento”). Eles estudavam durante a semana com o material que o professor
conseguiu na capital e tiravam as dúvidas nas visitas de Andrade nos finais de
semana (DIB, 2014, p. 71).
O Programa PRECE tinha como objetivo “melhorar a qualidade de vida de jovens com pouca
ou nenhuma perspectiva educacional, os quais se encontravam em faixa etária adversa à da maio-
ria dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, mas com motivação e vontade de aprender”
(ANDRADE NETO; MAZZETTO, 2007, p. 1). Bitu (2014) complementa que a ideia e missão do PRECE
era de que cada cidadão fosse protagonista, e a comunidade fosse um espaço de cooperação que
possibilitasse o desenvolvimento igualitário.
O PRECE traz, arraigados à sua prática, “valores e atitudes relativos à cooperação, solida-
171
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
riedade, doação, dedicação e fraternidade, que vêm sendo passados de uma geração para outra”
(BITU, 2014, p. 66). A experiência com a Aprendizagem Cooperativa no Programa iniciou informal-
mente e des-institucionalizada, posteriormente, ganhou solidificação com apoio da Secretaria de
Educação do Estado do Ceará (SEDUC–CE) e com a UFC (ANDRADE NETO; MAZZETTO, 2007).
O modelo de aprendizagem utilizada no Programa foi definido como de Aprendizagem Co-
operativa por aproximar-se e influenciar-se pela teoria norte americana proposta pelos irmãos Da-
vid W. Johnson e Rogers T. Johnson. Contudo, há de se destacar que há algumas diferenças em sua
aplicação, a exemplo, “a proposta singular de aprendizagem em grupo, voltada para as vivências dos
seus membros e para a possibilidade de transformação social e de desenvolvimento local” (BITU,
2014, p. 66).
O PRECE foi organizado por meio de células de estudo que nascem sem intermédio do
professor. Os próprios estudantes colaboram com os conteúdos e disciplinas que possuem maior
afinidade e potencial na intenção de preparar-se para o ingresso na universidade (ANDRADE NETO;
MAZZETTO, 2007). Conforme Andrade Neto e Mazzetto (2007, p. 3), as células de estudo são com-
postas por células de grau iniciante e avançado, sendo que na célula iniciante há um monitor – re-
presentado pelo estudante com mais experiência no projeto e que recebeu capacitação prévia para
assim atuar. A capacitação inclui conhecimentos sobre responsabilidade política, inclusão social,
cidadania, pedagogia voltada à educação de células e da área específica em que o mesmo irá atuar
dentro da célula, ou seja, Matemática, Química, Física e outras.
Nas células de estudos, os estudantes dividem suas histórias de vida e experiência, dis-
cutem diversos conteúdos, desenvolvem a cidadania na medida em que respeitam a condição de
aprendizado do outros, e (res)significam os estudos, enxergando na cooperação uma chave para o
sucesso do grupo.
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A UNEMAT por meio da PROEG, implantou em 2012 o referido Programa e, no que corres-
ponde à criação do Programa, foi deferida pelo Reitor da época, professor Ms. Adriano Aparecido
Silva (2010 a 2014), que no uso de suas atribuições conferidas no art. 32, X do Estatuto da UNEMAT
e considerando o Processo nº 033/2012-Pró Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação (PRPPG), homo-
logou a Resolução nº 038/2012 – Ad Referendum do CONEPE que instituiu e regulamentou o FOCCO
da Universidade do Estado de Mato Grosso.
Posteriormente, por meio da Resolução nº 010/2013 do CONEPE, da UNEMAT, o mesmo
reitor, considerando a decisão do Conselho tomada na 1.ª Seção Ordinária realizada no dia 12 de
junho de 2013, homologou a Resolução Ad Referendum n° 038/2012.
O Programa FOCCO tem como finalidades determinadas no Art.2 da Resolução n° 038/2012:
“o aumento da taxa de permanência e aprovação nos cursos de graduação, o estímulo à formação
de capital social a partir do capital intelectual discente, bem como, a formação de profissionais
proativos e habilitados para o trabalho em equipe”. Para mais, proporcionar sinergia entre cursos e
Câmpus da universidade e entre a UNEMAT e a Educação Básica da rede pública (UNEMAT, 2017a).
No contexto dessa interação com os estudantes das escolas públicas que ofertam Educação
Básica, o FOCCO prevê a participação dos estudantes bolsistas na execução de células de aprendi-
zagem neste nível de educação, visando estimular a busca por sua formação na Educação Superior,
preferencialmente por meio dos cursos da UNEMAT (UNEMAT, 2017b). Para tal atuação, bolsistas
identificam escolas com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e elaboram um
projeto de célula em parceria a gestão da escola, desenvolvendo atividades ao longo do calendário
semanal da escola (UNEMAT, 2017).
O FOCCO tem como fundamento teórico a Aprendizagem Cooperativa e, nesta perspecti-
va, propõe como medida de intervenção a cooperação por meio de células cooperativas, que em
parágrafo único da Resolução n° 038/2012, são entendidas por “um grupo de estudo em que todos
os participantes se ajudam, cooperando mutuamente, com o intuito de atingir um objetivo pré-es-
tabelecido por todos”.
As células de estudo, as quais são organizadas no Programa, funcionam com um grupo de
pessoas que se reúne dentro ou fora do ambiente da universidade para compartilhar conhecimentos
e, consequentemente, histórias de vida. Não há professor: os próprios estudantes se tornam articu-
ladores e/ou facilitadores dos conteúdos com que tem mais afinidade. Eles se apoiam mutuamente
e juntos superam suas deficiências de aprendizagem (MOCHEUTI, 2018).
Assim, há estudantes bolsistas articuladores das células estudantis, há estudantes bolsistas
facilitadores, e há um docente Coordenador Local a cada câmpus universitário. Cada um destes inte-
grantes possui atribuições específicas dispostas no Programa (UNEMAT, 2017a).
O FOCCO pretende proporcionar a aprendizagem social cooperativa a partir da qual os es-
tudantes passam a aprender muito mais uns com os outros do que com os caminhos considerados
formais de aprendizado.
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
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a estudantes economicamente desfavorecidos, por meio da oferta dos auxílios” (LIMA et al, 2016).
Destacamos, por meio do relatório de bolsas ofertadas na UNEMAT, que no anuário es-
tatístico de 2017, ano base 2016, foram ofertadas 2.728 bolsas. Destas, 422 bolsas pesquisas, 144
bolsas extensão, 420 auxílios alimentação, 420 auxílios moradia, 123 auxílios publicação, 85 Bolsa
Estágio, 1007 bolsas PIBID, 107 outras bolsas, nas quais encontram-se incluídas as bolsas do FOCCO
(UNEMAT, 2016).
Evidenciamos que as bolsas ofertadas para o Programa FOCCO não são discriminadas indi-
vidualmente e não se encontram destacadas com informações próprias, o que impossibilita realizar
uma análise quantitativa do número de bolsas FOCCO ofertadas. Mas acreditamos que as bolsas,
juntamente com a proposta desse Programa, têm colaborado com a permanência dos estudantes
no contexto da UNEMAT, por meio da sua metodologia cooperativa e das ações educativas que nele
são realizadas.
Analisamos a implantação do Programa FOCCO como uma experiência de ensino inovadora
na UNEMAT, principalmente por considerar os diferentes estilos de aprendizagem dos protagonistas
– os estudantes –, o reforço de valores importantes como a cooperação e a autonomia e a vinculação
entre ensino e pesquisa nas ações educativas do Programa.
Lucarelli (2000, p.63), ao abordar sobre a inovação no ensino, considera que “quando nos
referimos à inovação, fazemo-lo em associação a práticas de ensino que alterem, de algum modo, o
sistema unidirecional de relações que caracterizam o ensino tradicional”.
Nesta perspectiva, além de inovadora, segundo o estudo de Renzo13, Nascimento e Ma-
quêa14 (2017), FOCCO é uma experiência exitosa na IES.
Considerações Finais
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Referências
ANDRADE NETO, Manoel; MAZZETO, Selma Eliane. Mútua Cooperação entre Estudantes como
Estratégia de Inclusão através da Educação. PerCursos. 2007. Disponível em:
<http://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1502/1268>. Acesso em: 10 de
Jun. 2017.
BITU, Corina Bastos. Aprendizagem Cooperativa: uma análise da Escola Estadual de Educação
Profissional Alan Pinho Tabosa. 2014, 152f. Dissertação (Mestrado em Gestão e Avaliação em
Educação Pública). Universidade Federal de Juiz de Fora.Faculdade de Educação, Juiz de Fora-MG,
2014.
LIMA, E.G.S.; MACIEL, C.E.; GIMENEZ, F.V. Políticas e Permanência para Estudantes na Educação
Superior. RBPAE, v.32, n.3, p.759-781, set./dez. 2016.
RENZO, Ana Maria Di; NASCIMENTO, Renata Cristina Lacerda Cintra Batista; MAQUÊA, Vera Lúcia da
Rocha. Aprendizagem Cooperativa no Ensino Superior: Alternativa de estudos entre os acadêmicos
da UNEMAT. p. 201-215. In: Relato de experiências exitosas das IES: formação do docente do Ensino
Superior, assistência estudantil e assistência pedagógica./organizado por Elenita Conegero Pastor
Manchope [et al.]. Cascavel, PR: EDUNIOESTE, 2017.
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APRENDIZAGEM COOPERATIVA NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL: O PROGRAMA
FOCCO COMO FORMA DE DESENVOLVIMENTO DO SABER
RESUMO
Na busca por ampliar o diálogo sobre Aprendizagem Cooperativa, o presente trabalho traz
um breve relato do funcionamento do Programa de Formação de Células Cooperativas - FOCCO e
das contribuições feitas ao curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Mato Grosso -
Unemat, Câmpus de Nova Xavantina-MT. Para melhor compreensão do Programa foi elaborado um
diagrama/fluxograma, desde o lançamento do Edital pela Coordenação Geral do Programa FOCCO,
até a formalização da Célula pelo Articulador, apresentando a Estrutura de Funcionamento de forma
simplificada do Programa FOCCO desenvolvido na Unemat de Nova Xavantina-MT.
Introdução
Num contexto geral, os cursos de graduação ofertados no Brasil possuem em sua matriz,
grande quantidade de carga horária e disciplinas na área de exatas, apresentam com frequência
problemas de repetência e de evasão. Porém, toda graduação exige muito do acadêmico, seja em
ultrapassar seus limites ou dedicar-se em tempo integral à universidade, tal realidade não é diferen-
te no curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Câmpus de
Nova Xavantina-MT. A realidade presenciada e vivenciada no Curso, evidencia grande quantidade de
alunos com problemas em acompanhar conteúdos em diversas disciplinas da área de exatas, princi-
palmente em função da dificuldade de aprendizagem desta Ciência.
Na busca por soluções quanto aos problemas de evasão e repetência, a Universidade criou
o FOCCO - Programa de Formação de Células Cooperativas, que busca, através da implantação de
grupos de estudo cooperativos, maneiras de superar barreiras no processo de aprendizagem visan-
do, através do estímulo ao sentimento de pertencimento à Universidade, um avanço significativo
nos índices de aprovação e permanência dos acadêmicos em seus cursos de Graduação.
O assunto apresentado no presente artigo incorpora-se ao relatado acima e expõe diversos
contextos ao objeto de estudo. Maneiras de atuação, métodos de trabalho e cenários alcançados
são alguns pontos abordados.
Grupos Cooperativos têm como características sempre buscar o consenso para tomadas de
decisões, assim, entende-se como consenso: “Ato ou acordo que se estabelece quando duas ou mais
partes chegam a um ponto comum de decisão durante uma negociação” (MATO GROSSO, 2015b).
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Neste contexto, antes de uma tomada de decisão, são consideradas todas as preocupações e opini-
ões, a fim de chegar a uma solução mais adequada a um dado problema.
Assunção (2015) ao parafrasear Johnson & Johnson (1998) define a Aprendizagem Coope-
rativa como um método de ensino para trabalho em equipe utilizado por pequenos grupos na busca
por soluções de problemas e consequentemente, construção do saber de todos os componentes da
equipe.
De acordo com Johnson & Johnson (1999 apud FIRMIANO, 2011) interdependência positi-
va; responsabilidade individual; interação frente a frente permitindo o desenvolvimento de compe-
tências sociais; desenvolvimento de competências interpessoais e grupais e; avaliação do processo
do trabalho da célula de modo a melhorar o funcionamento do mesmo, caracterizam um grupo de
Estudo baseados em Aprendizagem Cooperativa.
Ciente da importância do estudo das características apontadas por Johnson & Johnson, du-
rante a etapa de seleção e formação dos bolsistas para o programa FOCCO, são apresentadas cada
uma das 5 (cinco) características para o bom funcionamento de um grupo de estudo cooperativo.
Conforme descrito a seguir:
1. Interdependência Positiva
A interdependência positiva ocorre quando alguém percebe que está ligado a outros, de
forma que seu sucesso depende da coordenação de esforços entre os membros do grupo
para a realização da tarefa.
Membros do grupo, ao saberem que “afundam ou nadam juntos” procuram maximizar seus
próprios resultados e dos demais membros do grupo. (MATO GROSSO, 2015a, p.5).
Os indivíduos encorajam e facilitam os esforços uns dos outros para completar as tarefas a
fim de atingir os objetivos do grupo.
Atuam de forma a fornecer ajuda, assistência e feedback entre si, além de promoverem a
troca de recursos como informações e materiais.
Desenvolvem um ambiente de confiabilidade no grupo de forma a influenciar favoravelmente
os esforços dos demais e estimular a motivação para superar limites no alcance de objetivos
comuns (MATO GROSSO, 2015ba p.7).
178
cooperar.
Potencializa o alcance dos objetivos e contribuem para relações mais positivas entre os
membros do grupo (MATO GROSSO, 2015a, p. 8).
Momentos em que, no grupo, são discutidas ações dos membros que foram úteis ou não e
tomadas decisões sobre que ações devem ser mantidas ou mudadas.
Contribui para aumentar a motivação, melhorar o relacionamento e aumentar o nível de
autoestima e de atitudes positivas com relação aos conteúdos tratados pelo grupo (MATO
GROSSO, 2015a, p. 9).
Diante das características acima mencionadas, o estudo cooperativo vem se tornando uma
ferramenta de incentivo para melhorar o rendimento do aluno dentro da universidade ou escola,
porém, esse tipo de estudo quando feito informalmente, não surte tantos benefícios como nos gru-
pos formalizados, onde se é cobrado uma maior organização e disponibilizado remuneração ao res-
ponsável por articular/organizar o grupo. Com isso, a implantação nas universidades vem ganhando
destaque pelo sucesso dos grupos de estudos cooperativos, que visam a diminuição de evasão,
de desistência e também a permanência do acadêmico no ambiente da universidade, propiciando
melhoria no rendimento escolar e desta forma, diminuindo os índices de reprovações e evasão nos
cursos de graduação.
O “Modus Operandi” do FOCCO faz com que os estudantes se interessem pelo programa e
sua forma de atuação, impactando a vida dos estudantes que visam a melhoria de seus rendimentos
interpessoais e intelectuais. Mas o que é? Como funciona uma célula cooperativa de aprendizagem
179
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
do programa FOCCO?
O Programa FOCCO caracteriza uma célula como sendo:
Um grupo organizado e mantido pelo aluno bolsista, que reúne outros alunos da UNEMAT
com um objetivo de promover uma discussão e estudo a respeito de um tema, conteúdo
ou disciplina que colabore com a aprovação dos alunos participantes, em seus cursos de
graduação. A célula de Aprendizagem Cooperativa é proposta pelo aluno bolsista, através de
um projeto. A proposta de célula deverá envolver um tema ou uma disciplina que o bolsista
considere como gargalo na aprovação de outros alunos (MATO GROSSO. Disponível em:
<http://nx.unemat.br/projetos/focco> Acessado em: 26/09/2015a).
Ao articulador, líder da célula, cabe buscar e reunir pessoas interessadas em praticar as ide-
ologias do programa FOCCO, cabe também organizar os horários e datas das reuniões de forma que
seja acessível a todos, sem trazer danos aos compromissos de cada um para com a faculdade e por
último, mas não menos importante, esclarecer o que está sendo feito junto ao coordenador local,
por meio de relatórios e reuniões.
180
Atribuições do Facilitador de Célula
181
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
182
Curso de Engenharia Civil e sua relação com o Programa FOCCO
O Câmpus de Nova Xavantina conta com quatro articuladores do Programa FOCCO, sendo
três acadêmicos do curso de Engenharia Civil e um do curso de Agronomia. Com a criação e implan-
tação do programa no Câmpus foi possível observar a reciprocidade dos acadêmicos em relação a
ideia do projeto, que tem como intuito, fortalecer e instigar o estudo em grupo para que os acadê-
micos se sintam acolhidos na universidade e adaptem-se ao grau de dificuldade das disciplinas que
compõem as grades dos cursos.
Os cursos de engenharias no geral sempre tiveram em suas grades, disciplinas como cál-
culos e físicas, fato que aumenta a dificuldade e faz com que os cursos sejam taxados de difíceis e
exaustivos até a formação do profissional. Com o curso de Engenharia Civil não é diferente, muitos
acadêmicos ingressantes no curso já trazem de seu ensino básico uma defasagem muito grande
com relação a esses conteúdos, fazendo com que muitos tenham grandes dificuldades durante a
graduação, e até mesmo, que desistam de concluir o curso, causando assim, gargalos em diversas
fases/disciplinas, um ‘pesadelo’ que muitas universidades têm enfrentado e que é uma das causas
da evasão dos acadêmicos.
Tal afirmação se confirma na fala de Rafael e Escher (2016, p.3) a enfatizarem que o fracas-
so na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, pode levar “ao abandono do curso e até mesmo
influenciar na decisão de não se matricular em um curso de graduação no qual a disciplina seja obri-
gatória.” De acordo com Rezende (2003) na UFF, “o percentual de reprovação na disciplina citada
durante os anos 1996 a 2000 variou entre 45% e 95%, ou seja, os alunos, quase em sua totalidade,
são reprovados na disciplina (apud RAFAEL e ESCHER 2016, p.3)
Cunha e Carrilho (2005) salientam que é consenso entre especialistas (Almeida, 1998a; Co-
chrane, 1991; Ferreira, Almeida & Soares, 2001; Ferreira & Hood, 1990; Pascarella & Terenzini, 1991)
que as dificuldades de rendimento acadêmico dos estudantes no ensino superior estão relacionadas
à transição do Ensino Médio para o ensino superior, momento em que o estudante vivencia diversas
mudanças e com estas, surgem vários problemas de adaptação, que são resultados de experiências
simultâneas entre às exigências colocadas pelo enfoque e às características desenvolvimentais dos
alunos. Para reforçar sua argumentação, Cunha e Carrilho (2005) ao parafrasear Rickinson e Ruther-
ford (1995 apud SANTOS, 2000) argumentam que estas dificuldades influenciam negativamente no
rendimento acadêmico do educando, aumentam os índices de evasão e de pedidos aos serviços de
apoio psicossocial.
183
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
tência de três bolsistas vinculados ao curso ampliou a visibilidade do programa entre os acadêmicos
de Engenharia Civil. Devido a isso, a aceitação do FOCCO no curso foi muito positiva, pois já havia
uma demanda por monitorias ou outras formas de estímulo e orientação extraclasse para auxílio no
estudo dos acadêmicos.
A partir dos três bolsistas FOCCO foi possível fazer uma divisão entre as disciplinas conside-
radas “gargalos” do curso, e assim, atender aos acadêmicos de praticamente todos os períodos (o
curso foi implementado no início de 2014, logo, no início da vigência das bolsas havia apenas três
turmas de estudantes).
Por se tratar de um curso novo, ainda sem projetos de pesquisa e extensão, e com pou-
quíssimos professores efetivos, o FOCCO surge como ferramenta propulsora de estímulo ao estudo.
Com o propósito de possibilitar uma maior participação dos acadêmicos, os horários de
funcionamento das células foram organizados de maneira que não houvesse choques nem com as
matérias do curso nem com os demais bolsistas FOCCO, desta forma os acadêmicos puderam apro-
veitar os três encontros de célula que haviam no decorrer da semana em paralelo com o fato do cur-
so de Engenharia Civil ser integral, fazendo com que nos horários vagos os estudantes continuassem
na universidade estudando e se preparando para as disciplinas que mais demandam atenção.
Além das ações desenvolvidas nas células de Aprendizagem Cooperativa, os articuladores
auxiliam na divulgação do curso, através de confecção de material digital para divulgação do vesti-
bular, recepcionam e apresentam o curso à professores e alunos da Educação Básica em visita ao
Câmpus e, participarem da recepção aos calouros, apresentando o FOCCO e a estrutura física e fun-
cional do Câmpus aos ingressantes.
Com o passar do tempo foi notória a mudança dos acadêmicos do curso de Engenharia Civil
em relação a ideia de se estudar em grupos, houveram casos em que vários estudantes se desloca-
ram para a universidade dos dias de domingo e feriados, para juntos, se prepararem para provas ou
trabalhos que estavam por vir, este fato é um indicador de que a ideia do programa já está incorpo-
rada nos acadêmicos do curso.
Com a disseminação da cultura do estudo em grupo, do auxílio mútuo, do entender que
não existe dúvida “besta”, reflexo das Células do FOCCO, é comum encontrar salas de aulas repletas
de estudantes mesmo em horários vagos, sem a presença do professor.
Considerações Finais
Conforme pôde ser observado no decorrer deste estudo, os cursos de Engenharia Civil pos-
suem disciplinas que exigem uma boa base Matemática, porém nem todos os alunos chegam à uni-
versidade com domínio de tais conteúdos. Solucionar este problema não é tarefa fácil, porém com a
introdução ao Estudo Cooperativo ao curso, novos horizontes se abriram para os alunos, que antes
sentiam-se inferiorizados por não dominarem conteúdos básicos das disciplinas.
Com o programa FOCCO, barreiras foram quebradas, pois em uma Célula de Aprendizagem
Cooperativa, não existe pergunta “burra”, dúvida absurda, todo questionamento é bem-vindo, é res-
peitado a diversidade e fase de conhecimento em que cada um se encontra, o grupo é fortalecido
pois na hora que alguém ensina algo, ele está ao mesmo tempo refletindo sobre um questionamen-
to, aprofundando seu conhecimento sobre um determinado assunto. Por isso, os avanços trazidos
pelo método de estudo utilizado nas Células do FOCCO, tem contribuído muito com o processo de
vagas sem candidatos foram destinadas por ordem de classificação no processo de seleção.
184
implantação do curso de Engenharia Civil de Nova Xavantina-MT.
O FOCCO, certamente, causou impacto na vida dos estudantes, principalmente na maneira
de adquirir e produzir conhecimento em grupo e de buscar apoio não só nos professores mas, prin-
cipalmente, com seus colegas estudantes, celulandos e articuladores.
A ideologia do programa FOCCO no Câmpus de Nova Xavantina já trouxe melhorias nas
relações interpessoais dos estudantes, porém, ainda há muito a ser conquistado, o FOCCO vai con-
tinuar funcionando para que, além de conquistas na universidade, auxilie nas realizações da vida de
cada um, tornando os indivíduos mais solidários e cooperativos com o próximo em seu dia-a-dia.
Referência
ASSUNÇÃO, Thiago de. Aprendizagem Cooperativa: Uma ferramenta metodológica para o ensino de
História na UNEMAT polo de Cáceres 2014-2015. Monografia. UNEMAT, Cáceres-MT, 2015.
CUNHA, Simone Miguez; CARRILHO, Denise Madruga. O Processo de Adaptação ao Ensino Superior e
o Rendimento Acadêmico. IN: Psicol. esc. educ., Campinas, v. 9, n. 2, p. 215-224, dez. 2005. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572005000200004>.
Acesso em: 11 set. 2016 às 20 horas.
________. Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat (Org.). Oficina de Consenso. Nova
Xavantina, 2015. 10 slides, color. FOCCO. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0B-
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RAFAEL, Rosane Cordeiro, ESCHER, Marco Antonio. Evasão, Baixo Rendimento e Reprovações
em Cálculo Diferencial e Integral: Uma questão a ser discutida. Disponível em:<http://www.ufjf.
br/emem/files/2015/10/EVAS%C3%83O-BAIXO-RENDIMENTO-E-REPROVA%C3%87%C3%95ES-
EM-C%C3%81LCULO-DIFERENCIAL-E-INTEGRAL-UMA-QUEST%C3%83O-A-SER-DISCUTIDA-2.pdf>.
Acessado em 28 de set. de 2016.
185
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
O presente trabalho refere-se a uma análise sistemática das células de estudo desenvol-
vidas entre os períodos letivos de 2013/2 a 2015/2, no Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Estado de Mato Grosso, Câmpus de Tangará da Serra, com ênfase nas células: Integrando Ideias,
Autocad E #Empurrão. Este estudo teve como objetivo identificar as contribuições do FOCCO no
curso de engenharia civil, referente ao estímulo à permanência, aprovação e desenvolvimento de
habilidades sociais dos celulandos envolvidos.
Introdução
186
sunto ou alcançar um objeto. A autora também argumenta que “os estudos apontam que o trabalho
cooperativo produz bons resultados em termos da forma e da qualidade daquilo que se aprende”
(CAMPOS et al., 2003, p 25 e 26.); ao mesmo tempo em que os indivíduos envolvidos também de-
senvolvem habilidades para o trabalho em equipe.
Esse método de aprendizagem se dá pela formação de pequenos grupos de alunos que
trabalham em conjunto para maximizar sua própria aprendizagem e a dos seus colegas. Entretanto,
requer participação direta e ativa de todos os estudantes, visto que nenhum deles pode aprender
pelo outro. Ainda pressupõe a existência da interajuda, a ajuda mútua e cooperação que possibili-
tam atingir níveis mais altos de aprendizagem.
Percebe-se assim que, um estudante só poderá ter sucesso na aprendizagem se todos os
elementos do grupo tiverem sucesso, o que faz com que o sucesso de cada um esteja dependente
do sucesso de todos, ou seja, “o êxito depende, da interdependência positiva criada entre os ele-
mentos do grupo, fazendo-lhes perceber que só trabalhando juntos eles podem alcançar os objeti-
vos inicialmente delineados” (ROS, 2001, p 99.).
Inicialmente foi realizada uma revisão literária sobre a Aprendizagem Cooperativa. Para
investigar o Programa FOCCO no curso de Engenharia Civil foram analisadas aprovações, reprova-
ções e matriculas de todas as disciplinas do curso desde sua implementação. Esses dados foram
disponibilizados pela coordenação do curso. Também foi aplicado um formulário (Quadro 1) com
os membros (celulandos) do curso de Engenharia Civil a fim de obter relatos sobre as Células que
participaram. O formulário foi aplicado aos celulandos que se envolveram e/ou que participaram
de qualquer uma das três Células desenvolvidas pelos articuladores do curso de Engenharia Civil da
UNEMAT, Câmpus Universitário Prof. Eugênio Carlos Stieler em Tangará da Serra. Foram sorteados 5
acadêmicos de cada Célula, totalizando 15 entrevistados. O formulário foi aplicado entre setembro e
outubro de 2015. Os dados foram analisados e discutidos confrontando com as informações obtidas
pelos celulandos. As Células de Estudo analisadas eram denominadas: Integrando Ideias, Desenho
Técnico Auxiliado por AutoCAD e #Empurrão, tendo como principal público alvo os próprios acadê-
micos do curso.
Quadro 1: Recorte do Formulário Aplicado aos Celulandos das Três Células em Estudo
1. Quais as contribuições que a Aprendizagem Cooperativa – FOCCO teve em sua vida?
2. Algo deve ser melhorado na metodologia utilizada?
3. Você se sentia estimulado em participar da Célula? Por quê?
4. Você recomendaria para alguém as Células de Aprendizagem Cooperativa?
5. Você desenvolve algum grupo de estudo cooperativo? Se não, tem interesse?
Fonte: elaborado pelos autores
As atividades desta Célula Integrando Ideias foram iniciadas em setembro de 2013 com o
grupo de estudo voltado para a disciplina de Cálculo Integral e Diferencial I do curso de Engenharia
Civil. Essa disciplina foi escolhida pelas dificuldades apresentadas pelos acadêmicos em relação à
aprendizagem dos conteúdos abordados em sala de aula.
No semestre letivo de 2014/1 e 2014/2, pelo índice de reprovações e das dificuldades apre-
sentadas pelos acadêmicos a respeito da disciplina de Química para Engenharia, o foco de estudo foi
voltado então para essa disciplina. Vale ressaltar que, no ano letivo de 2014, o curso de Engenharia
Civil da UNEMAT, Câmpus em Tangará da Serra contava com bolsas de tutoria para as disciplinas de
Fundamentos de Matemática e Cálculo Diferencial e Integral I, e também com outra Célula de Estu-
187
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
188
cinco celulandos sorteados, de ambos os gêneros, cursavam Engenharia Civil na UNEMAT/Tangará
da Serra, com faixa etária dos 17 aos 25 anos de idade. Os celulandos responderam que a Célula foi
significativamente importante para a aprendizagem dos conteúdos, socialização dos conhecimentos
e foi um verdadeiro sucesso. Essa experiência deveria ser repetida pois o articulador era uma pessoa
proativa e motivava todos a continuarem sua aprendizagem. São laços de amizades e aprendizagem
para a vida.
A Célula #EMPURRÃO idealizada por um dos articuladores do Curso de Engenharia Civil
tinha como objetivo contribuir com o maior índice de cooperativismo possível entre os acadêmicos
do 1º semestre desse curso, em especial a troca de conhecimento entre os celulandos com o intuito
de alcançarem juntos objetivos comuns.
Os celulandos se reuniam nas quartas-feiras no período vespertino na sala 20 da própria
instituição para estudos em grupos cooperativos. Foi percebido que o princípio de cooperativismo
surge antes mesmo da Célula se reunir; a sala de aula, a interação com os professores ficou um
eterno aprendizado cooperativo. O apoio dos professores foi um ponto importante para o sucesso
da Célula e dos ganhos obtidos. A pedido do articulador, os professores disponibilizaram listas de
exercícios das suas respectivas disciplinas para serem discutidas e solucionadas de maneira mútua
entre os celulandos. Acredita-se que esse foi um fator importante para a maioria dos alunos da sala
estarem participando da Célula. O convite foi reforçado todas as semanas e também foram afixados
cartazes com os horários e locais de funcionamento da Célula.
A Célula teve início no semestre letivo 2015/1, com a seleção dos bolsistas e conhecimento
da Aprendizagem Cooperativa. Nesta Célula foram abordadas todas as disciplinas do 1º semestre,
dando ênfase nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral I, Geometria Analítica e Fundamentos
da Matemática. Pode-se afirmar que a metodologia cooperativa tem se mostrado eficiente, tendo
em vista que o resultado das avaliações realizadas pelos celulandos foi considerado satisfatório.
Os formulários foram respondidos com dedicação e presteza. Relataram além do esperado.
Os alunos sorteados sentiram que a avaliação da Célula era mais uma oportunidade de relatar a vi-
vência de uma universidade diferente, mais acolhedora e humana. As respostas foram significativas
para entender o sucesso das Células do curso de Engenharia Civil. O empenho dos articuladores, da
coordenação local e da coordenação do curso foi percebido entre os relatos dos celulandos.
Percebeu-se com a aplicação dos formulários que o Programa FOCCO contribuiu no proces-
so de aprendizagem dos acadêmicos e na minimização da taxa de reprovação das disciplinas traba-
lhadas. Um dos fatores que demonstra isto é o índice de reprovações na disciplina de Química para
Engenharia de 2013/1 até 2015/1 (Tabela 1).
189
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
significativa de reprovados.
O número de reprovados no período letivo de 2013/1 era de nove acadêmicos e em 2013/2
de 18. Com a atuação da Célula Integrando Ideias na disciplina de Química, o número de reprova-
dos passou para quatro acadêmicos em 2014/1 e de três no período letivo de 2014/2. Logo, houve
uma redução de 77,78% do percentual de reprovados no período letivo de 2014/1 e de 83,33% em
2014/2 em comparação com o semestre 2013/2.
Ao analisar os formulários aplicados aos celulandos que participavam das Células foi possí-
vel perceber como os resultados eram favoráveis. No caso da Célula Integrando Ideias todos os parti-
cipantes responderam que se sentiram motivados em participar. Para exemplificar essa informação,
apresentamos alguns fragmentos dos formulários: Sim, pois aprendi mais e até com mais facilidade
(Celulando 1, 2015); Sim, pois a interação com os outros acadêmicos nos faz querer participar de
forma a contribuir com o aprendizado de todos (Celulando 2, 2015).
As contribuições da Célula para os celulandos de acordo com os respondentes foram signifi-
cativas, visto que o grupo de estudo favoreceu a partilha de conhecimentos entre os envolvidos: Foi
de grande valia, pois dessa forma eu pude compartilhar meus conhecimentos com meus colegas e
vice-versa. Deste modo pude ter melhores resultados e um aprendizado melhor (Celulando 3, 2015);
Contribuiu na união dos estudantes que estão interessados ou com dificuldades em adquirir conhe-
cimento em alguma disciplina (Celulando 5, 2015).
O Celulando 4 (2015) comenta que a ajuda mútua entre os participantes por meio da Apren-
dizagem Cooperativa faz com que os membros envolvidos estejam mais motivados a aprender e a
trabalhar em grupo, sendo uma das contribuições da Célula.
Ao analisar as informações sobre a Célula de AutoCAD é possível afirmar que os celulandos
compreenderam a importância do cooperativismo, não somente do ponto de vista acadêmico e nas
matérias que exigem esse conhecimento, como também em toda a experiência que foi adquirida e
que poderá ser levada para o futuro profissional. Para exemplificar: A célula contribuiu para que eu
possa aprender a desenvolver qualquer tipo de projeto, ajudando com algumas disciplinas futuras
que exigem o conhecimento sobre (Celulando 5, 2015); Apresentou e ensinou algo que será e está
sendo importante para a vida acadêmica e vida profissional (Celulando 6, 2015);
Ao mesmo tempo em que a Célula contribuiu em suas vidas, ela também incentivou os
celulandos a participarem da Célula e a criarem uma consciência da identidade de engenheiro. Os
relatos exemplificam: Me sinto estimulada, porque sei que será necessário em minha vida profissio-
nal (Celulando 7, 2015); Sim, me sinto estimulado, pois é algo que é imprescindível na carreira de um
profissional da construção e também pela ferramenta AutoCAD estar ajudando no andamento da
faculdade (Celulando 8, 2015);
Ao responderem sobre a indicação da Célula para outros acadêmicos, as respostas foram
todas afirmativas. Transcreve-se: Indicaria a célula, pois além de ter uma boa metodologia é de suma
importância para um futuro engenheiro saber mexer com AutoCAD (Celulando 8, 2015); Recomen-
daria para todos os alunos do curso de Engenharia Civil (Celulando 9, 2015).
Portanto, diante da análise dos formulários respondidos pelos celulandos, foi possível per-
ceber a satisfação dos celulandos com a metodologia de cooperativismo empregada pelo FOCCO.
Um ponto considerado positivo foi a indicação da Célula aos colegas, ou até mesmo, de criarem seus
próprios grupos de estudos, como afirmado pelo Celulando 10 ao responder sobre o desenvolvi-
mento de algum grupo de estudo cooperativo. Para exemplificar, cita-se: Sim, desenvolvo atividades
cooperativas com meus colegas (Celulando 10, 2015).
190
Percebe-se aqui a multiplicação da Aprendizagem Cooperativa. Esse ponto é o primordial
no entendimento dos autores, pois se células cooperativas se multiplicarem várias dificuldades se-
rão sanadas e os cursos possivelmente terão menos evasão e reprovação. Quanto à evasão do curso
de Engenharia Civil é possível destacar o Edital de vagas remanescentes, UNEMAT/Câmpus de Tan-
gará da Serra.
Fonte: Adaptado do Edital de Vagas Remanescentes - Pró-Reitoria de Ensino de Graduação – UNEMAT (2016)
Entre outros fatores, também é possível evidenciar o êxito do FOCCO em relação ao seu
objetivo de diminuir a evasão do curso. Após a implantação do FOCCO, o curso apresentou uma
taxa de evasão de apenas 3,75%, índice abaixo da média dos cursos da UNEMAT. Atribuindo também
sucesso ao FOCCO dentro do curso de Engenharia Civil em Tangará da Serra.
Por fim, com relação à Célula #Empurrão os celulandos apontaram que o FOCCO contribuiu
para o seu desempenho acadêmico. Pela originalidade e teor transcrevem-se fragmentos: O FOCCO
contribuiu para o meu estudo em grupo e ainda facilitou na parte de tirar dúvidas e até mesmo o
convívio com os outros acadêmicos (Celulando 11, 2015); O FOCCO teve grande importância nos
meus estudos, uma vez que em grupo podemos nos interessar ainda mais sobre os exercícios, tendo
uma troca de conhecimento e, muitas vezes, um estudo auto didático nos fazendo acreditar que so-
mos capazes (Celulando 12, 2015).
Desta maneira, é possível observar que a metodologia utilizada tem se demostrado eficaz.
Entretanto, segundo o Celulando 12: [...] grupos de estudo com pessoas com quem temos afinidade
é uma boa, porém, medidas que proporcionem um maior alcance de pessoas para o FOCCO devem
ser tomadas para que esses benefícios não fiquem em prol de poucos (Celulando, 12, 2015). Portan-
to, evidencia que é necessário ainda uma propagação da metodologia de Aprendizagem Cooperativa
e, também, divulgação das Células existentes.
Acredita-se que o aumento no número de bolsas do projeto poderá contribuir diretamente
com a dimensão do programa e de sua qualidade, uma vez que, o número maior de articuladores
possibilitará a interação com um número maior de celulandos, podendo atingir diferentes disciplinas
ao longo do curso.
Percebe-se, por meio da aplicação dos formulários, a contribuição da Aprendizagem Coo-
perativa na vida acadêmica, favorecendo o entendimento dos celulandos em relação aos conceitos
trabalhados. Assim, estas Células de Estudo Cooperativo do curso de Engenharia Civil da UNEMAT/
Tangará da Serra, além de melhorar o índice de aprovação do curso de graduação, possibilitou que
as habilidades sociais dos celulandos e dos articuladores fossem desenvolvidas, principalmente a de
191
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
trabalhar em grupo.
Portanto, conclui-se que o Programa FOCCO por meio da metodologia de Aprendizagem
Cooperativa só tem a contribuir com os acadêmicos, tanto na redução dos índices de reprovações
e evasões, quanto na formação de profissionais proativos. Todavia, o progresso sempre é possível
e, a proatividade dos envolvidos no Programa FOCCO, pode representar um diferencial ao longo do
tempo na UNEMAT.
Referências
ROS, S. L. Una Estrategia Efiaz para Fomentar la Cooperación. Estudios sobre Educación, v. 1, p. 99-
110, 2001.
192
DESEMPENHO DOS ACADÊMICOS DE BIOLOGIA E AGRONOMIA ATRAVÉS DA
METOLOGIA DE APRENDIZAGEM COOPERATIVA NO CÂMPUS UNIVERSITÁRIO PROF.
EUGÊNIO CARLOS STIELER EM TANGARÁ DA SERRA
RESUMO
Introdução
193
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
• Interdependência positiva;
• Responsabilidade individual;
• Interação frente a frente permitindo o desenvolvimento de competências sociais;
• Desenvolvimento de competências interpessoais e grupais;
• Avaliação do processo do trabalho da célula de modo a melhorar o funcionamento do
mesmo.
Atualmente o Câmpus da UNEMAT em Tangará da Serra conta com 13 bolsistas e vem de-
sempenhando diversas funções dentro da universidade e também no Ensino Médio com o projeto
de extensão FOCCO no ENEM, que é um curso preparatório gratuito para o vestibular, além de pro-
mover, principalmente, a interação entre os acadêmicos da UNEMAT e os alunos do Ensino Médio.
O FOCCO em Tangará da Serra também realiza micro eventos como o CINEFOCCO, que possui como
objetivo proporcionar aos acadêmicos dos diferentes cursos uma interação e lazer por meio de exibi-
ção de filmes e o Acaloramento FOCCO, no qual durante a primeira semana das aulas de cada semes-
tre é realizado uma recepção aos novos acadêmicos, com dinâmicas cooperativas e motivacionais,
apresentação do programa FOCCO e os bolsistas e suas Células.
O Programa FOCCO possui três categorias de atuação: o bolsista facilitador que já atuou
como articulador por um ano e tem a função de auxiliar os articuladores; o bolsista articulador é
aquele que planeja as atividades desenvolvidas na célula e, por fim, o estudante que participa da
célula voluntariamente, sendo chamado de “celulando” (MOCHEUTI, 2018).
O curso de Ciências Biológicas da Unemat em Tangará da Serra possui, atualmente, 236
alunos matriculados, sendo que dentre os treze bolsistas do programa, um é do curso de Ciências
Biológicas, realiza a célula de BIOCEL voltada à disciplina de Biologia Celular destinada aos alunos
do primeiro semestre do curso, esta disciplina é uma das que possuem mais alto índice de reprova-
ção, juntamente com Histologia, Biologia Molecular e Física, diante da problemática e dos grandes
números de desistências dessa disciplina, optou-se por trabalhá-la por meio do programa Focco que
visa o ensino através da Aprendizagem Cooperativa.
O curso de Agronomia no Câmpus da Unemat em Tangará da Serra foi criado em 2001,
oferece 40 vagas para ingresso pelo vestibular no meio do ano mais 40 vagas para ingresso no início
do ano pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU) para quem realizou o Exame Nacional de Ensino
Médio (ENEM).
Atualmente, dos 13 bolsistas do programa FOCCO, em Tangará da Serra, 03 são do Curso
194
de Agronomia e atuam em diferentes disciplinas do curso, dentre elas a disciplina de Química que é
uma das disciplinas a apresentar um alto índice de reprovação, juntamente com Entomologia Agrí-
cola, Física, Economia Rural e Fitopatologia Agrícola. Por conta disso, foi proposto ao FOCCO traba-
lhar com a disciplina de Química, visto que é uma matéria do primeiro semestre, e com a reprovação
pode provocar uma desmotivação e o acadêmico vir a desistir do curso.
O Programa FOCCO visa maneiras de auxiliar os alunos a permanecerem na universida-
de, promovendo formas de interação entre os acadêmicos e auxiliá-los a estudar de uma maneira
eficiente, com um aluno ajudando o outro, havendo a troca de conhecimento, proporcionando a
Aprendizagem Cooperativa dentro do âmbito estudantil.
O presente trabalho possui como objetivo analisar o desempenho dos celulandos da Célula
de Biologia Celular do curso de Ciências Biológicas e dos celulandos da Célula de Química do curso
de Agronomia em Tangará da Serra, estes acadêmicos foram acompanhados durante o semestre
pelos articuladores de cada Célula no período 2017/2.
O relatório da pesquisa ocorre de forma descritiva dentro de uma abordagem qualitativa e
quantitativa: durante uma das aulas das disciplinas escolhidas para trabalhar a Aprendizagem Coo-
perativa, os bolsistas apresentam o programa FOCCO e seus objetivos e durante essa apresentação
foi feito um convite aos acadêmicos a participarem da Célula, juntamente com uma lista a ser assi-
nada pelos interessados. Na célula de Biologia Celular dos 45 alunos matriculados, 36 manifestaram
interesse em participar da Célula que eram realizadas às segundas-feiras das 07:30 às 09:30 na Sala
01 do Câmpus Universitário em Tangará da Serra. A Célula possuía como objetivo promover a discus-
são dos conteúdos trabalhados em sala com o docente da disciplina utilizando-se a metodologia de
Aprendizagem Cooperativa, visando contribuir com a melhoria no desempenho dos participantes.
195
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Como pode ser observado, na figura 1, durante os encontros, as cadeiras da sala eram orga-
nizadas em círculos para facilitar as discussões sobre os temas que eram trabalhados durante as au-
las convencionais, realização de exercícios e também aplicação de simulados. Como recurso didático
utilizou-se quadro negro, giz, jogos, músicas, atividades impressas, tudo como forma de contribuir
para a aprendizagem em grupo e fazer com que os acadêmicos superassem dificuldades tanto de
interação quanto relacionadas à disciplina.
O número de interessados foi bastante considerável, em média 20 acadêmicos participa-
vam das células, sendo que 55% destes eram acadêmicos que participavam ativamente, 28% parti-
cipavam alternadamente e 17% raramente participavam da célula.
Os acadêmicos que participavam da Célula de BIOCEL voltada à disciplina de Biologia Celu-
lar, possuía um bom rendimento e desempenho durante a disciplina. A boa relação com a professora
que ministrava a disciplina contribuiu para que o trabalho da bolsista também fosse eficiente, pois
havia uma boa comunicação e troca de informações, um exemplo dessa boa relação é que, a profes-
sora que ministrava a disciplina sabia quem estava participando da Célula e quais os temas e exercí-
cios eram trabalhados, tanto que, alguns exercícios do FOCCO eram colocados na prova. No final do
semestre 85 % dos celulandos que participavam ativamente ou alternadamente foram aprovados
sem exame final, 10% foram aprovados após o exame final e apenas 5% reprovaram.
196
com o conteúdo que o professor estivesse passando, no final, ocorria retirada de dúvidas e breves
explicações se houvesse muita dificuldade de entendimento.
Ao final de todo módulo de conteúdo ministrado na disciplina pelo professor e retirada
de dúvidas na célula, era realizado um simulado como observado na figura 3, alguns dias antes da
prova, para treino prévio dos alunos. Pelo fato da disciplina possuir três módulos, foram realizados
3 simulados durante o semestre.
A realização dos exercícios na célula era feita em grupo de quatro acadêmicos que foi rea-
lizado através de sorteio, esses grupos só eram mudados após o término do módulo e aplicação do
simulado, visando a interação e troca de conhecimento entre o grupo, porém o simulado era feito
individualmente para avaliar o desempenho de cada celulando.
Dos 40 alunos que apresentaram interesse, 32 participavam da Célula, mesmo que de forma
não frequente. 62,5% destes participavam ativamente, 25% participavam alternadamente e 12,5%
raramente participavam da célula. A maioria dos acadêmicos matriculados participou, pelo menos
uma vez da Célula, isso porque é uma matéria que demanda grande esforço para a aprovação, o
professor da disciplina incentivava os alunos a participarem e dava bonificação para os mesmos.
Os acadêmicos que participavam da célula QUÍMICA EM AÇÃO apresentavam-se esforça-
dos, eram participativos e estavam dispostos a aprender. O professor da disciplina sempre incen-
tivando os alunos a participar e auxiliando na realização da Célula informando quais os conteúdos
que mais deveriam ser trabalhados com os celulandos, facilitando assim a melhor compreensão e
aprovação dos mesmos. Ao final da disciplina 82% dos celulandos que participavam ativamente ou
alternadamente foram aprovados sem exame final, 14% foram aprovados após a realização do exa-
me final e 4% reprovaram. Os resultados estão representados na figura 4.
197
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Diante dos resultados apresentados e discutidos, neste trabalho, é possível atestar a impor-
tância do programa FOCCO para o bom desempenho dos acadêmicos que participam de uma Célula
de estudo. Observou-se que mais de 90% dos celulandos ativos obtiveram aprovação nas duas dis-
ciplinas analisadas aqui.
Referências
FREITAS, L., & FREITAS, C. Aprendizagem Cooperativa. Lisboa: Edições ASA, 2002.
LOPES, J.; SILVA, H. S. A aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: um guia prático para o professor.
Lisboa; Porto: LIFEL, 2009.
NIQUINI, Débora P. O Grupo Cooperativo: uma metodologia de ensino. Brasília: Universa, 1997.
SCHEIBEL, M. R., SILVEIRA, R. M.C. F., RESENDE, L. M. & JÚNIOR, G. S. Aprendizagem Cooperativa:
Uma opção metodológica para se trabalhar as questões da ciência e da tecnologia nos cursos de
formação de professores, R.B.E.C.T, 2, 75-87, 2009.
198
APRENDIZAGEM COOPERATIVA: ESTUDO DE CASO: APRENDIZAGEM COOPERATIVA
NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL, UNEMAT, TANGARÁ DA SERRA-MT.
RESUMO
Introdução
Esse trabalho discorre sobre a Aprendizagem Cooperativa (AC), uma metodologia de ensi-
no-aprendizagem que favorece a aprendizagem. A pesquisa discute os resultados obtidos através da
Célula (Grupo de estudos), desenvolvida no primeiro semestre do Curso de Engenharia Civil. O grupo
foi formado em virtude dos índices de reprovação nas disciplinas da área de Matemática e também
na intervenção para evitar a evasão.
O ensino de Cálculo Diferencial e Integral está cada vez mais presente na grade curricular de
diferentes Cursos Superiores, o que demonstra a sua importância para a construção do conhecimen-
to científico. Entretanto, os índices de reprovações e evasões provocadas por dificuldades nas dis-
ciplinas da área de Matemática, principalmente nos períodos iniciais dos cursos de engenharia tem
se tornado rotina e preocupado os professores (CARGNIN-STIELER, et al 2013). Dentre os diversos
problemas que têm afetado significativamente a aprendizagem e desempenho acadêmico nas uni-
versidades, é possível destacar a ausência de metodologias ativas/participativas que estimulem os
estudantes a se envolverem com sua própria aprendizagem (BONWELL; EISON, 1991, PRINCE; 2004).
Diante das tecnologias acessíveis e do ritmo acelerado de processamento de informações,
os estudantes apresentam dificuldades em parar para ouvir e de se concentrar na voz do professor.
Por sua vez, os professores se sentem angustiados e solitários diante do desafio de mobilizar seus
estudantes para aprendizagem. Sozinhos e sem apoio, frente a turmas lotadas, sentindo o peso da
responsabilidade de ensinar, de compreender as limitações e as necessidades intelectuais e emocio-
nais de seus estudantes, os professores se sentem limitados e desmotivados. Essas dificuldades ob-
servadas tanto nos professores quanto nos acadêmicos têm provocado evasões nas universidades,
principalmente nos primeiros semestres dos cursos de graduação em engenharia (OLIVEIRA, 2011).
199
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Contextualização do Estudo
200
dades, isso permite a troca de saberes aumentando o compartilhamento de ideias entre os envolvi-
dos no processo de aprendizagem (MILLIS; COTTELL,1998,). Na composição da célula o articulador/
professor tem a função de preparar o material didático, distribuir tarefas e organizar as atividades a
serem realizadas. Além das atividades curriculares, nas células são realizadas também dinâmicas de
grupo com a finalidade de manter a coesão do grupo e desenvolver a empatia entre seus membros.
Para que os alunos tenham sucesso dentro de seus grupos, uma consideração cuidadosa em relação
à heterogeneidade grupal deve ser dada em conjunto com papéis que asseguram a participação
ativa e igualitária de todos os alunos (PINHO, FERREIRA, LOPES, 2013).
Nesse contexto há uma interação mais próxima entre os membros e não há a figura do
detentor do conhecimento, todos os participantes tem igual importância para a construção do co-
nhecimento. Portanto, além do conhecimento acadêmico, fortalecimento das relações interpessoais
e o desenvolvido de habilidades sociais que vão além da vida acadêmica, o sentimento de pertenci-
mento ao espaço estudantil (PERREIRA; SANCHES, 2013).
Metodologia
201
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Resultados e Discussões
Considerações Finais
202
Referencias
BONWELL, Charles C.; EISON, James A. Active Learning: Creating Excitement in the Classroom. 1 ed.
Washington, D.C.: Jossey-Bass, 1991. 128 p.
JOHNSON, W., & JOHNSON, R. Cooperative, Competitive and Individualistic Learning. Journal of
Research and Development in Education, 12, 8 -15. (1978).
JOHNSON, W., & JOHNSON, R. An Overview of Cooperative Learning. J. Thousand, A. Villa and A.
Nevin, Brookes Press, Baltimore, 1-21. (1994).
OLIVEIRA, V. F. de (Coord.). Estudo sobre a Evolução dos Cursos de Engenharia. Juiz de Fora:
Observatório da Educação em Engenharia UFJF, 2011. Disponível em: <http://www.abenge.org.br/
Arquivos/58/58.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2016.
TEIXEIRA, Madalena Telles, REIS, Maria Filomena A Organização do Espaço em Sala de Aula e as
suas Implicações na Aprendizagem Cooperativa. Revista Meta: Avaliação, v. 4, 2011
203
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
A ideia da Aprendizagem Cooperativa surge sob uma perspectiva em que é construída por
meio do consenso de um grupo organizado para estudos com objetivos comuns de aprendizagem,
isto é, todos os membros devem trabalhar em sintonia e entrar em consenso para que o grupo tenha
sucesso. Este ensaio tem como objetivo identificar nos estudos considerações acerca da Aprendiza-
gem Cooperativa na aprendizagem da língua inglesa, a fim de identificar estratégias utilizadas para
aprendizagem da referida língua. Utilizamos a Revisão Bibliográfica como fundamentos teóricos que
sustentam esta perspectiva metodológica. Consideramos que por meio da Aprendizagem Coopera-
tiva o futuro profissional desenvolve habilidades, principalmente, na conversação da língua inglesa,
pois é a partir da comunicação e da conversação com o grupo que ocorre o aperfeiçoamento desta
língua.
Introdução
A ideia da Aprendizagem Cooperativa surge sob uma perspectiva em que ela é construída
por meio de um consenso do grupo, isto é, todos os membros devem trabalhar para que o grupo te-
nha sucesso. Essencialmente, o aprendizado é formado por meio do comprometimento e do esforço
de cada membro do grupo como um todo (JOHNSON; JOHNSON, 2000).
Quando associada ao universo acadêmico, cada integrante do grupo advém de um ambien-
te sociocultural diferente do outro, trazendo consigo conhecimentos prévios também diferentes
acerca do assunto abordado e sob a visão do mundo. Assim, é fundamental que todos os envolvidos
dentro de um grupo desenvolvam o respeito mútuo com os demais e também o respeito sobre seus
estilos de vida.
Porém, a maior dificuldade ainda observada dentro da Aprendizagem Cooperativa dentro
das universidades se deve ao fato de que os próprios estudantes não entendem seu funcionamen-
to e seu real objetivo. De fato, a Aprendizagem Cooperativa vem em oposição ao tipo de ensino
tradicionalista, no qual centra a fonte de ensino totalmente no professor, pede memorização dos
assuntos estudados de modo mecânico e que chega a impedir que o futuro profissional desenvolva
também seu lado crítico-reflexivo (HAMMOUD; RATZKI, 2009).
O fato dos acadêmicos ainda apresentarem dificuldades para aprender cooperativamente,
além do fator histórico do modo de aprendizagem sob o qual se submetem desde os primórdios
de seus estudos, também se relaciona ao não entendimento do conceito de trabalhar cooperativa-
mente. O fato é que, sob a visão de que os estudantes vêm de um ensino tradicionalista, eles ainda
esperam que haja competitividade e individualismo, fatores estes que são contrários aos conceitos
da Aprendizagem Cooperativa; separar os estudantes em grupos e fazer com que estudem juntos
não resultará, obrigatoriamente, em algo cooperativo (JOHNSON; JOHNSON, 1998).
204
Para agregar mais resultados da eficácia da Aprendizagem Cooperativa dentro do universo
acadêmico, principalmente no ensino-aprendizagem da língua inglesa, o grupo de estudos se torna,
a cada dia, mais essencial para todas as áreas profissionais. O inglês, portanto, torna-se não apenas
um diferencial na base curricular do profissional, mas já um item de caráter obrigatório e, para tan-
to, somado com os valores atribuídos da Aprendizagem Cooperativa, traz grande possibilidade de
sucesso quando somados (LIMA; COSTA, 2002).
Nesta perspectiva, neste estudo foi realizado a revisão bibliográfica com o objetivo de iden-
tificar produções acerca da Aprendizagem Cooperativa na aprendizagem de língua inglesa, a fim de
identificar algumas estratégias utilizadas para aprendizagem da referida língua
A Aprendizagem Cooperativa passa a ganhar maior ênfase na atualidade, não é aquela que
visa apenas à passagem de conhecimentos para um grupo de pessoas a partir de uma fonte única
de informação, mas protagoniza todos os participantes de um grupo por meio da troca de informa-
ções entre eles, isto é, o conhecimento individual se torna essencial para o crescimento do grupo e
do processo como um todo, fazendo com que cada membro tenha sua contribuição na construção
efetiva e eficaz do conhecimento (TORRES et al, 2004).
Apesar de estar ganhando espaço, a Aprendizagem Cooperativa não tem o mesmo espaço
que a aprendizagem tradicional; diante disso, torna-se fundamental que, dentro das universidades,
se ensine aos estudantes seu conceito e benefícios, o que pode ser iniciado em pequenos grupos de
estudos (as células) de modo a cooperar por um objetivo em comum (LOPES; SILVA, 2009).
Para Johnson; Johnson, 1998, considerados pais da Aprendizagem Cooperativa, as células
deverão contar com 5 fatores fundamentais: interdependência positiva, interação face-a-face ou
interação direta, responsabilidade individual, desenvolvimento das habilidades sociais e processa-
mento de informações ou avaliação e reflexão. Em cada um desses tópicos, os celulandos aprendem,
de modo geral, sobre ministrar e resolver conflitos, participar na tomada de decisões, elogiar as
próprias e demais conquistas, respeito pelo próximo, etc.
Explicitando sobre cada um dos conceitos proposto por Johnson; Johnson, 2000, a interde-
pendência positiva caracteriza-se pela participação de todos os membros para que o objetivo seja
completado com sucesso, de modo que a meta final só pode ser alcançada quando todos os partici-
pantes chegarem ao mesmo ponto em conjunto.
É necessário analisar o grupo, pois seu sucesso dependerá de cada celulando, isto é, o tra-
balho de todos os membros conta para que o sucesso seja atingido, do mesmo modo que o trabalha
traz benefícios a todos os integrantes. Nota-se que o trabalho, dentro da interdependência positiva
se torna tão importante quanto o resultado que se almeja. Neste ponto, cada participante percebe
que ele só vai se tornar bem sucedido se os demais celulandos também chegarem ao objetivo final
(JORDÃO, 2013).
A interação face-a-face ou interação direta compreende, basicamente, à interação entre
todos os membros, sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Por se tratar de um grupo
de estudantes de diferentes contextos socioculturais, ocorrerá uma interação direta entre todos os
membros, por mais distintos que eles sejam.
Na responsabilidade individual, cada indivíduo aprende que seu comprometimento se re-
laciona ao seu próprio aprendizado como também com os demais celulandos. Deste modo, a res-
205
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
ponsabilidade individual se caracteriza por se relacionar com o aspecto mútuo de aprender para si e
para os demais membros da célula.
O desenvolvimento ou aumento das habilidades sociais se relaciona ao processo de apren-
der a lidar com o processo de interação e o que este pode promover. Por meio do desenvolvimento
destas habilidades, os celulandos passam a ver que todos os membros tem participação de forma
igualitária dentro das células, aprendem a participar de processos de esclarecimento, a evitar falta
de concentração, a ser responsável e a interagir de modo eficaz.
Além disso, os celulandos notam a importância de ampliarem suas respostas, a criticar os
tópicos que discordam, sem criticar o autor dos mesmos; além do mais, as habilidades sociais de-
senvolvidas contribuem no processo de comunicação, surgimento da autoconfiança, na cooperação
e como trabalhar num ambiente com demais pessoas. É essencial que os celulandos aprendam isso
e que se sintam motivados a usar essas habilidades.
O processamento de informações, avaliação e reflexão tornam-se primordiais para que os
celulandos, junto do articulador, possam dialogar e rever o desenvolvimento da célula e de cada
membro, analisando-se os pontos positivos e negativos que ocorreram durante os estudos realiza-
dos na célula. É neste momento que os celulandos tem um retorno sobre sua participação, notam
que têm voz para opinar e auxiliam o articulador a notar o progresso da célula em questão.
Todo esse processo e o entendimento de como ocorre o trabalho em grupo, exige tempo,
uma vez que os acadêmicos devem também se conhecer, sentir-se a vontade para descobrir sua
própria identidade; à medida que os integrantes de adaptam à metodologia da Aprendizagem Co-
operativa, mais fácil ela se torna. Isso também os faz notar que possuem oportunidade e voz ativa
para auxiliarem na resolução de problemas ou de atividades que lhes forem propostas.
Dentro da universidade, as células de Aprendizagem Cooperativa despertam nos acadêmi-
cos a curiosidade de querer saber mais, a autonomia e o espírito de criticidade, tornando-os capazes
de agirem por si só quando forem resolver problemas práticos e teóricos, estimulando a interação
no processo de conhecimento e não apenas recebendo as informações.
Assim, a Aprendizagem Cooperativa preza pelo conhecimento prévio para que a partir dele
possa se formar novos saberes; como existem vários membros presentes em uma célula, cada um
será uma fonte de conhecimentos novos, aumentando a quantidade de informações existentes e o
modo como ela pode ser exposta aos demais membros da célula (MAGALHÃES, 2002).
206
problema que beneficie a todos e todos possam ter sua parcela de contribuição.
Além do mais, o profissional que já teve contato com a metodologia da Aprendizagem Co-
operativa se torna mais autoconfiante, uma vez que, ao aprender a ouvir, a defender suas ideias, a
confiar no próximo, a ver que tem seu valor, ele passa a se reconhecer como um membro, de modo
a confiar em si e em suas ações (JOHNSON; JOHNSON, 2000). Como outra consequência, o futuro
profissional torna-se mais organizado e sabe se planejar para chegar a um objetivo, sabe comparti-
lhar suas experiências e ouvir as experiências dos demais, pois é flexível e construtor do espírito de
liderança.
O mundo do trabalho atual exige que o profissional tenha um diferencial, que desenvolva o
trabalho em equipes e aja com liderança na tomada de decisão, nas discussões, no desenvolvimento
do raciocínio crítico-reflexivo, isso tudo enquanto tem total consciência de que seu sucesso também
depende do sucesso dos demais integrantes do grupo (VEIT, 2016).
A aprendizagem de uma língua estrangeira, neste caso o inglês, traz para os alunos, auto-
maticamente, uma necessidade de desenvolvimento da autonomia e da resolução de problemas,
já que o intuito, no geral, é a comunicação com outros indivíduos. Para que ele consiga já iniciar a
desenvolver essas características precisa arriscar-se na prática a fim de desenvolver ainda mais suas
habilidades comunicativas. Ao juntar esse desenvolvimento já esperado com as técnicas da Apren-
dizagem Cooperativa, observa-se que a aprendizagem do idioma se torna mais eficiente quando
comparada à aprendizagem tradicionalista e hierárquica.
No que diz respeito ao inglês, há uma natural necessidade de interação e troca de informa-
ção entre quem está estudando o idioma para treinar e praticar; esse fator, por exemplo, se torna
um ponto positivo à Aprendizagem Cooperativa do idioma dentro da universidade (LIMA; COSTA,
2010).
O processo de interação e troca de informações se torna, portanto, essencial quanto à
aprendizagem do inglês com a Aprendizagem Cooperativa, sendo imprescindível a troca de experi-
ência também entre os participantes. As células devem focar na realização de tarefas que visem à
comunicação e a interação, baseando-se não somente no foco gramatical, mas também na promo-
ção da linguagem como um agente social dentro daquele meio.
A Aprendizagem Cooperativa, em si, já promove a interação entre os celulandos. Focando
quanto ao estudo de um idioma, essa interação que almeja a comunicação e aprendizagem é uma
via de mão dupla, uma vez que, também, auxilia o acadêmico participante com sua interação na
vivência acadêmica, social e profissional, futuramente.
O uso da linguagem pelo estudante dentro da célula é essencial, pois ele utilizará estruturas
linguísticas, seus significados formais e informais, a compreensão, a produção, a manipulação da
língua e a interação com os demais falantes e estudantes do idioma (LIMA; COSTA, 2010). O exemplo
da utilização da Aprendizagem Cooperativa no inglês é durante o processo de correção de alguma
atividade: o próprio grupo trabalha com a correção, discutindo os erros e acertos e avaliando a ati-
vidade e o grupo como um todo.
No inglês, as tentativas de comunicação são essenciais para a aprendizagem, garantindo
ao estudante perceber que é a partir de cada tentativa que ele vai aprender (LIMA; COSTA, 2010).
Assim, a partir do momento em que ele estuda a pronúncia, também aprende o significado, seu
207
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
uso e até a combinação gramatical adequada. Diante disso, é importante também que o celulan-
do identifique qual a maneira que tem mais facilidade para aprender, sendo por textos, músicas,
vídeos, livros, etc. É possível que cada um ache uma estratégia melhor para si, porém no final cada
participante conseguirá expor suas experiências de um modo para o grupo, o que permite maior
dinamicidade e heterogeneidade de informações, permitindo, muitas vezes, a absorção de um co-
nhecimento que antes fora desconhecido.
Com enfoque no aprender para comunicar, o celulando reflete sua própria produção (auto-
avaliação) e sobre a produção dos demais, permitindo certa negociação de significados e sentidos;
esse fator ocorre, pois o celulando se esforça ao máximo para que a informação que deseja passar
seja entendida pelos demais celulandos do grupo, do mesmo modo que o celulando ouvinte se es-
força também ao máximo para compreender a mensagem que está sendo lhe passada (MENDES,
2016).Assim, cada acadêmico participante sente-se na responsabilidade pela passagem da informa-
ção, compreensão e assimilação da língua.
Conforme as células ocorrem, novas estratégias de interação surgem, as quais podem facili-
tar a compreensão de futuras atividades comunicativas a serem propostas. Os celulandos vão apren-
dendo a manipular a língua – como usá-la –, conciliam o conhecimento de suas próprias experiências
(a bagagem que já tem) e induzem o uso do que aprendem para que consigam fazer suas próprias
produções e reproduções do idioma. Notando assim como a interação potencializa o processo de
aprendizagem do inglês, os celulando devem testar, experimentar e ousar na comunicação, sempre
lembrando de seu papel como protagonista do processo junto dos demais participantes da célula.
A interação, apesar de ser um fator fundamental para a aprendizagem do inglês, pode ser
um grande desafio para os celulandos, uma vez que, envolve a confiança no grupo, confiança em si,
segurança para comunicar-se, independente de erros ou acertos. Porém, é essa mesma interação
entre os participantes da célula que permite aos celulandos utilizarem uma ampla gama de ins-
trumentos para se comunicar: gestos, expressões faciais, linguagem corporal, entre outros (LIMA;
COSTA, 2010).
As atividades que permitem interação podem acontecer de diversos modos como cumpri-
mentos, negociações, mostrando interesse por algo, confirmando uma resposta, de maneiras di-
versas. Além do mais, junto da interação, observa-se também a importância da exposição ao idioma,
ou seja, quanto mais tempo o celulando estiver exposto ao idioma, mais facilmente ele conseguirá
interagir no grupo. Esse processo da exposição garante uma variedade de conteúdos no idioma,
o que pode significar experiência e vivência dentro de sua bagagem de conhecimento (MENDES,
2016).
Apesar da interação e da exposição, ainda é necessário que o celulando seja exposto à for-
malidade do idioma, no qual, ao juntar estes três fatores, aprende-se de maneira mais efetiva para
focar na comunicação. O input e o output são estratégias de recepção e produção do idioma funda-
mentados por meio da interação, ou seja, são meios utilizados que auxiliam no aprendizado e que
podem ser aplicadas na Aprendizagem Cooperativa para praticar a formalidade e a informalidade.
No output, que é a técnica de produção do idioma, se enquadram duas habilidades especí-
ficas: writing (escrita) e o speaking (fala). Neste momento de produção do idioma, o celulando fará
atividades que tenham o intuito de passar uma mensagem, de se comunicar. De modo geral, muitos
208
celulandos acreditam que este momento é o mais difícil, uma vez que, eles precisam reproduzir o
que foi aprendido e colocar este conhecimento na prática. Neste momento, a motivação expressa
pelo grupo é de suma importância para auxiliar no processo de desenvolvimento da autoconfiança
do celulando (MENDES, 2016).
Nos exercícios de writing (escrita), é comum trabalhar-se a organização das ideias para pas-
sar uma informação cronológica, a criação de rascunhos e a leitura para se buscar possíveis erros na
estrutura ou no entendimento, seguindo estes passos quantas vezes forem necessárias (SPRATT et
al, 2005).
Para os exercícios de speaking (fala), observam-se exercícios de diálogo, interação em con-
versas do cotidiano, ou seja, qualquer tipo de atividade que faça com que o celulando precise falar.
Torna-se comum que o celulando cometa certos lapsos durante o processo de construção da fala,
sendo fundamental que haja maior foco na fluência do que na acurácia, ao menos momentanea-
mente (SPRATT et al, 2005).
Como o output envolve produção e reprodução, é comum que ocorra um desenvolvimento
mais lento, das duas habilidades por ele representadas, a motivação dos membros da célula se torna
bastante importante neste estágio (SPRATT et al, 2005).
No input, representado pelas habilidades de reading (leitura) e listening (audição), observa-
-se o momento de recepção do idioma, ou seja, o celulando passa a receber e processar as informa-
ções. Neste momento, nota-se que o celulando vai fazer com que a informação que ele recebeu pas-
se a fazer sentido para si, para que mais tarde ele possa usar esta informação (SPRATT et al, 2005).
Nos exercícios de reading (leitura), observa-se a utilização de táticas como scanning (quan-
do se lê procurando algo específico dentro do texto), skimming (quando a leitura funciona de modo
a se pegar uma ideia geral do texto), reading for detail (quando a leitura foca em todos os detalhes
do texto), predicting (quando se tenta prever o que está acontecendo ou ainda vai acontecer dentro
do texto), dentre outros. Além disso, durante a leitura do texto, independente do enfoque do exer-
cício, pede-se ao celulando que grife palavras novas ou palavras que ele acredita que sejam impor-
tantes para a compreensão do texto (SPRATT et al, 2005).
Os exercícios de listening (audição), que dentro do input é a habilidade com maior dificulda-
de de desenvolvimento, o estudante deve se atentar a todo tipo de som e também de fala que pode
ocorrer na atividade. Geralmente, a habilidade do listening (audição) pode ser trabalhada com ativi-
dades de ouvir diálogos, ouvir os demais celulando, músicas, etc. Além do mais, o celulando além de
prestar atenção na gramática, nos vocabulários e na mensagem em si, ele também deve se atentar
à entonação, ao contexto, à velocidade das falas, etc. Nesta habilidade também pode se forcar em
listening for a gist (quando atenta-se para um entendimento geral), specific information (quando se
foca em uma informação em específico), entre outros (SPRATT et al, 2005).
O Processo do Feedback
209
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Para a aprendizagem efetiva do inglês sob o modelo cooperativo, deve-se haver a realização
de atividades nas células que foquem tanto na comunicação e interação, quanto na formalidade da
língua. Para que seja algo efetivo, devem-se dosar corretamente os tipos dessas atividades para que
não se impeça o celulando de desenvolver outras habilidades propostas dentro da Aprendizagem
Cooperativa, como desenvolvimento da autonomia, espírito de liderança, resolução de problemas,
etc.
As atividades propostas para a interação devem permitir maior comunicação entre os par-
ticipantes das células, uma vez que, os celulandos tem o intuito de resolver um problema ou um
propósito que lhes foi exposto, independentemente do modo como farão isso; compartilham pen-
samentos, debatem, trocam experiências e informações (LIMA; COSTA, 2010).
É importante variar os tipos de atividades propostas dentro das células, uma vez que isso
ajuda no processo de fazer com que a aprendizagem do idioma seja sempre interessante, desafiado-
ra e positiva aos participantes. Para a Aprendizagem Cooperativa, o enfoque da fluência se sobressai
quanto à acurácia, uma vez que, a comunicação e a interação são mais visadas do que o enfoque
gramatical e formal.
210
grande motivador do grupo. Algumas estratégias podem ser adotadas para garantir motivação da
célula como o simples fato de se mostrar motivado, aceitar o momento de cada celulando e se mos-
trar interessado em saber se há algum problema com os demais membros. O uso do humor ajuda
a descontrair as células, além do uso de instruções claras para o desenvolvimento das atividades,
uma vez que, ao se tratar de acadêmicos, os celulandos, muitas vezes, querem fugir do ambiente de
ensino clássico do cotidiano.
Além disso, a motivação também pode ser dada no momento do feedback, no processo de
avaliação processual, uso de variados tipos de materiais, encorajando a criatividade e a imaginação.
A sensação de serem parte do grupo e estarem familiarizados com o mesmo também motiva os
participantes (MENDES, 2016). A motivação gera afeto entre os celulandos, pois ocorre como via
de mão dupla: do mesmo modo em que o celulando vai ser motivado, também motivará o grupo.
Por meio deste processo, o celulando mostra comprometimento em aprender o idioma, sem dar a
sensação de obrigatoriedade para a aprendizagem, aprenderá a ser tolerante.
Quando o celulando se vê motivado, este desenvolve a autoconfiança, uma vez que, se tor-
na membro de um grupo que sabe reconhecer os problemas e gerar soluções, além de controlar a
ansiedade que pode existir quanto ao aprendizado em si ou mesmo quanto a problemas de caráter
pessoal; apesar de ser uma célula, ou seja, um grupo, cada estudante se difere um do outro.
O articulador, além de ser um participante ativo das células, está diretamente responsável
por seu acontecimento. É o responsável por planejar, gerenciar, monitorar e observar as células,
além de ter papel como um facilitador, assessor e harmonizador. Apesar de que cada celulando
também desenvolve esses papeis, é o articulador que fará a iniciativa neste processo (VEIT, 2016).
A etapa do planejamento por parte do articulador é muito importante para o desenvolvi-
mento efetivo das células, pois é por meio deste que se tem o controle do que acontecerá em cada
um dos encontros, onde se sabe o que e como será abordado, o tempo que levará, o que cada ce-
lulando fará, etc.
De um modo simplificado, o planejamento das células de inglês se inicia antes da realização
propriamente dita da célula, onde o articulador descreve o que pretende ser feto em uma sequência
lógica e com as metas a serem cumpridas. Em seguida, já durante as células, o articulador maneja
o tempo, analisa os celulandos, mantém a harmonia e motivação primordial. No final da célula, o
articulador mostra como foi o desenvolvimento da célula, o desempenho individual e coletivo e dá
o feedback com os demais participantes (SPRATT et al, 2005).
O articulador vai assegurar que as etapas da Aprendizagem Cooperativa ocorram, assegu-
rando que os celulandos sempre se lembrem das mesmas. Assim, assegura que os celulandos se
sintam interligados para atingir os objetivos, que se responsabilizem, que saibam agir com ajuda
mútua, dando apoio, motivação, assistência e interação (JOHNSON; JOHNSON, 2000).
Além disso, o articulador vai assegurar também a liderança e o desenvolvimento da mesma
entre os celulandos, tudo para que consigam tomar decisões cabíveis para o manejo de possíveis
conflitos. Além disso, é ele também que inicia o processo da reflexão e processamento de grupo,
tudo de modo a fazer com que haja a maior interação possível entre os celulandos participantes da
célula.
Ao decidir os objetivos gerais da célula e definir a participação dos celulandos, o articulador
211
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
Considerações
Referências
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VEIT, Simoní C. H. Metodologias Ativas para o Ensino de Língua Estrangeira. Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul-. Ijuí- Rio Grande do Sul, 2016.
213
Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
RESUMO
Introdução
214
da Cidade de Nova Xavantina-MT.
O projeto “Ciências Biológicas do Câmpus de Nova Xavantina” (PIBID/NX), foi aprovado
como subprojeto do “A licenciatura em foco: da Universidade à Escola”, institucionalizado pelo Pro-
grama Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Edital CAPES/DEB nº 02/2009 – PIBID. Os
detalhes das atividades e experiências realizadas pelos acadêmicos neste projeto, no âmbito das
escolas da Educação básica, foram registrados por Silva (2011), enquanto que as práticas pedagógi-
cas foram descritas por Pimenta (2011), como auxílio e monitoramento aos professores de Biologia
e Ciências de diversas formas, como: construção de maquetes; confecção de cartazes; preparação e
apresentação de slides; realização de palestras; elaboração e aplicação de jogos pedagógicos; pre-
paração e realização de aulas práticas com materiais de simples aquisição; realização de oficinas;
montagem de murais; monitoramento dos alunos em atividade extraescolar; mostras de documen-
tários, etc.
A atividade docente é praxiológica, pois relaciona-se às atividades teóricas e às práticas (PI-
MENTA, 2011), ou seja, é a reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo (FREIRE,
2005). Nesse sentido, a formação e a profissionalização docente se desenvolvem concomitantemen-
te no contexto da prática escolar É pelas relações cotidianas que se dá a construção da identidade
profissional (LIMA et al., 2010). Embora os cursos de formação de professores tenham sofrido as
consequências de um defeito congênito de sua constituição - a separação entre teoria e prática -
colocando, em geral, em posição precedente à teoria, vindo à prática sempre depois, por meio de
estágios de duração insuficiente e, sobretudo, de concepção precária (LÜDKE e CRUZ, 2005).
O estágio supervisionado é uma ponte entre a Universidade e a escola da educação básica,
porém não é garantida aos professores uma formação permanente. Estudos têm demonstrado que
muitas atividades, realizadas durante os estágios, são consideradas deficientes (SCHERER, 2008). As-
sim, é possível dizer que muitos professores, em início de carreira, têm se sentido impotentes diante
da complexidade dos desafios cotidianos, tendo em vista que:
É possível perceber que existe uma enorme distância entre o que é estudado no seio dos
cursos de licenciaturas (teoria) com o que é praticado nas escolas da educação básica (LÜDKE e
CRUZ, 2005), futuro local da prática profissional dos acadêmicos. Essa realidade também observada
na UNEMAT/Nova Xavantina/Curso de Ciências Biológicas (PIBID/NX). O projeto PIBID permite apro-
ximação entre essas instituições, possibilitando, ainda, a socialização do conhecimento produzido e
a formação continuada dos professores regentes das escolas parceiras (có-formadores) e professo-
res formadores, e consequentemente a melhoria das condições do ensino e aprendizagem de ambas
as instituições.
Estudos mostram que a relação pesquisa-ensino é fundamental para o processo de forma-
ção de professores. Freire (1996, p. 29) corrobora essa afirmação dizendo: “não há ensino sem pes-
quisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro”. Desta forma,
É tendência a realização de pesquisas no âmbito das escolas da educação básica durante os estágios
supervisionados, como forma de melhoria da qualidade dos cursos de formação inicial. É necessária
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
216
LIMA, 2009; LIMA et al., 2010; SANGIOGO et al., 2011; NEUENFELDT et al., 2011; SCHLINDWEIN,
2011; AZEVEDO e ABIB, 2013):
Vale ressaltar que o PIBID enquanto incentivo a formação docente oferece uma nova possi-
bilidade de formação, possibilita um tempo de reflexão e prática pedagógica, o que contribui para a
melhoria da práxis profissional. O resgate do professor como pesquisador permite a reflexão crítica
e criativa sobre a realidade escolar e, consequentemente, a possibilidade de uma formação com
qualidade (SOCZEK, 2011), o que justifica mais ainda a necessidade de se estender o PIBID a todos
os professores em formação inicial.
Trazendo para o contexto de Mato Grosso – UNEMAT – Câmpus de Nova Xavantina, é pos-
sível dizer que nos primeiros dois anos do PIBID/NX, os licenciandos participantes do projeto foram
orientados na elaboração e execução de vários projetos de pesquisas dentro da realidade da escola
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
parceira, que embora simples, foi possível entender que a pesquisa faz parte da formação ou cons-
trução da identidade do professor. A maioria deles utilizou-se da pesquisa-ação, por considerar que
esta é uma maneira dos estudantes aprenderem a transformar a realidade (PIMENTA, 2011).
Como resultado das ações do Projeto do PIBID, muitas pesquisas foram realizadas: comu-
nicação oral (resumo expandido) no 1º e 2º Encontro do PIBID da UNEMAT, durante a 4ª (2011) e
5ª (2013) Jornada Científica da UNEMAT. Algumas foram publicadas em livro, organizado por Silva
(2013), sendo que, a maioria delas não foram publicadas, mas foram divulgadas no âmbito da comu-
nidade escolar, o que contribuiu com a comunidade escolar, pois tratam-se de pesquisas prelimina-
res no processo formativo, não tendo ainda uma intervenção muito consistente, que proporcionasse
grandes transformações da realidade escolar parceira e da comunidade onde a escola está inserida
e, com certeza, contribuíram de certa forma com os estudantes da educação básica, principalmente
com aqueles que foram participantes ativos nos processos. Porém, já apontaram o crescimento pe-
dagógico dos bolsistas/professores em formação, sendo desta forma, uma semente plantada.
A maioria das pesquisas realizadas foram do tipo de pesquisa-ação. Dentre as modalidades
de pesquisas qualitativas, a pesquisa-ação é essencialmente participativa, política e emancipatória
(libertadora e crítica), sendo que os pesquisadores percebem: o processo educativo como possível
objeto de estudo, de pesquisa; a natureza social do objeto; compreendam a pesquisa como ativida-
de social e política – ideológica. O pesquisador é um participante engajado na elaboração dialética
da ação, num processo pessoal e único de reconstrução racional e social (BARBIER, 2007), que se
empenha politicamente para defender uma “causa”, permanecendo atento às redes complexas dos
saberes teóricos e dos saberes de ação (DIONNE, 2007). Este tipo de pesquisa permite a implantação
de um processo coletivo de produção e compartilhamento de saberes (CERATI e LAZARINI, 2009).
As pesquisas na área de ensino de ciências, devido às peculiaridades inerentes, devem ser
realizadas por meio da integração entre as abordagens qualitativa e quantitativa, a fim de se obte-
rem dados sólidos (característicos da metodologia quantitativa), profundos, e reais (característicos
da metodologia qualitativa), permitindo assim, mapear os diferentes aspectos e complementares da
realidade educativa. Devido ao fato de a ciência não ser neutra e ser dinâmica, política e histórica,
é necessário que o ensino de ciências seja ministrado de forma que os alunos tenham a consciência
de que eles próprios são capazes de “construir” e “reconstruir” conhecimentos (SANTOS & GRECA
(2011).
A pesquisa-ação ou pesquisa colaborativa tem sido apontada como uma alternativa viável,
como opção metodológica para o professor desenvolver pesquisa (LÜDKE e CRUZ, 2005). Ela é ideal
para serem realizadas em instituições escolares e comunidades, devido às práticas colaborativas
promoverem situações de aprendizagem potencializadoras de reflexão, as quais são necessárias à
organização e ao desenvolvimento do ensino, o que consequentemente contribui para a formação
docente e melhoria das situações de ensino e aprendizagem (AZEVEDO e ABIB, 2013):
218
problemas sociais (SANTOS & GRECA, 2013, p. 30).
A realização da pesquisa, durante a formação inicial, ocorreu por meio de uma parceria
entre o professor universitário e o professor regente da educação básica. Por um lado, o professor
universitário se aproximou do exercício da docência enquanto objeto de pesquisa ao orientar a
pesquisa no contexto da prática docente do professor da escola. Por outro lado, o professor regente
devolve dados produzidos, os quais subsidiam a reflexão dos licenciandos, além de servir de instru-
mentos de compreensão e transformação da práxis. Logo, cabe ao professor universitário buscar
elementos teóricos e práticos para, juntamente com o professor da escola, possa viver a experiência
de construir a docência, possibilitando ao licenciando, a produção de conhecimento em um domí-
nio para o qual normalmente não são chamados a fazê-lo na prática da vida universitária, a saber: à
docência (FREITAS et al., 2012).
Os estudos de Lüdke e Cruz (2005) revelam que no discurso tanto dos professores da uni-
versidade quanto os da escola de educação básica pesquisados, se evidencia a ideia de que para
formar o futuro professor afinado com a atividade de pesquisa, o encaminhamento do curso de for-
mação precisa mudar, possibilitando um contato mais direto do aluno com a pesquisa, aspecto que
mais impulsiona a formação dos professores de forma que o aluno saia da licenciatura com o maior
domínio possível do conhecimento a ser ensinado.
Nesse contexto, o licenciando tem a oportunidade de aprender e conhecer importantes
ferramentas culturais produzidas no âmbito da comunidade científica, as quais possibilitam a cons-
trução de visões que se estendem para a dinamicidade, envolvendo a construção de conhecimentos
escolares, diferentemente da concepção tradicional de ensino baseada na ideia de transmissão-re-
cepção de conhecimentos (SANGIOGO et al., 2011).
Conclui-se que, o PIBID é um espaço privilegiado de mediação reflexiva entre a universida-
de, a escola da educação básica e a sociedade. Sendo que, a prática da pesquisa contribui para essa
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Focco na Aprendizagem Cooperativa: a Unemat pratica
reflexão, para a crítica e para a transformação da práxis, pela melhoria das ações educativas realiza-
das, pela proposição de projetos de intervenção a partir dos desafios e dificuldades detectadas no
contexto escolar. Sendo assim, o PIBID configura um espaço colaborativo entre a Universidade e a
Escola.
Os professores e pesquisadores da sua própria realidade e prática educativa, ainda no pro-
cesso de formação inicial, configuram-na como uma oportunidade de aprendizagem da profissão
docente mais autônoma, emancipatória e da formação identitária profissional capaz de contemplar
a complexidade da função docente nos dias atuais
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